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Nathália Santana Rodrigues Anatomia, histologia e fisiologia das adrenais Anatomia Localiza-se na cavidade abdominal, acima dos polos superiores dos rins. Retroperitoneal, ou seja, situa-se posterior ao peritônio, tendo apenas sua parte anterior recoberta por ele. São bilaterais: Suprarrenal direita: Sobre o polo superior do rim direito em uma posição apical. Formato piramidal/chapéu. Relações com estruturas abdominais que ficam do lado direito como a VCI, fígado (anterior) e o pilar direito do diafragma. Suprarrenal esquerda: Sobre o polo superior do rim esquerdo em uma posição medial. Formato de meia lua. Relações com o pilar esquerdo do diafragma, baço, estômago e pâncreas. Irrigação é proveniente de 3 conjuntos de artérias: Artérias suprarrenais superiores: ramo da artéria frênica inferior (irriga a porção abdominal do diafragma). Artérias suprarrenais médias: ramo da aorta abdominal, ao nível do surgimento do tronco celíaco. Artérias suprarrenais inferiores: ramo da artéria renal. A drenagem: Suprarrenal direita: veia suprarrenal direita (mais curta) – VCI. Suprarrenal esquerda: veia suprarrenal esquerda (mais longa) – veia renal esquerda. Nathália Santana Rodrigues A sua inervação fica a cargo do plexo suprarrenal esquerdo e direito, esses que recebem nervos dos plexos renal e celíaco. Histologia É encapsulada por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, essa que envia pequenos septos ao interior da glândula. Tem duas camadas: Camada cortical/córtex adrenal Camada medular/medula adrenal 1- Córtex adrenal Periférica, espessa e de cor amarelada. Origem no epitélio celomático, portanto, mesodérmico. Células secretoras de esteroides Tem muito retículo endoplasmático liso As células não armazenam seus produtos em grânulos, pois boa parte é sintetizado quando ocorre estímulo e aí já secretado, e esses não precisam ser secretados por exocitose por serem lipossolúveis. Subdivido em 3 zonas: 1. Zona glomerulosa: 15% do total; células piramidais que se organizam em cordões, esses que tem forma de arcos envolvidos por capilares sanguíneos. Secreta aldosterona – principal mineralocorticoide. 2. Zona fasciculada: 65% do total; células poliédricas dispostas em cordões retos e regulares (parecem feixes). As células dessa camada tem alta quantidade de lipídios armazenados no seu citoplasma, assim nas lâminas aparecem vacuoladas. Produz cortisol – principal glicocorticoide. 3. Zona reticulada: 7% do total; células poliédricas dispostas em cordões irregulares que formam um rede anastomosada. Produz andrógenos e em menor quantidade mineralocorticoide. 2- Medula adrenal Aparência acinzentada. Origem neuroectodérmica – crista neural Células poliédricas organizadas em cordões ou aglomerados arredondados, sustentados por uma rede de fibras reticulares. Existem também as células ganglionares parassimpáticas. – todas são envolvidas por muitos capilares sanguíneos. Nathália Santana Rodrigues O citoplasma das células têm grânulos de secreção que contém adrenalina ou noradrenalina – catecolaminas. Tem também ATP, dopamina beta-hidroxilase (converte a dopamina em noradrenalina), peptídios semelhantes a opiáceos e cromagraninas (proteína que serve de ligação para as catecolaminas. Inervação colinérgica do SNA simpático. Fisiologia Hôrmonios adrenocorticais e hôrmonios adrenomedulares 1- Hôrmonios adrenomedulares Consiste em um glânglio simpático do SNA modificado, suas células não tem axônios e nem liberam neurotransmissores. Células que produzem hormônios são as cromafins, elas são inervadas por neurônios pré-ganglionares simpáticos. Nodradrenalina (norepinefrina) – 20% e adrenalina (epinefrina) – 80% - catecolaminas. Em situações de luta ou fuga, o simpático é acionado e os neurônios que inervam as células da medula suprarrenal estimula a secreção dos hormônios, esses intensificam as respostas simpáticas, que consistem por exemplo em aumentar a FC e aumenta da PA. 2- Hormônios adrenocorticais/corticosteroides É um grupo de hormônios que são sintetizados a partir do colesterol esteroide, todavia com fórmulas químicas diferentes. Os principais tipos são os mineralocorticoides e os glicorticoides, tem ainda os androgênicos que são secretados em pequenas quantidades. Síntese: As células do córtex conseguem sintetizar poucas quantidades de colesterol a partir de acetato, todavia, a maior parte do colesterol usada para a síntese dos hormônios é proveniente das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) que estão no plasma circulante: 1- As LDLs difundem-se do plasma para o liquído intersticial e ligam-se a receptores nas depressões da membrana cortical. Essas depressões são internalizadas por endocitose e formam vesículas e essas fundem-se com lisossomos, aí o colesterol fica “livre” e pode ser usado como matéria prima. 2- Na célula, o colesterol é transportado para as mitocôndrias e lá é clivado pela enzima colesterol desmolase, formando pregnenolona – até aqui é uma via comum a todos os hormônios, aí em cada zona essa substância vai sofrer reações químicas para virar o hormônio. Aldosterona Nathália Santana Rodrigues Principal mineralocorticoide (afeta os minerais do líquidos extracelulares). Como ela age nos tecidos-alvos: 1- Ela por ser lipossolúvel, atravessa a membrana celular e chega ao interior das células epiteliais tubulares. 2- No citoplasma dessas células, ela se combina a receptores mineralocorticoides (MR). 3- O complexo aldosterona-receptor ou um produto desse se difunde para o núcleo, onde promove alterações de parte do DNA, o que induz a formação de tipos diferentes de RNA mensageiros, relacionados com o transporte de sódio e potássio. 4- mRNA volta para o citoplasma e age junto com os ribossomos para promover a formação de proteínas. Funções: Aumenta a reabsorção tubular renal de sódio e secreção de potássio: sódio é conservado e o potássio excretado na urina. Excesso de aldosterona aumenta o volume do líquido extracelular e a pressão arterial, mas apresenta apenas pequeno efeito na concentração plasmática de sódio: quando a aldosterona reduz a excreção renal de sódio a concentração dele só vai aumentar um pouco, porque ao ser reabsorvido esse íon traz consigo água, assim o volume do LEC aumenta. Quando o aumento desse volume dura uns 2 dias, ocorre o aumento da pressão arterial. Aumenta a secreção tubular de íon hidrogênio, o que diminui a concentração desse íon no LEC e ocasiona alcalose. Estimula o transporte de sódio e potássio nas glândulas sudoríparas e salivares e nas células epiteliais do intestino: nas glândulas do mesmo modo que nos túbulos renais, promovendo a reabsorção de sódio e a excreção de potássio e bicarbonato. No intestino, ela estimula e muito a absorção intestinal de sódio. Regulação da secreção: 1- Elevação da concentração de íons potássio e de angiotensina II no LEC aumenta muito a secreção. 2- Elevação da concentração do sódio no LEC reduz muito pouco a secreção. 3- ACTH secretado pela adeno-hipófise é necessário para a secreção de aldosterona, mas tem apenas pequeno efeito no controle da secreção. Nathália Santana Rodrigues Sistema renina-angiotensina-aldosterona é um sistema ativado em resposta ao menor fluxo sanguíneo renal ou à perda de sódio. A aldosterona age nos rins para promover a excreção do excesso de potássio e para aumentar o volume sanguíneo e a PA. Cortisol Principal glicocorticoides (aumenta a glicose sanguínea e tem efeitos metabólicos proteico e lipídico). Efeitos: 1- Metabólicos Carboidratos: Estímulo da gliconeogênese: 1- Através da transcrição de DNA nos núcleosdas células hepáticas, promovendo assim aumento das enzimas que convertem aminoácidos em glicose. 2- Mobilização de aminoácidos a partir dos tecidos extra-hepáticos, em especial os músculo, para que esses possam ser usados como matéria prima. 3- Inibe o efeito da insulina. 4- Junto com o aumento da gliconeogênese ocorre a elevação de glicogênio hepático, o que potencializa os efeitos de hormônios como o glucagon, para mobilizar a glicose quando houver necessidade. Reduz a utilização celular de glicose: é uma redução moderada da utilização pela maior parte das células do organismo. A causa não é conhecido, mas acredita-se que uma ação desse hormônio é diminuir a translocação dos transportadores de glicose GLUT 4 para a membrana celular, em especial nas células do MEE – resistência à insulina Nathália Santana Rodrigues Elevação da concentração de glicose sanguínea: os efeitos anteriores corroboram para a ocorrência desse e consequentemente estimulam a secreção de insulina, todavia, mesmo se em níveis altos, ela não faz o metabolismo da glicose como em condições normais, visto que os tecidos tem uma resistência a ela e aos altos níveis de ácidos graxos. Proteínas: Redução das proteínas celulares: diminuição da síntese e aumento do catabolismo das proteínas já existentes, a causa desses é a redução do transporte de aminoácidos para os tecidos extra-hepáticos e formação de RNA mensageiro. Aumenta as concentrações plasmáticas e hepáticas de proteínas Aumento dos aminoácidos sanguíneos Redução do transporte de aminoácidos para os células extra-hepáticas e elevação do transporte para as células hepáticas. O transporte reduzidos para os tecidos extra-hepáticos diminui suas concentrações intracelulares e assim sua síntese proteica, nesses tecidos o catabolismo proteico continua e esse libera aminoácidos que se difundem para o plasma. Aí uma alta concentração desses no plasma e seu consequente transporte para o fígado faz com que nesse órgão ocorra aumento da síntese proteica, formação maior de proteínas plasmáticas, aumento da conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese). Gordura: Mobilização de ácidos graxos: isso promove a elevação da concentração desses no plasma, o que aumenta sua utilização como fonte de energia. 2- Resistência ao estresse: alguns tipos de estresse que podem causar a secreção de cortisol: trauma, infecção, calor ou frio intensos. 3- Resistência à inflamação Efeitos anti-inflamatórios: a administração grande quantidade de cortisol bloquear a inflamação ou reverte seus efeitos se já iniciada. Ele age de 2 formas: 1) Bloqueia os estágios iniciais do processo inflamatório, antes mesmo do início de fato da inflamação. Ele estabiliza as membranas dos lisossomos, essa estabilização faz com que a maior parte das enzimas proteolíticas liberadas pelas células lesadas, que ficam armazenadas nos lisossomos, sejam liberadas em quantidades reduzidas. Reduz a permeabilidade dos capilares como uma segunda forma de reduzir a liberação das enzimas. Efeito é o de reduzir a perda do plasma para os tecidos. Reduz a migração de leucócitos para a área inflamada e a fagocitose das células lesadas, esse efeito acontece porque o cortisol diminui a formação de prostaglandinas e leucotrienos, esses que aumentariam a vasodilatação, permeabilidade capilar e mobilidade dos leucócitos. Suprime o sistema imunológico, reduz a reprodução de linfócitos, assim reduz as reações teciduais que esses promoveriam. Atenua a febre por reduzir a liberação de interleucina 1 a partir dos leucócitos. Nathália Santana Rodrigues 2) Ele promova a rápida resolução do quadro. Bloqueio de boa parte dos fatores que favorecem a inflamação. Aumento da regeneração. Regulação da secreção: O hôrmonio adrenocorticotrópico – ACTH secretado pela adeno-hipófise estimula a secreção de cortisol. E a secreção do ACTH é controlada pelo fato liberador de corticotropina- FLC do hipotálamo. ACTH ativa as células adrenocorticais para produzir esteroides pelo aumento do AMPc: ACTH ativa a adenil ciclase na membrana celular, isso induz a formação de AMPc no citoplasma celular. O APMc ativa enzimas intracelulares, essas que causam a formação dos hormônios adrenocorticais. Estresse fisiológico (mental ou físico) aumenta a secreção adrenocortical e de ACTH. Feedback negativo: cortisol age sobre o hipotálamo, reduzindo a formação do FLC e na adeno-hipofise para reduzir a formação de ACTH. Androgênios Tanto em homens quanto em mulheres, o córtex da glândula suprarrenal secreta pequenas quantidades de androgênios fracos. O principal androgênio secretado pela glândula suprarrenal é a desidroepiandrosterona (DHEA). Nos homens, depois da puberdade, o androgênio testosterona também é liberado, e em quantidade muito maior, pelos testículos. Dessa forma, a quantidade de androgênios secretada pela glândula suprarrenal masculina é normalmente tão baixa que seus efeitos são insignificantes. Nas mulheres, no entanto, os Nathália Santana Rodrigues androgênios suprarrenais desempenham funções importantes. Eles promovem a libido (desejo sexual) e são convertidos em estrogênios (esteroides sexuais feminilizantes) por outros tecidos corporais. Também estimulam o crescimento de pelos axilares e púbicos nos meninos e nas meninas e contribuem para o estirão de crescimento pré-puberal.
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