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CURSO IHI MELHORIA DA QUALIDADE - IHI - MQ 101 Fundamentos do Desenvolvimento

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MQ 101 Lição 1: Erros Podem Acontecer em Qualquer Lugar e à Qualquer Pessoa 
Você acha que você é à prova de erros? Pense de novo. Enganos acontecem mesmo com as 
pessoas mais dedicadas. A questão não é ―se acontecer‖, mas ―quando acontecer‖, e o que 
fazer quando ocorrer um engano. Nesta lição você vai aprender como ocorreu um erro grave 
num respeitado hospital de Boston e como o hospital lidou com ele. A lição discutirá também 
uma série de respostas ao erro, incluindo quando revelar um engano ocorrido e quando punir 
pessoas envolvidas. 
Respondendo ao Erro na Saúde: A História de Um Líder Hospitalar 
Erros irão ocorrer. Por mais seguros que procuremos ser, é inegável que seres humanos não 
são perfeitos e sempre estarão sujeitos a enganos. 
 
Mas, quando ocorre, inevitavelmente, um erro em um hospital ou em qualquer serviço de 
saúde, como deveríamos reagir? Como deveríamos responder às pessoas envolvidas 
(pacientes, familiares e profissionais) e como podemos evitar que o mesmo tipo de erro ocorra 
novamente? 
 
Essas questões são difíceis, e aqui começa o debate. 
 
Para ajudar a começar esta discussão falaremos com alguém que sabe tudo sobre as 
complexidades da abordagem do erro em saúde. Paul Levy, ex-presidente e CEO do Beth 
Israel Deaconess Medical Center (um hospital muito respeitado em Boston) têm muitas 
histórias excelentes para compartilhar sobre seu tempo na direção de um hospital. (Ele tem 
tanto para contar, que mantém um blog mesmo depois de sua saída do Beth Israel 
Deaconess). Esta lição focará em uma das histórias em particular, que deixaremos para que 
ele apresente: 
Um paciente acorda pela manhã após uma cirurgia ortopédica, olha para seu tornozelo e diz 
“Porque este curativo está no meu pé direito ao invés de no meu pé esquerdo?” E foi naquele 
momento que o cirurgião percebeu que ele havia operado o tornozelo errado deste paciente. E 
embora parte desta ocorrência fosse devido ao fato do cirurgião não ter cumprido 
adequadamente o procedimento de time out (uma checagem de segurança de pontos 
específicos, imediatamente antes da cirurgia), acabou-se percebendo que ocorriam problemas 
sistêmicos no hospital que contribuíram diretamente para este resultado. 
Embora essa fosse uma situação que Levy nunca esperava enfrentar, lá estava ele, de repente 
tendo que tomar inúmeras decisões críticas: 
 O que o hospital deveria falar ao paciente, ao cirurgião, outros profissionais e à 
comunidade como um todo, sobre o erro, se é que houve algum? 
 O que o hospital deveria fazer para resolver os problemas sistêmicos que foram 
identificados como contribuintes para este erro? 
 
No final desta lição você saberá o que Levy fez. Você poderá discutir se concorda ou não com 
suas ações e verá quão relevante é sua história ainda nos dias de hoje. 
 
Outro curso do catálogo de cursos do IHI Open School, SP 106: Introdução à Cultura de 
Segurança, apresentará a definição e discussão de conceitos citados nesta lição, incluindo 
segurança psicológica, liderança ativa, transparência e imparcialidade.Mas, por ora, vamos 
conhecer um pouco mais dessa história, incluindo como a mídia cobriu este fato naquela 
época. 
http://runningahospital.blogspot.com/
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
A História de um Hospital: “Cirurgião Opera o Lado Errado do Paciente” 
O jornal Boston Globe, um dos maiores jornais da cidade de Boston, divulgou o incidente logo 
após sua ocorrência em 2008 
 
Autoridades estaduais estão investigando uma cirurgia errada que ocorreu segunda-feira 
durante um procedimento eletivo. Um administrador do hospital não quis dar detalhes sobre a 
operação, mas disse que esta ocorrência não envolveu retirada de órgãos e não causou dano 
permanente no paciente de meia idade, que acabaria por sofrer um desconforto a curto prazo. 
Um agente regulador da saúde descreveu a cirurgia como um procedimento ortopédico. . . 
 
[Dr. Kenneth Sands, vice-presidente sênior de qualidade em saúde do Beth Israel Deaconess] 
disse que os profissionais de saúde marcaram corretamente o lado que deveria ser operado, 
mas, por alguma razão, o cirurgião falhou por não notar a marcação. 
 
"Acho que ele começou a preparar o local sem olhar a marcação feita e, por alguma razão, ele 
acreditou estar do lado certo, disse Sands‖. Talvez o que seja mais crítico é que a equipe de 
trabalho da sala cirúrgica tenha negligenciado a condução do que é conhecido como um "time 
out" antes do cirurgião colocar seu bisturi no paciente. 
 
Time outs são procedimentos rotineiros de segurança que requerem que a equipe de cirurgia 
confirme verbalmente ―Paciente certo, procedimento certo, localização certa‖. Nenhum 
indivíduo em particular deve ser culpado por este evento, disse Sands, e uma vez iniciada a 
cirurgia, nada no próprio sítio cirúrgico chamou atenção do cirurgião para o fato de que ele 
pudesse estar operando o lado errado. O engano foi descoberto quando o paciente estava na 
sala de recuperação. Posteriormente, naquela tarde, o erro foi contado ao paciente. . . 
 
A cirurgia deixou o paciente com desconforto pós-operatório, mas não houve ―ameaça de 
morte ou dano permanente de algum órgão 
A Bola Está Com Você 
Imagine que você é o CEO do hospital ou o vice-presidente sênior no dia em que acontece 
este evento. Passadas algumas horas após saber sobre a cirurgia do lado errado você 
consegue reunir as seguintes informações: 
 O cirurgião disse que não notou a marcação que indicava o lado certo do procedimento 
por que estava ―distraído por pensamentos sobre a melhor maneira de abordar o caso 
do paciente‖. 
 Os profissionais da sala cirúrgica disseram que não conduziram o time out pré-cirúrgico 
– uma medida de segurança muito conhecida e divulgada no hospital – por que 
estavam ―ocupados resolvendo os detalhes de última hora‖. 
 Como resultado deste engano, o paciente sofreu desconforto, mas sem ameaça de 
morte ou dano permanente de algum órgão. 
 
Com esses fatos em mente, existem muitas maneiras que você pode escolher para responder 
a este erro. Duas possibilidades estão listadas abaixo. Leia estas possibilidades e selecione a 
que você achar mais razoável. Em seguida vamos explorar aquela que foi escolhida pela 
liderança do Beth Israel Deaconess Medical Center, apresentando-lhe o porquê. 
Sua Vez: Abordagens Para Responder a Um Erro 
1 of 1 
Qual destas duas abordagens você decidiria escolher? 
Informe à todos os profissionais e funcionários do hospital sobre o incidente, bem como 
também a mídia local. Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente, mas evite puni-lo 
ou punir a equipe de saúde. 
Puna o cirurgião e a equipe de saúde de maneira privada, confidencial. Não revele o incidente ao restante 
do hospital ou ao público para evitar que os profissionais envolvidos se sintam ainda piores. 
1 
Qual destas duas abordagens você decidiria escolher? 
Answer Submitted 
Informe à todos os profissionais e funcionários do hospital sobre o incidente, bem como 
também a mídia local. Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente, mas evite puni-lo 
ou punir a equipe de saúde. 
 
Resposta Correta: 
A liderança do Beth Israel Deaconess escolheu a opção A. Aqui explicamos como esta 
abordagem poderia reduzir a probabilidade deste engano ocorrer novamente, tanto neste 
hospital quanto em qualquer outro: 
• Informe os profissionais e funcionários sobre o incidente. Esta atitude permitirá que outros 
profissionais (médicos, enfermeiros, administradores e outros) de sua organização e de outras 
organizações de saúde considerem mudar seus processos a fim de diminuir as chances de 
uma nova ocorrência deste mesmo tipo de engano. 
• Solicite ao cirurgião que se desculpe com o paciente. Esta atitude promoverá ao cirurgião um 
escape para suas emoções dolorosas. Sobretudo, o paciente verá que o cirurgião
compreende 
a gravidade de seu engano e que aprendeu com esta experiência. Estudos publicados na 
literatura médica sugerem que a grande maioria dos pacientes deseja ouvir toda a verdade 
sobre possíveis erros ou enganos cometidos durante sua assistência. 
• Evite punir o cirurgião e a equipe que cometeu o erro. Fazendo assim, você provará à toda a 
equipe que eles poderão admitir seu engano honestamente e sem temor, sempre que o 
cometerem. Desta forma, será mais fácil para você ter conhecimento sobre erros que venham a 
ocorrer no futuro e melhorar os sistemas do hospital para prevenção destes erros. 
 
A Resposta do Hospital: “A mensagem que você nunca espera enviar” 
Vamos ouvir o Levy sobre a decisão de revelar o erro: 
 
E-mail para os Profissionais e Funcionários 
(Extraído de uma entrevista com Paul Levy; ex-CEO e ex-Presidente, Beth Israel Deaconess 
Medical Center; Blogueiro em Saúde; não está dirigindo um hospital atualmente) 
Quando conversamos com nossa equipe de diretores, fazendo uma revisão do caso, nós 
decidimos que seria importante contar à todos do hospital sobre este caso para que 
pudéssemos aprender com ele. Então, nossa equipe de diretores votou de forma unânime em 
divulgar o ocorrido num e-mail para toda a equipe de profissionais e funcionários. 
A seguir encontra-se um trecho do e-mail que Levy e o Dr Sands enviaram para centenas de 
funcionários e demais profissionais, três dias após o incidente: 
Enquanto respeitamos a confidencialidade tanto do paciente quanto da equipe de profissionais, 
aqui vão os principais fatos: Tratava-se de um procedimento eletivo que envolveu uma 
excelente equipe de profissionais. Era um dia agitado, como muitos. Antes do início da cirurgia, 
o médico encontrava-se distraído por pensamentos sobre qual seria a melhor forma de abordar 
este caso e a equipe da sala cirúrgica encontrava-se ocupada cuidando dos detalhes de última 
hora. Em meio a tudo isso, duas coisas aconteceram: Primeiro ninguém percebeu que o lado 
errado estava sendo preparado para o procedimento. Segundo, o procedimento começou sem 
que fizessem o “time out”, a checagem que deve ocorrer imediatamente antes do início do 
procedimento para confirmação do “paciente certo, procedimento certo, lado certo”. Foi dada 
sequencia ao procedimento. O erro não foi detectado antes da finalização do procedimento. 
Assim que o erro foi detectado, nosso departamento de segurança do paciente foi 
imediatamente notificado e eles tomaram todas as medidas necessárias, incluindo 
investigação, notificação e ações corretivas. O médico conversou sobre o erro com o paciente 
na primeira oportunidade e formalizou seu pedido de desculpas. O paciente encontra-se em 
casa agora, recuperando-se da lesão, que não consiste em ameaça de morte. 
Com este e-mail, os dois líderes sêniores do hospital mostraram sua seriedade em relação à 
importância do envolvimento de todos os profissionais na melhoria da segurança do paciente. 
 
Eles deixaram claro, primeiramente, que qualquer um poderia ter cometido este engano. Eles 
não culparam a equipe envolvida, ressaltando que o engano ocorreu por que o cirurgião estava 
pensando sobre ―como melhor abordar o caso‖ e a equipe estava ocupada com a ―resolução 
dos detalhes de última hora‖. É difícil culpá-los por estes motivos. Na verdade, é fácil relacionar 
estes fatos com o evento adverso — que era exatamente o ponto que desejavam alcançar. 
 
Em seguida, eles apontaram para o fato de como o hospital age quando pessoas cometem 
enganos. Ele investiga. Ele corrige. Ele pede desculpas. Ele não esconde, nem culpa ou pune 
um engano que poderia ter sido cometido por qualquer um. Esta era uma mensagem poderosa 
que os funcionários estavam recebendo, e um tipo de mensagem que faz com que haja maior 
probabilidade das pessoas se manifestarem quando estiverem envolvidas em um erro 
 
Sua Vez: A Raiz do Problema 
1 of 1 
Imagine, mais uma vez, que você fosse um executivo no Beth Israel Deaconess Medical 
Center. No dia seguinte ao evento da cirurgia do lado errado você está se reunindo com a 
diretoria do hospital para discutir sobre este evento. 
Um dos membros da diretoria vira para você e diz, ―Precisamos chegar à raiz do problema para 
garantir que isto nunca mais aconteça. Qual foi a causa primária deste engano?‖ 
―A equipe médica estava ocupada cuidando dos detalhes de última hora.‖ 
―O cirurgião encontrava-se distraído antes do procedimento.‖ 
―Os sistemas do hospital, que deveriam garantir a segurança do paciente, falharam‖. 
―A equipe falhou na condução do ‗time out‘ antes do procedimento.‖ 
1 
Imagine, mais uma vez, que você fosse um executivo no Beth Israel Deaconess Medical 
Center. No dia seguinte ao evento da cirurgia do lado errado você está se reunindo com a 
diretoria do hospital para discutir sobre este evento. 
Um dos membros da diretoria vira para você e diz, ―Precisamos chegar à raiz do problema para 
garantir que isto nunca mais aconteça. Qual foi a causa primária deste engano?‖ 
Answer Submitted 
―Os sistemas do hospital, que deveriam garantir a segurança do paciente, falharam‖. 
 
Resposta Correta: 
Embora todos esses fatores tenham contribuído para o erro, se você estivesse pensando como 
a liderança do Beth Israel Deaconess, você teria respondido a letra C, os sistemas do hospital 
que deveriam garantir a segurança do paciente falharam. Na opinião deles, esta foi a causa 
primária do engano e a coisa mais importante a ser considerada para prevenir erros futuros. 
Aqui está o porquê: 
Em um local dinâmico, onde a assistência acontece em ritmo acelerado, os cirurgiões são 
frequentemente distraídos, a equipe de saúde estará geralmente ocupada, e será fácil ignorar 
as checagens de segurança quando os profissionais estão pressionados pelo tempo. Estes 
fatos inevitáveis são exatamente a razão de um sistema bem desenhado ser tão importante. 
Um sistema bem sucedido teria feito com que fosse mais fácil praticar a coisa certa e 
impossível de fazer a coisa errada, não importando quão ocupados, distraídos ou pressionados 
o cirurgião e a equipe estivessem. 
A resposta da comunidade 
A cirurgia do lado errado ocorrida no hospital de Levy foi um ―evento sentinela‖, um termo 
introduzido pelo Fórum Nacional de Qualidade em 2001 (NQF, em inglês) em referência à 27 
tipos de erros em saúde (atualmente expandidos para 29 tipos) que foram identificados como 
tão graves e evitáveis que simplesmente não deveriam acontecer. Exemplos incluem cirurgias 
do lado errado, erros de medicação, e algumas condições adquiridas durante a internação no 
hospital. Os Centros para os Serviços do Medicare & Medicaid restringem pagamentos 
relacionados à eventos sentinelas, incluindo qualquer custo associado à cirurgias do lado 
errado, desde fevereiro de 2009.
3 
 
Se um chamado ―evento sentinela‖ pôde ocorrer em um hospital de excelência, onde existem 
processos claros para prevenir a ocorrência de cirurgias do lado errado e uma cultura dedicada 
à segurança, então, é lógico concluir que erros evitáveis como este, podem acontecer, e de 
fato acontecem, em qualquer lugar. Por todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) tem relatado pequenas mudanças sistêmicas nos centros-cirúrgicos que poderiam 
prevenir ao menos meio milhão de mortes anualmente devido a erros cirúrgicos.
4 
 
Esta é a razão pela qual Paul Levy não parou após ter revelado ao público o evento da cirurgia 
do lado errado. Dois dias depois ele postou no blog (mencionado anteriormente) o e-mail que 
ele e o Dr. Sands enviaram aos profissionais do hospital. Nesta postagem, ele levou em conta 
medidas que poderiam ajudar outros hospitais a aprenderem com o engano ocorrido no Beth 
Israel Deaconess, e perguntou aos seus leitores o que ele deveria fazer a seguir. Aqui está um 
trecho extraído desta publicação: 
5
 
Enquanto exploramos muitas ideias, uma delas que está em minha mente… seria a de fazer 
um vídeo com as pessoas verdadeiras (médicos, enfermeiros, técnicos),
que estavam no CC 
(Centro Cirúrgico) no momento do evento adverso, para explicarem o que viram e sentiram e o 
que aprenderam com esta experiência. Embora pudessem ainda estar muito angustiados para 
fazer isto agora, eles podem concordar em fazê-lo mais para frente, e o fato de fazerem este 
vídeo geraria uma mensagem poderosa para todas as ocasiões onde são fornecidas 
orientações, nas reuniões de enfermagem, reuniões departamentais e conferências. É claro 
que se o paciente concordasse em participar isto traria mais poder à história. 
Como observado por um membro da diretoria, ―O vídeo poderia vivificar as histórias que 
envolvem incidentes para tornar a lição mais abrangente. A narração poderia conduzir a 
audiência a considerar os desafios e as conquistas, e continuar o processo de melhoria. 
Poderia ser uma obra-prima de 20 minutos, apresentada em toda oportunidade de treinamento, 
reuniões de enfermagem, discutida com líderes e compartilhada em conferências. 
Transparência como oportunidade de aprendizado, marketing social. Isto manteria as pessoas 
falando sobre a questão e refletindo sobre ela‖. 
Seus pensamentos e sugestões? 
Mais uma vez, aqui está o Levy para explicar seu raciocínio: 
Transcrição do Vídeo: 
Paul Levy, Parte 3: A Postagem no Blog Extraído da entrevista com Paul Levy; ex-CEO e 
Presidente do Beth Israel Deaconess Medical Center; Blogueiro em Saúde; não está 
dirigindo um hospital atualmente) 
 
Eu decidi também, baseado nisto, que eu iria postar o ocorrido no blog. Por que eu senti que 
havia lições que outros hospitais poderiam aprender a partir disto também. E acabou sendo um 
dos aspectos mais úteis para a existência deste blog. Ele não foi somente uma ferramenta de 
educação e auxílio aos nossos próprios profissionais, mas logo percebi que as pessoas dos 
hospitais do mundo todo estavam lendo sobre nossas experiências e aprendendo com elas. 
A Resposta da Comunidade 
Em poucos dias as pessoas começaram a levar a sério o convite de Levy para refletirem e 
sugerirem o que quisessem e os comentários começaram a chegar, desde membros do Board 
(diretoria sênior), até cirurgiões e pacientes. A discussão mostrou que apesar de haver um 
aumento na conscientização da importância da revelação de erros, havia ainda muitas 
divergências sobre a melhor maneira de se responder aos enganos. Aqui estão alguns trechos 
do que foi mencionado: 
5
 
 "Estou satisfeito que você trouxe à público este erro. ―Sinto muito que tenha ocorrido 
conosco, mas gostei da forma como foi tratado.‖ 
 "Lamento, não vejo necessidade de aplaudi-lo. O que você fez foi converter isto num 
―cenário de Viva o Paul Levy!‖ 
 ―A abordagem dada por você, pela equipe de profissionais e por sua diretoria na 
divulgação deste erro, sua atenção contínua para aprender com isto e fazer mudanças 
quando necessário são realmente impressionantes, especialmente numa cultura 
dominante do ‗negar o ocorrido e defender-se‘. Você e seu hospital são modelos para 
serem seguidos por outras organizações‖ 
 ―A equipe do CC negligenciou a regra. Não existe aí nenhuma consequência para isso? 
Eu continuo pensando nesta analogia: eles tinham uma carteira de motorista, eles 
tiveram aulas sobre direção responsável, eles aprenderam as leis de trânsito e as 
violações potenciais e eles ultrapassaram o sinal amarelo ou vermelho e bateram o 
carro no cruzamento. Eles não receberão uma multa ou uma suspensão na carteira?‖ 
 
E a discussão não se limitou ao blog do Levy. Uma postagem no blog de saúde do jornal Wall 
Street Journal sobre a controvérsia atingiu próximo a 100 comentários, e aqui se encontra o 
que um outro proeminente blogueiro em saúde, Dr. Robert Wachter, teve a dizer 
nesta postagem sobre o assunto: 
6,7
 
Antigamente, antes do movimento moderno de segurança do paciente, ninguém pensava muito 
em sistemas e o problema fundamental era o de culpar indivíduos quando, na verdade, a culpa 
era de sistemas ruins. Aquilo foi um erro e acabou nos levando a lugar algum na procura pela 
garantia da segurança dos pacientes. 
Mas [agora] temos sistemas muito bons para prevenção de erros, sistemas que sempre podem 
ser boicotados por profissionais obstinados. Nestes casos, a falha não é do sistema, mas do 
indivíduo, e eu acredito que eles deveriam ser tratados de acordo. Alcançar o equilíbrio certo 
é realmente difícil, como as dezenas de comentários em reposta ao blog de Levy e, 
igualmente, como o artigo publicado sobre o caso, ilustrado pelo Boston Globe. 
 
http://blogs.wsj.com/health/2008/07/18/should-a-surgeon-be-punished-for-operating-on-the-wrong-side/
https://thehospitalleader.org/another-case-of-wrong-site-surgery-are-we-shying-away-from-the-real-root-causes/
 Sua Vez 
 
O que você acha sobre a maneira como Levy e o hospital responderam ao erro? Baseado nas 
informações que você possui você acha que eles conseguiram alcançar o ―equilíbrio‖ entre o 
―não culpar‖ versus a responsabilização adequada? Que tipo de informação adicional faria você 
pensar diferente? 
 
Talvez ajude se você considerar a definição de cultura justa, da Agência de Qualidade e 
Pesquisa em Saúde (em inglês, sigla AHRQ), a ser discutida no curso SP 106: Introdução à 
Cultura de Segurança: ―Em resumo, uma cultura justa reconhece que profissionais 
competentes cometem enganos e admite que mesmo profissionais competentes desenvolverão 
condutas pouco saudáveis - uso de atalhos, ‗violações rotineiras de regras‘ – mas, nesta 
cultura, há tolerância zero para atitudes irresponsáveis). 
 
Você concorda com a forma pela qual o erro foi tratado? Separe um minuto e escreva seu 
pensamento na Planilha de Discussão do IHI Open School. Questão da Planilha de Discussão: 
O que você acha da forma com a qual o hospital respondeu ao erro cometido? 
 
O que você achou da forma utilizada por Levy e pelo hospital para responder ao erro? 
Baseado nas informações que você possui você acha que eles conseguiram alcançar o 
“equilíbrio” entre o “não culpar” versus a responsabilização adequada? Que tipo de 
informação adicional faria você pensar diferente? 
O Debate Continua 
Alguns anos se passaram desde o ocorrido no acidente discutido nesta lição, mas eventos 
adversos continuam acontecendo e, consequentemente, enfrentamos os mesmos tipos de 
questões. Aqui está uma manchete mais recente, de abril 2013, de um artigo do Boston 
Globe à respeito de outro hospital renomado de Boston: 
 
―Brigham and Women expondo erros médicos: Hospital divulga erros para funcionários com 
objetivo de melhoria.‖
8 
 
Se esta manchete faz você pensar no acidente ocorrido no Beth Israel Deaconess, o debate 
coberto neste artigo também o fará. 
 
A história descreve uma abordagem não convencional ao erro ocorrido no hospital Brigham 
and Women. O hospital circula um jornal rotineiramente (―Segurança Importa‖) aos funcionários 
e demais profissionais, que dissemina informações detalhadas sobre erros recentes na 
organização (não apenas estatísticas, mas narrativas completas, incluindo entrevistas com os 
envolvidos – excluindo nomes – e a resposta do hospital). 
 
De acordo com um especialista citado no artigo ―Este tipo de transparência é realmente valiosa 
para os funcionários de uma instituição por que ela faz com que se conheçam melhor... (mas 
ela é) muito incomum‖. A história segue discutindo as razões pelas quais ―Segurança Importa‖ 
encontrou resistência e por que outras organizações podem relutar em utilizar a mesma tática, 
temendo que os faça parecer ruins, assuste pacientes ou leve à processos judiciais. 
 
 Sua Vez 
 
Você acha que uma publicação como esta é uma boa ideia? Se você fosse o CEO de um 
hospital você desenvolveria uma publicação semelhante? Quem a leria (ex., alguns ou todos os 
funcionários, pacientes, o público em geral)? 
https://www.psnet.ahrq.gov/glossary?glossary%5B0%5D=term%3AJ
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
http://www.ihi.org/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=19&discussionUrl=/
http://www.bostonglobe.com/lifestyle/health-wellness/2013/04/09/brigham-and-women-publishes-stories-medical-errors-focus-staff-attention-solutions/heFVdgGnLc2O9QqL1eiMnN/story.html
 
Compartilhe seus pensamentos na Planilha de Discussão do IHI Open School 
Questão da Planilha de Discussão: Se você fosse o CEO de um hospital você 
desenvolveria uma publicação semelhante? 
Você acha que uma publicação como esta é uma boa ideia? Se você fosse o CEO de um 
hospital você desenvolveria uma publicação semelhante? Quem a leria (ex., alguns ou 
todos os funcionários, pacientes, o público em geral)? 
Avaliação Pós-Lição: MQ 101 Lição 1 
1 of 5 * 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), como ao menos meio milhão de 
mortes poderiam ser prevenidas todo o ano devido à erros cirúrgicos? 
Pelo desenvolvimento de mudanças sistêmicas nas salas cirúrgicas 
Pelo desenvolvimento de melhores tecnologias cirúrgicas 
Por meio de punição mais severa àqueles que cometem erros em saúde 
Eliminando cirurgiões imprudentes, irresponsáveis 
2 of 5 * 
Qual das seguintes opiniões foi expressa na resposta do Dr. Robert Wachter, redigida no blog 
de Paul Levy à respeito da cirurgia do lado errado de junho de 2008? 
Revelar o erro ao público foi algo insensato. 
O caso estava muito claro e não deveria ter sido assunto de debate. 
Deveriam existir situações onde os profissionais seriam culpados pelo erro. 
Foi um engano deixar de punir a equipe por ter pulado etapas e negligenciado regras. 
 
3 of 5 * 
De acordo com Paul Levy, quais dos seguintes fatores levaram à ocorrência da cirurgia do lado 
errado no Beth Israel Deaconess Medical Center em junho de 2008? 
A equipe cirúrgica não seguiu devidamente o procedimento de ―time out‖. 
Havia problemas sistêmicos no hospital. 
A equipe cirúrgica marcou o lado errado no paciente 
A equipe cirúrgica não seguiu devidamente o procedimento de ―time out‖ e Havia problemas 
sistêmicos no hospital. 
 
4 of 5 * 
Ben, um paciente de 36 anos com Diabetes tipo I e falência renal, vem ao hospital para fazer 
um fístula arteriovenosa em seu braço para que possa começar a fazer diálise daqui a algumas 
semanas. A fistula deveria ser feita em seu braço esquerdo, mas o time cirúrgico opera 
acidentalmente o lado oposto, sem perceber o ocorrido até que termine o procedimento. 
Quando Ben acorda da anestesia, ele vê um curativo em seu braço direito e fica confuso. O 
que deveria acontecer logo em seguida? 
O engano deveria ser comunicado ao Ben e aos administradores do hospital. 
O engano deveria ser publicado num blog junto com uma explicação sobre o ocorrido. 
http://www.ihi.org/offerings/IHIOpenSchool/Courses/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=52131&discussionUrl=%2f_layouts%2fihi%2fdiscussion%2fviewall.aspx%3fstartDate%3d10%2f5%2f2011%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bcurrDate%3dTrue%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bdtInterval%3d365%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3brating%3d-1%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3b
Todo time cirúrgico deveria ser repreendido porque o evento adverso não foi só 
responsabilidade do cirurgião. 
Todos acima 
5 of 5 * 
Após lidar com as consequências imediatas da cirurgia do lado errado, o que Paul Levy fez? 
Ele propôs a criação de um vídeo instrutivo sobre esta experiência, que seria exibido em 
reuniões e conferências. 
Ele explicou o evento ocorrido e a resposta dada pelo hospital ao público, numa postagem feita 
num blog. 
Ele pediu ao público em geral que enviasse suas sugestões e reflexões. 
Todas acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MQ 101 Lição 2: O Sistema de Saúde Hoje 
Se você precisar de uma cirurgia cardíaca de emergência, os Estados Unidos é um ótimo lugar 
para você estar. Mas, se você tiver diabetes, melhor é que você esteja em muitos outros 
países. Os Estados Unidos são incomparáveis em intervenções de alta tecnologia, mas peca 
em várias outras dimensões. Ele gasta duas vezes mais em saúde do que outros países ricos, 
todavia deixa milhões de americanos sem cobertura médica. É uma nação fundada sobre a 
noção de igualdade, mas americanos pobres recebem uma assistência pior do que os ricos. 
Nesta lição você aprenderá como o sistema de saúde americano ideal tem se correspondido 
com seu sistema real. Você verá também como os sistemas de saúde ao redor do mundo 
estão enfrentando desafios semelhantes e como os países podem estudar esta questão e 
aprender uns com os outros. 
A Visão Geral 
Novas mães darão à luz hoje em todo o mundo e vão olhar nos olhos dos seus bebês recém-
nascidos e pensar sobre o que o futuro os reserva. É claro que sabemos que nada é imutável; 
entretanto, a depender de onde nasceram e de certas características do seu nascimento, 
poderemos prever muita coisa sobre como a vida destas crianças poderá ser diferente uma da 
outra. 
 
Por exemplo, hoje uma criança nascerá nos Estados Unidos e outra nascerá no Japão. Em 
média, podemos esperar que a criança japonesa viva até seus 83 anos (quarto anos à mais 
que um americano). Mas, se a criança japonesa for feminina e a criança americana for 
masculina a diferença na expectativa de vida aumentará em 10 anos, e se a criança americana 
for negra ou se a criança japonesa crescer sendo rica, a lacuna entre as duas aumentará ainda 
mais. 
 
À despeito de todos esses fatores, ambas as crianças poderão ultrapassar em muito o tempo 
de vida de um nascido no Malawi, na África, onde a expectativa de vida ao nascer é de meros 
47 anos. 
 
Essas previsões baseiam-se nas estatísticas mundiais de saúde de 2012, da Organização 
Mundial de Saúde (OMS).
1
 De acordo com a OMS, sabemos também que:
2,3,4
 
 O risco de morte materna é de um em oito no Afeganistão, comparado com 1 em 
17.400 na Suécia. 
 Comparada com todos os outros australianos do sexo masculino, a expectativa de vida do 
indígena australiano é de 17 anos a menos. 
 Mais do que 80 por cento das pessoas com diabetes vive em países de baixa ou média 
renda. 
 Nos Estados Unidos, afro-americanos representam somente 12 por cento da população, 
mas respondem por quase a metade dos novos casos de infecções por HIV. 
 Em Londres, ao viajarmos para o leste de Westminster em direção à Canning Town, cada 
estação de metrô representa aproximadamente um ano de expectativa de vida perdido. 
 Ao redor do mundo, mais de 100 milhões de pessoas empobrecem devido aos gastos 
com saúde. 
 
Nesta rápida lição, discutiremos brevemente como é a saúde e o sistema de saúde nos 
Estados Unidos e em diferentes partes do mundo, e como as características individuais de uma 
pessoa podem alterar significativamente este quadro para melhor ou pior, mesmo dentro de um 
mesmo país ou cidade natal. 
 
Ao fazemos comparações entre os países e dentro de um mesmo país, é importante 
lembrarmos que as causas-raízes das diferenças que encontramos são profundamente 
complexas e de maneira nenhuma começam ou terminam no setor da saúde. Como a 
Comissão de Determinantes Sociais de Saúde da OMS colocou em seu relatório final: 
3
 
Doenças transmitidas pela água não são causadas pela falta de antibióticos, mas pela água 
suja, e por forças políticas, sociais e econômicas que deixam de disponibilizar água limpa para 
todos; doença coronária não é causada pela falta de unidades cardiológicas, mas pela vida que 
as pessoas levam, moldada pelos ambientes nos quais vivem; obesidade não é causada por 
falha moral da parte dos indivíduos, mas pela disponibilidade, em excesso, de alimentos com 
alto teor de gordura e açúcar. 
 
No TA 101: Introdução à Saúde da População, debateremos mais à respeito de onde o sistema 
de saúde e onde você como prestador
de assistência entram nesta matriz complexa de fatores 
que determinam as chances de uma pessoa viver uma vida longa e mais saudável. 
 
Mas, por ora, vamos continuar nossa discussão sobre a Saúde hoje. 
A Saúde Nos Estados Unidos e Nas Nações Industrializadas 
Vamos começar dando uma olhada no sistema de saúde dos EUA. Sendo a nação mais rica do 
mundo, o que os Estados Unidos sabem fazer extremamente bem? Nós fizemos esta pergunta 
para Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Membro Sênior no Institute for 
Healthcare Improvement, e ex-administrador dos Centros para os Serviços do Medicare & 
Medicaid. Aqui está o que ele nos respondeu: 
(Extraído de uma entrevista com Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito 
e Membro Sênior do Institute for Healthcare Improvement e Ex-Administrador dos 
Centros dos Serviços do Medicare & Medicaid). 
Alguns aspectos do sistema de saúde dos EUA têm causado inveja no mundo (ao 
menos por ser tão bom como qualquer outro e, talvez, melhor). 
Um dos aspectos é o que Brent James chama de “assistência de resgate.” Você viu 
isto na explosão que houve durante a maratona de Boston. Nenhum paciente, 
nenhuma pessoa que chegou a um serviço de saúde morreu. Toda a cidade mobilizou-
se. Você assistiu situações de trauma, gestão, e gerenciamento do resgate no seu 
máximo. Até onde eu sei, não poderia ter sido melhor. 
Se você tem uma doença avançada que requeira muitas e muitas intervenções: 
múltiplos procedimentos cardíacos ao mesmo tempo, uma forma difícil de câncer que 
requeira uma terapia combinada, você tem sorte de estar neste país. Outros países 
podem fazê-lo também, mas nenhum faz melhor. 
Então, somos muito bons nisto. É nisto que investimos, esta é a ponte que construímos 
- para uma assistência realmente tecnocrática, realmente audaciosa e milagrosa. 
Onde pecamos, é claro (e os dados nos mostram isso), é no gerenciamento da doença 
crônica, bem como em sua prevenção, continuidade de assistência, a sensação de que 
alguém está te dando cobertura quando você tem algo que vai enfrentar durante longo 
tempo. Esforços voltados para uma assistência com base na comunidade, a força de 
nosso sistema de cuidado primário — poderíamos fazer isso de uma forma muito 
melhor. 
Também, lembre-se de que somos uma das grandes fontes de inovação biomédica 
para o mundo. Então, muitas tecnologias novas e novos medicamentos vêm dos EUA. 
Somos muito bons nisso, e não podemos perder isto de vista. 
Em muitas áreas os EUA são realmente impressionantes: Em nenhum outro lugar você vai 
encontrar melhor assistência em resgate, gerenciamento de trauma, expertise em 
procedimentos complexos ou inovação biomédica. 
 
http://www.who.int/social_determinants/thecommission/finalreport/en/index.html
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15459
É claro que, mesmo que o Dr. Berwick tenha descrito uma série de aspectos maravilhosos do 
sistema de saúde americano você provavelmente deve ter notado que ele mencionou, ao 
mesmo tempo, algumas de suas deficiências. O fato é que, mesmo a tecnologia e a mais 
avançada ciência biomédica não podem garantir sempre um cuidado de alta qualidade. Na 
verdade, mesmo ajudando pessoas, toda essa nova ―assistência milagrosa‖ mencionada pelo 
Dr. Berwick, pode, na verdade, criar uma série de problemas. 
 
À medida que a ciência médica e a informação evoluem em tempo recorde, os EUA e outras 
nações industrializadas têm visto estes avanços contribuírem cada vez mais para o 
aparecimento de novos desafios, tais como: 
5
 
 Prestadores tornando-se mais especializados (e fragmentados); 
 Envelhecimento da população e uma transferência do fardo de doenças para condições 
crônicas; 
 Consumidores de saúde mais informados, buscando assistência que respeite seus valores 
e preferências individuais; 
 Aumento da demanda e disponibilidade de procedimentos complexos. 
Como você pode imaginar, em muitos casos, isto tem feito com que a assistência à saúde seja 
mais cara e mais difícil de coordenar. Como resposta, os sistemas de saúde devem: 
5,6
 
 Batalhar contra as lacunas e falhas de comunicação entre os prestadores; 
 Prover uma assistência efetiva para idosos e adultos mais doentes; 
 Aproveitar as oportunidades para envolver pacientes no gerenciamento do seu próprio 
cuidado; 
 Controlar custos. 
Essas são questões internacionais e ao redor do mundo as nações têm buscado abordá-las de 
diferentes maneiras. Esta lição focará nos EUA, mas traremos também outros países para 
comparação, à medida que avançamos nesta discussão. 
Provendo Assistência Acessível (de Alta Qualidade) 
O custo da saúde tem sido um problema crescente nos países desenvolvidos, e isto é verdade, 
à despeito da cultura ou de políticas. Nas 34 nações que compõem a Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de gastos na saúde per capita 
aumentou mais do que 70 por cento entre os anos de 2000 e 2010: 
Nota: Mesmo no Japão, os menores consumidores per capita, analistas preveem que a taxa de 
gastos dobrará até 2035. 
Tradução do título do gráfico: Comparação Internacional dos Gastos em Saúde, 1980-2010 
Average spending on health per capita ($US PPP) = Média de gastos em saúde per capita 
(US$ PPP) 
Total health expenditures as percent of GDP = Total de despesas com saúde em porcentagem 
do PIB 
Notas: PPP (purchasing power parity) = PPC (paridade do poder de compra); 
GDP (gross domestic product) = PIB (produto interno bruto). 
Mesmo em meio a tudo isto você pode ver que os Estados Unidos têm sido, de longe, o maior 
gastador. Em média, os Estados Unidos têm gasto duas vezes mais em saúde per capita e 50 
% a mais em porcentagem do PIB, em comparação com outros países industrializados. Em 
2010, os gastos em saúde foram responsáveis por quase um quinto do total de despesas dos 
EUA. 
8 
 
Talvez o que mais preocupe, como em muitos outros países, é que os dólares gastos não se 
traduziram necessariamente em ganho de qualidade. De acordo com os dados da 
Commonwealth Fund (fundação baseada em Nova York que defende melhorias no 
atendimento de saúde), os Estados Unidos está atrás de outras nações industrializadas no que 
diz respeito à inúmeras métricas importantes do sistema de sáude:
9
 
Tradução do gráfico ES-1: Overall Ranking = Classificação Geral 
Country Rankings = Classificação dos Países 
Quality Care = Assistência de Qualidade 
Effective Care = Assistência Efetiva Safe Care = Assistência 
Segura Coordinated Care = Assistência Coordenada 
Patient-Centered Care = Assistência Centrada no Paciente 
Access = Acesso 
Cost-Related Problem = Problema Relacionado à Custo 
Timeliness of Care = Agilidade no Atendimento 
Efficiency = Eficiência Equity = Equidade Long 
Healthy, Productive Lives = Vidas Longas 
Saudáveis e Produtivas Health Expenditures/Capita, 2007 = Despesas com Saúde/Capita, 
2007 
Como exemplo, vamos olhar para um indicador importante de qualidade: Se os Estados Unidos 
tivessem alcançado níveis semelhantes de ―mortalidade atribuída ao setor da saúde‖- mortes 
resultantes de condições que sabemos como prevenir e tratar – àquelas da França, Austrália 
ou Itália, mais de 84.000 vidas poderiam ter sido salvas em 2006–2007.
10 
 
A desigualdade demonstrada nestas estatísticas se deve a várias razões, mas uma delas é a 
desigualdade significativa na cobertura de saúde. Aqui vemos como estavam as taxas de 
pessoas descobertas (sem seguro) em 2010 nos Estados Unidos, e como estas pessoas se 
diferenciam entre si em termos de status econômico, idade e etnia: 
12
 
Tradução do Gráfico Exhibit 5 
Uninsured Rates High Among Adults With Low Incomes 
Young Adults and Hispanics = Taxas de não-segurados entre os Adultos com Baixa Renda, 
Jovens Adultos e Hispânicos 
Percent of Adults Ages 19-64 = Porcentagem de Adultos com Idades entre 19-64 
Insured Now, time uninsured in past year = Segurado agora, sem seguro no ano passado 
Uninsured now = Não
-segurado agora Poverty = Pobreza Age = Idade 
Race/Ethnicity = Raça/Etnia 
Hispanic = Hispânicos 
Black = Negros 
White = Brancos 
Notes: Subgroups may not sum to totals because of roundings = Notas: Os subgrupos podem 
não equivaler à soma total por causa de arredondamentos. FPL refers to Federal Poverty 
Levels = FPL refere-se à Níveis Federais de Pobreza Source: 
The Commonwealth Fund Biennial Health Insurance Survey (2010) = Fonte: Pesquisa Bianual 
em Saúde do Fundo Commonwealth (2010) 
Para fins de comparação, considere as estatísticas de 2010 da Holanda e Suíça. As reformas 
na Saúde nestes países em 1996 e 2006, respectivamente, criaram sistemas com cobertura 
universal — baseados em demandas individuais, na escolha de planos de saúde pelos 
consumidores, e na regulação do seguro com base na competição de mercado— que reduziu 
as taxas de não-
13
 
 
Sendo assim, como os EUA e outras nações podem aprender com a Holanda, Suíça ou 
qualquer outro país que tenha alcançado melhorias em qualquer área do seu sistema de saúde 
nos últimos anos? Discutiremos isso na próxima página. 
Olhando para Outras Nações 
Em Dezembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas conclamou governos para 
―aumentarem urgentemente e significativamente seus esforços a fim de acelerarem o alcance 
ao acesso universal à saúde, isto, para alcançarem um serviço de saúde acessível e de 
qualidade.‖14 Hoje, países ao redor do mundo, com grandes diferenças políticas, econômicas 
e culturais estão trabalhando de diferentes maneiras em direção à este objetivo. 
 
Devido ao fato de não haver um único sistema ou modelo que leve ao alcance de uma 
cobertura universal de saúde de alta qualidade, líderes e organizações de saúde estão 
convocando os países para estudarem uns aos outros, à despeito de cultura ou política, e a 
observarem o que funciona bem e estarem alertas para a existência de falsas soluções.
15 
 
 
Nesse espírito, aqui estão vários exemplos de uma variedade enorme de esforços contínuos 
para melhorar a qualidade e a eficiência e reduzir custos, que têm ocorrido ao redor do globo: 
 Em 1993, a Austrália foi o primeiro país a implementar os requerimentos de custo-
efetividade para aprovação de drogas: antes de novas drogas serem elegíveis ao 
preenchimento do formulário nacional, um comitê independente deve avaliar seu valor 
clínico relativo e seu custo, em comparação com outros tratamentos disponíveis. Nova 
Zelândia, Holanda, Suécia, e outros países adotaram, desde então, políticas similares. 
16
 
 
 Desde 2005 no Chile, todos os chilenos passaram a ter acesso a um pacote básico de 
serviços de saúde que garante tratamento para até 80 por cento dos problemas de saúde, 
colocando limites para tempos de espera e para pagamentos extras (não-cobertos) à 
tratamentos.
17
 
 
 Na Dinamarca, todo sistema eletrônico de prontuário da rede de atenção primária está 
conectado com uma rede nacional que permite que todos os serviços e setores da saúde 
enviem e recebam dados eletronicamente, de e para especialistas, hospitais, farmácias e 
demais prestadores de serviço. Prestadores de assistência da rede primária também tem 
acesso a um livro médico online contendo informações atualizadas sobre o diagnóstico e 
recomendações de tratamento. 
18
 
 
 Em 2010, o Quênia lançou O Fundo para Serviços no Setor da Saúde que provê 
transferências diretas de dinheiro para os serviços de atenção primária, para que as 
comunidades locais possam responder às maiores necessidades de saúde de seus 
cidadãos. Esta iniciativa tem sido estendida para, aproximadamente, 3.000 serviços 
primários do setor público. 
19
 
 
 Devido especialmente à regulação agressiva de preços, o Japão tem tido um sistema de 
seguro saúde universal relativamente barato por mais de 50 anos. Os pacientes podem ir à 
instituição de saúde de sua escolha e receber assistência pelo mesmo preço. 
7,14
 
 
 A Alemanha fez com que o seguro saúde fosse mandatório para toda a sua população em 
2009. O país estabelece que os custos extras (particulares) sejam limitados a 2 por cento 
dos rendimentos para população geral e a 1 por cento para os pacientes mais doentes .
20
 
 
 Em 2003, a Turquia fez grandes reformas focadas na expansão do acesso aos serviços 
para pobres e necessitados. Desde então, o país expandiu a cobertura do seguro formal de 
saúde a mais de 95 por cento da população e melhorou significativamente um número 
chave de resultados em saúde. 
21
 
Na próxima página, falaremos brevemente sobre a reforma de saúde nos EUA. Você notará 
alguns contrastes — como um menor envolvimento do governo no orçamento público, no 
financiamento e no estabelecimento de preços — bem como uma série de similaridades. 
22
 
 
 Sua Vez 
 
Compare o sistema de saúde de seu país com algum outro que você tenha bem pouco ou 
nenhum conhecimento. Comece dando uma olhada nas Estatísticas Mundiais de Saúde de 
2012 da OMS. Olhe para as seguintes métricas de custo e qualidade em cada país e veja 
como elas diferem entre si: 
 Total de Despesas na Saúde Per Capita 
 Taxa de Mortalidade Infantil 
 Cobertura de Imunização entre Crianças com 1 ano de idade 
Alguma coisa o surpreendeu? Reserve alguns minutos para compartilhar o que você aprendeu 
na Planilha de Discussão do IHI Open School. Se você quiser aprender mais, você poderá 
encontrar outras referências muito úteis ao final desta lição. 
 
Questão da Planilha de Discussão: Compare o sistema de saúde do seu país com algum 
outro que você tenha bem pouco ou nenhum conhecimento. Há algo que o surpreenda? 
 
Compare o sistema de saúde do seu país com algum outro que você tenha bem pouco 
ou nenhum conhecimento. Comece dando uma olhada nas Estatísticas Mundiais de 
Saúde de 2012 da OMS. Olhe para as seguintes métricas de custo e qualidade em cada 
país e veja como elas diferem entre si: 
• Total de Despesas na Saúde Per Capita 
 
• Taxa de Mortalidade Infantil 
http://www.ihi.org/offerings/IHIOpenSchool/Courses/_layouts/ihi/discussion/viewdiscussion.aspx?webid=b071ca06-9f65-4458-8465-7801efb05ccc&listid=96befa68-c090-4442-b19f-c6b84df17679&id=52142&discussionUrl=%2f_layouts%2fihi%2fdiscussion%2fviewall.aspx%3fstartDate%3d10%2f5%2f2011%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bcurrDate%3dTrue%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bdtInterval%3d365%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3brating%3d-1%26amp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3bamp%3b
http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/EN_WHS2012_Full.pdf
http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/EN_WHS2012_Full.pdf
• Cobertura de Imunização entre Crianças com 1 ano de idade 
 Alguma coisa o surpreendeu? 
O Sistema de Saúde dos EUA Hoje 
Agora que já ouvimos exemplos de diferentes tipos de reformas na saúde em várias nações, 
vamos discutir como os EUA planejam abordar as mesmas questões críticas de custo, 
qualidade e eficiência. 
 
Em 2010, a administração de Obama implementou uma legislação para reforma radical na 
saúde conhecida como O Ato de Proteção do Paciente e de Assistência Acessível. (A Suprema 
Corte apoiou este ato em Junho de 2012 e sua provisão continuará a se estender num ritmo 
rápido durante 2014.
23
) Você pode conhecer tudo sobre o Ato e suas muitas cláusulas num 
amplo site do governo, http://www.healthcare.gov/law/. 
 
Aqui estão algumas poucas mudanças que são parte da legislação:
24,25
 
 Fornecimento de serviços gratuitos de prevenção; 
 Estabelecimento de programas como as Organizações de Assistência Responsável (sigla 
em inglês ACOs), que têm como objetivo auxiliar médicos e serviços a trabalharem juntos 
para prestarem melhor assistência; 
 Incentivo ao desenvolvimento e implementação de casas de saúde com uma assistência 
centrada no paciente, com o objetivo de aumentar o acesso aos serviços primários, reduzir 
sobrecargas e transtornos administrativos e facilitar a coordenação ao longo da 
continuidade
da assistência. 
 Provisão de crédito para pequenos negócios que fornecerem cobertura para seus 
empregados. 
 Expansão do Medicaid a fim de cobrir mais americanos com baixa renda. 
 Permissão para filhos com idade menor que 26 anos a continuarem no mesmo plano dos 
pais ou permanecerem como dependentes no mesmo plano de saúde. 
 Prover novas opções de seguros para pessoas não-seguradas bem como um seguro de 
mercado para proteção aos consumidores. 
 
Embora a maioria das coberturas de seguros não seja efetivada antes de 2014, ao 
observarmos as coberturas que já estão em funcionamento podemos ver sinais de progresso. 
Em setembro de 2010, muitos planos de saúde foram os primeiros a terem de oferecer 
oportunidade para os filhos permanecerem nos seguros de saúde dos pais. Desde então, este 
grupo de indivíduos, nesta faixa etária, tem visto melhorias na cobertura de saúde (enquanto a 
cobertura em outros grupos continua a diminuir), com taxa geral de segurados de até 69 por 
cento. 
26
 
Tradução dos termos do gráfico 
The percentage of young adults uninsured declined over 2010-2012, while rates rose in other 
age groups = O percentual de adultos jovens sem cobertura diminuiu entre 2010-2012, 
enquanto em outros grupos as taxas aumentaram 
Percent of adults ages 19-64 = Percentual de adultos com idade entre 19-64 
http://www.healthcare.gov/law/
Insured now, time uninsured past year = Segurado agora, não-segurado no ano passado 
Uninsured now = Não-segurado agora 
Totals may not equal sum of bars because of rounding = Os totais podem não equivaler à soma 
das barras por causa de arredondamento 
Source: The Commonwealth Fund Biennial Health Insurance Surveys = Fonte: Pesquisas 
Bianuais do Fundo Commonwealth sobre Seguro Saúde 
Em todas as faixas etárias o Escritório de Orçamento do Congresso espera que mais 30 
milhões de americanos se tornem segurados dentro de 10 anos. 
27
 
Reduzindo Desigualdades Ao Redor Do Mundo 
Sistemas de saúde acessíveis e de alta qualidade podem fazer diferença entre uma mãe que 
morre no parto e outra que dá à luz a um menino ou uma menina saudável. Ou a diferença 
entre uma criança que morre por sarampo e outra que recebe imunizações recomendadas na 
infância e segue levando uma vida longa e saudável. 
 
Embora a última década tenha visto enormes avanços nas tecnologias em saúde e em 
medicamentos que salvam vidas, ainda não foi possível enxergar uma assistência 
consistentemente confiável. Uma infraestrutura pobre, políticas inadequadas, falta de 
financiamento sustentável e uma cobertura de seguro saúde insuficiente estão entre os 
desafios para que o sistema de saúde seja bem sucedido. 
28
 Mas, além de mudanças políticas, 
a estrada para uma Saúde melhor vai requerer um exército de profissionais de saúde — 
pessoas que trabalham na linha de frente — fazendo mudanças para melhorar o sistema no 
qual trabalham. E é aí que você entra. 
 
Agora que você tem alguma visão geral de como está a Saúde hoje, nas próximas duas lições 
deste curso vamos começar a discutir como você pode se envolver em mudanças positivas no 
cenário que acabamos de desenhar. Com muita vontade, e habilidades básicas na área de 
melhoria de qualidade, você poderá contribuir para mudar as estatísticas preocupantes e as 
desigualdades que temos identificado. Você pode conduzir seus pares a melhores resultados 
por meio das ações que você fizer no local onde trabalha. 
 
 
Avaliação Pós-Lição: MQ 101 Lição 2 
1 of 5 * 
Qual das seguintes afirmações é verdadeira: 
Durante os últimos 15 anos, o custo da assistência tem sido um problema crescente 
para muitos países desenvolvidos. 
Durante os últimos 15 anos, a maioria dos países ao redor do mundo tem utilizado abordagens 
similares para melhorar o acesso e a qualidade da saúde. 
Entre os países industrializados existe uma correlação perfeita entre as classificações de 
qualidade e o número de dólares gastos na Saúde. 
Todas acima 
 
 
 
2 of 5 * 
Qual das seguintes afirmações é uma razão para que os EUA melhorem seu sistema de 
saúde? 
Os EUA não melhoraram suas taxas de mortalidade atribuídas à Saúde nos últimos cinco anos. 
Os EUA não dispõem dos meios necessários para mensurar o acesso e a qualidade da saúde. 
O governo dos EUA, bem como seus cidadãos, estão lutando para conseguirem arcar 
com os custos da saúde. 
Todas acima. 
 
3 of 5 * 
Nos EUA, qual grupo tem maior probabilidade de não ser segurado? 
Hispânicos 
Adultos com idade entre 50–64 
Pessoas da classe média 
Nenhum dos acima (Em geral, na população, as taxas de não-segurados são bastante 
equitativas) 
 
 of 5 * 
Quais dos seguintes países têm tido um sistema de cobertura médica universal relativamente 
barato por mais de 50 anos? 
Chile 
Alemanha 
Os EUA 
Japão 
5 of 5 * 
Quais das seguintes alternativas são uma tendência na saúde moderna das nações 
industrializadas? 
Prestadores estão se tornando mais especializados. 
O fardo da doença está sendo transferido para condições agudas. 
Existe uma demanda crescente por procedimentos complexos. 
Prestadores estão se tornando mais especializados e Existe uma demanda crescente por 
procedimentos complexos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MQ 101 Lição 3: Os Objetivos de Melhoria do Instituto de Medicina 
Quando você ouve todos os problemas que o sistema de saúde enfrenta hoje é fácil sentir-se 
desencorajado. Mas, todos os dias, no mundo todo, pessoas estão fazendo diferença ao nível 
local. Nesta lição, você aprenderá a respeito de um relatório de 2001 do Instituto de Medicina 
(IOM)que estabeleceu seis objetivos simples que, desde então, têm guiado inúmeras melhorias 
na Saúde e inspirado pessoas em todo o globo. Então, você ouvirá de agentes de mudança 
quais as melhorias que estão fazendo no mundo real. 
Conhecendo O Que Mudar: Dois Relatórios Do Instituto de Medicina 
Você já recebeu algum feedback negativo — talvez uma nota ruim no boletim da escola ou 
uma avaliação de desempenho profissional desfavorável — mas, ficou inseguro sobre o que 
realmente deveria mudar? (Por exemplo, você recebeu uma nota baixa no trabalho de história 
por causa do seu estilo de escrita, seus métodos de pesquisa ou por que você entregou o 
trabalho atrasado? Ou, talvez, tenha sido uma combinação dos três?) 
 
Se você já passou por este tipo de incerteza, você poderá fazer relação com o sistema de 
saúde americano do final do século XX. Muitas pessoas apontavam que o sistema estava 
deixando a desejar. Mas, nenhuma delas tinha claramente definido quais eram as dimensões 
de qualidade que deveriam ser melhoradas para torná-lo um bom sistema. 
 
Em 1999, o IOM publicou Errar é Humano: Construindo Um Sistema de Saúde Mais Seguro, 
um relatório alarmante que chamou tremendamente a atenção do público para os erros na 
Saúde. 
1
 (É de lá que temos a estatística de que entre 44.000 a 98.000 americanos morrem 
todos os anos devido à erros na Saúde, e sobre o qual você poderá aprender mais no curso SP 
100: Introdução à Segurança do Paciente.) A necessidade de prestar melhor assistência aos 
pacientes era muito óbvia e estava claro que algo deveria ser feito. A questão era o quê fazer. 
 
Em 2001, o IOM publicou um novo relatório, Atravessando o Abismo da Qualidade: A Saúde no 
Século 21 (título original: Crossing the Quality Chasm: Health Care in the 21st Century).
2
 Este 
relatório teve como base o relatório anterior, identificando seis dimensões chaves do sistema 
de saúde americano e traçando objetivos para cada uma destas dimensões. Estes seis 
objetivos são tão abrangentes que ainda hoje compõem a estrutura dominante quando se 
pensa em melhoria da qualidade na Saúde, nos Estados Unidos e em muitas outras nações. 
 
Então, quais são as seis dimensões do cuidado em saúde e os objetivos para cada uma delas? 
Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito e Senior Fellow do Institute for 
Healthcare Improvement, e ex-administrador dos Serviços dos Centros para o Medicare
& 
Medicaid, explica: 
Transcrição do Vídeo: 
(Extraído de uma entrevista com Donald M. Berwick, médico, MPP, Presidente Emérito 
e Senior Fellow do Institute for Healthcare Improvement, e ex-administrador dos 
Serviços dos Centros para o Medicare & Medicaid). 
 
Um das coisas mais importantes que aconteceu neste relatório é o fato de ele ter dado 
nomes às dimensões da qualidade. Se você estiver comprando um carro, existem 
dimensões de qualidade: segurança, eficiência do consumo de combustível, conforto, 
prazer em dirigir, durabilidade, e assim por diante. Estamos acostumados à isso. Bem, 
quais são as dimensões do que é adequado em Saúde? E o relatório do Instituto de 
Medicina “Atravessando o Abismo da Qualidade” nos deu seis dimensões e disse: 
“Estas são as áreas onde o sistema de saúde deveria buscar melhorias.” Ele também 
resume muito da literatura científica sobre o desempenho atual da saúde nestas seis 
áreas. Então, aqui estão as áreas: 
 
A primeira delas é segurança, que foi estabelecida desde o relatório “Errar É 
Humano”, publicado um ano e meio antes. Segurança significa que não estamos 
causando dano às pessoas com a assistência que prestamos. Não estamos 
adicionando mais um fardo de doença. Então, um sistema de saúde seguro reduz os 
perigos e riscos da assistência prestada. Segurança. 
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15375
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15375
 
A segunda dimensão é denominada efetividade, um termo que significa combinar os 
achados da ciência com a assistência prestada. Se a ciência diz “Esta droga pode 
ajudar nesta doença,” então, usamos esta determinada droga, e se a ciência diz que 
ela não pode ajudar, então, não a utilizamos. Então, o fato de evitarmos o uso 
excessivo de coisas que não auxiliam e garantirmos a utilização de coisas que auxiliam 
— evitando a subutilização — isto é efetividade, alinhando a ciência ao cuidado. 
Existem grandes problemas na efetividade. A empresa The Ran publicou um estudo 
alguns anos atrás que se tornou famoso. Eles fizeram o seguimento 7.000 pessoas 
durante dois anos (que tinham todo o tipo de acometimento, variando desde uma 
saúde adequada até uma doença crônica grave) e mostraram qual seria a assistência 
efetiva necessária aos americanos: estas 7.000 pessoas deixaram de receber 45 por 
cento do cuidado que as teria ajudado. Então, isto é efetividade. 
 
A terceira dimensão é assistência centrada no paciente, e este é um objetivo muito 
subversivo. Significa que as pessoas deveriam ter o controle do seu próprio cuidado. 
Eles deveriam tomar as decisões que os afetam. Costumamos dizer “Nada a meu 
respeito sem meu aval”. É colocar o paciente no centro do sistema de assistência, 
dando à eles poder e controle sobre suas próprias vidas e seu próprio cuidado. 
 
A quarta dimensão é atendimento oportuno ou ágil, que significa evitar demoras e 
atrasos. As pessoas estão muito familiarizadas com salas de espera. Esperamos muito 
tempo até receber atendimento médico no pronto-socorro ou na sala de espera de um 
consultório. Em todas as outras indústrias agilidade no atendimento é uma dimensão 
importante de qualidade. Você não quer esperar em todo o lugar que vai. Bem, nem no 
sistema de saúde. Então, um atendimento oportuno significa a redução de demoras 
desnecessárias. Algumas demoras são importantes — você quer esperar para ver o 
que acontece — mas, existe uma série de demoras que não são importantes e que 
custam muito caro. 
 
A quinta dimensão é eficiência, que significa evitar desperdício. Jogamos fora muita 
coisa na Saúde: fornecemos coisas que não ajudam, fazemos procedimentos e testes 
diagnósticos em duplicidade, perdemos registros de prontuário, perdemos ideias que 
vêm da força de trabalho por não convidá-los a participarem de uma invenção. Então, 
eficiência é uma grande palavra. Significa parar de desperdiçar coisas. Somos muito, 
muito desperdiçadores na Saúde. 
 
A última dimensão, que algumas pessoas acham que deveria ser a primeira, 
é equidade, que significa acabar com a lacuna entre o que é justo e o que tem sido a 
Saúde basicamente. Exatamente agora o maior fator preditivo do status de sua saúde 
em nosso país continua sendo sua raça. Se você souber a raça de alguém, você sabe 
muito mais sobre o seu futuro de saúde do que qualquer outra coisa que eu pudesse 
lhe contar sobre ela. Um bebê negro nascido este ano no centro da cidade de 
Baltimore tem uma expectativa de vida de um ser humano do sexo masculino que tem 
sete ou oito anos a menos que um indivíduo branco. Esta é uma dimensão de 
equidade. 
 
Então, segurança, efetividade, assistência centrada no paciente, atendimento oportuno, 
eficiência e equidade. Estes são os nomes das dimensões de qualidade nas quais o 
Instituto de Medicina diz que devemos trabalhar. 
Graças ao relatório Quality Chasm (Abismo da Qualidade), sabemos que a assistência deve 
ser segura, oportuna, efetiva, eficiente, equitativa e centrada no paciente (no inglês, estas 
palavras formam a sigla ―STEEEP‖), e sabemos no que implica cada uma destas categorias: 
 Seguro: Evitar que o cuidado de saúde destinado a ajudar os pacientes acabe por 
provocar danos. 
 Efetivo: Prestar assistência baseada em conhecimento científico a todos que possam se 
beneficiar dela e evitando prover assistência àqueles que não têm probabilidade de se 
beneficiar dela. 
 Centrado no Paciente: Prestar assistência que respeite as preferências e individualidades 
dos pacientes, suas necessidades e valores, assegurando que seus valores dirijam todas 
as decisões clínicas. 
 Oportuno: Reduzir esperas e, algumas vezes, atrasos danosos, tanto para aqueles que 
recebem quanto para os que prestam assistência. 
 Eficiente: Evitar desperdícios, incluindo desperdícios de equipamento, materiais, ideias e 
energia. 
 Equitativo: Prestar um cuidado que não apresente variações de qualidade devido às 
características de uma pessoa. 
 
É claro que o IOM não disse exatamente como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e 
trabalhadores de outros campos da saúde poderiam alcançar estes objetivos. Melhor que isso, 
o relatório forneceu uma orientação inicial e concluiu que ―... não seria útil nem possível 
apresentar uma fórmula para a prestação de assistência do século 21. Há abundância de 
criatividade em todos os níveis e todas as formas promissoras de inovação deveriam ser 
encorajadas .‖
2
 
 
E é aqui onde você deve entrar. Nesta lição você verá como não há razão, com um forte senso 
de direção, para que você não enfrente os desafios da Saúde de hoje, que foram discutidos na 
Lição 2. Abordaremos os problemas que estamos enfrentando, confrontando-os com cada uma 
das seis dimensões do sistema de saúde e, então, forneceremos a você um exemplo real de 
pessoas comuns que, trabalhando juntas, com paixão e habilidade, estão transformando 
completamente a maneira como prestam assistência. 
Objetivo 1: O Cuidado Deve Ser SEGURO. 
Um cuidado seguro significa evitar que a assistência à saúde destinada a ajudar os 
pacientes acabe por provocar danos. 
 
O Problema 
 
O primeiro objetivo do IOM lida com a dimensão da segurança: Pacientes não deveriam sofrer 
danos por causa da assistência destinada a ajudá-los. Você deve pensar que isto deveria 
acontecer sem que alguém precisasse falar, mas a realidade é que, mesmo nos países 
desenvolvidos, 1 em cada 10 pacientes sofre danos advindos da assistência prestada. Por 
exemplo, um estudo de 2011 que pesquisou erros na assistência e erros de medicação na 
Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, EUA, Alemanha e Holanda revelou que 11 por 
cento dos pacientes em geral — variando de 13 por cento nos EUA e Austrália à nove por 
cento na Alemanha e Reino Unido — experimentaram um erro nos últimos dois anos. Os 
pesquisadores concluíram que ―À despeito dos muitos anos de pesquisa e intervenções em 
segurança do paciente, uma melhor comunicação entre
os vários prestadores de assistência e 
uma organização mais estruturada do cuidado continuam sendo o maior desafio para a 
prevenção do erro, em todos os países.‖
3
 
 
A Solução De Um Hospital 
 
Quando o centro médico McLeod Regional Medical Center em Florence, Carolina do Sul, se 
juntou a outras 13 organizações de saúde dos Estados Unidos e Europa para aderirem à 
iniciativa denominada a Busca da Perfeição, sua equipe de profissionais já estava procurando 
meios para melhorar a segurança do processo de medicação. Mas, a iniciativa de 8 anos os 
ajudou a manterem-se focados na conquista de, literalmente, centenas de pequenos e grandes 
esforços de melhoria entre 2001 e 2008, incluindo:
4
 
 Novos formulários e relatórios ; 
 Separação das drogas que se parecem, possuem grafia ou som semelhantes; 
 Maior uso da tecnologia para prescrição e seguimento de medicamentos; 
 Uso de código de barras em medicações ; 
 Dispensação automatizada de medicação; 
 Implementação de ―rondas de segurança‖ pela liderança executiva a fim de promover 
discussões sobre erros e incidentes ; 
 Decentralização dos farmacêuticos . 
 
Então, quais foram os resultados do trabalho árduo que fizeram? 
 
De acordo com o artigo de 2010 do IHI, ―A Iniciativa de Busca da Perfeição: Lições Sobre a 
Transformação da Saúde‖, a taxa de eventos adversos relacionados a drogas por 1000 
pacientes caiu de 3.5 para 0.4 — mais do que 85 por cento de redução. Na verdade, o centro 
médico McLeod foi um dos três centros que participou desta iniciativa tendo como alvo os erros 
de medicação, e todos os três testemunharam suas taxas caírem para menos de 1 erro em 
cada 1000 doses. O artigo concluiu: 
5 
 
―… aprendemos que é possível alcançar uma melhoria de qualidade substancial, sustentável e 
replicável nas organizações de saúde. Todavia, para que o sistema de saúde alcance 
melhorias, a alta qualidade das organizações de saúde deve ser acompanhada, muito 
provavelmente, por inovações na organização dos serviços e na prestação do cuidado, ao 
longo de todo o processo assistencial.‖ 
 
Aqui vemos como o centro McLeod trabalhou com médicos, enfermeiros, farmacêuticos e 
outros profissionais para mudarem a organização ao longo do processo assistencial e criarem 
uma cultura de segurança: 
6
 
Transcrição do Vídeo: 
O Cuidado Deve Ser SEGURO: Lições do centro médico McLeod Regional 
Medical Center 
 
(Extraído do “Buscando a Perfeição na Saúde”, a 7
a
 série de um DVD produzido pela 
Crosskeys Media, com apoio de programação da fundação The Robert Wood Johnson 
Foundation (RWJF) e direção técnica do Instituto para Melhoria da Qualidade). 
 
NATASHA NICOL, Diretora, Farmacêutica, McLeod Regional Medical Center: Mudar a 
cultura é, provavelmente, o passo mais complicado e difícil de tudo isso. Implementar 
um novo sistema computadorizado? Você consegue fazer isso. Instalar umas 
máquinas lá em cima com medicações? Você consegue fazer isso. Mas, mudar o seu 
pessoal e o modo como sentem, como pensam, como praticam, isso é certamente o 
mais difícil. 
 
http://www.ihi.org/offerings/Initiatives/PastStrategicInitiatives/PursuingPerfection/Pages/default.aspx
http://www.ihi.org/knowledge/Pages/IHIWhitePapers/PursuingPerfectionInitiativeWhitePaper.aspx
EDUCADOR falando com a equipe: Você deve estar falando, “Porque estou aqui? 
Tenho administrado medicações por 5, 10, 15, 25 anos. Nunca tive um problema sério. 
Tudo está indo bem. Por que estou numa coisa que parece ser uma introdução à 
segurança em medicação? 
 
ROB COLONES, Presidente e Principal Executivo, McLeod Health: Descobrimos neste 
trabalho, que a tecnologia facilita nosso esforço de mudança, mas a tecnologia por si 
só não pode fazer o que nós precisamos fazer. A parte cultural disso—fazer as 
pessoas entenderem o que estamos tentando realizar, fazer com que as pessoas usem 
a metodologia para buscar soluções—é muito importante. 
 
EDUCADOR: O objetivo que temos como um Comitê de Segurança em Medicação—e 
espero que seja seu objetivo também— é que toda a dose de todo medicamento seja 
segura para todo paciente, todas as vezes que ele receber aquela dose. E quero que 
você sinta esse tipo de confiança que, se alguma coisa que estiver acontecendo em 
sua unidade não seja segura para você ou não seja segura para os pacientes, 
particularmente quando se relaciona com medicações, que você fale para nós. 
 
NATASHA NICOL falando para a equipe: Primeiro vocês deveriam fazer uma rodada 
de aplausos para vocês mesmos, por que a farmácia foi a número um em notificação—
por muitas. Então, bom trabalho! [aplausos]. Temos visto um aumento na notificação 
de erros e era isso, na verdade, que esperávamos. E tivemos que treinar muitas 
pessoas para que entendessem que estava tudo bem com isso. E isso não significa 
que, de repente, vocês fizeram mais erros. O que significa é que mais pessoas estão 
mais confortáveis para apontá-los. 
 
Falando para a equipe novamente: Então, agora temos que falar sobre alguns 
incidentes. Alguns erros que preciso compartilhar com vocês: Tivemos dois carros de 
emergência que subiram esta semana sem medicamentos e um... (o som desaparece). 
 
Apresentamos os erros para a equipe, no departamento de farmácia, ao menos uma 
vez por mês. Apresentamos realmente de uma maneira que, você sabe, “Aqui estão os 
dados, aqui está o que significam para os pacientes, e como podemos trabalhar juntos 
como um time para evitar que isto ocorra novamente?”. 
 
Você pode aprender mais sobre como promover uma ―cultura de segurança‖ no curso SP 106: 
Introdução à Cultura de Segurança. 
Objetivo 2: O Cuidado deve ser EFETIVO 
Um cuidado efetivo significa prestar assistência baseada em conhecimento científico a 
todos que possam se beneficiar dela e evitando prover assistência àqueles que não têm 
probabilidade de se beneficiar dela. 
 
O Problema 
 
O cuidado deve ser baseado em evidências — o melhor conhecimento científico à respeito 
daquilo que tem probabilidade de ajudar (ou de causar dano) o paciente. A assistência à saúde 
deveria corresponder à ciência, sem haver uso excessivo nem subutilização das melhores 
técnicas disponíveis. 
 
Ainda assim, com muita frequência, os pacientes não recebem toda a assistência que deveriam 
receber ou recebem medicamentos desnecessários, procedimentos, tecnologias ou serviços 
que não deveriam receber. Especificamente, um dos jornais científicos frequentemente citados, 
o New England Journal of Medicine, publicou um estudo mostrando que um pouco mais da 
metade da assistência prestada nos EUA seguiu guias de conduta baseados em evidências. 
7
 
 
Para abordar esta questão de tratamento e exames diagnósticos desnecessários, organizações 
de especialidades estão se unindo em torno de uma campanha denominada ―Escolhendo de 
Maneira Sábia‖ para sensibilização sobre o uso excessivo de exames e procedimentos em 
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
https://education.ihi.org/topclass/topclass.do?expand-OfferingDetails-Offeringid=15445
suas respectivas áreas. Até fevereiro de 2013, mais de 25 organizações haviam 
submetido listas contendo cinco desses procedimentos com o objetivo de embasar discussões 
entre pacientes e prestadores para que os mesmos fossem utilizados com menos frequência, 
de maneira mais consciente. 
8
 
 
Por outro lado, aqui está o exemplo de um hospital que precisou fazer mais — e fez. 
 
A Solução De Um Hospital 
 
A equipe de profissionais do centro médico Claxton-Hepburn Medical Center em Ogdensburg, 
Nova York, não sabia exatamente o que deveriam fazer para prevenir úlceras de pressão — 
sabiam apenas que precisavam fazer mais. Para solucionar este dilema, eles criaram uma 
equipe de cuidados com pele e feridas e começaram a estudar as últimas tecnologias 
disponíveis para prevenção de úlcera de pressão. Ao participarem de conferências e testarem 
todos os diferentes tipos de colchões específicos e equipamentos para alívio da pressão, o 
time
finalmente chegou a uma solução que serviria para eles: Selecionaram uma variedade de 
botas para alívio da pressão, superfícies de redistribuição da pressão, e colchões com 
alternância interna da pressão de ar, que oferecem proteção tanto para a pele do paciente 
quanto para as costas de quem presta o cuidado. 
 
Os equipamentos não foram baratos, mas ao adicionarem a nova tecnologia gradualmente 
(poucos leitos a cada ano, iniciando em 2004), em outubro de 2012 eles adquiriram o suficiente 
para todos os leitos da Unidade de Terapia Intensiva e para quase todos das Unidades Médico-
Cirúrgicas. 
 
É claro que não foi o bastante ter somente equipamentos. Eles necessitaram implantar uma 
escala de risco baseada em evidências científicas, para determinar qual paciente realmente se 
beneficiaria destas tecnologias. À medida que o tempo foi passando, eles perceberam que 
também precisavam de sistemas para assegurar que os equipamentos estavam acessíveis e 
mantidos adequadamente, e que a equipe estava atualizada sobre como utilizá-los. 
 
No clipe a seguir, Karen Cole, enfermeira, BSN, CDE, WOCN, fala sobre como o centro médico 
Claxton-Hepburn Medical Center começou a utilizar colchões específicos para prevenir úlceras 
de pressão e sobre o que aprenderam ao longo destes anos: 
Transcrição do Vídeo: 
 
O Cuidado Deve Ser EFETIVO: Lições do centro médico Claxton-Hepburn Medical 
Center 
 
(Extraído da entrevista com Karen Cole, BSN, RN, CWOCN, CDE, Claxton-Hepburn 
Medical Center). 
 
Nós instalamos os colchões HoverMatts em 2004. É um sistema de transferência de ar 
— você pode ouvir que tem um som um pouco alto. Mas, basicamente, ele empurra o 
paciente para cima quando sopra o ar, então quando o paciente sobe, flutua para cima 
na cama, não precisamos arrastá-lo pelo lençol, causando escoriações em sua pele. 
 
Esta tem sido realmente uma jornada, e começou, provavelmente, uma dúzia de anos 
atrás. Formamos nosso primeiro time de cuidados com a pele e feridas no final dos 
anos 1990. E a razão pela qual criamos este time foi a seguinte pergunta “O que 
estamos fazendo para prevenir úlceras de pressão? O que estamos fazendo para o 
cuidado com feridas?” E basicamente não estávamos fazendo muita coisa. 
 
Porque tínhamos o residencial, uma casa de repouso, estávamos utilizando uma 
escala de risco no residencial — utilizávamos a escala Gosnell. Mas, não estávamos 
fazendo nenhuma avaliação de risco nos nossos pacientes internados. Quando 
instalamos os colchões HoverMattts, toda a equipe foi treinada. Tínhamos muitos 
HoverMattts, e nossas úlceras de pressão — especialmente as de grau dois — 
diminuíram dramaticamente. 
 
http://www.choosingwisely.org/doctor-patient-lists/
Nos últimos anos temos notado um aumento nas nossas “grau dois.” Então, 
começamos a olhar para “Bem, por que você acha que está acontecendo isso?” E uma 
das coisas que percebemos foi: tivemos uma transição na equipe. Nem toda a equipe 
estava segura para automaticamente instalar um HoverMatt em um paciente e utilizá-
lo. Nossos HoverMattts começaram a desaparecer ao longo dos anos. Você sabe, eles 
ficaram velhos, as bombas não estavam no lugar e não havia um local específico onde 
os HoverMatts ficavam guardados . Se você tiver que gastar 20 minutos procurando 
um HoverMatt, então, provavelmente, você tem menos chances de usá-lo. 
 
Então, a Roberta, coordenadora de enfermagem, tomou a seguinte iniciativa: substituiu 
os HoverMattts, estabeleceu uma sala específica para a guarda dos HoverMattts, e 
treinou novamente a equipe. E o que eu posso te dizer é que isto terminou em outubro 
passado e, quando olhei para nossas taxas de prevalência ano passado, nosso último 
trimestre foi quase a metade dos primeiros 3 trimestres do ano, depois de termos 
voltado a usar os HoverMattts. 
Objetivo 3: O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE. 
Cuidado Centrado no Paciente significa prover assistência que respeite e atenda às 
preferências, necessidades, e valores individuais do paciente, e assegurar que os 
valores do paciente guiem todas as decisões clínicas. 
 
O Problema 
Quando você pergunta a um profissional de saúde por que ele entrou para o setor da saúde, 
uma resposta comum é ―Eu queria ajudar as pessoas.‖ Ajudar pessoas implica em ouvi-las e 
atender suas necessidades. Mesmo assim, é interessante ver que frequentemente os 
pacientes se queixam sobre a falta de serviço e envolvimento do consumidor na indústria da 
saúde. Estudos sobre as interações médico-paciente mostram que os médicos ouvem as 
questões dos pacientes durante um tempo médio de 20 segundos antes de interrompê-los. 
9,10
 
 
No vídeo a seguir, Victor Montori, médico, MSc, um Professor de Medicina da Clínica Mayo em 
Rochester, Minnesota, e pioneiro na área de cuidado centrado no paciente, descreve um 
processo de tomada de decisão ultrapassado que ele está trabalhando para mudar:
11
 
Transcrição do Vídeo: 
O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE: Lições de Victor Montori, Parte 1 
 
(Extraído de uma entrevista com Victor Montori, médico, MSc, Professor de Medicina da Clínica 
Mayo em Rochester, Minnesota) 
 
Uma das maneiras de descrever isso é o que experimentei quando eu era uma criança 
pequena e meu avô estava doente. Estávamos todos no hospital, com os adultos caminhando 
pra lá e pra cá em frente à algumas portas fechadas. Alguns estavam fumando (estavam 
fumando no hospital!), você sabe, andando pra lá e pra cá e esperando, e então as portas se 
abriram e três ou quatro clínicos vieram e disseram, “Nós já tomamos nossa decisão; vamos 
operar!” 
 
Então o processo de compartilhamento de informações com a família sobre as opções, se 
existisse, foi essencialmente a necessidade de um consentimento informado. Em termos de 
deliberação, de decisão, tudo aconteceu à portas fechadas entre os médicos. Se você pensar 
em um único médico, tudo aconteceria dentro da cabeça do médico. O paciente não teria 
nenhum acesso àquele processo e nenhuma forma de entender quais critérios foram usados 
para dar maior ou menor peso à decisão. Nenhuma informação, de jeito nenhum. 
Transcrição do Vídeo: 
O Cuidado deve ser CENTRADO NO PACIENTE: Lições de Victor Montori, Parte 2 
 
(Extraído de uma entrevista com Victor Montori, médico, MSc, Professor de Medicina 
da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota) 
 
Aqui está uma ferramenta que é gráfica, uma ferramenta num cartão, e os pacientes 
são convidados a pensarem quais os aspectos do seu próximo medicamento para 
diabetes, por exemplo, se eles forem acrescentar um medicamento no seu programa 
de tratamento atual, quais os aspectos do seu próximo medicamento para diabetes 
eles gostariam de considerar antes? Então os pacientes podem ver isso e eles podem 
se interessar, por exemplo, sobre qual o efeito do medicamento sobre o seu peso. 
Então, o clinico pega o cartão e entrega para paciente, o qual, é claro, tem todo um 
ritual muito importante de significação: “Aqui está a informação; está em suas mãos”. 
 
Para lhe contar uma história, em nossa pesquisa original sobre os cartões de diabetes, 
nós elegemos um homem idoso de 92 anos. Não me pergunte como este homem de 
92 anos acabou entrando em nosso estudo ? ele era elegível, eu acho, então, ele 
participou. E em nossas pesquisas gravamos os encontros, para entender como essas 
ferramentas estavam funcionando durante as consultas. Estávamos revisando as 
gravações e nós revisamos a gravação deste homem com seu clinico, a quem eu 
descreveria como um clinico muito talentoso, mas que de alguma maneira encontrava-
se esgotado, como muitos outros clínicos se encontram quando estão cuidando de 
muitos pacientes crônicos. Então, começa falando em tom de voz baixo, sem sorriso, 
interação do tipo “como vai” e outras formalidades de cortesia ? muito breve. Era 
Minnesota, então nós temos um tipo de falar um pouco norueguês, que é como nada, 
você sabe, como silêncio. E, então, o clínico apresenta os cartões. E o paciente 
escolhe como seu primeiro cartão o cartão de mudança

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