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ú Ciclo menstrual Define-se ciclo menstrual normal como aquele com 28 +/- 7 dias, fluxo durando 4 +/- 2 dias, e perda média de 20 a 60 mL de sangue. Dividido em fase folicular pré-ovulatória (fase proliferativa) e fase lútea pós-ovulatória (fase secretora, dura de 13-14 dias). Seu objetivo de preparar o corpo para uma gestação. Durante o ciclo ocorre: • Maturação folicular e liberação do ovócito II • Preparação do útero Conceitos • Manacme: período reprodutivo; • Menarca: primeira menstruação; • Climatério: transição da manacme para menopausa; • Puberdade: é período na qual, decorrente do aumento da idade (entre os 9 e os 12 anos), a hipófise (que antes quase não tinha atividade secretora) começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando a ativação dos ovários e ao início de ciclos sexuais mensais normais, que começam entre 11-15 anos.; • Menopausa: após a última menstruação, ocorre dos 45 aos 55 anos e é determinada após 12 meses de amenorreia. Ocorre queda dos hormônios ovarianos; • Perimenopausa: inicia antes da menopausa com ciclos irregulares e termina 12 meses após a menopausa; • Pós menopausa: inicia 1 anos após a última menstruação e vai ate 65 anos; • Senilidade: inicio aos 65 anos; Síndrome do Ovário Policístico ú Teoria das duas células da esteroidogênese ovariana ovak Cél. da Teca Produção de Androstenediona Expressão do gene CYP17 e CYP11A Movem para Cliva o colesterol A partir do colesterol AD – estrona - Estradiol Enzima aromatase (CYP19) Ovários Cél. da Teca Contêm receptores para LH FSH Cél. da Granulosa Cél. da Granulosa Conversão de Androstenediona em estrogênio LH FSH ú Anticoncepcionais Pode ser encontrado em diversas formulações (concentrações de hormônios) e diferentes vias de administração (oral, intramuscular, implantes subdérmicos, transdérmica, vaginal e associado a sistema intrauterino). Por eles mimetizarem os hormônios ovarianos, depois de ingeridos, eles inibem a liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) pelo hipotálamo, inibindo assim a liberação dos hormônios da hipófise que estimulam a ovulação. Contraceptivos orais também afetam a mucosa do útero e causam espessamento do muco cervical, tornando-o impermeável aos espermatozoides, dificultando assim a fecundação. Síndrome do Ovário Policístico Conceito A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma endocrinopatia comum que se caracteriza por oligo-ovulação ou anovulação, sinais de excesso androgênico e múltiplos pequenos cistos ovarianos. É também conhecida como anovulação hiperestrogênica hiperandrogênica crônica. As mulheres afetadas devem apresentar: 1. Hiperandrogenismo: hirsutismo e/ou hiperandrogenemia; 2. Disfunção ovariana: oligo-ovulação e/ou ovários policísticos; 3. Exclusão de outras causas de excesso de androgênio (ex.: hiperplasia suprarrenal congênita, tumores secretores de androgênios e síndrome de Cushing ); Epidemiologia É o distúrbio endócrino mais comum em mulheres na idade reprodutiva e afeta aproximadamente 4 a 12% dessa população; Sua incidência pode variar de 4% a 20% durante o período reprodutivo; Prevalece em 80% das mulheres com hiperandrogenismo; ú Gera infertilidade em 40% das mulheres; Parece afetar igualmente todas as raças e nacionalidades; Etiologia Sua etiologia ainda é desconhecida, porém, alguns suspeitam-se de origem genética multifatorial e poligênica, outros apontam alterações da pulsatilidade de GnRH e LH e fatores ambientais (como dieta e atividade física). Alguns especialistas sugeriram a possibilidade de transmissão autossômica dominante, com acometimento em ambos os sexos. De forma geral, os genes supostamente envolvidos são aqueles relacionados com a síntese de androgênios e à resistência à insulina. Sugeriu-se a possibilidade de desregulação do gene CYP11A em pacientes com SOP. Esse gene codifica a enzima de clivagem da cadeia lateral do colesterol, ou seja, a enzima que executa a etapa limitante da taxa de biossíntese de esteroides. Por ultimo, foi descoberta uma alteração no gene DLK1, revelando que as pacientes com deficiência desse gene tinham menstruação precoce, obesidade, diabetes, dislipidemia e síndrome dos ovários policísticos com maior frequência, sugerindo que o DLK1 é um fator que afeta o eixo reprodutivo e metabólico. O gene do DLK1 produz uma proteína de mesmo nome produzida tanto no tecido adiposo quanto no hipotálamo, porem ainda não se sabe como ele faz a conexão entre o tecido adiposo e o hipotálamo. Fatores de risco Puberdade precoce Histórico familiar Baixo peso ao nascer Hiperinsulinemia/ resistência insulínica Obesidade Manifestações clínicas São manifestações endócrinas que incluem irregularidade menstrual, infertilidade, hirsutismo, acne, obesidade central, resistência à insulina, excesso de andrógenos ou outras disfunções endócrinas. DISFUNÇÃO MENSTRUAL Caracteristicamente a oligomenorreia (menos de 8 períodos menstruais por ano) ou amenorreia (ausência de menstruação por no mínimo 3 meses consecutivos)tem inicio na menarca podendo normalizar ou não a medida que o tempo passa dos 30 aos 40 anos devido a redução da produção dos andrógenos. HIPERANDROGENISMO ú Manifesta-se pelo HIRSUTISMO, ACNE e/ou ALOPECIA androgênica. Sinais de virilização como aumento da MASSA MUSCULAR, REDUÇÃO DAS MAMAS, ENGROSSAMENTO DA VOZ E CLITOROMEGALIA são raros os quais refletem uns níveis elevados de andrógenos- deve-se investigar tumor secretor de andrógenos ovariano ou adrenal. HIRSUTISMO Definido pela presença de pelos terminais escuros e ásperos distribuídos com padrão masculino. Fisiopatologia do hirsutismo: decorre do aumento dos andrógenos. No folículo piloso a testosterona é convertida pela alfa 5 redutase em di- hidrotestosterona sendo mais potente que a testosterona. Dessa forma, as áreas mais comuns afetadas são o lábio superior, queixo, costelas, tórax, linha alba no abdome inferior. ACNE Assume o padrão persistente ou de inicio tardio denotando a elevação dos andrógenos. O excesso de andrógenos estimula de forma excessiva os receptores na unidade pilossebacea aumentando a produção de sebo causando inflamação e formando comedão. A longo prazo a inflamação gera a acne e cicatrizes, assim o tratamento consiste em reduzir a inflamação, diminuir a produção de queratina, reduzir a colonização bacterianae os níveis de andrógenos. ALOPECIA O padrão da alopecia é de evolução lenta com afinamento difuso na coroa, com preservação do contorno frontal do couro cabeludo e pela recessão bitemporal. Patogênese Decorre do aumento da di- hidrotestosterona pela alfa 5 redutase e aumento dos receptores de andrógenos deve-se excluir doenças como disfunções da tireoide e anemias. Outras disfunções endócrinas: RESISTÊNCIA A INSULINA Decorrer da relação entre hiperandrogenismo e SOP que pode levar a obesidade e ACANTOSE NIGRICANS. Placas avermelhadas espessas de cor marrom acinzentadas que se localiza em áreas de flexão como pescoço posterior, axilas, abaixo dos seios e região inguinal. A hiperinsulinemia estimula os queratinócitos e fibroblastos a produzirem mudanças na pele. INTOLERÂNCIA A GLICOSE DE DM II Mulheres com SOP tem risco elevado de ter DM II devido à resistência insulínica provocada pelo excesso de andrógeno. DISLIPIDEMIA ú Caracteriza-se por níveis elevados de LDL, triglicerídeos e aumento da razão entre colesterol total e HDL o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. OBESIDADE Mulheres com SOP tem maior probabilidade de serem obesas o que reflete em um aumento do IMC e na proporção entre quadril e cintura assumindo o padrão androide ou central configurando como outro fator de risco para doenças cardiovasculares. A obesidade exerce efeito sinérgico na SOP agrava a disfunção ovariana, hiperandrogenismo e o surgimento de acantose nigricans. SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇAS CARDIOVASCULARES Caracteriza-se pela resistência a insulina, obesidade, dislipidemia aterogênica e HAS os quais aumentam o risco cardiovascular e de desenvolvimento de DM II. Além disso, mulheres com SOP por ter disfunção diastólica ventricular esquerda e de aumento da resistência da artéria carótida. NEOPLASIA ENDOMETRIAL A hiperplasia endometrial e o câncer de endométrio são riscos a longo prazo e decorrem da exposição crônica ao estrógeno por supressão hepática da SHBG e com isso aumento do estrógeno livre circulante. INFERTILIDADE São queixas frequentes de mulheres com SOP e decorrem de ciclos anovulatórios. PERDA DA GRAVIDEZ Mulheres com SOP que engravidam apresentam taxa elevada de abortamento precoce que pode decorrer da hipersecreção do LH e resistência à insulina. Diagnóstico Frequentemente o diagnostico da SOP é por exclusão. É necessário excluir outras doenças que clinicamente se manifesta como a SOP. Para o diagnostico de SOP na adolescente, deve-se preencher os três critérios diagnósticos: OBS: Deve estar claro que os ovários de aspecto policístico são, na verdade, uma simples consequência da anovulação. Os micropolicistos são decorrentes do crescimento de folículos primários estimulados pelo FSH, que não atingem a maturidade e se acumulam na região subcapsular dos ovários. Cria-se então 4 tipos de fenótipos de mulheres com SOP: ú Exames de exclusão diagnóstica Hormônio estimulante da tireoide e prolactina: Testosterona: Sulfato de desidroepiandrostediona: Gonadotrofinas: Hidroxiprogesterona: Cortisol:. Medições da resistência a insulina e dislipidemia: Ultrassonografia: Podem ser visualizados ovários policísticos com aumento de volume, número de folículos em fase de amadurecimento e atresicos, espessura estromal cortical e ninho de células hilares. A abordagem transvaginal possibilita alta definição sendo muito eficaz no diagnostico da SOP, porem a via transabdominal é a ideal em casos de mulheres virgens. Obs. Apenas um ovário com essas características é suficiente para definir o ovário policístico. Esses critérios não se aplicam a mulheres que fazem uso de contraceptivos orais combinados. O achado típico “colar de perola negra” não tem valor diagnostico. Diagnóstico de SOP em adolescentes O diagnóstico é difícil pelo fato de que adolescentes frequentemente apresentam irregularidade menstrual por 2 a 4 anos após a menarca e a acne é comum. Tratamento A escolha do tratamento da SOP depende do objetivo da paciente e da gravidade da disfunção endócrina. Perda de peso (dietas hipocalóricas e balanceadas) Exercícios ____________________________________________ Tratamento de oligo-ovulação e anovulação ú Trata-se as mulheres que apresentam menos de 8 menstruações por ano consecutivas. Contraceptivos orais combinados- COC É a primeira linha de tratamento para a irregularidade, o objetivo é induzir os ciclos regulares e reduzir os níveis de andrógenos suprimindo a liberação de gonadotrofina. Dar-se preferencia aos COC com progestinas com mínimas propriedades androgênicas: • Noretindrona • Norgestimato ou Desogestrel, progestôgeno de 3ª geração • Drospirenona, progesteronas mais recentes como. Essas medicações podem reduzir o hirsutismo. • Acetato de medroxiprogesterona (MPAProvera) 10mg/dia VO, 10 dias; 10mg de MPA VO 2X ao dia/ 5 dias ou 200mg de progesterona micronizada VO durante 10 dias. Obs. Informar a paciente sobre o sangramento menstrual após o final do curso da progesterona. Progesteronas cíclicas Utilizadas em paciente não candidatos ao uso de COC recomenda-se o uso de progesterona por 1 a 3 meses. • Inicia-se 5 a 10mg/dia de MPA, VO/12 dias ou • 200mg/dia de progesterona micronizada, VO, manhã/ 12 dias Obs. Informar a paciente que o uso de progesterona intermitente não reduz os sinais de hiperandrogenismo nem garante contracepção. Obs: pacientes com fatores de risco de trombose, doenças cardiovasculares deve-se usar a base de progesterona. Estrogênio aumenta o risco. ____________________________________________ Agente insulino-sensibilizantes Metformina- melhora a sensibilização insulínica, reduz a produção de glicose hepática, aumenta a sensibilização de insulina pelos tecidos periféricos e reduz a concentração de andrógenos- podendo levar a ovulação espontânea. Além de reduzir a absorção de glicose no TGI, levando a sua maior excreção, o q induz o emagrecimento, ao combate a obesidade e a diminuição de andrógeno circulante. • Iniciar com doses baixas e aumentar depois se semanas para reduzir os efeitos colaterais • Metformina 1.500 a 2.000mg/dia em doses fracionadas junto as refeições. ú ___________________________________________ Hirsutismo O objetivo é reduzir a concentração dos andrógenos, o tratamento não tem efeito sobre os pelos já existentes e pode levar de 6 a 12 meses. Contraceptivos orais combinados Reduz a produção de andrógenos ovarianos e eleva a produção hepática da SHBG, assim haverá mais testosterona ligada e menos testosterona livre e ativa para o folículo piloso. Agonistas do hormônio liberador de Gonadotrofina São agonistasdo GnRH o que reduz os níveis de andrógenos, porem gera efeitos colaterais menopáusicos incluindo perda de massa óssea. Cloridrato de eflornitina Seu uso é tópico, é um Inibidor irreversível da ornitinadescarboxilase que atua no crescimento do folículo piloso, não tem efeito sobre os pelos já existentes, os resultados aparecem a partir da 4ª semana. Agonistas do receptor androgênico Inibidores competitivos dos receptores androgênicos, podem gerar metrorragia, são usados junto aos COC. • Espironolactona 50 a 100mg VO, 2X/dia usada nos EUA, inibe também a alfa 5 redutase, contraindicado em casos de hiperpotassemia, uso de IECA, AINEs. Inibidores da 5 alfa redutase • Finasterida 5mg com pouca ação sobre o hirsutismo, pode haver diminuição da libido. Remoção dos pelos ___________________________________________ Acantose nigricans O tratamento consiste na redução da resistência a insulina e da hiperinsulinemia ____________________________________________ Tratamento cirúrgico Utiliza-se a via laparoscópica para fazer uma perfuração ovariana, raramente é realizado a ooforectomia. ú ú
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