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Sentença e Coisa Julgada

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Sentença
A sentença tem conteúdo, tanto que o conceito substanciado a define por este. Ela pode ser terminativa ou processual (art. 267) ou ter conteúdo de sentença definitiva (art. 269). Sobre este último artigo, devemos lembrar que o inciso I é o único que prevê o julgamento do pedido. As outras hipóteses são equivalentes ao julgamento do mérito por força da opção política do legislador, por isso se chama sentença de mérito. 
Além disso, o artigo fala da resolução de mérito quando as partes transigem. Se as partes fazem um acordo durante o processo, o juiz deve homologá-lo, proferindo uma sentença com base no art. 269. Essa hipótese é diferente do caso em que as partes fazem um acordo fora do processo e uma delas ignora o acordo e entra com um processo. Nesse exemplo, o juiz solucionará o processo com base no art. 267. O acordo já dirimiu o processo e, poranto, não existe interesse processual. Aquela parte não precisa da tutela jurisdicional. Ela pode ajuizar uma ação para invalidar o acordo, mas não para solucionar a lide.
Devemos estudar também os efeitos da sentença. Existem três tipos de sentença: declaratória (declara a existência ou inexistência de uma situação jurídica), constitutiva (cria, modifica ou extingue uma situação jurídica) ou condenatória (condena o réu a cumprir uma obrigação de dar – entregar coisa ou pagar, fazer ou não fazer). 
A partir disso, devemos ver o conteúdo, o efeito primário e o efeito secundário de cada uma delas. Devemos também saber quais são os requisitos da sentença, presentes no art. 458, que são o relatório, a fundamentação e o dispositivo. A ausência dos dois primeiros requisitos acarretam a nulidade da sentença, enquanto que a ausência do último implica a inexistência da sentença. 
O conteúdo da sentença é o dispositivo, que representa o que ficou decidido pelo juiz. Os efeitos primários são aqueles que decorrem imediatamente do conteúdo. Eles são o conteúdo em seu modo dinâmico, é a aplicação do conteúdo no plano da vida. Na sentença declaratória da existência de um diploma universitário, o efeito primário é de que o réu é bacharel. Na sentença que declara o divórcio, o efeito primário é que não existe mais casamento. Por fim, na sentença condenatória de um pagamento de 100 mil reais, o efeito primário é que o réu é devedor do autor.
Os efeitos secundários, ao contrário dos primários, não decorrem do conteúdo da sentença. Eles decorrem dos efeitos primários. São tudo aquilo que deve acontecer no plano da vida por força daquela nova situação. Na sentença declaratória da existência de um diploma universitário, os efeitos secundários são vários: o réu terá direito à prisão especial, poderá prestar prova da Ordem, poderá fazer alguns concursos públicos que não exigem carteira da OAB etc. Na sentença que declara o divórcio, o efeito secundário é a possibilidade de casar de novo, por exemplo. Por fim, na sentença condenatória de um pagamento de 100 mil reais, o efeito secundário é a perda de idoneidade financeira, restringindo a concessão de crédito, por exemplo.
Devemos observar que o conteúdo e os efeitos primários decorrem do pedido do autor e da sentença. Para que haja uma sentença, é necessário que o autor faça o pedido da tutela jurisdicional. Os efeitos secundários não são pedidos pelo autor e não são previstos pela sentença. Eles são a acomodação da vida àquele acertamento da justiça. Isso é extremamente prático.
Devemos saber a quem os efeitos da sentença são oponíveis. A doutrina de Liebman revolucionou o direito processual ao determinar que a sentença tem efeitos erga omnes. A coisa julgada, que é a imutabilidade da sentença, só é aplicada às partes. Mas, ainda que as partes não possam modificar a sentença em outra ação judicial, por ser um ato de Estado, todos têm que respeitar a sentença.
Por fim, devemos ver as hipóteses de suspensão do processo (art. 265), em que há o impedimento do proferimento da sentença. Na hipótese de suspensão do processo por convenção das partes, presente no inciso II, as partes devem respeitar os limites do §3º. 
No inciso IV, vemos que estão presentes as prejudicialidades. As alíneas a e c contemplam a mesma hipótese, que é o caso em que verifica-se a existência de um outro processo no qual será julgada uma questão que deve ser enfrentada antes do julgamendo do processo que será suspenso. Essa é uma prejudicialidade externa. A prejudicial da alínea b é interna. Nela, o juiz espera uma informação de outro juízo para julgar o processo. Sobre isso, devemos observar o §5º, que declara que a suspensão não pode ser superior a um ano.
Coisa julgada
Trataremos de três aspectos da coisa julgada: conceito, limites subjetivos e limites objetivos.
O conceito de coisa julgada é a imutabilidade, em relação às partes, do resultado de mérito do processo. Essa imutabilidade ocorre depois do trânsito em julgado. O fenômeno do trânsito em julgado ocorre quando não há mais recursos cabíveis ou quando o recurso possível não é interposto. Isso só ocorre em relação à sentença. Em relação às decisões interlocutórias, o que ocorre é a preclusão.
A coisa julgada decorre de três imperativos. O primeiro deles é social já que, se a lide não fosse considerada como coisa julgada, a convivência em sociedade ficaria impossível. O segundo imperativo é político, já que a coisa julgada existe para afirmar o poder do Estado. Por fim, o imperativo jurídico é aquele que tem por fim gerar a segurança jurídica.
No CPC, a coisa julgada é tratada pelos arts. 467 a 474. O conceito não é esse presente no art. 467. A definição de Liebman para a coisa julgada é uma qualidade que torna imutáveis os efeitos da sentença de mérito. Isso significa que, dado o trânsito em julgado do processo, a sentença se torna imutável, ou seja, ninguém mais pode pretender modificar seus efeitos. É mais exato falar da imutabilidade dos efeitos do que da sentença já que, com isso, são protegidos os efeitos secundários.
A coisa julgada tem limites subjetivos e objetivos. Os primeiros são aqueles que se referem a quem foi atingido pela coisa julgada e não pode mais pode modificar a sentença (art. 472). A parte final do artigo é considerada pela doutrina como uma redundância. Vemos que somente as partes do processo não mais podem modificar os seus efeitos em um outro processo. Os limites objetivos, por sua vez, investigam o que foi atingido pela coisa julgada e não mais pode ser podificado em outro processo. Esse “o que” é o conteúdo da sentença e seus efeitos. Vemos, portanto, que o que está na fundamentação da sentença não está protegido pela coisa julgada. 
Exemplo: uma ação que visa ao pagamento de uma certa quantia em razão do descumprimento de uma cláusula de determinado contrato. O juiz julga improcedente o pedido por estar convencido de que o contrato é inválido. O autor ajuiza uma segunda ação com o objetivo de condenar o pagamento de uma certa quantia em razão do descumprimento de outra cláusula. Este juiz pode entender que o contrato é válido e condenar que o réu pague a quantia. Isso não viola a coisa julgada do primeiro já que a invalidade do contrato não é protegida pela coisa julgada. A invalidade faz parte da motivação do juiz, não do conteúdo. Por isso, o réu deve ajuizar uma ação incidental para que a invalidade do contrato seja protegida pela coisa julgada.
A constatação de que há coisa julgada impede o julgamento de mérito de outro processo, como previsto pelo art. 267, V. Além disso, ela só se opera nas sentenças do art. 269 do CPC, ou seja, nas sentenças de mérito. A partir disso, entendemos a diferença entre coisa julgada formal e material. A primeira significa que ela não mais pode ser modificada no seu processo. A segunda, por sua vez, significa que a sentença e seus efeitos são imutáveis inclusive em outro processo. Só a sentença de mérito produz a coisa julgada material. A coisa julgada formal é a preclusão.
Devemos saber a diferença entre a eficácia da sentença e a coisa julgada.

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