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Por meio da ovulogênese, tem-se a transformação das ovogônias em ovócitos maduros, e esses ovócitos têm a divisão estacionada para serem ativadas quando chegar a puberdade. Os ovócito primários, ficam dentro dos folículos ovarianos, quando chega a puberdade, a hipófise libera hormônios o FSH que estimula o amadurecimento do folículo e o crescimento do ovócito primário que se divide em ovócito secundário, o folículo é estimulado pelo LH e se rompe liberando o ovócito e dando origem a ovulação. O ovócito é liberado ou é fecundado e continua sua divisão ou ele é liberado junto com as camadas do endométrio (menstruação). Sendo assim, dando início ao ciclo menstrual, que pode ser retratado de acordo com as mudanças que ocorrem nos folículos, ou seja, nas alterações do ciclo ovariano, e pelas modificações que o endométrio sofre durante o período e esse ciclo pode ser dividido em algumas fases. ➔ A fase proliferativa ou folicular do ciclo, engloba o período de recrutamento e o crescimento do folículo ovariano (FERNANDES; POMPEI, 2015, p. 31). Esse aumento é incentivado pelo hormônio FSH, e à medida que o folículo se expande, ele começa a produzir estrógeno, que é responsável pela regulação do desenvolvimento e função dos órgãos genitais. Em um certo momento o folículo atinge sua maturação, sendo chamado de folículo de Graaf e posteriormente rompendo-se e liberando o ovócito, que recebe ajuda das fímbrias da tuba uterina para percorrer o seu caminho. “Sob estímulo estrogênico, o hipotálamo libera significativas quantidades de LH, que induzem a ovulação, a qual ocorre dentro de 24 horas após o pico de LH, cerca de 2 semanas antes da menstruação” (PORTO, 2019, p. 860). ➔ A fase secretora ou lútea, coincide com a formação, funcionamento e crescimento do corpo lúteo ou corpo amarelo (MOORE; PERSAUD, 2016, p. 24). O corpo lúteo, secreta progesterona, e alguma quantidade de estrogênio, fazendo com que o endométrio prepare-se para uma futura implantação do blastocisto (SILVERTHORN, 2017, p. 817). Caso o ovócito seja fecundado, o corpo amarelo aumentará a produção dos hormônios, principalmente o de progesterona, o qual ajudará a manter o endométrio preparado para sustentar o embrião e permanecerá ativo até as primeiras 20 semanas de gestação, prevenindo o acometimento de abortos espontâneos. Após esse período a placenta assumirá a produção dos hormônios para manutenção da gravidez. Entretanto, se o ovócito não for fecundado, após 10, 12 dias o corpo lúteo se degenera e transforma-se em uma cicatriz branca chamada corpo albicans (SADLER, 2016, p. 31) ➔ A fase menstrual, “causada pela queda do estrogênio e da progesterona, marca a falha da fecundação e a necessidade de descamar a camada uterina” (FERNANDES; POMPEI, 2015, p. 35). Essa fase pode durar de 4 a 7 dias, dependendo da mulher. Antes da fase menstrual se completar, o hormônio folículo-estimulante induz a formação de um novo grupo de folículos, iniciando-se um novo ciclo menstrual (PORTO, 2019, p. 860). ➔ A fase isquêmica ou pré-menstrual, ocorre quando o ovócito não é fecundado , antecede a próxima menstruação feminina e se caracteriza pela redução dos hormônios estrógeno e progesterona. Se a fecundação ocorrer, e ocasionar numa gestação, as células trofoblásticas irão produzir o hormônio HCG, que consequentemente estimulará o corpo amarelo a continuar secretando progesterona, portanto como os níveis hormonais ficarão altos os ciclos menstruais cessam durante toda a gravidez. Dessa forma, a mulher não irá menstruar. Quando isso acontece, diz-se que o endométrio está em fase gravídica (MOORE; PERSAUD, 2016, p. 24). Ao final da gestação, quando a mulher já teve o bebê, o ciclo reprodutor tanto ovariano, como o menstrual voltam a funcionar normalmente. todo mês a mulher que possui um ciclo regular, a partir das ações dos hormônios irá liberar apenas um folículo amadurecido, isso porque há uma diminuição na liberação de FSH e LH pela hipófise que impede que outros folículos amadureçam e liberem os ovócitos. Com exceção do período em que a mulher está grávida, os seus ciclos reprodutivos serão normais até que ela atinja a menopausa. EPIDEMIOLOGIA ➔ Mais comum em mulheres na idade reprodutiva e afeta aproximadamente 4 a 12% dessa população. ➔ Embora os sintomas de excesso de androgênios variem entre grupos étnicos, a SOP parece afetar igualmente todas as raças e nacionalidades. ➔ Já nas mulheres anovulatórias, a prevalência da SOP é de cerca de 30%. As adolescentes que apresentam menstruação irregular aos 16 anos estão sujeitas a um risco aumentado de desenvolvimento de SOP, em especial quando são obesas ou apresentam níveis elevados de hormônio LH. Alguns fatores, como étnicos, genéticos, raciais, populacionais e até hábitos de vida podem influenciar o fenótipo e a prevalência da SOP. ➔ O risco de SOP varia de acordo com o país. Na Grécia (6,8%) e nos Estados Unidos (6,6%),11 por exemplo, a prevalência da SOP parece ser maior do que na Finlândia (3,5%).12 Nas populações que apresentam baixa média de IMC e baixa prevalência de DM, o risco de desenvolvimento de SOP provavelmente é menor. ➔ a prevalência entre as mulheres afetadas e suas irmãs (de 32 a 66%) e mães (de 24 a 52%) ETIOLOGIA ➔ A etiologia da SOP ainda é desconhecida, porém acredita-se que sua origem é multifatorial e envolvem alterações genéticas poligênicas e suas interações com condições ambientais. Em vários estudos encontra-se uma maior incidência de casos dentro das famílias, sugerindo a transmissão da alteração genética. Existem mutações em genes isolados que estão altamente associadas ao hiperandrogenismo e às irregularidades menstruais. Exemplificando, mulheres com mutações funcionais no gene codificador das subunidades alfa ou beta do receptor da insulina tendem a desenvolver uma severa resistência à insulina, acantose nigricante, hiperandrogenismo e oligovulação. FISIOPATOLOGIA ➔ Vários fatores têm sido implicados na etiopatogenia da SOP, havendo componentes genéticos envolvidos, fatores metabólicos pré e pós-natais, distúrbios endócrinos hereditários, como a resistência à insulina e o diabetes mellitus tipo II (DMII), e fatores ambientais (dieta e atividade física). ➔ Não é muito bem esclarecida, mas sabe-se que ocorre uma alteração na pulsatilidade na liberação do hormônio GnRH (gonadotrofinas) pelo hipotálamo, que faz com que haja mais liberação de hormônio LH do que FSH. O papel do LH é de estimular as células da teca a produzirem androgênios. Portanto, se há mais LH, haverá também maior produção de androgênio, principalmente testosterona e androstenediona. Já o FSH estimula a produção da enzima aromatase nas células da granulosa. Essas enzimas convertem os androgênios em estrogênios. Sendo assim, como há uma diminuição da liberação de FSH, ocorre também a redução da produção de estrogênios, propiciando um acúmulo de androgênios. Não se sabe se a causa hipotalâmica é a causa primária ou secundária da regulação de outros produtos alterados na SOP. ➔ O aumento de androgênios ovarianos prejudica o desenvolvimento folicular normal, fazendo com que os folículos fiquem imaturos e se transformem em múltiplos folículos subdesenvolvidos na periferia ovariana. Devido ao não desenvolvimento folicular, a paciente não ovularam, levando ao quadro de anovulação crônica e por consequência, oligo ou amenorréia. Como não há ovulação, também não há formação de corpo lúteo, que é o responsável pela produção de progesterona. Com isso, o endométrio dessa paciente será estimulado somente pelo estrogênio produzido, sem a oposição da progesterona, levando ao risco de sangramento uterino anormal, hiperplasia endometrial e câncer de endométrio. ➔ Além disso, níveis elevados de androgênios causam alterações no perfil lipídico das pacientes com SOP e também predispõem ao surgimento de acne. Na periferia, sob ação da enzima 5-alfa-redutase a testosterona é transformada em Dihidrotestosterona, hormônio que causa hirsutismo. Os androgênios circulantes são convertidos em estrogênios no tecidoperiférico, sobretudo nas células do tecido adiposo, sendo assim, pacientes obesos com SOP têm maior produção de estrogênio. ➔ Há um papel significativo da insulina e do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) na produção anômala de androgênios. O aumento da insulina circulante tem efeito direto na produção de androgênios ovarianos, uma vez que esta possui ação sinérgica ao LH nas células da teca, estimulando a produção de androgênios. Além disso, a insulina também está envolvida na redução da produção da proteína carreadora de androgênios (sex hormone-binding globulin – SHBG) pelo fígado; esses dois efeitos somados aumentam a concentração de testosterona livre, ou seja, da fração ativa do hormônio. FATORES DE RISCO ➔ Os fatores que levam ao desenvolvimento da doença ainda não são totalmente esclarecidos. Alguns estudos apontam que a SOP está relacionada ao histórico familiar e outros mostram que a doença pode estar associada a uma alteração na produção da insulina. Mulheres que estão acima do peso, com alteração na glicemia, pressão arterial aumentada e taxa de colesterol elevadas fazem parte do grupo de risco. https://www.materdei.com.br/cuidados-com-a-saude/guia-de-doencas/sindrome-do-ovario-policistico https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/Vol.Z47ZnZ9Z-Z2019.pdf A síndrome do ovário policístico se caracteriza por um amplo espectro de manifestações clínicas, e justamente, por ter essa abrangência, dificulta o seu diagnóstico. Algumas manifestações são: ➔ DISFUNÇÃO MENSTRUAL: oligomenorréia (menos de 10 menstruações em 1 ano), a amenorreia (ausência de menstruação) e o sangramento uterino anormal. ● AMENORREIA/OLIGOMENORREIA: tanto a amenorreia quanto a oligomenorreia são consequências do estado de anovulação (ausência de ovulação), que não forma o corpo lúteo e nem produz progesterona (regula o ciclo menstrual). Em algumas pacientes com SOP, a amenorreia pode ser explicada pelos níveis elevados de androgênios. ● SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL: sem a regulação da progesterona, o endométrio será estimulado pelo estrogênio, o endométrio descama e acaba resultando em sangramentos. ➔ HIPERANDROGENISMO: aumento de andrógenos (características próprias do sexo masculino) no sangue, dando características masculinas as mulheres, como a acne (seborreia), a alopecia (queda de cabelo) e o hirsutismo. ● HIRSUTISMO: é o aumento da quantidade de pelos no corpo da mulher em locais que são comuns ao homem. É diagnosticado pelo escore de Ferriman-Gallwey, é definido pela soma das nove áreas do corpo, se a pontuação for mais que 8 o hirsutismo é diagnosticado. Os pelos começam a engrossar e ficar enegrecidos por conta da presença de testosterona e DTH (dihidrotestosterona) ➔ ROUQUIDÃO: a voz de padrão feminio é diferente do habitual. ➔ CLITÓRIS AUMENTADO ➔ DISFUNÇÕES ENDÓCRINAS: mesmo em pacientes com imc normal/ideal, quem tem SOP fica mais propenso a ter uma resistência insulínica e intolerância a glicose e DM2. ● Devido à resistência insulínica é comum aparecer manchas escuras na pele, com textura grossa e aveludada, essas manchas são chamadas de acantose nigricans, e é mais comum aparecer nas axilas e na nuca. Vão ocorrer alterações nos receptores de insulina, que fazem com que haja uma incapacidade de quebrar glicose e consequentemente esses receptores irão ficar resistentes à insulina. Além da insulina estimular a produção de andrógenos. ➔ OBESIDADE: aumento da cintura e do quadril. Esse quadro de obesidade contribui para o desenvolvimento da dislipidemia. https://www.materdei.com.br/cuidados-com-a-saude/guia-de-doencas/sindrome-do-ovario-policistico ➔ DISLIPIDEMIA: quando os exames laboratoriais são feitos, são observados níveis elevados de LDL (lipoproteína de baixa densidade), triglicerídeos e colesterol e níveis de HDL baixos. Essas alterações aumentam o risco de doença cardiovascular nas mulheres que têm SOP. ➔ INFERTILIDADE/DIFICULDADE PARA ENGRAVIDAR: como tem-se uma alteração no processo do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, ocorre anovulação, o desenvolvimento folicular não é completo. para que ocorra ovulação é necessário que hormônios sejam liberados pela hipófise. Então quando essa liberação não acontece, pode não haver ovulação. O ovário fica mais espesso e o folículo tem dificuldade para sair do ovário, prejudicando na ovulação. ➔ APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO: está relacionada com a obesidade central, com a resistência insulínica e as alterações hormonais presentes na SOP. ➔ SÍNDROME METABÓLICA: Esta síndrome caracteriza-se por resistência à insulina, obesidade, dislipidemia aterogênica e hipertensão arterial. A síndrome metabólica está associada a aumento no risco de doença cardiovascular (DCV) e DM tipo 2. ➔ HIPERTENSÃO ARTERIAL ➔ NEOPLASIA ENDOMETRIAL: Mulheres com SOP têm três vezes mais chance de desenvolver neoplasias endometriais devido ao quadro de anovulação crônica, associada a estimulação estrogênica sem oposição da progesterona. DIAGNÓSTICO De acordo com o consenso de Rotterdam, European Society for Human Reproductive Medicine (ESHRE) e a American Society for Reproductive Medicine (ASRM), existem três critérios para o diagnóstico de SOP, um deles é a presença do hiperandrogenismo clínico (acne, alopecia, hirsutismo) ou laboratorial (exame - elevação de pelo menos um hormônio androgênio), a anovulação crônica, e a morfologia ultrassonográfica de policistose ovariana. Esses critérios servem tanto para mulheres adultas quanto para as adolescentes, porém, nas adultas o diagnóstico pode ser feito com apenas dois dos critérios. Já as adolescentes, para ser diagnosticadas, têm que apresentar os três critérios, além de que também é observado o aumento do volume ovariano. Segundo, os critérios de Rotterdam é possível o diagnóstico de SOP em mulheres com ciclos regulares e ovulatórios, desde que tenha hirsutismo e ovários policísticos na USG. Outro ponto é de que com esses critérios, é possível haver pacientes com SOP sem os sinais de hiperandrogenismo. Deve-se também descartar outras possíveis causas para o hiperandrogenismo. EXAME CLÍNICO ➔ Deve ser feito o exame clínico com uma anamnese detalhada para se ter uma boa análise da paciente. Prestar atenção na história pregressa, principalmente quando na infância teve obesidade, saber em que condições se deram a puberdade e suas aparições de telarca, pubarca e menarca. A análise da história familiar também é fundamental. No exame físico, é importante a investigação através da circunferência abdominal, pressão arterial e da investigação metabólica e bioquímica, com a avaliação do metabolismo glicídico (Glicemia de jejum e/ou TTGO) e lipídico (colesterol total e frações e triglicérides). Essa investigação servirá também para o diagnóstico da Síndrome Metabólica, que pode surgir como uma complicação da SOP. ULTRASSONOGRAFIA ➔ Através da ultrassonografia o diagnóstico pode ser mais verídico por conta da averiguação dos ovários, principalmente através do transdutor vaginal. Esse recurso não é o ideal para avaliação de adolescentes virgens, nelas são usados o USG pélvico-abdominal. ➔ Os ovários policísticos se caracterizam por aumento de volume, número de folículos em fase de amadurecimento e atrésicos, espessura estromal cortical e ninhos de células hilares. ➔ Deve ter mais de 12 folículos antrais de tamanho entre 2 e 9 mm, em pelo menos um dos ovários ou volume ovariano de maior ou igual à 10 cm3. Não deve ser considerado o ovário que apresenta folículo dominante ou corpo lúteo. Nesses casos, o exame deve ser repetido. EXAMES LABORATORIAIS ➔ São feitos para verificar os desequilíbrios hormonais, os hormônios mais analisados são o FSH, LH e a testosterona. As dosagens de LH são duas vezes maiores que as do FSH. ➔ Solicita-se a dosagem sérica do hormônio estimulante da tireoide (TSH), porque frequentemente a doença da tireoide causa disfunção menstrual semelhante à observada em mulheres com SOP. ➔ Pede-se também exame para avaliar os níveis de prolactina (PRL), porque a hiperprolactinemiaé uma causa conhecida de irregularidades menstruais e, ocasionalmente, de amenorreia. ➔ Testosterona - pode estar ligada a tumores ovarianos e dependendo da dosagem sérica de testosterona pode-se excluir tumores ovarianos. A dosagem da testosterona livre é mais sensível que os níveis de testosterona total como indicador de hiperandrogenismo. Mas a dosagem de testosterona livre não possui padrão laboratorial uniforme. Por essa razão, os níveis de testosterona total ainda são a melhor abordagem para exclusão de tumores. Valores limítrofes de testosterona total além de 200 ng/mL justificam a realização de investigação complementar para lesão ovariana. ➔ SDHEA (Dehidroepiandrosterona) - para identificação da fonte de androgênio. ➔ Perfil lipídico - nível de glicemia em jejum, níveis lipídicos. ➔ Avalia o nível de cortisol para também descartar a possibilidade de uma Síndrome de Cushing, que tem sintomas sugestivos de SOP, como disfunção menstrual, acne e hirsutismo. TRATAMENTO A escolha do tratamento para as mulheres com SOP depende dos sintomas apresentados. Os sintomas geralmente se encaixam em três categorias: distúrbios relacionados com a menstruação, sintomas relacionados com o excesso de andrógenos e estratégias do manejo da infertilidade. ➔ HIPERANDROGENISMO: as pílulas anticoncepcionais (às vezes é necessário 6 meses para ver resultado) são a primeira linha de tratamento para o hirsutismo. Outras medidas que as mulheres com melhores condições usam é a depilação a laser. Caso esse tratamento não seja eficaz é usado os COCs com progestágenos antiandrógenos, no caso da acne o principal medicamento é a isotretinoína (roacutan). O COC promove o feedback negativo sobre a produção de LH, diminuindo a síntese de androgênios pelos ovários. ● Outros mecanismos pelos quais os COCs reduzem os androgênios incluem: diminuição dos níveis de andrógeno em circulação livre por meio do aumento da produção da SHBG (é uma globulina ligadora de hormônios sexuais e ela afeta a função da testosterona); diminuição da secreção de andrógeno suprarrenal; e inibição da conversão periférica da testosterona em dihidrotestosterona e a ligação da di-hidrotestosterona aos receptores de andrógeno. ● A ciproterona e a clormadinona ainda são a escolha quando se pensa em um forte poder anti androgênico. ➔ IRREGULARIDADE MENSTRUAL: O uso de qualquer COC já pode inibir a proliferação endometrial e suas consequências, além de ajudar a regularizar o ciclo dessas pacientes. Os contraceptivos orais combinados com progestágenos antiandrogênicos servem de proteção endometrial. ➔ RESISTÊNCIA INSULÍNICA: quando a paciente apresente este tipo de quadro é indicado a metformina (cloridrato de 1,1-dimetilbiguanida) é uma biguanida atualmente usada como sensibilizador da insulina e antidiabetogênico oral. A metformina atua como uma sensibilizadora da insulina na membrana celular, conduzindo a glicose para o meio intracelular. E, além dessa função, desempenha uma redução na circulação de níveis de andrógenos e do peso corporal. Além disso, demonstraram a eficácia da metformina na regularização dos ciclos menstruais, que passaram a ser ovulatórios em pacientes com SOP. A metformina é usada para tratar e prevenir a progressão da IGT em pacientes portadoras de SOP. ● A American Association of Clinical Endocrinologists recomenda a metformina como intervenção inicial em pacientes com sobrepeso ou obesos com SOP. ● Seu uso na infertilidade, como mais bem discutido a seguir, deve ser como coadjuvante na estimulação ovariana. ● A metformina também possui a capacidade de alterar o metabolismo dos lipídios, atingindo a redução de triglicerídeos plasmáticos e ácidos graxos livres, por conta da inibição da lipólise; esse efeito também é associado com diminuição do colesterol total e LDL, assim como elevação contida do colesterol HDL ● É fundamental esclarecer aos pacientes os inconvenientes dos eventos adversos como náuseas, vômitos, diarreia e mal-estar, principalmente no início. Deve-se orientar as pacientes a fazer uso junto às refeições, para diminuir esses efeitos. Outro recurso seria iniciar com doses menores até atingir a dose desejada no tratamento. ● Metformina não é indicada a todas as pacientes com SOP, mas sim para as que apresentam resistência à insulina. ➔ INFERTILIDADE: a perda de peso pode ajudar a melhorar os níveis de andrógenos, e oferece outros benefícios metabólicos. ● A obesidade traz um risco para a gravidez e ainda está associada a abortamentos. Além disso, a obesidade está associada a redução na resposta a tratamentos de fertilidade, incluindo citrato de clomifeno e gonadotrofinas. A cirurgia bariátrica tem se mostrado eficaz para melhorar a regularidade do ciclo, aumentar a ovulação e a concepção espontânea. ● A indução da ovulação com gonadotrofinas e a perfuração ovariana laparoscópica (drilling) são consideradas terapias de segunda linha para indução da ovulação. Indução de FSH (pode causar uma síndrome de hiperestimulação ovariana) ● O drilling ovariano envolve o uso de laser ou eletrocauterização para perfurar os ovários, com quatro a dez orifícios na superfície do ovário. ➔ ESTILO DE VIDA: estimular uma dieta reduzida em carboidratos e com mais proteínas, com um acompanhamento de nutricionista. Os exercícios físicos devem ser estimulados de 4 a 5 vezes/semana para se obter eficácia e também acompanhados por um profissional qualificado, principalmente se a paciente estiver com obesidade. Essa mudança no perfil e estilo de vida contribui para a melhora de todos os sintomas. A síndrome metabólica caracteriza-se por resistência à insulina, obesidade, dislipidemia aterogênica e hipertensão arterial, que são algumas manifestações clínicas da SOP, ou seja, mulheres que têm SOP são mais propensas a ter uma síndrome metabólica. A SOP compartilha várias características endócrinas da síndrome metabólica. E a SM está relacionada a riscos cardiovasculares, e consequentemente a mulher com SOP também. A síndrome metabólica está associada a aumento no risco de doenças cardiovasculares (DCV) e DM tipo 2. Diante da resistência à insulina, o diagnóstico de SM passava pela presença de pelo menos mais duas variáveis: hipertensão, triglicerídeos aumentados, HDL diminuída, obesidade (aumento do índice de massa corporal [IMC] ou da relação cintura-quadril) e microalbuminúria -> Manifestações clínicas da SOP. O principal fator causal da síndrome metabólica é a resistência à insulina. A síndrome metabólica na SOP é definida como circunferência da cintura de, pelo menos, 88 cm, tolerância à glicose prejudicada, pressão arterial superior a 130/85 mmHg, lipoproteína de alta densidade (HDL) inferior a 1,3 mmol/l e triglicerídeo superior a 1,7 mmol/l . O indivíduo pode somente ter a síndrome metabólica e não desenvolver a SOP (depende de outros fatores, como a produção de andrógenos). Há um papel significativo da insulina e do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1) na produção anômala de androgênios. O aumento da insulina circulante tem efeito direto na produção de androgênios ovarianos, uma vez que esta possui ação sinérgica ao LH nas células da teca, estimulando a produção de androgênios. Além disso, a insulina também está envolvida na redução da produção da proteína carreadora de androgênios (sex hormone-binding globulin – SHBG) pelo fígado; esses dois efeitos somados aumentam a concentração de testosterona livre, ou seja, da fração ativa do hormônio. Bassil, LASMAR, R. Tratado de Ginecologia. Grupo GEN, 2017. [Minha Biblioteca]. Ho�man, Barbara L., et al. Ginecologia de Williams. Grupo A, 2014. [Minha Biblioteca].
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