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AULA 4 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-SOCIAL BRASILEIRA Prof.ª Joice Martins Diaz 2 CONVERSA INICIAL A escola, considerada primordial para o desenvolvimento e a interação de uma criança com o mundo, possibilita mudanças significativas em sua vida, em suas conquistas, mudanças e no amadurecimento do seu comportamento, entre outros benefícios que devem ser proporcionados a todas as crianças, não só àquelas que apresentam um quadro de deficiência. Soraia Yoshida (2018) identificou os tipos de deficiência no ensino médio conforme a Figura 1. Figura 1 – Tipos de deficiência identificados no ensino médio Fonte: Adaptado de Brasil, citado por Yoshida, 2018. Diante dos dados da Figura 1, abordaremos, nesta aula, a importância do plano de ensino individualizado (PEI) e, de forma resumida, como se dá a inclusão dos alunos que apresentam algum tipo de deficiência identificada. TEMA 1 – PLANO DE ENSINO INDIVIDUALIZADO (PEI) Ao pensarmos em uma escola inclusiva, é necessário, por ser de grande importância, considerar que a questão vai além de a instituição estar aberta para receber alunos que apresentem necessidades educativas especiais, mas implica também a equipe pedagógica desenvolver um bom trabalho, planejando ações pedagógicas que proporcionem a todos uma aprendizagem significativa e de qualidade. Conforme institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 3 Deficiência, também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência, “[...] destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (Brasil, 2015), o PEI é uma das intervenções que visa garantir o direito à educação com qualidade aos alunos com deficiência. Para tanto, conforme capítulo IV, art. 28 desse estatuto, que trata do direito à educação, se faz necessário: [...] II - Aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; [...] V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; [...] VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistida. (Brasil, 2015) A inclusão escolar vem acompanhada de diversas necessidades. Uma delas trata-se da utilização de estratégias pedagógicas diferentes, para que seja possível atender aos alunos que possuem necessidades educativas especiais. Essa diferença na forma de atender a esses alunos não se configura como um privilégio deles, mas um direito, assim como a flexibilização e a promoção de acessibilidade, com a qual será possível proporcionar-lhes condições de aprendizagem de forma adequada, seja no âmbito físico, seja no curricular. Sendo assim, ao tratarmos do PEI, é necessário pensar na elaboração desse documento como forma de planejar a promoção da acessibilidade e nortear as ações em sala de aula, desde o início até o fim da vida escolar dos alunos com necessidades educativas especiais. Nessa perspectiva, [...] alunos com necessidades educacionais especiais devem ter um Plano Individualizado de Ensino, quando se fizer necessário, podendo ser elaborado com apoio do ensino especial no início de sua vida escolar, e por ela, atualizado continuamente, em função de seu desenvolvimento e aprendizagem. Esse Plano é o ponto fundamental de sua vida escolar, norteador das ações de ensino do professor e das 4 atividades escolares do aluno. O Plano deverá, também, ser sequencialmente seguido, independentemente da série em que o aluno se encontre, já que o critério de inserção do aluno na sala de aula regular é a faixa etária do grupo (Brasil, 2000, p. 24) Para completar, segundo Marin e Braun (2013, p. 56), Individualizar o ensino não significa particularizar a ação pedagógica a ponto de segregar o aluno do grupo. O objetivo da individualização é incluí-lo na situação de aprendizagem que os outros estão vivenciando, com as devidas adequações para que a sua participação seja efetiva. É atender às diferenças individuais que o aluno possa apresentar em decorrência das especificidades do seu desenvolvimento. No Quadro 1, apresentamos um modelo para investigação inicial e posterior elaboração de um PEI. No Quadro 2, um exemplo de PEI. No Quadro 3, um modelo de termo de ciência. É importante ressaltar que os modelos não se tratam de relatórios-padrão, que devam ser seguidos em todas as situações e, sim, de uma base para a coleta de informações relevantes. Quadro 1 – Modelo para investigação inicial e posterior elaboração de um PEI Identificação do aluno Nome: Data de nascimento: Filiação: Turma/ano: Diagnósticos clínicos Parecer neurológico: Parecer psicológico: Parecer motor: Parecer cognitivo: Parecer geral: Atendimento com especialistas (descrição dos atendimentos que o aluno faz, de qual a frequência de cada um deles e contato dos especialistas) Diagnóstico pedagógico Aspecto cognitivo: (descrição dos aspectos cognitivos do aluno) Aspecto socioafetivo: (descrição dos aspectos socioafetivos do aluno) Aspecto psicomotor: (descrição dos aspectos psicomotores do aluno) Organização do atendimento: (descrição de como o aluno será atendido pelo programa) 5 Parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento ao aluno: Família Maior participação na escola para relatar fatos de interesse, necessidades do aluno e seus desafios enfrentados em casa. Trabalho colaborativo com a família para, em conjunto, se buscar parcerias e assim melhorar a aprendizagem do aluno. Equipe pedagógica Trabalho conjunto com todos os professores oferecendo sugestões de atividades, metodologias variadas, estratégias contextualizadas. Participação da equipe escolar, com preparação para fornecer melhor apoio ao aluno. Para a utilização do trabalho colaborativo com o professor, visitar a sala regular na qual o aluno está inserido para diagnosticar e listar quais as potencialidades e necessidades educacionais específicas dele, para posteriormente traçar estratégias e ações de atendimento na sala regular . Avaliação Formas de registro O plano deverá ser avaliado durante toda a sua execução, de forma contínua. O crescimento e o avanço do aluno serão acompanhados pelo professor da sala de aula regular, por meio do preenchimento do relatório (plano) e de portfólios. Reestruturação do plano Ocorrerá reavaliação do processo e, sempre que necessário, reformulação de estratégias e objetivos às necessidades do aluno. Fonte: Adaptado de ASP, [201-]. 6 Quadro 2 – Exemplo de PEI Aluno: Data de nascimento: Ano: Turma: Acompanhamento com especialistas ( ) Neurologista ( ) Psiquiatra ( ) Fono ( ) Psicólogo ( ) Psicopedagogo ( ) Terapeuta ocupacional ( ) Psicomotricista ( ) Nutricionista ( ) Outro(s): ( ) 1º BIMESTRE ( ) 2º BIMESTRE ( ) 3º BIMESTRE ( ) 4º BIMESTRE Data do último laudo: Disciplina: Expectativas deaprendizagem: Processo avaliativo: Resultados obtidos: Exemplos de propostas de intervenção para obtenção dos resultados esperados: ( ) Mediar individualmente atividades e avaliações. ( ) Trabalhar os conceitos/conteúdos no concreto. ( ) Proporcionar tempo estendido para realização de atividades e avaliações. ( ) Reduzir textos e enunciados, para melhor compreensão. ( ) Propor questões objetivas. ( ) Estabelecer correção diferenciada nas avaliações. ( ) Fazer uma adaptação curricular. ( ) Outro(s): Fonte: Adaptado de ASP, [201-]. 7 Quadro 3 – Exemplo de termo de ciência Termo de ciência Eu, _______________________________________, responsável pelo(a) aluno(a) _________________________________________, turma ___________, recebi as informações e orientações a respeito do Plano de Ensino Individualizado (PEI) para melhor atender às necessidades do(a) aluno(a) e assim promover o seu aprendizado. Como familiar, comprometo- me a atualizar as informações médicas do(a) aluno(a), assim como as dos especialistas que o(a) acompanham, e informar ao colégio as suas necessidades específicas. É imprescindível a família acompanhar e promover o desenvolvimento do(a) aluno(a) em suas áreas cognitivas, emocionais e sociais, firmando assim parceria com o colégio. Cientes, assinam, nesta data: __/__/____. Responsável Orientadora educacional Coordenadora pedagógica Fonte: Adaptado de ASP, [201-]. Como visto, a investigação inicial para posterior elaboração de um PEI envolve não só o professor, mas outros profissionais. A família é parte fundamental para que o plano funcione e seja elaborado de forma mais eficaz, que atenda à diferença ou necessidade de cada aluno. Nessa perspectiva, pensar em um PEI é também uma forma de inclusão, justamente por essa forte característica que fundamenta a escola inclusiva. TEMA 2 – A INCLUSÃO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por diferentes condições como dificuldades no relacionamento social, de domínio da linguagem, comportamento restrito e muitas vezes repetitivo. Kanner detectou duas condições básicas para o autismo: o isolamento e a imutabilidade. Para ele, o autismo pertencia, então, a um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento denominados Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), Transtornos Invasivos do 8 Desenvolvimento (TIDs) e, atualmente, Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). (Monteiro; Ribeiro, 2018, p. 913) A inclusão escolar do aluno com TEA envolve, entre tantas outras intenções, a de defender uma ação pedagógica que busque tornar o conhecimento alcançável, que envolva sua participação e que favoreça “[...] as possibilidades humanas de aprender, de desenvolver-se, de superar-se” (Barroco, 2011, p. 170). Para viabilizar o atendimento do aluno com TEA, segundo Fernandes e Silva (2016, p. 8), Os professores, sejam especialistas ou não em Atendimento Educacional Especializado, devem demonstrar amor, dedicação, paciência, falar baixo, utilizar recursos visuais e concretos para que os alunos com TEA possam entender o conteúdo, chamar a atenção destes com delicadeza. Deve também incluí-los em jogos, brincadeiras e atividades, ser claro e objetivo, utilizar vocabulário de fácil entendimento, conhecer as áreas de interesse do aluno, dividir as tarefas propostas em etapas, auxiliar o aluno sempre que necessário, comunicar-se por meio de figuras, promover sua autonomia, criar um painel de rotinas, entre outras ações que contribuem significativamente para o desenvolvimento do aluno com Há intervenções psicoeducacionais que podem ser desenvolvidas pelos professores, tais como o Método Son-Rise, TEACCH (Tratamento e educação para autistas e crianças com distúrbios correlatos da comunicação), ABA (Análise aplicada ao comportamento), PECS (Sistema de comunicação mediante troca de figuras), entre outras. A discussão sobre a educação dos alunos com TEA na escola regular é um tema que merece ampla discussão, tanto nos seus aspectos teóricos como práticos, para que seja possível superar as barreiras impostas, fornecendo-se propostas pedagógicas diferentes e adequação curricular. TEMA 3 – A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL A inclusão do aluno com deficiência registra um avanço histórico no Brasil, por ele hoje ter seus direitos garantidos, pela luta contra os preconceitos e a favor da inclusão, tendo a escola como espaço principal para seu acesso ao conhecimento e aprendizado, sendo-lhe proporcionadas condições de se desenvolver como cidadão e viver dignamente. Nesse contexto, é importante entendermos o que consiste a deficiência intelectual, no âmbito da saúde intelectual, comportamental e social. Segundo Rocha (2017, p. 25-26), Atualmente, o conceito de deficiência intelectual é baseado no sistema de classificação da AAIDD, American Association on Intelectual and 9 Developmental Disabilities (2011), que traz a denominação de deficiência intelectual (2010) em lugar de deficiência mental (1908– 1958) ou retardo mental (1959–2009). A definição de deficiência intelectual, segundo a associação, é caracterizada por limitações significativas tanto em funcionamento intelectual como no comportamento adaptativo, que abrange habilidades sociais e práticas cotidianas, devendo aparecer antes dos 18 anos. Para facilitar a emissão de diagnósticos confiáveis, a American Psychiatric Association (APA, 2014) criou o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, em que apresenta os transtornos mentais, classificando a deficiência intelectual como um transtorno do neurodesenvolvimento e definindo-a da seguinte forma: Um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. É frequente a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento [...]. A deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) caracteriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. Os déficits resultam em prejuízos no funcionamento adaptativo, de modo que o indivíduo não consegue atingir padrões de independência pessoal e responsabilidade social em um ou mais aspectos da vida diária, incluindo comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade (APA, 2014, p. 72). O sistema oficial de codificação, conhecido como Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica deficiência intelectual (CID 10) como: [...] um transtorno com início no período do desenvolvimento que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos, nos domínios conceitual, social e prático. Os três critérios a seguir devem ser preenchidos: a) Déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência confirmados tanto pela avaliação clínica quanto por testes de inteligência padronizados e individualizados. b) Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e responsabilidadesocial. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais atividades diárias, como comunicação, participação social e vida independente, e em múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade. [...] Incluem déficits em capacidades mentais genéricas e prejuízo na função adaptativa diária na comparação com indivíduos pareados para idade, gênero e aspectos socioculturais. O início ocorre durante o período do desenvolvimento. O diagnóstico de deficiência intelectual baseia-se tanto em avaliação clínica quanto em testes padronizados das funções adaptativa e intelectual (APA, 2014, p. 74). 10 A inclusão dos alunos com deficiência intelectual é possível. Mesmo que enfrentem dificuldades no seu processo de alfabetização, esses alunos são capazes de desenvolver habilidades como oralidade e reconhecimento de sinais gráficos. A avaliação dos alunos com deficiência intelectual deve ser pensada de forma que observe os seus avanços durante o período letivo e não com critérios comparativos, com o intuito de estímulo à diversidade, incentivando-os a sempre apresentarem seu melhor, oferecendo-lhes credibilidade e oportunidade. TEMA 4 – A INCLUSÃO DO ALUNO COM DISLEXIA De acordo com Pennington (1997, citado por Albuquerque; Lima; Gonçalves, 2017, p. 17-18), as características mais comuns de serem observadas ente os disléxicos, tanto na leitura como na escrita, são: confusão de letras, sílabas ou palavras com pequenas diferenças de grafia: o/a, c/o, e/f; confusão de letras que possuem sons parecidos: b/d, p/q, d/t, m/b; inversão parcial ou total de sílabas ou palavras: me em vez de em, sol em vez de los, som em vez de mos; substituição de palavras por outras estruturas mais ou menos semelhantes: salvou no lugar de saltou, sentiu no lugar de mentiu; contaminação de sons: lalito em vez de palito; adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras: casa em vez de casaco; repetição de sílabas, palavras ou frases: mamacaco, paipai; salto de linha, volta à linha anterior e perda da linha durante a leitura; acompanhamento, com o dedo, da linha que está sendo lida; leitura do texto palavra por palavra; problema de compreensão de texto; escrita em espelho (em sentido inverso ao normal); letra ilegível; leitura analítica e decifratória. Além dessas características, o disléxico tem grande dificuldade em exprimir suas ideias e pensamentos, bem como déficit na memória auditiva imediata. A inclusão do aluno com dislexia está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a qual estabelece (Brasil, 1996) que a escola deve 11 garantir meios de atender a todos os alunos, inclusive aos que necessitam de atendimento educacional especializado (AEE), no caso os disléxicos, em suas necessidades e particularidades. É necessário que haja atenção, pois “a dislexia não é amenizada sem um tratamento apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo, ela não pode passar despercebida” (Gonçalves; Navarro, 2012, p. 83). O professor deve planejar suas aulas de forma que, entre um tema e outro, sejam feitas revisões, para que o aluno tire suas dúvidas e reforce aquilo que aprendeu. Aumentar o tempo disposto aos alunos disléxicos para as suas avaliações e atividades escritas também são ações que devem ser tomadas em prol dos alunos com dislexia, assim como a permissão do uso de tabuadas, dicionários e outros materiais que facilitem o processo de ensino e aprendizagem. É de extrema importância também que o professor tenha o hábito de ler os conteúdos, enunciados de atividades e explicações em voz alta, pois o disléxico tem melhor compreensão do que lhe é falado e não do que lhe é apresentado na forma escrita. Os pais, por sua vez, exercem um papel muito importante na rotina escolar do aluno com dislexia, o auxiliando nas atividades, explicando-lhe os conteúdos em partes, para que o processo não se torne cansativo e improdutivo. A dislexia não é considerada uma patologia por ser hereditária e genética e de origem neurobiológica. O tratamento desse distúrbio é feito por meio de medicamentos e intervenções de especialistas. TEMA 5 – A INCLUSÃO DO ALUNO COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH) O processo de inclusão do aluno com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) tem início com a percepção dos pais e professores, que devem estar atentos aos seus filhos e alunos e aos sinais, por eles emitidos, que possam identificar indícios de TDAH. Para tanto, é importante entender melhor as características desse transtorno para que medidas iniciais sejam tomadas, assim como após o seu diagnóstico. Benczik (2013, p. 22) caracteriza o TDAH como: [...] uma condição neurobiológica que se caracteriza por um padrão persistente de desatenção, impulsividade e hiperatividade, de acordo com critérios propostos pelo DSM-IV-TR (American Psichiatric Association, 2003) que classificam os indivíduos com TDAH em três subtipos, dependendo das combinações de sintomas que 12 experimentam: a) TDAH do tipo Predominante Desatento; b) TDAH do tipo Predominante Hiperativo – Impulsivo e c) TDAH do tipo Combinado. O diagnóstico de TDAH deve ser feito por um médico neurologista, de preferência com especialização em neuropsicologia, um psicólogo e um psicopedagogo. Porém, o aluno com TDAH apresenta comportamento impulsivo, dificuldade em focar num conteúdo e seguir instruções, dificuldade em organizar seus materiais e em conviver com outros colegas. Essas características não são suficientes para diagnosticar o TDAH, em um aluno. O necessário e imprescindível, como já exposto, é a análise e o laudo de um especialista. Para Moura e Silva (2019, p. 3), Considerando que a legislação brasileira deve garantir a todo aluno o direito à uma educação de qualidade, deve-se ressaltar que os professores têm papel fundamental nesse processo e precisam propiciar para essas crianças uma aprendizagem significativa. Por isso, é importante conhecer um pouco de cada aprendiz e suas particularidades e, acima de tudo, respeitar as diferenças e limitações de todo indivíduo, enquanto ser único. Após o diagnóstico, a escola e o professor poderão trabalhar juntos em prol desse aluno com TDAH, bem como alertar e orientar os seus pais para efetuarem um trabalho em conjunto, sempre pensando no bem-estar e sucesso desse aluno. Algumas medidas simples podem contribuir com o processo de ensino e aprendizagem do aluno com TDAH, tais como: organizar a sala de forma que o aluno fique próximo ao professor e mais distante de colegas que possam provocá- lo ou deixá-lo irritado; fazer com que esse aluno se sinta útil; verificar constantemente o seu desempenho nas atividades desenvolvidas, acompanhando-o nas tarefas propostas e, caso seja necessário, diminuir o ritmo para que esse aluno se enquadre ao aprendizado do conteúdo proposto. A valorização do que o aluno com TDAH está fazendo em sala de aula e fora dela também é de suma importância. Isso é uma forma de incentivar que ele se esforce cada vez mais. Da mesma forma e tão importante quanto, não é indicado que o aluno com TDAH se sinta constrangido, pois ele costuma apresentar comportamento mais sensível, podendo ocorrer a sua frustração e afastamento da sala de aula. Cada aluno com TDAH pode apresentar um tipo de comportamento diferente e isso dependerá muito do ambiente em que ele se encontra, de como o seu professor e os seus colegas convivem com essa diferença e da forma como conduzem todo esse processo de inclusão. 13 Para os alunos com TDAH, é de extrema importância que lhes seja oferecido um ambiente escolar acolhedor e confortável, para que possam se sentir protegidos e à vontade para se desenvolverem cada vez mais e melhor. 14 REFERÊNCIASALBUQUERQUE, D. A. de; LIMA, J. K. F. de; GONÇALVES, L. M. Dislexia e educação infantil: refletindo sobre o olhar dos professores. Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Pedagogia) – Departamento de Habilitação Pedagógica, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. APA – American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014. ASP – Associação Sul-Paranaense da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Programa educacional individualizado (PEI). Curitiba, [201-]. Disponível em: <www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/educacao/modelo_programa_educacion al_individualizado.doc>. Acesso em: 20 set. 2019. BARROCO, S. M. S. Pedagogia histórico-crítica, psicologia histórico-cultural e educação especial: em defesa da pessoa com e sem deficiência. In: MARSIGLIA, A. C. G. (Org.). Pedagogia histórico-crítica: 30 anos. Campinas: Autores Associados, 2011. BENCZIK, E. Escala de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (ETDH-AD): versão adolescente e adultos. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2013. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, p. 27.833, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 20 set. 2019. _____. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Diário Oficial da União, Brasília, p. 2, 7 jul. 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 20 set. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola – alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, 2000. FERNANDES, A. H.; SILVA, R. G. D. Formação do professor para a inclusão do aluno com transtorno do espectro autista (TEA) na rede regular de ensino. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: artigos 2016. Curitiba, 2016. (Cadernos PDE). Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoe 15 s_pde/2016/2016_artigo_edespecial_uem_adrianohidalgofernandes.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019. GONÇALVES, D.; NAVARRO, E. Como trabalhar com criança disléxica. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar, n. 7, p. 81-85, 2012. MARIN, M.; BRAUN, P. Ensino colaborativo como prática de inclusão escolar. In: GLAT, R.; PLETSCH, M. D. (Org.). 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