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1 - Apostila Processo Penal Nidal

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PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
PROCESSO PENAL 
 
PROF. NIDAL AHMAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
2 
 
 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA PRISÃO PROCESSUAL 
 
A) Considerações gerais 
A prisão processual ocorre por força da necessidade de segregação cautelar do 
acusado da prática de um delito durante as investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses 
previstas na legislação processual penal. 
É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. 
Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos 
ou que adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente da 
prática delituosa. 
Nos termos do artigo 283 do CPP, três são as espécies de prisão provisória: 
prisão em flagrante (art. 301 e segs., CPP), preventiva (art. 311 e segs.) e temporária (Lei 
7.960/89). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01
 
 
 
PRISÃO EM FLAGRANTE – artigo 301 e seguintes do CPP 
PRISÃO PREVENTIVA – artigo 311 e seguintes do CPP 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 
ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA 
Obrigatório mandado 
 
(Se não houver, a prisão é 
ilegal, e deve ser relaxada) 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
3 
 
PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
 
2.1) CONCEITO 
Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e processual, 
consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido 
cometendo, ou logo após ter cometido, um crime. 
Até o advento da Lei 12.403/2011, predominava o entendimento de que a prisão 
em flagrante tinha natureza cautelar, já que mantinha, por si, o agente preso enquanto fosse necessário, 
podendo, inclusive, perdurar até a sentença final se assim justificassem as circunstâncias do caso concreto. 
Ocorre, contudo, que a Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do 
CPP, suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se 
presentes os requisitos do artigo 312 do CPP e inadequada ou insuficiente a aplicação das medidas 
cautelares diversas da prisão, o juiz deverá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. 
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza 
precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo 310 do CPP 
(relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
02
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
4 
 
2.2) ESPÉCIES DE FLAGRANTE – Art. 302 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Flagrante próprio – Art. 302, I e II 
Trata-se de prisão efetivada no momento em que o sujeito está praticando uma 
infração penal, ou quando acabou de cometê-la. 
É, pois, aquele em que o agente é surpreendido cometendo uma infração penal 
ou quando acaba de cometê-la. Aqui o agente ainda está no local do crime. 
Ex: prisão em flagrante no exato instante em que agentes criminosos saem da agência bancária onde 
praticavam o delito de roubo. 
b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE) – Art. 302, III 
A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, com 
perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já deixou o local do crime. 
ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
PRÓPRIO 
Art. 302, inciso III, do CPP. Ver art. 290, CPP. 
 Pode durar dias. 
Art. 302, inciso I, do 
CPP. 
 
Art. 302, inciso II, do 
CPP. 
 
Praticado o delito 
ou quando acabou 
de cometê-lo 
Perseguição 
ININTERRUPTA 
IMPRÓPRIO 
Encontrado – Art. 
302, IV, CPP 
PRESUMIDO 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
5 
 
É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de 
informações a respeito da identificação do autor, iniciando-se, logo após, imediatamente a perseguição. 
Uma vez cessada a perseguição, cessa a situação de flagrância. Ou seja, a perseguição deve 
ser contínua, sem interrupções. 
A concepção de perseguição pode ser extraída do art. 290 do CPP, notadamente 
das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro. 
Não confundir início com duração da perseguição. O início da perseguição deve 
ser logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode perdurar por muitas horas e até dias, como, por 
exemplo, em crime de roubo a banco, em que a polícia chega imediatamente ao local, faz o primeiro 
levantamento e, de imediato, sai em perseguição dos suspeitos, que se embrenharam numa mata por mais 
de 30 horas. 
Se o agente for preso após a cessação da perseguição, a prisão em flagrante 
será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
 
 
 
 
 
 
c) Flagrante presumido – Art. 302, inciso IV 
Aqui a pessoa não é “perseguida”, mas “encontrada” na posse de objetos ou 
instrumentos do crime, cujo contexto fático permita a conclusão de que o sujeito detido é autor do delito. 
Quanto ao alcance da expressão “logo após”, a jurisprudência tem admitido 
prisões ocorridas várias horas depois do crime, ou até no dia seguinte ao do crime. Não aceita, no entanto, 
dias depois ao do crime. 
 
 
 
 
 
CUIDADO: a perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a 
perseguição, não há mais situação de flagrância, devendo-se, a partir 
de então, efetivar-se a prisão somente munido de mandado judicial 
(prisão preventiva ou temporária, conforme o caso). 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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2ª Fase 
 
6 
 
DIFERIDO/ 
RETARDADO 
ESPERADO espera a prática do delito para prender em flagrante. Prisão LEGAL. 
Cumpre no futuro 
PREPARADO/ 
PROVOCADO 
 
provoca, induz ou instiga 
 
 
Prisão ILEGAL 
 
Para aprofundar INVESTIGAÇÃO 
(artigo 53, inciso II, da Lei n. 11.343/2006, no artigo 4º, B, com redação dada pela Lei 
12.683/2012 e artigo 8º da Lei 12.860/2013 (Lei das Organizações Criminosas). 
Súmula 145 STF. CRIME IMPOSSÍVEL (artigo 17 do CP) 
 
Prisão ILEGAL 
 
acusa INOCENTE 
 
FORJADO 
2.3) OUTRAS VARIAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A) FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO 
O flagrante preparado ocorre quando uma pessoa, policial ou particular, provoca, 
induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente para poder prendê-la. Nesse caso, não 
fosse a ação do agente provocador, o sujeito não teria praticado o delito, pelo menos nas circunstâncias 
pelas quais foi preso. 
Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da 
preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, jamais o sujeito consumaria o crime. Em 
síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do flagrante age para evitar a 
consumação. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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OAB 
2ª Fase 
 
7 
 
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime 
impossível, que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal. 
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade 
também pode decorrer de flagrante preparado por particular. 
Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da residência, dona de casa deixa 
uma jóia na mesa de centro da sala, ficando a espreita. No momento em que a empregada pega a jóia, a 
dona de casa, auxiliada ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão 
ilegal, já decorrente de flagrante preparado. 
Em suma, o flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser relaxada. 
B) FLAGRANTE ESPERADO 
O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando 
conhecimento, por fonte segura, de que será praticado umdelito, desloca-se até o local indicado, aguarda 
o início da execução do delito ou, se for o caso, a consumação, e, na sequência, prende em flagrante o 
agente criminoso. 
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante preparado, a começar 
pelo fato de que constitui modalidade de flagrante válido, regular e, portanto, legal. 
C) FLAGRANTE FORJADO 
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de 
um crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato típico 
inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém. 
Ex: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa para prendê-la pelo delito 
de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo, merecendo, pois, ser 
relaxado. A autoridade policial ou particular que forjou o flagrante responderá por denunciação caluniosa 
e/ou abuso de autoridade, se for funcionário público no exercício da função. 
D) FLAGRANTE RETARDADO OU DIFERIDO 
Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, 
não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas contra 
pessoas envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes. 
 
 
 
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8 
 
Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou 
diferido, no art. 53, II, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), no art. 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação 
dada pela Lei 12.683/2012 (Lei de Lavagem de Capitais) e art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das 
Organizações Criminosas). 
Nos termos do artigo 53, II, da Lei 11.343/2006, a não atuação policial na prisão 
imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do MP. Essa autorização judicial está 
condicionada ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei 12.850/2013, o retardamento da intervenção 
policial não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se for o 
caso, fixará os limites da atuação e comunicará ao MP. 
De acordo com o artigo 53, II, da Lei de Drogas, a não atuação imediata da 
autoridade policial exige autorização judicial e manifestação do MP. Sem essa autorização judicial na Lei de 
Drogas ou comunicação ao juiz competente prevista na Lei 12.850/2013, a prisão será ilegal, devendo ser 
relaxada. 
 
Questão 02 XII EXAME DE ORDEM 
Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o patrimônio sem 
deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das 
vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para 
prender, em flagrante, o facínora. 
Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança deste. Certo 
dia, decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na próxima empreitada. 
Wilson diz que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir 
as instruções. O plano era o seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa lotérica e, percebendo 
o melhor momento, daria um sinal para que Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o 
assalto, ocasião em que o ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades 
e empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, 
seguindo o roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e anuncia 
o assalto. Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na 
casa lotérica eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso em flagrante, sob os aplausos da 
comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso do flagrante. Levado à delegacia, o delegado 
de plantão imputa a Ricardo a prática do delito de roubo na modalidade tentada. 
Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda justificadamente: 
A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? (Valor: 0,80 ) 
B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua responsabilidade 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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2ª Fase 
 
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Jurídico penal? (Valor: 0,45 ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4) PROCEDIMENTO PARA A LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (Arts. 304 a 
309 do CPP) 
Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a 
presidência da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão em flagrante, tendo 
por objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a restrição de liberdade do agente e, ainda, reunir os 
primeiros elementos de convicção acerca da infração penal que motivou a prisão. 
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser 
conduzido à presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de 
flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe proceder 
da seguinte forma: 
Quando não for caso de conversão da prisão em flagrante em 
preventiva 
Formal ou material 
ma 
 
ou material 
Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP e 
excludentes ilicitude – art. 310, parágrafo único do CPP 
Medidas cautelares – art. 319 do CPP 
FLAGRANTE 
DELITO 
PRISÃO 
LEGAL 
PRISÃO 
ILEGAL 
LIBERDADE 
PROVISÓRIA 
Se indeferido, 
HABEAS 
CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
RELAXAMENTO 
DA 
PRISÃO 
 
Se indeferido, 
HABEAS CORPUS 
 
Se denegado, 
ROC 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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2ª Fase 
 
10 
 
a) oitiva do condutor: 
O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o 
apresentou à autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na maioria das vezes o 
condutor seja quem procedeu à prisão, não precisa necessariamente ser o responsável pela detenção do 
suspeito. 
Ex: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela prática do delito de furto e 
acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia. Será um dos policiais, portanto, 
quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. 
b) oitiva de testemunhas: 
Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, 
que, pelos arts. 304, caput, e 304, §1º, devem ser, no mínimo, duas (referem-se a “testemunhas”, no 
plural). 
Não há qualquer vedação a que sirvam como testemunhas agentes policiais. 
O condutor também pode ser considerado como testemunha numerária. 
A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão 
em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas que 
tenham testemunhado a apresentação do preso à autoridade (art. 304, § 2º). Considera-se, portanto, 
testemunha de apresentação aquelas que presenciaram o momento em que o condutor apresentou o 
preso à autoridade policial. 
c) Interrogatório do preso. 
As formalidades para o interrogatório devem observar as mesmas regras do 
interrogatório judicial, previstas nos arts. 185 a 196, dentre as quais se destaca a advertência ao preso do 
seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor (art. 5º, LXIII, 
da CF1). 
O direito à assistência por advogado constitui direito constitucionalmente 
assegurado ao preso (art. 5º, LXIII, da CF/88). Nesse sentido, à evidência, não cabe à autoridade policial 
vedar a presença do advogado nos atos que integram a lavratura do auto de prisão em flagrante, podendo 
o profissional acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas,bem como o interrogatório do flagrado. 
 
1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação penal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
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d) Nota de culpa: 
Superadas essas etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a 
realização da prisão, encaminhar o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, 
bem como entregar ao preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial 
cientifica o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. 
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de 
formalidade essencial. Por isso, o delegado deve juntar aos autos cópia do recibo da entrega da nota de 
culpa ao preso. Se o preso se recusar a assinar o recibo a autoridade deve elaborar certidão constando o 
incidente, que deverá ser também assinada por duas pessoas. (REIS; GONÇALVES, 2013, p. 379). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5) GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
A) Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público 
De acordo com o artigo 306 do CPP, a prisão de qualquer pessoa e o local onde 
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família 
do preso ou à pessoa por ele indicada. 
O artigo 5º, LXII, da CF/88 dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local 
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa 
por ele indicada. 
 
 
REQUISITOS PROCEDIMENTO LAVRATURA APF – artigo 304 do CPP 
Oitiva condutor Policial ou responsável pela prisão que conduz o flagrado à presença da 
autoridade. 
Oitiva testemunhas (mínimo duas – condutor também conta). 
Interrogatório Necessário advertência do direito ao SILÊNCIO (art. 186 do CPP e art. 5º, 
LXIII, CF). 
Nota de Culpa 24h para a autoridade policial encaminhar ao Juiz (Se passar desse tempo é 
ilegal) 
 
 
 
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A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competente e 
ao Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. 
B) Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
Nos termos do artigo 306 do CPP e artigo 5º, LXII, da CF/88, cumpre à 
autoridade policial providenciar a comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à 
pessoa por ele indicada. 
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do 
preso, bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família. 
A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito 
subjetivo do flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em 
flagrante será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
C) Da assistência de advogado ao preso 
Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal, o preso 
tem direito à assistência da família e de advogado. 
Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial 
encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do artigo 306, § 1º, 
do Código de Processo Penal. 
Em síntese, a inobservância de qualquer dessas regras gera a ilegalidade da 
prisão em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, e verificar que não houve comunicação imediata 
(ao juiz plantonista, à família do preso, ao advogado e ao Ministério Público), deixar de homologar o auto 
de prisão em flagrante, determinando o relaxamento da prisão por ilegalidade formal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata) 
COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO 
COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE 
ACESSO A ADVOGADO (DPE se não indicar adv.) 
A falta é 
ilegal 
 
 
 
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2.6) PROVIDÊNCIAS JUDICIAIS AO RECEBER O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Art. 310 
Ao receber o Auto de Prisão em Flagrante, o Juiz deverá adotar uma das 
providências previstas na nova redação do artigo 310 do CPP: 
 
A) 
B) 
C) 
Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o 
aspecto formal, a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, 
conforme as hipóteses do artigo 302 do CPP. Se observadas as formalidades, o Juiz homologa; na hipótese 
de alguma ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a prisão em flagrante. 
Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o 
Juiz deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou a 
concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida cautelar diversa. 
 
2.6.1) RELAXAMENTO DA PRISÃO 
O pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO ILEGAL. A 
prisão ilegal pode decorrer de vício material ou formal. 
 
 
Conforme Avena (2013, p. 909), o relaxamento da prisão em flagrante: 
Fundamenta-se na ilegalidade da prisão ou em irregularidades ocorridas por ocasião da lavratura do 
auto de prisão em flagrante. Exemplos: Atipicidade da conduta; descaracterização do flagrante; 
ausência de requerimento da vítima em se tratando de flagrante por crime de ação penal privada; 
falta de representação do ofendido, sendo hipótese de crime de ação penal pública condicionada a 
essa formalidade; não fornecimento da nota de culpa; não concessão do direito a assistência de 
advogado; inversão da ordem de oitiva prevista no art. 304 do CPP etc. 
Convém sinalar que o relaxamento da prisão é sinônimo de ilegalidade da prisão, 
aplicando-se tanto à prisão em flagrante como também à preventiva e à temporária [...]. Assim, 
deve-se relaxar a prisão nos casos de flagrante forjado, provocado e preparado; prisão preventiva 
decretada por juiz incompetente ou de ofício; a prisão automática ou obrigatória para apelar ou em virtude 
da decisão de pronúncia; a prisão preventiva sem fundamentação; a permanência de alguém preso a título 
RELAXAR O FLAGRANTE 
CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA 
CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança) 
Fundamento legal: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 
 
 
 
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14 
 
PEÇA: 
 RELAXAMENTO DA PRISÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO ILEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
de “prisão em flagrante” (pois se trata de medida pré-cautelar). Também é caso de relaxamento quando a 
ilegalidade é posterior, como exemplifica BADARÓ, citando o excesso de prazo da prisão preventiva.2 
 
 
Para melhor sistematizar o estudo, recomenda-se identificar as ilegalidades no 
seu aspecto formal e material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 889. 
RELAXAMENTO DA PRISÃO PRISÃO ILEGAL 
RELAXAMENTO DA PRISÃO 
ILEGALIDADE FORMAL 
Vícios procedimentaisILEGALIDADE MATERIAL 
Não está em flagrância (artigo 302 do CPP) 
Flagrante preparado – Súmula 145 do STF 
Preso por fato atípico 
Condutor veículo no trânsito se prestar socorro à 
vítima (art. 301 do CTB). 
Delito menor potencial ofensivo – comprometimento de 
audiência. Artigo 69 da Lei 9.099/95. 
Preso por posse de drogas – Vedação usuário (art. 48, 
§2º, da Lei 11.343/2006). 
 
 
 
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I) ILEGALIDADE FORMAL 
Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades 
procedimentais previstas no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da Constituição Federal, 
notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV. 
As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de 
prisão em flagrante. 
Além da inobservância das formalidades no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos 
do art. 5º da Constituição Federal, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo 
excesso de prazo da prisão, como, por exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo previsto 
em lei, sem justificativa plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias). 
II) ILEGALIDADE MATERIAL 
Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem 
estar presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante. 
Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das hipóteses 
do artigo 302, a prisão será materialmente ilegal. Em outras palavras, se não estiver configurada nenhuma 
das hipóteses de flagrância, a prisão é ilegal. 
Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, ocorre 
invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
* Exemplos de outras hipóteses de prisão materialmente ilegal: 
a) Flagrante preparado: 
b) Prisão por fato atípico 
c) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a 
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. (Art. 301 CTB – Lei 
9.503/97). 
d) Situação prevista no artigo 69 da Lei 9.099/95: 
e) Não é possível prisão em flagrante nos casos de crime de posse de substância entorpecente para 
consumo próprio (art. 28 da Lei 11.343/2006), pois, para esse crime, não há pena privativa de liberdade. É 
o que dispõe o art. 48, § 2º, da Lei 11.343/2006. 
 
 
 
 
 
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16 
 
2.6.2) CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA 
Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a 
liberdade provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva3. 
É importantíssimo ressaltar que a prisão preventiva somente poderá ser 
decretada em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP4 
e se não for suficiente outra medida diversa da prisão, bem como se presente as hipóteses do artigo 313 
do CPP. 
Assim, pela leitura do artigo 310, II, CPP, verifica-se que a prisão preventiva é 
a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada quando todas as demais medidas 
cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a 
insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão passou a ser mais um requisito para o cabimento 
da prisão preventiva. 
Além disso, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá 
converter a prisão em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos do artigo 312 e 
313 do CPP. 
Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, 
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte), desde que: 
a) a prisão seja legal (inciso I); 
b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou 
insuficientes (inciso II, parte final); 
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da 
ilicitude previstas no art. 23, do CP; 
d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP. 
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem cautelares). 
 
 
 
 
3 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente homologava o APF e 
mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá converter a prisão em flagrante em prisão 
preventiva. Eis a razão do caráter pré-cautelar da prisão em flagrante (pois dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade 
provisória). 
4 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. 
Será estudado oportunamente. 
 
 
 
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2.6.3) LIBERDADE PROVISÓRIA 
I) CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Cabe pedido de liberdade provisória nas hipóteses de prisão em flagrante legal, 
cuja custódia não se afigura necessária, por estarem ausentes os pressupostos da prisão preventiva. 
 
 
 
Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o 
direito de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas 
condições. 
Nas palavras de Avena, com o advento da Lei 11.719/2008, modificada a redação 
do art. 408 (que restou substituído pelo atual art. 413) e revogado o art. 594, ficou o instituto da liberdade 
provisória limitado à prisão em flagrante.5 
Esse também é o entendimento de Nucci6, segundo o qual “a liberdade 
provisória, com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão 
preventiva ou temporária”. 
A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do CPP, segundo o 
qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá, fundamentadamente, conceder a liberdade 
provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda no art. 5º, LXVI, da CF/88, ninguém será levado à 
prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Além disso, o artigo 321 do CPP dispõe que, ausentes os requisitos que 
autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for 
o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do 
art. 282 deste Código. 
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida 
cautelar (na verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do art. 310, III, do 
CPP. No sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva, como medida 
impeditiva da prisão cautelar [...] É a liberdade provisória uma forma de evitar que o agente preso em 
flagrante tenha sua detenção convertida em flagrante.7 
 
55 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973. 
66 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2013, p. 693. 
7 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 890. 
Fundamento legal: art. 310, inciso III, CPP e art. 5º, LXVI da CF/88 
 
 
 
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PEÇA: 
 LIBERDADE PROVISÓRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO EM FLAGRANTE 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
 
II) LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA 
 
 
 
 
Trata-se da hipótese de a prisão em flagrante se revestir de legalidade, mas o 
Magistrado considerar o direito ao suspeito responder ao processo em liberdade. Pode o Magistrado 
conceder a liberdade provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao liberado, a prestação 
de fiança ou outras medidas cautelares diversas da prisão. 
Eis as hipóteses: 
a) Quando ausentes os fundamentos da prisãopreventiva (art. 321 do CPP) 
Nos termos do artigo 321do CPP, ausentes os requisitos da prisão preventiva, o 
juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância dos critérios da 
necessidade e da adequação previstos no art. 282, exigir a prestação de fiança com a finalidade de 
assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de 
resistência injustificada à ordem judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão 
previstas no art. 319 do CPP. 
b) Quando houver indicativos de que o agente praticou a infração penal abrigado por 
excludentes de ilicitude (art. 310, parágrafo único, do CPP) 
Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em 
flagrante indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade, 
exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal. 
PRISÃO LEGAL 
LEGAL
 Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP do CPP 
 
Existência Excludentes da ilicitude – art. 310, parágrafo único, do CPP 
 
 
 
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Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente, 
independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável. 
Embora não esteja previsto no artigo 310, parágrafo único, do CPP, parte da 
doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de 
culpabilidade (embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc), uma vez 
que, ao final, o agente não será privado de liberdade. 
c) Quando, embora afiançável o crime, não possui o flagrado condições econômicas para 
pegar a fiança (art. 350 do CPP) 
III) LIBERDADE PROVISÓRIA X TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES 
A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei 
11.343/2006, que veda a concessão de liberdade provisória no crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 
Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o 
disposto no artigo 44 da Lei 11.343/2006 também na parte que vedada a concessão da liberdade 
provisória, sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência e da 
dignidade da pessoa humana, bem como que a Lei 11.464/2007, ao excluir dos crimes hediondos e 
equiparados a vedação à liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas, revogou, tacitamente, o 
artigo 44 desta Lei, que proibia o benefício ao crime de tráfico de drogas. 
Nesse sentido: 
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO CONTRA 
DECISÃO DE RELATOR DE TRIBUNAL SUPERIOR QUE INDEFERIU PLEITO 
CAUTELAR EM IDÊNTICA VIA PROCESSUAL. FLAGRANTE ILEGALIDADE. SÚMULA 
691/STF. SUPERAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. QUANTIDADE E 
NATUREZA DA DROGA APREENDIDA (60g DE MACONHA). PRISÃO EM 
FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA COM FUNDAMENTO APENAS NA 
GRAVIDADE EM ABSTRATO DO DELITO. AUSÊNCIA DE DEMOSTRAÇÃO DE BASE 
EMPÍRICA IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. HABEAS 
CORPUS EXTINTO POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO. 1. A prisão cautelar para garantia da ordem pública e para conveniência 
da instrução criminal é ilegítima quando fundamentada, como no caso sub 
examine, tão somente na gravidade in abstracto, ínsita ao crime. (...) 2. 
In casu, a) O paciente foi preso em flagrante, em 31/12/2013, e denunciado pela 
suposta prática do delito previsto no artigo 33, caput, da Lei 11.343/06 (tráfico 
de entorpecentes), pois foi surpreendido com 60 (sessenta) gramas de maconha 
e R$ 500,00 (quinhentos reais) em espécie. b) A prisão em flagrante foi 
 
 
 
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convertida em preventiva com base apenas na gravidade em abstrato 
do crime, sem apresentação de fundamentação de de demonstração da 
presença dos requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo 
Penal. c) A quantidade e a natureza da droga apreendida – 60 
(sessenta) gramas de maconha – não revelam maior periculosidade do 
réu para inviabilizar o direito de responder a ação penal em liberdade. 
3. A VEDAÇÃO LEGAL À LIBERDADE PROVISÓRIA AO PRESO EM 
FLAGRANTE POR TRÁFICO DE ENTORPECENTES, PREVISTA NO ART. 44 
DA LEI 11.343/2006, FOI JULGADA INCONSTITUCIONAL PELO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (HC 104.339/SP, REL. MIN. GILMAR 
MENDES), DEVENDO, CONTUDO, O MAGISTRADO APRECIAR A 
EXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA À LUZ DO 
ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. (...) 6. Habeas corpus 
extinto por inadequação da via eleita. Ordem concedida, de ofício, para assegurar 
ao paciente o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado de eventual 
sentença condenatória, salvo se por outro motivo deva permanecer preso. (HC 
121250/SE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª 
Turma, julgado em 06/05/2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão da 
liberdade provisória 
Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88. 
Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da CF/88. 
.. 
 
Ofensa ao princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da CF/88. 
 
 
 
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21 
 
SUGESTÃO DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____Vara do Tribunal do Júri da Comarca_______ (se 
crime doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___Vara do Tribunal do Júri da Seção 
Judiciária__________ (se crime doloso contra a vida da competência da Justiça Federal8) 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___Vara Criminal da Comarca ________________(se 
crime da competência da Justiça Estadual) 
d) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Criminal da Seção Judiciária de ________(se 
crime da competência da Justiça Federal) 
 
Autos nº 
Fulano de Tal (nome e qualificação do acusado9), por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM 
FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º, LXV da 
Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
2 linhas 
I – DOS FATOS10 
II – DO DIREITO 
a) Da ilegalidade material 
b) Da ilegalidade formal 
Importante: citar o artigo 5º, LVII, CF/88 (Princípio da presunção da inocência). 
Como se vê, restou suficientemente demonstrada a ilegalidade da prisão do requerente, já que não 
observadas as formalidades previstas na legislação, devendo, por isso, ser relaxada a prisão em flagrante. 
III – Do pedido 
 
8 Competência da Justiça Federal – ver artigo 109 da CF/88. 
9 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
10 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
 
 
 
 
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Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim de que possa 
responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, ou, 
subsidiariamente, a concessão da liberdade provisória sem fiança, por ser medida de inteira justiça. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUGESTÃO DE PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA: 
Endereçamento: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca ______________(se 
crime da competência da Justiça Estadual) 
b) ExcelentíssimoSenhor Doutor Juiz Federal da _____Vara Criminal da Seção Judiciária ________(se 
crime da competência da Justiça Federal) 11 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____Vara do Tribunal do Júri da Comarca_______ (se 
crime doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) 
d) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária________ 
(se crime doloso contra a vida da competência da Justiça Federal) 
 
Autos nº 
 
Fulano de Tal (nome e qualificação do acusado12), por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no 
art. 310, inciso III, Código de Processo Penal e art. 5º, LXVI, da Constituição Federal/88, pelos 
fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
2 linhas 
I – DOS FATOS13 
II – DO DIREITO14 
Fundamentar o pedido de liberdade provisória com o disposto no art. 5º, LVII, da CF/88 
(princípio da presunção da inocência). 
Demonstrar a ausência dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva: 
* Inexistência de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. 
 
11 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
12 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
13 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
14 Ausência dos requisitos da prisão preventiva (art. 321 CPP) ou hipótese de excludente de ilicitude (art. 310, parágrafo 
único). 
 
 
 
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* Ausência de perigo à ordem pública, à ordem econômica, conveniência à instrução criminal ou à 
aplicação da lei penal. 
* Destacar a primariedade, residência fixa, profissão definida, bons antecedentes (se o enunciado 
trouxer esses dados). 
* Sugere-se postular, como tese subsidiária, a aplicação de uma das medidas cautelares previstas no 
artigo 319 do CPP. 
III – Do pedido 
Ante o exposto, requer a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que possa responder 
a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, como medida de 
inteira justiça. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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25 
 
PEÇA RESOLVIDA – RELAXAMENTO PRISÃO 
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VI EXAME OAB 
No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves pegou seu automóvel e 
passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca de dois quilômetros 
na estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de 
procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade. Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo trôpego 
e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a realizar um teste 
de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha concentração de álcool 
de um miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia 
Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, 
c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de 
entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares. 
Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter permanecido encarcerado na 
Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso, sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o 
delegado não comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade 
de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, 
questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de 
direito pertinente ao caso. 
(Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE _______ 
 
Autos nº 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO ALVES, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº ...., por seu procurador infra-
assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA 
PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º, 
LXV, da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I – DOS FATOS 
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o delito previsto no 
artigo 306 da Lei 9.503/1997 c/c o artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008. 
O requerente foi compelido a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar, 
sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus advogados 
ou com seus familiares. 
O requerente permanece preso dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em flagrante, 
sendo que a autoridade policial não comunicou o fato ao juízo competente nem à Defensoria Pública. 
É o breve relatório. 
 
II – DO DIREITO 
 
O requerente foi preso em flagrante acusado, em tese, de ter praticado o delito do artigo 306 
da Lei 9.503/97. Todavia, a prisão deve ser relaxada, porque absolutamente ilegal. 
 
A) DA PROVA ILÍCITA 
 
O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Todavia, trata-
se de prova ilícita, porque violou o direito do requerente de não produzir prova contra si mesmo, previsto no 
artigo 5º, LXIII, da Constituição Federal de 1988 e no artigo 8º, nº 2, “g”, do Decreto 678/1992. 
 
 
 
 
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Logo, trata-se de prova ilícita, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal e artigo 5º, LVI, 
da Constituição Federal, já que realizada de forma forçada, sendo, portanto, o flagrante ilegal. 
 
B) DO DIREITO À COMUNICAÇÃO COM ADVOGADO E FAMILIARES 
 
Conforme se observa dos autos, a autoridade policial negou ao requerente o direito de se entrevistar 
com advogado, bem como não permitiu comunicação com a família. 
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, LXIII, da 
Constituição Federal/88, o preso tem direito à presença de advogado. Logo, deveria a autoridade policial 
providenciar a presença de advogado para acompanhar a lavratura do auto de prisão em flagrante ou 
encaminhar a cópia dos autos à Defensoria Pública. 
Além disso, nos termos do artigo 306 do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXII, da 
Constituição Federal/88, a prisão deveria ter sido comunicada imediatamente à família do preso. 
Logo, a prisão é ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. 
 
C) DA AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO À AUTORIDADE JUDICIÁRIA E À DEFENSORIA PÚBLICA 
 
Conforme se observa dos autos, a autoridade policial não comunicou a prisão à autoridade judiciária 
competente, nem tampouco à Defensoria Pública. 
Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, LXII, da 
Constituição Federal/88, a prisão deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente, bem como à 
Defensoria Pública, no prazo de 24 horas. 
Logo, trata-se de prisão ilegal, devendo ser relaxada. 
Convém referir que vigora a favor do requerente o princípio da presunção da inocência, previsto no 
artigo 5º, inciso VII, da Constituição Federal/88. 
Como se vê, restou suficientementedemonstrada a ilegalidade da prisão do requerente, já que não 
observadas as formalidades previstas na legislação, devendo, por isso, ser relaxada a prisão em flagrante. 
 
III – DO PEDIDO 
 
Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim de que possa 
responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, ou, 
subsidiariamente, a concessão da liberdade provisória sem fiança, por ser medida de inteira justiça. 
 
Termos em que, 
 
pede deferimento. 
 
 
 
 
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Local e data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
PEÇA RESOLVIDA – LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
No dia 15 de janeiro de 2011, por volta das 14 horas, nº 2000, na Rua das Mocas, São Paulo/SP, 
Josué Silva foi preso em flagrante pela prática do delito de furto simples, previsto no artigo 155, “caput”, do 
Código Penal, acusado de ter subtraído objetos pertencentes a Flaviana Guimarães. Marilda, esposa de 
Josué, procurou um advogado e lhe informou que o marido jamais havia se envolvido em atividade ilícita. 
Disse, ainda, possuírem residência fixa e que Josué tinha carteira de trabalho, embora estivesse, na ocasião, 
desempregado. Informou que estava grávida e o marido era o único que poderia contribuir para o sustento 
da família. O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades e foi encaminhado, no prazo legal, 
ao juiz, para apreciação. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto 
acima, na qualidade de advogado de Josué, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, em favor do seu 
cliente, apontando os argumentos e fundamentos jurídicos pertinentes ao caso. (Valor: 5,0) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2ª Fase 
 
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE SÃO PAULO/SP 
 
Autos nº 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSUÉ DA SILVA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº ...., por seu procurador infra-
assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a LIBERDADE PROVISÓRIA, 
com base no art. 310, inciso III, Código de Processo Penal e art. 5º, LXVI, da Constituição 
Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 
I – DOS FATOS 
O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o delito de furto 
simples. 
O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades e foi encaminhado, no prazo 
legal, ao juiz, para apreciação. 
II – DO DIREITO15 
A) Da impossibilidade de converter a prisão em flagrante em preventiva16 
O requerente foi preso em flagrante acusado de ter praticado, em tese, o delito de furto 
simples. Todavia, conforme se verifica no artigo 155 do Código Penal, a pena máxima prevista para o 
crime de furto é de 04 anos. Logo, considerando que o requerente não é reincidente, não é possível a 
conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, uma vez que, segundo o inciso I do artigo 313 do 
CPP, somente se admite a prisão preventiva nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) anos. Não se aplica, no caso, a hipótese do inciso II do artigo 313, já que o 
requerente é primário. 
Logo, a medida cabível no caso é a concessão da liberdade provisória. 
B) Da ausência dos requisitos que autorizam a prisão preventiva 
No caso em tela, a concessão da liberdade provisória é medida que se impõe, pois ausentes 
os pressupostos e requisitos que autorizam a prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código Penal. 
 
15 Ausência dos requisitos da prisão preventiva (art. 321 CPP) ou hipótese de excludente de ilicitude (art. 310, parágrafo 
único). 
16 Sinala-se, por pertinente, que haverá ilegalidade por violação do disposto no artigo 313, I, do CPP, somente se o juiz 
converter a prisão em flagrante em preventiva. Nesse caso, a prisão seria ilegal. 
 
 
 
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O requerente é trabalhador e jamais se envolveu em atividade ilícita. Além disso, possui 
residência fixa e tem carteira de trabalho. Ademais, a esposa está grávida, sendo o único que poderá 
contribuir para o sustento da família. 
Assim, não representa perigo à ordem pública, à ordem econômica, à conveniência da 
instrução criminal ou aplicação da lei penal, estando, portanto, ausentes os requisitos que autorizam o 
decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal. 
Logo, a medida cabível é a concessão da liberdade provisória, nos termos do artigo 321 do 
Código de Processo Penal. 
C) Da presunção da inocência 
Por fim, convém destacar que prevalece no nosso ordenamento jurídico o princípio da 
presunção da inocência, previsto no artigo 5º, LVII, da CF/88. 
Nesse sentido, é de rigor a concessão da liberdade provisória. 
D) Da medida cautelar 
Na hipótese de não ser concedida a liberdade plena, viável a aplicação da concessão de 
medida cautelar prevista no artigo 319 do Código de Processo Penal, já que constitui medida mais 
conveniente do que a conversão em prisão em preventiva. 
III – Do pedido 
Ante o exposto, requer a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que possa responder 
a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, como medida de 
inteira justiça. 
 
Termos em que, 
 
pede deferimento. 
 
São Paulo, data 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 PRISÃO PREVENTIVA 
3.1) CONCEITO 
Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz 
competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (arts. 312 e 313 do CPP). 
Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação 
criminal e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do 
 
Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia 
fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra embasamento também 
no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal, que permite a prisão provisória, antes 
do trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão 
preventiva 
 
 
 
Momento e forma de execução da prisão provisória 
Conforme dispõe o art. 283, §2º, do CPP, a prisão poderá ser efetuada em 
qualquer dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade do domicílio, prevista 
no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal. 
Nos termos do artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, salvo na hipótese de 
prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente. 
De acordo com o artigo 293 do CPP, durante o período noturno, no caso de 
prisão preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz competente, é 
vedado à autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão do suspeito. Todavia, 
nesse caso, se o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial, desde que 
munida de mandado, poderá efetivar a prisão. 
Se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial 
deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir, com ou sem consentimento do 
fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis). 
 
“por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”. 
03
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33
33
 
 
 
 
Necessita de Mandado 
 
 
 
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morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem permissão do morador, a prisão é ilegal, 
devendo ser relaxada. 
O mandado de prisão deverá preencher os requisitos do artigo 285, parágrafo 
único, do CPP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2) MOMENTO DA DECRETAÇÃO 
HIPÓTESES CUMPRIMENTO MANDADO NO DOMICÍLIO 
Com permissão de acesso do morador (necessário 02 testemunhas) 
Pode ser cumprido SEMPRE – Sem restrições 
 
Sem permissão: é ILEGAL – Cabe relaxamento da prisão. 
Tese de inviolabilidade do domicílio – art. 293, CPP e art. 5º, inciso XI, CF. 
CCF 
 
 
 
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Atualmente, a decretação da prisão preventiva pode ser verificada em três 
situações: 
 
Nesse caso, de acordo com o art. 310 do CPP, ao receber a cópia do auto de 
prisão em flagrante deverá o juiz relaxar a prisão nos casos em que esta for ilegal, convertê-la em 
preventiva ou ainda conceder liberdade provisória. 
Vale lembrar que o Juiz só decretará a preventiva nos casos em que inadequadas 
ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão. 
 
Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a 
prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. Em outras 
palavras, nessa hipótese a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou 
do processo penal. 
Conforme se extrai do artigo 311 do CPP, nesse caso, durante as investigações 
policiais, o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício, mas apenas a requerimento do Ministério 
Público ou representação da autoridade policial. 
Durante a ação penal, a decretação da prisão preventiva pode ser decretada de 
ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação. 
 
Na hipótese de descumprimento injustificado da medida cautelar anteriormente 
imposta, o Magistrado poderá substituir por outra, determinar a cumulação com outra e, somente em último 
caso, decretar a prisão preventiva. 
3.3) LEGITIMAÇÃO 
Diante do que dispõe o art. 5º, LXI, CF/88, no sentido de que ninguém será 
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, resta 
claro que a prisão preventiva somente pode ser decretada por ordem judicial. 
a) Na conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva – Art. 310, II, CPP 
 
b) Quando não for prisão decorrente de flagrante, mas as circunstâncias do caso revelam a necessidade da 
decretação da prisão preventiva – Art. 311 do CPP 
 
c) Quando o acusado descumprir, injustificadamente, medida cautelar diversa da prisão – Art. 282, § 4º, 
do CPP. 
 
 
 
 
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Nesse caso, nos termos do disposto nos arts. 311 e 282, § 2º, do CPP, forçoso 
concluir que a prisão preventiva poderá ser decretada pelo juiz da seguinte forma: 
 
Se, na fase de investigação, o juiz decretar de ofício a prisão preventiva, a prisão 
será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão. 
 
3.4) PRESSUPOSTOS 
Nos termos da parte final do artigo 312 do CPP, a prisão preventiva somente é 
possível, se, no caso concreto, houver: 
 
Fase de Investigação 
Juiz Decreta de 
Ofício a Preventiva 
PRISÃO 
ILEGAL 
RELAXAMENTO DE PRISÃO 
 
 
 
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Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não 
cabe prisão preventiva nas contravenções penais. 
3.5) FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 312 
De acordo com o artigo 312 do CPP, a prisão preventiva pode ser decretada 
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, para 
assegurar a aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento das obrigações impostas por força de 
outras medidas cautelares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Garantia da ordem pública 
A garantia da ordem pública reveste-se de conceito vago e de difícil 
determinação. Por isso, deve-se analisá-la com cautela. 
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em 
hipóteses de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista, seja, 
sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para garantia da ordem 
pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente situação de comprovada 
intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada comunidade. 
 
 
 
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A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve 
analisar a gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime de 
homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, determinariam a prisão preventiva compulsória. 
Em suma: a gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela 
revelada não só pela pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, 
quando a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido, reclamem medidas imediatas para 
assegurar a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. 
O clamor público, por si só, não autoriza o decreto da prisão preventiva, 
servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da custódia cautelar, devendo, 
portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional, que justifique a prisão processual. 
Grande parte da doutrina entende que a prisão preventiva para proteção do 
próprio acusado não se justifica, porquanto cumpre ao próprio Estado a proteção dos cidadãos por meio da 
atividade dirigida à segurança pública. 
b) Conveniência da instrução criminal 
É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras 
suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em relação ao 
acusado, não autoriza o decreto da prisão preventiva. 
Diante disso, abalos provocados pela atuação do acusado, visando à perturbação 
do desenvolvimento da instrução criminal, que compreende a produção de provas de um modo geral, é 
motivo a ensejar a prisão preventiva. 
Configuram condutas inaceitáveis a ameaça a testemunhas, a investida contra 
provas buscando desaparecer com evidências, ameaças dirigidas ao órgão acusatório, à vítima ou ao juiz 
do feito, dentre outras. 
Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução 
criminal quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório 
(acareação, reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio. 
Evidentemente, sendo a custódia decretada unicamente com base no fundamento 
in examen, uma vez esgotada a instrução, não há mais razões para que subsista o decreto, impondo-se, 
então, a revogação, conforme se infere dos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do CPP. Do contrário, passa a 
preventiva a se constituir uma forma de execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal. 
(AVENA, 2013, p. 938). 
 
 
 
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c) Garantia da aplicação da lei penal 
Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao 
Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da 
infração penal. 
É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença 
penal por impossibilidade de aplicação da pena cominada. 
Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em 
circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não 
há motivosuficiente para o decreto da prisão preventiva. 
 
 
 
d) Garantia de ordem econômica 
Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o 
agente, causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou 
mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante 
nessa área. 
Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, 
na medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na vida das 
pessoas, do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer. 
e) Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
Nos termos do art. 312, parágrafo único, do CPP, a prisão preventiva também 
poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de 
outras medidas cautelares (art. 319), conforme art. 282, § 4º, do CPP. 
 
 
 
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Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo 
sempre priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando pela prisão 
preventiva em último caso. 
Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medida cautelar diversa da prisão 
caso entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a proibição 
do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (art. 319, III, CPP) e ele descumpre a 
medida. Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a medida ou aplicar outra em cumulação, 
para só então, se persistir o descumprimento, decretar a preventiva, conforme dispõe o art. 312, parágrafo 
único, c/c o art. 282, § 4º, CPP. 
3.6) CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 313 
Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, 
devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração penal ou sob certas 
circunstâncias. Trata-se das condições de admissibilidade. 
 
Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes 
dolosos com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos. Logo, não cabe, em tese, prisão 
preventiva por crime culposo. 
O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado 
definitivamente, o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída 
sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido, se condenado o agente não irá, a 
princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso quando incide a seu favor a 
presunção da inocência. 
Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir 
a pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao 
cárcere à noite. 
São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão 
preventiva, tais como furto simples (art. 155 CP), apropriação indébita (art. 168 CP), receptação simples 
(art. 180 CP), contrabando e descaminho (art. 334 CP), dentre outros. 
A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR 
A 4 (QUATRO) ANOS: 
 
 
 
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No caso de concurso material de crimes, somam-se as penas para fins de prisão 
preventiva. Nos casos de concurso formal de crimes e crime continuado, considera-se a causa de aumento 
no máximo e a de diminuição no mínimo. Em qualquer caso, se a pena máxima for superior a 04 anos, 
poderá, em tese, ser decretada a prisão preventiva. 
Tratando-se de causas de aumento de pena e de diminuição da pena, deve-se 
considerar a quantidade que mais aumente ou que menos diminua, respectivamente, a fim de se chegar a 
pena máxima cominada ao delito. 
Ex1: Furto noturno, previsto no artigo 155, § 2º, CP, a pena é aumentada em 1/3. 
O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena máxima cominada é de 04 anos. 
Todavia, se for praticado durante repouso noturno, a pena é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, 
por conseguinte, autorizando o decreto da prisão preventiva. 
Ex2: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do CP, a pena máxima 
cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de estelionato, esta pena poderá 
ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o art. 14, parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a 
pena de05 anos a redução mínima (1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, 
incompatível com o disposto no artigo 313, inciso I, do CPP, o decreto da prisão preventiva. 
 
Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que 
se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se 
o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos do art. 312. 
Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena 
máxima não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela, 
por exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma das medidas cautelares 
previstas no art. 319 CPP. Somente se descumprida a medida cautelar, pode-se aventar a possibilidade de 
decreto da preventiva, com base no artigo 282, § 4º, c/c art. 312, parágrafo único, CPP. 
 
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra 
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das 
medidas protetivas de urgência. 
B) SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO 
PRAZO DE 05 ANOS DA REINCIDÊNCIA 
C) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, 
ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A 
EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
 
 
 
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Além das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a 
nova redação do artigo 313 do CPP incluiu os casos de violência doméstica, não só em relação à mulher, 
mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com deficiência. 
Essas medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha), arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso, e arts. 98 a 101 do ECA. 
Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para 
garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de imposição 
anterior das cautelares protetivas de urgência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.7) ALGUMAS HIPÓTESES QUE NÃO ADMITEM A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 
 
Não cabe prisão preventiva nas contravenções penais, uma vez que o próprio art. 
312 prevê a possibilidade de prisão preventiva na hipótese de existência de CRIME, carecendo, assim, 
previsão legal quando se tratar de contravenção penal. 
 
Nos termos do artigo 314 do CPP, a decretação da prisão preventiva é vedada se 
o juiz verificar, pelas provas constantes dos autos, que o agente praticou o ato sob a égide de uma das 
causas excludentes de ilicitude (Legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou 
estrito cumprimento de dever legal). 
 
 
A) NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: 
 
B) NA HIPÓTESE DE O AGENTE TER PRATICADO O FATO ACOBERTADO POR UMA DAS 
CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE: 
 
 
 
 
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PEÇA: 
REVOGAÇÃO 
 DA PREVENTIVA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO PREVENTIVA 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
3.8) REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA 
 
 
Nos termos do artigo 315 do CPP, observando, ainda,o disposto no artigo 93, IX, 
da CF/88, o decreto da prisão preventiva deve ser fundamentado quanto aos seus pressupostos e motivos 
ensejadores. 
Além disso, levando-se em conta o disposto no artigo 282, § 6º, do CPP, segundo 
a preventiva apenas poderá ser decretada quando não for cabível a sua substituição por outra medida 
cautelar diversa da prisão, cumpre ao juiz manifestar-se sobre insuficiência e inadequação da aplicação de 
uma medida cautelar. 
O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no decorrer do processo, verificar 
falta de motivo para que subsista. 
Da decisão que indeferir ou revogar a prisão preventiva, cabe recurso em sentido 
estrito (art. 581, V, CPP). 
Da decisão que decretar a prisão preventiva cabe habeas corpus. 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DECRETA 
A PRISÃO 
PREVENTIVA 
 
PRISÃO LEGAL 
 
PRISÃO ILEGAL 
 
PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO DA 
PREVENTIVA 
 
PEDIDO DE 
RELAXAMENTO 
DE PRISÃO 
 
HC 
 
ROC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
ROC 
 
HC 
 
DA DECISÃO 
QUE INDEFERE 
DA DECISÃO 
QUE DENEGA 
 
Fundamento legal: art. 316, CPP e art. 5º, LXI da CF/88 
 
 
 
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SUGESTÃO DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA: 
Endereçamento: 
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca ______________(se 
crime da competência da Justiça Estadual) 
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _____Vara Criminal da Seção Judiciária de ________(se 
crime da competência da Justiça Federal) 17 
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____Vara do Tribunal do Júri da Comarca_______ (se 
crime doloso contra a vida da competência da Justiça Estadual) 
d) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária________ 
(se crime doloso contra a vida da competência da Justiça Federal) 
 
Autos nº 
10 linhas 
Fulano de Tal (nome e qualificação do acusado18), por seu procurador infra-assinado, vem, 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, 
com base no art. 316 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir 
expostos 
2 linhas 
I – DOS FATOS 
Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
II – DO DIREITO 
No caso em tela, a revogação da prisão preventiva é medida que se impõe, pois ausentes 
os pressupostos e requisitos que autorizam a prisão preventiva. 
Fundamentar o pedido de liberdade provisória com o disposto no art. 5º, LVII, da CF/88 
(princípio da presunção da inocência). 
 
17 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 
18 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 
 
 
 
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44 
 
Demonstrar a ausência dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva: Ausência de 
perigo à ordem pública, à ordem econômica, à aplicação da lei penal. Inexistência de prova da 
materialidade e indícios suficientes de autoria. 
Destacar a primariedade, residência fixa, profissão definida, bons antecedentes (se o enunciado 
trouxer esses dados). 
Não incidência de algumas das condições de admissibilidade do artigo 313 do CPP. 
Fazer referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 do CPP. 
III – Do pedido 
Ante o exposto, requer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a 
eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, como medida de inteira 
justiça. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
2 linhas 
Local e data 
2 linhas 
______________________ 
ADVOGADO 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
45 
 
Questão 02 XVII EXAME 
Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que ele chega do trabalho à 
residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte à Glória, que, de imediato comparece à Delegacia, 
narra os fatos, oferece representação e solicita medidas protetivas de urgência. Encaminhados os autos para o Ministério 
Público, este requer em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, bem como a prisão preventiva de 
Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do CPP. O juiz acolhe os pedidos do Ministério Público e Jorge é preso. Novamente 
os autos são encaminhados para o Ministério Público, que oferece denúncia pela prática do crime do Art. 147 do Código 
Penal. Antes do recebimento da inicial acusatória, arrependida, Glória retorna à Delegacia e manifesta seu interesse em não 
mais prosseguir com o feito. A família de Jorge o procura em busca de orientação, esclarecendo que o autor é primário e de 
bons antecedentes. Considerando apenas a situação narrada, na condição de advogado(a) de Jorge, esclareça os seguintes 
questionamentos formulados pelos familiares: 
A) A prisão de Jorge, com fundamento no Art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, é válida? (Valor: 0,60) 
B) É possível a retratação do direito de representação por parte de Glória? Em caso negativo, explicite as razões; em caso 
positivo, esclareça os requisitos. (Valor: 0,65) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação 
QUESTÃO 02 XV EXAME 
Durante inquérito policial que investigava a prática do crime de extorsão mediante sequestro, esgotado o prazo sem o fim 
das investigações, a autoridade policial encaminhou os autos para o Judiciário, requerendo apenas a renovação do prazo. O 
magistrado, antes de encaminhar o feito ao Ministério Público, verificando a gravidade em abstrato do crime praticado, 
decretou a prisão preventiva do investigado. Considerando a narrativa apresentada, responda aos itens a seguir. 
A) Poderia o magistrado adotar tal medida? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) A fundamentação apresentada para a decretação da preventiva foi suficiente? Justifique. (Valor: 0,60) 
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
QUESTÃO 3 – EXAME 2010-03 
Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar o valor relativo à 
sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por duas funcionárias da referida 
instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do delito. Ao oferecer denúncia perante 
o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva 
de Jeremias para a garantia da ordem pública, por ser o crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez 
que as testemunhas seriam mulheres e poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da 
colheita de seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, 
utilizando-se dos argumentos apontados pelo Parquet. 
Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, 
indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva. 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
46 
 
PEÇA RESOLVIDA – REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 
 
No dia 29 de setembro de 2014, Paulo Dantas foi encontrado morto na sua residência, localizada no Município de 
Petrópolis/RJ. Ao longo da investigação, a partir da testemunha de Marieta Lemos, a autoridade policial tomou 
conhecimento de que o autor do delito foi Cláudio Valentino. Na ocasião, Marieta Lemos disse ter sido ameaçada por 
Cláudia, tenho receio de que ele possa matá-la. Afirmou, ainda, que Cláudio tinha parentes do Paraguai, razão pela qual

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