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MQ 101 Lição 1: Erros Podem Acontecer em Qualquer Lugar e à Qualquer Pessoa Você acha que você é à prova de erros? Pense de novo. Enganos acontecem mesmo com as pessoas mais dedicadas. A questão não é ―se acontecer‖, mas ―quando acontecer‖, e o que fazer quando ocorrer um engano. Nesta lição você vai aprender como ocorreu um erro grave num respeitado hospital de Boston e como o hospital lidou com ele. A lição discutirá também uma série de respostas ao erro, incluindo quando revelar um engano ocorrido e quando punir pessoas envolvidas. Respondendo ao Erro na Saúde: A História de Um Líder Hospitalar Erros irão ocorrer. Por mais seguros que procuremos ser, é inegável que seres humanos não são perfeitos e sempre estarão sujeitos a enganos. Mas, quando ocorre, inevitavelmente, um erro em um hospital ou em qualquer serviço de saúde, como deveríamos reagir? Como deveríamos responder às pessoas envolvidas (pacientes, familiares e profissionais) e como podemos evitar que o mesmo tipo de erro ocorra novamente? Essas questões são difíceis, e aqui começa o debate. Para ajudar a começar esta discussão falaremos com alguém que sabe tudo sobre as complexidades da abordagem do erro em saúde. Paul Levy, ex-presidente e CEO do Beth Israel Deaconess Medical Center (um hospital muito respeitado em Boston) têm muitas histórias excelentes para compartilhar sobre seu tempo na direção de um hospital. (Ele tem tanto para contar, que mantém um blog mesmo depois de sua saída do Beth Israel Deaconess). Esta lição focará em uma das histórias em particular, que deixaremos para que ele apresente: Um paciente acorda pela manhã após uma cirurgia ortopédica, olha para seu tornozelo e diz “Porque este curativo está no meu pé direito ao invés de no meu pé esquerdo?” E foi naquele momento que o cirurgião percebeu que ele havia operado o tornozelo errado deste paciente. E embora parte desta ocorrência fosse devido ao fato do cirurgião não ter cumprido adequadamente o procedimento de time out (uma checagem de segurança de pontos específicos, imediatamente antes da cirurgia), acabou-se percebendo que ocorriam problemas sistêmicos no hospital que contribuíram diretamente para este resultado. Embora essa fosse uma situação que Levy nunca esperava enfrentar, lá estava ele, de repente tendo que tomar inúmeras decisões críticas: O que o hospital deveria falar ao paciente, ao cirurgião, outros profissionais e à comunidade como um todo, sobre o erro, se é que houve algum? O que o hospital deveria fazer para resolver os problemas sistêmicos que foram identificados como contribuintes para este erro? No final desta lição você saberá o que Levy fez. Você poderá discutir se concorda ou não com suas ações e verá quão relevante é sua história ainda nos dias de hoje. Outro curso do catálogo de cursos do IHI Open School, SP 106: Introdução à Cultura de Segurança, apresentará a definição e discussão de conceitos citados nesta lição, incluindo segurança psicológica, liderança ativa, transparência e imparcialidade.Mas, por ora, vamos conhecer um pouco mais dessa história, incluindo como a mídia cobriu este fato naquela época. http://runningahospital.blogspot.com/ https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 A História de um Hospital: “Cirurgião Opera o Lado Errado do Paciente” O jornal Boston Globe, um dos maiores jornais da cidade de Boston, divulgou o incidente logo após sua ocorrência em 2008 Autoridades estaduais estão investigando uma cirurgia errada que ocorreu segunda-feira durante um procedimento eletivo. Um administrador do hospital não quis dar detalhes sobre a operação, mas disse que esta ocorrência não envolveu retirada de órgãos e não causou dano permanente no paciente de meia idade, que acabaria por sofrer um desconforto a curto prazo. Um agente regulador da saúde descreveu a cirurgia como um procedimento ortopédico. . . [Dr. Kenneth Sands, vice-presidente sênior de qualidade em saúde do Beth Israel Deaconess] disse que os profissionais de saúde marcaram corretamente o lado que deveria ser operado, mas, por alguma razão, o cirurgião falhou por não notar a marcação. "Acho que ele começou a preparar o local sem olhar a marcação feita e, por alguma razão, ele acreditou estar do lado certo, disse Sands‖. Talvez o que seja mais crítico é que a equipe de trabalho da sala cirúrgica tenha negligenciado a condução do que é conhecido como um "time out" antes do cirurgião colocar seu bisturi no paciente. Time outs são procedimentos rotineiros de segurança que requerem que a equipe de cirurgia confirme verbalmente ―Paciente certo, procedimento certo, localização certa‖. Nenhum indivíduo em particular deve ser culpado por este evento, disse Sands, e uma vez iniciada a cirurgia, nada no próprio sítio cirúrgico chamou atenção do cirurgião para o fato de que ele pudesse estar operando o lado errado. O engano foi descoberto quando o paciente estava na sala de recuperação. Posteriormente, naquela tarde, o erro foi contado ao paciente. . . A cirurgia deixou o paciente com desconforto pós-operatório, mas não houve ―ameaça de morte ou dano permanente de algum órgão A Bola Está Com Você Imagine que você é o CEO do hospital ou o vice-presidente sênior no dia em que acontece este evento. Passadas algumas horas após saber sobre a cirurgia do lado errado você consegue reunir as seguintes informações: O cirurgião disse que não notou a marcação que indicava o lado certo do procedimento por que estava ―distraído por pensamentos sobre a melhor maneira de abordar o caso do paciente‖. Os profissionais da sala cirúrgica disseram que não conduziram o time out pré-cirúrgico – uma medida de segurança muito conhecida e divulgada no hospital – por que estavam ―ocupados resolvendo os detalhes de última hora‖. Como resultado deste engano, o paciente sofreu desconforto, mas sem ameaça de morte ou dano permanente de algum órgão. Com esses fatos em mente, existem muitas maneiras que você pode escolher para responder a este erro. Duas possibilidades estão listadas abaixo. Leia estas possibilidades e selecione a que você achar mais razoável. Em seguida vamos explorar aquela que foi escolhida pela liderança do Beth Israel Deaconess Medical Center, apresentando-lhe o porquê. Sua Vez: Abordagens Para Responder a Um Erro 1 of 1 Qual destas duas abordagens você decidiria escolher? Informe à todos os profissionais e funcionários do hospital sobre o incidente, bem como também a mídia local. Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente, mas evite puni-lo ou punir a equipe de saúde. Puna o cirurgião e a equipe de saúde de maneira privada, confidencial. Não revele o incidente ao restante do hospital ou ao público para evitar que os profissionais envolvidos se sintam ainda piores. 1 Qual destas duas abordagens você decidiria escolher? Answer Submitted Informe à todos os profissionais e funcionários do hospital sobre o incidente, bem como também a mídia local. Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente, mas evite puni-lo ou punir a equipe de saúde. Resposta Correta: A liderança do Beth Israel Deaconess escolheu a opção A. Aqui explicamos como esta abordagem poderia reduzir a probabilidade deste engano ocorrer novamente, tanto neste hospital quanto em qualquer outro: • Informe os profissionais e funcionários sobre o incidente. Esta atitude permitirá que outros profissionais (médicos, enfermeiros, administradores e outros) de sua organização e de outras organizações de saúde considerem mudar seus processos a fim de diminuir as chances de uma nova ocorrência deste mesmo tipo de engano. • Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente. Esta atitude promoverá ao cirurgião um escape para suas emoções dolorosas. Sobretudo, o paciente verá que o cirurgião compreende a gravidade de seu engano e que aprendeu com esta experiência. Estudos publicados na literatura médica sugerem que a grande maioria dos pacientes deseja ouvir toda a verdade sobre possíveis erros ou enganos cometidos durante sua assistência. • Evite punir o cirurgião e a equipe que cometeu o erro. Fazendo assim, você provará à toda a equipe que eles poderão admitir seu engano honestamente e sem temor, sempre que o cometerem. Desta forma, será mais fácil para você ter conhecimento sobre erros que venham a ocorrer no futuro e melhorar os sistemas do hospital para prevenção destes erros. A Resposta do Hospital: “A mensagem que você nunca espera enviar” Vamos ouvir o Levy sobre a decisão de revelar o erro: E-mail para os Profissionais e Funcionários (Extraído de uma entrevista com Paul Levy; ex-CEO e ex-Presidente, Beth Israel Deaconess Medical Center; Blogueiro em Saúde; não está dirigindo um hospital atualmente) Quando conversamos com nossa equipe de diretores, fazendo uma revisão do caso, nós decidimos que seria importante contar à todos do hospital sobre este caso para que pudéssemos aprender com ele. Então, nossa equipe de diretores votou de forma unânime em divulgar o ocorrido num e-mail para toda a equipe de profissionais e funcionários. A seguir encontra-se um trecho do e-mail que Levy e o Dr Sands enviaram para centenas de funcionários e demais profissionais, três dias após o incidente: Enquanto respeitamos a confidencialidade tanto do paciente quanto da equipe de profissionais, aqui vão os principais fatos: Tratava-se de um procedimento eletivo que envolveu uma excelente equipe de profissionais. Era um dia agitado, como muitos. Antes do início da cirurgia, o médico encontrava-se distraído por pensamentos sobre qual seria a melhor forma de abordar este caso e a equipe da sala cirúrgica encontrava-se ocupada cuidando dos detalhes de última hora. Em meio a tudo isso, duas coisas aconteceram: Primeiro ninguém percebeu que o lado errado estava sendo preparado para o procedimento. Segundo, o procedimento começou sem que fizessem o “time out”, a checagem que deve ocorrer imediatamente antes do início do procedimento para confirmação do “paciente certo, procedimento certo, lado certo”. Foi dada sequencia ao procedimento. O erro não foi detectado antes da finalização do procedimento. Assim que o erro foi detectado, nosso departamento de segurança do paciente foi imediatamente notificado e eles tomaram todas as medidas necessárias, incluindo investigação, notificação e ações corretivas. O médico conversou sobre o erro com o paciente na primeira oportunidade e formalizou seu pedido de desculpas. O paciente encontra-se em casa agora, recuperando-se da lesão, que não consiste em ameaça de morte. Com este e-mail, os dois líderes sêniores do hospital mostraram sua seriedade em relação à importância do envolvimento de todos os profissionais na melhoria da segurança do paciente. Eles deixaram claro, primeiramente, que qualquer um poderia ter cometido este engano. Eles não culparam a equipe envolvida, ressaltando que o engano ocorreu por que o cirurgião estava pensando sobre ―como melhor abordar o caso‖ e a equipe estava ocupada com a ―resolução dos detalhes de última hora‖. É difícil culpá-los por estes motivos. Na verdade, é fácil relacionar estes fatos com o evento adverso — que era exatamente o ponto que desejavam alcançar. Em seguida, eles apontaram para o fato de como o hospital age quando pessoas cometem enganos. Ele investiga. Ele corrige. Ele pede desculpas. Ele não esconde, nem culpa ou pune um engano que poderia ter sido cometido por qualquer um. Esta era uma mensagem poderosa que os funcionários estavam recebendo, e um tipo de mensagem que faz com que haja maior probabilidade das pessoas se manifestarem quando estiverem envolvidas em um erro Sua Vez: A Raiz do Problema 1 of 1 Imagine, mais uma vez, que você fosse um executivo no Beth Israel Deaconess Medical Center. No dia seguinte ao evento da cirurgia do lado errado você está se reunindo com a diretoria do hospital para discutir sobre este evento. Um dos membros da diretoria vira para você e diz, ―Precisamos chegar à raiz do problema para garantir que isto nunca mais aconteça. Qual foi a causa primária deste engano?‖ ―A equipe médica estava ocupada cuidando dos detalhes de última hora.‖ ―O cirurgião encontrava-se distraído antes do procedimento.‖ ―Os sistemas do hospital, que deveriam garantir a segurança do paciente, falharam‖. ―A equipe falhou na condução do ‗time out‘ antes do procedimento.‖ 1 Imagine, mais uma vez, que você fosse um executivo no Beth Israel Deaconess Medical Center. No dia seguinte ao evento da cirurgia do lado errado você está se reunindo com a diretoria do hospital para discutir sobre este evento. Um dos membros da diretoria vira para você e diz, ―Precisamos chegar à raiz do problema para garantir que isto nunca mais aconteça. Qual foi a causa primária deste engano?‖ Answer Submitted ―Os sistemas do hospital, que deveriam garantir a segurança do paciente, falharam‖. Resposta Correta: Embora todos esses fatores tenham contribuído para o erro, se você estivesse pensando como a liderança do Beth Israel Deaconess, você teria respondido a letra C, os sistemas do hospital que deveriam garantir a segurança do paciente falharam. Na opinião deles, esta foi a causa primária do engano e a coisa mais importante a ser considerada para prevenir erros futuros. Aqui está o porquê: Em um local dinâmico, onde a assistência acontece em ritmo acelerado, os cirurgiões são frequentemente distraídos, a equipe de saúde estará geralmente ocupada, e será fácil ignorar as checagens de segurança quando os profissionais estão pressionados pelo tempo. Estes fatos inevitáveis são exatamente a razão de um sistema bem desenhado ser tão importante. Um sistema bem sucedido teria feito com que fosse mais fácil praticar a coisa certa e impossível de fazer a coisa errada, não importando quão ocupados, distraídos ou pressionados o cirurgião e a equipe estivessem. A resposta da comunidade A cirurgia do lado errado ocorrida no hospital de Levy foi um ―evento sentinela‖, um termo introduzido pelo Fórum Nacional de Qualidade em 2001 (NQF, em inglês) em referência à 27 tipos de erros em saúde (atualmente expandidos para 29 tipos) que foram identificados como tão graves e evitáveis que simplesmente não deveriam acontecer. Exemplos incluem cirurgias do lado errado, erros de medicação, e algumas condições adquiridas durante a internação no hospital. Os Centros para os Serviços do Medicare & Medicaid restringem pagamentos relacionados à eventos sentinelas, incluindo qualquer custo associado à cirurgias do lado errado, desde fevereiro de 2009. 3 Se um chamado ―evento sentinela‖ pôde ocorrer em um hospital de excelência, onde existem processos claros para prevenir a ocorrência de cirurgias do lado errado e uma cultura dedicada à segurança, então, é lógico concluir que erros evitáveis como este, podem acontecer, e de fato acontecem, em qualquer lugar. Por todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem relatado pequenas mudanças sistêmicas nos centros-cirúrgicos que poderiam prevenir ao menos meio milhão de mortes anualmente devido a erros cirúrgicos. 4 Esta é a razão pela qual Paul Levy não parou após ter revelado ao público o evento da cirurgia do lado errado. Dois dias depois ele postou no blog (mencionado anteriormente) o e-mail que ele e o Dr. Sands enviaram aos profissionais do hospital. Nesta postagem, ele levou em conta medidas que poderiam ajudar outros hospitais a aprenderem com o engano ocorrido no Beth Israel Deaconess, e perguntou aos seus leitores o que ele deveria fazer a seguir. Aqui está um trecho extraído desta publicação: 5 Enquanto exploramos muitas ideias, uma delas que está em minha mente… seria a de fazer um vídeo com as pessoas verdadeiras (médicos, enfermeiros, técnicos), que estavam no CC (Centro Cirúrgico) no momento do evento adverso, para explicarem o que viram e sentiram e o que aprenderam com esta experiência. Embora pudessem ainda estar muito angustiados para fazer isto agora, eles podem concordar em fazê-lo mais para frente, e o fato de fazerem este vídeo geraria uma mensagem poderosa para todas as ocasiões onde são fornecidas orientações, nas reuniões de enfermagem, reuniões departamentais e conferências. É claro que se o paciente concordasse em participar isto traria mais poder à história. Como observado por um membro da diretoria, ―O vídeo poderia vivificar as histórias que envolvem incidentes para tornar a lição mais abrangente. A narração poderia conduzir a audiência a considerar os desafios e as conquistas, e continuar o processo de melhoria. Poderia ser uma obra-prima de 20 minutos, apresentada em toda oportunidade de treinamento, reuniões de enfermagem, discutida com líderes e compartilhada em conferências. Transparência como oportunidade de aprendizado, marketing social. Isto manteria as pessoas falando sobre a questão e refletindo sobre ela‖. Seus pensamentos e sugestões? Mais uma vez, aqui está o Levy para explicar seu raciocínio: Transcrição do Vídeo: Paul Levy, Parte 3: A Postagem no Blog Extraído da entrevista com Paul Levy; ex-CEO e Presidente do Beth Israel Deaconess Medical Center; Blogueiro em Saúde; não está dirigindo um hospital atualmente) Eu decidi também, baseado nisto, que eu iria postar o ocorrido no blog. Por que eu senti que havia lições que outros hospitais poderiam aprender a partir disto também. E acabou sendo um dos aspectos mais úteis para a existência deste blog. Ele não foi somente uma ferramenta de educação e auxílio aos nossos próprios profissionais, mas logo percebi que as pessoas dos hospitais do mundo todo estavam lendo sobre nossas experiências e aprendendo com elas. A Resposta da Comunidade Em poucos dias as pessoas começaram a levar a sério o convite de Levy para refletirem e sugerirem o que quisessem e os comentários começaram a chegar, desde membros do Board (diretoria sênior), até cirurgiões e pacientes. A discussão mostrou que apesar de haver um aumento na conscientização da importância da revelação de erros, havia ainda muitas divergências sobre a melhor maneira de se responder aos enganos. Aqui estão alguns trechos do que foi mencionado: 5 "Estou satisfeito que você trouxe à público este erro. ―Sinto muito que tenha ocorrido conosco, mas gostei da forma como foi tratado.‖ "Lamento, não vejo necessidade de aplaudi-lo. O que você fez foi converter isto num ―cenário de Viva o Paul Levy!‖ ―A abordagem dada por você, pela equipe de profissionais e por sua diretoria na divulgação deste erro, sua atenção contínua para aprender com isto e fazer mudanças quando necessário são realmente impressionantes, especialmente numa cultura dominante do ‗negar o ocorrido e defender-se‘. Você e seu hospital são modelos para serem seguidos por outras organizações‖ ―A equipe do CC negligenciou a regra. Não existe aí nenhuma consequência para isso? Eu continuo pensando nesta analogia: eles tinham uma carteira de motorista, eles tiveram aulas sobre direção responsável, eles aprenderam as leis de trânsito e as violações potenciais e eles ultrapassaram o sinal amarelo ou vermelho e bateram o carro no cruzamento. Eles não receberão uma multa ou uma suspensão na carteira?‖ E a discussão não se limitou ao blog do Levy. Uma postagem no blog de saúde do jornal Wall Street Journal sobre a controvérsia atingiu próximo a 100 comentários, e aqui se encontra o que um outro proeminente blogueiro em saúde, Dr. Robert Wachter, teve a dizer nesta postagem sobre o assunto: 6,7 Antigamente, antes do movimento moderno de segurança do paciente, ninguém pensava muito em sistemas e o problema fundamental era o de culpar indivíduos quando, na verdade, a culpa era de sistemas ruins. Aquilo foi um erro e acabou nos levando a lugar algum na procura pela garantia da segurança dos pacientes. Mas [agora] temos sistemas muito bons para prevenção de erros, sistemas que sempre podem ser boicotados por profissionais obstinados. Nestes casos, a falha não é do sistema, mas do indivíduo, e eu acredito que eles deveriam ser tratados de acordo. Alcançar o equilíbrio certo é realmente difícil, como as dezenas de comentários em reposta ao blog de Levy e, igualmente, como o artigo publicado sobre o caso, ilustrado pelo Boston Globe. http://blogs.wsj.com/health/2008/07/18/should-a-surgeon-be-punished-for-operating-on-the-wrong-side/ https://thehospitalleader.org/another-case-of-wrong-site-surgery-are-we-shying-away-from-the-real-root-causes/ Sua Vez O que você acha sobre a maneira como Levy e o hospital responderam ao erro? Baseado nas informações que você possui você acha que eles conseguiram alcançar o ―equilíbrio‖ entre o ―não culpar‖ versus a responsabilização adequada? Que tipo de informação adicional faria você pensar diferente? Talvez ajude se você considerar a definição de cultura justa, da Agência de Qualidade e Pesquisa em Saúde (em inglês, sigla AHRQ), a ser discutida no curso SP 106: Introdução à Cultura de Segurança: ―Em resumo, uma cultura justa reconhece que profissionais competentes cometem enganos e admite que mesmo profissionais competentes desenvolverão condutas pouco saudáveis - uso de atalhos, ‗violações rotineiras de regras‘ – mas, nesta cultura, há tolerância zero para atitudes irresponsáveis). Você concorda com a forma pela qual o erro foi tratado? Separe um minuto e escreva seu pensamento na Planilha de Discussão do IHI Open School. Questão da Planilha de Discussão: O que você acha da forma com a qual o hospital respondeu ao erro cometido? O que você achou da forma utilizada por Levy e pelo hospital para responder ao erro? Baseado nas informações que você possui você acha que eles conseguiram alcançar o “equilíbrio” entre o “não culpar” versus a responsabilização adequada? Que tipo de informação adicional faria você pensar diferente? O Debate Continua Alguns anos se passaram desde o ocorrido no acidente discutido nesta lição, mas eventos adversos continuam acontecendo e, consequentemente, enfrentamos os mesmos tipos de questões. Aqui está uma manchete mais recente, de abril 2013, de um artigo do Boston Globe à respeito de outro hospital renomado de Boston: ―Brigham and Women expondo erros médicos: Hospital divulga erros para funcionários com objetivo de melhoria.‖ 8 Se esta manchete faz você pensar no acidente ocorrido no Beth Israel Deaconess, o debate coberto neste artigo também o fará. A história descreve uma abordagem não convencional ao erro ocorrido no hospital Brigham and Women. O hospital circula um jornal rotineiramente (―Segurança Importa‖) aos funcionários e demais profissionais, que dissemina informações detalhadas sobre erros recentes na organização (não apenas estatísticas, mas narrativas completas, incluindo entrevistas com os envolvidos – excluindo nomes – e a resposta do hospital). De acordo com um especialista citado no artigo ―Este tipo de transparência é realmente valiosa para os funcionários de uma instituição por que ela faz com que se conheçam melhor... (mas ela é) muito incomum‖. A história segue discutindo as razões pelas quais ―Segurança Importa‖ encontrou resistência e por que outras organizações podem relutar em utilizar a mesma tática, temendo que os faça parecer ruins, assuste pacientes ou leve à processos judiciais. Sua Vez Você acha que uma publicação como esta é uma boa ideia? Se você fosse o CEO de um hospital você desenvolveria uma publicação semelhante? Quem a leria (ex., alguns ou todos os funcionários, pacientes, o público em geral)? https://www.psnet.ahrq.gov/glossary?glossary%5B0%5D=term%3AJ https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 http://www.ihi.org/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=19&discussionUrl=/ http://www.bostonglobe.com/lifestyle/health-wellness/2013/04/09/brigham-and-women-publishes-stories-medical-errors-focus-staff-attention-solutions/heFVdgGnLc2O9QqL1eiMnN/story.html Compartilhe seus pensamentos na Planilha de Discussão do IHI Open School Questão da Planilha de Discussão: Se você fosse o CEO de um hospital você desenvolveria uma publicação semelhante? Você acha que uma publicação como esta é uma boa ideia? Se você fosse o CEO de um hospital você desenvolveria uma publicação semelhante? Quem a leria (ex., alguns ou todos os funcionários, pacientes, o público em geral)? Avaliação Pós-Lição: MQ 101 Lição 1 1 of 5 * De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), como ao menos meio milhão de mortes poderiam ser prevenidas todo o ano devido à erros cirúrgicos? Pelo desenvolvimento de mudanças sistêmicas nas salas cirúrgicas Pelo desenvolvimento de melhores tecnologias cirúrgicas Por meio de punição mais severa àqueles que cometem erros em saúde Eliminando cirurgiões imprudentes, irresponsáveis 2 of 5 * Qual das seguintes opiniões foi expressa na resposta do Dr. Robert Wachter, redigida no blog de Paul Levy à respeito da cirurgia do lado errado de junho de 2008? Revelar o erro ao público foi algo insensato. O caso estava muito claro e não deveria ter sido assunto de debate. Deveriam existir situações onde os profissionais seriam culpados pelo erro. Foi um engano deixar de punir a equipe por ter pulado etapas e negligenciado regras. 3 of 5 * De acordo com Paul Levy, quais dos seguintes fatores levaram à ocorrência da cirurgia do lado errado no Beth Israel Deaconess Medical Center em junho de 2008? A equipe cirúrgica não seguiu devidamente o procedimento de ―time out‖. Havia problemas sistêmicos no hospital. A equipe cirúrgica marcou o lado errado no paciente A equipe cirúrgica não seguiu devidamente o procedimento de ―time out‖ e Havia problemas sistêmicos no hospital. 4 of 5 * Ben, um paciente de 36 anos com Diabetes tipo I e falência renal, vem ao hospital para fazer um fístula arteriovenosa em seu braço para que possa começar a fazer diálise daqui a algumas semanas. A fistula deveria ser feita em seu braço esquerdo, mas o time cirúrgico opera acidentalmente o lado oposto, sem perceber o ocorrido até que termine o procedimento. Quando Ben acorda da anestesia, ele vê um curativo em seu braço direito e fica confuso. O que deveria acontecer logo em seguida? O engano deveria ser comunicado ao Ben e aos administradores do hospital. O engano deveria ser publicado num blog junto com uma explicação sobre o ocorrido. http://www.ihi.org/offerings/IHIOpenSchool/Courses/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=52131&discussionUrl=%2f_layouts%2fihi%2fdiscussion%2fviewall.aspx%3fstartDate%3d10%2f5%2f2011%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bcurrDate%3dTrue%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bdtInterval%3d365%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3brating%3d-1%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3b Todo time cirúrgico deveria ser repreendido porque o evento adverso não foi só responsabilidade do cirurgião. Todos acima 5 of 5 * Após lidar com as consequências imediatas da cirurgia do lado errado, o que Paul Levy fez? Ele propôs a criação de um vídeo instrutivo sobre esta experiência, que seria exibido em reuniões e conferências. Ele explicou o evento ocorrido e a resposta dada pelo hospital ao público, numa postagem feita num blog. Ele pediu ao público em geral que enviasse suas sugestões e reflexões. Todas acima. MQ 101 Lição 2: O Sistema de Saúde Hoje Se você precisar de uma cirurgia cardíaca de emergência, os Estados Unidos é um ótimo lugar para você estar. Mas, se você tiver diabetes, melhor é que você esteja em muitos outros países. Os Estados Unidos são incomparáveis em intervenções de alta tecnologia, mas peca em várias outras dimensões. Ele gasta duas vezes mais em saúde do que outros países ricos, todavia deixa milhões de americanos sem cobertura médica. É uma nação fundada sobre a noção de igualdade, mas americanos pobres recebem uma assistência pior do que os ricos. Nesta lição você aprenderá como o sistema de saúde americano ideal tem se correspondido com seu sistema real. Você verá também como os sistemas de saúde ao redor do mundo estão enfrentando desafios semelhantes e como os países podem estudar esta questão e aprender uns com os outros. A Visão Geral Novas mães darão à luz hoje em todo o mundo e vão olhar nos olhos dos seus bebês recém- nascidos e pensar sobre o que o futuro os reserva. É claro que sabemos que nada é imutável; entretanto, a depender de onde nasceram e de certas características do seu nascimento, poderemos prever muita coisa sobre como a vida destas crianças poderá ser diferente uma da outra. Por exemplo, hoje uma criança nascerá nos Estados Unidos e outra nascerá no Japão. Em média, podemos esperar que a criança japonesa viva até seus 83 anos (quarto anos à mais que um americano). Mas, se a criança japonesa for feminina e a criança americana for masculina a diferença na expectativa de vida aumentará em 10 anos, e se a criança americana for negra ou se a criança japonesa crescer sendo rica, a lacuna entre as duas aumentará ainda mais. À despeito de todos esses fatores, ambas as crianças poderão ultrapassar em muito o tempo de vida de um nascido no Malawi, na África, onde a expectativa de vida ao nascer é de meros 47 anos. Essas previsões baseiam-se nas estatísticas mundiais de saúde de 2012, da Organização Mundial de Saúde (OMS). 1 De acordo com a OMS, sabemos também que: 2,3,4 O risco de morte materna é de um em oito no Afeganistão, comparado com 1 em 17.400 na Suécia. Comparada com todos os outros australianos do sexo masculino, a expectativa de vida do indígena australiano é de 17 anos a menos. Mais do que 80 por cento das pessoas com diabetes vive em países de baixa ou média renda. Nos Estados Unidos, afro-americanos representam somente 12 por cento da população, mas respondem por quase a metade dos novos casos de infecções por HIV. Em Londres, ao viajarmos para o leste de Westminster em direção à Canning Town, cada estação de metrô representa aproximadamente um ano de expectativa de vida perdido. Ao redor do mundo, mais de 100 milhões de pessoas empobrecem devido aos gastos com saúde. Nesta rápida lição, discutiremos brevemente como é a saúde e o sistema de saúde nos Estados Unidos e em diferentes partes do mundo, e como as características individuais de uma pessoa podem alterar significativamente este quadro para melhor ou pior, mesmo dentro de um mesmo país ou cidade natal. Ao fazemos comparações entre os países e dentro de um mesmo país, é importante lembrarmos que as causas-raízes das diferenças que encontramos são profundamente complexas e de maneira nenhuma começam ou terminam no setor da saúde. Como a Comissão de Determinantes Sociais de Saúde da OMS colocou em seu relatório final: 3 Doenças transmitidas pela água não são causadas pela falta de antibióticos, mas pela água suja, e por forças políticas, sociais e econômicas que deixam de disponibilizar água limpa para todos; doença coronária não é causada pela falta de unidades cardiológicas, mas pela vida que as pessoas levam, moldada pelos ambientes nos quais vivem; obesidade não é causada por falha moral da parte dos indivíduos, mas pela disponibilidade, em excesso, de alimentos com alto teor de gordura e açúcar. No TA 101: Introdução à Saúde da População, debateremos mais à respeito de onde o sistema de saúde e onde você como prestador de assistência entram nesta matriz complexa de fatores que determinam as chances de uma pessoa viver uma vida longa e mais saudável. Mas, por ora, vamos continuar nossa discussão sobre a Saúde hoje. A Saúde Nos Estados Unidos e Nas Nações Industrializadas Vamos começar dando uma olhada no sistema de saúde dos EUA. Sendo a nação mais rica do mundo, o que os Estados Unidos sabem fazer extremamente bem? Nós fizemos esta pergunta para Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Membro Sênior no Institute for Healthcare Improvement, e ex-administrador dos Centros para os Serviços do Medicare & Medicaid. Aqui está o que ele nos respondeu: (Extraído de uma entrevista com Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Membro Sênior do Institute for Healthcare Improvement e Ex-Administrador dos Centros dos Serviços do Medicare & Medicaid). Alguns aspectos do sistema de saúde dos EUA têm causado inveja no mundo (ao menos por ser tão bom como qualquer outro e, talvez, melhor). Um dos aspectos é o que Brent James chama de “assistência de resgate.” Você viu isto na explosão que houve durante a maratona de Boston. Nenhum paciente, nenhuma pessoa que chegou a um serviço de saúde morreu. Toda a cidade mobilizou- se. Você assistiu situações de trauma, gestão, e gerenciamento do resgate no seu máximo. Até onde eu sei, não poderia ter sido melhor. Se você tem uma doença avançada que requeira muitas e muitas intervenções: múltiplos procedimentos cardíacos ao mesmo tempo, uma forma difícil de câncer que requeira uma terapia combinada, você tem sorte de estar neste país. Outros países podem fazê-lo também, mas nenhum faz melhor. Então, somos muito bons nisto. É nisto que investimos, esta é a ponte que construímos - para uma assistência realmente tecnocrática, realmente audaciosa e milagrosa. Onde pecamos, é claro (e os dados nos mostram isso), é no gerenciamento da doença crônica, bem como em sua prevenção, continuidade de assistência, a sensação de que alguém está te dando cobertura quando você tem algo que vai enfrentar durante longo tempo. Esforços voltados para uma assistência com base na comunidade, a força de nosso sistema de cuidado primário — poderíamos fazer isso de uma forma muito melhor. Também, lembre-se de que somos uma das grandes fontes de inovação biomédica para o mundo. Então, muitas tecnologias novas e novos medicamentos vêm dos EUA. Somos muito bons nisso, e não podemos perder isto de vista. Em muitas áreas os EUA são realmente impressionantes: Em nenhum outro lugar você vai encontrar melhor assistência em resgate, gerenciamento de trauma, expertise em procedimentos complexos ou inovação biomédica. http://www.who.int/social_determinants/thecommission/finalreport/en/index.html https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15459 É claro que, mesmo que o Dr. Berwick tenha descrito uma série de aspectos maravilhosos do sistema de saúde americano você provavelmente deve ter notado que ele mencionou, ao mesmo tempo, algumas de suas deficiências. O fato é que, mesmo a tecnologia e a mais avançada ciência biomédica não podem garantir sempre um cuidado de alta qualidade. Na verdade, mesmo ajudando pessoas, toda essa nova ―assistência milagrosa‖ mencionada pelo Dr. Berwick, pode, na verdade, criar uma série de problemas. À medida que a ciência médica e a informação evoluem em tempo recorde, os EUA e outras nações industrializadas têm visto estes avanços contribuírem cada vez mais para o aparecimento de novos desafios, tais como: 5 Prestadores tornando-se mais especializados (e fragmentados); Envelhecimento da população e uma transferência do fardo de doenças para condições crônicas; Consumidores de saúde mais informados, buscando assistência que respeite seus valores e preferências individuais; Aumento da demanda e disponibilidade de procedimentos complexos. Como você pode imaginar, em muitos casos, isto tem feito com que a assistência à saúde seja mais cara e mais difícil de coordenar. Como resposta, os sistemas de saúde devem: 5,6 Batalhar contra as lacunas e falhas de comunicação entre os prestadores; Prover uma assistência efetiva para idosos e adultos mais doentes; Aproveitar as oportunidades para envolver pacientes no gerenciamento do seu próprio cuidado; Controlar custos. Essas são questões internacionais e ao redor do mundo as nações têm buscado abordá-las de diferentes maneiras. Esta lição focará nos EUA, mas traremos também outros países para comparação, à medida que avançamos nesta discussão. Provendo Assistência Acessível (de Alta Qualidade) O custo da saúde tem sido um problema crescente nos países desenvolvidos, e isto é verdade, à despeito da cultura ou de políticas. Nas 34 nações que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de gastos na saúde per capita aumentou mais do que 70 por cento entre os anos de 2000 e 2010: Nota: Mesmo no Japão, os menores consumidores per capita, analistas preveem que a taxa de gastos dobrará até 2035. Tradução do título do gráfico: Comparação Internacional dos Gastos em Saúde, 1980-2010 Average spending on health per capita ($US PPP) = Média de gastos em saúde per capita (US$ PPP) Total health expenditures as percent of GDP = Total de despesas com saúde em porcentagem do PIB Notas: PPP (purchasing power parity) = PPC (paridade do poder de compra); GDP (gross domestic product) = PIB (produto interno bruto). Mesmo em meio a tudo isto você pode ver que os Estados Unidos têm sido, de longe, o maior gastador. Em média, os Estados Unidos têm gasto duas vezes mais em saúde per capita e 50 % a mais em porcentagem do PIB, em comparação com outros países industrializados. Em 2010, os gastos em saúde foram responsáveis por quase um quinto do total de despesas dos EUA. 8 Talvez o que mais preocupe, como em muitos outros países, é que os dólares gastos não se traduziram necessariamente em ganho de qualidade. De acordo com os dados da Commonwealth Fund (fundação baseada em Nova York que defende melhorias no atendimento de saúde), os Estados Unidos está atrás de outras nações industrializadas no que diz respeito à inúmeras métricas importantes do sistema de sáude: 9 Tradução do gráfico ES-1: Overall Ranking = Classificação Geral Country Rankings = Classificação dos Países Quality Care = Assistência de Qualidade Effective Care = Assistência Efetiva Safe Care = Assistência Segura Coordinated Care = Assistência Coordenada Patient-Centered Care = Assistência Centrada no Paciente Access = Acesso Cost-Related Problem = Problema Relacionado à Custo Timeliness of Care = Agilidade no Atendimento Efficiency = Eficiência Equity = Equidade Long Healthy, Productive Lives = Vidas Longas Saudáveis e Produtivas Health Expenditures/Capita, 2007 = Despesas com Saúde/Capita, 2007 Como exemplo, vamos olhar para um indicador importante de qualidade: Se os Estados Unidos tivessem alcançado níveis semelhantes de ―mortalidade atribuída ao setor da saúde‖- mortes resultantes de condições que sabemos como prevenir e tratar – àquelas da França, Austrália ou Itália, mais de 84.000 vidas poderiam ter sido salvas em 2006–2007. 10 A desigualdade demonstrada nestas estatísticas se deve a várias razões, mas uma delas é a desigualdade significativa na cobertura de saúde. Aqui vemos como estavam as taxas de pessoas descobertas (sem seguro) em 2010 nos Estados Unidos, e como estas pessoas se diferenciam entre si em termos de status econômico, idade e etnia: 12 Tradução do Gráfico Exhibit 5 Uninsured Rates High Among Adults With Low Incomes Young Adults and Hispanics = Taxas de não-segurados entre os Adultos com Baixa Renda, Jovens Adultos e Hispânicos Percent of Adults Ages 19-64 = Porcentagem de Adultos com Idades entre 19-64 Insured Now, time uninsured in past year = Segurado agora, sem seguro no ano passado Uninsured now = Não -segurado agora Poverty = Pobreza Age = Idade Race/Ethnicity = Raça/Etnia Hispanic = Hispânicos Black = Negros White = Brancos Notes: Subgroups may not sum to totals because of roundings = Notas: Os subgrupos podem não equivaler à soma total por causa de arredondamentos. FPL refers to Federal Poverty Levels = FPL refere-se à Níveis Federais de Pobreza Source: The Commonwealth Fund Biennial Health Insurance Survey (2010) = Fonte: Pesquisa Bianual em Saúde do Fundo Commonwealth (2010) Para fins de comparação, considere as estatísticas de 2010 da Holanda e Suíça. As reformas na Saúde nestes países em 1996 e 2006, respectivamente, criaram sistemas com cobertura universal — baseados em demandas individuais, na escolha de planos de saúde pelos consumidores, e na regulação do seguro com base na competição de mercado— que reduziu as taxas de não- 13 Sendo assim, como os EUA e outras nações podem aprender com a Holanda, Suíça ou qualquer outro país que tenha alcançado melhorias em qualquer área do seu sistema de saúde nos últimos anos? Discutiremos isso na próxima página. Olhando para Outras Nações Em Dezembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas conclamou governos para ―aumentarem urgentemente e significativamente seus esforços a fim de acelerarem o alcance ao acesso universal à saúde, isto, para alcançarem um serviço de saúde acessível e de qualidade.‖14 Hoje, países ao redor do mundo, com grandes diferenças políticas, econômicas e culturais estão trabalhando de diferentes maneiras em direção à este objetivo. Devido ao fato de não haver um único sistema ou modelo que leve ao alcance de uma cobertura universal de saúde de alta qualidade, líderes e organizações de saúde estão convocando os países para estudarem uns aos outros, à despeito de cultura ou política, e a observarem o que funciona bem e estarem alertas para a existência de falsas soluções. 15 Nesse espírito, aqui estão vários exemplos de uma variedade enorme de esforços contínuos para melhorar a qualidade e a eficiência e reduzir custos, que têm ocorrido ao redor do globo: Em 1993, a Austrália foi o primeiro país a implementar os requerimentos de custo- efetividade para aprovação de drogas: antes de novas drogas serem elegíveis ao preenchimento do formulário nacional, um comitê independente deve avaliar seu valor clínico relativo e seu custo, em comparação com outros tratamentos disponíveis. Nova Zelândia, Holanda, Suécia, e outros países adotaram, desde então, políticas similares. 16 Desde 2005 no Chile, todos os chilenos passaram a ter acesso a um pacote básico de serviços de saúde que garante tratamento para até 80 por cento dos problemas de saúde, colocando limites para tempos de espera e para pagamentos extras (não-cobertos) à tratamentos. 17 Na Dinamarca, todo sistema eletrônico de prontuário da rede de atenção primária está conectado com uma rede nacional que permite que todos os serviços e setores da saúde enviem e recebam dados eletronicamente, de e para especialistas, hospitais, farmácias e demais prestadores de serviço. Prestadores de assistência da rede primária também tem acesso a um livro médico online contendo informações atualizadas sobre o diagnóstico e recomendações de tratamento. 18 Em 2010, o Quênia lançou O Fundo para Serviços no Setor da Saúde que provê transferências diretas de dinheiro para os serviços de atenção primária, para que as comunidades locais possam responder às maiores necessidades de saúde de seus cidadãos. Esta iniciativa tem sido estendida para, aproximadamente, 3.000 serviços primários do setor público. 19 Devido especialmente à regulação agressiva de preços, o Japão tem tido um sistema de seguro saúde universal relativamente barato por mais de 50 anos. Os pacientes podem ir à instituição de saúde de sua escolha e receber assistência pelo mesmo preço. 7,14 A Alemanha fez com que o seguro saúde fosse mandatório para toda a sua população em 2009. O país estabelece que os custos extras (particulares) sejam limitados a 2 por cento dos rendimentos para população geral e a 1 por cento para os pacientes mais doentes . 20 Em 2003, a Turquia fez grandes reformas focadas na expansão do acesso aos serviços para pobres e necessitados. Desde então, o país expandiu a cobertura do seguro formal de saúde a mais de 95 por cento da população e melhorou significativamente um número chave de resultados em saúde. 21 Na próxima página, falaremos brevemente sobre a reforma de saúde nos EUA. Você notará alguns contrastes — como um menor envolvimento do governo no orçamento público, no financiamento e no estabelecimento de preços — bem como uma série de similaridades. 22 Sua Vez Compare o sistema de saúde de seu país com algum outro que você tenha bem pouco ou nenhum conhecimento. Comece dando uma olhada nas Estatísticas Mundiais de Saúde de 2012 da OMS. Olhe para as seguintes métricas de custo e qualidade em cada país e veja como elas diferem entre si: Total de Despesas na Saúde Per Capita Taxa de Mortalidade Infantil Cobertura de Imunização entre Crianças com 1 ano de idade Alguma coisa o surpreendeu? Reserve alguns minutos para compartilhar o que você aprendeu na Planilha de Discussão do IHI Open School. Se você quiser aprender mais, você poderá encontrar outras referências muito úteis ao final desta lição. Questão da Planilha de Discussão: Compare o sistema de saúde do seu país com algum outro que você tenha bem pouco ou nenhum conhecimento. Há algo que o surpreenda? Compare o sistema de saúde do seu país com algum outro que você tenha bem pouco ou nenhum conhecimento. Comece dando uma olhada nas Estatísticas Mundiais de Saúde de 2012 da OMS. Olhe para as seguintes métricas de custo e qualidade em cada país e veja como elas diferem entre si: • Total de Despesas na Saúde Per Capita • Taxa de Mortalidade Infantil http://www.ihi.org/offerings/IHIOpenSchool/Courses/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=52142&discussionUrl=%2f_layouts%2fihi%2fdiscussion%2fviewall.aspx%3fstartDate%3d10%2f5%2f2011%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bcurrDate%3dTrue%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bdtInterval%3d365%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3brating%3d-1%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3b http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/EN_WHS2012_Full.pdf http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/EN_WHS2012_Full.pdf • Cobertura de Imunização entre Crianças com 1 ano de idade Alguma coisa o surpreendeu? O Sistema de Saúde dos EUA Hoje Agora que já ouvimos exemplos de diferentes tipos de reformas na saúde em várias nações, vamos discutir como os EUA planejam abordar as mesmas questões críticas de custo, qualidade e eficiência. Em 2010, a administração de Obama implementou uma legislação para reforma radical na saúde conhecida como O Ato de Proteção do Paciente e de Assistência Acessível. (A Suprema Corte apoiou este ato em Junho de 2012 e sua provisão continuará a se estender num ritmo rápido durante 2014. 23 ) Você pode conhecer tudo sobre o Ato e suas muitas cláusulas num amplo site do governo, http://www.healthcare.gov/law/. Aqui estão algumas poucas mudanças que são parte da legislação: 24,25 Fornecimento de serviços gratuitos de prevenção; Estabelecimento de programas como as Organizações de Assistência Responsável (sigla em inglês ACOs), que têm como objetivo auxiliar médicos e serviços a trabalharem juntos para prestarem melhor assistência; Incentivo ao desenvolvimento e implementação de casas de saúde com uma assistência centrada no paciente, com o objetivo de aumentar o acesso aos serviços primários, reduzir sobrecargas e transtornos administrativos e facilitar a coordenação ao longo da continuidade da assistência. Provisão de crédito para pequenos negócios que fornecerem cobertura para seus empregados. Expansão do Medicaid a fim de cobrir mais americanos com baixa renda. Permissão para filhos com idade menor que 26 anos a continuarem no mesmo plano dos pais ou permanecerem como dependentes no mesmo plano de saúde. Prover novas opções de seguros para pessoas não-seguradas bem como um seguro de mercado para proteção aos consumidores. Embora a maioria das coberturas de seguros não seja efetivada antes de 2014, ao observarmos as coberturas que já estão em funcionamento podemos ver sinais de progresso. Em setembro de 2010, muitos planos de saúde foram os primeiros a terem de oferecer oportunidade para os filhos permanecerem nos seguros de saúde dos pais. Desde então, este grupo de indivíduos, nesta faixa etária, tem visto melhorias na cobertura de saúde (enquanto a cobertura em outros grupos continua a diminuir), com taxa geral de segurados de até 69 por cento. 26 Tradução dos termos do gráfico The percentage of young adults uninsured declined over 2010-2012, while rates rose in other age groups = O percentual de adultos jovens sem cobertura diminuiu entre 2010-2012, enquanto em outros grupos as taxas aumentaram Percent of adults ages 19-64 = Percentual de adultos com idade entre 19-64 http://www.healthcare.gov/law/ Insured now, time uninsured past year = Segurado agora, não-segurado no ano passado Uninsured now = Não-segurado agora Totals may not equal sum of bars because of rounding = Os totais podem não equivaler à soma das barras por causa de arredondamento Source: The Commonwealth Fund Biennial Health Insurance Surveys = Fonte: Pesquisas Bianuais do Fundo Commonwealth sobre Seguro Saúde Em todas as faixas etárias o Escritório de Orçamento do Congresso espera que mais 30 milhões de americanos se tornem segurados dentro de 10 anos. 27 Reduzindo Desigualdades Ao Redor Do Mundo Sistemas de saúde acessíveis e de alta qualidade podem fazer diferença entre uma mãe que morre no parto e outra que dá à luz a um menino ou uma menina saudável. Ou a diferença entre uma criança que morre por sarampo e outra que recebe imunizações recomendadas na infância e segue levando uma vida longa e saudável. Embora a última década tenha visto enormes avanços nas tecnologias em saúde e em medicamentos que salvam vidas, ainda não foi possível enxergar uma assistência consistentemente confiável. Uma infraestrutura pobre, políticas inadequadas, falta de financiamento sustentável e uma cobertura de seguro saúde insuficiente estão entre os desafios para que o sistema de saúde seja bem sucedido. 28 Mas, além de mudanças políticas, a estrada para uma Saúde melhor vai requerer um exército de profissionais de saúde — pessoas que trabalham na linha de frente — fazendo mudanças para melhorar o sistema no qual trabalham. E é aí que você entra. Agora que você tem alguma visão geral de como está a Saúde hoje, nas próximas duas lições deste curso vamos começar a discutir como você pode se envolver em mudanças positivas no cenário que acabamos de desenhar. Com muita vontade, e habilidades básicas na área de melhoria de qualidade, você poderá contribuir para mudar as estatísticas preocupantes e as desigualdades que temos identificado. Você pode conduzir seus pares a melhores resultados por meio das ações que você fizer no local onde trabalha. Avaliação Pós-Lição: MQ 101 Lição 2 1 of 5 * Qual das seguintes afirmações é verdadeira: Durante os últimos 15 anos, o custo da assistência tem sido um problema crescente para muitos países desenvolvidos. Durante os últimos 15 anos, a maioria dos países ao redor do mundo tem utilizado abordagens similares para melhorar o acesso e a qualidade da saúde. Entre os países industrializados existe uma correlação perfeita entre as classificações de qualidade e o número de dólares gastos na Saúde. Todas acima 2 of 5 * Qual das seguintes afirmações é uma razão para que os EUA melhorem seu sistema de saúde? Os EUA não melhoraram suas taxas de mortalidade atribuídas à Saúde nos últimos cinco anos. Os EUA não dispõem dos meios necessários para mensurar o acesso e a qualidade da saúde. O governo dos EUA, bem como seus cidadãos, estão lutando para conseguirem arcar com os custos da saúde. Todas acima. 3 of 5 * Nos EUA, qual grupo tem maior probabilidade de não ser segurado? Hispânicos Adultos com idade entre 50–64 Pessoas da classe média Nenhum dos acima (Em geral, na população, as taxas de não-segurados são bastante equitativas) of 5 * Quais dos seguintes países têm tido um sistema de cobertura médica universal relativamente barato por mais de 50 anos? Chile Alemanha Os EUA Japão 5 of 5 * Quais das seguintes alternativas são uma tendência na saúde moderna das nações industrializadas? Prestadores estão se tornando mais especializados. O fardo da doença está sendo transferido para condições agudas. Existe uma demanda crescente por procedimentos complexos. Prestadores estão se tornando mais especializados e Existe uma demanda crescente por procedimentos complexos. MQ 101 Lição 3: Os Objetivos de Melhoria do Instituto de Medicina Quando você ouve todos os problemas que o sistema de saúde enfrenta hoje é fácil sentir-se desencorajado. Mas, todos os dias, no mundo todo, pessoas estão fazendo diferença ao nível local. Nesta lição, você aprenderá a respeito de um relatório de 2001 do Instituto de Medicina (IOM)que estabeleceu seis objetivos simples que, desde então, têm guiado inúmeras melhorias na Saúde e inspirado pessoas em todo o globo. Então, você ouvirá de agentes de mudança quais as melhorias que estão fazendo no mundo real. Conhecendo O Que Mudar: Dois Relatórios Do Instituto de Medicina Você já recebeu algum feedback negativo — talvez uma nota ruim no boletim da escola ou uma avaliação de desempenho profissional desfavorável — mas, ficou inseguro sobre o que realmente deveria mudar? (Por exemplo, você recebeu uma nota baixa no trabalho de história por causa do seu estilo de escrita, seus métodos de pesquisa ou por que você entregou o trabalho atrasado? Ou, talvez, tenha sido uma combinação dos três?) Se você já passou por este tipo de incerteza, você poderá fazer relação com o sistema de saúde americano do final do século XX. Muitas pessoas apontavam que o sistema estava deixando a desejar. Mas, nenhuma delas tinha claramente definido quais eram as dimensões de qualidade que deveriam ser melhoradas para torná-lo um bom sistema. Em 1999, o IOM publicou Errar é Humano: Construindo Um Sistema de Saúde Mais Seguro, um relatório alarmante que chamou tremendamente a atenção do público para os erros na Saúde. 1 (É de lá que temos a estatística de que entre 44.000 a 98.000 americanos morrem todos os anos devido à erros na Saúde, e sobre o qual você poderá aprender mais no curso SP 100: Introdução à Segurança do Paciente.) A necessidade de prestar melhor assistência aos pacientes era muito óbvia e estava claro que algo deveria ser feito. A questão era o quê fazer. Em 2001, o IOM publicou um novo relatório, Atravessando o Abismo da Qualidade: A Saúde no Século 21 (título original: Crossing the Quality Chasm: Health Care in the 21st Century). 2 Este relatório teve como base o relatório anterior, identificando seis dimensões chaves do sistema de saúde americano e traçando objetivos para cada uma destas dimensões. Estes seis objetivos são tão abrangentes que ainda hoje compõem a estrutura dominante quando se pensa em melhoria da qualidade na Saúde, nos Estados Unidos e em muitas outras nações. Então, quais são as seis dimensões do cuidado em saúde e os objetivos para cada uma delas? Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Senior Fellow do Institute for Healthcare Improvement, e ex-administrador dos Serviços dos Centros para o Medicare & Medicaid, explica: Transcrição do Vídeo: (Extraído de uma entrevista com Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Senior Fellow do Institute for Healthcare Improvement, e ex-administrador dos Serviços dos Centros para o Medicare & Medicaid). Um das coisas mais importantes que aconteceu neste relatório é o fato de ele ter dado nomes às dimensões da qualidade. Se você estiver comprando um carro, existem dimensões de qualidade: segurança, eficiência do consumo de combustível, conforto, prazer em dirigir, durabilidade, e assim por diante. Estamos acostumados à isso. Bem, quais são as dimensões do que é adequado em Saúde? E o relatório do Instituto de Medicina “Atravessando o Abismo da Qualidade” nos deu seis dimensões e disse: “Estas são as áreas onde o sistema de saúde deveria buscar melhorias.” Ele também resume muito da literatura científica sobre o desempenho atual da saúde nestas seis áreas. Então, aqui estão as áreas: A primeira delas é segurança, que foi estabelecida desde o relatório “Errar É Humano”, publicado um ano e meio antes. Segurança significa que não estamos causando dano às pessoas com a assistência que prestamos. Não estamos adicionando mais um fardo de doença. Então, um sistema de saúde seguro reduz os perigos e riscos da assistência prestada. Segurança. https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15375 https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15375 A segunda dimensão é denominada efetividade, um termo que significa combinar os achados da ciência com a assistência prestada. Se a ciência diz “Esta droga pode ajudar nesta doença,” então, usamos esta determinada droga, e se a ciência diz que ela não pode ajudar, então, não a utilizamos. Então, o fato de evitarmos o uso excessivo de coisas que não auxiliam e garantirmos a utilização de coisas que auxiliam — evitando a subutilização — isto é efetividade, alinhando a ciência ao cuidado. Existem grandes problemas na efetividade. A empresa The Ran publicou um estudo alguns anos atrás que se tornou famoso. Eles fizeram o seguimento 7.000 pessoas durante dois anos (que tinham todo o tipo de acometimento, variando desde uma saúde adequada até uma doença crônica grave) e mostraram qual seria a assistência efetiva necessária aos americanos: estas 7.000 pessoas deixaram de receber 45 por cento do cuidado que as teria ajudado. Então, isto é efetividade. A terceira dimensão é assistência centrada no paciente, e este é um objetivo muito subversivo. Significa que as pessoas deveriam ter o controle do seu próprio cuidado. Eles deveriam tomar as decisões que os afetam. Costumamos dizer “Nada a meu respeito sem meu aval”. É colocar o paciente no centro do sistema de assistência, dando à eles poder e controle sobre suas próprias vidas e seu próprio cuidado. A quarta dimensão é atendimento oportuno ou ágil, que significa evitar demoras e atrasos. As pessoas estão muito familiarizadas com salas de espera. Esperamos muito tempo até receber atendimento médico no pronto-socorro ou na sala de espera de um consultório. Em todas as outras indústrias agilidade no atendimento é uma dimensão importante de qualidade. Você não quer esperar em todo o lugar que vai. Bem, nem no sistema de saúde. Então, um atendimento oportuno significa a redução de demoras desnecessárias. Algumas demoras são importantes — você quer esperar para ver o que acontece — mas, existe uma série de demoras que não são importantes e que custam muito caro. A quinta dimensão é eficiência, que significa evitar desperdício. Jogamos fora muita coisa na Saúde: fornecemos coisas que não ajudam, fazemos procedimentos e testes diagnósticos em duplicidade, perdemos registros de prontuário, perdemos ideias que vêm da força de trabalho por não convidá-los a participarem de uma invenção. Então, eficiência é uma grande palavra. Significa parar de desperdiçar coisas. Somos muito, muito desperdiçadores na Saúde. A última dimensão, que algumas pessoas acham que deveria ser a primeira, é equidade, que significa acabar com a lacuna entre o que é justo e o que tem sido a Saúde basicamente. Exatamente agora o maior fator preditivo do status de sua saúde em nosso país continua sendo sua raça. Se você souber a raça de alguém, você sabe muito mais sobre o seu futuro de saúde do que qualquer outra coisa que eu pudesse lhe contar sobre ela. Um bebê negro nascido este ano no centro da cidade de Baltimore tem uma expectativa de vida de um ser humano do sexo masculino que tem sete ou oito anos a menos que um indivíduo branco. Esta é uma dimensão de equidade. Então, segurança, efetividade, assistência centrada no paciente, atendimento oportuno, eficiência e equidade. Estes são os nomes das dimensões de qualidade nas quais o Instituto de Medicina diz que devemos trabalhar. Graças ao relatório Quality Chasm (Abismo da Qualidade), sabemos que a assistência deve ser segura, oportuna, efetiva, eficiente, equitativa e centrada no paciente (no inglês, estas palavras formam a sigla ―STEEEP‖), e sabemos no que implica cada uma destas categorias: Seguro: Evitar que o cuidado de saúde destinado a ajudar os pacientes acabe por provocar danos. Efetivo: Prestar assistência baseada em conhecimento científico a todos que possam se beneficiar dela e evitando prover assistência àqueles que não têm probabilidade de se beneficiar dela. Centrado no Paciente: Prestar assistência que respeite as preferências e individualidades dos pacientes, suas necessidades e valores, assegurando que seus valores dirijam todas as decisões clínicas. Oportuno: Reduzir esperas e, algumas vezes, atrasos danosos, tanto para aqueles que recebem quanto para os que prestam assistência. Eficiente: Evitar desperdícios, incluindo desperdícios de equipamento, materiais, ideias e energia. Equitativo: Prestar um cuidado que não apresente variações de qualidade devido às características de uma pessoa. É claro que o IOM não disse exatamente como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e trabalhadores de outros campos da saúde poderiam alcançar estes objetivos. Melhor que isso, o relatório forneceu uma orientação inicial e concluiu que ―... não seria útil nem possível apresentar uma fórmula para a prestação de assistência do século 21. Há abundância de criatividade em todos os níveis e todas as formas promissoras de inovação deveriam ser encorajadas .‖ 2 E é aqui onde você deve entrar. Nesta lição você verá como não há razão, com um forte senso de direção, para que você não enfrente os desafios da Saúde de hoje, que foram discutidos na Lição 2. Abordaremos os problemas que estamos enfrentando, confrontando-os com cada uma das seis dimensões do sistema de saúde e, então, forneceremos a você um exemplo real de pessoas comuns que, trabalhando juntas, com paixão e habilidade, estão transformando completamente a maneira como prestam assistência. Objetivo 1: O Cuidado Deve Ser SEGURO. Um cuidado seguro significa evitar que a assistência à saúde destinada a ajudar os pacientes acabe por provocar danos. O Problema O primeiro objetivo do IOM lida com a dimensão da segurança: Pacientes não deveriam sofrer danos por causa da assistência destinada a ajudá-los. Você deve pensar que isto deveria acontecer sem que alguém precisasse falar, mas a realidade é que, mesmo nos países desenvolvidos, 1 em cada 10 pacientes sofre danos advindos da assistência prestada. Por exemplo, um estudo de 2011 que pesquisou erros na assistência e erros de medicação na Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, EUA, Alemanha e Holanda revelou que 11 por cento dos pacientes em geral — variando de 13 por cento nos EUA e Austrália à nove por cento na Alemanha e Reino Unido — experimentaram um erro nos últimos dois anos. Os pesquisadores concluíram que ―À despeito dos muitos anos de pesquisa e intervenções em segurança do paciente, uma melhor comunicação entre os vários prestadores de assistência e uma organização mais estruturada do cuidado continuam sendo o maior desafio para a prevenção do erro, em todos os países.‖ 3 A Solução De Um Hospital Quando o centro médico McLeod Regional Medical Center em Florence, Carolina do Sul, se juntou a outras 13 organizações de saúde dos Estados Unidos e Europa para aderirem à iniciativa denominada a Busca da Perfeição, sua equipe de profissionais já estava procurando meios para melhorar a segurança do processo de medicação. Mas, a iniciativa de 8 anos os ajudou a manterem-se focados na conquista de, literalmente, centenas de pequenos e grandes esforços de melhoria entre 2001 e 2008, incluindo: 4 Novos formulários e relatórios ; Separação das drogas que se parecem, possuem grafia ou som semelhantes; Maior uso da tecnologia para prescrição e seguimento de medicamentos; Uso de código de barras em medicações ; Dispensação automatizada de medicação; Implementação de ―rondas de segurança‖ pela liderança executiva a fim de promover discussões sobre erros e incidentes ; Decentralização dos farmacêuticos . Então, quais foram os resultados do trabalho árduo que fizeram? De acordo com o artigo de 2010 do IHI, ―A Iniciativa de Busca da Perfeição: Lições Sobre a Transformação da Saúde‖, a taxa de eventos adversos relacionados a drogas por 1000 pacientes caiu de 3.5 para 0.4 — mais do que 85 por cento de redução. Na verdade, o centro médico McLeod foi um dos três centros que participou desta iniciativa tendo como alvo os erros de medicação, e todos os três testemunharam suas taxas caírem para menos de 1 erro em cada 1000 doses. O artigo concluiu: 5 ―… aprendemos que é possível alcançar uma melhoria de qualidade substancial, sustentável e replicável nas organizações de saúde. Todavia, para que o sistema de saúde alcance melhorias, a alta qualidade das organizações de saúde deve ser acompanhada, muito provavelmente, por inovações na organização dos serviços e na prestação do cuidado, ao longo de todo o processo assistencial.‖ Aqui vemos como o centro McLeod trabalhou com médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais para mudarem a organização ao longo do processo assistencial e criarem uma cultura de segurança: 6 Transcrição do Vídeo: O Cuidado Deve Ser SEGURO: Lições do centro médico McLeod Regional Medical Center (Extraído do “Buscando a Perfeição na Saúde”, a 7 a série de um DVD produzido pela Crosskeys Media, com apoio de programação da fundação The Robert Wood Johnson Foundation (RWJF) e direção técnica do Instituto para Melhoria da Qualidade). NATASHA NICOL, Diretora, Farmacêutica, McLeod Regional Medical Center: Mudar a cultura é, provavelmente, o passo mais complicado e difícil de tudo isso. Implementar um novo sistema computadorizado? Você consegue fazer isso. Instalar umas máquinas lá em cima com medicações? Você consegue fazer isso. Mas, mudar o seu pessoal e o modo como sentem, como pensam, como praticam, isso é certamente o mais difícil. http://www.ihi.org/offerings/Initiatives/PastStrategicInitiatives/PursuingPerfection/Pages/default.aspx http://www.ihi.org/knowledge/Pages/IHIWhitePapers/PursuingPerfectionInitiativeWhitePaper.aspx EDUCADOR falando com a equipe: Você deve estar falando, “Porque estou aqui? Tenho administrado medicações por 5, 10, 15, 25 anos. Nunca tive um problema sério. Tudo está indo bem. Por que estou numa coisa que parece ser uma introdução à segurança em medicação? ROB COLONES, Presidente e Principal Executivo, McLeod Health: Descobrimos neste trabalho, que a tecnologia facilita nosso esforço de mudança, mas a tecnologia por si só não pode fazer o que nós precisamos fazer. A parte cultural disso—fazer as pessoas entenderem o que estamos tentando realizar, fazer com que as pessoas usem a metodologia para buscar soluções—é muito importante. EDUCADOR: O objetivo que temos como um Comitê de Segurança em Medicação—e espero que seja seu objetivo também— é que toda a dose de todo medicamento seja segura para todo paciente, todas as vezes que ele receber aquela dose. E quero que você sinta esse tipo de confiança que, se alguma coisa que estiver acontecendo em sua unidade não seja segura para você ou não seja segura para os pacientes, particularmente quando se relaciona com medicações, que você fale para nós. NATASHA NICOL falando para a equipe: Primeiro vocês deveriam fazer uma rodada de aplausos para vocês mesmos, por que a farmácia foi a número um em notificação— por muitas. Então, bom trabalho! [aplausos]. Temos visto um aumento na notificação de erros e era isso, na verdade, que esperávamos. E tivemos que treinar muitas pessoas para que entendessem que estava tudo bem com isso. E isso não significa que, de repente, vocês fizeram mais erros. O que significa é que mais pessoas estão mais confortáveis para apontá-los. Falando para a equipe novamente: Então, agora temos que falar sobre alguns incidentes. Alguns erros que preciso compartilhar com vocês: Tivemos dois carros de emergência que subiram esta semana sem medicamentos e um... (o som desaparece). Apresentamos os erros para a equipe, no departamento de farmácia, ao menos uma vez por mês. Apresentamos realmente de uma maneira que, você sabe, “Aqui estão os dados, aqui está o que significam para os pacientes, e como podemos trabalhar juntos como um time para evitar que isto ocorra novamente?”. Você pode aprender mais sobre como promover uma ―cultura de segurança‖ no curso SP 106: Introdução à Cultura de Segurança. Objetivo 2: O Cuidado deve ser EFETIVO Um cuidado efetivo significa prestar assistência baseada em conhecimento científico a todos que possam se beneficiar dela e evitando prover assistência àqueles que não têm probabilidade de se beneficiar dela. O Problema O cuidado deve ser baseado em evidências — o melhor conhecimento científico à respeito daquilo que tem probabilidade de ajudar (ou de causar dano) o paciente. A assistência à saúde deveria corresponder à ciência, sem haver uso excessivo nem subutilização das melhores técnicas disponíveis. Ainda assim, com muita frequência, os pacientes não recebem toda a assistência que deveriam receber ou recebem medicamentos desnecessários, procedimentos, tecnologias ou serviços que não deveriam receber. Especificamente, um dos jornais científicos frequentemente citados, o New England Journal of Medicine, publicou um estudo mostrando que um pouco mais da metade da assistência prestada nos EUA seguiu guias de conduta baseados em evidências. 7 Para abordar esta questão de tratamento e exames diagnósticos desnecessários, organizações de especialidades estão se unindo em torno de uma campanha denominada ―Escolhendo de Maneira Sábia‖ para sensibilização sobre o uso excessivo de exames e procedimentos em https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445 suas respectivas áreas. Até fevereiro de 2013, mais de 25 organizações haviam submetido listas contendo cinco desses procedimentos com o objetivo de embasar discussões entre pacientes e prestadores para que os mesmos fossem utilizados com menos frequência, de maneira mais consciente. 8 Por outro lado, aqui está o exemplo de um hospital que precisou fazer mais — e fez. A Solução De Um Hospital A equipe de profissionais do centro médico Claxton-Hepburn Medical Center em Ogdensburg, Nova York, não sabia exatamente o que deveriam fazer para prevenir úlceras de pressão — sabiam apenas que precisavam fazer mais. Para solucionar este dilema, eles criaram uma equipe de cuidados com pele e feridas e começaram a estudar as últimas tecnologias disponíveis para prevenção de úlcera de pressão. Ao participarem de conferências e testarem todos os diferentes tipos de colchões específicos e equipamentos para alívio da pressão, o time finalmente chegou a uma solução que serviria para eles: Selecionaram uma variedade de botas para alívio da pressão, superfícies de redistribuição da pressão, e colchões com alternância interna da pressão de ar, que oferecem proteção tanto para a pele do paciente quanto para as costas de quem presta o cuidado. Os equipamentos não foram baratos, mas ao adicionarem a nova tecnologia gradualmente (poucos leitos a cada ano, iniciando em 2004), em outubro de 2012 eles adquiriram o suficiente para todos os leitos da Unidade de Terapia Intensiva e para quase todos das Unidades Médico- Cirúrgicas. É claro que não foi o bastante ter somente equipamentos. Eles necessitaram implantar uma escala de risco baseada em evidências científicas, para determinar qual paciente realmente se beneficiaria destas tecnologias. À medida que o tempo foi passando, eles perceberam que também precisavam de sistemas para assegurar que os equipamentos estavam acessíveis e mantidos adequadamente, e que a equipe estava atualizada sobre como utilizá-los. No clipe a seguir, Karen Cole, enfermeira, BSN, CDE, WOCN, fala sobre como o centro médico Claxton-Hepburn Medical Center começou a utilizar colchões específicos para prevenir úlceras de pressão e sobre o que aprenderam ao longo destes anos: Transcrição do Vídeo: O Cuidado Deve Ser EFETIVO: Lições do centro médico Claxton-Hepburn Medical Center (Extraído da entrevista com Karen Cole, BSN, RN, CWOCN, CDE, Claxton-Hepburn Medical Center). Nós instalamos os colchões HoverMatts em 2004. É um sistema de transferência de ar — você pode ouvir que tem um som um pouco alto. Mas, basicamente, ele empurra o paciente para cima quando sopra o ar, então quando o paciente sobe, flutua para cima na cama, não precisamos arrastá-lo pelo lençol, causando escoriações em sua pele. Esta tem sido realmente uma jornada, e começou, provavelmente, uma dúzia de anos atrás. Formamos nosso primeiro time de cuidados com a pele e feridas no final dos anos 1990. E a razão pela qual criamos este time foi a seguinte pergunta “O que estamos fazendo para prevenir úlceras de pressão? O que estamos fazendo para o cuidado com feridas?” E basicamente não estávamos fazendo muita coisa. Porque tínhamos o residencial, uma casa de repouso, estávamos utilizando uma escala de risco no residencial — utilizávamos a escala Gosnell. Mas, não estávamos fazendo nenhuma avaliação de risco nos nossos pacientes internados. Quando instalamos os colchões HoverMattts, toda a equipe foi treinada. Tínhamos muitos HoverMattts, e nossas úlceras de pressão — especialmente as de grau dois — diminuíram dramaticamente. http://www.choosingwisely.org/doctor-patient-lists/ Nos últimos anos temos notado um aumento nas nossas “grau dois.” Então, começamos a olhar para “Bem, por que você acha que está acontecendo isso?” E uma das coisas que percebemos foi: tivemos uma transição na equipe. Nem toda a equipe estava segura para automaticamente instalar um HoverMatt em um paciente e utilizá- lo. Nossos HoverMattts começaram a desaparecer ao longo dos anos. Você sabe, eles ficaram velhos, as bombas não estavam no lugar e não havia um local específico onde os HoverMatts ficavam guardados . Se você tiver que gastar 20 minutos procurando um HoverMatt, então, provavelmente, você tem menos chances de usá-lo. Então, a Roberta, coordenadora de enfermagem, tomou a seguinte iniciativa: substituiu os HoverMattts, estabeleceu uma sala específica para a guarda dos HoverMattts, e treinou novamente a equipe. E o que eu posso te dizer é que isto terminou em outubro passado e, quando olhei para nossas taxas de prevalência ano passado, nosso último trimestre foi quase a metade dos primeiros 3 trimestres do ano, depois de termos voltado a usar os HoverMattts. Objetivo 3: O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE. Cuidado Centrado no Paciente significa prover assistência que respeite e atenda às preferências, necessidades, e valores individuais do paciente, e assegurar que os valores do paciente guiem todas as decisões clínicas. O Problema Quando você pergunta a um profissional de saúde por que ele entrou para o setor da saúde, uma resposta comum é ―Eu queria ajudar as pessoas.‖ Ajudar pessoas implica em ouvi-las e atender suas necessidades. Mesmo assim, é interessante ver que frequentemente os pacientes se queixam sobre a falta de serviço e envolvimento do consumidor na indústria da saúde. Estudos sobre as interações médico-paciente mostram que os médicos ouvem as questões dos pacientes durante um tempo médio de 20 segundos antes de interrompê-los. 9,10 No vídeo a seguir, Victor Montori, médico, MSc, um Professor de Medicina da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota, e pioneiro na área de cuidado centrado no paciente, descreve um processo de tomada de decisão ultrapassado que ele está trabalhando para mudar: 11 Transcrição do Vídeo: O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE: Lições de Victor Montori, Parte 1 (Extraído de uma entrevista com Victor Montori, médico, MSc, Professor de Medicina da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota) Uma das maneiras de descrever isso é o que experimentei quando eu era uma criança pequena e meu avô estava doente. Estávamos todos no hospital, com os adultos caminhando pra lá e pra cá em frente à algumas portas fechadas. Alguns estavam fumando (estavam fumando no hospital!), você sabe, andando pra lá e pra cá e esperando, e então as portas se abriram e três ou quatro clínicos vieram e disseram, “Nós já tomamos nossa decisão; vamos operar!” Então o processo de compartilhamento de informações com a família sobre as opções, se existisse, foi essencialmente a necessidade de um consentimento informado. Em termos de deliberação, de decisão, tudo aconteceu à portas fechadas entre os médicos. Se você pensar em um único médico, tudo aconteceria dentro da cabeça do médico. O paciente não teria nenhum acesso àquele processo e nenhuma forma de entender quais critérios foram usados para dar maior ou menor peso à decisão. Nenhuma informação, de jeito nenhum. Transcrição do Vídeo: O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE: Lições de Victor Montori, Parte 2 (Extraído de uma entrevista com Victor Montori, médico, MSc, Professor de Medicina da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota) Aqui está uma ferramenta que é gráfica, uma ferramenta num cartão, e os pacientes são convidados a pensarem quais os aspectos do seu próximo medicamento para diabetes, por exemplo, se eles forem acrescentar um medicamento no seu programa de tratamento atual, quais os aspectos do seu próximo medicamento para diabetes eles gostariam de considerar antes? Então os pacientes podem ver isso e eles podem se interessar, por exemplo, sobre qual o efeito do medicamento sobre o seu peso. Então, o clinico pega o cartão e entrega para paciente, o qual, é claro, tem todo um ritual muito importante de significação: “Aqui está a informação; está em suas mãos”. Para lhe contar uma história, em nossa pesquisa original sobre os cartões de diabetes, nós elegemos um homem idoso de 92 anos. Não me pergunte como este homem de 92 anos acabou entrando em nosso estudo ? ele era elegível, eu acho, então, ele participou. E em nossas pesquisas gravamos os encontros, para entender como essas ferramentas estavam funcionando durante as consultas. Estávamos revisando as gravações e nós revisamos a gravação deste homem com seu clinico, a quem eu descreveria como um clinico muito talentoso, mas que de alguma maneira encontrava- se esgotado, como muitos outros clínicos se encontram quando estão cuidando de muitos pacientes crônicos. Então, começa falando em tom de voz baixo, sem sorriso, interação do tipo “como vai” e outras formalidades de cortesia ? muito breve. Era Minnesota, então nós temos um tipo de falar um pouco norueguês, que é como nada, você sabe, como silêncio. E, então, o clínico apresenta os cartões. E o paciente escolhe como seu primeiro cartão o cartão de mudança
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