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INTERVENSÕES INOVADORAS PSICOPEDAGOGIA

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Prévia do material em texto

INTERVENÇÕES INOVADORAS 
NA PSICOPEDAGOGIA EM 
DIFERENTES CONTEXTOS 
DE APRENDIZAGEM 
PROFESSORA
Me. Thuinie Medeiros Vilela Daros
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2189 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2189
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. DAROS, Thuinie Medeiros Vilela. 
Intervenções Inovadoras na Psicopedagogia em Diferentes 
Contextos de Aprendizagem. 
Thuinie Medeiros Vilela Daros.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
192 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Psicopedagogia 2. Intervenção 3. Aprendizagem. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Waléria Henrique dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Lucas Pinna Silveira Lima
Design Educacional
Bárbara Neves
Revisão Textual
Diego Delavega
Ilustração
Marta Sayuri Kakitani
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 371.26 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-2062-5
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria 
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso 
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão 
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de 
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 
DIREÇÃO UNICESUMAR
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Me. Thuinie Medeiros Vilela Daros
Mestra em Educação (2014), especialista em Fundamentos Filosóficos e Políticos 
da Educação (2007) e em Alfabetização (2008-Unioste), e graduada em Pedagogia 
(2003) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste. Foi professora 
alfabetizadora entre 1999 e 2008, coordenadora e docente do colegiado de peda-
gogia da Faculdade União das Américas - UniAmérica e coordenadora dos cursos de 
Pós-graduação em Educação: Educação Infantil e Alfabetização, MBA Gestão e Dire-
ção Escolar e Metodologias Ativas. É autora dos livros Para que serve aprender a ler e 
escrever? Sentidos que as crianças atribuem à linguagem escrita, pela editora Epígrafe, 
e A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo, 
pela editora Penso. Atualmente é Head de Cursos Híbridos e Metodologias Ativas do 
Centro Universitário de Maringá - Unicesumar e cofundadora da Téssera Educação.
http://lattes.cnpq.br/9832676392362114
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
INTERVENÇÕES INOVADORAS NA PSICOPE-
DAGOGIA EM DIFERENTES CONTEXTOS DE 
APRENDIZAGEM
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Parabéns pela sua escolha profissional! Trabalhar em prol do pleno desenvolvimento humano 
e ter a oportunidade de ajudar os estudantes a superarem as dificuldades ligadas à aprendi-
zagem é algo realmente inspirador.
Para que tenha segurança, seja assertivo(a) e realize intervenções psicopedagógicas capazes 
de resolver ou minimizar os impactos decorrentes das dificuldades de aprendizagem, de 
modo a auxiliar os estudantes a superarem suas limitações e conquistarem seus objetivos. 
Por conta disso, foi produzido este livro didático, intitulado Intervenções Psicopedagógicas Ino-
vadoras em Diferentes Contextos de Aprendizagem.
Durante a leitura do livro, juntamente com as aulas e demais atividades especialmente desen-
volvidas, você aprenderá que conhecer como o ser humano aprende e como essa aprendiza-
gem poderá variar evolutivamente decorrem de fatores como a produção das alterações na 
aprendizagem, no reconhecimento, no tratamento e na prevenção, além de outros aspectos 
que estão no campo de estudo das intervenções psicopedagógicas. Para tanto, distribuí o 
conteúdo em cinco diferentes unidades, nas quais abordaremos não somente os aspectos 
conceituais, mas os elementos práticos que deverão orientar a sua atividade profissional, 
desde o momento diagnóstico até os diferentes recursos e as estratégias que poderão ser 
utilizados para o planejamento e a aplicação dos planos de intervenções psicopedagógicos 
que, certamente, você utilizará em sua promissora carreira.
Na Unidade 1, veremos como o psicopedagogo poderá realizar a anamnese inicial, a avaliação 
e o diagnóstico como elementos essenciais para o desenho da intervenção mais adequada às 
necessidades dos sujeitos. O objetivo é que você saiba os passos para chegar à intervenção 
e como poderá desenvolvê-la de maneira assertiva e também inovadora. Na sequência, na 
Unidade 2, compreenderá que, para proporcionar a aprendizagem, deverá, antes de tudo, 
utilizar diferentes técnicas e instrumentos psicopedagógicos; e, na Unidade 3, terá acesso 
a alguns destes recursos e estratégias pertinentes à ação do profissional psicopedagogo. 
Na Unidade 4, fará uma reflexão sobre as inúmeras transformações da sociedade atual, 
fortemente marcada pelo uso das tecnologias e da Internet, e o que esse fenômeno tem 
D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O
ocasionado nas novas formas de relacionar-se com o conhecimento e, consequentemente, 
modificado o perfil dos estudantes. 
É preciso considerar a todo momento que, como qualquer área, a psicopedagogia precisa 
acompanhar constantemente as evoluções, além de saber como lidar com as crianças e os 
adolescentes que nascem imersos nessa realidade digital. Por fim, na Unidade 5 você terá a 
oportunidade de aprofundar seus estudos sobre como acompanhar o movimento tecnológico 
e levar em consideração que, além dos aspectos didático-pedagógicos, você deverá fazer uso 
competente desses diferentes recursos, tendo em vista os benefícios que podem gerar no 
processo de ensino-aprendizagem deforma inovadora.
O tema de que trataremos possui uma literatura extensa e não é objetivo desta obra esgotar 
o assunto, mas apresentar a você os aspectos essenciais, de forma que consiga fazer uso 
significativo e aplicar em sua atividade profissional. Espero que, com seus estudos, saia ins-
pirado a aprender cada vez mais sobre este assunto. Um grande abraço!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando Ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
10
A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
NO CONTEXTO DA 
CONTEMPORANEIDADE
44
71
RECURSOS E 
ESTRATÉGIAS
PARA UMA 
INTERVENÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA 
INOVADORA
108
ESPAÇO DE 
ATENDIMENTO
PSICOPEDAGÓGICO
COMO ATELIÊ DE 
APRENDIZAGEM
152
AS TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS NAS
NAS INTERVENÇÕES 
PSICOPEDAGÓGICAS 
EM DIFERENTES 
CONTEXTOS DE 
APRENDIZAGEM
185
CONCLUSÃO GERAL
1
A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A intervenção psicopedagógica • 
A investigação psicopedagógica: anamnese inicial • A investigação psicopedagógica: avaliação e diag-
nóstico das necessidades dos estudantes • O plano de intervenção psicopedagógico em diferentes 
contextos de aprendizagem 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Identificar os principais passos para chegar ao diagnóstico das necessidades de aprendizagem do 
aluno • Analisar os objetivos da intervenção psicopedagógica • Elaborar uma proposta de intervenção 
psicopedagógica • Conhecer os elementos que constituem um plano de intervenção psicopedagógica 
• Elaborar uma proposta de intervenção psicopedagógica.
PROFESSORA 
Me. Thuinie Medeiros Vilela Daros
INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico(a)! Como você já deve saber, a psicopedagogia tem como 
objeto principal os aspectos da aprendizagem humana, sobretudo a neces-
sidade de compreender os problemas de aprendizagem.
Sabe-se que, para aprender, faz-se necessário um ensinante e, claro, 
um aprendente que entrem em relação. Conhecer como o ser humano 
aprende e como essa aprendizagem pode variar evolutivamente decorre de 
fatores como produção das alterações na aprendizagem, reconhecimento, 
tratamento e prevenção, aspectos que estão no campo de estudo das in-
tervenções psicopedagógicas.
Compreender o processo de ensino-aprendizagem e utilizar técnicas 
e instrumentos psicopedagógicos devem auxiliar o profissional a realizar 
uma reflexão organizada sobre o processo de superação das dificuldades 
de aprendizagem. Além disso, destaca-se que a atuação do profissional psi-
copedagogo está condicionada a algumas práticas e a alguns fatores e, por 
isso, a anamnese inicial, a avaliação e o diagnóstico são essenciais para 
o desenho da intervenção mais adequada às necessidades dos sujeitos.
É importante ressaltar que somente à medida em que são identificados 
os obstáculos é possível reconstruir a trajetória de aprendizagem, proporcio-
nando ao estudante situações nas quais as interações entre sujeito e objeto 
de conhecimento estejam asseguradas gradualmente. Por isso, caro acadê-
mico(a), nesta primeira unidade você conhecerá os passos para chegar à 
intervenção e como poderá desenvolvê-la de maneira assertiva e inovadora.
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A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Você sabe o que é uma intervenção psicopedagógica? Vou descrever-lhe uma 
situação! Imagine que você seja um psicopedagogo(a) e tenha sido convidado 
por uma escola para fazer a avaliação psicopedagógica de uma turma de 2º ano 
do ensino fundamental. A turma é composta por 30 alunos e mais da metade 
tem apresentado dificuldades com leitura e escrita. Além disso, a turma, no geral, 
apresenta comportamento desinteressado e fica dispersa com facilidade. Em uma 
entrevista, a professora relata que, há dois meses, a educadora titular da turma foi 
afastada do trabalho em função de um problema de saúde, do qual veio a falecer. 
A professora substituta, agora titular, percebeu a diferença no comportamento 
da turma após o recebimento da notícia do falecimento.
Em uma situação como essa que acabamos de descrever, você sabe dizer qual 
é o papel do psicopedagogo? Por onde começar? O que fazer? Como ajudar a 
professora com o planejamento das aulas de Língua Portuguesa para diminuir 
a dificuldade dos estudantes? Como psicopedagogo(a), você deverá intervir na 
realidade descrita ou em outras tantas que, como profissional, certamente encon-
trará e, por isso, compreenderá do que trata a intervenção psicopedagógica, que 
é essencial para atuação profissional.
Intervir significa atuar! Assim, a intervenção psicopedagógica se trata de 
um conjunto de ações que parte do diagnóstico inicial até estratégias de atuação 
aplicadas com o intuito de resgatar os conhecimentos escolares de uma criança 
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ou jovem considerada deficitária naquele período ou etapa de desenvolvimento. 
Ao passar pela intervenção psicopedagógica, a criança ou o jovem terá condições 
de prosseguir com seus estudos ou aprender a lidar com limites que alguma difi-
culdade possa apresentar durante o seu processo de desenvolvimento, tanto nos 
aspectos cognitivos quanto motores, sociais e emocionais.
Uma única maneira de trabalhar pedagogicamente não é capaz de garantir 
a evolução do aprendizado dos estudantes, sobretudo daqueles que, por alguma 
razão, não conseguem seguir com a trajetória de aprendizagem esperada. Por 
isso, a avaliação psicopedagógica é tão relevante quanto o próprio trabalho 
desenvolvido pelo psicopedagogo. 
Todavia, você consegue identificar quais são as demandas de uma avaliação ou 
orientação psicopedagógica? Quais são as situações em que as ações do profissional 
psicopedagogo são necessárias? A demanda pelos psicopedagogos em diferentes 
contextos de atuação sempre parte por meio de um caso concreto, ou seja, uma 
situação da qual algum estudante manifesta uma dificuldade ou um problema de 
comportamento observado pelos professores ou mesmo pela família. 
Além disso, com base nos estudos de Bonals e Cano (2008) outras principais 
demandas levadas ao psicopedagogo são:
 “ A pergunta pelo processo de ensino e aprendizagem da classe. A análise da sequência didática em sala de aula. A flexibilização do currículo. A apropriação por parte das escolas de um modelo inclu-
sivo. Os processos de mudança metodológica das escolas. A facilita-
ção dos procedimentos de ajuste à diversidade dos alunos em geral. 
A disponibilidade de contextos educacionais mais saudáveis para 
todos. A análise da organização e do funcionamento das escolas 
(BONALS; GONZÁLEZ, p.25, 2008).
Uma parte importante da contribuição psicopedagógica à educação atual é 
dada como resposta às demandas que se recebe das escolas e de outros con-
textos. A análise de cada uma dessas demandas de intervenção deve seguir 
igualmente para diferenciar as atuações convenientes daquelas que não se 
pode permitir sem redefinir previamente. 
É fundamental caracterizar cada uma das demandas que o psicopedagogore-
cebe para entender, de fato, o máximopossível daquilo que se pede e, por isso, a 
análise de demanda é extremamente relevante. Isso significa que o profissional 
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Você sabe o que são as dificuldades de aprendizagem? Quais são os fatores que as de-
sencadeiam?
pensando juntos
não pode confundir uma queixa e transformar em uma demanda de intervenção 
psicopedagógica sem avaliar profundamente. Esta deve ser compreendida como 
parte fundamental das dificuldades de aprendizagem, visto que consiste em um 
momento de muita importância no processo psicopedagógico, afinal, para que 
o profissional atue, será estabelecida uma relação entre o processo de interven-
ção e o diagnóstico das dificuldades. Isso significa que, por estarem intimamente 
relacionados, terá também que compreender do que se tratam as dificuldades de 
aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem caracterizam-se pelo distanciamento entre o 
que a criança, o jovem ou o adulto deveria ser capaz de fazer e o que realmente 
consegue fazer. Esse distanciamento torna-se muito mais perceptível quando se 
adentra aos contextos escolares manifestados, sobretudo pelo baixo desempenho. 
Com base na conceituação internacional para o termo “dificuldade de apren-
dizagem” (DA), podemos considerá-lo 
 “ (...) um funcionamento substancialmente abaixo do esperado con-siderando a idade cronológica do sujeito e seu quociente intelectual, além de interferir significantemente no rendimento acadêmico ou 
na vida cotidiana, exigindo um diagnóstico alternativo em caso de 
déficits sensoriais (SÁNCHEZ, p. 16, 2003).
De acordo com os estudos de Smith e Strick (2012), as dificuldades são os “(...) 
problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro de entender, recor-
dar ou comunicar informações” (SMITH; STRICK, 2012, p. 38). Portanto, podem 
afetar a percepção visual, a linguagem oral e escrita, os aspectos motores, o ra-
ciocínio lógico, a capacidade de atenção e até a maturidade social. São causadas, 
sobretudo, por fatores biológicos e psicoemocionais e, também, por influências 
ambientais. Fatores escolares podem influenciar no agravamento dessas dificul-
dades, uma vez que a escola é o ambiente no qual são evidenciadas.
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A presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP), Lucia-
na Barros de Almeida, em entrevista ao Portal Educação do Ministério da Edu-
cação (MEC), afirma que 5% da população escolar atual apresenta dificuldades 
de aprendizagem e que pequenas dificuldades até passam despercebidas em casa, 
mas podem causar grande impacto no desenvolvimento ao adentrar os contextos 
escolares. Por isso, a necessidade de diferenciar uma dificuldade de aprendizagem 
natural e uma recorrente é de extrema relevância. 
Ao aprender um novo conhecimento, toda pessoa passa por uma certa tran-
sitoriedade entre o aprender e o não aprender. Isso quer dizer que cada conteúdo 
trabalhado nem sempre será imediatamente apropriado, pois aprender algo novo 
exige tempo para ser devidamente adequado e, na medida que o aprendizado 
ocorre, o avanço no desenvolvimento da criança ou do jovem deve acompanhar. 
Nesse sentido, cabe ao profissional investigar quais são os obstáculos que impe-
dem a aprendizagem e como intervir de forma assertiva. 
Confira o passo a passo de como o psicopedagogo pode realizar a intervenção 
psicopedagógica
As causas das dificuldades de aprendizagem podem ser:
• Fatores ambientais, que determinam a gravidade do impacto e da dificuldade, in-
cluindo a família, a escola e a comunidade.
• Estímulos e oportunidade não apropriados à aprendizagem.
• Irregularidades no funcionamento cerebral, como lesões cerebrais, desequilíbrios 
neuroquímicos e hereditariedade.
Fonte: a autora.
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Figura 1- Realização da intervenção pedagógica / Fonte: a autora.
A intervenção psicopedagógica, assim como as dificuldades de aprendizagem, são 
situações nas quais o psicopedagogo coloca seus conhecimentos à prova, uma vez 
que inserirá em seu campo de atuação na busca pela resolução dos obstáculos 
de aprendizagem. Uma vez identificados os obstáculos, o psicopedagogo poderá 
corroborar para a reconstrução da trajetória de aprendizagem do estudante, de 
modo a tornar possível o estabelecimento da conexão com a própria capacidade 
de aprender e, assim, criar condições para a promoção da interação entre sujeito e 
objeto de conhecimento, propondo estratégias diferenciadas para que a qualidade 
da aprendizagem esteja assegurada de forma gradual.
Para iniciar o processo de intervenção psicopedagógica, a anamnese inicial, a 
avaliação e o diagnóstico são essenciais para o desenho da intervenção mais adequada 
às necessidades dos sujeitos. Isso é o que você poderá aprender na próxima seção.
1- Fazer uma avaliação
psicopedagógica.
2 - Destacar as possíveis causas
que deram origem à di�culdade
de aprendizagem.
3 - De�nir a base teórica que
norteará a prática.
5 - Elaborar as estratégias de
intervenção e aplicá-las.
4 - Desenvolver o projeto de intervenção
baseado nas necessidades de aprendizagem
gem do estudante ou do grupo em questão.
6 - Proceder a avaliação do desenvolvi-
mento do estudante durante e após o
processo de aplicação da intervenção.
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A INVESTIGAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA:
anamnese inicial
O primeiro passo para iniciar uma intervenção está na realização de uma investi-
gação, que possibilita a disposição de informações relevantes sobre a situação na 
qual pretende-se atuar. Trata-se de um processo compartilhado de coleta e análise 
de dados relevantes da situação de ensino-aprendizagem. Considera-se, nesse le-
vantamento, as características dos contextos escolar, familiar e social com o intuito 
de tomar decisões que visam à promoção de mudanças no contexto de atuação.
De acordo com Colomer, Masot e Navarro (2008, p. 16) a investigação psico-
pedagógica “(...) desenvolve-se em colaboração com o conjunto de participantes 
no processo: os alunos, a família, a escola, outros profissionais etc.(...) têm um 
caráter interdisciplinar, com contribuições próprias da competência de cada um”. 
Em outras palavras, é função do psicopedagogo, dentro da escola, no consultório 
ou em outros contextos, “(...) procurar identificar e diagnosticar as possíveis cau-
sas da limitação na aprendizagem apresentada por alguns alunos e sua relação 
com a aprendizagem” (BASTOS, 2015, p. 21).
 A anamnese é o principal ponto de partida. Uma anamnese é uma 
espécie de entrevista inicial, na qual busca-se, por meio de questionamentos, 
levantar a maior quantidade de informações relevantes sobre o problema no 
qual o psicopedagogo deverá intervir. 
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Tendo em vista a coleta dos aspectos relevantes, realiza-se o preenchimento de uma 
ficha ou um questionário. Para explicar o que é a anamnese, Sampaio (2014) expõe que:
 “ É uma entrevista realizada com os pais ou responsáveis do entre-vistado e tem como objetivo resgatar a história de vida do sujeito e colher dados importantes que possam esclarecer fatos observados 
durante o diagnóstico, bem como saber que oportunidades este su-
jeito vivenciou como estímulo a novas aprendizagens. A anamnese é 
uma das peças fundamentais deste quebra-cabeça que é o diagnósti-
co, pois, por meio dela, nos serão reveladas informações do passado 
e do presente do sujeito juntamente com as variáveis existentes em 
seu meio. Observamos a visão da família sobre a criança, as suas 
expectativas desde o nascimento, a afetividade que circula neste 
ambiente familiar, as críticas, os preconceitos e tudo aquilo que é 
depositado sobre o sujeito SAMPAIO, 2014, p. 143).
Toda anamnese deve iniciar-se pela descrição da queixa, que nada mais é do que 
a situação que levou a criança ou o adolescente ao psicopedagogo.
Destaca-seque a queixa inicial trata de um dos indicativos que precisam 
ser analisados. É importante ter em mente que outros fatores poderão surgir 
no decorrer do processo e, por isso, a anamnese é o ponto crucial para iniciar 
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o processo de diagnóstico. Com a queixa apresentada, deve-se partir para a 
entrevista com os pais (ou responsáveis). 
Existem muitos modelos de questionários de anamnese disponíveis, mas é 
o psicopedagogo quem deverá elaborar o próprio modelo, que pode, inclusive, 
ser modificado com base na idade, no período ou na situação de queixa. Embora 
possam haver questões diferenciadas, as áreas de indagação predominantes em 
uma anamnese referem-se a quatro aspectos: 1) Antecedentes Natais; 2) Doenças; 
3) Desenvolvimento; e 4) Aprendizagem e seus desdobramentos.
PRÉ-NATAIS DOENÇAS DESENVOLVIMENTO APRENDIZAGEM
Perinatais 
(referem-se ao 
parto)
Neonatais 
(referem-se ao 
recém-nascido)
Graves
Comuns
Psicossomá-
ticas
Fragilidade 
física
Desenvolvimento 
motor
Desenvolvimento da 
linguagem
Desenvolvimento de 
hábitos
Assistemática 
(social)
Sistemática (es-
colar)
Quadro 1 - Aspectos predominantes em uma anamnese / Fonte: a autora.
A realização da entrevista inicial com base nas grandes áreas, seja com o sujeito 
seja com a família, é considerada um dos pontos cruciais de um bom diagnóstico, 
por buscar informações significativas acerca da história do sujeito na família, 
relacionadas ao passado, presente e projeções para o futuro. 
Nesse contexto, o psicopedagogo deverá deixar os entrevistados à vontade, 
“para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e senti-
mentos sobre a criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos 
ligados à aprendizagem” (WEISS, 2003, p. 62). Paín (1985, p. 42) acredita que 
é justamente o levantamento da história vital que nos permitirá “detectar o 
grau de individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação 
de sua história nela” (PAÍN, 1985, p. 42). 
Além disso, informações sobre as circunstâncias do parto são importantes, 
como saber se a criança nasceu prematuramente, se houve falta de dilatação, se 
foi empregado o fórceps ou se ocorreu o adiamento de intervenção de cesárea, 
por exemplo, pois “costuma ser causa da destruição de células nervosas que não 
se reproduzem e também de posteriores transtornos, especialmente no nível de 
adequação perceptivo-motriz” (PAÍN, 1985, p. 43). 
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Nessa parte da anamnese, é fundamental saber se a gravidez foi desejada ou não, 
se foi aceita pela família, se a criança foi adotada etc. O cenário levantado determi-
nará vários outros aspectos, como os afetivos, dos pais em relação ao filho, relações 
entre irmãos etc. Posteriormente, é importante saber sobre se houve algum tipo de 
doença, pois há aquelas que, se não detectadas, podem gerar sérias consequências 
no desenvolvimento ou mesmo superproteção dos familiares, ocasionando desen-
volvimento mais lento ou imaturidade no sujeito. No contexto da investigação de 
doenças, não deve esquecer-se dos períodos de vacinação, ou seja, deve-se levar em 
conta se a criança foi devidamente vacinada.
Na sequência, questões sobre as primeiras aprendizagens são extremamente 
relevantes e se referem ao desenvolvimento. Nessa etapa, deverão ser levadas 
em consideração as aprendizagens relacionadas aos contextos não escolares ou 
informais, por exemplo: como aprendeu a usar a mamadeira; como foi o processo 
de desfraldamento; como passou a utilizar o copo, a colher; como se deram os con-
troles tanto biológicos quanto emocionais; como adquiriu a fala, a alimentação, o 
sono. A ideia é saber se o desenvolvimento ocorreu de forma esperada ou se houve 
algum tipo de defasagem acerca do desenvolvimento geral. Com relação a esse 
aspecto, o objetivo é descobrir “(...) em que medida a família possibilita o desenvol-
vimento cognitivo da criança – facilitando a construção de esquemas e deixando 
desenvolver o equilíbrio entre assimilação e acomodação” (WEISS, 2003, p. 66)
Para finalizar a aplicação da anamnese inicial, o psicopedagogo deve verifi-
car informações relevantes sobre as aprendizagens, tanto a assistemática (social) 
quanto a sistemática (escolar) no contexto escolarizado.
Exemplos de perguntas que o psicopedagogo pode realizar:
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Como você estuda uma lição?
Quais os conteúdos e as disciplinas que você
aprende com mais facilidade?
De que maneira você aprende com mais facilidade?
Você estuda sozinho ou com ajuda?
O que faz quando não consegue aprender 
o conteúdo?
Como você se sente em relação ao que não 
consegue aprender?
FIgura 2 - Informações relevantes sobre as aprendizagens / Fonte: a autora.
Nesse momento, é fundamental investigar sobre a criança. Perguntas como se a 
criança gosta ou gostou de ir à escola, como se sente ao aprender novos assuntos, 
se recebe ajuda nos estudos em casa, como a família da criança reage frente a suas 
dificuldades e, ainda, se possui dificuldades (de leitura, escrita, algum problema 
de fala etc.). Quanto maior o repertório de questões, maior é a possibilidade de 
chegar ao diagnóstico. Durante a entrevista, o psicopedagogo pode, inclusive, 
sentir a necessidade de realizar outras questões que não estavam previstas. 
A queixa apresentada e a detecção inicial com base na anamnese podem 
converter-se em demanda, ou seja, em uma intervenção. Com a relação da anam-
nese inicial, o psicopedagogo tem a possibilidade de identificar características 
e dinâmicas fundamentais para traçar o histórico clínico da aprendizagem, do 
desenvolvimento psicoemocional, a interação social e os aspectos cognitivos.
Destaca-se a necessidade da realização da anamnese de forma criteriosa, sem o 
exercício do juízo de valor; isso significa que, durante a realização, não se deve corrigir ou 
advertir a família ou o paciente sem a plena realização do diagnóstico, da metodologia, 
da abordagem e, sobretudo, estabelecer a isenção necessária ao trabalho psicopedagó-
gico. Todos os pontos apresentados precisam ser considerados no momento da 
realização desta etapa, antes de iniciar a avaliação e o diagnóstico. 
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Conforme exposto anteriormente, diagnosticar significa constatar o que uma 
criança ou adolescente possui em relação a algum tipo de dificuldade na apren-
dizagem. Com base nos estudos de Rubinstein (1992, p. 51), “a investigação de 
todo o processo de aprendizagem leva em consideração a totalidade dos fatores 
nele envolvidos, para, valendo-se desta investigação, entender a constituição da 
dificuldade de aprendizagem”. Reforça-se que, durante o diagnóstico psicope-
dagógico, o psicopedagogo deve ter muita atenção à postura, ao discurso, bem 
como às atitudes dos investigados, visto que são pistas importantes para conseguir 
atingir questões a serem desvendadas. 
Coma e Alvarez (2008, p. 27) defendem que “por trás de toda avaliação 
há sempre um julgamento técnico com base no critério, mediado por um 
enfoque conceitual, técnicas e instrumentos não neutros que são uma medida 
interpretativos da realidade”. Com a anamnese inicial, a avaliação e o diagnós-
tico das necessidades dos estudantes são os próximos passos para o planejamento 
e a intervenção psicopedagógica. Com a queixa e os dados coletados por essa 
entrevista, o profissional terá elementos dos quais pode partir para a próxima fase 
do diagnóstico, como a aplicação de testes psicopedagógicos. Esta etapa também 
é conhecida como triagem.
Os Testes Psicopedagógicos tratam-se de recursos que ajudam o profissio-
nal na identificação dos problemas e seus níveis de dificuldades de aprendizagem, 
3 
A INVESTIGAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA:
avaliação e diagnóstico das 
necessidades dos estudantes
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Figura 3 - Testes e abordagens para realização da avaliação / Fonte: a autora.U
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seja no campo da fala, de leitura e escrita e outros que podem ser identificados. 
Atualmente são disponibilizados uma série de tipos de abordagens e testes psi-
copedagógicos, que o profissional pode aplicar.
Para o momento da triagem, a escolha dos tipos de testes que inicialmente 
podem ser aplicados deve estar de acordo com o que o psicopedagogo percebe logo 
na anamnese ou com base na própria queixa, conforme já mencionado. Desde os 
primeiros contatos, a criança ou o adolescente deve encontrar um espaço apropria-
do e já organizado com diversos materiais pedagógicos dispostos estrategicamente.
Por meio da aplicação dos testes, ocorrem as primeiras interações entre o profis-
sional e o sujeito atendido. Cabe ao psicopedagogo garantir que esse contato inicial 
seja agradável, fazendo com que a criança ou o adolescente manifeste, entre outros 
aspectos de seu desenvolvimento e aprendizagem, preferências, aversões, nível de 
independência emocional e cognitivo, linguagem e conhecimentos adquiridos, isto 
é, todas as manifestações do sujeito no que se refere aos campos cognitivo e afetivo 
em situação de aprendizagem.
Existe variedade de testes e abordagens para a realização da avaliação para, 
assim, chegar ao diagnóstico. As mais comumente utilizadas são as sessões lúdi-
cas centradas na aprendizagem, as provas psicométricas, as provas projetivas, as 
provas específicas e a análise do ambiente, bem como outras formas de verificação 
das dificuldades e seus níveis. 
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SESSÕES LÚDICAS CENTRADAS NA APRENDIZAGEM
A brincadeira é condição fundamental para o aprendizado. 
É por meio dela que as crianças compartilham e produzem 
sentidos e significados para o mundo ao seu redor. Borba 
(2009, p. 70), acrescenta que ao “(...) brincar, a criança não 
apenas expressa e comunica suas experiências, mas reelabo-
ra, reconhecendo-se como sujeito pertencente a um grupo social e 
a um contexto cultural, aprendendo sobre si mesma e sobre os homens 
e sua relação com o mundo e também sobre os significados culturais do 
meio em que está inserida”.
Em tal contexto, Maria Lúcia Lemme Weiss (p. 79, 2003) afirma que 
a Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem trata-se de uma integra-
ção da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (Eoca) e a Hora 
do Jogo. Isso quer dizer que, durante a realização de uma brincadeira 
previamente planejada, o psicopedagogo pode analisar a forma como a 
criança reage, sistematiza ou demonstra seu nível de conhecimento (ou a 
falta dele) sobre algum conteúdo por meio de um processo de interação 
e investigação.
Para o desenvolvimento de uma sessão lúdica qualitativa, a brincadeira 
ou o jogo deve ser planejado com antecedência, o material disponibilizado e 
o espaço organizado para receber a criança ou o adolescente. Os materiais 
selecionados pelo profissional são fundamentais nesse processo e devem 
ser providenciados com base no objetivo específico de cada sessão, do 
tempo disponível, bem como da idade do paciente.
As sugestões a seguir podem ajudá-lo(a) a ter uma ideia de como a etapa 
de seleção é algo extremamente relevante:
 ■ Variedades de folhas de papel (pautadas, lisas, brancas e coloridas), 
apontador, régua, lápis de cor, canetinhas, cola, tesoura, revistinhas, 
lápis e livros.
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 ■ Bloco de madeira, plástico ou materiais de encaixe.
 ■ Material para carpintaria e construções, como peças de madeiras, pregui-
nhos, tachinhas, arames e ferramentas.
 ■ Material de sucata (embalagens vazias, caixinhas, carretéis, rolhas, 
retalhos, fios etc.).
 ■ Material para expressão artística, como tintas diversas, massa plás-
tica, massa de modelar e cola plástica colorida.
 ■ Material para expressão de diferentes papéis, como fantoches, mi-
niaturas, animais, flores, bonecos, bonecas, panelinhas etc.
 ■ Jogos de diversas naturezas, como tabuleiro, jogos individuais, inte-
rativos, gamificados etc.
Com base em Paín (1985, p. 55), [...] os dados mais importantes a serem 
extraídos da sessão denominada Hora do Jogo respondem aos aspectos 
fundamentais da aprendizagem:
a) Distância de objeto e capacidade de inventário.
b) Função simbólica e adequação significante – significado.
c) Organização e construção da sequência.
d) Integração e esquema de assimilação.
*Para saber sobre a EOCA, consulte o elemento aprimore-se.
PALAVRA-CHAVE
Jogos
Imitação
Linguagem
Expressão
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PROVAS PSICOPEDAGÓGICAS
As provas psicopedagógicas permitem a avaliação do 
aspecto intelectual e do comportamento do paciente, 
visto que são baseadas no princípio de que a maneira 
com que o sujeito percebe, interpreta e estrutura o ma-
terial ou a situação reflete os aspectos fundamentais da sua 
capacidade intelectual e emocional. Para Paín (1985, p. 57), elas 
“oferecem, junto com os pontos expressos na idade mental, quocien-
te intelectual ou percentil, a situação do sujeito em uma classificação 
diagnóstica em virtude do rendimento demonstrado”. 
As provas psicométricas permitem elucidar até que ponto a disponi-
bilidade dos processos cognitivos justificam as dificuldades dos sujeitos 
no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Ainda de acordo 
com Paín (1985, p. 61), a análise dos protocolos pode ser resumida da 
seguinte forma:
 ■ Idade mental, quociente intelectual, percentil e escore, segundo o 
baremo aplicado.
 ■ Determinação do estádio de estruturação alcançado, segundo a 
teoria genética.
 ■ Análise da dispersão: aptidões, áreas compensadas, descompen-
sadas ou deterioradas. Determinação dos fatores de correlação 
entre as provas.
 ■ Modalidades da atividade cognitiva.
PALAVRA-CHAVE
Testes formais
que aferem
o QI
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As provas projetivas podem ser aplicadas quando ocorre a 
hipótese de implicação emocional ou vínculos negativos com 
a aprendizagem. Nesse tipo de teste, o sujeito projeta para 
fora de si o que se recusa a reconhecer em si mesmo ou o ser 
em si. Isso significa que o paciente revela uma realidade subjetiva 
relacionada à vivência particular do indivíduo.
Conforme exposto por Paín (1985, p. 62), “[…] o exame das provas projeti-
vas impõe também ao paciente uma situação que terá de resolver através de 
uma construção na representação ou na fantasia uma mais relacionada com a 
imagem, a outra com a assimilação simbólica, lúdica e verbalizada”.
O profissional poderá avaliar a capacidade do pensamento para construir, 
no relato do desenho, uma organização suficientemente coerente para veicu-
lar e elaborar a emoção, bem como a deterioração que se produz do próprio 
pensamento. desenho da figura humana, os relatos do paciente durante a 
produção do desenho e o desiderativo (provas que o paciente precisa rejeitar 
três níveis de realidade) são exemplos de provas projetivas.
Para Paín (1985, p. 65), interessam especialmente para o diagnóstico do pro-
blema de aprendizagem os seguintes aspectos derivados das provas projetivas:
 ■ Recursos simbólicos para representação; modalidade do inventário, 
organização e integração na fantasia; perturbações da identidade e a 
negação.
Para o diagnóstico dos problemas de aprendizagem, o psicopedagogo deve levar 
em consideração os conteúdos manifestos nos protocolos e suas relações com os 
sentimentos, como medo, agressão ou insegurança.
PROVAS PROJETIVAS
PALAVRAS-CHAVE
Desenho da figura humana
Relato
Desiderativo (paciente escolhe o que gostaria 
de ser entre os elementos, como animais, 
vegetais, objetos , entre outros)
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PROVAS ESPECÍFICAS
As provas específicas têm o intuito de verificar deter-
minadas situações, como a lateralidade da escrita, a 
leitura e assim por diante. 
PALAVRAS-CHAVE
Lateralidade
Lectoescrita
ANÁLISE DO AMBIENTE
Pela análise do ambiente é possível identificar aspectos relativos à mo-
radia e ao ambiente escolar. Em algumas situações, o próprio serviço 
de assistênciasocial produz a análise do ambiente; em outros, o psi-
copedagogo precisa ir à escola e verificar como se dão as relações do 
paciente com seu ambiente de aprendizagem.
Durante a descrição da realidade social, é necessário discriminar a 
consciência que o grupo tem do contexto de sua inserção, porque desta 
consciência depende intimamente o valor que assumirá a aprendiza-
gem. Com relação a esse aspecto, Paín (1985, p. 68) afirma que, a partir 
da observação das condições ambientais, é preciso extrair as seguintes 
conclusões:
 ■ Condições socioeconômicas.
 ■ Aproveitamento de recursos.
 ■ Ideologia.
PALAVRAS-CHAVE
Habitação
Espaço de aprendizagem
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Ter ética profissional é uma postura fundamental em qualquer área de atuação, não 
é mesmo?
Na psicopedagogia não é diferente! Por lidar constantemente com diversas situações con-
sideradas sensíveis ou que costumam envolver crianças e adolescentes em suas relações 
familiares ou sociais, cabe ao psicopedagogo redobrar a atenção com esse aspecto.
Para ajudar a compreender o comportamento ético que o psicopedagogo deve assumir, a 
Associação Brasileira de Psicopedagogia publicou um Código de Ética. Esse documento tem 
o propósito de estabelecer parâmetros e orientar os profissionais da psicopedagogia brasi-
leira quanto aos princípios, às normas e aos valores ponderados à boa conduta profissional, 
estabelecendo diretrizes para o exercício da profissão e também para os relacionamentos 
internos e externos à Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABP).
Para saber mais sobre o comportamento ético do psicopedagogo, acesse o Código de 
Ética na íntegra por meio deste link: http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_
codigo_etica.html.
Fonte: a autora. 
explorando Ideias
Existem várias possibilidades de abordagem para a etapa diagnóstica. Além disso, 
vale ressaltar que, no primeiro capítulo do Código de Ética da Psicopedagogia 
(on-line, 2011)¹, mais especificamente no item que trata dos princípios, o psico-
pedagogo pode utilizar procedimentos próprios da psicopedagogia. 
Com o diagnóstico do problema profissional, o psicopedagogo pode elaborar o 
plano de intervenção mais apropriado e iniciar sua intervenção psicopedagógica.
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PESQ. IMPRIMIR CÓD. DE ÉTICA�
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Conforme já mencionado, ao passar pela intervenção psicopedagógica, a 
criança ou o jovem terá condições de prosseguir com seus estudos ou apren-
der a lidar com limites que alguma dificuldade possa apresentar durante o 
seu processo de desenvolvimento, tanto nos aspectos cognitivos quanto nos 
motores, sociais e emocionais.
Por isso, para fazer um plano de intervenção psicopedagógica adequado, é 
necessário que, primeiramente, seja feita uma análise cuidadosa de vários fato-
res. O diagnóstico das dificuldades de aprendizagem de um estudante ou de um 
grupo de estudantes é feito com base na análise das queixas apresentadas em 
entrevistas com os responsáveis, os professores e o próprio aluno. Além disso, 
é fundamental que o psicopedagogo esteja atento a outros sinais e fatores que 
podem ser responsáveis pelas dificuldades de aprendizagem, como problemas 
orgânicos, familiares, psicoemocionais ou escolares.
Após estudo dos componentes orgânicos de cada caso, do diagnóstico psi-
copedagógico e com a clareza que jamais deverá interferir, sugerindo alterações 
medicamentosas, visto que não é sua área de competência, o profissional deve 
elaborar e apresentar o plano de intervenção psicopedagógica com o intuito de 
sanar ou auxiliar a lidar com as dificuldades de aprendizagem.
Existem muitos modelos de plano de intervenção, no entanto disponibili-
zo um a seguir, para que você consiga iniciar sua atuação. Para auxiliá-lo(a) na 
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O PLANO DE INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICO
em diferentes contextos de 
aprendizagem
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produção da proposta de intervenção, confira um modelo de instrumento que 
pode ser utilizado ou adaptado para uso em sua prática profissional cotidiana.
PLANO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICO
Sessão: Indicar o número da sessão
Paciente: Inserir o nome da pessoa atendida.
Idade: Indicar a idade exata, incluindo meses.
Queixa:
Descrever a queixa apresentada pelo res-
ponsável que encaminhou o paciente
Informações relevantes:
Descrever os elementos relevantes com 
relação ao observado pela anamnese e 
avaliação diagnóstica. 
Indicar se a criança indica previamente 
alguma situação que carece de atendi-
mento educacional especial, por exemplo 
paciente surdo, com dificuldade motora 
evidente, se já passou por algum diagnósti-
co anterior etc.
Diagnóstico inicial: Descrever o diagnóstico inicial. 
Início da intervenção:
Indicar a data que inicia a primeira inter-
venção.
Previsão do tempo de atendi-
mento para cada sessão: 
Apontar o tempo de duração da interven-
ção. Lembrar que se trata de uma previsão 
e que pode ser antecipado, bem como 
prorrogado o tempo com base no desen-
volvimento de cada atendido.
Local de atendimento: 
Indicar se o atendimento será realizado na 
clínica, na escola ou em outro espaço.
Objetivos:
O que se pretende alcançar com o resul-
tado da intervenção, considerando todo o 
período de atendimento.
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-- PÓS ANAMNESE--
TENTAR FAZER NO WORD - IMPRIMIR
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Descrição das sessões in-
cluindo a técnica e materiais 
utilizados:
Descrição das atividades previstas em cada 
sessão incluindo a técnica e os materiais 
utilizados.
Tempo de duração de cada 
seção:
Indicar a previsão do tempo de atendimen-
to de cada sessão
Outras informações: 
Outras informações que devem ser evi-
denciadas na medida em que o sujeito 
atendido avança ou mesmo retrocede no 
desenvolvimento do objetivo elencado,
Fonte: a autora.
As sessões de atendimento podem ser feitas na escola, nas clínicas, nos hospitais, 
em ONGs ou em centros comunitários e até em outros contextos. Por isso, com 
base nas especificidades de cada cenário ou dificuldade apresentada, o instru-
mento proposto pode ser adaptado de modo que as necessidades sejam atendi-
das. Destaca-se, ainda, que o instrumento mencionado deve compor o dossiê da 
criança ou do adolescente atendido. 
Como elaborar uma proposta de intervenção psi-
copedagógica?
Agora que você já viu os elementos que constituem um plano de intervenção 
psicopedagógico, conheceremos uma situação na prática? Leia o caso Mariana 
e perceba como a primeira sessão de intervenção psicopedagogia foi planejada.
CASO MARIANA
Joana é psicopedagoga clínica e recebeu em seu consultório uma mãe com en-
caminhamento da escola de sua filha Mariana, de nove anos. A queixa da escola 
é que a menina tem muitas dificuldades na aprendizagem, não registra nada 
no caderno, lê e escreve muito pouco e se distancia da professora e das demais 
crianças. A professora alega imaturidade e baixa interação. 
Com base nessas primeiras informações, Joana fez a anamnese inicial com 
a mãe da menina, pois o pai não convive com elas. Joana coletou todas as infor-
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mações necessárias, mas um fato que chamou atenção foi que a mãe relatou que 
Mariana, na verdade, é sua sobrinha, e foi adotada por ela. No entanto, Mariana 
não tem conhecimento sobre esse fato. Apesar de não ter dito a verdade à meni-
na, a mãe adotiva relata que ela pergunta, de vez em quando, se é realmente sua 
filha e se ela a ama de verdade. A mãe diz que ama a criança, mas sente que tem 
dificuldades para interagir e não tem ideia de quais atividades podem fazer juntas.
Na entrevista com Mariana, Joana também verificou que a menina não quis 
cooperar, não falando sobre os seus problemas na escola e sobre a relação familiar. 
Como precisa de mais informações, Joana também sentiu necessidade de recorrer 
à professora. Em conversa com a professora de Mariana, a psicopedagoga perce-
beu que a aluna não tem interesseem interagir com os colegas e também não é 
estimulada a participar de atividades em grupo, passando muito tempo isolada 
na escola e isso tem impactado diretamente no processo de aprendizagem.
No consultório, Joana aplicou provas projetivas e específicas e constatou mui-
tas dificuldades em leitura de palavras, soletração e escrita. 
As provas projetivas também indicaram que Mariana possui baixa autoestima, pois 
se considera inferior aos colegas, que já conseguem ler sem dificuldade. Com a nar-
ração do desenho feito por Mariana, a profissional conseguiu compreender que ela 
não consegue relacionar-se com os colegas e com a professora e, por isso, se isola na 
maior parte do tempo. A dificuldade de aceitação pela família também ficou eviden-
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ciada pelos testes.
A partir da análise dos dados levantados, Joana elaborou uma proposta de in-
tervenção tendo como base mudanças nas práticas tanto da professora quanto 
da mãe em relação à Mariana. A psicopedagoga orientou a professora a valorizar 
as conquistas de Mariana e apresentou algumas estratégias para que consiga de-
senvolver atividades em grupo com o objetivo de envolvê-la, a fim de reduzir o 
isolamento e contribuir para sua maior participação e interação com os colegas. 
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Para a mãe, Joana orientou maior demonstração de afeto e a realização de outras 
atividades em família, para que a filha sinta maior aceitação da família. Mariana 
também precisa de acompanhamento clínico, para que Joana consiga desenvolver de 
forma mais intensa os conhecimentos sobre a escrita e a leitura e, assim, recuperar o 
que se encontra em defasagem em relação ao que se espera na idade dela. 
O plano de intervenção do atendimento psicopedagógico elaborado por 
Joana ficou assim: 
PLANO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICO
SESSÃO: 1° sessão 
Paciente: Mariana da Silva
Idade: nove anos e dois meses
Queixa:
Mãe alega que a criança não registra 
os conteúdos no caderno, lê e escreve 
muito pouco, além de distanciar-se da 
professora e das demais crianças. 
Informações relevantes
Criança já alfabetizada, mas com dificul-
dades em leitura e escrita. 
Criança ,é na verdade, a sobrinha, mas 
foi adotada. Pai ausente. Pouca intera-
ção na casa e na escola. Sem patologia 
evidente. Primeira vez que é encami-
nhada para avaliação psicopedagógica. 
Diagnóstico inicial
Dificuldades na leitura e escrita em 
decorrência de isolamento social. Não 
apresenta distúrbios específicos. 
Início da intervenção 08/02/2020
Previsão do tempo de intervenção três meses com duas sessões semanais 
Local de atendimento Clínica
Objetivos
Promover a fluência da leitura e da 
escrita. 
Fortalecer a confiança e o aumento da 
autoestima. 
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Descrição das sessões incluindo a 
técnica e os materiais utilizados
No primeiro encontro, devo, enquanto 
psicopedagoga, criar familiaridade com 
a criança por meio de questões mais 
abertas. A ideia é explicar a situação 
e apresentar os materiais que fazem 
parte dos atendimentos, estimulando-a 
a falar livremente.
Será usado como material disparador o 
jogo Cara a Cara, cujo objetivo é o for-
talecimento de vínculos afetivos entre 
profissional e estudante. Além disso, 
apresenta possibilidades de trabalho 
para desenvolvimento de habilidades 
necessárias, como: expressão oral, 
organização do pensamento, memória 
e atenção, por meio de conversas e 
consignas.
 Na sequência, a criança escolherá dois 
personagens do jogo para produzir 
pequenos textos, nos quais mediará a 
produção escrita.
Tempo de duração de cada seção Uma hora
Outras informações 
Diagnóstico com sessões lúdicas, testes 
projetivos e provas específicas para lec-
toescrita e análise de ambiente escolar. 
Fonte: a autora.
Interessante, não é mesmo? Perceba que nem sempre o paciente possui alguma 
dificuldade oriunda de um aspecto patológico evidente. É preciso conhecer vá-
rios elementos para chegar a um diagnóstico e a um plano de intervenção que 
promova o avanço do sujeito atendido. Além disso, a intervenção nem sempre é 
restrita ao paciente, como no caso de Mariana. Foi preciso orientar a família, a 
escola e ainda participar de sessões psicopedagógicas para que a criança tivesse 
superado seus obstáculos na aprendizagem.
No caso específico de Mariana, o fato de ter dificuldade de elaborar experiências 
afetivas, geradas a partir de medos, complexos de inferioridade, ausência de senti-
mentos de pertença grupal e problemas familiares inibiu suas capacidades de apren-
dizagem, revelando um obstáculo na cognição. O problema de aprendizagem, na 
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verdade, foi um sintoma oriundo do meio da história pessoal, geralmente advindo 
da rede de vínculo familiar e fortalecido na própria escola por não saber identificar a 
origem, bem como não saber trabalhar com o emocional da criança.
Por isso, é preciso levar em consideração que, atualmente, além das situações 
comumente atendidas pelos psicopedagogos, como casos de dislalia, dislexia, 
discalculia e outros, grande é a quantidade de problemas escolares apresenta-
dos pelos estudantes, como dificuldade de aprendizagem, timidez, agressividade, 
problemas emocionais, indisciplina, problemas cognitivos, sociais e biológicos.
Para cada caso e local de atuação, é necessária a definição de uma estratégia 
diferenciada para suprir as dificuldades apresentadas. Para o planejamento das 
sessões, podem ser priorizados encontros de caráter lúdico individual ou em gru-
pos de crianças ou adolescentes, em que jogos, brincadeiras, contagem de histó-
rias, produções artísticas e outras atividades que permitam a expressão e forneçam 
possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades sejam aplicados. Diante 
desse contexto, faz-se necessário investigar os aspectos que possam contribuir para 
a superação da problemática apresentada, com o intuito de realizar o processo de 
intervenção adequada, com utilização dos recursos suficientes ainda recorrendo 
a diversas estratégias para o desenvolvimento dos atendidos. Além disso, caso o 
psicopedagogo sinta necessidade, cabe a indicação de outros profissionais, como 
psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista etc.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por fatores biológicos e 
psicoemocionais ou, também, por influências ambientais. Os fatores escolares 
podem influenciar no agravamento dessas dificuldades, uma vez que a escola é 
o ambiente no qual elas se evidenciam.
Como o papel fundamental da psicopedagogia é o estudo do processo de 
aprendizagem, diagnóstico e tratamento de dificuldades, conhecer o sujeito 
em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais se torna ex-
tremamente necessário, visto que se trata de uma área de conhecimento que 
se articula ao campo educacional com vistas a buscar compreender o modo 
como os sujeitos se relacionam e se comportam ao mesmo tempo em que de-
senvolvem sua aprendizagem.
Cabe ao profissional da psicopedagogia realizar uma análise da situação do 
estudante para, então, diagnosticar os problemas e as suas causas. Iniciando-se 
com o levantamento das hipóteses por meio da análise de sintomas que a criança 
ou o adolescente apresenta, ouve-se a queixa tanto da família quanto da escola.
A intervenção é uma das etapas mais relevantes do processo psicopedagógico, 
entretanto é importante ressaltar que depende de um diagnóstico bem elaborado 
para que a intervenção seja aplicada eficientemente. Nesse sentido, considera-se 
a avaliação e a intervenção psicopedagógica processos que definem as estratégias 
educacionais de determinado estudante ou determinada turma de forma a criar 
condições para o alcance do êxito escolar, entendendo como progresso pessoal 
satisfatório de equilíbrio pessoal, bem-estar emocional e avanço do aprendizado 
referente aos conteúdos escolares.
Esse trabalho requererá do psicopedagogo uma atitude de investigação e in-
tervenção no que está a prejudicaro paciente, fazendo com que cada situação seja 
única e particular com a utilização de diferentes recursos para intervir de forma 
eficaz nos atendimentos dos estudantes com variadas demandas. 
39
na prática
1. A respeito dos objetivos da intervenção psicopedagógica, assinale a alternativa correta.
a) Descobrir quais fatores emocionais e psicológicos afligem o aluno com dificul-
dade de aprendizagem.
b) Direcionar o aluno com dificuldade de aprendizagem a descobrir a sua melhor 
forma de aprender.
c) Curar distúrbios como dislexia, discalculia e dislalia.
d) Intervir nas práticas desenvolvidas pela escola.
e) Mostrar à família que está tratando incorretamente os problemas de aprendi-
zagem da criança.
2. Como se inicia um projeto de intervenção psicopedagógica? Assinale a alternativa 
correta.
a) Análise dos dados da avaliação psicopedagógica.
b) Anamnese e entrevista.
c) Diagnóstico.
d) Avaliação da melhora ou não da dificuldade do aluno.
e) Devolutiva.
3. Sobre o processo de intervenção psicopedagógica, marque a afirmação correta.
a) Não é necessário aplicar testes cognitivos na avaliação das dificuldades de apren-
dizagem do aluno.
b) Alunos com distúrbios orgânicos que afetam a aprendizagem não respondem 
positivamente às intervenções psicopedagógicas.
c) É necessário que se proceda a uma avaliação durante e após a aplicação da in-
tervenção, a fim de saber se a proposta foi adequada às necessidades do aluno 
ou se deve ser reformulada.
d) Para a avaliação psicopedagógica do aluno, é importante que não haja a inter-
ferência de outros profissionais, como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos ou 
neurologistas.
e) A família não deve participar do acompanhamento psicopedagógico da criança.
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na prática
4. Podemos afirmar que o objeto de estudo da psicopedagogia é:
a) A complexidade da existência do ser.
b) A história social.
c) A natureza humana.
d) O comportamento social.
e) A aprendizagem humana.
5. Imagine que você seja um(a) psicopedagogo(a) e tenha sido convidado por uma 
escola para fazer a avaliação psicopedagógica de uma turma de 2º ano do ensino 
fundamental. A turma é composta por 30 alunos e mais da metade tem apresen-
tado dificuldades com leitura e escrita. Além disso, a turma, no geral, apresenta 
comportamento desinteressado e fica dispersa com facilidade. Em uma entrevista, 
a professora relata que, há dois meses, a educadora titular da turma foi afastada do 
trabalho em função de um problema de saúde, do qual veio a falecer. A professora 
substituta, agora titular, percebeu a diferença no comportamento da turma após o 
recebimento da notícia do falecimento.
O seu desafio consiste em elaborar uma proposta de diagnóstico psicopedagógico 
e respectiva sugestão de intervenção com o objetivo de ajudar a professora no 
planejamento das aulas de matemática, para diminuir a dificuldade da turma e o 
desinteresse pelas aulas.
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Fazer entrevistas com os alunos,
individualmente ou em grupo, de
acordo com a necessidade.
• Analisar as informações coletadas
nas entrevistas e confrontá-las com
os últimos acontecimentos, como o
afastamento e falecimento da professora
regente.
• Observar o comportamento da turma
durante as aulas e, a partir das
informações coletadas, destacar as
possíveis causas das dificuldades
com a matemática.
• Analisar o material utilizado pela
professora.
A partir das conclusões tiradas da análise
dos dados coletados, podemos
propor uma sugestão de intervenção
que contenha atividades como jogos
de raciocínio lógico e jogos interativos,
utilizando o laboratório de informática
da escola, pois atividades como essas
podem ser mais interessantes para os
alunos. Pode sugerir, também, atividades
lúdicas e práticas, como tangram,
quebra-cabeças e outros jogos que enenvolvam
numeramento e cálculos matemáticos.
Fazer uso de atividades diferenciadas,
isto é, o psicopedagogo pode propor dinâmicas
de grupo para promover a cooperação
e interação dos alunos, assim
como exercícios para melhorar a atenção.
Em conjunto com esta intervenção,
é importante o apoio do psicólogo escolar
observando e acompanhando a
turma.�
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aprimore-se
Uma sugestão para o momento do diagnóstico é o recurso intitulado EOCA, sigla 
para Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. É uma forma de teste ela-
borada com o intuito de conhecer as manifestações cognitivo-afetivas da conduta 
do entrevistado em situação de aprendizagem. Esse instrumento idealizado por Jor-
ge Visca foi inspirado na psicologia social de Pichon-Rivière, com base na psicanálise 
e método clínico da escola de Genebra. 
Conforme mencionado por Jorge Visca (1996, p.44), com esse recurso, o profis-
sional, em vez de trazer de início algo parecido com uma prova, começa a conversa 
com este exemplo de abordagem: “[...] gostaria que você, usando este material, me 
mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram, o que você já aprendeu”.
Para que o estudante consiga demonstrar o que sabe ou não sobre determinado 
assunto, o psicopedagogo deve deixar disponíveis materiais, como lápis de escrever, 
borracha, lápis colorido, giz de cera, papéis variados, revistas, tesoura, cola, livros de 
acordo com a idade do entrevistado, apontador, canetas, canetas hidrocor, folhas 
sulfite, régua etc., além de jogos e outros tipos de recursos que podem facilitar a 
demonstração dos conhecimentos que possui para o profissional.
À proporção que a criança ou o adolescente expõe seus conhecimentos (ou a 
falta deles), o profissional deve registrar o desempenho por meio de categorias 
anteriormente elencadas.
Nessa proposta, é possível que o psicopedagogo consiga ter uma visão global e 
uma hipótese diretriz dos aspectos cognitivos e afetivos da aprendizagem, e das si-
tuações de alerta que podem ser verificadas para constatação ou não das hipóteses 
levantadas pelo profissional.
Com base nas orientações proferidas pelo próprio idealizador:
 “ [...] Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma ex-perimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, des-
trezas, mecanismos de defesas, ansiedades, áreas expressão da 
conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical 
etc (VISCA, 1996, p. 57).
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aprimore-se
Para Weiss (2003), durante a realização da sessão, é necessário observar três as-
pectos: a temática que envolverá o significado do conteúdo das atividades; a dinâ-
mica expressa por meio de postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar 
e manipular os objetos etc.; e os produtos feitos pelo paciente, que serão a escrita, 
o desenho, as contas, a leitura, entre outros, permitindo, assim, uma primeira ava-
liação do nível pedagógico. 
O recurso EOCA tem sido muito utilizado como o ponto de partida em todo 
processo de investigação diagnóstica das dificuldades de aprendizagem por tra-
tar-se de um instrumento que consiste em uma entrevista estruturada, a qual 
põe em evidência o aprendizado.
Fonte: a autora.
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eu recomendo!
Avaliação Psicopedagógica
Autor: Manuel Sánchez-Cano, Joan Bonals e colaboradores
Editora: Artmed
Sinopse: o livro reúne diversos instrumentos psicopedagógicos e 
propõe uma metodologia consagrada pela reflexão e prática de 
profissionais experientes e atualizados. 
livro
A Maçã
Ano: 1998
Sinopse: o filme narra a história de duas irmãs gêmeas que fi-
caram aprisionadas em casa por onze anos, desde seus treze 
anos de vida. Vítimas da obediência extrema a um preceito do 
Alcorão que reza que “meninas são como flores que, expostas 
ao sol, murchariam”, foram libertadas após uma denúncia feita 
pelas vizinhas e publicada nos jornais. O isolamento fez com que 
as gêmeas ficassem socialmente imaturas, com a idade mental de uma criança 
de dois anos. O filme “A Maçã” mostra a importância da mediaçãoda família e da 
escola para o desenvolvimento da linguagem e da organização do pensamento 
da criança. A privação desse contato social e da aquisição da gramática materna 
causa profundas sequelas nas áreas motora, cognitiva, afetiva e social.
filme
O site da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP) publica diversos conteúdos 
para o profissional da psicopedagogia. 
A ABPP é uma associação de direito privado, de âmbito nacional, sem fins lucrativos 
e econômicos, de caráter técnico, científico e social, com atividade preponderante no 
exercício da psicopedagogia. Fundada em 12 de novembro de 1980, a ABPP agrega 
psicopedagogos brasileiros com a finalidade de propiciar-lhes o desenvolvimento, a 
divulgação e o aprimoramento desta área do conhecimento.
http://www.abpp.com.br/
conecte-se
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PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A prática psicopedagógica 
na contemporaneidade • Intervenções psicopedagógicas na educação no século XXI • O papel do 
professor e do psicopedagogo na educação do século XXI • Inovação e criatividade na intervenção 
psicopedagógica • Os saberes do psicopedagogo inovador
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Contextualizar a psicopedagogia na contemporaneidade • Conhecer as intervenções adequadas com 
as necessidades do século XXI • Entender os diferentes papéis no contexto da contemporaneidade 
• Conceitualizar inovação e criatividade no contexto da intervenção pedagógica • Definir os saberes 
necessários para um psicopedagogo inovador.
A INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
no contexto da contemporaneidade
PROFESSORA 
Me. Thuinie Medeiros Vilela Daros
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), considerando que o psicopedagogo se dedica ao conheci-
mento de como o estudante aprende, como se constituem as transformações 
na aprendizagem e como essa aprendizagem se modifica para intervir, não é 
possível haver atuação de forma desconexa com a realidade. Nesse sentido, 
é preciso considerar que as inúmeras transformações da sociedade atual, 
fortemente marcada pelo uso das tecnologias e da Internet, têm ocasionado 
novas formas de relacionar-se com o conhecimento, modificando o perfil dos 
estudantes e, consequentemente, gerando novas formas de aprender.
Além do domínio de ferramentas tecnológicas, o sistema de produção 
atual almeja profissionais com maior produtividade – originada da inova-
ção e da competitividade – e, ainda, espera-se o domínio de conhecimentos 
de cunho comportamental, como liderança, disciplina, trabalho em equi-
pe, habilidades sócio-emocionais e muita criatividade. É justamente nesse 
contexto que, mais do que nunca, é cultivado o interesse pelas capacidades 
criativas e inovadoras do homem.
Se não se pode mais olhar os estudantes como “tábula rasa”, cujas men-
tes são consideradas como um depósito de conteúdo, logo os recursos uti-
lizados nos processos de ensinar e aprender precisam de ressignificação, o 
que impõe aos profissionais da psicopedagogia novos desafios no exercício 
do seu ofício. No entanto, o fato é que ninguém desenvolve no outro aquilo 
que não é desenvolvido em si mesmo, ou seja, como esperar profissionais 
criativos, inovadores e com vasto conhecimento sobre técnicas e ferramen-
tas diferenciadas se o próprio profissional desconhece tais saberes?
Para implantar uma prática psicopedagógica criativa e inovadora, é 
preciso, acima de tudo, muito conhecimento e muita determinação. Trata-
remos, nesta unidade, especificamente dos saberes do profissional criativo 
e inovador, apresentando a sua importância para o contexto educativo e 
enfatizando a organização da sala de aula como espaço de aprendizagem. 
Serão apresentadas técnicas e ferramentas como possibilidades a serem 
desenvolvidas nas instituições educativas.
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A PRÁTICA
PSICOPEDAGÓGICA
na contemporaneidade
Você já parou para pensar em quanto as clínicas e os hospitais evoluíram desde 
a década de 50? E as escolas e suas práticas mudaram muito? Talvez mudanças 
estruturais nas escolas não sejam muito fáceis, e mudar a prática psicopedagógica 
cotidiana? Uma forma de alterá-la é a adoção de intervenções psicopedagógicas 
inovadoras, isto é, fazer com que o estudante seja sujeito de sua própria aprendi-
zagem com autonomia e autodeterminação, por meio de práticas e recursos que 
atendam às demandas no século XXI.
A prática psicopedagógica se trata de um processo que exige dos profissio-
nais conhecimentos acerca de uma variedade de estratégias e ferramentas que, 
em consonância com os objetivos de cada intervenção, devem criar condições 
para que a aprendizagem ocorra. Em consonância com tal pensamento, Fer-
nandes (1990) aponta que
 “ a intervenção psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas o poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem, o sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado mo-
mento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino 
aprendizagem (FERNANDES, 1990, p. 117).
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 Dominar a variedade de estratégias e ferramentas torna-se ainda mais desafiador 
em uma sociedade fortemente marcada pela globalização, disseminação e fácil 
disponibilização de informações, rápido avanço e democratização das inovações 
tecnológicas. Com isso, novos hábitos, culturas, modos de pensar, agir, viver e 
conviver trazem, imbricado nesse meio, um novo perfil de estudante.
Para atender aos anseios e aos interesses dos estudantes da geração digital, 
faz-se necessário conhecer e incorporar, na prática psicopedagógica, os recursos 
das tecnologias digitais, bem como as tecnologias virtuais, utilizando-os com 
competência didático-pedagógica, competência tecnológica-digital e acompa-
nhar e propor, dessa forma, as mudanças decorrentes da cultura digital atual.
Para você ter uma ideia, com base nos estudos de Cathy N. Davidon (2011 apud 
KHAN, 2013), professora respeitada da Duke University, de todos os estudantes que 
começaram o ensino fundamental no ano de 2013, 65% destes exercerão, futuramente, 
algum emprego, ocupação ou profissão que ainda não foi inventado(a). O fato é que a 
sociedade mudou e a educação precisa acompanhar as modificações sociais e estrutu-
rais, uma vez que estão intimamente ligadas à evolução da própria sociedade.
Assumir a responsabilidade de ensinar, nos tempos atuais, implica na necessi-
dade de rever a própria prática psicopedagógica cotidianamente, sendo necessá-
ria uma adequação do trabalho do psicopedagogo de forma que passe a ser uma 
abordagem mais criativa e ativa com centralidade no estudante. Nesse cenário, é 
fundamental pensar em alternativas psicopedagógicas que atendam às exigências 
da contemporaneidade por despertarem o protagonismo, a problematização e a 
contextualização da realidade ao viabilizarem maior engajamento dos estudan-
tes, pois, diante do problema real, examinam, refletem, relacionam e atribuem 
significado às suas descobertas.
Destaco que propor soluções para problemas reais é algo verdadeiramente 
complexo. O estudante precisa: ter uma base sólida para propor novas ideias, 
exercer a flexibilidade para ouvir críticas, lidar com a frustração e o fracasso, 
trabalhar com materiais diversos e sob diferentes condições, cumprir prazos, ter 
coragem para apresentar algo inusitado, ser disciplinado e trabalhar as habilida-
des comunicativas para convencer os demais sobre suas soluções, ampliando seus 
argumentos. Caso o trabalho seja em grupo, precisa, ainda, aprender a lidar com o 
modo de ser dos seus colegas e direcionar os esforços do grupo para um objetivo 
comum. Dessa maneira, a utilização de estratégias que levem em consideração as 
necessidades do cenário atual pode ser mais eficaz e apresentar melhores resul-
tados na compreensão, retenção do aprendizado e aplicação do conhecimento, 
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INTERVENÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS
na educação no século XXI
uma vez que o estudantedesenvolve mais competências e habilidades por meio 
de práticas interativas e colaborativas de ensino.
Metodologias ativas e imersivas, tecnologias digitais, realidade aumentada e 
virtual, jogos digitais, robótica, impressão 3D, atividades gamificadas, dinâmicas 
steam e abordagens makers são exemplos de práticas atuais que podem compor 
o plano de intervenção psicopedagógico.
Acredito que o psicopedagogo tem papel decisivo na educação para 
o século XXI, visto que pode apontar os caminhos para que as neces-
sidades sejam, se não totalmente alcançadas, pelo menos projetadas. 
Assim, a função do psicopedagogo é ser um suporte, um mediador entre as ne-
cessidades dos estudantes, indicando novos caminhos para serem trilhados tanto 
pelo sujeito atendido quanto pelo profissional da educação. 
Você já sabe que a atuação do profissional da psicopedagogia depende de al-
gumas práticas e fatores, como a anamnese inicial, a avaliação e o diagnóstico. 
Tais elementos são essenciais para o desenho da intervenção mais adequada 
às necessidades do indivíduo. Embora cada profissional possa atuar de forma 
diferenciada, podemos afirmar que toda intervenção psicopedagógica passa 
pelas seguintes ações: 
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1. Anamnese inicial
2. Avaliação e diagnóstico das necessidades
3. Sessões psicopedagógicas
4. Reavaliação
5. Prognóstico e devolutiva 
O que distingue uma prática de outra são as abordagens, as técnicas e os recur-
sos que cada profissional adota durante a sua atividade. As práticas convencio-
nais, comumente utilizadas há anos pelos profissionais da psicopedagogia, não 
deverão ser abolidas, visto que ainda atendem às necessidades e promovem 
avanços no aprendizado dos sujeitos atendidos, mas é importante reconhecer 
que a sociedade altamente mediada pelos recursos tecnológicos tem mudado 
drasticamente os modos de viver e pode tanto ajudar a entender as novas difi-
culdades dos estudantes quanto ajudar os profissionais da psicopedagogia em 
todos os processos da intervenção. 
Se acompanharmos os recursos tecnológicos para cada elemento da inter-
venção, você poderá perceber que há uma diversidade de soluções disponíveis. 
Para citar alguns exemplos, veja o quadro abaixo:
Anamnese inicial - vídeos, gravações em áudios.
Avaliação e diagnóstico das necessidades - provas digitais e 
aplicativos específicos para cada tipo de teste.
Sessões psicopedagógicas - jogos digitais, serious games 
plataformas e vídeos.
Reavaliação - provas digitais, programas de acompanhamento, 
aplicativos específicos para cada tipo de teste.
Prognóstico e devolutiva - programas que permitem armazenamento 
dos arquivos e assim a elaboração de um dossiê digital.
Figura 1 - Exemplos de recursos tecnológicos / Fonte: a autora. 
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Entenda melhor os problemas indiretos relacionados à Internet:
Hiperconexão: necessidade de estar conectado o tempo todo para acompanhar as atua-
lizações expostas pela Internet. 
Namofobia: é a fobia causada pela incapacidade de acesso à comunicação por meio de 
aparelhos celulares ou computadores, ou seja, o medo de ficar sem acesso aos aparelhos 
de comunicação móvel. A origem do termo vem do diminutivo em inglês No-Mo (No-Mo-
bile), que, em português, significa “sem telemóvel”. 
Nowismo: refere-se à cultura do agora, da pronta resposta nas comunicações e nas de-
mandas sociais. 
Newismo: refere-se à cultura da novidade, do novo, do lançamento.
Hiperexposição: representa o ato de expor-se demasiadamente nas redes sociais. 
Cyberbullying: o termo refere-se à prática hostil e repetitiva praticada por um indivíduo 
ou grupo com a intenção de prejudicar outra pessoa por meio do acesso às tecnologias 
da comunicação e informação.
explorando Ideias
Jogos, plataformas, games, aplicativos! Como você pode ver, o profissional da psico-
pedagogia pode utilizar diversos recursos durante todo o processo de intervenção, 
os quais facilitam o seu dia a dia em decorrência dos inúmeros benefícios decor-
rentes da democratização da Internet. No entanto, mesmo com tantos benefícios 
mencionados, a popularização da Internet tem ocasionado o surgimento de novos 
problemas que, certamente, o psicopedagogo um dia terá que atuar. Alguns desses 
problemas, como perigos da hiperconexão, namofobia, nowismo, newismo e efeitos 
da redução das horas de sono para que se fique conectado ou mesmo muitas horas 
na mesma atividade, como jogos, são alguns exemplos importantes. 
Além dos temas mencionados, ainda há os problemas indiretos, mas que são 
consideravelmente afetáveis, como hiperexposição às redes sociais, haters, privaci-
dade de dados e ainda cyberbullying, que também devem ser considerados. Tratam-
-se de alguns exemplos do que também faz parte do amplo acesso ao mundo digital 
e, desse modo, cabe às instituições educativas e profissionais da psicopedagogia o 
trabalho com os efeitos desses fenômenos que têm surgido atualmente. 
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Preparar os jovens para o mundo tecnológico não se trata apenas de operaciona-
lizar os recursos, ainda que seja fundamental. Porém, não é possível deixar de lado 
a necessidade de conhecer e saber lidar com os impactos que esse momento exige. 
Podemos perceber que ainda existe certa falta de esclarecimento quando é 
abordado o uso das tecnologias na educação. De modo geral, o foco está vol-
tado à inclusão digital, ou seja, quais sistemas e equipamentos disponibilizar 
e assim por diante. No entanto, não adianta discutir apenas as ferramentas 
e desconsiderar a capacitação para o seu uso. O fato é que o mundo digital 
precisa ser problematizado, isto é, professores e psicopedagogos precisam 
discutir com os alunos os impactos da hiperconexão e o estado de estar co-
nectado, bem como os efeitos desse comportamento, visto que impactam 
todos os setores na vida pessoal e profissional. 
Os estudantes almejam um ensino que atenda às suas necessidades, que en-
volva os recursos tecnológicos, dado que fazem parte do seu cotidiano, mas o 
fato de estarmos hiperconectados aponta a necessidade de uma orientação sobre 
seu uso e suas consequências. De acordo Beauclair (2011, p.31), o psicopedagogo 
necessita do constante movimento de olhar novos horizontes e caminhos para 
trilhar, para abrir espaços não só objetivos, mas também subjetivos, nos quais a 
autoria e a autonomia de pensamento seja uma possibilidade concreta.
Como pode perceber, o uso das tecnologias na prática psicopedagógica é extre-
mamente necessário, pois já faz parte do cotidiano dos estudantes, tanto nos aspec-
tos que envolvem o uso de recursos que ampliam as possibilidades de aprendizado 
quanto a necessidade de problematizar as consequências do mau uso desse acesso. 
O fato é que os profissionais da psicopedagogia precisam reconhecer a importân-
cia do seu papel no acesso ao mundo digital, de acordo com Weiss (2000, p. 3), ao 
afirmar que, diante desse novo cenário, o uso do computador 
 “ [...] deve ser visto como mais um recurso na clínica e compete aos profissio-nais buscarem o potencial psicopedagógico diferenciado que essas tecnologias apresentam, principalmente em relação à possibilidade da expressão da rede de 
nosso pensamento, vinculada à convivência em espaços digitais virtuais.
Nesse sentido, as tecnologias devem ser compreendidas e incorporadas peda-
gogicamente. É preciso que haja mudança na postura do psicopedagogo, para 
que seja curioso, inovador, criativo na sua atuação e desenvolva essas mesmas 
características dos estudantes.
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O PAPEL DO PROFESSOR E DO
PSICOPEDAGOGO
na educação do século XXI
Um dos maiores desafios é a promoção do aprendizado significativo e con-
textualizado, sobretudo em nosso momento histórico, no qual as mudanças 
ocorrem rapidamente. Esse processo

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