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METODOLOGIA DO FUTEBOL E DO FUTSAL Patrick da Silveira Gonçalves Sistemas e manobras no futebol e no futsal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os diferentes elementos da estruturação dos sistemas de- fensivos e ofensivos do futebol e do futsal. � Distinguir os principais sistemas utilizados no futebol e no futsal e sua aplicabilidade durante a partida. � Identificar o sistema de defesa e ataque a ser utilizado conforme a equipe adversária e o momento da partida. Introdução Embora pareça simples estruturar o sistema de ataque e defesa das equipes de futebol e futsal, esse processo deve ser cuidadosamente planejado, sob a análise das características individuais e coletivas da equipe em treinamento e daquela que se enfrentará durante uma partida. Ainda, outros aspectos são relevantes, como o tamanho da quadra ou do campo, as regras específicas da modalidade e o regulamento da competição de que se está participando e, é claro, as situações ao longo da partida. Com todas as informações em mãos, o treinador pode estabelecer o melhor sistema tático que amplie as possibilidades de ataque e defesa durante a partida. Neste capítulo, apresentaremos detalhadamente os elementos que constituem a estruturação de uma equipe, os principais esquemas táticos empregados por equipes de futebol e futsal e as prin- cipais formas de estruturar os sistemas defensivos e ofensivos. Elementos da estruturação dos sistemas defensivos e ofensivos do futebol e do futsal As ações táticas ofensivas e defensivas das equipes de futebol e futsal devem ser bem articuladas e ensaiadas, o que demanda tempo de aprendizado e entrosamento entre todos os jogadores. Por mais que as equipes ensaiem suas jogadas e movimentações, alguns elementos podem ditar o modo com que os sistemas ofensivo e defensivo se concretizam. Nesta seção, abordaremos tais fatores, evidenciando as suas influências quanto ao modo de jogar nos diferentes momentos que compõem os jogos de futebol e futsal. Muitos treinadores iniciantes pensam que o modelo de jogo de uma equipe é imposto pelo sistema tático a ser empregado. Para além disso, o sistema de jogo passa por inúmeros fatores, como as características dos jogadores adversários e da própria equipe, o local onde determinado jogo será realizado e as regras e os regulamentos das competições. Em outras palavras, o sistema tático abrange todos os fatores implícitos à equipe de futebol ou futsal. Adversário O primeiro aspecto a ser considerado na estruturação dos sistemas ofensivos e defensivos é o adversário. Pouco influenciam a capacidade técnica da equipe e os seus treinos se não houver um estudo criterioso sobre a equipe adversária. Ao jogar contra equipes fortes tecnicamente, o sistema defensivo e as jogadas ofensivas devem se desenvolver de maneira cautelosa, sem permitir espaços para os jogadores adversários realizarem progressões ou efetuarem passes em profundidade. Se a equipe for mais fraca, o posicionamento pode ser enfatizado de modo a oferecer maiores possibilidades ofensivas (MUTTI, 2003). Nesse sentido, os sistemas ofensivos e defensivos devem se adequar ao formato e às características da equipe adversária. O treinador, ao estruturar tais esquemas, deve conseguir identificar, previamente ou durante o andamento da partida, quais os pontos fortes e fracos da equipe que enfrentará, quais são as suas jogadas principais, quais jogadores são referências nas jogadas Sistemas e manobras no futebol e no futsal2 ofensivas e defensivas, como a equipe exerce o seu sistema defensivo (por zona, individual, pressão ou misto) e ofensivo (ataques rápidos, posicionais, de segunda bola ou de contra-ataque) e quais são os jogadores mais habilidosos no desenvolvimento técnico e da tática individual e coletiva (APOLO, 2004; FREIRE, 2006). Buscar informações prévias sobre a equipe adversária é essencial. Portanto, o treinador deve procurar informações sobre os jogos anteriores da equipe adversária, assistindo a tais partidas, treinamentos e gravações ou buscando contatos que forneçam esses dados. Evidentemente, o treinador adversário também fará o mesmo, tentando identificar os aspectos relacionados ao time que enfrentará. Nesse caso, o planejamento quanto aos adversários não deve prever apenas uma estratégia de jogo, tendo em vista que a tática empregada pelos adversários pode mudar para surpreender. Assim, devem ser pensadas alternativas para empregar nos instantes iniciais da partida ou no seu desenrolar. Condição técnica A condição técnica aqui mencionada consiste nas possibilidades técnicas individuais de cada jogador da equipe. Se a equipe é formada predominante- mente por jogadores altamente habilidosos, uma série de estruturas ofensivas e defensivas pode ser desenvolvida, com muitas chances de êxito e desarticulação da defesa e do ataque adversário, já que muitas ações do jogo dependem de habilidades técnicas, como o passe, o domínio, o chute, os lançamentos e as finalizações (SANTINI; VOSER, 2008). Certamente, a maioria das equipes não tem somente jogadores altamente habilidosos. De modo geral, é comum encontrar em equipes que não estão no patamar de alto rendimento muitos jogadores pouco habilidosos tecnicamente. Nestes casos, as estruturas ofensivas e defensivas devem buscar desenvolver suas estratégias centralizando as jogadas nos jogadores mais técnicos, possi- bilitando o êxito das jogadas. Como vimos que o treinador adversário possivelmente terá as informações de quais jogadores são mais habilidosos, deve-se esperar uma marcação mais próxima sobre eles (MUTTI, 2003). Caso isso ocorra, a equipe precisa estar preparada para desenvolver as jogadas com os atletas menos habilidosos, sem forçar que exerçam as jogadas que exigem maiores habilidades técnicas, por exemplo, pela aproximação entre os jogadores, fazendo com que os passes sejam curtos, e pela movimentação constante para abrir linhas de passe sem a necessidade de dribles para romper a marcação adversária. 3Sistemas e manobras no futebol e no futsal Condição física Trata-se de outro fator importante que deve ser levado em consideração na formação das equipes, quanto às jogadas ofensivas e defensivas, e na sua escalação. Ainda que uma equipe disponha de alguns jogadores extremamente habilidosos e capazes de desequilibrar a partida a favor da equipe que defendem, se não estiverem em plenas condições físicas, não conseguirão exercer todo o seu potencial (APOLO, 2004). A estrutura e a execução dos esquemas táticos devem ser condizentes com o estado físico geral de seus jogadores. Em campeonatos de futebol e futsal, é recorrente a necessidade de realizar partidas em intervalos de poucos dias. Quando são muitos jogos e estes demandam maior gasto de energia e desgaste físico pelos jogadores, o estresse aumenta, comprometendo suas capacidades técnicas e táticas. Portanto, as estruturas ofensivas e defensivas devem ser formadas de maneira integrada ao setor da preparação física, de fisiologia e de nutrição, buscando maximizar a condição física dos atletas e a identificação daqueles que não estão em plenas condições. Quando o time apresenta uma condição física comprometida, as estruturas que demandam maior vigor físico, as marcações individuais e do tipo pressão, assim como os ataques rápidos e contra-ataques não devem representar o centro de jogadas da equipe. É importante, também, conseguir identificar os jogadores com a condição física comprometida de modo mais rápido, poupando-os para jogos mais de- cisivos. Ainda, é essencial compreender como eles se apresentam em quadra, estando o treinador pronto para substituí-lo ou orientar a equipe para jogadas que não necessitem de tanto vigor físico, variando seu modo de jogar em relação àqueles mais cansados. Aspectos psicológicos Os aspectos psicológicos são extremamente importantes para a formação defensiva e ofensiva.Por mais que estejam em suas plenas condições físicas e técnicas, se os jogadores não estiverem tranquilos, confiantes e motivados para exercer as suas funções em quadra ou em jogo, alguma jogada pode se tornar ineficiente (MUTTI, 2003). Sistemas e manobras no futebol e no futsal4 As condições psicológicas dos jogadores variam individualmente e são influenciadas por muitos fatores. Para alguns atletas, o contato com a tor- cida adversária, quando de jogos realizados na condição de visitante, pode desestabilizá-los emocionalmente. Para outros, os jogos “em casa”, sob o olhar da própria torcida, pode ser motivo de maior preocupação. Do mesmo modo, ao retornarem da recuperação de uma lesão, alguns jogadores não se demonstram confiantes para realizar gestos motores inten- sos com o membro recuperado. O desenvolvimento da partida também pode promover uma desestruturação psicológica. Em algumas partidas, quando as jogadas são mais ríspidas, alguns jogadores não conseguem se controlar, agredindo de modo desleal seus adversários. Outros fatores, como as situações particulares de cada jogador, influenciam os aspectos psicológicos. Como exemplos, podemos citar a experiência em participar de determinados campeonatos ou jogos (p. ex., aqueles no formato “mata-mata” ou finais de competição), o desempate de um jogo por meio de uma disputa de pênaltis, a cobrança de um tiro livre direto, que, se bem executado, garantirá a classificação ou a vitória à partida, e a sua relação do atleta com o clube, o treinador e os companheiros (APOLO, 2004). Dessa forma, o treinador precisa identificar como os atletas se apresentam durante os treinamentos e partidas e como reagem a determinadas situações. A ação desse profissional também consiste em dar suporte psicológico para os jogadores e buscar integrar-se com serviços especializados (psicólogos) para que o trabalho tático não seja comprometido. Situações durante a partida As estruturas ofensivas e defensivas se orientam também de acordo com o que ocorre em campo ou em quadra. Sofrer ou realizar gols pode mudar substan- cialmente o modo como a equipe adversária se coloca em campo, demandando que as jogadas da equipe também sofram modificações (MUTTI, 2003). Outras situações de jogo, como a ineficiência do esquema ofensivo ou defensivo utilizado, proporcionando muitas jogadas de ataque ao adversário e poucas chances de gol para a própria equipe, devem ser identificadas e corrigidas o mais rápido possível, para aumentar as possibilidades de gol. Outros eventos, como a expulsão de um jogador da própria equipe ou da equipe adversária (ou de ambas ao mesmo tempo), a lesão de determinado jogador e o cartão amarelo para jogadores encarregados da contenção de- vem ser considerados para promover a eficiência das jogadas defensivas e ofensivas. 5Sistemas e manobras no futebol e no futsal Dimensões da quadra ou do campo O tamanho da quadra, ou seja, as dimensões do campo no qual os jogadores podem desenvolver suas jogadas, também constitui um elemento que modifica o modo de jogar. No futsal, o tamanho oficial de uma quadra é de 40 metros de comprimento e 20 metros de largura. Embora no futsal essas medidas devam ser únicas para todos os jogos, campeonatos de iniciação ou jogos escolares são comumente desenvolvidos em quadras com dimensões menores (MUTTI, 2003). Já no futebol, os principais campeonatos nacionais devem ocorrer em campos com medidas específicas (105 metros de comprimento e 68 metros de largura, de acordo com a regulamentação da Confederação Brasileira de Futebol, órgão regulamentar máximo no Brasil). No entanto, de acordo com a Federação Internacional de Futebol (FIFA), as dimensões são mais flexíveis — os campos devem ter entre 90 e 120 metros de comprimento e 45 a 90 metros de largura. De acordo com a última regulamentação, uma equipe pode jogar, por exemplo, uma partida em um campo de 90 × 45 metros e outra em um com dimensões de 120 × 90 metros. A variedade de dimensões de uma quadra ou um campo possibilita o de- senvolvimento de jogadas específicas e influencia na formação dos esquemas. Por exemplo, campos com maior largura facilitam a atuação de jogadores que atuam pelas laterais e campos mais estreitos retiram essa possibilidade, já que o time busca espaços pelo centro de jogo; já campos mais longos possibilitam as jogadas em velocidade e dribles, enquanto os mais curtos exigem maior troca de passes e movimentações. Com equipes que dispõem de campo próprio e que disputam campeonatos de pontos corridos, é preciso enfatizar a atuação nesse local, já que nele se desenvolverá a maioria dos jogos. No entanto, em jogos realizados em apenas um campo ou em campos desconhecidos pela equipe, o treinador deve buscar identificar as dimensões de jogo, adotando o melhor esquema para que sua equipe possa obter a vitória. Regras e regulamento O conhecimento das regras deve ser sempre levado em consideração para elaborar uma tática. No futsal, muitas se modificaram, em especial aquelas que determinam as possibilidades e limitações de atuação do goleiro, que, por diversas vezes, é essencial para as jogadas ofensivas e defensivas de uma Sistemas e manobras no futebol e no futsal6 equipe. Em jogos escolares e de jogadores iniciantes, são bastante comuns as modificações de regras de modo a deixar o jogo mais disputado entre as duas equipes. Dessa forma, o treinador deve buscar conhecer todas as regras de jogo, suas modificações, suas possibilidades e limitações para a estruturação de sua equipe (MUTTI, 2003). Além das regras, deve-se conhecer o regulamento das competições, pois, dependendo dele, tornam-se necessárias modificações nas formas de jogar. Por vezes, o saldo de gols, a quantidade de gols sofridos ou realizados, o número de vitórias e a vantagem de se jogar por um empate são fatores que interferem na formação tática. Observe o quadro a seguir, que exemplifica uma possibilidade de modificação da forma de jogar conforme o regulamento de uma equipe. Observe a equipe Araranguá F.C.. Equipe Pontos Jogos Saldo de gols F.C Aliança 6 2 9 Araranguá F.C. 6 2 4 F.C. São Clemente 3 2 -4 Ipanema 0 2 -6 Imagine que os últimos confrontos, o que determinará os dois times que seguirão adiante na competição, serão entre Aliança e Araranguá e entre o time São Clemente e Ipanema. Nesse caso, ao reparar a sua classificação, o treinador do Araranguá pode optar por uma tática mais defensiva, que busque o empate ou, se perder, que não sofra tantos gols, dificultando que a equipe São Clemente, caso vença o seu jogo, o ultrapasse. Dessa forma, o que pudemos observar é que muitas são as variáveis que delimitam os esquemas táticos empregados pelas equipes de futebol ou futsal. Essas formas originam os sistemas táticos, que delimitam as zonas nas quais cada jogador deve atuar, suas movimentações e suas funções em quadra ou em campo. A seguir, abordaremos com maior profundidade os principais sistemas táticos utilizados pelas equipes de futsal e futebol atualmente. 7Sistemas e manobras no futebol e no futsal Principais sistemas utilizados no futebol e futsal e sua aplicabilidade durante a partida Ao considerar os elementos que estruturam os sistemas ofensivos e defensivos de sua equipe, o treinador deverá adotar o sistema tático, ou sistema estru- tural, que melhor se adapte às suas ideias de atacar e neutralizar os ataques adversários. No futebol e no futsal, são diversas as possibilidades de formar o sistema tático de uma equipe. Atualmente, os esquemas utilizados pelas equipes de futsal são o 2×2 (em menor quantidade), o 3×1 ou 1×3 (para a iniciação desportiva ou equipes recém-formadas, o 4×0 (bastante utilizado pelas equipes de alto rendimento) e o 1×4 ou 0×5 (quando da necessidade de utilizar o goleiro) (APOLO, 2004; MUTTI, 2003). No futebol, são mais comuns os sistemas 4-4-2, 3-5-2 e 4-3-3, todos com aplicabilidade tanto por equipes iniciantes (especialmente o 4-4-2)quanto de alto rendimento (GARGANTA, 1997; LEITÃO, 2004). A seguir, discutiremos a aplicabilidade de cada um desses sistemas durante as partidas de futebol e futsal. Embora existam muitas possibilidades de esquematizar taticamente a equipe, a Fe- deração Internacional de Futebol só reconhece seis: 1-1-8, 3-4-3, 4-2-4, 4-3-3, 4-4-2 e 3-5-2. Todos os demais modos possíveis de formar taticamente uma equipe são considerados variações desses sistemas. Futsal: sistema tático 2×2 O sistema tático 2×2 (Figura 1) é pouco utilizado por equipes profissionais do futsal, já que limita a movimentação dos jogadores em quadra. Ainda assim, trata-se do sistema de jogo principal para equipes de iniciantes ou de categorias menores, já que requer menor técnica e menor condição física dos atletas. Por não oferecer grandes possibilidades de movimentação, esse formato é indicado para realização em quadras pequenas (SANTINI; VOSER, 2008). Sistemas e manobras no futebol e no futsal8 Nesse sistema, as posições dos jogadores são fixas, isto é, dois jogadores se encontram na linha de defesa, à frente da linha do goleiro, com a função de neutralizar os ataques adversários, e dois jogam no ataque, com a função de superar a defesa adversária e realizar gols. O sistema 2×2 é principalmente utilizado contra equipes que também jogam no 2×2 (MUTTI, 2003). Durante uma partida de futsal, esse sistema pode se aplicar às equipes cujos jogadores não conseguem desempenhar a complexidade de funções em quadra, limitando as áreas de atuação e as ações a eles atribuídas. Para tanto, delimitam-se quatro quadrantes para a atuação de cada jogador. Esse sistema também se torna importante para a formação do atleta, já que o profissional pode estabelecer um “rodízio” entre os jogadores, fazendo-lhes experimentar as diferentes situações de um jogo de futsal. Figura 1. Sistema tático 2×2. Fonte: Adaptada de Mutti (2003). 1 3 2 5 4 9Sistemas e manobras no futebol e no futsal Futsal: sistema tático 3×1 ou 1×3 Os sistemas 3×1 e 1×3 (Figura 2) se originam como um aperfeiçoamento ao sistema 2×2. Uma vez que os treinadores identificam as limitações das equipes, formatam suas equipes de modo a obter a vantagem numérica nas situações de defesa ou de ataque. Assim, esses sistemas são os mais utilizados atual- mente na formação de jogadores iniciantes. Neles, a formação dos jogadores se dá em formato de losango, e não em quadrado, como no sistema anterior (MUTTI, 2003). Como característica principal, há um defensor (fixo) — que atua centrali- zado à frente da área do goleiro e também exerce algumas funções ofensivas —, dois jogadores que atuam próximos a cada uma das linhas laterais (alas) — com a função de fazer um vaivém, auxiliando nas situações de defesa e de ataque — e um atacante (pivô), que joga sempre de maneira mais adiantada em relação aos demais jogadores, tanto nos ataques quanto em algumas situações de que participa quando defende. Nas ocasiões de ataque e defesa, podemos evidenciar uma variação na estrutura desses sistemas táticos, isto é, o 3×1, quando a equipe inicia suas jogadas ofensivas, ainda no setor defensivo, com os alas e o fixo se movimen- tando para obter espaços para receber e passar a bola, fazendo com que ela chegue até o pivô, e quando, em situações defensivas, o fixo vigia a região mais central da zona defensiva e os alas buscam defender pelas extremidades laterais da quadra. Nessa ocasião, o pivô se desloca até o centro da quadra, dando combate ao jogador mais recuado da equipe adversária. Já o sistema 1×3 se dá quando a equipe está no ataque, ou seja, quando a bola é tocada no pivô, em que os alas avançam, para realizar manobras ofensivas, paralelamente às linhas laterais ou na diagonal, em direção ao gol, com o intuito de finalizar a jogada (SANTINI; VOSER, 2008). Durante a partida, o 3×1 ou 1×3 oferece diversas opções de manobras ofensivas e defensivas. Em especial, podemos identificar jogadas que pro- porcionam inúmeras trocas de posições entre os jogadores, como fixo-pivô, ala-pivô, fixo-ala e ala-ala, que oferecem maiores possibilidades de atacar confundindo a defesa adversária. No entanto, sua limitação reside no fato de a ênfase estar nos jogadores fixo e pivô permanecerem em suas zonas de atuação, na maioria das vezes. Assim, o que vemos com maior frequência é a participação efetiva de apenas três jogadores nos momentos de ataque e três nos momentos de defesa, sendo mais aplicado contra equipes que jogam no sistema 2×2 ou 3×1 ou 1×3. Sistemas e manobras no futebol e no futsal10 Figura 2. Sistema tático 3×1 ou 1×3. Fonte: Adaptada de Mutti (2003). 1 3 2 5 4 1 1 3 2 5 4 1 Futsal: sistema tático 4×0 O sistema 4×0 (Figura 3), também conhecido como “4 em linha”, representa o esquema estrutural fundamental das principais equipes de futsal da atualidade e, em especial, nos jogos realizados em quadras com dimensões oficiais, comuns em alguns países europeus e, mais recentemente, no Brasil. Nesse sistema, os jogadores devem se manter em constante movimentação, recebendo e trocando a bola. De modo geral, dois jogadores ficam mais adian- tados e dois mais recuados (na meia quadra defensiva, por onde a bola circula mais). Ainda que esta seja a formação inicial, todos os jogadores circulam pelas diversas posições (APOLO, 2004). O objetivo central do sistema 4×0 é fazer com que a recorrente troca de passes e a constante movimentação dos jogadores promovam o deslocamento contínuo da defesa adversária, abrindo brechas para as infiltrações. No mo- mento em que a defesa adversária se desorganiza, a bola é passada para o jogador próximo do gol, que efetuará a finalização. Assim como todos os jogadores participam das jogadas de ataque, todos participam também da defesa ao ataque adversário. Não há, portanto, a definição fixa de posições, como nos sistemas 2×2 e 3×1 ou 1×3. 11Sistemas e manobras no futebol e no futsal Seu grande benefício é a possibilidade de rupturas na defesa adversária com a grande variedade de jogadas, já que todos os jogadores trocam de posição a todo instante. Além disso, não há dependência de jogadores para efetuar a finalização, o que geralmente se dá no sistema 3×1 ou 1×3 (MUTTI, 2003). No entanto, esse sistema requer bastante entrosamento entre os jogadores, uma vez que deve haver bastante precisão nos passes e articulação precisa das movimentações entre todos os jogadores. Além disso, esse sistema exige um preparo físico extraordinário dos atletas, já que não há a possibilidade de “guardar posição”. Outro elemento a ser considerado refere-se ao fato que, na perda de bolas para a defesa adversária, a organização defensiva é mais complexa, já que dependerá da posição em que cada jogador se encontrava no momento de ataque. Ainda assim, quando realizado de maneira correta, compreende o sistema o que cria mais oportunidades de fazer gols, principal- mente contra times que jogam com posições definidas, como no 2×2 e no 3×1. Figura 3. Sistema tático 4×0. Fonte: Adaptada de Mutti (2003). 6 7 5 4 1 Sistemas e manobras no futebol e no futsal12 Futsal: sistema tático 1×4 ou 0×5 Além dos sistemas táticos citados, é possível usar um esquema estrutural que oferece uma vantagem numérica de jogadores em quadra com a utilização do goleiro. No futsal, além de defender, o goleiro pode realizar passes e finalizações com os pés (APOLO, 2004). No entanto, o goleiro pode tocar a bola em sua quadra de defesa apenas uma vez. Para tornar a fazê-lo, é necessário que a bola tenha tocado um adversário ou adentrado a meia quadra ofensiva. Portanto, ao ser utilizado como jogador de linha (goleiro-linha), o goleiro precisa que seus companhei- ros estejam predominantemente na zona de ataque, recebendo e efetuando os passes para eles. Geralmente, os goleiros participam dos sistemas 1×4 ou 0×5 como os jogadores mais recuados de seus times, de maneira centralizada e efetuando passes e armações paracolocar seus companheiros em situações favoráveis. No entanto, algumas variações à posição do goleiro-linha também são possíveis. No link a seguir, você conhecerá mais características do goleiro-linha. https://qrgo.page.link/bCga No sistema 1×4 (Figura 4), geralmente o goleiro é substituído por um jogador de linha (que desempenhará todas as funções de goleiro), ampliando a capacidade técnica de finalizações, passes e dribles, habilidades de que, tradicionalmente, os goleiros não dispõem. Para tanto, o jogador de linha, ao entrar no lugar de um goleiro, deve vestir o uniforme específico para tal função. O sistema 1×4 trata, portanto, do goleiro jogando na meia quadra defensiva ou ofensiva, podendo ser uma opção de realizar, principalmente, passes para a sua equipe. Já o 0×4 se dá quando o goleiro ingressa na zona de ataque, podendo, além do passe, realizar muitas finalizações. Por haver um jogador de linha a mais em quadra, esse sistema possibilita que um jogador sempre esteja livre de marcação, facilitando as jogadas de ataque (SANTINI; VOSER, 2008). 13Sistemas e manobras no futebol e no futsal A principal restrição a esse sistema refere-se ao risco que a equipe se expõe ao atuar com o goleiro próximo à sua meta, isto é, como o goleiro- -linha atua bastante adiantado, caso a equipe perca a bola, os jogadores adversários terão a oportunidade de finalizar de qualquer local da quadra contra uma meta desprotegida, já que a trajetória da bola tende a ser mais rápida que a recolocação do goleiro. Por se tratar de uma estratégia com um sistema ofensivo que oferece muitos riscos, geralmente é empregado por equipes em desvantagem no placar e que precisam buscar reverter a derrota iminente a qualquer custo. Figura 4. Sistemas táticos 1×4 e 0×5. Fonte: Adaptada de Mutti (2003). 1 5 7 54 5 7 5 4 1 1 Assim, os sistemas 2×2, 3×1 ou 1×3, 4×0 e 1×4 ou 0×5 são os mais comuns no futsal. Contudo, independentemente do esquema escolhido, ele deve aten- der aos elementos considerados quando da estruturação dos sistemas táticos (APOLO, 2004; MUTTI, 2003; SANTINI; VOSER, 2008). No futebol, há uma variedade maior em posicionar os jogadores em campo e atribuir-lhes funções específicas, pois, nesse caso, a quantidade de atle- tas de uma mesma equipe e as dimensões dos campos de jogo são maiores, oferecendo mais possibilidades aos treinadores ao estruturarem seus times. A seguir, apresentaremos maiores detalhes sobre os principais esquemas utilizados atualmente. Sistemas e manobras no futebol e no futsal14 Futebol: sistema tático 4-4-2 Em sua origem, o futebol apresentava como sistemas táticos dominantes aqueles que procuravam enfatizar o ataque, com inúmeros jogadores atuando próximo ao gol adversário. Acreditava-se, assim, que quanto mais jogadores de ataque estivessem em campo, maior seria a quantidade de gols. De fato, os placares das partidas de futebol do final do século XIX e início do século XX demonstram que muitos gols eram marcados. No entanto, aos poucos, as equipes começaram a identificar que, tão importante quanto fazer gols, era preciso evitar que a equipe adversária fizesse o mesmo (CASTELO, 1992). Assim, os sistemas táticos começaram a se aperfeiçoar, de modo que os setores de defesa, o de ligação entre a defesa e o ataque e o de ataque apresentassem certo equilíbrio, maximizando as chances de fazer gols e, ao mesmo tempo, buscando neutralizar as jogadas adversárias. Entre os diversos formatos possíveis, surgiu o 4-4-2 (LEITÃO, 2004). No sistema 4-4-2 tradicional, quatro jogadores atuam defensivamente em linha, dois deles (zagueiros) com funções exclusivamente defensivas e dois deles atuando pelas laterais, também com a função de apoiar as jogadas de ataque. À frente, outra linha de jogadores se forma, são os meio-campistas que geralmente jogam formando um quadro, dois (volantes) atuam mais defensi- vamente, protegendo os zagueiros e auxiliando nas trocas de passes ofensivas, e dois (meias ofensivos) atuam à frente dos volantes, auxiliando na marcação dos volantes adversários e na cobertura ofensiva ao ataque, armando jogadas que desestabilizam os zagueiros adversário. Mais adiantados, dois atacantes são os principais responsáveis pelas finalizações, normalmente atuando em linha, um deles mais centralizado (centroavante) e o outro buscando realizar dribles e infiltrações na defesa adversária (segundo-atacante). Esse formato do 4-4-2 busca o equilíbrio em todas os setores do campo, fazendo com que os jogadores ocupem os espaços, sem faltar, com isso, apoio e cobertura às jogadas ofensivas, pelas trocas de passes, e às jogadas defensivas, pela cobertura defensiva. Outras formas do 4-4-2 também são encontradas, buscando criar alternativas ao ataque ou à defesa (FIGUEIRA; GRECO, 2008): � 4-4-1-1 — nessa variação um dos atacantes (segundo-atacante) atua mais recuado, buscando efetuar os dribles e as penetrações à equipe adversária pelo centro ou pelas laterais do campo, alternando a sua função com os meias ofensivos. Esse formato se adapta quando a defesa adversária é compacta, dificultando a atuação dos segundo-atacantes próximos da área. Também é comum a substituição deste jogador por 15Sistemas e manobras no futebol e no futsal outro meia ofensivo, de modo a conseguir melhores jogadas de armação para finalização de média distância; � 4-5-1 — essa variação também é adaptável quando não há espaços na área adversária e se busca, ao mesmo tempo, impedir os passes adver- sários no meio-campo e o avanço dos laterais. Assim, geralmente um atacante ingressa, substituído por um meio-campista. No meio-campo, há os dois volantes e três volantes ofensivos, dois deles atacando pelas laterais do campo, buscando avançar nas diagonais em direção ao gol ou indo em direção à linha de fundo, no intuito de realizar lançamentos para o centroavante; � 4-1-2-1-2 — esse formato se aproxima do 4-4-2 tradicional. No entanto, a formação dos meio-campistas forma uma espécie de losango, com apenas um volante, centralizado, com a função de proteger a defesa, dois meio-campistas em linha, para apoiar o ataque e a defesa, e a dupla de atacantes, mais à frente. Futebol: sistema tático 3-5-2 O sistema 3-5-3 apresenta como principal inovação o líbero, um jogador que geralmente realiza a cobertura defensiva dos dois zagueiros, que atuam mais adiantados. Outro objetivo consiste em povoar o meio-campo, diminuindo as possibilidades de trocas de passes nesse setor pela equipe adversária. Assim, esse esquema estrutural é mais aplicado nos jogos em que se enfrentam times adversários com meio-campistas habilidosos ou jogos realizados em campos mais largos (FIGUEIRA; GRECO, 2008). Além dos zagueiros, portanto, há: mais à frente, jogam dois volantes; pouco à frente destes, jogando próximo às linhas laterais, estão dois alas, que desempenham o apoio ofensivo, realizando lançamentos pelas laterais em direção à área do goleiro adversária; mais à frente, com a função de apoiar o ataque, dois meias ofensivos; e, finalizando a linha de frente, dois atacantes. Nesse formato, uma variação comum refere-se à substituição de um volante por um meia ofensivo, enfatizando mais, respectivamente, a defesa ou o ataque. Nesse sistema tático, são possíveis outras variações (LEITÃO, 2004): � 3-4-3 — nesse formato, o meio-campo assume as formas possíveis do 4-4-2, jogando em linha (dois volantes e dois meias pelas laterais), em formato de quadrado (dois volantes e dois meias ofensivos) ou losango (um volante, dois meias pelas laterais e um meia ofensivo centralizado) e o ataque ganha a presença de mais um jogador. Geralmente, o ataque Sistemas e manobras no futebol e no futsal16 passa a ser formado por dois atacantes laterais (pontas), que buscam a linha de fundo para realizar lançamentos; � 3-6-1 — esse sistema busca povoar ainda mais o setor de meio-campo, com um atacante sendo deslocado para o meio-campo ou substituído por umjogador desse setor, buscando as infiltrações e o deslocamento do adversário para o centro de jogo, facilitando as jogadas dos meio- -campistas que atuam pelas laterais; � 3-4-2-1 — esse esquema conta com um meio-campo mais defensivo, no qual dois alas ficam na mesma linha dos volantes, impedindo o avanço dos meio-campistas laterais adversários. À frente destes, dois meias ofensivos tentam abastecer o centroavante para que este finalize ou realize infiltrações na defesa adversária; � 5-3-2 — nesse sistema, a ênfase também é defensiva. Os alas recuam ainda mais, auxiliando os zagueiros na cobertura defensiva pelas laterais do campo. À frente dos jogadores de defesa, forma-se um triângulo com um ou dois volantes e, respectivamente, dois ou um meias ofensivos; � 5-4-1 — considerado um dos esquemas mais defensivos do futebol atual. A primeira linha de defensores é igual à do 5-3-2. No meio-campo, outra linha se forma, com dois, três ou quatro volantes, impedindo o avanço dos meio-campistas adversários pelas laterais ou pelo centro de jogo. Eventualmente, o meio-campo é formado por apenas um volante e três meio-campistas mais ofensivos, abastecendo o centroavante que atua de maneira isolada no ataque. Futebol: sistema tático 4-3-3 Considera-se o 4-3-3 um esquema ofensivo, pois, além de três atacantes, possibilita a atuação de dois meias ofensivos e dois laterais que podem apoiar as jogadas. Evidentemente, nem todos esses jogadores atacam ao mesmo tempo, isto é, os zagueiros não ficam sozinhos na cobertura aos contra-ataques adversários, pois há um rodízio de funções. Enquanto um lateral ataca, um meia que atua no lado correspondente cobre as “suas costas” evitando o contra- -ataque adversário naquela situação. Ao mesmo tempo, o lateral oposto auxilia os zagueiros na defesa. É possível, também, que o setor de meio-campo seja formado por dois volantes e apenas um meia ofensivo, dando maior proteção aos zagueiros (FIGUEIRA; GRECO, 2008). A formação passa, portanto, a ser, na defesa, de uma linha com dois zaguei- ros e dois laterais; no meio-campo, um ou dois volantes e um ou dois meias ofensivos; e, no ataque, dois pontas que buscam realizar as jogadas próximo 17Sistemas e manobras no futebol e no futsal à lateral da quadra, em direção à linha de fundo e o centroavante centralizado à frente do goleiro adversário. Por se tratar de um esquema que “esvazia” o setor de meio-campo, o 4-3-3 se aplica contra adversários que não têm um meio-campo de muitos jogadores ou de atletas pouco habilidosos nesse setor. Também é ideal para campos mais estreitos, já que as dimensões menores em largura fornecem menor espaço de atuação aos poucos atletas meio-campistas (LEITÃO, 2004). Pode variar entre: � 4-2-3-1 — nessa variação, o meio-campo é formado por dois volantes, e os pontas jogam recuados no meio-campo ou são substituídos por jogadores desse setor. Nesse caso, a característica desses meias ofensivos que atuam pelas lateais é a de realizar infiltrações pelas diagonais, em direção ao gol adversário ou realizar finalizações próximo à área. É bastante comum, nessa última situação, que jogadores destros atuem pela esquerda do campo de ataque e jogadores canhotos pela direita do campo de ataque, facilitando as finalizações; � 4-3-2-1 — esse esquema busca fornecer maior segurança à defesa, estabelecendo que três meio-campistas atuem quase em linha à frente dos zagueiros. À frente desses volantes, os pontas são substituídos por meias ofensivos, que atuam quase de maneira exclusivamente ofensiva e, mais adiantado, o centroavante. Dessa forma, podemos reconhecer que há diferentes formas de estruturar a equipe no futebol e, embora haja outras possibilidades, são menos usuais. Na Figura 5, você pode identificar como as equipes se estruturam nos sistemas táticos mais utilizados atualmente. As características e as funções dos jogadores também podem variar bas- tante, possibilitando, dentro de um mesmo esquema, diversas formas de a equipe se postar em campo. Um exemplo clássico refere-se à recorrente ausência do centroavante em qualquer sistema tático, adotando um, dois ou três joga- dores na zona de ataque com as características principais de movimentação, condução e dribles. Evidentemente, a quantidade de jogadores no setor defensivo ou ofensivo não é determinante no modo de jogar desses setores. Além de todos os elemen- tos que constituem a estruturação da equipe e o sistema estrutural empregado, devem ser considerados os sistemas específicos de defesa e ataque. Sistemas e manobras no futebol e no futsal18 Figura 5. Sistemas táticos do futebol. Fonte: Adaptada de BOLDG/Shutterstock.com. Sistemas de defesa e ataque e sua utilização em relação à equipe adversária e ao momento da partida Os sistemas táticos dependem, como vimos, de diversos elementos que buscam oportunizar as chances de finalização e neutralizar os ataques adversários. No entanto, o posicionamento dos atletas em campo, para obter vantagem na ocupação de espaços e buscar brechas para a infiltração, não determina as movimentações que devem fazer quando o time detém ou não a posse da bola. Para isso, são delimitados esquemas táticos exclusivos para estruturar a defesa e o ataque de uma equipe. Nesses diferentes arranjos ofensivos e defensivos, cada jogador deve agir de maneira conjunta com as tomadas de decisão de seus companheiros e, também, dos atletas adversários. De modo geral, o modo como uma equipe 19Sistemas e manobras no futebol e no futsal ataca ou defende depende quase exclusivamente da maneira como a equipe adversária atacará ou defenderá, ou seja, o sistema ofensivo ou defensivo escolhido busca justamente identificar os pontos fortes e fracos da equipe adversária. A seguir, detalharemos como cada um desses sistemas é utilizado conforme a estrutura da equipe adversária. Sistema de defesa individual O sistema defensivo do tipo individual busca delimitar a atuação do defensor em relação a um atacante adversário específico. Por exemplo, no sistema de marcação individual, cada atacante é responsável pela marcação sobre cada um dos zagueiros adversários, os meias ofensivos marcam os volantes, os volantes marcam cada um dos meio-campistas ofensivos, os laterais marcam os laterais adversários e os zagueiros marcam os atacantes. Independentemente da movimentação da equipe adversária, quando a sua equipe estiver sem a bola, o defensor deverá “perseguir” o jogador adversário que ficou incumbido de marcar, ou seja, cada jogador é responsável por frear os avanços e dribles de um jogador específico (MUTTI, 2003). Pela necessidade de acompanhar os adversários em todas suas movimen- tações, esse sistema é mais comumente aplicado por equipes de futsal, pelo fato de as dimensões da quadra dessa modalidade serem substancialmente menores. No entanto, é possível também utilizá-lo no futebol, embora geral- mente aplicado somente em alguns jogadores (defesa mista), geralmente os mais habilidosos da equipe adversária. Esse sistema deve ser utilizado quando o ataque adversário é realizado de modo posicional, sem grandes movimentações e trocas de posições entre os jogadores. Ainda, é aplicável diante de equipes sem jogadores velozes. Caso contrário, a defesa individual pode ser pouco eficiente, provocando a desorganização defensiva e um grande desgaste físico dos atletas. Quando a equipe atua integralmente por defesa individual na modalidade do futebol, com frequência são permitidas várias brechas. Nesse sentido, esse formato defensivo deve ser aplicado somente sobre os jogadores mais habili- dosos da equipe adversária, por meio dos quais as jogadas de ataque são em geral articuladas. Assim, é bastante comum a atuação do melhor zagueiro ou do melhor volante sobre o melhor atacante e o melhor meio-campista ofensivo do time adversário, respectivamente. Ainda, frente aos ataques por segunda bola, o melhor zagueiro pode atuar sobre o centroavante, dificultandoas suas ações (APOLO, 2004). Sistemas e manobras no futebol e no futsal20 Outro fator que pode favorecer a defesa individual é o sistema tático em- pregado pela equipe adversária. Os times que empregam os sistemas 4-3-3 e 4-4-2, por vezes, aderem somente a um meia-ofensivo, com a função de articular as jogadas entre a defesa e o ataque. Estabelecer a presença de um marcador, de modo a exercer a defesa individual, pode desarticular as jogadas ofensivas adversárias. Sistema de defesa por zona Consiste na demarcação de quadrantes imaginários no campo, cada um dos quais de responsabilidade defensiva de um jogador específico, ou seja, o jogador adversário que adentrar esse quadrante deverá ser marcado pelo defensor que ficou responsável por essa seção do campo ou da quadra. No futsal e no futebol, trata-se de um sistema defensivo bastante comum, uma vez que possibilita a melhor distribuição dos defensores em campo, minimizando os espaços de atuação e as brechas à defesa adversária (MUTTI, 2003). Para realizar a defesa por zona, a equipe deve dispor de jogadores dis- ciplinados em relação à sua função, isto é, a displicência em permanecer em determinado local, impedindo os avanços do ataque adversário, pode desorganizar toda a equipe, já que outro jogador deverá sair de sua posição previamente estabelecida para cobrir o “espaço vazio”, e assim sucessivamente, deslocando todos os jogadores. Em relação à equipe adversária, esse sistema se adapta melhor às situações em que se enfrentam ataques posicionais e rápidos. No primeiro caso, a ação previsível dos atacantes adversários ao permanecerem em determinados se- tores dificulta a delimitação dos quadrantes imaginários. No segundo caso, a marcação por zona possibilita uma maior cobertura ofensiva, já que os espaços vazios ficam restritos. Assim, o atacante adversário, ao efetuar o drible em um defensor e ultrapassá-lo, ao adentrar outro quadrante, certamente encontrará outro defensor, aumentando as chances de recuperação da posse de bola pela equipe adversária (APOLO, 2004). É preciso destacar que a marcação por zona possibilita que os jogadores adversários atuem com a marcação distante, aumentado as chances de efetuar finalizações de longa e média distâncias. Assim, na presença de jogadores habilidosos nesse fundamento, a defesa por zona deve ser evitada ou mista, com um jogador defensivo atuando individualmente sobre o melhor finalizador de média e longa distância. 21Sistemas e manobras no futebol e no futsal Sistema de defesa por pressão Bastante arriscado por permitir muitos espaços no setor defensivo da própria equipe, no sistema de defesa por pressão todos os jogadores, quando a equipe não está com a posse da bola, avançam em direção ao campo de ataque adver- sário, buscando recuperar a bola antes que a transição defesa-ataque adversária se concretize, ou seja, ainda quando os zagueiros, laterais ou volantes estão com a bola. Por se tratar de um sistema que não promove muita segurança à defesa do próprio time, geralmente é colocada em prática quando da neces- sidade de reverter uma desvantagem no placar, em uma espécie de “tudo ou nada” (APOLO, 2004). Nesse formato defensivo, a atuação de todos os jogadores é essencial. Baseia-se, como abordado, na contenção e na recuperação de bola ainda na meia-quadra ou no meio-campo adversário. Para aumentar as chances de recuperar a posse de bola, é comum a ação de dois ou três defensores sobre um único atacante. Nesse caso, aplica-se a defesa por zona, na qual o jogador de um setor aproxima-se de modo efusivo do atacante e o jogador da zona mais próxima também se desloca, impossibilitando passe ou dribles. Por exigir uma atuação enérgica e exaustiva, esse sistema somente deve ser aplicado em determinados momentos do jogo e quando a equipe está em plenas condições físicas. Caso contrário, a equipe chegará ao estresse fisio- lógico rapidamente e o rendimento cairá substancialmente. Quando de uma inferioridade numérica, por expulsão ou lesão, esse modelo deve ser evitado, pois viabiliza a desmarcação de dois ou mais jogadores adversários. Em relação à equipe adversária, é indicado contra times com jogadores defensivos pouco habilidosos tecnicamente, com dificuldades em fazer passes e dribles sob forte marcação. E, ainda, no caso de equipes que têm como modo de atacar os ataques rápidos. Esse tipo de defesa também se aplica quando a equipe adversária está em desvantagem quanto ao número de jogadores em campo, seja por uma expulsão, seja por uma lesão que impossibilite a subs- tituição. Nesses casos, a superioridade numérica torna possível a atuação de dois defensores sobre um jogador adversário sem que promover a liberdade de qualquer outro jogador durante a partida (CASTELO, 1992). Sistema de defesa mista ou combinada Esse sistema busca obter o equilíbrio defensivo, estabelecendo diferentes tipos de esquemas durante a partida. Por exemplo, no futsal, essa prática é bastante comum ao estabelecer, quando a bola está no campo adversário Sistemas e manobras no futebol e no futsal22 defensivo, uma marcação do tipo pressão ou individual, em que cada jogador tenta retirar a bola o mais próximo do seu campo de ataque. Quando a bola cruza o meio da quadra, o sistema de defesa se modifica, passando a atuar sob o esquema por zona, diminuindo os espaços de atuação dos jogadores adversários (APOLO, 2004). Também é bastante comum no futebol, com os meio-campistas ofensivos e os atacantes atuando individualmente ou por pressão sobre os zagueiros e volantes adversários e os zagueiros e volantes da equipe atuando por zona ou por zona e individual, combinando as ações. Em relação à equipe adversária, esse formato se aplica quando a equipe adversária tem jogadores defensores defensivos tecnicamente fracos no do- mínio, no passe e nos dribles, oferecendo a possibilidade de recuperar a posse de bola com a atuação mais próxima dos defensores e jogadores ofensivos tecnicamente habilidosos, situação em que a marcação individual ou por pres- são apresentaria muitos riscos para a defesa. O contrário também é possível: quando os jogadores defensivos são muito habilidosos para iniciar jogadas, é possível fazer uma marcação do tipo zona no meio-campo adversário; no caso contrário, quando os jogadores ofensivos não são tão habilidosos para dar andamento às jogadas, efetua-se uma marcação individual ou por pressão (GARGANTA, 1997). Sistema de ataque posicional Os ataques posicionais consistem no deslocamento de cada jogador, durante a fase ofensiva de sua equipe, por zonas delimitadas, isto é, a movimentação dos jogadores é basicamente fixa conforme a determinação do treinador ao posicioná-los no esquema estruturado da equipe. Como vimos inicialmente neste capítulo, os sistemas 2×2 do futsal e o 4-4-2 do futebol são aqueles que mais comumente se apropriam desse formato ofensivo, já que cada jogador busca ocupar uma região da quadra ou do campo, proporcionando um equilíbrio em todos os setores. Evidentemente, algumas manobras combinatórias entre os jogadores que buscam realizar a troca de posições para confundir a defesa adversária também são possíveis. Esse sistema consiste, portanto, nas trocas de passes e recepções, avançando com a cobertura ofensiva em direção ao ataque. Por isso, equipes que adotam esse sistema devem ter jogadores com grande capacidade de efetuar passes e recepções, movimentando-se para possibilitar tais ações. Outro aspecto necessário para aderir a esse sistema é o fato de a equipe ter poucos jogadores velozes e bons dribladores, o que exige a troca de passes (MUTTI, 2003). 23Sistemas e manobras no futebol e no futsal Em relação à sua utilização frente à equipe adversária, é mais indicado quando se enfrentam aqueles times com uma defesa pouco móvel, como ocorre na defesa por zona. Ainda, é indicado quando os jogadores de defesa adver- sários são rápidos e bons na cobertura defensiva, sem permitiras evoluções pelo drible e pela condução. Outro fator fundamental que deve ser levado em consideração ao utilizar esse sistema ofensivo consiste na disposição da equipe adversária por meio de seu esquema estrutural. Geralmente, quando a equipe adversária tem um jogador expulso durante a partida ou que sofreu uma lesão que impede a sua substituição (no caso do futebol, em que somente três substituições são possíveis), ela passa a atuar defensivamente, para não proporcionar espaços. Nesse sentido, a troca de passes em direção ao ataque constitui uma boa opção, já que sempre haverá um jogador desmarcado e, também, porque a troca de passes leva à necessi- dade de um deslocamento constante dos jogadores adversários, aumentando o desgaste físico na partida, o que, nos minutos finais, pode representar uma grande vantagem (MUTTI, 2003). Quando o time adversário apresenta um setor com muitos jogadores, como é o caso do 3-5-2, possivelmente poucos espaços serão encontrados no setor de meio-campo, dificultando as trocas de passes com eficiência nesse setor. Assim, outro sistema ofensivo pode ser viável para evitar as trocas de passes no setor do campo no qual a bola geralmente circula mais (APOLO, 2004). Sistema de ataque rápido Os ataques rápidos consistem no avanço vertical em direção ao gol adversário. Para tanto, a equipe necessita de jogadores velozes e capazes de superar seus adversários por meio de dribles, fintas e conduções em velocidade, tanto aqueles que atuam no meio-campo quanto aqueles que atuam no ataque. Trata-se, portanto, de um sistema que evita troca de passes e prioriza as jogadas individuais, aderindo-se melhor contra equipes com jogadores defensivos pouco velozes. No futsal e no futebol, o modo mais comum de empregar esse tipo de ataque é pela condução pelos lados do campo ou da quadra, próximo às linhas laterais. Em geral, esse setor é o menos protegido, já que as preocupações dos defensores adversários se centram na proteção ao centro do campo, em que as finalizações provocam maior perigo (MUTTI, 2003). Sistemas e manobras no futebol e no futsal24 Quanto a sua aplicação frente à equipe adversária, esse sistema ofensivo parece se adequar melhor ao enfrentar equipes que realizam a defesa por zona, já que os embates serão, predominantemente, no 1x1. Também é pre- ciso considerar o esquema tático que a equipe adversária impõe. No 3-5-2, as laterais da defesa ficam mais desprotegidas, já que os alas, escalados no meio-campo, geralmente têm características mais ofensivas do que defensivas. Outra possibilidade consiste em sua utilização frente a equipes que atuam no 4-4-2, explorando, nesse caso, os espaços vazios deixados quando os laterais adversários estão participando de uma jogada de ataque (APOLO, 2004). Em esquemas adversários que buscam “congestionar” o setor defensivo, como o 5-4-1 e o 5-3-2, os ataques rápidos podem não ser tão eficientes, já que o jogador em evolução deverá realizar dribles e fintas sobre uma quantidade maior de jogadores, ampliando as chances de perder a bola. Sistema de ataque de segunda-bola Alternativa a um meio-campo ineficiente, no sistema de ataque de segunda-bola a maneira de atacar de uma equipe se baseia na “ligação direta” entre defesa e ataque, realizada pelo lançamento do goleiro ou dos zagueiros ao centroa- vante, que deverá dominar a bolar e/ou realizar o passe ao seu companheiro de meio-campo para que, a partir de então, a equipe ataque. Por se tratar de um passe direto ao ataque, geralmente feito com a trajetória aérea da bola, é imprescindível a equipe ter defensores tecnicamente capazes de efetuar lançamentos com precisão na direção dos jogadores do sistema ofensivo e, ainda, um centroavante forte e alto, que consiga se antecipar aos defensores na fase aérea da bola e protegê-la de seus adversários (MUTTI, 2003). Nesse sistema, o centroavante geralmente atua de costas ao goleiro adver- sário, esperando que o defensor passe a bola. A partir do domínio ou do passe (com frequência, de cabeça no futebol e com os pés no futsal) do centroavante para os outros atacantes ou meio-campistas, o ataque passa a ter velocidade em direção ao gol, de modo a não deixar que a defesa adversária se organize (FIGUEIRA; GRECO, 2008). Em relação à defesa adversária, esse sistema representa uma opção de ataque frente ao domínio do meio-campo pelo time enfrentado, como geralmente ocorre no 3-5-2, no 3-6-1 e em alguns formatos do 4-4-2. Ainda, trata-se de uma possibilidade de superar a defesa por pressão, na qual os jogadores adversários ficam todos adiantados, tentando roubar a bola enquanto ela está no setor defensivo da equipe, desguarnecendo a zona de defesa. 25Sistemas e manobras no futebol e no futsal Sistema ofensivo de contra-ataque Basicamente, o sistema de contra-ataque consiste no ataque rápido. No entanto, difere pelo fato de, após defender, tentar progredir o mais rapidamente possível com a bola, fazendo com que a equipe adversária não consiga se organizar defensivamente nem evitar a superioridade numérica. Para que esse sistema se efetive, é necessário que todos os jogadores, durante o momento de ataque adversário, recuem, “chamando” os jogadores adversários para o setor ofensivo. Ao recuperar a bola, o avanço deve ser rápido em direção ao gol adversário, com lançamentos da defesa realizados no intuito de acionar os jogadores mais adiantados e rápidos do time (MUTTI, 2003). Dessa forma, devemos reconhecer que se trata de um sistema que possibilita riscos, já que o adversário é “convidado” a atuar próximo à meta que deverá ser defendida. Para se efetive, a defesa deve ser muito eficiente, tanto no desarme quanto nos lançamentos. Jogadores rápidos no drible e na condução também são fundamentais para não permitir a aproximação dos defensores adversários. A presença de um centroavante, fazendo a função de segunda-bola, também pode ser uma opção, dominando e passando a bola rapidamente para os jogadores velozes (APOLO, 2004). Esse sistema se aplica quando a defesa adversária emprega uma defensiva individual ou do tipo pressão, já que, nesses esquemas, geralmente a defesa avança em seus momentos de ataque. É bastante realizado também quando a equipe adversária está em desvantagem numérica, por uma expulsão ou lesão que impossibilita a substituição, por facilitar a atuação sobre os ad- versários. Deve ser evitado quando a equipe atua em ataque posicional ou também emprega como estratégia o contra-ataque, visto que, nesses casos, a superioridade numérica é mais difícil de se concretizar. Esse sistema se aplica, portanto, a equipes que empregam sistemas com poucos defensores, como o 3-5-2, o 4-4-2 e o 4-3-3, quando do emprego de poucos volantes (CASTELO, 1992). Dessa forma, podemos reconhecer que existem diferentes formas de es- truturar a equipe quando ela detém a posse de bola, progredindo ao ataque, e quando está sem a posse da bola, protegendo a própria meta. Como vimos, as diferentes formas ofensivas e defensivas apresentam deliberações gerais quanto à sua aplicabilidade e inaplicabilidade. O Quadro 1 apresenta uma síntese dessas orientações. Sistemas e manobras no futebol e no futsal26 Formação defensiva Quando usar Quando evitar Individual � Quando a equipe adversária apresentar pouca mobilidade nos seus movimentos de ataque (ataque posicional) � Quando a equipe adversária não tiver bons dribladores � Quando a equipe adversária realizar um ataque rápido � Quando a equipe adversária tem bons dribladores Zona � Quando a equipe adversária realiza o ataque rápido � Quando a equipe adversária tem jogadores velozes e habilidosos nos dribles e fintas � Quando a equipe adversária tem jogadores habilidosos na finalização de média e longa distância Pressão � Quando a equipe adversária tem jogadores defensivos pouco habilidosos na saída de bola � Quando a equipe adversária apresenta um menor número de jogadores.� Quando há a necessidade de reverter o placar a favor da própria equipe � Quando a equipe adversária tem bons jogadores na saída de bola � Quando a equipe adversária apresenta maior número de jogadores � Quando a própria equipe não está em sua plenitude física Mista ou combinada � Quando a equipe adversária apresenta desequilíbrio técnico com jogadores de um mesmo setor menos habilidosos � Quando na presença de um jogador essencial ao ataque adversário, como centroavantes e meio- campistas ofensivos � Quando a equipe adversária é tecnicamente superior em todos os setores � Quando a própria equipe não apresenta a capacidade coletiva para trocar de estrutura defensiva durante a partida Quadro 1. Aplicação dos sistemas ofensivo e defensivo durante a partida (Continua) 27Sistemas e manobras no futebol e no futsal Quadro 1. Aplicação dos sistemas ofensivo e defensivo durante a partida Formação ofensiva Quando usar Quando evitar Posicional � Quando a defesa adversária tem defensores rápidos e fracos na cobertura defensiva � Quando a defesa adversária atua por zona � Quando a defesa adversária possui boa cobertura ofensiva � Quando a defesa adversária atua de forma individual Rápida � Quando a defesa adversária apresenta defensores lentos � Quando a defesa adversária atua individualmente � Quando a própria equipe tem jogadores rápidos � Quando a defesa adversária atua por zona � Quando a defesa adversária tem poucos jogadores com funções exclusivamente defensivas Segunda- bola � Quando a própria equipe dispõe de ótimos jogadores centroavantes; � Quando a equipe adversária impossibilita a troca de passes no setor de meio-campo � Quando os zagueiros adversários são mais fortes, altos e habilidosos que o centroavante Contra- ataque � Quando a equipe adversária é superior tecnicamente no meio-campo e no ataque � Quando a própria equipe tem uma ótima defesa � Quando a equipe adversária também atua no contra-ataque � Quando a equipe adversária, de posse da bola, tem defensores que não avançam (Continuação) Com isso, podemos reconhecer que o sistema a ser empregado por uma equipe depende, inicialmente, das características apresentadas pelos jogadores do próprio time e da equipe adversária. Nenhum modelo de jogo ou sistema tático é definitivo, devendo-se considerar as diferentes variáveis para aumentar as chances de atacar e finalizar sobre o gol adversário e defender a própria meta. Ao estabelecer a sua ideia de jogo, a disposição dos jogadores e o modo como cada um dele deve atuar, o treinador necessita compreender as principais características, possibilidades e limitações apresentadas nas diferentes formas viáveis de estruturar a sua equipe ofensiva e defensivamente. Sistemas e manobras no futebol e no futsal28 APOLO, A. Futsal: metodologia e didática na aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2004. CASTELO, J. Conceptualização de um modelo técnico-táctico do jogo de futebol: identifi- cação das grandes tendências evolutivas do jogo das equipas de rendimento superior. Lisboa: FMH-UTL, 1992. FIGUEIRA, F. M.; GRECO, J. P. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento. 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