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Tradutores: Alexandre Ferreira da Silva Salvaterra Amanda Elisa Barros Gehrke Ana Luisa Jeanty de Seixas André Cavedon Ripoll Jonas Arend Henriqson José Alberto Azambuja Luana Kath Sattler de Almeida Miguel Aloysio Sattler Ruy Alberto Cremonini Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CBR 10/2052 A425f Allen, Edward. Fundamentos de engenharia de edificações [recurso eletrônico] : materiais e métodos / Edward Allen, Joseph Iano ; revisão técnica desta edição: José Alberto Azambuja, Miguel Aloysio Sattler, Ruy Alberto Cremonini. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8260-078-8 1. Engenharia civil. 2. Engenharia de edificações – Materiais e métodos. I. Iano, Joseph. II. Título. CDU 624.01 386 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos que cada uma possa ser tensionada por meio do aperto de uma porca contra a chapa de aço. Os cabos são esticados com um macaco hidráulico especial e então ancorados, na sua condição ten- sionada, com o auxílio de um mandril de aço, que prende os fios, dos quais o cabo é feito. Em qualquer um dos casos, esse tensionamento da armadura co- loca a parede toda sob uma protensão vertical de compressão, que é conside- ravelmente superior a que seria criada pelos pesos da alvenaria e dos pisos e coberturas que ela sustenta. O efeito do pós-tensionamento é fortalecer a pa- rede contra cargas que, normalmente, induzem tração na mesma, tais como forças do vento ou sísmicas. Isso permi- te o uso de paredes mais finas, com me- nos núcleos grauteados, o que poupa material e trabalho. O conceito de pós- -tensionamento é discutido e ilustrado, em mais detalhe, no Capítulo 13. SISTEMAS DE PISO E COBERTURA PARA A CONSTRUÇÃO DE PAREDES EM ALVENARIA PORTANTE Construção comum com vigotas A chamada construção comum, na qual pisos e coberturas são dotados de mol- dura estrutural formada por vigotas e caibros de madeira e apoiadas, no pe- rímetro, sobre paredes de alvenaria, é o tecido com o qual as cidades centrais americanas foram, em grande parte, construídas no século XIX. Ela ainda encontra uso, atualmente, em um pe- queno percentual de novas constru- ções e é listada como construção Tipo III, na tabela do Código de Edificações (Figura 1.2). A construção comum é, es- sencialmente, uma moldura estrutural em balão (balloon framing) (Figura 5.2), no qual as paredes externas de madeira foram substituídas por paredes portan- tes em alvenaria. A moldura estrutural em balão (balloon framing) das divisó- rias internas portantes é usada, em vez da moldura estrutural em plataforma (platform framing), porque minimiza o desnivelamento dos pisos, que pode ser causado pela retração da madeira ao longo das linhas internas de apoio. A Figura 10.8 mostra as características essenciais da construção comum. Ob- serve dois detalhes muito importantes: as extremidades corta fogo das vigas e as ancoragens metálicas, usadas para unir a moldura estrutural em madeira com as paredes de alvenaria. Construção pesada em madeira ou pré-fabricada em madeira A construção pesada em madeira ou construção pré-fabricada em madeira (Mill construction), listada como Tipo IV-HT, na tabela do código (Figura 1.2), assim como a construção co- mum, combina paredes externas em alvenaria com um interior dotado de uma moldura estrutural em madeira. Entretanto, ela utiliza peças pesadas de madeira, em vez de vigotas, caibros e barrotes leves, e assoalhos espessos de tábuas, no lugar de painéis finos de revestimento e subpiso. Pelo fato de as madeiras pesadas serem mais lentas em pegar fogo e queimar do que os membros de molduras de 2 polegadas (38 mm), alturas de edificações e áreas de piso um pouco maiores são permiti- das com construção pré-fabricada em madeira, do que com construção co- mum. A construção pré-fabricada em madeira é discutida em detalhe no Ca- pítulo 4 e um exemplo contemporâneo é ilustrado na Figura 4.13. Painéis de piso em aço e concreto com paredes em alvenaria portante Sistemas de piso e cobertura em aço estrutural, concreto moldado in loco e concreto pré-moldado são frequen- temente utilizados em combinação com paredes portantes em alvenaria. As Figuras 10.9 e 10.10 mostram de- talhes representativos de duas dessas combinações. Dependendo do grau de resistência ao fogo dos elementos que cobrem tais vãos, essas construções podem ser classificadas como Tipo I ou Tipo II, na tabela da Figura 1.2. • Para estimar a secção de um pilar em alvenaria armada de tijolos, some a área total de cobertura e piso sustentada pelo pilar. Um pilar quadrado, de 300 mm (12 pol), pode suportar até 185 m² (2.000 pés²) de área; um pilar de 400 mm (16 pol), 280 m² (3.000 pés²) de área; um pilar de 500 mm (20 pol), 465 m² (5.000 pés²) e um pilar de 600 mm (24 pol), 650 m² (7.000 pés²). • Para estimar a secção de um pilar em alvenaria armada de con- creto, some a área total de cobertura e piso sustentada pelo pilar. Um pilar quadrado, de 300 mm (12 pol), pode suportar até 95 m² (1.000 pés²) de área; um pilar de 400 mm (16 pol), 185 m² (2.000 pés²) de área; um pilar de 500 mm (20 pol), 280 m² (3.000 pés²) e um pilar de 600 mm (24 pol), 370 m² (4.000 pés²). • Para estimar a espessura de uma parede portante em alvenaria armada de tijolos, some a largura total de lajes ou deques de co- bertura e piso, que contribuem em carga para 305 mm (1 pé) li- neares de parede. Uma parede de 200 mm (8 pol) pode suportar, aproximadamente, até 200 m (650 pés) de laje; e uma parede de 300 mm (12 pol), cerca de 245 m (800 pés). • Para estimar a espessura de uma parede portante em alvenaria armada de concreto, some a largura total de lajes ou deques de cobertura e piso que contribuem em carga para 305 mm (1 pé) lineares de parede. Uma parede de 200 mm (8 pol) pode suportar, aproximadamente, até 120 m (400 pés) de laje; uma parede de 300 mm (12 pol), 215 m (700 pés). Essas aproximações são válidas apenas para fins de leiaute preliminar da edificação e não devem ser usadas para escolha de dimensões finais das peças. Elas se aplicam para a clas- sificação normal de ocupações de edificações, como edifícios residenciais, de escritórios, comerciais e institucionais e esta- cionamentos. Para edifícios de fábricas e armazéns, utilize peças um pouco maiores. Para informações mais abrangentes sobre a seleção e o leiaute preliminar de um sistema estrutural e dimensionamen- to de peças estruturais, ver Edward Allen e Joseph Iano, The Architect’s Studio Companion (4th ed.), New York, John Wiley & Sons, Inc., 2007. CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO PRELIMINAR DE UMA ESTRUTURA EM ALVENARIA PORTANTE Capítulo 10 Construção de Paredes em Alvenaria 387 PAREDE EXTERNA Telhas Calha Grelha de ventilação do sótão no sofito do beirado Revestimento em tijolo Camada de ar Revestimento betuminoso na face do bloco de concreto Parede interna de 8’ em blocos de concreto, com inserções de espuma isolante térmica nos núcleos Um rufo contínuo e pingadeiras drenam a camada de ar, na parte superior das janelas Verga de aço Caixilho em madeira Caixilho em madeira Peitoril em tijolo Armadura em arame, para conexão na junta Um rufo contínuo e pingadeiras drenam a camada de ar na base Terças de madeira e caibros no forro Isolamento térmico A placa superior de madeira é fixada à alvenaria com longas hastes rosqueadas e placas de ancoragem de aço Blocos da viga de ligação, no topo da parede, com barras de armadura horizontais Piso e subpiso em madeira Vigas em madeira com extremidades corta fogo Forro de gesso Uma chapa metálica faz a ancoragem da viga na alvenaria Blocos de viga de ligação com barras de armadura horizontais nos apoios das vigas Acabamento em madeira Base e arremate em madeira Gesso Isolamento térmico entre camadas Piso e subpiso em madeira Vigasem madeira com extremidades corta fogo Chapa conectora metálica Blocos de viga de ligação com armaduras horizontais nos apoios das vigas PAREDE INTERNA PORTANTE Cada esteio é uma peça única, ao longo de toda a altura, do porão ao sótão, para minimizar a retração vertical da madeira Bloqueadores de fogo, em madeira, fecham as camadas de ar internas na estrutura, em cada pavimento, para retarda o alastramento do fogo Apoios de 19 mm (1”) encaixados nos esteios apoiam as vigas do piso 5 0 0 m m 2 5 0 m m 0 0 1 2 ” 1 ’ 2 ’ Um rufo contínuo e pingadeiras drenam qualquer vazamento através do peitoril Barras de armadura verticais nos núcleos grauteados Camada em madeira compensada Figura 10.8 Construção comum, mostrada aqui com uma parede dupla de tijolos com camada de ar, com uma camada de alvenaria portante em concreto. O iso- lamento térmico está instalado entre faixas de forração em madeira, no lado interno da parede. O interior de uma edificação de construção comum é estruturado com o sistema de moldura estrutural em balão (balloon framing) de vigas e esteios em madeira. No perímetro da edificação, as vigas são sustentadas pela parede em alvenaria. O peitoril em tijolo da janela, mostrado aqui, é similar àquele cuja construção é mostrada na Figura 10.13. 388 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Membrana de cobertura Contenção de cascalho Madeira Faixa metálica e sofito ventilado Revestimento em bloco de concreto texturizado Parede interna em blocos de concreto, com núcleos com isolamento térmico Armadura em arame, para conexão na junta Camada de ar Rufo contínuo e drenos Pranchas rígidas, de espessura variável, de isolamento térmico Telha corrugada em aço, do deque da cobertura Gaxeta em espuma de borracha faz o fechamento entre o deque de aço e a parede em alvenaria Um prolongamento de corda, preso nas juntas da malha de vigotas metálicas da cobertura, sustenta a extremidade de um forro suspenso Isolamento térmico e retardador de vapor em fibra de vidro Barras da armadura vertical em núcleos grauteados Isolamento térmico em espuma rígida, com faixas metálicas de forração em -Z Placa de gesso Piso vinílico e base de parede em faixa vinílica Cada vigota é soldada a uma placa de aço, ancorada à viga de ligação Uma viga de ligação em bloco armado de concreto faz a amarração da parede, a cada nível de piso e na cobertura Reforço de junta Barras de armação vertical em núcleos grauteados Deque em chapa corrugada de aço com capeamento em concreto Malha aberta de vigotas de piso em aço Pilar e viga internos em aço 5 0 0 m m 2 5 0 m m 0 0 1 2 ” 1 ’ 2 ’ Figura 10.9 Um exemplo de parede externa portante em alvenaria de concreto, com cobertura e piso sustentados por uma malha aberta de vigotas de aço e deques de chapa corrugada em aço. Em regiões de invernos muito rigorosos, o isolamento na cam a da de ar da parede ou na superfície interna da parede ofereceria melhor desempenho para climas frios do que o isolamento dentro dos núcleos, como mostrado aqui. Com a devida proteção ao fogo, para a estrutura metálica, esse tipo de edificação poderia ser construído com vários pavimentos. Capítulo 10 Construção de Paredes em Alvenaria 389 Algeroz metálica/ contrarrufo Vedação Parede em blocos armados de concreto Acabamento em estuque acrílico, reforçado com tela de fibra de vidro Substrato de enchimento da cobertura, em concreto leve Lajes de núcleo oco, pré-moldadas em concreto, com núcleos conectados Reboco Armadura de arames soldados sob o capeamento de concreto Lajes de núcleo oco, pré-moldadas em concreto, com núcleos conectados Todas as lajes pré-moldadas repousam sobre placas de apoio de neopren Laje de concreto sobre o solo Lastro de pedras MembranaIsolamento térmico em espuma de poliestireno As barras de armadura das paredes, dobradas para dentro do capeamento em concreto das lajes, criam uma continuidade estrutural Uma viga de ligação em bloco armado de concreto faz a amarração horizontal da parede, a cada andar Parede em blocos armados de concreto Reboco Base vinílica Carpete Sapata contínua 5 0 0 m m 2 5 0 m m 0 0 1 2 ” 1 ’ 2 ’ Isolamento térmico em espuma plástica, aderido à parede Parede de fundação em concreto armado Figura 10.10 Um exemplo de paredes portantes internas e externas em alvenaria de concreto, com lajes pré-moldadas em concreto de núcleo oco, nos níveis de cobertura e dos pisos. Este sistema pode ser utilizado para edifícios de múltiplos pavimentos. A armação total da parede é mostrada, com EIFS aplicado no exterior do edifício. Detalhes deste sistema de acabamento externo são discutidos mais adiante, neste capítulo. 390 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos DETALHANDO PAREDES EM ALVENARIA Rufos e drenagem Dois tipos gerais de rufos são usados na construção em alvenaria: os rufos externos evitam que a umidade pene- tre na alvenaria, a partir de seu topo exposto ou onde ela intercepte a co- bertura. Os rufos internos (também conhecidos como rufos ocultos ou pas- santes) capturam a água que tenha penetrado em uma parede de alvena- ria e a conduzem, através de drenos, de volta ao exterior. O rufo externo, localizado na interseção entre uma laje plana de cobertura e uma platibanda, é usual- mente construído em duas partes so- brepostas, um rufo de base e um con- trarrufo ou rufo de capeamento. Isso facilita a instalação e permite algum movimento entre os componentes da parede e da cobertura. Frequente- mente o rufo de base é formado pela própria membrana de impermeabi- lização da cobertura. O rufo de base é normalmente dobrado para cima, estendendo-se por uma altura de, pelo menos, 200 mm (8 pol.). O contrarrufo é incorporado na parede de alvenaria, sobre o rufo de base, e se prolonga para baixo, sobrepondo-se ao rufo de base. Os contrarrufos são frequente- mente feitos em duas peças intertra- vadas, facilitando a sua instalação e a sua remoção, quando a membrana de cobertura precisar ser substituída (Figuras 10.4a, 10.11, 16.29). Os rufos internos são instalados por pedreiros durante a construção da parede. Nós já discutimos o rufo interno, que é posicionado na parte inferior da camada de ar da parede. Rufos adicionais são requeridos em todos os locais onde a camada de ar é interrompida: nas vergas das janelas e portas, nos peitoris das janelas, em ângulos de estruturas em prateleira e em tímpanos. Onde um rufo interno atravessa a camada de ar da parede, ele deve ser dobrado para cima, de 150 a 225 mm (6-9 pol.), na face de dentro da camada de ar, e penetrar na cama- da interna em, pelo menos, 50 mm (2 pol.). Desta forma, a água que escoa pela camada de ar é interceptada pelo rufo e direcionada para o exterior da parede. Exemplos desses rufos inter- nos podem ser vistos na Figura 10.4- b-f. Se a camada de ar for limitada por uma camada interna, constituída por uma parede ou viga de concreto, ele pode terminar em um friso, uma ra- nhura horizontal, formada na face do concreto, conforme mostrado no lado direito da Figura 10.4c. Na face exter- na da parede, o rufo deveria conti- nuar, pelo menos, 19 mm (¾ pol.) para além da face da parede e dobrar para baixo, em um ângulo de 45 graus, para que a água drenada por ele possa pin- Figura 10.11 Rufos de cobre em uma platibanda. A membrana da cobertura, em camada simples, é dobrada para cima e serve de rufo, abai- xo do contrarrufo de cobre. (Cortesia da Copper Development Association Inc.) 614 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO E PROTENDIDO Lajes de concreto pré-moldado A maioria dos elementos de concreto pré-moldado com alto grau de padro- nização é utilizada para a produção de lajes de pisos e de cobertura (Figu- ra 15.3). Esses elementos podemser suportados por paredes estruturais, produzidas com concreto pré-molda- do ou alvenaria, ou por estruturas me- tálicas ou de concreto, seja pré-mol- dado, seja moldado no local. Quatro tipos de elementos pré-moldados de laje são normalmente produzidos: para pequenos vãos e lajes com es- pessuras mínimas, as lajes maciças são adequadas. Para vãos maiores, devem ser utilizados elementos de maior espessura, entretanto, as lajes pré-moldadas maciças, da mesma forma que suas similares produzidas no canteiro de obras, tornam-se inefi- cientes, pois possuem excessivo peso próprio, correspondente ao concreto que não desempenha função estrutu- ral. Nas lajes alveolares, componentes pré-moldados adequados para vãos intermediários, vazios internos longi- tudinais substituem grande parte do concreto sem função estrutural. Para os maiores vãos, elementos com altu- ra ainda maior são necessários, e ele- mentos de seção Duplo T e T simples eliminam uma porção ainda maior de concreto sem função estrutural. Para a maioria das aplicações, os quatro tipos de lajes pré-moldadas são fabricados com um acabamento super- ficial superior rugoso. Após a monta- gem dos componentes, é lançada uma capa de concreto sobre eles e, então, executado o acabamento superficial ali- sado. A capa de concreto, normalmente com 2 polegadas (50 mm) de espessura, adere à superfície rugosa dos elemen- tos pré-moldados durante a cura e se torna uma parte ativa, contribuindo para a capacidade estrutural da laje. A capa também contribui para o trabalho conjunto dos elementos pré-moldados, fazendo com que atuem como um ele- mento estrutural único e não como placas individuais, quando sob ação de cargas concentradas e cargas do efeito diafragma. Além disso, a capa de con- creto esconde a pequena curvatura que normalmente ocorre nos componentes protendidos. A continuidade estrutural ao longo de uma série de vãos pode ser conseguida com a colocação de barras de aço na capa de concreto sobre as vi- gas ou paredes de suporte. Os eletrodu- tos também podem ser embutidos na capa de concreto. Lajes pré-moldadas com acabamento superficial liso são, em alguns casos, utilizadas sem a capa de concreto, conforme discutido poste- riormente neste capítulo. Tanto o concreto com massa espe- cífica normal, quanto o concreto estru- tural leve, podem ser escolhidos para uso em qualquer um dos tipos de laje. O concreto leve, com massa específica aproximadamente 20% menor do que o concreto convencional, reduz as cargas na estrutura e nas fundações do edifí- cio tendo, no entanto, seu custo maior do que o concreto de massa específica normal. Existe um número considerável de soluções econômicas para um mesmo vão com os diferentes tipos de lajes pré-moldadas, permitindo ao proje- tista alguma liberdade na escolha do elemento a usar em cada situação. As lajes maciças e alveolares resultam em edifícios com menor altura total, nos casos de estruturas de vários an- dares, suas faces inferiores lisas po- dem ser pintadas e utilizadas como acabamento final do teto em muitas aplicações. Para vãos maiores, geral- mente as lajes de seção Duplo T são preferidas em vez das tradicionais la- jes do tipo T simples, pois não neces- sitam de suporte para evitar o tomba- mento durante sua montagem. Vigas e pilares de concreto pré-moldado As vigas de concreto pré-moldado são produzidas em várias formas padroni- zadas (Figura 15.4). Os dentes salientes nas vigas L e T invertido fornecem su- porte direto para elementos das lajes pré-moldadas. Por terem o suporte das lajes próximas às partes inferiores das vigas, elas mantêm o pé direito em uma construção, quando comparadas às vigas de seção retangular sem os den- LAJE MACIÇA LAJE ALVEOLAR DUPLO T T SIMPLES Larguras variadas 2’, 4’, 8’, de largura (610, 1220, 2440 mm) 1’-4”, 3’-4” alguns fabricantes 8’, 10’ de largura (2440, 3050 mm 8’, 10’ de largura (2440, 3050 mm) Figura 15.3 Os quatro principais tipos de componentes pré-moldados para lajes. As lajes alveolares são produzidas por diferentes fabricantes, em uma va- riedade de padrões de seção-transversal, por diferentes processos. As lajes tipo T são usualmente menos usadas que as do tipo Duplo T devido a necessitarem de uma sustentação temporária contra o tombamento até que estejam permanentemente fixadas no local. Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 615 tes, nas quais as lajes estão apoiadas na parte superior. As vigas AASHTO (American Association of State Hi- ghway and Transportation Officials) fo- ram projetadas originalmente como so- luções para estruturas de pontes, mas, algumas vezes, também são utilizadas em edifícios*. Os pilares de concreto * N. de T.: São conhecidas como vigas de se- ção I. pré-moldado têm, normalmente, seção quadrada ou retangular, e podem ser produzidos com concreto protendido ou com concreto armado convencional. Painéis de parede de concreto pré-moldado Os painéis de concreto pré-moldado, seja protendido ou com armadura convencional, são comumente uti- lizados como paredes portantes em vários tipos de edifícios baixos ou arranha-céus. Painéis maciços com espessura variando de 3½ até 10 po- legadas (90 a 250 mm), normalmente podem alcançar um ou dois andares de altura. Quando produzidos em concreto protendido, as cordoalhas são posicionadas no plano médio vertical dos painéis para aumentar a resistência contra a flambagem e fle- • Estime a espessura de uma laje maciça pré-moldada em do vão. As espessuras variam, normalmente, entre 3½ e 8 polegadas (90-200 mm). • Uma laje pré-moldada alveolar de 8 polegadas (200 mm) pode vencer um vão de aproximadamente 25 pés (7,6 m), uma laje de 10 polegadas (250 mm) pode alcançar um vão de 32 pés (9,8 m), e uma laje de 12 polegadas (300 mm) pode vencer vãos de 40 pés (12 m). • Estime a altura das vigas tipo Duplo T de concreto pré-moldado em do vão. As espessuras mais comuns de Duplo T são 12, 14, 16, 18, 20, 24 e 32 polegadas (300, 350, 400, 460, 510, 610 e 815 mm). Alguns fabricantes podem produzir vigas do tipo Duplo T que chegam a 48 polegadas (1.220 mm) de altura. • Uma viga de seção T simples de 36 polegadas (915 mm) de al- tura tem capacidade de vencer vãos na ordem de 85 pés (26 m), e uma viga T com altura igual a 48 polegadas (1.220 mm) alcança vãos de 105 pés (32 m). • Estime a altura de vigas de concreto pré-moldado em do vão para carregamentos leves e em do vão para maiores carrega- mentos. Essas relações se aplicam a vigas retangulares, T-invertido e seção L. A largura de uma viga é, normalmente, cerca de metade de sua altura. Os dentes nas vigas do tipo T invertido ou L têm normalmente 6 polegadas (150 mm) de largura e 12 polegadas (300 mm) de altura. • Para estimar as dimensões de um pilar de concreto pré-moldado some a área total de teto e piso sustentada pelo pilar. Um pilar de 10 polegadas (250 mm) pode suportar uma área de aproximada- mente 2.300 pés quadrados (215 m 2 ), um pilar de 12 polegadas (300 mm) alcança 3.000 pés quadrados (280 m 2 ), um pilar de 16 polegadas (400 mm), 5.000 pés quadrados (465 m 2 ) e um pilar de 24 polegadas (600 mm) chega a 9.000 pés quadrados (835 m 2 ). Esses valores podem ser interpolados para pilares em incrementos de 2 polegadas (50 mm) e os pilares são, normalmente, de seção quadrada. Essas aproximações somente são válidas para um esboço prelimi- nar do edifício e não devem ser utilizadas para selecionar as dimensões finais dos componentes. Elas se aplicam aos tipos usuais de edifícios, como prédios residenciais, escritórios, comerciais e institucionais e edifícios-garagem. Para prédios de fábricas e depósitos, 3½ devem ser usados componentes um pouco maiores. Para informações mais abrangentes sobre a seleção preliminar, es- boço do sistema estrutural e dimensionamento de componentes estru- turais, consulte The Architect´s Studio Companion, de Edward Allene Joseph Iano, (4ª ed.), New York, John Wiley & Sons, Inc., 2007. ANTEPROJETO DE UMA ESTRUTURA DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO Figura 15.4 Formatos padronizados de vigas de concreto pré-moldado. Os pontos maiores represen- tam as barras de armadura convencional e os pontos menores representam cordoalhas de protensão de alta resistência. As linhas pon- tilhadas mostram os estribos produzidos em aço convencional. Os ganchos dos estribos, normalmente projetam-se acima da parte su- perior da viga, como mostrado, para ligação com a capa de concreto moldado no local, for- mando uma seção estrutural composta. VIGA RETANGULAR VIGA L VIGA T INVERTIDO VIGA I 616 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos xão. Painéis nervurados ou alveolares, ou painéis-sanduíche, com materiais isolantes, podem ter entre 12 e 24 po- legadas de espessura (305 a 610 mm) e alcançar até quatro andares (Figura 15.12). Vários fabricantes produzem painéis de concreto pré-moldado patenteados para construção das fundações de residências. Nervuras verticais, também conhecidas como barrotes de concreto, espaçadas a cada 24 polegadas (610 mm), pro- porcionam superfícies com lâminas metálicas ou ripas de madeira, para fixação dos acabamentos verticais tradicionais, e criam uma cavidade que pode ser usada para a colocação de isolamento ou as instalações dos sistemas prediais. Alguns fabricantes já incorporam ao projeto isolantes ou reforços nas bases dos painéis. Os painéis não estruturais são dis- cutidos no Capítulo 20. CONCEITOS DE MONTAGEM DE EDIFÍCIOS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO A Figura 15.5 mostra um edifício em que os componentes pré-moldados das lajes (Duplo T, no exemplo) es- tão apoiados em uma estrutura de vigas pré-moldadas em forma de L e pilares pré-moldados. Os elementos de laje na Figura 15.6 estão apoiados em painéis de parede pré-moldados estruturais. A Figura 15.7 ilustra uma construção em que as lajes são supor- tadas por uma combinação de painéis de paredes e vigas. Essas três manei- ras fundamentais de apoio de lajes pré-moldadas – em um esqueleto de concreto pré-moldado, em painéis verticais estruturais pré-moldados e numa combinação desses dois – ocorrem em infinitas variações nos edifícios. O esqueleto pode ter profun- didade de um ou mais ambientes; as paredes portantes são normalmente construídas em alvenaria estrutural ou em várias configurações de con- creto pré-moldado; os elementos pré-moldados para lajes podem ser Figura 15.6 Lajes alveolares apoiadas em painéis estru- turais de concreto pré-moldado. (Cortesia de Precast/Prestressed Concrete Institute) Figura 15.5 Lajes do tipo Duplo T em uma estru- tura de pilares pré-moldados e vigas em forma de L. (Cortesia de Precast/ Prestressed Concrete Institute) Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 617 maciços, alveolares, duplos T, com ou sem capeamento. Entre as principais vantagens do concreto pré-moldado como material estrutural está o fato de ser produzido conforme a enco- menda, além de ser facilmente perso- nalizado para um projeto específico de um edifício, normalmente com custos adicionais mínimos. PRODUÇÃO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO Pistas de moldagem A maioria dos elementos de con- creto pré-moldado é produzida em formas permanentes, denominadas pistas de moldagem. As pistas de moldagem têm, em média, 400 pés (125 m) de comprimento, podendo, no entanto, se estender por até 800 pés (250 m) ou mais em algumas fá- bricas (Figura 15.8). Um ciclo de pré- -moldagem normalmente começa pela manhã, logo que os elementos que foram moldados no dia anterior tenham sido retirados das pistas. Cordoalhas de aço de alta resistên- cia são estiradas entre as ancora- gens nas extremidades da pista. As cordoalhas são pré-tracionadas com macacos hidráulicos, resultando em um considerável alongamento. Uma vez que as cordoalhas tenham sido completamente tracionadas, anteparos separadores transversais podem ser posicionados ao longo da pista, nas distâncias necessárias para dividir os elementos indivi- duais entre si. (Para lajes maciças, lajes alveolares e painéis de parede os separadores normalmente não são utilizados; a laje ou painel, após a cura, são simplesmente cortados nos comprimentos necessários, an- tes da remoção da pista.) Quando a protensão e o posicio- namento dos separadores tiverem sido completados, as barras de ar- madura de aço convencional e telas soldadas são posicionadas conforme a necessidade. Os insertos e peças a serem chumbadas são instaladas. O concreto então é lançado na pista, vi- brado para eliminar vazios e nivelado. Figura 15.7 Elementos pré-moldados de lajes do tipo Duplo T apoiados no perímetro por painéis pré-moldados de paredes com função estrutural e uma estrutura interior de pilares pré-moldados e vigas do tipo T invertido. (Cortesia de Precast/Prestressed Concrete Institute) 618 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Figura 15.8 – a, b Produção de lajes Duplo T. (a) Um operário posiciona insertos metálicos com detalhes em formato de “V” na pista de moldagem, previamente ao lançamento do concreto. Os insertos servirão como ancoragem para a armadura. As cordoalhas de protensão e as telas soldadas como armadura de cisa- lhamento foram instaladas nas almas dos duplos T. Uma parte da tela soldada para a camada superior da laje pode ser vista no primeiro plano. Destaca-se a grande exten- são da pista de moldagem; muitos elemen- tos podem ser moldados simultaneamente, utilizando-se toda a extensão da pista. (b) A superfície superior do concreto é nivelada mecanicamente. (a) (b) Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 619 Se as lajes forem ser usadas sem capa de concreto, a superfície superior é fi- nalizada com desempenadeiras e aca- badoras de superfície. Para acelerar o processo de cura, é aplicado calor na forma de vapor ou na forma radiante. Em um período de dez a doze horas após o lançamento, o concreto já deve ter atingido uma resistência à com- pressão entre 2.500 a 4.000 psi (24-28 MPa) e aderido às cordoalhas de aço. Na manhã seguinte, após a verificação no laboratório da resistência do con- creto por meio dos corpos-de-prova cilíndricos, as cordoalhas expostas são cortadas entre os anteparos se- paradores, liberando a força externa nas cordoalhas, que se encurta e, com isso, origina esforços de protensão no concreto. Elementos de viga e laje protendidos com forma assimétri- ca imediatamente se arqueiam para cima na pista de moldagem, assumin- do uma curvatura pronunciada assim que a força de protensão é liberada. Quando os elementos tiverem sido se- parados entre si, são içados para fora do leito e estocados, aguardando para serem transportados. Então, um novo ciclo de moldagem tem início. (c) (d) (e) Figura 15.8 – c, d, e (c) Na manhã seguinte, após a cura a vapor durante a noite, um trabalhador corta as cordoalhas de protensão entre os elemen- tos separadores com um maçarico de oxi- -acetileno. A malha de tela soldada é exposta nas extremidades dos elementos, pois serão usados como lajes sem capeamento (ver Fi- gura 15.20). (d) Com a utilização de ganchos chumbados às extremidades, as lajes são içadas da pista e serão estocadas em uma área externa. As almas da viga serão estoca- das sobre as vigas de seção L e T invertido e o canto entalhado se ajustará ao redor de um pilar. (e) Carregando os duplos T para trans- porte em caminhões. (Fotos de Alvin Ericson) 620 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Aço para armaduras convencionais e de protensão As lajes maciças, alveolares e painéis de parede são produzidos com cor- doalhas horizontais no interior do concreto. Painéis T, Duplo T e vigas são normalmente produzidas com cordoalhas com curvatura descen- dente ou alçadas para maior eficiên- cia estrutural (Figuras 13.42 e 15.9).Armaduras convencionais tam- bém são posicionadas na parte inter- na de elementos de concreto proten- dido com vários propósitos: em vigas ou lajes em balanço são colocadas barras de armadura convencional sobre os pontos de engaste. Telas de aço soldado são utilizadas para re- forço das bordas dos componentes T ou Duplo T e para reforço geral de painéis de parede. Os estribos das almas de vigas T simples e Duplos T são produzidos com armadura de aço convencional ou com telas soldadas (Figura 15.10). Armaduras adicionais podem ser posicionadas para dar re- sistência em bordas chanfradas e nas regiões de aberturas em painéis ou lajes para passagem de tubos, dutos, pilares e claraboias. Insertos e outros componentes metálicos para ligações são posicionados na parte interna dos elementos, conforme a necessidade. Ganchos de aço salientes são utiliza- dos em diversos tipos de elementos para o içamento por guindastes. Reforço com fibra de carbono O reforço com fibra de carbono tem tido seu uso aumentado como ma- terial substituto para armadura con- vencional (tais como estribos ou armadura para combater efeitos de variações térmicas) em componentes de concreto pré-moldado, incluin- do os painéis de parede, Duplos T e painéis para pisos e coberturas. Em função das fibras de carbono, ao con- trário do aço, não necessitarem pro- teção contra a corrosão, a espessura de cobrimento de concreto é menor do que nos casos de utilização de ar- maduras de aço, diminuindo de forma significativa a espessura e o peso total dos componentes com fibra de car- bono. A baixa condutividade térmica da fibra de carbono, combinada com as seções de concreto mais esbeltas, possíveis com esse tipo de reforço, permite a produção de painéis isolan- tes com um desempenho térmico su- perior. A resistência à tração e rigidez muito maiores das fibras de carbono, quando comparadas ao aço conven- cional, e as formas inovadoras em que malhas dos reforços com fibra de carbono podem ser incorporadas aos componentes de concreto pré-molda- do, também fornecem melhorias na eficiência estrutural. Cabos de compósitos de fibra de carbono, substituindo as cordoalhas de aço protendido de alta resistên- cia, têm sido usados em estruturas de concreto pré-moldado de rodovias. É possível que esses materiais eventual- mente também sejam utilizados na construção de edifícios. Produção de lajes alveolares Os vazios longitudinais existentes nas lajes alveolares podem ser pro- duzidos por vários processos. No processo extrudado, mecanismos de extrusão comprimem uma mistura de concreto extremamente seca e rí- gida através de um molde móvel para produzir a seção vazada. Esse méto- do tem como desvantagem o fato de que os insertos metálicos e gabaritos Figura 15.9 Uma pista de pré-moldagem sendo preparada para o lançamento de uma longa viga tipo per- fil I. As formas laterais do molde podem ser vistas ao fundo, à direita. As cordoalhas curvilíneas são mantidas no centro da viga por polias de aço que permanecerão no interior do concreto após o lançamento. A pista é longa o suficiente para que várias vigas sejam moldadas em toda sua extensão, com as cordoalhas sendo deslocadas para cima ou para baixo, conforme a ne- cessidade. Barras de aço convencional são utilizadas para os estribos. Os topos salientes dos estribos irão aderir a uma capa de concreto moldada no local. As cordoalhas enlaçadas situa- das próximas às extremidades da viga funcionarão como ganchos para o içamento. (Cortesia de Blakeslee Prestress, Inc.) Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 621 para aberturas verticais não pode- rem ser facilmente posicionados para o chumbamento. Nesses casos, as aberturas devem ser obtidas por cor- te no concreto, quando apresenta- rem um enrijecimento inicial após a extrusão, ou devem ser serradas após o endurecimento. Os insertos metáli- cos são adicionados às lajes por um processo manual antes que o concre- to esteja totalmente endurecido. No processo de moldagem úmi- da, uma camada de concreto fresco é lançada no fundo da pista de mol- dagem; em seguida, uma segunda camada de concreto, com tubos des- montáveis, agregados graúdos secos ou agregados leves, cuidadosamente posicionados para formar os vazios, é lançada. Formas especiais podem ser facilmente colocadas na pista de moldagem para que sejam feitas as aberturas conforme o projeto, e os insertos metálicos podem posiciona- dos nesse processo. Os tubos ou agre- gados são removidos depois da cura do concreto. No processo de forma deslizante, uma tremonha móvel des- carrega uma mistura de concreto de abatimento de tronco de cone igual a zero na pista de moldagem. Os tu- bos que formam os núcleos das lajes movem-se com o alimentador e são retirados da laje com a continuidade do processo de moldagem de um ex- tremo a outro da laje. Esse processo, considerando a facilidade ou dificul- dade de colocar as peças embutidas e formar as aberturas especiais, se encaixa entre os processos de molda- gem úmida e extrusão. Após a cura, as lajes são transpor- tadas a uma área de recuperação de agregados, aonde a brita seca é des- pejada para fora dos vazios e armaze- nada para reutilização (Figura 15.11). Em um terceiro tipo de processo, tu- bos inflados com ar são usados para formar os vazios. Em algumas fábri- cas, as lajes alveolares são moldadas uma sobre a outra, em pilhas, em vez de uma única camada, e são curadas úmidas por sete dias, em vez da cura a vapor no período noturno. Produção de pilares Pilares de concreto pré-moldado po- dem ser armados com aço convencio- nal ou com cordoalhas protendidas. Os pilares protendidos são normal- mente produzidos e transportados em segmentos de diversos andares com consolos (Figuras 15.16 e 15.18) para servir de apoio às vigas e lajes. Os pilares com consolos em uma ou em duas faces opostas são facilmente moldadas em pistas planas. Se forem necessários consolos em três faces ou duas faces adjacentes, são mon- tadas formas acima da face superior da forma do pilar, ainda na pista de moldagem. Para consolo na quarta face, insertos metálicos suplementa- res são posicionadas na face inferior do pilar na pista, onde serão soldadas as barras da armadura após o pilar ter sido removido da pista. O consolo da quarta face é, então, moldada ao re- dor das barras de aço, em uma opera- ção separada. Figura 15-10 Operários instalam as formas laterais para vi- gas T invertidas em uma pista de moldagem externa. As barras de aço convencional são usadas para os estribos. (Cortesia de Blakes- lee Prestress, Inc.) 622 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 623 LIGAÇÕES ENTRE ELEMENTOS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO As Figuras 15.13 a 15.22 e 15.27 mos- tram alguns detalhes de ligações frequentemente utilizados em cons- truções em concreto pré-moldado. Parafusagem, soldagem e grautea- mento são comumente empregados nessas ligações. As conexões podem ser protendidas por pós-tração nos pontos de apoio para produzir um comportamento de viga contínua (Figura 15.16). Para a proteção con- tra fogo ou corrosão, os conectores de metal que não são cobertos pela capa de concreto são normalmente protegidos com a colocação de uma argamassa de cimento Portland de consistência seca* após o posiciona- mento dos elementos. As juntas mais simples em cons- truções com concreto pré-moldado * N. de T.: É usual a nomenclatura em inglês dry packed mortar. são aquelas que dependem da gra- vidade para posicionar um compo- nente sobre o outro, como nos ca- sos em que os componentes de laje apoiam-se em paredes portantes ou vigas ou, ainda, nos quais uma viga se apoia em um consolo de um pilar. Juntas de pilares com a base ou pi- lares com pilares são normalmente grauteadas de maneira a permitir a transferência total de carga entre as seções (Figuras 15.13-15.15). Pare- des portantessão ligadas às lajes de maneira similar (Figura 15.27). Para elementos destinados a vencer vãos, normalmente são utilizados apare- lhos de apoio nos pontos de contato para evitar o esmagamento do con- creto devido às elevadas tensões que podem ocorrer nos pontos de con- tato (Figuras 15.16-15.20) e permitir a movimentação causada pela ex- pansão e contração ou deformação estrutural dos elementos. Para lajes maciças e alveolares, os aparelhos de apoio são tiras de polímeros de alta densidade. Sob elementos com elevadas cargas concentradas, como “Tês” e vigas, aparelhos de borracha sintética são utilizados. Para a resis- tência às forças sísmica e eólica, os elementos com juntas simples de- vem ser unidos pela lateral. Elemen- tos de laje são normalmente unidos sobre os apoios com barras de arma- duras que são inseridas na capa de concreto ou, nos casos em que não é utilizada a capa de concreto, nas chaves para grauteamento entre as lajes (Figuras 15.18–15.22). As vigas T simples e Duplos T podem ser liga- das adicionalmente pela soldagem dos insertos metálicos que foram in- corporados aos elementos na fábri- ca (Figuras 15.18–15.20). As almas (porções inferiores) de T simples e duplos e a base das vigas nunca são soldadas aos apoios e sim deixadas livres para moverem-se sobre os aparelhos de apoio conforme a de- formação dos elementos de laje sob ação dos carregamentos. Figura 15.12 Uma mesa inclinada sendo usada para moldar um painel de concreto com espuma isolante. À esquerda, uma face de um painel de concreto com armadura de tela soldada está sendo mol- dada. Painéis de material isolante rígido e amarrações de arames são vistos no centro e a tela soldada para a segunda face do painel é vista à direita, com uma dupla de barras verticais e uma caixa embutida na parte inferior que é parte do sistema de ligações. Destacam-se os tubos para aquecimento da forma com o objetivo de acelerar a cura, situados na borda esquerda da mesa. (Cortesia de Blakeslee Prestress, Inc.) Figura 15.11 Passos da produção de uma Span-Deck, uma laje alveolar proprietária. (a) Uma laje de fun- do de pequena espessura é produzida com o lançamento de concreto de baixo abatimento na pista de moldagem equipada com uma tremonha móvel. (b) Um rolo estriado realiza a compactação da laje de fundo e produz sul- cos, marcando a posição das almas de con- creto. (c) Quatro cordoalhas de protensão são posicionadas na pista e serão, posteriormen- te, estiradas com macacos. (d) Após a aplica- ção da protensão, um mecanismo de extrusão move-se ao longo da pista, formando as al- mas e o topo da laje e preenchendo os núcle- os com agregado leve e seco que serve como suporte temporário para o concreto fresco. (e) No dia seguinte, após a cura da laje es- tar completa, uma serra realiza os cortes nos comprimentos desejados. Cada segmento é, então, içado da pista e transportado por uma ponte rolante para a área de recuperação dos agregados, onde o agregado seco é retirado e armazenado para reutilização. (f) Lajes Span- -Deck acabadas e estocadas, prontas para o transporte ao canteiro de obras. O enchimen- to com papel nos núcleos tem a função de evitar que sejam preenchidos com concreto durante a concretagem da capa. (Cortesia de Blakeslee Prestress, Inc.) 624 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos FIXAÇÃO EM CONCRETO Após a estrutura de concreto estar terminada, muitos elementos ne- cessitam ser fixados a ela, incluindo painéis de fachada e de revesti- mentos, divisórias internas, suportes para tubos, dutos e eletrodutos, forros suspensos, guarda-corpos de escadas, armários e máquinas. Os desenhos A-H são exemplos de sistemas de fixação que são embuti- dos no concreto. A é um parafuso de fixação usual. O B é uma placa metálica soldada a uma haste dobrada ou a uma presilha. Esta placa soldada ou embutida prove uma superfície onde componentes metáli- cos podem ser soldados. A cantoneira mostrada em C possui um pino roscado soldado de modo que outro componente pode ser unido por uma ligação aparafusada. D é um inserto ajustável de ferro dúctil que é pregado às formas através de orifícios laterais. Uma porca especial é colocada na ranhura do inserto para a fixação de um parafuso ou um pino roscado colocado pela face inferior. Um tipo ligeiramente diferente deste inserto é mostrado em detalhe na cantoneira para fixação de uma prateleira em alvenaria no Capítulo 20. E e F são dois tipos de insertos com roscas, embutidos no concreto. O perfil metálico com en- caixe tipo rabo de andorinha (NT: original em inglês, dovetail) mostrado em G é utilizado com tiras de fixação especiais mostradas para a fixa- ção de revestimentos de alvenaria em estrutura de concreto moldado no canteiro ou uma parede. H é simplesmente uma tira de madeira em forma de rabo de andorinha, embutida no concreto, para fixação de pregos. Este detalhe é de funcionamento incerto devido à possibilidade da madeira absorver umidade, dilatar-se e causar fissuras no concreto ou, retrair-se e fixar solta. A-F são dispositivos com elevada capacidade de carga, com capacidade para fixar componentes do edifício e máqui- nas de elevado peso. Os detalhes A-P mostram dispositivos de fixação que são inseridos em orifícios perfurados no concreto endurecido. Em I está mostrado um suporte de aço de um guarda-corpo que é posicionado em uma laje de concreto em um orifício de diâmetro maior, sendo fixado com a utilização de graute ou epóxi. Este procedimento também é utiliza- do para a fixação de parafusos no concreto e, sendo adequadamente projetado e instalado pode suportar cargas elevadas. J é uma bucha Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 625 plástica, K é um tarugo de madeira ou fibra e L de chumbo. Os três são inseridos em furos abertos com broca e quando um parafuso é inseri- do, expandem e aderem à superfície do furo. M é tipo de bucha similar, metálica, sendo utilizado um prego especial que causa sua expansão ao ser inserido. N é um parafuso especial com uma luva de aço sobre um fuste cônico no interior. A luva se prende no concreto quando o parafuso é colocado e apertado, causando a expansão do fuste. O e P são, respectivamente, um parafuso e um prego especiais, ambos pro- jetados para aderirem firmemente quando inseridos em furos abertos com brocas de dimensões de diâmetro correto. J a P são fixadores para cargas leves e médias, exceto L e N que também podem ser utilizados com cargas elevadas. Q e R são elementos de fixação pregados. Q é o comum prego para concreto ou alvenaria, produzido com aço endurecido. Sendo prega- dos através de uma tira de madeira com poucos golpes de um martelo bastante pesado ou uma máquina de pregos, irão penetrar no concreto somente o necessário para dar suporte para placas de forros, mas tem a tendência de se soltarem, especialmente se pregados com muitos golpes. Em R estão mostrados três exemplos de fixadores à pólvora (frequentemente chamados de fixação à pólvora) que são inseridos no aço ou no concreto pela detonação de uma cápsula de pólvora. O pri- meiro fixador é um pino simples utilizado para a fixação de componen- tes de madeira ou madeira e metal em uma parede ou piso. O fixador central é roscado para receber uma porca. O furo no fixador da direita possibilita a passagem de um fio metálico, como os utilizados em forros suspensos. Os fixadores à pólvora são instalados com rapidez, são eco- nômicos e tem uma capacidade de carga relativamente elevada. S é um exemplo de um dispositivo em que a placa perfurada que liga-se firmemente a superfícies de concreto ou alvenaria através do uso de um adesivo. O dispositivo mostrado aqui tem um grampo metá- lico fino onde um painel de espuma isolante pode ser fixado. A ponta do grampo é então dobrada para manter o painel na posição. Sistemas de fixação para acabamentos de telhados aos edifícios, utilizandoplacas perfuradas e adesivos são ilustrados no Capítulo 16. 626 Fundamentos de Engenharia de Edificações: Materiais e Métodos Em alguns casos, elementos de laje pré-moldada, especialmente lajes maciças, necessitam de esco- ramentos temporários no meio do vão para ajudar a suportar o peso da capa de concreto até que ela tenha alcançado a resistência especifica- da. Após a cura, a capa de concreto torna-se parte da laje e melhora sua resistência e rigidez. Para economia na construção, elementos de laje pré- -moldada com a face superior plana e lisa são utilizados sem a capa de concreto, especialmente para co- berturas, nas quais qualquer tipo de irregularidades entre elementos são cobertas pelo isolamento térmico rígido. Lajes sem a capa de concreto também podem ser utilizadas para pisos que serão revestidos e para es- tacionamentos. As lajes sem capa de concreto necessitam detalhes espe- ciais de ligação, que não dependam da armadura posicionada na capa de concreto (Figuras 15.18 e 15.20). O processo de protensão por pós- -tração pode ser utilizado para combi- nar grandes elementos pré-moldados com elementos ainda maiores no canteiro de obras. Isso é feito na mon- tagem de segmentos de viga de se- ção caixão de concreto pré-moldado, formando vigas longas e de grande altura utilizadas em pontes (Figuras 15.23 e 15.24) e para criar paredes de contraventamento com painéis pré- -moldados com altura de um andar em construções de vários andares. Em ambos os casos, antes da molda- gem, as bainhas para as cordoalhas de protensão são posicionadas cuida- dosamente nas seções, de modo que as extremidades se alinhem perfeita- mente quando as seções forem unidas no canteiro de obras. Após a monta- gem, as cordoalhas são inseridas nas bainhas, horizontalmente no caso das vigas, ou verticalmente no caso de paredes, estiradas com macacos hidráulicos portáteis e, se necessário, grauteadas. Antes da montagem Montado Grauteado Figura 15.13 Um simples detalhe da base para pilares de concreto pré-moldado. Quatro parafusos de fixação projetam-se do topo da fundação moldada no local. Porcas e arruelas são posicionadas nesses parafusos, para que suportem temporariamente o pilar. O pilar que foi moldado sobre uma placa com buchas metálicas soldadas é posicionado por meio de um guindaste. Os operários guiam o pilar, de modo que os parafusos de fixação encaixem-se nos orifícios na chapa de base. Arruelas e porcas são adicionadas aos parafusos de fixação na parte superior da placa de base. As oito arruelas são usadas para ajustar a altura do pilar e deixá-la nivelada. Quando isto é conseguido, as arruelas são apertadas e uma argamassa seca é colocada sob a chapa de base. (Todas as fotos deste capítulo são de Lon Grohs) Capítulo 15 Sistemas Estruturais de Concreto Pré-Moldado 627 O projeto de juntas é a área na qual a tecnologia de concreto pré-moldado tem se desenvolvido mais rapidamen- te. Historicamente, a construção de edifícios de concreto pré-moldado tem sido pouco expressiva em regiões de alto risco sísmico, devido às incer- tezas com relação ao comportamento desse tipo de estrutura sob cargas sís- micas. Mais recentemente, inovações no processo de ligação dos compo- nentes de concreto pré-moldado têm conduzido a sistemas de conexões que podem absorver, de forma mais confiável, a energia transmitida para a estrutura durante um evento sísmico. Cordoalhas de protensão não aderen- tes que permitem à estrutura respon- der elasticamente aos deslocamentos sísmicos, sistemas híbridos de juntas que combinam a ductilidade das ar- maduras de aço convencional com a alta resistência das cordoalhas de pro- tensão, sistemas não grauteados ou de junta “aberta” que permitem movi- mentos controlados entre os compo- nentes, juntas com amortecedores de atrito que limitam os movimentos es- truturais enquanto absorvem energia sísmica e outras técnicas têm sido uti- lizadas ou estão sob desenvolvimento. Outros esforços de desenvolvi- mento concentram-se em aumentar a facilidade de execução e economia das juntas de membros pré-molda- dos. Novos sistemas de juntas são patenteados a cada ano e, como as técnicas de armar, grautes e adesivos também se desenvolvem, haverá sim- plificações e melhorias de diversos tipos nas estruturas de concreto pré- -moldado. Calços Antes da montagem Montado Grauteado Toda a junta é preenchida com argamassa após o alinhamento Figura 15.14 Detalhes similares servem tanto como um método alternativo para posicionar um pilar em sua fundação quanto para fazer a união entre pila- res. Calços de metal sustentam as seções superiores dos pilares na altura correta, até que o graute atinja a resistência. Os cantos abertos são preenchidos com argamassa tipo dry pack depois do pilar ter sido alinhado e aparafusado. Dessa forma, as partes metálicas da ligação estarão protegidas contra o fogo e a corrosão. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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