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A linguagem literária. Semana 3 Oque é literatura? As noções sobre o que é literatura variam bastante de acordo com a época e, por isso, estabelecer o conceito de literatura não é nada simples: dependemos de contextos históricos e referências culturais. Além disso, a noção de literatura ela está diretamente relacionada à arte. Afinal, a literatura é compreendida, de modo geral, como exercício artístico da linguagem. É mais coerente, portanto, falar em conceitos de literatura, no plural, porque assim podemos pensar em toda a diversidade da produção artística. Aristóteles Para Aristóteles, a literatura é um uso especial da linguagem com o objetivo de criar uma imitação da realidade. Esse uso especial da linguagem é direcionado para a criação, ou seja, a literatura não é como a História, História, que tem a pretensão, de registrar a verdade dos fatos. A literatura cria ficção, pois não está interessada no registro da verdade imediata. Entretanto, mesmo sendo ficção, a criação literária precisa se referenciar na realidade, imitando- a. O conceito de imitação também é conhecido pelo termo grego mimesis Muitas outras concepções de literatura, além dessa oferecida por Aristóteles, surgiram ao longo do tempo. Mas, agora, vamos nos concentrar em alguns aspectos aqui já abordados: • A literatura como exercício artístico da linguagem; • A literatura l como um uso especial da linguagem; • A literatura como imitação. O discurso literário, portanto, pode ser entendido como um discurso diferente daquele que usamos no cotidiano. A lua no cinema (Paulo Leminski) A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela e toda a luz que ela tinha cabia numa janela. A lua ficou tão triste com aquela história de amor que até hoje a lua insiste: — Amanheça, por favor! O poema “A lua no cinema”, de Paulo Leminski, diferencia-se de muitas maneiras da linguagem comum. Destacamos, por exemplo, a presença de rimas: na terceira estrofe, “ela” rima com “janela” e “sozinha” rima com “tinha”. Além disso, os quatros versos dessa mesma estrofe são redondilhas maiores (ou seja, possuem sete sílabas poéticas): Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela, e toda a luz que ela tinha cabia numa janela. Ao lermos o poema em voz alta, conseguimos perceber que ele possui musicalidade. Essa é uma das características que Aristóteles atribuía à poesia: um uso especial da linguagem. Ao aproximarmos a poesia da música, conseguimos perceber melhor por que a literatura pode ser considerada um exercício artístico da linguagem! Demonstração da escansão dos versos do poema de Leminski: Métrica: quantidade de sílabas utilizadas em cada verso do poema. A contagem das sílabas de um verso chama-se escansão. Na escansão só se conta até a última sílaba tônica do verso. A contagem de sílabas na poesia leva em conta o que escutamos, e não a gramática. Os ditongos, por exemplo, têm valor de uma só sílaba poética. Duas ou mais vogais, átonas ou tônicas, podem fundir-se entre uma palavra e outra, formando uma só sílaba poética, pois se as lêssemos em voz alta, os sons sairiam grudadinhos, como se pertencessem à mesma sílaba.
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