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manual-sban_nutricao_e_imunidade-Secretaria-CRN9

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NUTRIÇÃO &
IMUNIDADE
2021
NUTRIÇÃO & IMUNIDADE
A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição 
(SBAN), fundada em 31 de julho de 1985, é uma 
associação civil de cunho científico, multiprofissional, 
sem fins lucrativos.
Realiza periodicamente reuniões científicas e publica 
a revista científica Nutrire, objetivando a aproximação 
entre os especialistas brasileiros, membros ou não da 
Sociedade, e o intercâmbio de informações científicas 
entre os mesmos.
Mantém intercâmbio com associações científicas 
nacionais, bem como com especialistas e associações 
congêneres de países estrangeiros. Nesse sentido 
é Adhering Body da International Union of Nutritional 
Sciences - IUNS desde 1997 e Affiliate Membership da 
American Society for Nutrition - ASN a partir de 2015.
MISSÃO 
Estimular e divulgar conhecimentos no campo da 
Alimentação e Nutrição, estabelecer Declaração de 
Posicionamento, Documentos Técnicos e informar a 
população sobre assuntos relacionados a essas áreas.
ESTE DOCUMENTO TÉCNICO
Este documento enfoca, sob vários aspectos, a 
importância da interação entre Nutrição e Sistema 
Imunológico. Este tema foi o escolhido dada a sua 
relevância principalmente nos dias atuais.
Dra. Olga Amancio
Presidente
SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Profa. Dra. Olga Maria Silverio Amancio 
Presidente
Nutricionista. Professora Sênior do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, 
Universidade Federal de São Paulo. Assessora da ANVISA - Área de Alimentos, Codex Alimentarius. 
Prof. Dr. Helio Vannucchi 
1º Vice Presidente
Médico. Professor Titular Sênior do Departamento de Clínica Médica, Divisão de Nutrologia 
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Prof. Jorge Mancini Filho 
2º Vice Presidente
Farmacêutico bioquímico. Professor Titular Sênior do Departamento de Alimentos e Nutrição 
Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Vogal 
da Área de Agroalimentação do CYTED (Ciência y Tecnologia para o Desenvolvimento). 
Dra. Márcia O. Terra 
Secretária Geral
Nutricionista. Especialista em Nutrição Clinica pelo Hospital das Clínicas - USP, em 
Administração de Empresas com Aprofundamento em Marketing pela Fundação Getúlio 
Vargas, em Ciências do Consumo Aplicadas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, 
membro da Academy of Nutrition and Dietetics.
Ms. Sueli Longo 
1ª Secretária
Nutricionista. Especialista em Nutrição e Esporte (ASBRAN/CFN), Mestre em Comunicação 
Social (UMESP). Sócia-proprietária do Instituto de Nutrição Harmonie.
Dra. Rosana Farah Simony Lamigueiro Toimil 
2ª Secretária
Nutricionista. Professora Adjunta do Curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana 
Mackenzie, Doutora em Ciências Medicas pela Universidade Federal de São Paulo / Escola 
Paulista de Medicina.
Dra. Marisa Lipi 
1ª Tesoureira
Nutricionista e Administradora de Empresas. Professora Titular da Universidade Metodista 
de São Paulo e Sócia-administradora da Mel Eventos Empresariais. Mestre em Nutrição pela 
Universidade de São Paulo, Especialista em Gestão de Negócios em Serviços de Alimentação 
pelo SENAC-SP.
Gestão 2019-2021
MATERIAL DESTINADO 
EXCLUSIVAMENTE 
A PROFISSIONAIS DA SAÚDE.
2021
APOIO:
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................. 7
Sistema Imune ........................................................................................................... 8
Resposta imune inata e adaptativa ......................................................................... 8
Métodos de avaliação da imunocompetência ...................................................... 11
Fatores que influenciam a imunocompetência ..................................................... 13
 Padrão alimentar ....................................................................................................... 13
 Estresse ....................................................................................................................... 14
 Gênero ......................................................................................................................... 14
 Composição corporal ............................................................................................... 14
 Idade ............................................................................................................................ 14
 Exercício físico ............................................................................................................ 14
Intestino e imunidade ............................................................................................. 15
 Oligossacarídios do leite humano .......................................................................... 15
 Probióticos .................................................................................................................. 17
Nutrição e respostas imune e inflamatória ........................................................... 18
 Ácidos graxos poli-insaturatos ômega-3 .............................................................. 18
 Proteínas ..................................................................................................................... 19
 Vitamina A .................................................................................................................. 19
 Vitaminas B6, B12 e folato ....................................................................................... 20
 B6 ................................................................................................................................. 20
 B12 ............................................................................................................................... 20
 Ácido fólico ................................................................................................................ 20
 Vitamina C .................................................................................................................. 20
 Vitamina D .................................................................................................................. 21
 Vitamina E ................................................................................................................... 22
 Zinco ............................................................................................................................ 22
 Selênio ......................................................................................................................... 23
 Cobre ........................................................................................................................... 23
 Ferro ............................................................................................................................ 23
 Flavonóides ................................................................................................................. 24
Conclusões .............................................................................................................. 24
Referência Bibliográficas ....................................................................................... 25
6
IR PARA O SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O sistema imune tem como finalidade proteger o indivíduo contra microrganismos e células tumorais, 
ao mesmo tempo que apresenta grande variedade de células e de moléculas, as quais atuam de 
modo conjunto em uma rede dinâmica e complexa. Funcionalmente, uma resposta imune apresenta 
duas etapas relevantes: reconhecimento e resposta. Cabe destacar que o reconhecimento imune 
é caracterizado por sua especificidade, sendo capaz de distinguir sutis diferenças moleculares, que 
diferenciam um microrganismo de outro.1 
Existe uma interação bidirecional entre nutrição, infecção e imunidade: a resposta imune é 
comprometida na deficiência de nutrientes, predispondo os indivíduos a infecções, e um prejuízo do 
estadonutricional pode ser exacerbado pela própria resposta imune a uma infecção. Deficiências de 
ingestão de micronutrientes são comuns em todo o mundo, e isso pode afetar o risco e a gravidade 
da infecção. Mesmo em nações desenvolvidas, onde se pode presumir que alimentos saudáveis e 
nutritivos são mais acessíveis, os fatores sociais, econômicos, educacionais, étnicos e culturais podem 
influenciar a ingestão alimentar e afetar o estado nutricional relativo a determinado micronutriente 
em um indivíduo. A resistência à infecção pode ser aumentada pela adição de nutrientes deficientes 
na alimentação.2
7
IR PARA O SUMÁRIO
SISTEMA IMUNE
O termo imunidade é derivado da palavra oriunda do latim immunitas, a qual se referia à proteção 
oferecida por ação legal aos senadores romanos durante seu mandato. Historicamente, imunidade 
significa proteção a partir de uma doença e, mais especificamente, doença infecciosa. Uma 
definição mais global para o termo imunidade é uma reação contra microrganismos, bem como 
macromoléculas estranhas, como proteínas e polissacarídeos, independentemente da consequência 
fisiológica ou fisiopatológica de tal reação.1
RESPOSTA IMUNE INATA E ADAPTATIVA 
Qualquer resposta imune envolve, primeiramente, o reconhecimento do patógeno ou outro material 
estranho e, em segundo lugar, a elaboração de uma reação dirigida a este elemento, com a finalidade de 
eliminá-lo. De uma maneira mais ampla, os diferentes tipos de resposta imune enquadram-se em duas 
categorias: respostas inata e adaptativa (Tabela 1). A principal diferença entre esses dois tipos é que a 
resposta imune adaptativa é altamente específica para um determinado patógeno. Além disso, embora 
a resposta imune inata não se altere mediante exposição a um dado agente infeccioso, a resposta 
adaptativa torna-se mais eficiente após cada encontro subsequente com o mesmo agressor.3
A imunidade inata representa linha de defesa altamente conservada entre as diferentes espécies. 
Os principais componentes da imunidade inata são: barreiras físicas e químicas, como epitélio 
e substâncias microbicidas produzidas pela superfície epitelial; proteínas do sangue, incluindo o 
sistema complemento e outros mediadores do processo inflamatório; células fagocitárias (monócitos, 
macrófagos e neutrófilos) e outros leucócitos, como as células natural killer.4,5 
Dentre as estratégias presentes na resposta imune inata, destaca-se a capacidade de 
reconhecimento de estruturas moleculares típicas presentes em patógenos. Os mecanismos da 
imunidade inata são disparados rapidamente após o organismo ter sido invadido por um patógeno, 
sendo a fagocitose o principal mecanismo da imunidade inata. Nesse contexto, destacam-se os 
macrófagos, os quais apresentam numerosos grânulos densos intracitoplasmáticos, vesículas 
endocíticas, mitocôndrias e lisossomos contendo enzimas hidrolíticas. Essas células têm, também, 
elevada emissão de pseudópodes, que se estendem a partir da superfície celular. Em contraste com 
a vida média curta de monócitos, macrófagos podem permanecer em tecidos por muitos meses — e, 
talvez, até anos. Essas células representam os principais fagócitos residentes de tecidos e cavidades 
serosas. Os processos de adesão celular e fagocitose ocorrem quando estas células se ligam aos 
agentes agressores por meio de receptores especializados, que podem se ligar a determinados 
carboidratos da parede celular microbiana ou à imunoglobulina (Ig) G e ao complemento que, 
eventualmente, estejam recobrindo o microrganismo. As propriedades endocíticas de macrófagos 
permitem a morte de microrganismos por meio dos processos de fagocitose e pinocitose, como 
também iniciam a resposta imune. Os antígenos insolúveis fagocitados e os antígenos solúveis 
pinocitados são ingeridos e degradados enzimaticamente em pequenos fragmentos, os quais 
são ligados com moléculas de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC II), 
8
IR PARA O SUMÁRIO
sendo transportados para a superfície externa da membrana plasmática, o que permite que estes 
fragmentos sejam apresentados para linfócitos T. Além disso, macrófagos são caracterizados pela 
sua alta atividade endocítica e também pela elevada capacidade de secretar grande número de 
compostos, incluindo enzimas, proteínas plasmáticas, espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio, 
prostaglandinas e citocinas, o que reforça o papel dessas células em iniciar e regular a resposta 
imune.1,6,7,8
Dentre as estratégias distintas para o reconhecimento de microrganismos pelo sistema imune 
inato de mamíferos, destaca-se o reconhecimento de modelos moleculares associados a patógenos 
(pathogen-associated molecular patterns — PAMP), os quais são produtos do metabolismo 
microbiano conservados ao longo da evolução das espécies e distribuídos amplamente entre os 
patógenos. Por exemplo, o modelo molecular do lipopolissacarídeos (LPS) é comum para todas as 
bactérias Gram-negativas, porém não é produzido pelo hospedeiro. Receptores do sistema imune 
inato que reconhecem PAMP são denominados receptores de reconhecimento de modelos, os 
quais induzem a expressão de citocinas pró-inflamatórias — por exemplo, interleucina (IL)-1β, IL-
6, fator de necrose tumoral (TNF)-α —, ao mesmo tempo em que ativam mecanismos de defesa 
antimicrobianos do hospedeiro, como a síntese de espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio. O 
reconhecimento dos PAMP também pode acarretar a indução das moléculas co-estimulatórias CD80 
e CD86 na superfície de células apresentadoras de antígenos, como macrófagos e células dendríticas. 
A indução das moléculas co-estimulatórias, juntamente com a apresentação de pequenos peptídeos 
antigênicos ligados ao MHC II na membrana das células apresentadoras de antígeno para linfócitos 
T CD4+, acopla o reconhecimento de patógenos pela imunidade inata com a ativação da resposta 
imune adaptativa.9,10,11,12,13
A imunidade adaptativa é baseada em receptores altamente específicos para determinadas regiões 
(epítopos) dos patógenos. Esses receptores estão presentes em células (linfócitos T e B) ou são 
secretados (anticorpos produzidos por linfócitos B). Diante de um processo infeccioso, linfócitos T e 
B proliferam e produzem elevado número de células-filhas idênticas (expansão clonal). A resposta 
imune adaptativa pode ser subdividida em dois tipos, ou seja, imunidade humoral e imunidade 
mediada por células. A imunidade humoral é mediada por moléculas presentes no sangue e em 
secreções das mucosas, denominadas anticorpos, que são sintetizados por linfócitos B. Anticorpos 
reconhecem antígenos microbianos, neutralizam microrganismos e “marcam” esses patógenos para 
serem eliminados por diversos mecanismos efetores. A imunidade humoral é o principal mecanismo 
de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas, uma vez que a ligação dos anticorpos 
a estes microrganismos e toxinas favorece a eliminação deles.1,11
A imunidade mediada por células, também denominada imunidade celular, é decorrente da ação de 
linfócitos T. Microrganismos intracelulares, como vírus e algumas bactérias, sobrevivem e proliferam 
dentro de fagócitos e outras células do hospedeiro, onde esses patógenos são inacessíveis aos 
anticorpos circulantes. A defesa contra esse tipo de infecção é desencadeada pela imunidade 
mediada por células, a qual promove a destruição dos microrganismos que residem em fagócitos 
ou a morte de células infectadas, as quais atuam como reservatórios de patógenos. No tocante à 
infecção viral, a primeira linha de defesa do sistema imune envolve a expressão de interferons do 
tipo 1 (IFN-α e IFN-β), que são citocinas secretadas por vários tipos celulares, com destaque para as 
9
IR PARA O SUMÁRIO
células dendríticas plasmocitoides. O IFN do tipo 1 induz aumento da expressão de genes envolvidos 
na inibição da replicação e disseminação viral no estágio inicial da infecção. A ativação da resposta 
imuneadaptativa é iniciada com a apresentação de antígenos virais por células dendríticas para 
linfócitos T citotóxicos (T CD8+), que tem papel fundamental na morte de células do hospedeiro 
infectadas por vírus, ao mesmo tempo em que linfócitos T helper estão envolvidos na síntese de IFN 
do tipo 1 e de citocinas com ação pró-inflamatória e anti-inflamatória. A adequada funcionalidade 
da resposta imune adaptativa em todos os seus estágios promove a eliminação da infecção viral 
e a recuperação do organismo.14,15,16 
Fonte: Adaptado de Shepard, Shek, 199417 e Abbas et al 199718
Tabela 1. Características das imunidades inata e adaptativa.
Características Imunidade Inata Imunidade
Adaptativa
Células
Proteínas do sangue
Barreiras celulares
e químicas
Especificidade
Diversidade
Memória
Não-reatividade
ao próprio
Fagócitos (macrófagos, 
neutrófilos), células dendríti-
cas, células natural killer, 
mastócitos, células linfoides 
inatas
Para moléculas 
compartilhadas por grupos 
relacionados de 
microrganismos e moléculas 
produzidas a partir de células 
lesadas do hospedeiro
Limitada; reconhecimento de 
moléculas codificadas por 
genes da linhagem germina-
tiva
Muito ampla; genes que 
codificam receptores são 
formados por recombinação 
somática de segmentos de 
genes em linfócitos
Linfócitos presentes no 
epitélio; anticorpos secreta-
dos na superfície epitelial
Sistema complemento, 
diversas lectinas e aglutininas 
Não ou limitada
Linfócitos T e B 
Anticorpos
Sim Sim
Sim
Pele, mucosa epitelial, 
Moléculas antimicrobianas
Para antígenos de 
microrganismo e não 
microbianos
10
IR PARA O SUMÁRIO
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA IMUNOCOMPETÊNCIA 
Apesar de não haver um parâmetro único que caracterize a função imunológica, tanto a contagem 
no sangue periférico e a avaliação da função de células envolvidas na imunidade inata (por exemplo, 
neutrófilos, monócitos e células NK), quanto a contagem de células circulantes envolvidas na imuni-
dade adquirida (linfócitos T e B) e a avaliação de algumas funções (por exemplo, resposta prolifera-
tiva) ou marcadores de ativação (por exemplo, expressão de CD45RO e CD38) dessas células podem 
ser mensuradas. Os valores normais para indivíduos saudáveis são estabelecidos para a contagem 
dos principais leucócitos e de algumas subclasses de linfócitos. Contudo, valores absolutos para a 
maioria das avaliações funcionais não podem ser utilizados para indicar função imune anormal, a me-
nos que comparações simultâneas com um grupo controle sejam feitas ou que valores basais obtidos 
a partir de indivíduos saudáveis tenham sido previamente estabelecidos. Dentre estas avaliações fun-
cionais de imunocompetência, por exemplo, incluem-se a determinação (i) do burst respiratório de 
neutrófilos e de monócitos, (ii) da expressão na membrana plasmática de moléculas do MHC II por 
monócitos e (iii) da capacidade proliferativa de linfócitos.1,11,16,19
Um aspecto importante na avaliação da imunocompetência é o tamanho do efeito e sua importância 
fisiológica. Pequenas amplitudes (< 10%) nos índices selecionados da função imune podem não ser 
clinicamente relevantes, especialmente se os valores estão dentro da faixa de normalidade. Signifi-
cativa melhora em um ou mais aspectos da imunocompetência é comumente relacionada à redução 
do risco de infecção, embora o risco de infecção também dependa do grau de exposição para patóge-
nos, bem como da ocorrência de exposição prévia ao mesmo.11,16,19 
Os biomarcadores relativos à avaliação da função imunológica podem ser classificados em 
relação à precisão em: muito boa, boa, moderada e ruim (Tabela 2). Nesse contexto, a síntese de 
imunoglobulinas séricas específicas para uma vacina, a resposta de hipersensibilidade do tipo tardio 
HTT, a concentração de IgA secretória salivar total ou específica para uma vacina e a resposta para 
patógenos atenuados são classificadas como marcadores de alta adequação. Entre os biomarcadores 
de adequação média, destacam-se a atividade citotóxica de células NK, o burst oxidativo de fagócitos, 
a proliferação de linfócitos e o modelo de síntese de citocinas a partir de células imunes ativadas. É 
fundamental destacar que a análise de um único biomarcador de imunocompetência não permite 
caracterizar a função imunológica de um indivíduo. Portanto, a combinação de parâmetros de alta 
e média adequação é considerada a melhor intervenção para a avaliação da imunocompetência em 
estudos de intervenção nutricional em humanos.16,19
11
IR PARA O SUMÁRIO
Tabela 2. Biomarcadores da função imunológica em humanos
Fonte: Adaptado de Albers et al.16
Contagem de células 
e subclasses de 
leucócitos
Determinação 
automatizada 
rápida
Tempo elevado de ensaio
Ensaio necessita de diversos 
dias de incubação
------
------
------
------
------
------
Tempo elevado de ensaio
Tempo elevado de ensaio
Atividade depende da 
dose e do tipo de 
estímulo utilizado
Não necessariamente se 
relaciona com a 
capacidade de killing. 
Apenas mede o percentual 
de células ativadas
Não fornece informações 
sobre a função celular
Método Porcentagem Precisão Vantagens Desvantagens
Ensaio necessita de 
células-alvo marcadas 
com 51Cr
Não fornece informação 
sobre a concentração de 
anticorpos específicos para 
determinado antígeno
Concentração de IgA 
salivar é afetada pela 
taxa de fluxo da saliva
Resposta apenas 
específica para o 
antígeno testado; teste 
não pode ser repetido 
no mesmo indivíduo
Medidas devem ser feitas 
24-48 horas após a 
injeção
Presença de outras 
variáveis na interpretação 
dos resultados
Simples e de baixo 
custo. Apenas 
necessita de 
questionários
Resultado é 
relacionado à 
imunidade 
mediada por 
células in vivo
Resultado é 
relacionado à 
imunidade humoral 
in vivo
Ensaio ELISA 
simples
Ensaio 
turbidimétrico 
simples
Ensaio 
turbidimétrico 
simples
Relacionada à 
atividade de 
apresentação de 
antígenos por 
monócitos
Excelente 
parâmetro de 
avaliação funcional
Resultado é 
relacionado à 
capacidade de 
killing
Ensaio simples
Incidência de infecção 
por autoavaliação de 
sintomas relacionados 
a infecções do trato 
respiratório superior
Resposta de 
hipersensibilidade 
do tipo tardia frente 
à injeção de 
antígenos na pele
Resposta de 
anticorpos 
específicos para 
vacinação
Imunoglobulinas 
séricas (IgA, IgG e 
IgM totais)
Proteínas do sistema 
complemento séricas
Atividade citolítica de 
células NK
Síntese de anticorpos 
por linfócitos
Proliferação de 
linfócitos
Síntese de citocinas a 
partir de monócitos ou 
linfócitos
Expressão na 
membrana 
plasmática de 
moléculas do MHC II
Burst oxidativo de 
neutrófilos ou de 
monócitos
Fagocitose de 
neutrófilos
Degranulação de 
neutrófilos
IgA salivar
Muito boa
Moderada
Moderada
Moderada
Moderada
Moderada
Moderada
Muito boa
Muito boa
Muito boa
Boa
Ruim
Boa
Boa
Boa
2-5%
2-5%
2-5%
5-10%
5-10%
5-10%
5-10%
5-10%
~10%
~10%
~10%
Não
conhecida
Não
conhecida
Não
conhecida
10-20%
12
IR PARA O SUMÁRIO
FATORES QUE INFLUENCIAM A IMUNOCOMPETÊNCIA 
A imunocompetência é influenciada por uma variedade de fatores específicos de cada indivíduo e por 
fatores técnicos, os quais, em um protocolo de estudo “ideal”, devem ser estritamente controlados 
no intuito de reduzir a variação no efeito dos parâmetros de avaliação da resposta imune (Tabela 3).
A seguir serão abordados os principais fatores específicos que modulam a função imune em estudos 
de intervenção em humanos.
Padrão alimentar: o padrão alimentar representa um fator específico que pode modular a 
imunocompetência. Aliado a esse fato, a investigação de deficiências nutricionais, bem como a 
investigação da ingestão de suplementos nutricionais são fatores que interferem na avaliação da 
resposta imune de um indivíduo. Entretanto, a escolha dos nutrientes — que podem apresentar 
propriedades anti-inflamatórias ou promover melhora da resposta imune —é dependente da situação 
clínica, visto que não há um consenso na literatura sobre o aumento da ingestão de micronutrientes 
específicos acima da recomendação diária de ingestão na modulação da imunocompetência em 
indivíduos saudáveis. Nesse contexto, por exemplo, a ingestão em excesso de vitamina E, de ferro e de 
zinco prejudica a função imune e acarreta aumento da suscetibilidade a infecções.19,20 
Tabela 3. Fatores específicos individuais que modulam a função imune em 
estudos de intervenção em humanos.
Idade
Gênero (hormônios, ciclo menstrual)
Composição corporal
Dieta (por exemplo, consumo de probióticos, suplementação de micronutrientes)
Exercício físico
Tabagismo 
Genético (alto/baixo “respondedor”)
Presença de infecções ou outras doenças
Estresse psicológico 
Deprivação do sono
Álcool, medicamentos 
História de vacinação e infecção
13
IR PARA O SUMÁRIO
Estresse: o estresse psicológico influencia a função imune por meio de nervos autonômicos que inervam 
o tecido linfoide e por alterações da imunocompetência mediadas por hormônios do estresse — 
particularmente adrenalina e glicocorticoides —, os quais são potentes moduladores da função imune. 
Cabe destacar que o estresse psicológico crônico promove diminuição da concentração salivar de IgA.21 
Gênero: o gênero representa outro fator relevante que deve ser criteriosamente analisado antes de se 
iniciar a avaliação da imunocompetência, uma vez que hormônios endógenos sintetizados durante o 
ciclo menstrual, bem como hormônios exógenos na forma de contraceptivos ou aqueles utilizados em 
terapia de reposição hormonal, afetam a resposta imune — por exemplo, síntese de citocinas —, o que 
implica que mulheres sejam classificadas como pré-menopausadas (com ou sem contraceptivos) e pós-
menopausadas (com ou sem terapia de reposição hormonal).16,19 
Composição corporal: a composição corporal é outro fator que pode influenciar a função imune, uma 
vez que indivíduos podem apresentar inflamação crônica, de baixa intensidade e sistêmica associada à 
obesidade, fato este que pode interferir nos efeitos imunomodulatórios decorrentes de uma intervenção 
dietética.16,19 
Idade: nesse contexto, também se destaca o fator idade da população a ser estudada, uma vez que a 
imunocompetência em idosos pode ser menor quando comparada a indivíduos jovens, especialmente 
quando idosos apresentam baixa ingestão de nutrientes.16,19 Essa redução da imunocompetência é 
chamada de imunossenescência. Um fator relacionado à imunossenescência é a diminuição da liberação 
de células do sistema imune a partir da medula óssea. Além disso, a involução do timo — a qual ocorre 
com a idade — reduz a capacidade de produção de linfócitos T não ativados (“naive”), o que resulta em 
menor capacidade de resposta diante da exposição do organismo a novos antígenos. De modo geral, a 
imunossenescência indica que, indivíduos idosos, quando comparados a adultos jovens, apresentam 
maior suscetibilidade para infecções — incluindo infecções do trato respiratório — e menor capacidade de 
resposta para vacinação.22,23 
A mucosa intestinal é o maior local do sistema imune em humanos, sendo que o envelhecimento está 
relacionado com redução da IgA secretória, prejuízo da tolerância oral frente a novos antígenos e 
diminuição da funcionalidade de células dendríticas presentes no intestino. Diante das informações 
supramencionadas, aventa-se que a imunossenescência pode representar um fator que predispõe idosos 
para quadros mais graves da COVID-19.24
Paradoxalmente, o envelhecimento está relacionado ao aumento da concentração plasmática de 
mediadores pró-inflamatórios, cujo fato é chamado de “inflammageing”. Tal condição pode contribuir 
para o aumento do risco cardiometabólico, de câncer, de doenças neurodegenerativas, bem como pode 
predispor o organismo, quando infectado, para uma resposta inflamatória de maior intensidade, a qual 
pode prejudicar a resposta imune adquirida.25
Exercício físico: além disso, o sistema imune é influenciado agudamente e, em uma menor extensão, 
cronicamente pelo exercício. Dados epidemiológicos e experimentais sugerem que o exercício moderado 
aumenta a imunocompetência, enquanto durante o treinamento intenso e após um evento competitivo 
exaustivo e prolongado há aumento do risco de ocorrência de infecções do trato respiratório superior.26 
14
IR PARA O SUMÁRIO
Finalmente, a ausência de infecções e de doenças relacionadas ao sistema imune é um pré-requisito 
fundamental em estudos sobre imunologia nutricional. De acordo com a avaliação dos fatores específicos 
acima descritos, os indivíduos podem ser adequadamente analisados quanto a sua função imune.
INTESTINO E IMUNIDADE 
O epitélio intestinal é constantemente exposto a diversos alimentos e antígenos bacterianos. 
Em condições fisiológicas normais, ocorre um fluxo controlado e seletivo de componentes entre 
o lúmen intestinal e a mucosa subjacente. O intestino e o tecido linfoide associado ao intestino 
(GALT) são componentes essenciais da defesa imunológica, protegendo o organismo de patógenos, 
enquanto tolera bactérias comensais e antígenos dietéticos. O equilíbrio entre tolerância e 
imunidade no intestino é, em parte, ditado pelas populações de células apresentadoras de antígeno 
(APCs). A desregulação desse equilíbrio pode contribuir para a ocorrência de inúmeras condições 
inflamatórias. Por outro lado, a interação de bactérias comensais e probióticos pode exercer efeitos 
imunomoduladores.27 
Por meio da secreção de anticorpos, o GALT inibe a colonização de bactérias causadoras 
de doenças e reduz a ocorrência de infecções na mucosa. As células epiteliais intestinais são 
colonizadas por uma grande variedade de bactérias (até 500 espécies de bactérias), e formam 
uma barreira mecânica que separa o ambiente externo do meio interno do hospedeiro. As 
células epiteliais intestinais também são capazes de detectar antígenos bacterianos e iniciar, 
participar ou regular as respostas imune inata e adquirida por meio da transdução de sinais 
de patógenos luminais para células imunes adjacentes presentes na lâmina própria, como 
macrófagos, células dendríticas e linfócitos, cujas células participam do sistema imunológico da 
mucosa intestinal.28
Oligossacarídios do leite humano
O leite humano (LH) maduro possui de 10 a 15g/L e o colostro de 20 a 25g/L de carboidratos 
complexos29 conhecidos como oligossacarídeos do leite humano (HMOs), que são glicanos 
complexos solúveis presentes no leite na sua forma livre. Foram identificados até o momento 
mais de 200 HMOs, dos quais 150 diferentes e estruturalmente distintos. Embora diferentes, sua 
composição apresenta um esquema básico com cinco principais estruturas: glicose, galactose, 
N-acetilglicosamina, fucose e ácido N-acetilneuramínico.30,31 Praticamente todos os HMOs carregam 
lactose na extremidade redutora.3 No entanto, a sua composição é influenciada pela genética 
materna, como o estado secretor e o grupo sanguíneo.30,31
Os HMOs resistem ao pH ácido do estômago e a ação das enzimas do pâncreas e da borda em 
escova do intestino delgado.32 Por volta de 1% dos HMOs é absorvido e aparecem na circulação e 
na urina.33,34 Por outro lado, a maioria chega intacta ao intestino delgado distal e cólon onde é 
metabolizada por microrganismos ou excretada pelas fezes.
15
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Considerando que o recém-nascido apresenta imaturidade do sistema imunológico, compreende-se 
a importância dos HMOS uma vez que apresentam ação indireta no lactente por meio de alterações 
nas comunidades microbianas e também ação direta como na modulação das respostas das células 
epiteliais ou imunes. 
Ação indireta
Função prebiótica: HMOs atuam como substratos metabólicos promovendo o crescimento de 
bactérias específicas e benéficas presentes no intestino de lactentes35, inclusive os gêneros 
Bifidobacteria e Bacteroides.36
Função antimicrobiana, bacteriostática e bactericida:HMOs interrompem o crescimento de 
Streptococcus agalactiae31-37, que é o causador de infecções bacterianas invasivas e associado 
ao risco de pneumonia, septicemia e meningite no recém-nascido.37,38 Além disso, apresentam 
sinergia com antibióticos como vancomicina e ciprofloxacino, o que se mostra relevante quando se 
considera a resistência antibiótica.39 
Efeito antiadesivo: HMOs imitam os glicanos da superfície epitelial e servem como receptores 
solúveis. Em decorrência, os patógenos em vez de ligarem-se às superfícies epiteliais e causarem 
doenças, ligam-se aos HMOs solúveis e são eliminados sem aderir e sem causar doenças. Isto 
ocorre com patógenos como Campylobacter jejuni40, E. coli enteropatogênica41 e parasitas 
protozoários como Entamoeba histolytica.42
Os efeitos prebiótico e antimicrobiano foram relatados em estudo randomizado, controlado, realizado 
em lactentes que receberam fórmula infantil suplementada com dois HMOs, 2’FL (2’ fucosilactose) e 
LNnT (lacto-N-neotetraose). Após 3 meses, o perfil global da microbiota se aproximou ao observado nos 
lactentes amamentados, devendo-se esse fato ao aumento das bifidobactérias e a redução concomitante 
de E. coli e Peptostreptococcus. Além de apresentarem menor número de doenças do trato respiratório 
inferior e de uso de medicamentos, especialmente antibióticos e antipiréticos.43
Os efeitos antimicrobiano e antiadesivo ficam evidentes em estudos de associação entre a concentração 
de HMOs do leite humano e a incidência de diarreia infecciosa nos lactentes.44,45 Assim, HMOs fucosilados 
a1-2 associaram-se com menor incidência de diarreia por C. jejuni, calicivirus e E. coli enteropatogênica. 
HMOs 2’FL, com diarreia por C. jejuni e HMOs LNFP-I com diarreia por calicivirus. 
Ação direta
Efeito imunomodulador: a função de barreira é considerada a primeira linha de defesa da imunidade 
inata. Os HMOs reduzem a proliferação das células da cripta intestinal46,47, além de promover a 
maturação das células intestinais e aumentar a função de barreira.47 As mucinas produzidas pelas 
células caliciformes atuam como lubrificantes e como barreira física protetora entre o epitélio 
intestinal e o conteúdo luminal. Os HMOs também influenciam a função das células caliciformes.42-48 
16
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Esses efeitos afetam indiretamente os microorganismos, de tal forma que as células epiteliais, por 
exemplo, da bexiga, expostas aos HMOs, são mais resistentes a invasão e a citotoxicidade por E. coli 
uropatogênica.49
Efeito sistêmico sobre células imunes: os HMOs podem alterar as respostas das células imunes, seja 
localmente no intestino, ou sistemicamente. 
A infiltração excessiva de leucócitos causa dano tecidual grave em várias doenças inflamatórias. O 
passo inicial no extravasamento de leucócitos é mediado por selectina, que, por sua vez, é importante 
mediador de interação célula-célula no sistema imune.50,51 Os HMOs têm similaridades estruturais e 
contém determinantes de ligação com a selectina, sendo capazes de afetar a adesão de leucócitos a 
células endoteliais, contribuindo para menor incidência de doenças inflamatórias.50 As plaquetas formam 
complexos com neutrófilos (PNC) durante o processo inflamatório. A formação desse complexo requer 
muita selectina e como tal pode ser influenciada pelos HMOs. A fração ácida do HMO reduz a formação 
de PNC em até 20%. Este fato leva à hipótese de que a fração ácida dos HMOs age como componente 
anti-inflamatório do LH.51 Em suma, o efeito sistêmico é exercido pela ligação dos HMOs à selectina, 
indicando que seus efeitos alcançam outros tecidos e órgãos além do intestino.50,51
Até agora, relativamente poucos estudos com HMOs analisaram os desfechos imunes. Lactentes humanos 
alimentados com fórmula infantil suplementada com 2’FL foram comparados com lactentes recebendo 
LH. A estimulação ex vivo das células mononucleares de sangue periférico com vírus sincicial respiratório-
VSR mostrou resultados similares em relação a capacidade de síntese de citocinas (IL-1a, IL-1b, IL-6, TNF-a, 
IL-1ra, IFN-a2, IFN-g, IL-10). Por sua vez, em comparação com lactentes alimentados com fórmula infantil 
sem suplementação de HMOs, observou-se, nas células, menor capacidade de síntese de fator de necrose 
tumoral (TNF-a) e de interferon gama (IFN-g); de receptor antagonista (IL-1ra); com tendência a níveis 
menores de interleucinas IL-a, IL-1b e IL-6.52
Probióticos
Estudos demonstraram que a ingestão de algumas cepas probióticas pode afetar a resposta 
imune com diferentes manifestações.53 O consumo de iogurte fermentado com cepas de 
Lactobacillus delbrueckii ssp mostrou aumento da atividade das células natural killer. As cepas 
B. lactis e Lactobacillus rhamnosos também demostraram influência positiva na atividade de 
células natural killer.54 O uso de cepas tratadas termicamente, em suplementos com L. plantarum 
L-137 e Lactobacillus crispatus, foi associado com aumento da concentração plasmática de IL-12 
e modulação do equilíbrio das células Th tipo 1 / tipo 2, respectivamente.53,55 Foi sugerido que a 
suplementação de probióticos reduz a gravidade ou encurta a duração de infecções do trato 
respiratório de origem viral.56
Probióticos podem modular a imunocompetência e manter a atividade das células da mucosa 
intestinal, contribuindo para a adequada função do sistema imunológico. No entanto, nem todos 
17
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os probióticos demonstram benefícios semelhantes à saúde56, uma vez que os efeitos probióticos 
tendem a ser específicos da cepa.27 Há ainda carência de estudos suficientes para uma meta-análise 
de subgrupo, sem evidências da eficácia da suplementação de probióticos de acordo com o gênero 
probiótico e a dose.57
NUTRIÇÃO E RESPOSTAS IMUNE E INFLAMATÓRIA 
Previamente à análise dos efeitos de determinados nutrientes sobre as respostas imune e inflamatória, 
cabe ressaltar quais áreas relacionadas com a imunocompetência podem ser moduladas por nutrientes 
específicos. Nesse sentido, destacam-se três locais de ação: integridade das mucosas, função de defesa 
celular e inflamação local ou sistêmica. A funcionalidade da mucosa intestinal representa a primeira linha de 
defesa contra a translocação de patógenos, sendo considerada relevante em relação à administração inicial 
de nutrição enteral em pacientes gravemente enfermos. Além disso, disponibilidade adequada de substratos 
é essencial na manutenção da estrutura e da funcionalidade das mucosas. Componentes essenciais das 
respostas inflamatória e imune são representados pela ativação de sistemas, como de coagulação e 
complemento. Além disso, diversos mediadores estão envolvidos, incluindo citocinas, eicosanoides, fator 
ativador plaquetário e óxido nítrico (NO), bem como cininas e aminas vasoativas. A resposta inflamatória 
sistêmica pode prejudicar a microcirculação, a troca gasosa pulmonar, a permeabilidade vascular, a 
coagulação e a utilização de substratos e, desse modo, pode influenciar a função orgânica.16,19,20
Ácidos graxos poli-insaturados ômega-3: Os ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 (ω-3) — ácido 
eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA) — e ômega 6 (ω-6) exercem relevante modulação na 
resposta inflamatória, uma vez que originam diferentes séries de eicosanoides, as quais têm efeitos distintos 
em relação à intensidade da resposta inflamatória. Nesse contexto, o ácido graxo araquidônico (ω-6) gera 
eicosanoides de série par, como a prostaglandina E2 e o leucotrieno B4, os quais induzem efeitos pró-
inflamatórios, como aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação, febre e quimiotaxia. Não obstante, 
a prostaglandina E2 também apresenta efeitos anti-inflamatórios, como redução da produção de IL-1 e 
TNF-α. O ácido graxo EPA atua como precursor de eicosanoides de série ímpar, como prostaglandina E3, 
tromboxano A3 e leucotrieno B5, os quais induzem uma resposta inflamatória de menor intensidade. Por 
exemplo, o leucotrienoB5 é de 10 a 100 vezes menos potente como agente quimiotático para neutrófilos 
em comparação ao leucotrieno B4. O EPA também atua como um inibidor competitivo pelas enzimas COX-2 
e 5-LOX em relação ao ácido araquidônico e, desse modo, promove a redução da síntese de eicosanoides de 
série par.58,59 
No tocante aos efeitos moleculares do EPA e do DHA na modulação da resposta inflamatória, estudos 
evidenciam que esses ácidos graxos inibem a expressão de genes inflamatórios, como a COX-2, a 
enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS) e a IL-1, em macrófagos. Nesse sentido, constata-se que 
o EPA e o DHA possuem a capacidade de atenuar a ativação da via do fator de transcrição designado 
fator nuclear kappa B (NF-κB) induzida por agonistas. Além desses efeitos, o EPA e o DHA apresentam 
outro mecanismo de modulação da resposta inflamatória por meio da ligação desses ácidos graxos ao 
18
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receptor 120 acoplado à proteína G (GPR120), também designado receptor 4 de ácidos graxos livres 
(FFA4). A ativação do GPR120 induzida por EPA ou DHA promove a redução da expressão de genes 
com ação pró-inflamatória, como o TNF-α e a IL-6. Outro mecanismo relacionado ao efeito dos ácidos 
graxos EPA e DHA refere-se à capacidade de ligação desses ácidos graxos aos receptores ativados por 
proliferadores de peroxissomos (PPAR), que incluem as isoformas PPAR-alfa, PPAR-gama e PPAR-beta/
delta e são um grupo de receptores nucleares codificados por diferentes genes. A ativação do PPAR-
alfa e do PPAR-gama promove a redução da expressão de genes que codificam proteínas com ação 
pró-inflamatória, por meio da inibição da ativação do fator de transcrição NF-κB. Aliado a esses fatos, 
verifica-se que EPA e DHA também contribuem para a síntese de mediadores lipídicos pró-resolução, 
como resolvinas, maresinas e protectinas, os quais reduzem a resposta inflamatória.60,61,62 
 
Proteínas: a ingestão inadequada de proteínas diminui a capacidade de barreiras físicas e também 
altera suas funções. A pele perde o colágeno nos tecidos conjuntivos e torna-se mais fina. Causa 
uma redução na concentração de anticorpos na mucosa e redução no tamanho das microvilosidades 
no intestino, resultando em ambiente mais propício ao agressor.63 O sistema complemento é 
prejudicado na desnutrição proteica, o que prejudica a capacidade de atuação de fagócitos.
Peptídeos e proteínas antimicrobianas, como defensinas, lisozimas e quimiocinas, desempenham um 
papel crítico na prevenção e combate a microrganismos invasores. Além disso, participam de outras 
funções biológicas, como apoptose, cicatrização de feridas e modulação imunológica.64 
A redução da ingestão proteica pode ocorrer concomitante a deficiência de micronutrientes, como 
vitamina A, vitamina E, vitamina B6, vitamina C, folato, zinco, ferro, cobre e selênio. Na desnutrição, a 
maioria dos mecanismos de defesa é comprometida, mesmo que a deficiência nutricional seja apenas 
de gravidade moderada. A desnutrição grave e crônica pode induzir atrofia do timo e outros órgãos 
linfoides, comprometendo a defesa do organismo.65
Vitamina A: a vitamina A é uma vitamina lipossolúvel, que é necessária para a boa visão, promove 
crescimento e desenvolvimento, protege o epitélio e a integridade da mucosa do corpo. Desempenha 
papel conhecido no aumento da função imunológica participando das respostas imunes celular e humoral. 
A suplementação de vitamina A para bebês mostrou potencial para melhorar a resposta de anticorpos 
após algumas vacinas, como sarampo. Além disso, uma melhor resposta imunológica ao vírus influenza 
também foi observada em crianças com deficiência da vitamina A, após sua suplementação.56
Fontes alimentares da vitamina A são constituídas principalmente por fígado, gema do ovo e leite. 
Certos carotenoides (encontrados nas verduras, legumes e frutas) podem ser convertidos no 
organismo em vitamina A.65 
A vitamina A é necessária para a manutenção da integridade estrutural e funcional da mucosa 
intestinal, bem como participa da diferenciação, proliferação e funcionalidade das células envolvidas 
na imunidade inata e adquirida.2 Na deficiência de ingestão de vitamina A, pode ocorrer redução da 
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contagem de leucócitos no sangue periférico e da imunocompetência. Outras consequências da deficiência 
de vitamina A são o comprometimento da integridade do epitélio pulmonar, gastrointestinal e urinário, o 
que pode favorecer a ocorrência de infecções.65
 
Vitaminas B6, B12 e folato: essas três vitaminas do complexo B estão envolvidas na modulação da resposta 
imune e na manutenção da barreira intestinal.66
B6: Participa da diferenciação e proliferação de linfócitos, bem como influencia na migração dessas células 
para o intestino.2,63,66 
B12: participa em vias relacionadas à síntese de DNA, cujo fato é relevante na proliferação celular. Sua 
deficiência impacta diretamente o metabolismo do folato, bem como pode reduzir a contagem de linfócitos 
e reduzir a atividade de células natural killer.63
A deficiência de vitamina B12 acarreta redução da regeneração da metionina e, consequentemente, 
diminuição da S-adenosil-metionina e aumento da homocisteína e da S-adenosil-homocisteína. 
Ao mesmo tempo, verifica-se acúmulo intracelular de 5-metiltetraidrofolato, enquanto outras 
formas de tetraidrofolato, especificamente, o 10-formiltetraidrofolato — necessário para a 
síntese de purinas — e o 5,10-metilenotetraidrofolato — necessário para a síntese de timidilato — 
diminuem de concentração intracelularmente. Este “sequestro” de folato intracelular na forma de 
5-metiltetraidrofolato resulta na deficiência intracelular de outras formas de folato, incluindo aquelas 
necessárias para a síntese de novo de desoxinucleotídeos. Tais fatos estão associados com prejuízo da 
síntese de purinas e, posteriormente, da síntese de DNA e RNA, levando a alterações na secreção de 
imunoglobulinas.63,66 
Ácido fólico: desempenha um papel crucial na síntese de ácidos nucleicos.63 É essencial para a ação de 
células T reguladoras no intestino delgado, atividade citotóxica das células natural killer, bem como favorece 
a resposta Th1 e produção de anticorpos.2,66
Vitamina C: as principais fontes dietéticas de vitamina C são frutas, legumes e verduras. Assim como a 
vitamina E, a vitamina C possui função antioxidante, mas ao contrário da vitamina E, a vitamina C é solúvel 
em água, e não nos lipídios. A vitamina C age como principal antioxidante da fase aquosa e reforça os 
efeitos de outros antioxidantes, como a vitamina E e a glutationa.2,65 
A vitamina C atua em várias funções relacionadas à imunidade inata e adquirida.63 Favorece a 
manutenção da função de barreira contra patógenos, bem como está envolvida na síntese de colágeno, 
melhora da diferenciação de queratinócitos e favorece a proliferação e migração de fibroblastos.2,66 
20
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Além disso, a vitamina C presente em células fagocíticas, como neutrófilos, pode auxiliar a quimiotaxia, 
fagocitose, burst oxidativo e killing. Em linfócitos, aumenta a diferenciação e a proliferação de células 
B e T, provavelmente devido aos seus efeitos na modulação da expressão gênica.67 Cabe destacar que a 
deficiência de vitamina C resulta em prejuízo da imunocompetência e maior suscetibilidade a infecções, as 
quais afetam significativamente o estado nutricional relativo à vitamina C.67
Vitamina D: a vitamina D desempenha papel importante na modulação das respostas imune inata e 
adaptativa.56 
O precursor da vitamina D pode ser sintetizado na pele pela exposição à luz solar. Seres humanos sintetizam 
vitamina D3 (colecalciferol) na pele após a exposição à radiação ultravioleta B.68 Uma pequena quantidade é 
obtida pela ingestão alimentar de óleo de peixe, óleo de fígado de bacalhau e gema de ovo, ou suplementos 
(na forma de colecalciferol ou de ergosterol [Vitamina D2]).
65 A vitamina D é hidroxilada no fígado paraproduzir 25-hidroxivitamina D (25OHD3), o principal metabólito circulante da vitamina, o qual é utilizado 
para avaliar o estado nutricional relativo à vitamina D. Posteriormente, 25OHD3 sofre nova hidroxilação 
para produzir 1,25- dihidroxivitamina D (1α,25[OH]2D3), ou calcitriol, o hormônio que se liga ao receptor da 
vitamina D para mediar suas ações biológicas. 
A enzima 1-alfa hidroxilase, que catalisa esta etapa de ativação, é expressa no rim e em uma variedade 
de tecidos extra-renais, incluindo leucócitos e epitélio pulmonar, e sua expressão é induzida por ligantes 
virais e bacterianos. Assim, 1α,25[OH]2D3 pode ser sintetizada no pulmão em resposta à infecção pulmonar 
quando o substrato 250OHD3 está disponível (ou seja, em indivíduos com adequado status de vitamina D). 
O receptor de vitamina D é constitutivamente expresso em neutrófilos, macrófagos e células dendríticas 
e sua expressão é induzida em linfócitos após estímulos específicos. Tais fatos indicam papel relevante 
da vitamina D na modulação das respostas imune e inflamatória. O calcitriol pode ser sintetizado por 
neutrófilos e por células apresentadoras de antígenos, como macrófagos e DCs, uma vez que essas células 
expressam as enzimas 25-hidroxilase e 1α-hidroxilase, as quais estão envolvidas na síntese da 25OHD3 e da 
1α,25[OH]2D3, respectivamente. Considerando que linfócitos apenas expressam a enzima 1α-hidroxilase, 
estas células podem apenas converter a 25OHD3 em 1α,25[OH]2D3.
63 
A 1α,25[OH]2D3 induz respostas antimicrobianas de amplo espectro que são eficazes contra vírus e 
bactérias. A forma ativa da vitamina D no organismo regula proteínas antimicrobianas responsáveis por 
modificar a microbiota intestinal, o que protege a mucosa intestinal.66 A vitamina D ativa ainda reduz 
a expressão de citocinas pró-inflamatórias e aumenta a expressão de citocinas anti-inflamatórias por 
macrófagos.66
A elucidação das ações imunomoduladoras da vitamina D in vitro despertou interesse de Jollife et al68 em 
conduzirem uma revisão sistemática de estudos clínicos pertinentes, composta por estudos transversais, 
de caso controle de coorte e ensaios clínicos, a qual investigou a relação entre a dosagem da 
25OHD3 ou manifestações clínicas de deficiência de vitamina D ou efeito de ingestão alimentar 
ou administração de vitamina D ou seus análogos, em risco de infecção respiratória aguda ou 
exacerbação aguda de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Esta revisão sistemática 
21
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demonstrou associações consistentes entre deficiência de vitamina D e suscetibilidade a infecções 
respiratórias agudas, mas sugere que mais estudos de intervenção sejam realizados em populações com 
elevada prevalência de deficiência de vitamina D na linha de base. 
Autores sugerem que a suplementação com vitamina D, em caso de deficiência, é associada com redução 
de infecções agudas do trato respiratório.2 Segundo revisão recente, cinco meta-análises demonstraram 
que a suplementação com vitamina D em adultos e crianças pode reduzir o risco de infecção no trato 
respiratório, sendo que melhores resultados foram alcançados naqueles indivíduos com baixa concentração 
de vitamina D no início do ensaio.66 
Vitamina E: a vitamina E ocorre em grande variedade de alimentos de origem vegetal. Alguns óleos 
vegetais, como os de germe de trigo, de milho e de soja são especialmente ricos na vitamina. Há estudos 
experimentais mostrando que a deficiência de vitamina E compromete vários aspectos da resposta imune, 
entre eles a imunidade mediada por células B e T.65
A vitamina E é uma vitamina solúvel em gordura com potente efeito antioxidante e atua com outros 
nutrientes, especialmente antioxidantes presentes na dieta e a vitamina A, causando diminuição na 
produção de peróxido de hidrogênio.63 Desta forma, protege as membranas celulares de danos causados 
pelas espécies reativas de oxigênio e favorece a integridade das barreiras epiteliais. Participa da produção 
de IL-2, proliferação de linfócitos e atividade citotóxica das células natural killer; diminui a produção de PGE2 
(protegendo indiretamente a função das células T), otimiza a resposta Th1 e suprime a resposta Th2.2,66
Cabe destacar que a deficiência da vitamina E pode acarretar prejuízo da imunidade humoral e celular.56
Zinco: o zinco é um oligoelemento essencial que desempenha importante papel no crescimento, 
desenvolvimento e manutenção da função imunológica.56 As células do sistema imune contêm um grande 
número de enzimas que utilizam zinco para sua proliferação e diferenciação.63,66
É necessário para a atividade biológica da timulina, um hormônio específico do timo que promove as 
funções das células T, como a citotoxicidade e a produção de citocinas. O mineral também afeta as vias 
de transdução do sinal que controlam a expressão gênica de várias citocinas imunorreguladoras. É cofator 
de enzimas envolvidas nas respostas antioxidantes que contribuem para um menor dano oxidativo em 
células imunes, atua na manutenção da tolerância imunológica e participa das barreiras imunitárias 
mantendo a integridade da pele e da mucosa.2,63,65,66 O zinco também atua como componente de proteases 
e polimerases, as quais têm papel de impedir a replicação e disseminação viral.69,70,71
Embora significativamente menos comum em países desenvolvidos, a deficiência de zinco ocorre com mais 
frequência em idosos, veganos / vegetarianos e indivíduos com doenças crônicas como cirrose hepática 
ou doença inflamatória intestinal69, bem como aumenta a suscetibilidade a doenças infecciosas, incluindo 
infecções virais.56,70 
22
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Selênio: o selênio é elemento essencial para a resposta imune, desempenhando papel fundamental 
no sistema antioxidante intracelular. Diferentemente de outros minerais que atuam como cofatores 
de enzimas, como cobre e zinco, o selênio é inserido nas proteínas como o aminoácido selenocisteína, 
normalmente localizado no sítio ativo das enzimas. As proteínas contendo selênio são chamadas 
selenoproteínas, codificadas por 25 genes no genoma humano. As funções atribuídas ao selênio 
se relacionam tanto com as suas funções em selenoproteínas quanto com os subprodutos do seu 
metabolismo. A principal função das selenoproteínas é o seu papel na atenuação do estresse oxidativo e 
da resposta inflamatória. Nesse sentido, considerando que os fagócitos geram grandes quantidades de 
espécies reativas de oxigênio, o selênio pode atuar como um fator na proteção em relação ao estresse 
oxidativo.2,65,66 O mineral participa da produção de imunoglobulinas IgG e IgM2,63 e exerce papel importante 
na diferenciação e proliferação de células T66 e na eliminação viral.63
A deficiência de selênio promove redução da capacidade proliferativa de linfócitos e da 
quimiotaxia de neutrófilos. Revisão conduzida por Jayawardena et al56 aponta que a baixa 
concentração sérica de selênio foi associada com risco aumentado de mortalidade, função imunológica 
deficiente e declínio cognitivo.56 
Cobre: o sistema imunológico requer cobre para realizar várias funções. Esse mineral possui propriedades 
antimicrobianas, participa da proliferação de células T e da produção de anticorpos.56 Tem função 
antioxidante e é importante para a produção de IL-2.2,63
Estudos in vitro têm mostrado que o cobre demonstra propriedades antivirais como inibição da 
replicação do vírus influenza em humanos.56 Sua deficiência causa redução na síntese de IL-2 e, por meio 
desse efeito, diminuição da proliferação de células T. A contagem de neutrófilos no sangue periférico e sua 
capacidade de combater microrganismos são reduzidos em casos de deficiência grave de cobre. O cobre é 
essencial, junto com a catalase e a glutationa, na dismutação do ânion superóxido para oxigênio e H2O2 e 
diminui os danos celulares em relação aos lipídios, proteínas e DNA.63
O zinco compete com o cobre pela absorção gastrointestinal e um aumentona ingestão de zinco pode 
induzir deficiência de cobre. Um dos sinais dessa interação negativa pode ser a neutropenia clínica.63
Ferro: o ferro é necessário tanto para o hospedeiro quanto para o patógeno, e a deficiência de ferro pode 
prejudicar a imunidade do hospedeiro, enquanto a sobrecarga de ferro pode causar estresse oxidativo.70
A fase proliferativa de linfócitos é uma etapa que requer ferro, principalmente porque o mineral é essencial 
para enzimas como a ribonucleotídeo redutase envolvida na síntese de DNA. O ferro está relacionado 
com a regulação da produção de citocinas e na ativação da proteína quinase C, que é indispensável para 
a proliferação celular. Além disso, o ferro é necessário para a atividade da mieloperoxidase, que está 
envolvida no processo de morte de bactérias por neutrófilos por meio da formação de espécies reativas 
de oxigênio.2,63,66 
23
IR PARA O SUMÁRIO
A deficiência de ferro tem sido relatada como um fator de risco em relação à ocorrência de infecções 
do trato respiratório70, enquanto a anemia por deficiência de ferro em crianças está associada à 
redução da atividade oxidativa dos neutrófilos e da concentração sérica de IgG.63
O ferro é um exemplo de nutriente que não é necessário apenas para uma resposta imune adequada, 
mas também favorece o crescimento de patógenos, cujo fato suscita maior atenção em situações 
relacionadas à suplementação desnecessária desse mineral. Qualquer alteração na homeostase 
celular de ferro para deficiência ou sobrecarga tem consequências funcionais desfavoráveis no 
sistema imunológico.63,65
Flavonoides: os flavonoides são compostos fenólicos encontrados em muitas espécies diferentes 
de plantas, subdivididos em flavonóis, flavonas, flavonoides, flavanonas, antocianidinas, 
proantocianidinas e isoflavonas, cada um com seus próprios compostos individuais. 
Ensaios clínicos analisados em revisão sistemática demonstram que os flavonoides têm um efeito 
na redução da replicação de vírus comuns em infecções no trato respiratório superior e atenuam 
a inflamação diminuindo a atividade do fator de transcrição designado fator nuclear kappa B (NF-
κB). Tais fatos abrem perspectiva de estudo em relação ao potencial efeito de flavonoides na 
modulação da imunocompetência em humanos.72 Uma metanálise e revisão sistemática conduzida 
por Somerville et al72 examinou o efeito dos flavonoides em infecções no trato respiratório superior. 
Os resultados indicam que flavonoides, principalmente quercetina e antocianinas, diminuem a 
incidência de infecções no trato respiratório superior em 33% em comparação ao grupo controle. 
O aumento da ingestão de flavonoides pode ser obtido pela alimentação por meio de práticas 
simples, como o consumo de chá verde, vinho Shiraz, mirtilos e chocolate amargo, os quais 
apresentam elevado teor de flavonoides. Da mesma forma, o aumento da ingestão de flavonoides 
também pode ser atingido por meio de suplemento de flavonoides.72
CONCLUSÕES
Macronutrientes e micronutrientes, bem como probióticos e compostos bioativos presentes nos 
alimentos influenciam a imunocompetência em humanos. Nesse contexto, de acordo com o padrão 
alimentar, pode ocorrer inadequação da ingestão de determinados micronutrientes, o que pode 
aumentar o risco de infecções. Tal fato representa um desafio para entidades e profissionais da 
saúde, no sentido de orientarem e promoverem uma alimentação equilibrada, que forneça todos os 
nutrientes necessários à adequada função imune.
24
IR PARA O SUMÁRIO
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