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ED_ENFERMAGEM_2021


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Exercícios e orientações para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e de leitura e interpretação de textos 
Material do Aluno 
 
 
 
 
 
2021 
Exercícios para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico 
e de leitura e interpretação de textos. 
Questão 1. 
Assunto e tema:_________________________________________________ 
(Enade 2016) Leia a charge a seguir. 
 
Disponível em <https://desenvolvimentoambiental.wordpress.com>. Acesso em 9 set. 2016. 
 
A partir das ideias sugeridas pela charge, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. 
I. A adoção de posturas de consumo sustentável, com descarte correto dos resíduos gerados, favorece a preservação da diversidade biológica. 
PORQUE 
II. Refletir sobre os problemas socioambientais resulta em melhoria da qualidade de vida. 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da 
I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
Justificativa. 
	Justificativa: práticas adequadas de consumo e de descarte de 
resíduos beneficiam a manutenção da diversidade biológica.
II. Asserção incorreta.
Justificativa: apenas refletir sobre os problemas 
socioambientais não gera melhoria da qualidade de vida. Na 
charge, uma pessoa está em uma ilha coberta por resíduos de 
atividades humana s e “ sonha” com uma ilha paradisíaca.
Alternativa correta: C.
 
Questão 2. 
Assunto e tema:__________________________________________________ 
Leia o texto a seguir. 
O que Portugal tem a ver com o Brasil Alexandra Lucas Coelho 
Os portugueses não parecem ter uma boa relação com os brasileiros, disse-me uma alemã, conhecedora profissional de Portugal e Brasil. Estávamos na Alemanha, o Brasil temia uma guerra civil, foi há dez dias. 
Agora, de volta a casa, continuo a pensar na observação desta veterana, que nada tinha de provocadora, era só vontade de entender. Mas é impossível ignorar o que se tem manifestado em Portugal de equívoco face ao Brasil ao longo destes dias. 
Segundo um desses equívocos, provável pai dos outros, o tema da colonização encerrou-se, chega de falar dele, é passado. Penso o contrário, que mal começamos, que é presente, e a atual crise brasileira acentua isso. Não só pelo que expõe das estruturas brasileiras, como pelo que revelou do olhar de Portugal sobre o Brasil, e sobre si mesmo. 
Com esse nome, o Brasil viveu 322 anos de ocupação portuguesa e 194 de independência. Se alguém acredita que o tempo da independência poderia já ter curado o tempo da ocupação, precisa de voltar à história luso-brasileira, porque o alcance da violência vai longe, e em muitas direções. Esses 322 anos atuam diariamente naquilo que é hoje o Brasil, na clivagem entre São Paulo e o Nordeste, nos milhões que ainda moram em favelas, na relação Casa-Grande & Senzala das elites com os empregados, na violência da polícia que continua a ser militar, no desmando oligárquico dos que controlam aparelhos e estados, no saque catastrófico da natureza, na traição aos grupos indígenas, na evangelização dos pobres, radicalizando o conservadorismo num país onde se morre de aborto. Não é elenco para uma crônica, tem sido e será para muitas, livros, bibliotecas. 
O lulismo fez coisas importantes contra parte dessa herança (nas desigualdades mais urgentes, na cultura), não fez o suficiente contra boa parte disto (na educação, na saúde, na polícia), fez coisas que pioraram isto (um capitalismo com consequências devastadoras no ambiente e nas questões indígenas) e historicamente produziu uma geração que o critica e supera pela esquerda, num caldo inédito de periferias politicamente empoderadas e uma nova faixa politizada vinda da elite. 
A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana. Os portugueses não inventaram a escravatura, mas inauguraram o tráfico em grande escala. Dos 12 milhões de indivíduos que as potências europeias deportaram de África até ao século XVIII, 5,8 milhões foram traficados por Portugal. Isto significa 47 por cento, ou seja, quase metade do tráfico foi assegurado por Portugal, e a maioria destinava-se a sustentar a colonização do Brasil. 
A escravatura é um horror antiquíssimo, sim, e entre os séculos XV e XVIII a forma portuguesa de a praticar foi secundada por ingleses, espanhóis, franceses, holandeses, sim. Mas a Portugal coube esta iniciativa: deportação em massa, para nela assentar a exploração brutal de um território gigante, à custa do qual um território minúsculo viveu, como toda uma bibliografia tem mostrado de forma cada vez mais desassombrada. 
Não aprendi isto na escola, e tenho sérias dúvidas de que a maior parte dos portugueses faça ideia de que Portugal, sozinho, deportou tantos africanos como os judeus mortos no Holocausto, com a ajuda teológica e logística da Igreja Católica, depois de ter levado ao extermínio de ninguém sabe quantos índios, provavelmente não menos de um milhão. 
Disponível em <https://www.publico.pt/mundo/noticia/o-que-portugal-tem-a-ver-com-o-brasil-1727252>. Acesso em 29 jun. 2016 (com adaptações). 
 
Com base no texto, assinale a alternativa correta. 
a) Para entender o que ocorre no Brasil atualmente, o tema da colonização portuguesa é passado, encerrou-se, é desnecessário falar dele. 
b) Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas naturezas, tiveram origem no sistema português de colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até hoje. 
c) Os atuais problemas brasileiros agravaram-se com o lulismo, que pôs fim à herança colonial portuguesa, deu poder às periferias e politizou as elites. 
d) Os portugueses, que inventaram o sistema escravocrata, introduziram uma violência sistêmica no território brasileiro contra índios e africanos. 
e) O fato de os portugueses terem sido responsáveis por mais da metade do tráfico em grande escala de africanos escravizados deixou um peso na história brasileira equivalente ao Holocausto. 
	Justificativa. 
A violência sistêmica brasileira tem raíz es nas 
duas violências fundadoras da colonização portuguesa, 
extermínio indígena e escravatura africana
 
Questão 3. 
Assunto e tema:__________________________________________________ 
Leia o texto e a charge a seguir. 
Níveis de poluição do ar estão crescendo em muitas das cidades mais pobres do mundo. 
OPAS/OMS Brasil – Trecho (12 de maio de 2016) 
Mais de 80% das pessoas vivendo em áreas urbanas que monitoram a poluição do ar estão expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites da Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora todas as regiões do mundo sejam afetadas, populações de baixa renda são as que mais sofrem impacto. De acordo com o último banco de dados sobre a qualidade do ar em áreas urbanas, 98% das cidades em países de baixa e média renda com mais de 100 mil habitantes não atendem às diretrizes de qualidade do ar da OMS. Em países de alta renda, no entanto, esse percentual cai para 56%. 
Nos dois últimos anos, o banco de dados – que agora abrange 3 mil cidades em 103 países – quase dobrou, com mais cidades medindo os níveis de poluição de ar e reconhecendo os impactos associados à saúde. 
Enquanto a qualidade do ar em áreas urbanas cai, o risco de acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas e agudas (incluindo asma) aumenta para as pessoas que vivem nesses locais. 
“A poluição do ar é uma das principais causas de doenças e mortes. A notícia de que mais cidades estão intensificando o monitoramento da qualidade do ar é positiva, então quando tomam medidas para melhorá-lo passam a ter um ponto de referência”, afirmou Flavia Bustreo, diretora-geral assistente do programada OMS sobre Saúde das Crianças, Mulheres e Família. “Quando o ar poluído toma nossas cidades, as populações urbanas mais vulneráveis – mais jovens, mais velhos e mais pobres – são as mais afetadas.” 
Disponível em <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5096&Itemid=839>. Acesso em 28 jun. 
2016 
 
 
Disponível em <https://catracalivre.com.br.>. Acesso em 18 ago. 2016. 
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 
I. O objetivo da charge é criticar os problemas do sistema de saúde brasileiro, mostrando que ele salva alguns e prejudica outros. 
II. De acordo com o texto, 80% da população mundial sofrem os males provocados pela poluição. 
III. O texto e a charge abordam os problemas de saúde causados pela poluição do ar nas cidades e propõem o monitoramento do ar como a solução para reverter essa situação. 
IV. Nos países de alta renda, 56% das pessoas são afetadas pela poluição. 
	a) Nenhuma afirmativa é correta. 	b) Somente as afirmativas II e III são 
corretas. 
c) Somente as afirmativas I e IV são d) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 	corretas. 
e) Somente as afirmativas I e III são corretas. 
Justificativa. 
I.Afirmativa incorreta: a charge enfatiza a poluição causada 
pela ambulância, não se trata de uma crítica ao sistema de 
saúde.
II. Afirmativa incorreta: de acordo com texto, 80% das pessoas 
que vivem em áreas urbanas monitoradas estão expostas à 
má qualidade do ar.
III. Afirmativa incorreta: na charge e no texto, não há qualquer 
proposta de solução. Eles apenas apresentam o problema.
IV. Afirmativa incorreta: de acordo com o texto, 56% das 
cidades em países de alta renda não atendem às diretrizes 
de qualidade do ar da OMS
 
Questão 4. 
Assunto e tema:__________________________________________________ 
Leia o texto a seguir. 
São Paulo, a capital mundial do grafite A cidade mais populosa da América Latina concentra um dos mais grandiosos museus a céu aberto de arte urbana do mundo 
Quando estiver andando por São Paulo, olhe para cima. Ou para os lados. Não importa muito se está caminhando por um bairro de classe média ou pela periferia. Há uma característica comum às diferentes regiões da maior cidade mais populosa da América Latina: os grafites e pichações, que vêm tomando conta dos muros nos mais de 1.500 quilômetros quadrados da área de extensão, estão transformando São Paulo na capital mundial do grafite. 
De maneira geral, a arte urbana não agrada a todos os gostos. Mas é unânime a opinião de que São Paulo é uma cidade cinza, e o grafite insere cor a esse cenário. "O grafite é uma manifestação artística que faz parte do cotidiano de todos, quer você goste ou não. Ele se impõe", dizem os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. A dupla de artistas é conhecida, ao redor do mundo, pelos trabalhos que misturam certo realismo fantástico com personagens bem característicos, sempre com cores e figuras geométricas parecidas. Os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro onde cresceram, o Cambuci, na zona sul da capital paulista. "A arte não é para você gostar, é para você refletir e pensar", completa Thiago Mundano, 27 anos, que se autointitula “artivista”, por atrelar o grafite a ações sociais. 
Na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital, bem próximo a uma das duas rodoviárias da cidade, um grupo de 58 artistas fez 66 painéis, criando, em 2011, o primeiro Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU). Eles levaram para as ruas uma das maiores características dessa arte: a acessibilidade. "O fato de a arte estar na rua já é muito mais democrático. A pessoa não precisa entrar numa galeria fechada para ver", diz a artista e grafiteira Prila Paiva, 35 anos. 
Organizado com autorização da Prefeitura, esse museu é uma exceção. Como o grande negócio do grafite é ocupar a cidade, os artistas nem sempre pintam em muros autorizados. Existe um aspecto de subversão, que envolve, entre outras coisas, "a adrenalina de pichar", segundo Mundano. Para ele, tudo é relativo. “Um outdoor é tão agressivo quanto um grafite. Eu posso achar ruim, para a minha filha, por exemplo, abrir a janela de casa e dar de cara com uma mulher de calcinha e sutiã numa propaganda para vender lingerie.” 
São Paulo adotou, em janeiro de 2007, a Lei Cidade Limpa, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), proibindo a propaganda em outdoors e em imóveis públicos e privados. Já em relação aos grafites, ainda não houve um acordo entre artistas e o poder público. Por isso, de um lado, a Prefeitura apaga, cobrindo com tinta cinza, muitos dos muros grafitados. De outro, grafiteiros e pichadores pintam os locais apagados novamente. "Nunca sentimos, por parte da prefeitura, interesse de entender e respeitar a cultura do grafite", contam Os Gêmeos. "Existem problemas sérios em São Paulo que precisam desse dinheiro do contribuinte, em vez de ser investido em tinta cinza para apagar trabalhos de arte". Mesmo assim, no final da gestão de Kassab, a Prefeitura publicou um guia bilíngue de lugares para ver os grafites na cidade, com uma pequena ficha de alguns artistas. 
Por tratar-se de uma arte muito efêmera, um dia a obra está lá e no outro pode já ter sido apagada, o consultor financeiro Ricardo Czapski e a produtora cultural Marina Gonzalez tiveram a ideia de eternizar algumas pinturas. Eles acabam de lançar o livro Graffiti em São Paulo, que nasceu de um acervo de mais de dez mil fotos que Czapski tirou, por cinco anos, de muros grafitados. "O grafite tem uma recepção muito boa em todos os níveis. Não tem mais aquela má impressão da arte marginal", diz Gonzalez. 
Com o passar dos anos, além do reconhecimento do público, o grafite foi se tornando um negócio mais rentável. Hoje, a arte urbana está presente em galerias e exposições pelo Brasil e pelo mundo. "Depois que fizemos a exposição dos Gêmeos , ganhamos outro público na galeria. Esses artistas têm um apelo que outros não têm", diz Alexandre Gabriel, diretor da galeria Fortes Vilaça, que representa Os Gêmeos. 
Neste momento, a cidade abriga a 14ª edição da Graffiti Fine Art, um projeto com curadoria do artista Binho Ribeiro, que expõe grafites no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE). A exibição é gratuita. O museu fica em um bairro nobre da capital, no Jardim Europa, uma prova de que essa arte marginal anda mais ao centro do que à margem da cidade. "Não existe preconceito do mercado, o que existe são pessoas preconceituosas", conclui Ribeiro. 
Pimp My Carroça 
Exemplo do cunho social que o grafite pode desenvolver, em 2007, Thiago Mundano começou a pintar as carroças dos mais de 20.000 catadores de lixo reciclável de São Paulo, que transportam, em um carrinho improvisado, toneladas de papelão, vidro e alumínio para os centros de reciclagem. "Percebi que essas pessoas são invisíveis, ninguém olha para elas", diz Mundano. 
A meta, na época, era pintar 100 carroças, mas, com o tempo, Mundano viu que apenas pintar não bastava. As carroças precisavam de itens de segurança, como tintas refletoras para a noite, espelhos retrovisores, luvas e cordas para os catadores. Assim, nasceu o projeto Pimp My Carroça. 
Por meio do site de crowdfunding Catarse, Mundano arrecadou 64.000 reais (27,8 mil dólares), de 792 apoiadores. O projeto cresceu, se transformou em um evento no centro de São Paulo, onde as carroças foram pintadas e os catadores ganharam camisetas, alimentos e uma consulta com um clínico geral. De lá pra cá, o Rio de Janeiro e Curitiba, a capital do Paraná, no Sul do país, receberam uma edição do projeto, contabilizando mais de 120 voluntários e um número já incontável de carroças pintadas. O próximo passo é desenvolver um aplicativo para que qualquer um possa localizar os catadores que estiverem mais próximos e entregar a eles o lixo reciclável. 
Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2013/11/23/cultura/1385165447_940154.html>. Acesso em 05 jun. 2016 (com adaptações). 
 
Com base na leitura, analise as afirmativas.I. Apesar de haver controvérsias quanto à aceitação do grafite e da pichação como formas de arte, há indícios de que o reconhecimento dessas expressões artísticas está aumentando, como a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo. 
II. O grafite agrava o preconceito social contra as pessoas mais pobres, uma vez que se trata de uma manifestação popular que não alcança o prestígio das artes oficialmente reconhecidas. 
III. De acordo com o texto, o grafite e a pichação são comparáveis aos outdoors e deveria haver uma legislação semelhante à Cidade Limpa para proibir essas manifestações. 
IV. A acessibilidade, a efemeridade e a relação com causas sociais são características da arte urbana. 
 
Está correto o que se afirma apenas em 
	a) I e II. 	b) II e III. 	c) III e IV. 	d) I e IV. 	e) I, II e IV. 
	Justificativa. 
I. Justificativa: o texto menciona ações que mostram o 
reconhecimento do grafite como obra de arte, como a 
publicação do livro com figuras de arte urbana e a criação do 
Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo.
IV. Justificativa: a arte urbana é efêmera, pois pode ser apagada ou 
coberta por outra, e acessível a todos que circulam pela cidade. 
Normalmente, essas expressões têm relação com causas 
sociais, pois são manifestações populares.
Questão 5. 
Assunto e tema:__________________________________________________ 
Leia o texto a seguir. 
Obesidade, consumo e política: uma conversa sobre as mudanças mundiais na alimentação 
Por que estamos engordando? O que a política tem a ver com os alimentos? Por que não vemos publicidade de legumes na TV? Essas e outras questões relacionadas às transformações na alimentação e suas consequências no cenário internacional foram abordadas por Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável do Ministério da Saúde de Portugal e doutor em Nutrição Humana pela Universidade do Porto. Em visita ao Brasil, ele participou do Seminário Internacional: Escolhas Alimentares e seus Impactos, no Sesc Santos. 
Confira algumas questões levantadas. 
Estamos engordando 
Ao comparar gráficos da presença da obesidade nas populações dos Estados Unidos e da área rural de Bangladesh, por exemplo, o professor Pedro Graça conclui: essa é uma epidemia global. A obesidade cresceu nos últimos 20 anos não só em países industrializados, com ampla oferta de alimentos, mas chegou até áreas rurais da Ásia. 
Os mais pobres engordam mais 
Até recentemente, acreditava-se que essa era uma epidemia que atingia principalmente as populações que estavam melhorando economicamente, associada ao acesso à alimentação, ao acesso à caloria, à gordura, à proteína. Mas não é bem assim: “O que nós estamos a viver é não só o aumento da doença no mundo inteiro, mas, ao contrário do que se esperava, quem é mais afetada é a população mais carente, mais vulnerável. Pobreza e obesidade se aproximam de tal maneira que a pessoa pode ter fome e ser obesa ao mesmo tempo. Coisa que para nós da biologia é um paradoxo.”, afirma. 
Somos treinados para engordar 
“Nós somos uma máquina de engordar”. Isso porque a capacidade de acumular reservas de energia na forma de gordura foi essencial para a sobrevivência do ser humano, diante da escassez de alimentos. “O ser humano está preparado para lidar com a fome há dois milhões de anos. E começou a lidar com excesso de calorias há 50 anos. Não estamos preparados biologicamente para isso”, afirma Pedro. 
O que mudou? 
Diversas alterações demográficas causaram mudanças na alimentação: a entrada da mulher no mercado de trabalho e na vida acadêmica, o envelhecimento da população e a necessidade de se trabalhar mais horas são alguns exemplos. E, se aumenta o tempo do trabalho, o que fica para trás é o tempo de cozinhar e de ficar com os filhos. Os alimentos que já vêm prontos têm, portanto, muito mais apelo do que aqueles que exigem tempo e conhecimentos culinários para o preparo. Além disso, em muitos lugares é mais fácil e barato encontrar produtos ultraprocessados e calóricos - ricos em açúcar, sal e gordura - em vez de alimentos frescos. 
Você já viu propaganda de alface na TV? 
Provavelmente não. Mas vemos diariamente publicidade de produtos ultraprocessados e super calóricos, não é mesmo? 
Pedro Graça chama atenção para o fato de que grandes indústrias alimentícias lucram muito, enquanto quem trabalha no campo com frutas e legumes, em geral, tem ganhos pequenos e são os que mais sofrem com as oscilações na economia e nos preços dos alimentos. Assim fica fácil entender como um lado tem muito mais capacidade de investir e produzir comunicação (publicidade, marketing etc) do que o outro. 
É preciso reconhecer o ambiente 
De acordo com o pesquisador W. Philip James, durante décadas pensou-se que a atenção e o esforço individual fossem suficientes para prevenir a obesidade, porém depois de décadas desse esforço, as taxas de ganho de peso continuaram a subir. Essa epidemia reflete a presença de um ambiente tóxico ou obesogênico. 
Isso significa que não adianta ensinar as pessoas sobre alimentação saudável, se não há um ambiente favorável a isso, ou seja, se não há oferta de alimentos saudáveis em local próximo, a preços acessíveis. “Eu tenho primeiro que me preocupar com as condições que existem ou que eu posso criar para que o suco de laranja apareça, para em seguida dizer como é importante consumir suco de laranja”, exemplifica Pedro Graça. 
Disponível em 
<http://www.sescsp.org.br/online/artigo/9501_OBESIDADE+CONSUMO+E+POLITICA+UMA+CONVERSA+SOBRE+AS+MUDANCAS+MUNDIAIS+N A+ALIMENTACAO#/tagcloud=lista>. Acesso em 08 jun 2016 (com adaptações). 
 
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 
I. De acordo com o texto, o cuidado com o peso é uma questão de educação individual e a obesidade aumenta entre os mais pobres por falta de instrução. 
II. As alterações no modo de vida têm responsabilidade pelo aumento da obesidade, uma vez que há incentivo ao consumo de produtos ultraprocessados, mais práticos do que os alimentos frescos. 
III. A melhora econômica facilita o acesso da população aos alimentos e, consequentemente, aumenta a prevalência de obesidade. 
IV. A propaganda e o marketing têm influência sobre a venda de produtos industrializados e atingem apenas as regiões urbanas. 
	a) Nenhuma afirmativa está correta. 	b) Apenas as afirmativas I e II estão 
corretas. 
	c) Apenas a afirmativa II está correta. 	d) Apenas as afirmativas III e IV estão 
corretas. 
e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
	Justificativa. 
o texto afirma que a obesidade cresce 
mais entre os menos privilegiados economicamente.

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