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REVISÃO 3

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: PORTUGUÊS 1 
 
EXERCÍCIOS – REVISÃO 3 
 
Leia o texto a seguir, extraído do jornal O GLOBO de 03 de outubro de 2013, para responder às 
questões: 
 
Para facilitar a leitura do texto, aumentando o tamanho da letra, você deve usar o recurso do 
“zoom”, clicando no símbolo ‘+’ na barra de ferramentas. 
 
 
1- Tendo em vista a definição de cada TIPO TEXTUAL, identifique o tipo de texto predominante 
no artigo de Cora Rónai, que você acabou de ler. Justifique a sua resposta. 
 
 
 
 
 
2- Leia o fragmento em destaque: 
 
O Brasil longe de ter uma “cultura da educação”, tem uma “cultura da ignorância”, que as nossas 
crianças aprendem desde cedo. Melhor do que ser bom aluno, é ser esperto, é colar sem que o 
professor veja, é comprar as respostas das provas para ter não um conjunto de conhecimentos 
importantes, mas um diploma. Que, aliás, e não por acaso, vale cada vez menos. 
Agora, responda: 
 
a) Qual tempo e qual modo verbal predominam no enunciado em tela? 
 
 
 
 
 
b) A escolha do tempo/modo verbal revela engajamento ou distanciamento em relação ao que 
se diz? Explique, levando em consideração a atitude comunicativa do enunciador. 
 
 
 
 
 
 
3- Para entender o significado global de um texto, é preciso reconhecer os elementos referenciais 
que “costuram” a sua coesão. Identifique o referente do termo sublinhado na passagem seguinte, e o 
mecanismo de coesão empregado: 
 
O primeiro passo para uma “cultura da educação” é valorizar os professores, conferindo-lhes a 
devida importância no tecido social. Isso significa remunerá-los dignamente, dar-lhes 
reconhecimento e boas condições de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
Para responder às questões 4 e 5, você deve assistir ao comercial “E aí, vai levar essa batata quente 
pra casa?”, da Renault, veiculado em julho de 2012. Segue o link: 
http://www.youtube.com/watch?v=nzzRO5Rz95s 
 
4- Nesse filme publicitário, articulam-se a linguagem verbal e a não verbal (imagens) para a 
produção de sentido. Assim, são oferecidos ao consumidor três tipos de carros metamorfoseados, 
respectivamente, em um pepino, um abacaxi e uma batata. A partir daí, comente a diferença entre 
sentido de língua e sentido de discurso. 
 
 
 
 
 
 
5- Relacionando, então, sentido de língua e sentido de discurso, identifique a figura de linguagem 
que recobre as imagens do carro como pepino, como abacaxi e como batata quente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta comentada: 
 
1) O texto parte de uma constatação, apresentada em seu próprio título – “Brasil, educação zero”. Predominam, 
portanto, sequências expositivas (Tipo Expositivo), em que a autora expõe e explica fatos. Não se descartam, contudo, 
algumas sequências em que Cora enumera argumentos para ratificar seu ponto de vista, o que sugere, também, a 
presença do Tipo Argumentativo. (Cadernos Didáticos, volume 2, Aula 19). 
 
2) a) Quase todos os verbos estão no presente do modo indicativo, que exprime certeza. 
 
b) A escolha do tempo/modo verbal revela engajamento em relação ao dito. Trata-se, portanto, do “mundo 
comentado”, ou “comentário”, em que o enunciador se compromete com o que diz. (Ver Cadernos Didáticos, volume 
2, Aula 17). 
 
3) O referente de “isso” é a valorização dos professores. O mecanismo de coesão utilizado é a coesão gramatical 
referencial anafórica. (Cadernos Didáticos, volume 1, Aula 8). 
 
4) O sentido de língua ou denotado refere-se ao mundo de maneira transparente; é o significado básico das palavras, é 
o sentido dicionarizado; já o sentido de discurso ou conotado é aquele que se superpõe ao sentido básico para lhe 
imprimir outros significados carregados de valores positivos ou negativos. Nessa questão, o sentido de língua é: 
pepino: fruto do pepineiro; abacaxi: fruta; batata: tubérculo. O sentido de discurso é o que se constrói a partir das 
expressões de uso popular: “descascar um abacaxi”; “resolver um pepino”; “segurar uma batata quente” - nos três 
casos, equivale a “resolver problemas de difícil solução”. (Cadernos didáticos, aula 14, páginas 237-238) 
 
5) A figura de linguagem é a metáfora, pois se trata de uma comparação implícita entre a dificuldade real, por 
exemplo, de descascar um abacaxi, comparada com a resolução de um difícil problema; da mesma forma em “segurar 
uma bata quente” ou em “resolver um pepino” (fruto amargo). (Cadernos didáticos, aula 14, páginas 242-244) 
 
 
Leia o fragmento de texto seguinte, extraído do conto “Uns Braços”, de Machado de Assis, para 
responder às questões que se seguem: 
 
 
 Inácio estremeceu, ouvindo os gritos do licitador, recebeu o prato que este lhe apresentou e 
tratou de comer, debaixo de uma trovoada de nomes, malandro, cabeça-de-vento, estúpido, maluco. 
_ Onde anda que nunca ouve o que lhe digo? Hei de contar tudo a seu pai, para que lhe 
sacuda a preguiça do corpo com uma boa vara de marmelo, ou um pau; sim, ainda pode apanhar, 
não pense que não. Estúpido, maluco! 
_ Olhe que lá fora é isto mesmo que você vê aqui, continuou, voltando-se para Dona 
Severina, senhora que vivia com ele maritalmente, há anos. Confunde-me os papéis todos, erra as 
casas, vai a um escrivão em vez de ir a outro, troca os advogados: é o diabo! É o tal sono pesado e 
contínuo. De manhã é o que se vê; primeiro, que acorde é preciso quebrar-lhe os ossos...; Deixe; 
amanhã hei de acordá-lo a pau de vassoura! 
D. Severina tocou-lhe no pé, como pedindo que acabasse. Borges espeitorou ainda alguns 
impropérios, e ficou em paz com Deus e com os homens. 
Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente um 
menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, 
que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto num corpo não 
destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, 
escrevente, ou que quer que era do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe 
parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isso na Rua da Lapa, em 1870. 
Durante alguns minutos, não se ouviu mais que o tinir dos talheres e o ruído da mastigação. 
Borges abarrotava-se de alface e vaca; interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho 
e continuava logo calado. 
Inácio ia comendo devagarinho, não ousando levantar os olhos do prato, nem para colocá-
los onde eles estavam no momento em que o terrível Borges o descompôs. Verdade é que seria 
agora muito arriscado. Nunca ele pôs os olhos nos braços de D. Severina que se não esquecesse de 
si e de tudo. 
Também a culpa era antes de D. Severina em trazê-los assim nus, constantemente. Usava 
mangas curtas em todos os vestidos de casa, meio palmo abaixo do ombro; dali em diante ficavam-
lhe os braços à mostra. Na verdade, eram belos e cheios, em harmonia com a dona, que antes era 
grossa que fina, e não perdiam nem a maciez por viverem ao ar; mas é justo explicar que ela não os 
trazia assim por faceira, senão porque já gastara todos os vestidos de mangas compridas. De pé, era 
muito vistosa, andando tinha meneios engraçados; ele, entretanto, quase que só a via à mesa, onde, 
além dos braços, mal poderia mirar-lhe o busto. Não se pode dizer que era bonita; mas também não 
era feia. Nenhum adorno; o próprio penteado consta de mui pouco; alisou os cabelos,apanhou-os, 
atou-os e fixou-os no alto da cabeça com o pente de tartaruga que a mãe lhe deixou. Ao pescoço, 
um lenço escuro; nas orelhas, nada. Tudo isso com vinte e sete anos floridos e sólidos. 
(Contos Consagrados, RJ: Ediouro, s/d, páginas 91 e 92) 
 
6- Raramente, um texto apresenta um único tipo textual. Assim, é comum aparecerem sequências de 
tipos textuais diferentes, embora possa predominar uma delas, usada para a sua classificação. Dessa 
forma, nos contos, predomina o tipo textual NARRATIVO. No fragmento em análise, há mais de 
uma sequência em que se evidencia outro tipo textual. Identifique-o por meio, de pelo menos, um 
exemplo. 
7- A comunicação se faz por meio de textos, constituídos de palavras, que, por sua vez, comportam 
um plano de expressão e um plano de conteúdo. Os conteúdos se manifestam por cadeias sonoras, 
que contribuem para reforçar e/ou recriar elementos significativos. Retire do fragmento seguinte a 
expressão que sugere som. 
 
Durante alguns minutos, não se ouviu mais que o tinir dos talheres e o ruído da mastigação. 
Borges abarrotava-se de alface e vaca; interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho 
e continuava logo calado. 
 
 
 
 
 
8- Nem sempre, as relações semânticas entre enunciados são expressas por meio de conectores. As 
pausas também têm significado. Identifique a relação semântica expressa pela pausa no enunciado 
sublinhado, no fragmento a seguir:: 
É o tal sono pesado e contínuo. De manhã é o que se vê; primeiro, que acorde é preciso 
quebrar-lhe os ossos...; Deixe; amanhã hei de acordá-lo a pau de vassoura! 
 
 
 
 
 
 
 
9- Cada língua tem seus tempos verbais próprios para assinalar a atitude comunicativa. Observe os 
tempos/modos verbais PREDOMINANTEMENTE empregados no texto. Articule esse emprego, 
fazendo um breve comentário, aos tipos de atitude comunicativa. 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta comentada: 
6- No fragmento, há várias sequências descritivas, que podem ser depreendidas tanto na caracterização física quanto 
psicológica dos personagens. 
Exemplos: 
 
“o nosso Inácio não era propriamente um menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, 
olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto num 
corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido.”; 
 
“eram belos e cheios, em harmonia com a dona, que antes era grossa que fina, e não perdiam nem a maciez por 
viverem ao ar”; 
 
“De pé, era muito vistosa, andando tinha meneios engraçados”; 
 
“Não se pode dizer que era bonita; mas também não era feia. Nenhum adorno; o próprio penteado consta de mui 
pouco; alisou os cabelos, apanhou-os, atou-os e fixou-os no alto da cabeça com o pente de tartaruga que a mãe lhe 
deixou. Ao pescoço, um lenço escuro; nas orelhas, nada. Tudo isso com vinte e sete anos floridos e sólidos.” 
(Cadernos Didáticos, volume 2, Aulas 19 e 21). 
 
7- A expressão que sugere o som é a palavra onomatopaica “tinir” em “o tinir dos talheres”. (Cadernos Didáticos , 
volume 2, Aula 18). 
 
8- A relação é de finalidade: “ primeiro, que acorde é preciso quebrar-lhe os ossos...;” corresponde a: “primeiro, PARA 
QUE acorde, é preciso quebrar- lhe os ossos.” (Cadernos Didáticos, volume 1, Aula 6). 
 
9- Como se trata de um conto, os tempos usados no texto – MUNDO NARRADO – são os tempos do passado 
(pretérito imperfeito do modo indicativo, revelando uma atitude de distanciamento em relação aos fatos narrados. 
(Cadernos Didáticos, volume 2, Aula 17).

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