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AULA 04-Relatório de Auditoria

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AUDITORIA CONTÁBIL E
TRIBUTÁRIA
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Paolla Hauser
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CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos tratar das práticas de auditoria. Vamos conhecer como são elaborados os
papéis de trabalho e quais os modelos aplicáveis juntamente com suas regras de informação.
Em seguida, vamos conhecer como são feitos o planejamento e a materialidade de auditoria. Por
fim, vamos começar a ver os testes nas áreas do balanço e DRE.
CONTEXTUALIZANDO
O trabalho do auditor exige muita responsabilidade, uma vez que assegura que as informações
contidas nas demonstrações contábeis, feitas por outro profissional, estão livres de erros relevantes.
Tanto é que muitos investidores exigem o parecer do auditor antes de fazer um investimento.
Para que o trabalho do auditor esteja subsidiado, com informações que possam ser consultadas
e que sirvam de base para a própria opinião e outros relatórios, o auditor precisa estruturar seus
testes. Já pensou se cada empresa de auditoria fizesse da forma que quisesse? Seria bastante
complexa a revisão. Por isso, assim como temos as normas de estrutura para apresentação das
demonstrações contábeis, o auditor também deve realizar seus testes nos papéis de trabalho de
acordo com procedimentos exigidos para a atividade.
TEMA 1 – PAPÉIS DE TRABALHO
Os papéis de trabalho são também conhecidos na auditoria como WPs, do termo em inglês
working papers. Podemos passar a sigla para o português, ficando PTA, referente a Papéis de Trabalho
da Auditoria.
“Os papéis de trabalho (WPs) são os instrumentos de evidenciação de todo o trabalho do auditor
externo/independente. Neles são listados e comprovados todos os procedimentos efetuados pelo
responsável pela sua elaboração” (Lins, 2017, p. 68)
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Todas as áreas analisadas pelo auditor devem ser formalizadas por meio dos papéis de trabalho,
de maneira que o registro seja suficiente e apropriado para embasar a opinião do auditor, além de
evidenciar que a auditoria foi planejada e executada em conformidade com as normas e as
exigências legais e regulamentares aplicáveis.
Os WPs devem atender às normas de auditoria geralmente aceitas, acumular as provas
necessárias para suportar o parecer do auditor e auxiliar o auditor durante a execução de seu
trabalho, facilitando a revisão pelo auditor responsável.
Além disso, os papéis de trabalho precisam ser padronizados para facilitar o seu uso, arquivo e
evidência do exame.
Nos papéis de trabalho, encontramos dados que podem ser aplicados em mais de um trabalho,
como em anos seguintes. Já outros papéis são utilizados somente para assuntos específicos,
podendo ser aplicados somente naquele teste específico.
Desta forma, podemos dividir os WPs em duas “pastas” de arquivos (atualmente de forma
digital).
i. Papéis permanentes – aqueles que possuem informações utilizáveis em bases permanentes.
ii. Papéis correntes – aqueles que possuem informações utilizáveis somente para o trabalho em
curso.
Pasta de papéis permanentes
A pasta de papéis permanentes contém os assuntos importantes que tenham interesse
permanente e que podem ser usados em bases recorrentes. Como exemplos desses
papéis, podemos citar: dados históricos; dados de controles internos; dados contratuais;
estrutura societária.
É importante que esses papéis sejam revisados e atualizados antes da realização dos
trabalhos no período.
Pasta de papéis correntes
A pasta de papéis correntes contém todos os dados, informações, documentos e exames
realizados pela auditoria naquele ano. Além dos testes, constam também o controle de
horas da equipe que fez parte do projeto, programa do trabalho, informações obtidas,
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confirmações recebidas, documentos examinados, enfim, tudo que foi utilizado para
embasar a opinião do auditor.
Os aspectos essenciais dos papéis de trabalho, segundo Crepaldi, (2019, p. 302), são:
concisão: os papéis de trabalho devem ser concisos, de forma que todos entendam sem a
necessidade de explicações da pessoa que os elaborou;
objetividade: os papéis de trabalho devem ser objetivos, de forma que se entenda onde o
auditor pretende chegar;
limpeza: os papéis de trabalho devem estar limpos, de forma a não prejudicar seu
entendimento;
lógica: os papéis de trabalho devem ser elaborados de forma lógica de raciocínio, na
sequência natural do objetivo a ser atingido;
completude: os papéis de trabalho devem ser completos por si só.
Vamos falar sobre cada um dos aspectos fundamentais dos WPs.
Concisão
Dizer que os papéis devem ser concisos significa dizer que eles precisam ter uma ordem e
uma linguagem que sejam de fácil compreensão, por exemplo, em uma revisão dos
papéis, se eles estiverem concisos, isso significa que o autor do trabalho não precisa
explicar pessoalmente tudo que foi feito, pois o próprio WP já diz com clareza.
Objetividade
A objetividade nos papéis de trabalho não significa que o auditor deva ser sucinto
demais, mas sim que deve registrar com qualidade e quantidade apropriada as
informações importantes para tornar o papel adequado. O WP deve demonstrar os
objetivos trilhados pelo auditor para a condução do seu teste, indicando os detalhes que
considere relevante.
Limpeza
Podemos incluir nesse item o esmero, o capricho na preparação do WP, tentando eliminar
o máximo de incorreções e imperfeições. Muitas vezes, isso pode parecer tolo, no
entanto, é muito necessário que o papel seja, de fato, visualmente limpo para qualquer
revisão posterior e organização das informações.
Lógica
Os papéis de trabalho precisam seguir uma sequência natural dos fatos e o objetivo a ser
atingido, segundo o raciocínio lógico. Para tanto, o auditor precisa criar um programa
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lógico de condução do trabalho, vencendo cada obstáculo para chegar ao objetivo
proposto.
Completude
Também conhecido como completabilidade, esse aspecto significa que os WPs precisam
estar completos. Os papéis devem relatar o começo, o meio e o fim do trabalho praticado.
Demonstrar no papel de trabalho o planejamento do teste, sua relevância e relatividade
aos aspectos da auditoria. Determinar a extensão e profundidade dos exames. Incluir as
informações adequadas, os fatos materiais que serão importantes para dar suporte à
opinião do auditor.
É necessário que toda documentação de auditoria, desde documentação disponibilizada
pela entidade até os papéis de trabalhos elaborados pela equipe de auditoria sejam
armazenados de forma física ou eletrônica. O auditor deve manter a documentação
organizada e armazenada de maneira sistemática e logica durante e após a realização do
trabalho de auditoria, ficando a cargo do auditor analisar a idoneidade e veracidade de
documentação recebida por terceiros e de maneira indireta.
1.1 CODIFICAÇÃO DOS PAPÉIS DE TRABALHO
O auditor deve codificar seus WPs a fim de arquivar e resumir de forma organizada para que
estes passem por revisão, quando necessário, além de serem utilizados como forma de consulta pela
firma de auditoria, atual ou nova firma.
Geralmente, para a codificação, o auditor utiliza letras maiúsculas, de forma sequencial lógica e
racional, resumindo os trabalhos realizados em um conjunto de papéis de trabalho.
Em cada papel de trabalho, já existe um espaço para a indicação da sua codificação, além de ter
cabeçalho próprio que determina a empresa, a atividade, a operação, o objetivo do teste, a data em
que o papel está sendo realizado, os procedimentos, conclusão, assinatura, entre outros.
Dentre os papéis, existe o trabalho mestre, que é utilizado para resumir a tarefa executada pelo
auditor naquele conjunto de papéis.Podemos até fazer uma analogia, o papel mestre pode ser comparado com as contas sintéticas
do razão, e os demais papéis, que trazem os subsídios e aberturas do teste, podem ser comparados
com o razão analítico.
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Essa comparação serve para demonstrar que utilizamos a codificação também na contabilidade.
Vamos ver um exemplo de codificação em um WP.
Quadro 1 – Codificação em WP
Codificação Descrição Determinação
BL Balanço Papel de trabalho mestre
C Resumo de estoques
Papel de trabalho mestre de estoques, mas
subsidiário do balanço
C-1 Resumo de matérias-primas
Papel de trabalho subsidiário da área de
estoques
C1-1 Listagem de matérias-primas da filial de São Paulo
Papel de trabalho subsidiário da área de
estoques
C1-1
1
Resumo da Contagem física realizada na filial de São
Paulo
Papel de trabalho subsidiário da área de
estoques
C1-1
1-1
Detalhamento da Contagem física realizada na filial de
São Paulo de um item
Papel de trabalho subsidiário da área de
estoques
Fonte: Attie, 2019, p. 219.
Ao realizar a codificação nos papéis de trabalho, o auditor pode realizar referências cruzadas,
que amarram os testes entre as áreas e valores examinados. Podem ser para mesma área ou outras
que sejam influenciadas pelo WP, como apresenta a Figura 1.
Figura 1 – Codificação nos papéis de trabalho
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TEMA 2 – ORGANIZAÇÃO DOS PAPÉIS DE TRABALHO
Como vimos no tema anterior, nos papéis de trabalho ficam evidenciados os exames realizados
pelo auditor, contendo as provas e conclusões obtidas no trabalho da auditoria. Existe uma gama de
modelos de papel de trabalho, que depende da metodologia utilizada pela firma, mas as informações
e a codificação sempre devem existir.
Mesmo existindo diversos modelos, alguns tópicos são comuns às auditorias:
Lançamento de ajuste e/ou reclassificação;
Ponto de recomendação;
Memorando;
Balancete de trabalho;
Análises;
Conciliação;
Programa de auditoria.
Vamos conhecer agora papéis de trabalho que trazem, entre outras, essas características.
Lançamento de ajuste e/ou reclassificação
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Durante o transcorrer do trabalho, o auditor pode vir a descobrir quaisquer erros ou
irregularidades nos dados contábeis sob exame, que requererão correções por parte da companhia
auditada. No momento desta descoberta, o auditor prepara os lançamentos contábeis em um papel
de trabalho, de forma resumida, evidenciando com um breve histórico quais as contas e o valor
envolvido.
Uma vez aceitos os lançamentos propostos, os papéis de trabalho devem ser ajustados a seus
novos valores, verificando-se os lançamentos contábeis realizados pela companhia auditada. Caso os
lançamentos propostos não tenham sido aceitos, o auditor deverá fazer sua avaliação independente
quanto a sua materialidade em relação às demonstrações e, em caso positivo, proceder a sua ressalva
no parecer de auditoria.
Figura 2 – Lançamento de ajuste e/ou reclassificação
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Fonte: Attie, 2019, p. 294-295
Ponto de recomendação
No momento da execução do trabalho, o auditor pode identificar fraquezas nos procedimentos,
levando sugestões de melhoria para aprimorar os controles internos. Nesse momento, o auditor irá
preparar um papel de trabalho contendo os pontos chamados de pontos de recomendação, que irão
servir de base para o relatório formal de pontos da empresa auditada. Podemos ver a seguir um
exemplo de WP com esse procedimento.
Figura 3 – Pontos para recomendação
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Fonte: Attie, 2019, p. 296
Memorando
Usamos o memorando para subsidiar os testes realizados que precisam de um resumo do
processo e das circunstâncias. Por exemplo, um memorando resumido de contratos de
financiamento, ou um memorando descritivo de contagem física, como podemos ver no exemplo a
seguir.
Figura 4 – Memorando
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Fonte: Attie, 2019, p. 297
Balancete de trabalho
No balancete de trabalho, o auditor indica a relação das contas da empresa com os testes
realizados pela equipe. Esse papel é a base principal de trabalho do auditor.
Vejamos um modelo de WP de balancete.
Figura 5 – Balancete de trabalho
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Fonte: Attie, 2019, p. 298
Análise
Utilizamos a análise como procedimento para explicar a composição do saldo da conta que está
sendo examinada, tendo como objetivo um exame mais específico e profundo daquele saldo e do
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que o compõe. Vamos ver um exemplo de WP com teste de análise.
Figura 6 – Análise
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Fonte: Attie, 2019, p. 299.
Conciliação
A conciliação é comum não só na auditoria; você já deve ter ouvido esse nome nos trabalhos da
contabilidade. Esse tipo de procedimento na auditoria é geralmente usado para explicar diferenças
entre duas ou mais fontes de onde veio a informação.
Vejamos um WP de conciliação.
Figura 7 – Conciliação
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Fonte: Attie, 2019, p. 300
Nos exemplos anteriores, você pôde perceber que todos os exames de auditoria foram indicados
nos papéis. De certa forma, os WPs devem ser autoexplicativos, contendo o procedimento, objetivos
de trabalho, testes realizados, informações obtidas e conclusão.
Um dos procedimentos principais demonstrados nos papéis de trabalho, que você pode conferir
nos exemplos apresentados, são os famosos: (i) tiques de auditoria; (ii) letras explicativas; e (iii) notas
explicativas.
Nos anexos 4, 5 e 6 temos os tiques explicativos, que são sinais utilizados para indicar um exame
praticado. Em regra, são usados para indicar a fonte de onde foi obtida a informação ou para
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conferência de um valor, dispensando assim, maiores explicações, conforme apresentamos no
Quadro 1.
Quadro 1 – Tiques
Tiques Descrição
w Conforme trabalho anterior
PPC Papel preparado pelo cliente
a Conforme balancete
b Conforme relatório da folha de pagamento
- Calculado
t Somado
Fonte: Hauser, 2021.
No exemplo apresentado pelo anexo 6, você encontra as letras explicativas, elas correspondem
aos exames praticados que precisam de uma explicação adicional. Normalmente são usadas com
letra minúscula argolada, demonstrando que há algo a mais do que uma simples conferência. Por
exemplo, A B C D E.
No primeiro exemplo, temos a nota explicativa, ela corresponde a uma explicação geral, não
podendo ser indicada com tique ou letras explicativas.
Outra informação que você deve ter notado nos exemplos é a indicação de revisão dos papéis
de trabalho. As normas de auditoria determinam que o WP executado por assistentes deve ser
revisado pelos seus supervisores, que assumem a responsabilidade de que o teste foi cumprido a
contento.
TEMA 3 – PROGRAMA E EXECUÇÃO DE AUDITORIA
Para realização do trabalho de auditoria, o auditor responsável pela execução irá fazer o
planejamento e o programa de auditoria, indicando quais serão as áreas do balanço que serão
testadas e quais testes serão realizados pela equipe.
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Para realização do planejamento, o auditor deve ter adequado nível de conhecimento sobre as
atividades, fatores econômicos e legislação aplicável ao negócio, assim como conhecer as práticas de
auditoria.
No planejamento de auditoria, é importante considerarmos alguns fatores, como:
Conhecimento das práticas contábeis adotadas pela empresa e as alterações que ocorreramno
exercício anterior;
Conhecimento detalhado do sistema contábil e de controles internos da empresa e qual é o
grau de confiabilidade;
Os riscos de auditoria e a identificação das áreas importantes da empresa;
Extensão dos procedimentos de auditoria que serão aplicados;
Verificação de filiais e partes relacionadas;
Uso do trabalho de especialistas;
Atendimento de prazo de entidades regulatórias ou fiscalização que a empresa deve cumprir.
O planejamento da auditoria deve ser documentado por escrito, para que toda a equipe saiba
quais são os testes, responsabilidades e extensão do trabalho.
A NBCTA 300, que trata do planejamento de auditoria, descreve que:
O planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global para o trabalho e o
desenvolvimento de plano de auditoria. Um planejamento adequado é benéfico para a auditoria
das demonstrações contábeis de várias maneiras, inclusive para:
auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria;
auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais;
auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja
realizado de forma eficaz e eficiente;
auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de
capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e na alocação apropriada
de tarefas;
facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão do seu
trabalho;
auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e
especialistas.
O planejamento é um processo importante para a correta execução do trabalho do auditor,
assim, ele poderá prever os procedimentos e testes que serão aplicados, ficando dentro das horas de
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trabalho vendida.
Saiba mais
Para conhecer mais sobre os conceitos e determinações do planejamento da auditoria,
acesse a norma por meio do link: <https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo
=2016/NBCTA300(R1)>. Acesso em: 4 out. 2021.
3.1 PROGRAMA DE AUDITORIA
O programa de auditoria é o plano de ação voltado para orientar e controlar a execução dos
exames de auditoria. As vantagens fornecidas pelo programa de auditoria são:
estabelecer a forma adequada de realização dos trabalhos;
as considerações feitas pelo auditor para a determinação de seu trabalho;
controlar o tempo despendido na realização do trabalho;
a sequência lógica de realização do trabalho;
evidência dos trabalhos e quaisquer modificações ocorridas em relação ao original.
Para que o auditor consiga elaborar de forma adequada um programa de auditoria, ele deverá
considerar a avaliação do controle interno; relevância, definição dos procedimentos de auditoria e em
que momento serão aplicados.
É como se o auditor tivesse um roteiro que pudesse direcioná-lo para a execução do trabalho.
Veja agora dois exemplos de programa de auditora.
Figura 8 – Programa de auditoria (1)
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA300(R1)
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Fonte: Lins, 2017, p. 74.
Figura 9 – Programa de auditoria (2)
Fonte: Lins, 2017, p. 75.
3.2 MATERIALIDADE
A determinação do escopo da auditoria, o planejamento e o programa em si são definidos após
a determinação da materialidade. “Materialidade pode ser definida como o valor mínimo para o qual
a ocorrência de um erro não detectado pode vir a causar distorções significativas nas demonstrações
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contábeis” (Lins, 2017, p. 252). Sendo assim, quando algum valor for considerado material, deverá ser
testado pelo auditor.
A definição da materialidade tem relação com a experiência do auditor. Em geral, no
planejamento da auditoria, são definidos dois tipos de materialidade: (i) materialidade para análise
das contas; e (ii) materialidade para ajustes e testes.
Para análise das contas, a materialidade pode ser definida como sendo: 0,5% a 1% do ativo total;
ou 0,5% a 1,5% do patrimônio líquido; e ainda 1% da receita bruta.
Dessa forma, todas as contas das demonstrações contábeis com valores acima da materialidade
escolhida serão analisadas com a abertura de WPs específicos.
Como exemplo de materialidade para ajustes e testes, podemos definir 10% do lucro líquido,
0,05% a 0,1% do patrimônio líquido.
Nesse caso, serão estabelecidos valores para os quais os auditores efetuarão procedimentos de
auditoria e, se for o caso, irão propor ajustes nas demonstrações contábeis.
TEMA 4 – AUDITORIA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A partir de agora, falaremos um pouco sobre os testes de auditoria aplicáveis às áreas do
balanço e da demonstração de resultado. Começamos com a auditoria do patrimônio líquido.
A finalidade da auditoria do PL é:
a. determinar se as ações ou o título de propriedade do capital social foram adequadamente
autorizados e emitidos;
b. determinar se todas as normas descritas nos estatutos sociais, as obrigações sociais e legais
foram cumpridas;
c. determinar se foram utilizados os princípios e as práticas usuais de contabilidade;
d. determinar a existência de restrições de uso das contas patrimoniais;
e. determinar se o patrimônio líquido está corretamente classificado no balanço patrimonial, se as
divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas.
No grupo do Patrimônio Líquido, temos como contas principais:
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Capital Social.
Reservas de Capital.
Ações em tesouraria.
Ajuste de Avaliação Patrimonial.
Reservas de Lucros.
Prejuízos acumulados.
Os procedimentos de auditoria a serem utilizados dependem da avaliação do controle interno e
da materialidade envolvida em cada uma das contas que compõem o patrimônio líquido. Para
ilustrar, vamos ver alguns procedimentos que poderão ser utilizados durante a execução dos
trabalhos de auditoria.
Quadro 3 – Procedimentos dos trabalhos de auditoria
Confirmação
- Confirmação da participação acionária;
- Confirmação de advogados sobre aspectos legais e societários ou de quaisquer passivos que possam
afetar o patrimônio líquido.
Documentos
originais
- Exame das atas de assembleias e reuniões;
- Exame de arquivos na junta comercial;
- Exame dos estatutos sociais.
Cálculos
- Cálculo da reserva legal;
- Cálculo de participação a partes beneficiárias;
- Cálculo da distribuição de dividendos.
Escrituração
- Exame da conta de razão de lucros suspensos;
- Exame da conta de razão de reserva legal;
- Exame da conta de razão de reserva de contingência.
Investigação
- Exame minucioso dos dividendos distribuídos;
- Exame das aprovações de alterações do capital.
Inquérito
- Inquérito quanto à tendência de mudança dos negócios da companhia;
- Inquérito quanto a possíveis mudanças acionárias;
- Inquérito quanto a possíveis aumentos de capital.
Registros
auxiliares
- Exame do razão analítico das reservas de capital;
- Exame do razão analítico das reservas de lucros.
Correlação - Relacionamento da reserva legal com o resultado do exercício;
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- Relacionamento dos dividendos pagos com o autorizado.
Observação
- Classificação adequada das contas;
- Observação aos princípios de contabilidade.
Fonte: Elaborado com base em Attie, 2019, p. 625.
Exemplo de papel de trabalho para auditoria do PL
Primeiramente temos o programa de trabalho do patrimônio líquido, em seguida, WP do
balancete de trabalho – Passivo (para verificação do saldo do PL) e, logo após, WP do Patrimônio
Líquido.
Figura 11 – Patrimônio líquido (1)
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Fonte: Attie, 2019, p. 628.
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Figura 12 – Balancete de trabalho – passivoFonte: Attie, 2019, p. 629
Figura 13 – Patrimônio líquido (2)
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Fonte: Attie, 2019, p. 630
TEMA 5 – AUDITORIA DAS CONTAS DE RESULTADO
Nas contas de resultado, a auditoria tem como finalidade:
a. determinar se todas as receitas, os custos e as despesas atribuídos ao período estão
devidamente comprovados e contabilizados;
b. determinar se todas as receitas, os custos e as despesas não atribuídos ao período ou que
beneficiem exercícios futuros estão corretamente diferidos;
c. determinar se os custos e as despesas estão corretamente contrapostos às receitas devidas;
d. determinar se as receitas, os custos e as despesas estão contabilizados de acordo com os
princípios e práticas usuais de contabilidade;
e. determinar se as receitas, os custos e as despesas estão corretamente classificados nas
demonstrações do resultado e se as divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas.
Para análise das contas de resultados, o auditor deve conhecer as regras contábeis de receita,
como CPC 47, por exemplo. Ou as normas que envolvam custos e despesas, provisões, entre outras
operações que impactem no resultado.
“Ao examinar as contas de receita, custos e despesas, o auditor, via de regra, prepara uma
análise da conta em exame, retroagindo nos registros contábeis, com o intuito de exigir as provas
documentais adequadas e os lançamentos detalhados” (Attie, 2019, p. 675).
As contas de resultado devem ser analisadas por amostragem determinada no planejamento do
trabalho de auditoria.
Vamos conhecer alguns modelos de WP para as operações que envolvem resultado.
Figura 14 – Vendas
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Fonte: Attie, 2019, p. 675
Figura 15 – Custo das vendas
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Fonte: Attie, 2019, p. 675.
Figura 16 – Custos não absorvidos na produção
Fonte: Attie, 2019, p. 679.
Figura 17 – Despesas de vendas
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Fonte: Attie, 2019, p. 682
TROCANDO IDEIAS
Analise o WP de despesas financeiras a seguir.
Figura 18 – Despesas financeiras
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Depois de analisar, comente sobre aquilo que você consegue relacionar às regras vistas nesta
aula para indicação dos papéis de trabalho.
NA PRÁTICA
(Petrobras – Auditor Júnior – 2011) Segundo a metodologia de mercado e as boas práticas de
auditoria, os papéis de trabalho podem ser classificados, quanto à sua natureza, em dois tipos:
permanentes e correntes. São exemplos de papéis de trabalho permanentes, exceto:
a. as atas das reuniões de assembleia geral extraordinária;
b. as cópias do estatuto ou contrato social da empresa;
c. os manuais de procedimentos internos;
d. a legislação específica aplicável ao negócio da empresa auditada;
e. a revisão analítica das contas contábeis.
FINALIZANDO
Nesta aula, tratamos do conceito e modelos de papéis de trabalho, chamados de WP (working
paper). Vimos modelos de procedimentos de auditoria e programa, e aprendemos sobre a
materialidade, que servirá para identificar os saldos que merecem ser testados e aqueles erros que
devem ser ajustados ou reportados no parecer, dependendo do seu valor.
Por fim, conhecemos exemplos de testes de auditoria das contas do patrimônio líquido e contas
de resultado.
Uma questão importante também foi aprendida nesta aula: para execução da auditoria, é
necessário ter conhecimento das normas contábeis, já que o auditor vai dar sua opinião sobre as DFs.
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REFERÊNCIAS
ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBCTA 300, dispõe sobre a planejamento de
auditoria de demonstrações contábeis. 5 ago. 2016. Disponível em:
 <https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA300(R1)>. Acesso em: 1
out. 2021.
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBCTA 320, dispõe sobre a materialidade no
planejamento e na execução da auditoria. 5 ago. 2016. Disponível em:
<https://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2016/NBCTA320(R1)>. Acesso em: 1
out. 2021.
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2019.
LINS, L. dos S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa: contém
exercícios. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
GABARITO
Alternativa E.
Todas as alternativas anteriores correspondem aos papéis permanentes da entidade. Já a
letra E diz respeito a um procedimento do saldo do período.
 O gabarito para este exercício pode ser encontrado ao final deste material, após as
referências.
[1]
24/10/2021 21:14 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 31/31

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