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APG 22 / Kamilla Galiza OBJETIVOS Identificar a etiologia e os fatores de risco da tuberculose; Listar os tipos de tuberculose quanto à localização e à fisiopatologia; Descrever a fisiopatologia da TB pulmonar, destacando sinais e sintomas, bem como suas complicações; Discorrer as medidas preventivas e o diagnóstico da TB; Relatar o tratamento da TB em adultos, explicando a resistência bacteriana. CONCEITO A tuberculose trata-se de uma doença infecciosa, crônica, granulomatosa e necrozante causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis, que tem a M. tuberculosis – conhecido também como bacilo de Koch - como a que mais infecta os seres humanos. As micobacterias são aeróbias estritas, sendo que sua predileção pelos pulmões está relacionada com a tensão de CO2 nesse órgão. ETIOLOGIA O M. tuberculosis é fino e ligeiramente curvo; é um bacilo álcool-ácido-resistente - ou seja, retém coloração mesmo com mistura de álcool e ácido -, aeróbio, com parede celular rica em lipídeos (como ácido micólico). Essa parede celular reduz sua permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua sobrevida no interior de macrófagos, o que dificulta a sua eliminação. Transmissão A sua transmissão ocorre por meio das vias aéreas de uma pessoa “bacilífera” com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. Essa transmissão ocorre por via respiratória, por meia da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro. As partículas menores dos bacilos (núcleos de Wells) contém um a dois bacilos que podem ficar suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos. FATORES DE RISCO Diabetes mellitus (DM) Tabagismo Uso de álcool e/ou drogas ilícitas EPIDEMIOLOGIA Muito prevalente no Brasil. 10% dos casos novos de tuberculose diagnosticados no Brasil apresentam coinfecção pelo HIV. Concentra-se nos grandes aglomerados urbanos, particularmente em seus bolsões de pobreza. Para que a cadeia de transmissão da TB seja efetivamente quebrada, a OMS recomenda que o percentual de cura em cada país seja de no mínimo 85%, com taxas de abandono inferiores a 5%. Os últimos dados nacionais revelam taxa média de cura de 74,2%, com 11% de abandono, quer dizer, o Brasil ainda precisa melhorar suas estratégias para o controle da TB. TIPOS DE TUBERCULOSE Tuberculose primária típica: é mais comum em crianças. Pulmonar APG 22 / Kamilla Galiza Adenomegalia hilar e/ou mediastinal ipsilateral ao foco primário. Aumento linfonodal; compressão brônquica; atelectasia. Ruptura do foco caseoso – pneumonia tuberculosa. Pequena área de pneumonite. Geralmente autolimitada – cicatriz tuberculosa (nódulo geralmente calcificado). Tuberculose primária progressiva Quando grande inoculo de bacilos ou imunodepressão. Foco primário evolui para grande área de inflamação granulomatosa e exsudativa – pneumonia tuberculosa. Pode ter cavernas. Pode ter ou não Adenomegalia hilar/mediastinal satélite (mais comum em crianças). Tuberculose miliar Forma mais comum em crianças com menos de dois anos e não vacinadas. Focos não contidos – progressão da lesão e proliferação bacilar. Disseminação linfo-hematogênica. Foco de Weigart – foco metastático na parede de uma veia pulmonar (disseminação hematogênica). Nódulos granulomatosos intersticiais. Afeta mais o interstício pulmonar e as meninges. Tubérculo pós-primária Reativação ou reinfecção. Acometem adultos (>15 anos). Pode ocorrer por reativação de um foco latente, ou por reinfecção. A TB pós-primária tem grande tendência de assumir padrão cavitário, por isso é altamente contagiosa (diferentemente das crianças, que evoluem para formas não cavitarias e, em geral, não transmitem a doença). Disseminação broncogênica. Transmissão da infecção – multibacilífero. Tuberculose do imunodeprimido: tem um grande espectro, dependendo do grau da imunodepressão da pessoa – estimado pela quantidade de CD4+. Quando CD4 está entre 350-500/mm³, a TB assume padrão cavitário, semelhante a TB pós- primária. Se CD4 está < 350/mm³, a TB assume forma exsudativa, acometendo grandes áreas pulmonares. Nos casos de imunodepressão extrema, há uma reação inflamatória inespecífica: muitos bacilos, neutrófilos, linfócitos e macrófagos → essa é a reação “não reativa”. Obs: se não tratados logo, pacientes com AIDS evoluem rapidamente para óbito. Tuberculose extrapulmonar: tuberculose extrapulmonar pode afetar qualquer órgão e sistema, porém os mais acometidos são: pleura, linfonodos, ossos, articulações, meninges, cérebro, rins, genitália interna, pericárdio, peritônio e intestino. As manifestações vão depender de qual órgão foi acometido. Exemplos: o Se a pleura for acometida, isso levaria a uma pequena quantidade de bacilos no espaço pleural, levando a um derrape pleural. FISIOPATOLOGIA Inicialmente, o M. tuberculosis infecta o organismo e entra nos macrófagos pela fagocitose. Após isso, ele vai inibir a maturação do fagossomo e a formação do fagolissoma, permitindo a sua multiplicação dentro dessa célula de maneira incontrolável, protegida da ação dos lisossomos. Logo, a infecção primária ocorre ao 1º contato com o bacilo de Koch, havendo uma reação do sistema imunológico do individuo, particularmente por meio da fagocitose, como forma de controlar a infecção. Entretanto, a bactéria é extremamente resistente ao fagossomo e inibe sua maturação, impedido sua destruição e ficando em sua forma latente. Dessa forma, durante a infecção primaria, ocorre grande disseminação do bacilo pelo corpo de forma oculta. A infecção pelo M. tuberculosis cursa em etapas, desde a infecção inicial – com ataque aos macrófagos à ativação de células Th1. Essas células T controlam tanto a infecção ao hospedeiro como também são responsáveis pelo dano causado pela doença, gerando granuloma e cavitação. Há então posterior ativação dos receptores da imunidade inata, iniciando e aumentando esse tipo de resposta ao bacilo. Uma resposta Th1 é montada após três semanas, e essa resposta irá produzir o IFN-gama. Esse, por sua APG 22 / Kamilla Galiza vez, através de um conjunto de processos, estimula a destruição do macrófago infectado, destruindo as organelas danificadas e os patógenos intracelulares, como o M. tuberculosis. Porém, essa mesma resposta Th1 que estimula os macrófagos e destrói micobacterias, gera a formação de granuloma e necrose caseosa. Esses macrófagos, incentivados pelo IFN-gama, se diferenciam em “histiócitos epitelioides”, que se agregam e formam granulomas. PATOGENIA Existem três tipos de lesão parenquimatosa na tuberculose: 1. Lesão proliferativa: que se caracteriza pela formação de granulomas caseoso bem formados, chamados de “tubérculos”, que desenvolvem uma cápsula fibrosa, contendo a infecção dentro desses focos. 2. Lesão exsudativa: que se caracteriza por uma pneumonia tuberculosa, onde os alvéolos são preenchidos por macrófagos e neutrófilos, entremeados à necrose caseosa. Geralmente essa resposta exsudativa ocorre em focos de disseminação broncogênica, quando ocorre uma fistulização do foco pulmonar liquefeito ou de um linfonodo hilar que infecta o lúmen de um brônquio lobar ou segmentar. 3. Lesão mista: é o mais comum de se ocorrer, sendo a junção das duas lesões anteriores no mesmo paciente, em diferentes áreas do pulmão. QUADRO CLÍNICO Pode ser assintomática; Fadiga; Anorexia; Tosse minimamente produtiva ou produtiva de escarro de coloração amarelada; Febre baixa vespertina; Inapetência; Suores noturnos em alguns casos; Dispneia; *Na infecção conjunta com o HIV, muitas vezes a manifestação de sintomas é atípica pela ausênciade DTH. Medidas preventivas Vacinação com BCG: a vacina BCG(bacilo Calmette-Guérin), ofertada pelo SUS, protege a criança contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. Tratamento da infecção latente pelo M. tuberculosis: é uma importante estratégia preventiva para evitar o desenvolvimento da TB ativa, especialmente nos contatos domiciliares, nas crianças e nos indivíduos com condições especiais, como imunossupressão pelo HIV, comorbidades associadas ao uso de alguns medicamentos. Controle de infecção: emprego de medidas de controle de infecção também faz parte das ações de prevenção da doença, a exemplo: manter ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar; proteger a boca com o antebraço ou com lenço ao tossir espirrar (higiene da tosse) e evitar aglomerações. Diagnostico RX de Tórax; Cultura e coloração álcool-ácido-resistente; Teste cutâneo tuberculínico (TCT) e ensaio de liberação de gama interferon (IGRA). Teste baseado em ácido nucleico, quando for possível. TRATAMENTO Com o objetivo de reduzir a transmissão da doença e a cura, o tratamento da tuberculose possui cerca de 95% de eficácia. Entretanto, o que é comum ocorrer é a falta de adesão terapêutica pelo abandono do tratamento, uso irregular ou errado dos medicamentos. O esquema dos fármacos inclui a Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z) e Etambutol (E), sendo eles associados em comprimidos com dose fixa combinada: Na fase intensiva é utilizado por 2 meses a associação de RHZE (rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol), em que a dosagem irá corresponder ao peso do APG 22 / Kamilla Galiza paciente. (≤ 20kg – 10/10/35/25 mg/kg/dia; 20- 35 – 2 comprimidos; 36-50 – 3 comprimidos; > 50 – 4 comprimidos) A fase de manutenção é composta por RH (rifampicina + isoniazida) durante o período de 4 meses, em que a dosagem também irá variar de acordo com a pesagem. (≤20 – 10/10mg/kg/dia; 20-35 – 2 comprimidos; 36-50 – 3 comprimidos; > 50 – 4 comprimidos). Pacientes que apresentarem intolerância a dois ou mais medicamentos, podem ser prescritos capreomicina (Cm), levofloxacina (Lfx), terizidona (Trd) e etionamida (Et), que são fármacos também utilizados no esquema para tratamento de tubérculos resistente RESISTÊNCIA BACTERIANA O bacilo da TB é possui um mecanismo aeróbico que pode apresentar uma taxa elevada de mutação, assim, pode apresentar resistência a vários tipos de fármacos. Por isso, as TB são resistentes e necessitam de vários medicamentos em seu tratamento. Essa resistência à medicamentos pode aumentar devido à erros médicos e, também, erros do próprio paciente, que não os toma corretamente. Mapa conceitual Referencias Bibliográficas LONG, Dan L. et al. Medicina Interna de Harrison. 18 ed. Porto Alegre, RS: AMGH Ed., 2013. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. CORTEZ, Andreza Oliveira et al. Tuberculose no Brasil: um país, múltiplas realidades. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 47, 2021. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Linha de cuidado da tubérculos: orientações para gestores e profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Agizew T, Boyd R, Mathebula U, Mathoma A, Basotli J, Serumola C, Pals S, Finlay A, Lekone P, Rankgoane-Pono G, Tlhakanelo T, Chihota V, Auld AF. Outcomes of HIV-positive patients with non-tuberculous mycobacteria positive culture who received anti-tuberculous treatment in Botswana: Implications of using diagnostic algorithms without non-tuberculous mycobacteria.external icon PLoS One. 2020 Jun 12; FUJIWARA, Mamoru et al. Mechanisms of resistance to delamanid, a drug for Mycobacterium tuberculosis. 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