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Clarice Paiva Morais Direito Administrativo 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Clarice Paiva Morais DIREITO ADMINISTRATIVO Belo Horizonte Janeiro de 2016 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 COPYRIGHT © 2016 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Conheça o Autor Graduado em Direito pela Universidade Milton Campos, Mestre em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atua como advogada e professora de Direito Público na UNA e na Faculdade Promove de Belo Horizonte/MG. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 O Direito Administrativo estuda a estrutura e a organização da administração pública, principalmente, os órgãos e pessoas jurídicas que compõem sua base e o regime jurídico que as regulamenta. A disciplina tem por objetivo tornar o aluno apto a entender os princípios que regem a administração pública e sua organização, além das sujeições e prerrogativas que compõem sua regulamentação. Ao final, o aluno deverá entender a diferença entre órgãos, pessoas jurídicas, administração pública direta e indireta, agentes públicos, e todo o regime jurídico que regula as atividades e estrutura administrativa. Apresentação da disciplina 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 UNIDADE 1 003 Direito Administrativo 004 Noção de Direito 005 Direito objetivo e subjetivo 006 Direito público e Direito privado 008 Direito Administrativo 012 Evolução histórica dos Estados modernos: Estado liberal, Social e Democrático de direito 018 UNIDADE 2 027 Regime Jurídico Administrativo 028 Conceito de regime jurídico administrativo 031 Diferença entre regras e princípios 032 Classificação dos princípios que regem o Direito Administrativo 035 Princípios implícitos 040 UNIDADE 3 044 Estrutura da Administração Pública 045 Estrutura da Administração Pública 047 UNIDADE 4 063 Autarquias e Fundações Públicas 064 Autarquias 066 Fundações Públicas: de Direito Público e de Direito Privado 070 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 REFERÊNCIAS 143 UNIDADE 5 076 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 077 Empresas Públicas 079 Sociedades de Economia Mista 083 Principais diferenças e semelhanças entre as sociedades de economia mista e as empresas públicas 088 UNIDADE 6 092 Agências Executivas, Agências Reguladoras e Terceiro Setor 093 Agências Executivas 095 Agências Reguladoras 098 Terceiro Setor 100 UNIDADE 8 124 Agentes Públicos 125 Agentes Públicos: Conceito 126 Espécies de Agentes Públicos 127 Conceito de Cargo Público, Cargo em Comissão e Função de Confiança 130 Conceito de Emprego Público 132 Servidores Públicos Temporários 132 Efetividade e Estabilidade 133 Formas de Provimento Originária e Derivada 134 Formas de Desinvestidura 136 Aposentadoria dos Servidores Públicos 137 Sistema Remuneratório 138 Revisão 141 UNIDADE 7 107 Responsabilidade Civil do Estado 108 Conceito e Espécies de Responsabilidade Civil 110 Evolução da Responsabilidade Civil do Estado 113 Causas Excludentes de Responsabilidade Civil 117 Direito de Regresso e Denunciação da Lide 121 Revisão 122 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Direito Administrativo • Noção de Direito • Direito objetivo e subjetivo • Direito público e Direito privado • Direito Administrativo • Evolução histórica dos Estados modernos: Estado liberal, Social e Democrático de direito Introdução O tema da unidade 1 é a apresentação do Direito Administrativo, destacando sua importância no mundo contemporâneo. A unidade oferece uma noção sobre o Direito ao aluno, contextualizando o ramo ao qual pertence a disciplina. O capítulo trata da ideia de administração pública em sentido subjetivo e objetivo, além da diferença entre Estado, governo e administração pública. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 582 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 5 Noção de Direito No início dos tempos, prevalecia a lei do mais forte. O homem primitivo para se defender morava em árvores, cavernas, colocava obstáculos à porta de sua moradia. Entre pequenos grupos organizados, eram comuns as rivalidades envolvendo patrimônio e mulheres, quando os mais fracos fugiam para outros lugares, deixando os bens acumulados para os mais fortes, para se evitar isso, surgiu ao longo do tempo o primeiro elemento do Direito: o respeito pelos bens e valores alheios. Pode-se definir o Direito existente desde a sociedade mais primitiva, como um conjunto de normas (regras e princípios), imposta de forma coercitiva pelo Estado para regularizar a vida em sociedade, pois sem o Direito seria impossível viver socialmente já que meu Direito termina onde começa o seu. A ideia de reciprocidade, em que se embasou a lei de Aquília, pauta- se no respeito pelo próximo e na ideia de que a ninguém é dado lesar os direitos de outrem. Para viver em sociedade, o homem necessita de normas e regras de condutas, a fim de equilibrar os interesses individuais e coletivos. Assim, todos os homens que aceitam viver em sociedade transferem uma parcela de sua autonomia para o Estado (povo fixado num determinado território e detentor de soberania), responsável pela edição de das normas que regulamentam e estabilizam as relações sociais. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 6 Direito objetivo e subjetivo O Direito, termo polissêmico ou plurissignificativo, pode ser subdividido em conceitos utilizados pela doutrina. O Direito Positivo ou Objetivo é o conjunto de normas jurídicas vigentes em um determinado ordenamento jurídico, que rege coercitivamente o comportamento humano, impondo condutas e estabelecendo sanções para seu descumprimento. É o conjunto de normas jurídicas que rege o comportamento dos indivíduos de modo obrigatório. Ex.: normas de Direito Penal, Civil, Processual Civil, etc. O Direito objetivo, hodiernamente, é composto não apenas por regras (disposições com caráter definitivo e fechado), mas por princípios jurídicos (disposições mais abertas e genéricas que fundamentam as próprias regras). Os princípios compreendem aos valores axiológicos de uma sociedade que vão compor as normas jurídicas, adquiridos historicamente, culturalmente, apesar de poderem ou não estar escritos (os princípios podem ser explícitos ou implícitos) como, por exemplo, o princípio da monogamia. Nossa sociedade só admite um casamento de cada vez, não havendo possibilidade de um mesmo homem ter duas ou mais mulheres. Apesar disso não estar escrito em nenhuma norma, tal princípio é um valor social, cultural e histórico das civilizações ocidentais. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 7 O Estado, ao ser formado, na modernidade, elabora uma Lei Maior ou uma Constituição Federal, por meio de um poder originário constituinte. Tal norma é hierarquicamente superior às demais e todas as outras normas que lhe são inferiores devem com ela ser compatíveis. Abaixo das Constituições estão as leis gerais, codificadas ou não, como o Código Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil, as normas que regem o Direito Administrativo (não é codificado, conforme estudaremos mais adiante), etc. Além das leis gerais, existem as leis especiais, que contêm normas que não são gerais, mas que tratam de Direitos mais específicos como o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Direito Ambiental, o Estatuto da Criança e Adolescente, a Lei de Locação , etc. O Direito subjetivo, ao contrário do objetivo, corresponde à faculdade ou prerrogativa das pessoas invocarem a norma jurídica na defesa de seus interesses. A cada Direito subjetivo liga-se um Direito objetivo. Ex.: o indivíduo que não está feliz no casamento (Direito subjetivo) pode pedir o divórcio (Direito objetivo) ou, o indivíduo com 16 anos de idade, querendo participar do processo político (Direito subjetivo) pode votar (Direito objetivo). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 8 Direito público e Direito privado O Direito objetivo, conjunto de regras e princípios, por sua vez, se subdivide em dois grandes ramos no Direito, considerado pela doutrina moderna como dois grupos importantes: • Ramo do Direito Privado: é o conjunto de normas que regulam as atividades dos particulares, das pessoas entre si. Dentro do Direito privado nós temos o Direito comum, denominado Direito Civil e o Direito Especial, que regula relações jurídicas especiais, neste último estão o Direito do Trabalho e o Direito Empresarial. O primeiro regula as relações estabelecidas entre empregados e empregadores e o segundo as relações estabelecidas pela pessoa denominada empresária. Aqui, em nenhum dos polos da relação jurídica se encontra o Poder Público, apenas entes particulares. Ex.: Direito Civil, Empresarial, Direito do Trabalho. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 9 • Ramo do Direito Público: é o que nos interessa. Ele regula as normas ou atividades ligadas ao Poder Público, ou seja, da União, dos Estados-membros, dos municípios, etc. Se em um dos polos da relação se encontra o Poder Público, estamos diante do Direito público. Nesse ramo do Direito, encontra-se o Direito Constitucional e o Direito Administrativo que efetivamente nos interessa, pois estuda a estrutura estatal, definindo os órgãos, os agentes e as entidades que pertencem ao estado, os princípios que compõem o regime jurídico administrativo, os procedimentos e as condutas que devem ser observados por qualquer pessoa que trabalhe ou preste serviço para a Administração pública. Duas observações deverão ser feitas: Atenção! Duas observações devem ser feitas: Obs. 1.: todas as normas de Direito público são normas de ordem pública, mas nem todas as normas de ordem pública são de Direito público. O que são normas de ordem pública: são aquelas inafastáveis pela vontade das partes, pois são impostas pelo Estado. São normas cogentes. Podem ser encontradas no Direito público e privado. Ex.: impedimentos para o casamento, licitação, normas sobre a capacidade de fato das pessoas naturais, etc. Obs. 2: crítica: a dicotomia Direito privado e público é própria do modelo estatal liberal, séculos XVII e XVIII que predominaram com a Revolução Burguesa e o surgimento do Capitalismo e o ideal de liberdade preconizado à época, como reação ao Estado Absolutista, pois deveria haver severa divisão entre o público e o privado, entre a economia e o Estado, entre a mão invisível do mercado e a atuação do Estado. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 7921 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 10 O modelo torna-se insuficiente com o surgimento do Direito Econômico e a paulatina intromissão do Estado na ordem econômica. O Direito Econômico que surge, combina institutos e conceitos do Direito Público e Privado. Com o Direito Público ficaria a função de organizar as atividades políticas e sociais do Estado e com o Direito Privado as atividades econômicas. Assim, Direito Privado: Direito comum das pessoas: e Direito Público relações jurídicas especiais e autoritárias, criadas em função de uma atividade dirigida afins de interesse geral. Atualmente, no atual estado democrático de Direito, como se demonstrará, não existe mais essa divisão acirrada, mas a superação da separação entre esfera pública e privada e da relação de equiprimordialidade, cooriginariedade, complementariedade. Ex.: família. Nada é tão privado, íntimo como tal instituto e, ao mesmo tempo, requer atenção constante do Estado que elabora normas que interferem nessa relação. Existe uma plêiade enorme de direitos esculpidos na CF de 1988 artigos 226, 227 e o princípio da menor intervenção estatal nessa esfera. Antes de definirmos a administração pública e, e portanto, o que é Direito Administrativo, temos que definir Direito Constitucional que é a base de todo ordenamento jurídico. O Direito Constitucional é o ramo do Direito público que, através da Constituição Federal, a lei fundamental e suprema de um estado, 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 11 regula: a. a forma de estruturação do estado: regime político, forma de governo, sistema de governo, funções do Estado e instituições essenciais ao desenvolvimento da sociedade. Hoje, de acordo com a Constituição federal de 1988, a lei maior que rege nosso país, adota, como forma de estado: a federação (vivemos numa federação composta pelos estados-membros, pela união, municípios e distrito federal), a forma de governo: a república e o sistema de governo: o presidencialismo. Nosso regime político é a democracia; b. Direito garantias fundamentais: são situações jurídicas objetivas e subjetivas definidas no Direito positivo, expressos na Constituição Federal de 1988, principalmente no art. 5, definidos em prol do princípio da dignidade humana, da igualdade e da liberdade. Nós temos direitos fundamentais ditos individuais ou de 1ª dimensão (art. 5 da CF de 1988), como o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à ampla defesa etc., Direitos fundamentais sociais ou de 2ª dimensão, expressos no art. 6 da Constituição Federal de 1988, como o Direito à saúde, moradia, lazer, alimentação e aos direitos ditos de 3ª dimensão, ou Direitos difusos, que abrangem Direitos não só das presentes gerações, mas das gerações futuras, como o Direito a um ambiente ecologicamente equilibrado. No Brasil, já tivemos 7 Constituições: a de 1824 (outorgada, imposta), 1891 (promulgada), 1934 (promulgada), 1937 (outorgada), 1946 (promulgada), 1967 e emenda nº 1 de 1969 (outorgadas) e a de 1988 (promulgada) que instaurou o denominado Estado democrático de Direito, dizendo que hoje vivemos numa sociedade plural, justa, igual e livre elevando os princípios da solidariedade e da dignidade humana ao centro do ordenamento jurídico. É interessante notar que o Direito Administrativo é uma 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 12 especialização do Direito Constitucional, mas com ele não se confunde. Enquanto o Direito Constitucional é a base do ordenamento jurídico e possui como objeto o estudo da Constituição Federal que contém a estrutura do Estado, dos poderes de forma a organizar a forma de Estado, o sistema de governo e o regime político; o Direito Administrativo, de forma dinâmica, estuda os órgãos, as pessoas físicas e jurídicas e a atividade administrativa. Podemos fazer uma analogia com a engenharia e o funcionamento de uma casa. O Direito Constitucional preocupa-se com os pilares da engenharia e o administrativo com a logística e funcionamento da casa já edificada. Direito Administrativo Assim, pode-se conceituar o Direito Administrativo como o ramo do Direito público que contém normas sobre a estruturação da administração pública, formada por órgãos, agentes públicos e pessoas jurídicas e seu regime jurídico básico. É conhecendo o Direito Administrativo, regulado hoje por leis esparsas e pela própria Constituição Federal, que nós podemos identificar se uma pessoa jurídica pertence à Administração Pública direta ou indireta, quais os agentes públicos que atuam dentro de tal pessoa jurídica, e, como tal, quais princípios se submetem à pessoa jurídica e à pessoa física que compõem a organização administrativa. Para Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo “sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” (MEIRELLES, Direito2003, p. 38). É interessante notar que o Direito Administrativo é uma especialização do Direito Constitucional, mas com ele não se confunde. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 13 Observação: a atividade da Administração Pública é função típica do Poder Executivo. Existem ramos mais específicos do Direito Administrativo que ganharam cadeira própria: Direito Previdenciário, Direito Tributário, apesar de serem atividades da AP. Relação do Direito administrativo com outros ramos do Direito O Direito Administrativo relaciona-se com outras disciplinas jurídicas do Direito público e do Direito privado. Dentre as disciplinas mais importantes, podem-se destacar as seguintes: a. Direito Constitucional: como já abordado, assim como o Direito Administrativo, também possui por objeto o Estado, mas sob perspectivas diferentes. O Direito Constitucional cuida da parte estrutural (bases da casa, arquitetura, engenharia). O Direito Administrativo cuida da parte física, dinâmica, estabelecendo sua organização interna, visando satisfação das finalidades constitucionalmente atribuídas. O Direito Administrativo é especialização do Direito constitucional; b. Direito Tributário e Financeiro: o Direito Tributário cuida das receitas públicas e o Direito Administrativo preocupa- se com os gastos públicos, a forma como o dinheiro arrecadado vai se concretizar em política pública (ações governamentais em prol da coletividade – políticas econômicas, sociais etc); c. Direito Penal: o Direito penal tipifica os Ilícitos penais praticados pelos agentes públicos previstos no Código Penal, ex.: peculato, concussão, prevaricação. No âmbito civil, existe a Lei de improbidade administrativa (Lei 8429 de 1992) que regulamenta o art. 37, parágrafo 4 da Constituição Federal de 1988; 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 4579 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 14 d. Direito Processual – o Direito Administrativo utiliza-se dos princípios e de vários conceitos do Direito Processual, dentre os quais se pode destacar o princípio do devido processo legal, ampla defesa, contraditório, igualdade, motivação, sendo o Código de Processo Civil usado subsidiariamente à Lei do processo administrativo (Lei 9784 de 1999); e. Direito Civil: O Direito Administrativo utiliza-se de institutos do Direito Civil, de forma subsidiária, como contratos, responsabilidade civil para elucidar sua própria ciência; f. Direito do Trabalho e Previdenciário: o agente público é a pessoa responsável pela prática dos atos administrativos. Uma das espécies de agentes públicos é o empregado público, que se rege pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Quem cuida da previdência social dos empregados no Brasil é uma autarquia federal, o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Fontes do Direito Administrativo e sua codificação As fontes do Direito são as bases, a origem ou nascente, que criam o Direito objetivo. Tais fontes são classificadas pela doutrina (que também é uma fonte do Direito), como fontes formais, destacando-se a lei ( a principal fonte do Direito), a doutrina e a jurisprudência. Já os costumes, a analogia e os princípios gerais de Direito seriam fontes acessórias ou não formais do Direito. O Direito Administrativo é escrito, mas não está codificado. A codificação é a sistematização de uma lei em um único documento escrito. O Código Civil de 2002 e o Código Penal são exemplos de leis codificadas. As fontes do Direito são as bases, a origem ou nascente, que criam o Direito objetivo. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 15 Os doutrinadores propugnam pela codificação do Direito Administrativo, já que a atual legislação esparsa, não codificada, não propicia uma visão panorâmica do Direito pelos estudiosos e a obtenção de um conhecimento mais aprofundado sobre a matéria. As principais fontes do Direito Administrativo, que não é codificado portanto, são a doutrina, os costumes, a lei, a Constituição Federal e os princípios gerais de direito. A lei, em sentido estrito, representa um produto da atividade legiferante, própria do Poder Legislativo, que significa norma proveniente do poder legislativo por meio de processo adequado, expressa, hoje, no art. 59 da CF. Nela, há a enumeração das espécies normativas e que devem ser promulgadas e publicadas no Diário Oficial para entrarem em vigor, sendo coercitivas. Suas principais características são: generalidade, imperatividade, permanência e emanação da autoridade competente. Os costumes são a prática reiterada de um comportamento e a convicção de sua obrigatoriedade. Sendo assim, não existindo lei e sendo impossível a utilização da analogia, o juiz pode fazer emprego dos costumes. Alguns estão expressos na própria lei. Outros não estão, mas são reiteradamente utilizados pela sociedade, auxiliando o juiz ao aplicar o direito, como por exemplo, os cheques pós- datado. A doutrina é o conjunto de lições dos mestres e estudiosos do Direito. A doutrina é o conjunto de lições dos mestres e estudiosos do Direito. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 16 A jurisprudência é a reiteração dos julgamentos emanados pelo Poder Judiciário, exercendo forte influência sobre o Direito. É importante destacar, na atualidade, o papel das súmulas vinculantes, introduzidas pela emenda constitucional n. 45 de 2004 que introduziu o art. 103-A na Constituição Federal de 1988, vinculando todos os órgãos do Poder Judiciário e dos demais poderes. Por fim, a repercussão geral possibilita ao Supremo Tribunal Federal selecionar os recursos que irá analisar, conforme critérios de relevância jurídica, política, social e econômica. Interpretação das regras e princípios do Direito Administrativo “Interpretar” significa alcançar o sentido de algo, desvendar, buscar o sentido e alcance das normas jurídicas. Desvelar, construir e desconstruir. A interpretação do direito vem sofrendo evolução ao longo dos séculos. O método da subsunção próprio do modelo de Estado liberal, em que o juiz era a boca da lei, dá espaço para o método próprio do modelo social , em que se utilizavam técnicas mais apuradas como o método histórico, teleológico, finalístico, gramatical ou literal. Atualmente, utiliza-se o método de um filósofo alemão chamado Robert Alexy, desenvolvido na década de 1970, denominado método da ponderação de valores ou interesses. Tal método, utilizado, hoje, para resolução de conflitos entre princípios diante de um caso concreto, vale-se da proporcionalidade, adequabilidade e necessidade, restringindo um direito fundamental diante de outro. O direito que prevalece aproxima-se do fundamento da dignidade da pessoa humana. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 17 Para interpretação do Direito Administrativo, além do método da ponderação de valores, amplamente utilizada, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal, o Direito Administrativo vale-se de três pressupostos conhecidos: a. a desigualdade entre o interesse público e privado; b. a presunção relativa de legitimidade dos atos da Administração Pública; c. a existência de poderes discricionários para permitir que a Administração Pública alcance a finalidade coletiva. Observação: admite-se o uso da analogia, mas não se admite o método da interpretação extensiva. Analogia é recurso de integração da lei. O legislador se depara com um fato, em que não há lei que o disciplina. A lei é omissa. O legislador busca um fato análogo àquele, utilizando a lei que lhe é aplicável para solução do caso originário. Na interpretação extensiva, a lei diz menos do que quer dizer e o julgador lhe confere sentido mais amplo. Exemplo: o crime de bigamia é aquele cujo o autor do crime se casa duas vezes. O segundo casamento é considerado crime. Seu sentido pode ser ampliado para as pessoas que se casam três vezes, cometendo o crime de poligamia. Sistemas Administrativos Os sistemas administrativos são mecanismos de controle adotados pelos Estados para correção dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público em qualquer de seus poderes. A doutrina destaca dois mecanismos de controle: o sistema do contencioso administrativo e o sistema de jurisdição única. Na interpretação extensiva, a lei diz menos do que quer dizer e o julgador lhe confere sentido mais amplo. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 18 O sistema do contencioso administrativo,adotado na França, adota uma jurisdição administrativa para conhecer os conflitos que envolvem a administração pública, não permitindo ao poder judiciário resolver tais conflitos. O sistema de jurisdição única, adotado no Brasil e desenvolvido na Inglaterra, estabelece que todos os conflitos sejam resolvidos pela Justiça comum ou pelo Poder Judiciário. Evolução histórica dos Estados modernos: Estado liberal, Social e Democrático de direito Antes da formação dos paradigmas ou modelos de Estados modernos de direito, a civilização ocidental vivia sob a égide do Absolutismo ou Constitucionalismo Antigo. Nesse modelo de Estado, as características mais importantes que se podem apontar são: a inexistência de constituições escritas e leis sistematizadas, a forte influência da religião limitando o poder dos soberanos, a supremacia do poder do monarca e a economia mercantilista. Tal modelo encontrou sua derrocada com a ascensão da burguesia, os movimentos iluministas marcados pelos pensamentos liberais de Locke, Hobbes, Rosseau, Montesquieu, dentre outros. Após o modelo absoluto surgem os modelos de Estado de Direito ou Constitucionalistas. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 19 Estado Liberal de Direito O modelo de Estado Liberal de direito surge em fins do século XVIII e se perpetua até a 1ª guerra mundial (1919). Surgem as primeiras constituições escritas: constituição francesa de 1791 e americana de 1787. As principais características de tal modelo são: i) a adoção da forma federativa de Estado, ii) a ideia de separação dos poderes, a fim de conter os desmandos do poder absolutista, entre poder legislativo, executivo e judiciário. Além disso, a criação de constituições escritas e leis sistematizadas. .Destacam-se também o individualismo, o absenteísmo estatal, a valorização da propriedade privada, a consagração da igualdade apenas formal, perante a lei e o surgimento dos direitos de primeira dimensão como os Direitos Civis (defesa) e Políticos (participação). Surge o Direito Administrativo através da Teoria da separação dos poderes, elaborada por Montesquieu em 1748 com a obra “L’ Espirit des Lois”. A divisão das funções em legislativa, executiva e judiciária ensejou a especialização das atividades do governo e deu independência aos órgãos incumbidos de realizá-la. O poder legislativo tem como função típica a elaboração de leis, o executivo sua concretização e o judiciário a resolução de conflitos de interesses. Montesquieu elaborou uma teoria de freios e contrapesos havendo uma fiscalização de um poder sobre o outro, mantendo harmonia e independência. No Brasil, a Constituição de 1891 foi a primeira a trazer essa divisão tripartite de poderes, inaugurando também a forma federativa de Estado, através de uma descentralização política entre pessoas componentes da Administração Pública direta, assunto que estudaremos na próxima Unidade 3. No entanto, com o crescimento dos monopólios e oligopólios e o aumento das desigualdades sociais, surge um novo modelo de Estado, o Estado Social de direito. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 20 O Direito Administrativo, como ciência jurídica autônoma foi criado no Brasil em 1851, pelo Decreto n. 608 de 1851. A primeira obra doutrinária foi elaborada e publicada em Recife em 1857 por Vicente Pereira do Rego, intitulada “Elementos do Direito Administrativo Brasileiro”. Atualmente, existem vários doutrinadores de Direito Administrativo no Brasil e no mundo que contribuem sobremaneira para o desenvolvimento da disciplina, acompanhando a jurisprudência e a evolução da sociedade. Estado Social de Direito Tal modelo de Estado surge como reação contra o modelo liberal e tem como principal característica a busca da igualdade material e a preocupação do interesse comum, coletivo. Consagram-se os direitos sociais como o direito econômico, previdenciário e da seguridade social. O Estado cresce desmesuradamente, havendo invasão do espaço privado. Há ampliação da estrutura estatal através da criação de empresas públicas, fundações, trazendo burocratização e ineficiência. O Direito Administrativo, como ciência jurídica autônoma foi criado no Brasil em 1851, pelo Decreto n. 608 de 1851. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 21 Há ampliação do poder de polícia que antes só se restringia aos direitos individuais, passando a atuar em setores não relacionados com a segurança, atingindo relações entre os particulares. O conceito de ordem pública amplia-se, passando a abranger ordem econômica e social. O Estado entra nas relações de emprego, no setor de telecomunicações, meio ambiente, patrimônio histórico, etc. As principais consequências negativas desse modelo estatal são o aumento da burocracia, regulamentação abundante que limitam e afetam as liberdades econômicas e sociais, além do aumento das funções normativas do Estado que passou a contar com decretos- leis, leis delegadas, regulamentos autônomos e medidas provisórias, tornando-se ineficiente pelo volume de atividades e pela falta de recursos financeiros. Com a crise do Estado Social surge o modelo de Estado Democrático de Direito, onde a sociedade é chamada a contribuir com os interesses sociais, não se imiscuindo o Estado em todos os setores da vida privada. Estado Democrático de Direito Surge após a II Guerra Mundial, mais especificamente, a partir da década de 70, quando os dois choques do petróleo colocaram em cheque a lógica do dirigismo estatal e o Estado se viu sem recursos econômicos para manter a lógica do dirigismo proposta no modelo de estado social. Além disso, os horrores do holocausto fizeram com que o homem buscasse uma reaproximação do Direito com a ética, com os valores axiológicos dentro das constituições. Surgem constituições mais abertas, principiológicas, em que o princípio da dignidade da pessoa humana se erigiu à condição de vetor das normas constitucionais. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 22 Surgem os direitos de terceira geração (direitos coletivos, difusos) como o direito à paz, à autodeterminação dos povos, o desenvolvimento, ao meio ambiente equilibrado, etc. Com ao princípio da solidariedade, surge a noção de cooriginariedade entre esfera pública e privada, enquanto no Estado Social prevaleciam os interesses públicos e no Estado Liberal os interesses privados, no modelo democrático eles se comunicam, havendo relação de complementariedade. O Estado, sem deixar de ser de Direito (protetor das liberdades individuais) e Social (protetor do bem comum). passa a ser Democrático, consagrando a participação popular. Substitui-se a ideia de estado formal (legal) pela ideia de estado vinculado aos ideais de justiça distributiva. Surge a ideia de EstadoSubsidiário de direito, onde há respeito aos interesses individuais (reconhecimento de que a iniciativa privada, seja através dos indivíduos ou das associações tem primazia sobre a iniciativa estatal) e o Estado deve abster-se de exercer atividades que os indivíduos têm condições de exercer com sua própria iniciativa e recursos. O Estado Subsidiário atua fomentando, incentivando, regulamentando, priorizando a atividade proveniente da iniciativa privada. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 23 Há limitação à intervenção estatal. De outro lado o Estado deve fomentar, fiscalizar, coordenar, permitindo aos particulares o sucesso na condução dos seus empreendimentos. Caracteriza- se pela parceria entre o público e o privado. Por essa ideia, o bem comum significa a busca pelo Estado de que os próprios particulares atinjam o interesse almejado pela coletividade. No campo do Direito Administrativo, há uma reforma, provocada pela desburocratização, desregulamentação, com as privatizações em sentido amplo (estabelecimento de contratos de concessão de serviços públicos, além de atos de permissões e autorizações de serviços públicos, além das desmonopolizações, desregulamentações, etc.). Tal modelo é denominado pela doutrina de Direito Econômico como Neoliberalismo de Regulação. . Estado, governo e Administração Pública Estado é um povo fixado num território e detentor de soberania (independência na ordem internacional e autonomia na ordem interna). A denominação “Estado” significa “estar firme” e foi cunhada pela primeira vez por Maquiavel na obra “O Príncipe” no século XVI. É pessoa jurídica de Direito Público interno sobre a qual repousa toda a concepção moderna de organização e funcionamento dos serviços públicos a serem prestados aos administrados. A vontade do Estado se apresenta por intermédio dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Na verdade, o poder do Estado é uno, mas existe a divisão das funções acima elencadas a fim de impossibilitar os desmandos e despotismo do poder executivo, próprio do Estado Absolutista. No poder executivo, encontra-se a função executiva ou administrativa que realiza a conversão da lei em ato individual e concreto. Aqui se encontra a gestão rotineira dos atos em sociedade, agindo o poder executivo de forma concreta, prática, direta e imediata. No poder executivo, encontra-se a função executiva ou administrativa que realiza a conversão da lei em ato individual e concreto. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 24 Celso Antônio Bandeira de Mello entende que existe uma quarta função, a função política ou de governo, que surge em funções que não se alocavam dentro dos poderes, a exemplo da iniciativa de lei do poder executivo, a sanção, o veto, a declaração de estado de sítio ou defesa, a decretação de calamidade pública, a declaração de guerra, etc. Portanto, governar é uma atividade política e discricionária, representando conduta independente do administrador público, como comando com responsabilidade constitucional e política. É a condução política dos negócios públicos com a fixação dos objetivos do Estado. A administração pública possui dois sentidos, um subjetivo, orgânico ou formal, que significa o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que compõem a estrutura administrativa do Estado e outro objetivo ou material que consiste no conjunto de atos e processos administrativos, ou seja, a atividade administrativa exercida pela administração no sentido subjetivo. Vale destacar que a Administração Pública no sentido subjetivo é concebida com letra maiúscula, como Administração Pública e no sentido objetivo com letras minúsculas, como administração pública. Observação: o Direito Administrativo é ramo do Direito Público interno que regulamenta as regras e princípios da administração pública, ou seja, a atuação do Estado na perseguição do interesse coletivo. Após a análise do que é função administrativa (executiva), governo e administração pública, em sentido objetivo e Administração Pública em sentido subjetivo, passaremos à análise do regime jurídico administrativo na próxima unidade. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 25 Após análise do capítulo, é possível perceber claramente que o Direito Administrativo não se confunde com as demais disciplinas jurídicas, e que o Direito Administrativo, apesar da familiaridade com o Direito constitucional, trata da estrutura da administração pública, seus órgãos e das pessoas jurídicas que a compõem, numa perspectiva dinâmica. Ao se deparar com uma notícia de jornal ou revista, é possível perceber o que é matéria de Direito Administrativo e o que é matéria de Direito Constitucional. Ademais, o aluno é capaz de diferenciar atos de governo e atos administrativos. Exemplo: uma notícia que aborda a tramitação de uma lei perante o Congresso Nacional e que poderá ser sancionada pelo Presidente da República possui conteúdo de Direito Administrativo e Constitucional. A tramitação da lei, o poder legislativo e a sanção ou veto pelo Presidente da República são matérias de Direito Constitucional. No entanto, a identificação do Presidente como agente público, além de entender a sanção ou veto como atos de governo, são matérias atinentes ao Direito Administrativo. Revisão O Direito Administrativo é ramo do Direito Público interno que regulamenta as regras e princípios da administração pública, ou seja, a atuação do Estado na perseguição do interesse coletivo. O Direito Administrativo guarda íntima relação com várias disciplinas jurídicas pertencentes ao Direito público e privado, destacando- se o Direito constitucional que cuida da estrutura e organização do Estado. Após a análise do que é função administrativa (executiva), governo e administração pública em sentido objetivo e Administração Pública em sentido subjetivo, passaremos à análise do regime jurídico administrativo na unidade 2. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 26 LENZA, Ped. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2009. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 1 27 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Regime Jurídico Administrativo • Conceito de regime jurídico administrativo • Diferençaentre regras e princípios • Classificação dos princípios que regem o Direito Administrativo • Princípios implícitos Introdução O tema que vamos estudar no capítulo 2 é o regime jurídico do Direito Administrativo. Este tema abrange o conjunto de regras e princípios que regem o Direito Administrativo, destacando a importância dos princípios e os problemas relativos à colisão entre eles. O Regime jurídico administrativo é o conjunto de regras e princípios que rege o Direito Administrativo. São regras e princípios que podem ser prerrogativas e sujeições da Administração Pública e que vão regulamentar o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que fazem parte da estrutura administrativa como um todo. As prerrogativas são os “privilégios” concedidos à Administração Pública, por ela cuidar do interesse público. Ex.: precatório, presunção de legitimidade dos atos administrativos, prazos diferenciados para atuarem judicialmente. As sujeições são normas que a Administração Pública se submete, também em nome do interesse público. Ex.: observância dos princípios, realização de licitação e concurso público, responsabilidade civil objetiva etc. As principais sujeições da Administração Pública são a observância dos princípios. O capítulo, inicialmente, fará uma abordagem sobre o conceito de regime jurídico administrativo e diferenças entre prerrogativas e sujeições. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Posteriormente, o capítulo tratará, especificamente, sobre princípios jurídicos, estabelecendo as principais diferenças entre princípios e regras. Será, então, realizado um estudo sobre os princípios da Administração Pública, classificando-os, segundo a melhor doutrina e jurisprudência. Os princípios classificam-se em constitucionais expressos que são a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Os infraconstitucionais expressos, que são a motivação, segurança jurídica, finalidade, razoabilidade e proporcionalidade, continuidade, contraditório e ampla defesa, dispostos no art. 2 da Lei 9784 de 1999. Além destes, existem os “pedras de toque”, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, que são a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público. Por fim, existem os implícitos, que são aqueles que não estão descritos em nenhuma lei ou na Constituição, mas que são reconhecidos pela doutrina e jurisprudência, como o da especialidade e autotutela. Os princípios são mandados de otimização, ou seja, devem ser aplicados na maior medida possível diante das possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Ao contrário das regras, que são mandados de definição, os princípios são mandados de otimização, ou seja, proposições que devem ser aplicadas na maior medida possível, diante das possibilidades fáticas e jurídicas existentes, em caso de conflito. Quando há colisão entre princípios jurídicos, não se afasta um em detrimento do outro. Ambos permanecem no ordenamento jurídico. Porém, no caso concreto, um poderá ser afastado para ceder lugar ao outro. As regras, ao contrário, são aplicadas na medida do válido ou inválido, do certo ou do errado. Em um conflito entre regras, uma será afastada em detrimento de outra, do ordenamento jurídico pátrio. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Após tal introdução, o capítulo abordará o conteúdo de cada princípio, conforme a classificação exposta acima. O princípio da legalidade cuida da observância da lei. O princípio da impessoalidade do tratamento dado aos administrados. O princípio da moralidade está ligado à probidade, lisura administrativa, enquanto a publicidade, à publicização dos atos administrativos e a eficiência e a melhoria da qualidade da prestação dos serviços. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 31 Conceito de regime jurídico administrativo Regime jurídico administrativo é o conjunto de normas (regras e princípios) que regem ou regulam o Direito Administrativo. Para que se reconheça o Direito Administrativo como uma disciplina autônoma, com identidade própria, é necessário que sejam estudados princípios que se entrelaçam e formam um sistema uno e coerente que compõem um regime jurídico administrativo. Segundo Fernanda Marinela: O regime jurídico administrativo tem grande valor metodológico porque explica cada um dos institutos do Direito Administrativo e permite a compreensão da respectiva disciplina. Consiste em valioso material para conduzir a vida na Administração Pública e orientar os aplicadores do Direito” (MARINELA, Fernanda, 2011, p. 23). Diferença entre sujeições e prerrogativas Além dos princípios, que são sujeições da administração pública, existem, ainda, prerrogativas que compõem o regime jurídico administrativo. Sujeições são ônus ou imposições constitucionais ou legais que a administração pública deve obedecer. Já as prerrogativas são privilégios que a administração pública possui para agir em nome do interesse público, em nome da coletividade. Alguns exemplos de sujeições da administração pública são: os princípios, as licitações, a responsabilidade civil objetiva, a exigência de concurso público para ingresso de um servidor nos quadros da Administração Pública. Já, dentre as prerrogativas, que são privilégios, destacam-se a autoexecutoriedade, a presunção de legitimidade e a imperatividade dos atos administrativos. Regime jurídico administrativo é o conjunto de normas (regras e princípios) que regem ou regulam o Direito Administrativo. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 32 Todos esses exemplos compõem o regime jurídico administrativo. No entanto, os princípios, que são sujeições, uma vez que a Administração Pública deve observá-los sob pena de sofrer sanções perante o Poder Judiciário, como estampado na Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8429 de 1992), ou seja, a Lei de Improbidade Administrativa prevê sanções para a inobservância por parte de agentes públicos dos princípios da Administração Pública. (art. 11 da Lei 8429 de 1992). Diante da importância dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro, que são sujeições, será estudado agora a diferença entre regras e princípios jurídicos e, mais adiante, o conteúdo de cada princípio jurídico, além da problemática que envolve a colisão entre eles na atualidade, diante de um fato concreto. Diferença entre regras e princípios Os princípios, assim com as regras, são normas jurídicas, ou seja, compõem o ordenamento jurídico, pois fazem parte de um conjunto de leis sistematizadas da comunidade jurídica reconhecidos pela doutrina e jurisprudência. Apesar de ambos serem normas jurídicas, existem diferenças substanciais entre princípios e regras que devem ser compreendidas e estudadas. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 7921 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 33 Os princípios erigiram como normas jurídicas no ordenamento jurídico brasileiro na década de 1970, momento em que o Ronald Dworkin, filósofo norte-americano, realizou um estudo sobre sua importância e as principais diferenças entre princípios e regras jurídicas. Para Dworkin, princípios seriam normas mais gerais e abstratas enquanto as regras seriam dispositivos definitivos. Os princípios fundamentam as próprias regras, encampando os valores sociais mais importantes de uma comunidade. Mais tarde, um filósofo alemão, Robert Alexy, desenvolveu ainda mais a teoria de Dworkin, estabelecendo que os princípios são mandados de otimização, ou seja, normas que ordenam a melhor aplicação possível dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Sua incidência depende das ponderações a serem realizadas no momento de sua aplicação. Já as regras são mandados de definição, caracterizando-se pela concretude. As regras contêm determinações fáticas e jurídicas possíveis, cuja amplitude é fixada antecipadamente. As regras seguem a lógica do tudo ou nada (plano da validade), enquanto os princípios, em caso de colisão, podem ser afastados, sem necessariamente serem abolidos do ordenamento jurídico pátrio. Colisão entre princípios Conforme dito anteriormente, os princípios são mandados de otimização, ou seja, devem ser cumpridos na maior medida possível, diante das possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Diante de um caso concreto, havendo colisão entre dois princípios, não há afastamento de um em relação ao outro, mas o que o Professor Robert Alexy chama de “Ponderação entre os princípios”. A ponderação de valores/interesses ou princípios significa que, no caso de colisão, será realizada uma avaliação pelo órgão julgador que perante todas as possibilidades fáticas e jurídicas existentes, afastará um em detrimento de outro, não excluindo-o do ordenamento jurídico. O princípio continua dentro da ordem jurídica, mas no caso específico não é aplicado. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 34 As regras, ao contrário, ou são aplicadas ou não são aplicadas. Em caso de conflito dentro de um caso concreto, elas devem ser afastadas no ordenamento jurídico brasileiro. Por exemplo, um restaurante estabelece a impossibilidade de clientes fumarem no local, sob pena de expulsão. Tal dispositivo, sem dúvida é uma regra e não um princípio. Em uma colisão de princípios, nesse caso, estaria em jogo de um lado, a liberdade plena do indivíduo e o princípio da saúde pública (protegido pelo dono do restaurante). Outro exemplo, podemos citar o Artigo 188 do Código de Processo Civil que dispõe que computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública. Tal norma é uma regra jurídica fundamentada no princípio da segurança jurídica. Ademais, é também uma prerrogativa da Administração Pública. E podemos citar ainda, como exemplo, o Artigo 37, parágrafo 6 da Constituição Federal de 1988 que estabelece que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços público, responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Tal regra é uma sujeição da Administração Pública e protege o princípio da supremacia do interesse público. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 35 Classificação dos princípios que regem o Direito Administrativo Classificar é reunir proposições ou mesmo categorias que tenham características comuns, a fim de melhor identificá-las e estudá-las. Uma classificação bem feita pode proporcionar um melhor estudo dos princípios jurídicos. Dessa forma, apresento uma classificação dos princípios do Direito Administrativo reconhecidos pela Constituição Federal de 1988, pela legislação, pela doutrina e jurisprudência. Princípios “pedras de toque” do Direito Administrativo na concepção de Celso Antônio Bandeira de Melo Para Celso Antônio Bandeira de Mello, renomado doutrinador do Direito Administrativo, existem dois princípios que são considerados “pedras de toque” do Direito Administrativo, ou seja, princípios essenciais, imprescindíveis, derivando todos os outros princípios destes dois: a supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. O Princípio da supremacia do interesse público significa que o Poder Público encontra-se em posição de autoridade, de comando, relativamente aos particulares, sendo-lhe conferido posição privilegiada aos órgãos administrativos encarregados por zelar pelo interesse público, afirmando-se, algumas vezes, que a Administração Pública está numa posição verticalizada em relação aos particulares e não horizontalizadas, como ocorre nas relações entre os particulares e por essa razão possui prerrogativas. Por exemplo, prazos privilegiados, fé pública, duplo grau de jurisdição obrigatória, execução diferenciada (precatórios), etc. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 36 O Princípio da indisponibilidade do interesse público pela administração significa que, sendo interesses qualificados como próprios da coletividade, são inapropriáveis, não se encontrando à disposição de quem quer que seja. Nem a própria Administração Pública pode dispor deste dever, sendo as normas que o informam normas cogentes, indisponíveis. O administrador cinge-se ao cumprimento da finalidade pública. Princípios constitucionais Tais princípios estão expressos na Constituição Federal de 1988 no caput do art. 37 e é interessante que o aluno faça uma mnemônica com a palavra LIMPE: o L é de legalidade, o I de impessoalidade, o M de moralidade, o P de publicidade e o E de eficiência. a. Princípio da legalidade O princípio da legalidade origina-se da criação do próprio Estado de direito e significa que a Administração Pública está em toda sua atividade funcional sujeita aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, deles não podendo se afastar. Toda e qualquer atividade administrativa deve estar autorizada pela lei. Enquanto no direito privado é permitido aos indivíduos fazer tudo que não é vedado por lei, no campo do Direito Administrativo, o administrador só pode fazer o que a lei autorizar. Administrar significa aplicar a lei de oficio. Hoje se fala em princípio da juridicidade. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 37 b. Princípio da impessoalidade O princípio da impessoalidade é faceta do princípio da igualdade, tanto a formal, conquistadacom o advento do Estado liberal de direito, ou seja, igualdade perante a lei, quanto a material, conquista do estado social de direito, igualdade real dos indivíduos, significando que a Administração Pública não deve ter em mira o interesse individual de A ou de B, dispensando o mesmo tratamento aos administrados em igualdade de condições, além de ser impessoal, perseguindo sua finalidade precípua que é o interesse público. c. Princípio da moralidade O princípio da moralidade liga-se a ideia de reaproximação do direito a ética após a II Grande Guerra e significa que a administração pública, além da observância aos preceitos legais, deve agir diante dos agentes públicos e administrados de forma proba, escorreita, dentro de princípios éticos respeitando o interesse público e o princípio da dignidade da pessoa humana. Para consolidação de tal princípio, pode-se citar como exemplos, a lei de improbidade administrativa (lei 9429 de 1992), a ação popular contemplada na Constituição Federal de 1988, art. 5, inciso LXXIII e regulamentada pela Lei n. 4717 de 65, além da ação civil pública, regulamentada pela lei 7347 de 85, como importantes instrumentos consagradores e de controle da moralidade administrativa. d. Princípio da publicidade Tal princípio indica que praticamente todos os atos administrativos devem merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados, tornando-se transparentes para que os cidadãos possam exercer o controle da legalidade, da moralidade e da eficiência de tais atos. Ele pode ser reclamado por meio de dois importantes instrumentos constitucionalmente previstos: o direito de petição (art. 5, XXXIV a) e as certidões (art. 5 XXXIV, b). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 38 e. Princípio da eficiência O princípio da eficiência foi introduzido pela Emenda Constitucional 19 de 1998 no Brasil e procura implementar entre os órgãos, agentes e pessoas prestadoras de serviços públicos a eficiência, a economicidade, a produtividade, reduzindo os gastos da administração pública, através do exercício dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Princípios infraconstitucionais expressos Tais princípios encontram-se na Lei de 9784 de 1999 e são infraconstitucionais, pois se encontram abaixo da Constituição Federal de 1988. a. Princípio da finalidade Significa que os fins a serem perseguidos pela Administração pública são de interesse de toda coletividade. Deve-se buscar a real vontade da lei. Só se compreende a legalidade, entendendo seu objetivo, só se cumpre a legalidade quando se atende à sua finalidade. O princípio da finalidade é corolário do princípio da legalidade. Significa a busca do real sentido da lei pelo administrador. Cumprir o espírito ou a finalidade da lei. b. Princípio da motivação Significa que todo ato administrativo deve ser motivado, fundamentado, sob pena de nulidade. Os atos administrativos em geral devem ter alguns requisitos: CFFMO (competência, forma, finalidade, motivação e objeto). Os atos administrativos devem ser motivados, sendo apresentados seus fundamentos fáticos e de direito. Fundamentos: art. 1, II, cidadania e parágrafo único poder emana do povo da CF, art. 5, XXXIII e XXXV da CF, 93, X da CF art. 50 da Lei 9784 de 1999. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 39 c. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade Significa que deve haver uma relação de proporcionalidade, razoabilidade entre os fins e os meios dentro da AP. Princípio basilar do próprio direito significa a busca da razão e da proporção dentro de todos os processos e procedimentos administrativos. Como exemplo: um servidor público não pode ser exonerado do cargo porque faltou três dias de serviço. d. Princípio do contraditório e ampla defesa Em todo processo (sentido amplo) judicial, administrativo ou legislativo, deve ser assegurada ampla defesa aos administrados, o que significa a observância do contraditório, defesa justa, adequada, com a presença de um advogado, em igualdade de condições, sendo vedada a produção de provas obtidas ilicitamente etc. e. Princípio da segurança jurídica Significa que qualquer resolução e medida administrativa deve pautar-se na segurança para os administrados, obedecendo ao princípio geral da irretroatividade, não se aplicando a fatos ocorridos antes de sua vigência, sem prejudicar o ato jurídica perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido (art. 5, XXXVI da CF de 1988). 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 40 Princípios implícitos São aqueles reconhecidos pela doutrina e jurisprudência pátria, mas que não estão expressos em lugar nenhum. a. Princípio da tutela, controle ou supervisão ministerial Significa que a administração pública pode fiscalizar a atividade administrativa desenvolvida pela Administração pública indireta. Tal controle ou fiscalização denomina-se supervisão ministerial. b. Princípio da autotutela Significa que a Administração Pública pode rever seus atos e processos administrativos, revogando os inconvenientes e inoportunos e anulando os ilegais. c. Princípio da continuidade De acordo com esse princípio, o serviço público não pode parar, por consistirem em funções essenciais a toda coletividade. O regime jurídico administrativo possui ampla aplicação da vida prática do aluno. O estudo dos princípios permite ao aluno identificar várias situações no cotidiano em que a Administração Pública fere um ou vários princípios constitucionais ou infraconstitucionais. Ademais, diante de casos práticos estudados na jurisprudência e doutrina, o aluno consegue visualizar situações em que ele percebe colisão entre dois ou mais princípios jurídicos, sendo necessário a escolha de um em detrimento dos demais para solução do caso concreto. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 41 Vale destacar alguns exemplos atuais como o pedido de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, com fundamento na Lei de crimes de responsabilidade e no art. 85 da Constituição Federal de 1988 que demonstra casos de improbidade administrativa, uma vez que ferem os princípios da moralidade e da legalidade administrativa. Casos de desapropriação para fins de reforma agrária pela União demonstram também a colisão existente entre o princípio da propriedade privada e o princípio da função social da propriedade. Assim, o aluno, ao estudar e ter conhecimento do conteúdo dos princípios, consegue solucionar várias questões envolvendo o direito administrativo no âmbito jurisdicional e administrativo. Revisão O regime jurídico administrativo é o conjunto de regras e princípios que regem ou regulam o direito administrativo e, portanto, a administração pública. Os princípios não se confundem com as regras e podem ser constitucionais,infraconstitucionais e princípios implícitos, reconhecidos pela doutrina e jurisprudência. A principal diferença entre regras e princípios consiste na ideia de que os princípios possuem conteúdo mais abstrato, dinâmico e fundamentam as próprias regras. Seu caráter abstrato e dinâmico liga-se a noção de que são valores sociais positivados e aceitos por uma comunidade específica. Já as regras são os próprios dispositivos constitucionais, as leis positivadas com caráter mais hermético e menos abstrato. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 42 Na colisão entre dois princípios, afasta-se um em detrimento do outro, mas não há sua exclusão do ordenamento jurídico. Na colisão entre regras, há exclusão de uma em detrimento da outra no ordenamento jurídico. Os princípios, por isso, são considerados mandados de otimização, enquanto as regras mandados de definição. Os princípios são sujeições da Administração Pública e possuem uma classificação para melhor entendê-los. Tal classificação consiste no agrupamento dos princípios em “pedras de toque” constitucionais, infraconstitucionais expressos e implícitos nas lições do ilustre Celso Antônio Bandeira de Mello. Os “pedras de toque” são os princípios da supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público. Ambos consistem em entender que a Administração Pública cuida ou zela por interesses da coletividade. Os princípios constitucionais são aqueles insculpidos na Constituição no art. 37, “caput” e referem-se à legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Os princípios expressos infraconstitucionais estão dispostos no art. 2 da Lei de Processo Administrativo e, além dos expressos constitucionais, referem-se à motivação, proporcionalidade, razoabilidade, segurança jurídica, dentre outros. Além destes, existem os que a doutrina e jurisprudência reconhecem, mas não estão expressos em nenhuma lei ou na Constituição Federal. Pode- se citar como exemplos o princípio da autotutela e especialidade. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 2 43 Consulte outros livros como de Direito Constitucional, sites, jornais e revistas para entender melhor os princípios do direito administrativo e a estrutura dos princípios e regras jurídicas. Artigo: Jurisprudências do STF http://www.ebah.com.br/content/ABAAABYtkAF/artigo-prof-galuppo GALLUPO, Marcelo Campos. Os princípios jurídicos no Estado Democrático de Direito: ensaio sobre o modo de sua aplicação. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 36, n. 143, p.191-210, jul./set. 1999. Disponível em:<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/514/r143-16. PDF?sequence=4> Acesso em: 12 fev.2016. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Estrutura da Administração Pública • Estrutura da Administração Pública Introdução Neste capítulo, será definida a estrutura da Administração Pública no sentido subjetivo ou formal, ou seja, o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas que fazem parte da Administração Pública. Nas lições de Marinela (2011): A Organização da Administração é a estruturação das pessoas, entidades e órgãos que irão desempenhar as funções administrativas; é definir o modelo do aparelho administrativo do Estado. Essa organização se dá normalmente por leis e, excepcionalmente, por decreto e normas inferiores. (MARINELA, 2011, p. 87) Nesta unidade, será feita uma abordagem doutrinária, contendo a diferença entre descentralização e desconcentração, em um primeiro momento. Posteriormente, serão abordadas as várias espécies de descentralização existentes (descentralização política, administrativa por outorga, funcional ou técnica e por colaboração ou delegação), sendo demonstrada quando haverá a transferência da titularidade e da execução do serviço público. Após a abordagem da descentralização que está ligada à formação de pessoas jurídicas, será estudada a desconcentração administrativa que liga-se à ideia de formação de órgãos dentro das pessoas jurídicas descentralizadas. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 Os órgãos possuem classificação própria, conforme sua posição, estrutura e forma de atuação. A classificação mais importante dos órgãos utiliza o critério de sua posição estatal. Assim, existem órgãos independentes, autônomos, superiores e subalternos. Os primeiros possuem um alto grau de autonomia, enquanto os últimos não possuem autonomia, subordinando-se aos demais órgãos que lhes são hierarquicamente superiores e que exercem sobre eles comando ou poder. A abordagem da descentralização será necessária para que você possa estudar os demais capítulos que tratam das pessoas jurídicas que fazem parte da Administração Pública Indireta, especificando seu regime jurídico, sua criação, o regime de seu pessoal (agentes públicos que fazem parte de seu quadro funcional), etc. Portanto, o objetivo desta unidade é introduzir os conceitos básicos da estrutura administrativa a fim de que o aluno possa ser capaz de distinguir as várias pessoas jurídicas e os órgãos que dela fazem parte. Ao final, você saberá distinguir pessoas jurídicas de órgãos e quais são as pessoas que fazem parte da Administração Direta e Indireta, além das que não fazem parte da Administração, mas que prestam serviços públicos importantes para a coletividade e que compõem o terceiro setor da economia nacional. O regime jurídico de cada uma delas também será abordado nos próximos capítulos, com especificação de sua responsabilidade, o regime de seus bens, as espécies de controle que podem se submeter, sua criação e a submissão ao regime jurídico administrativo. 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 82 66 45 79 21 5 DIREITO ADMINISTRATIVO unidade 3 47 Estrutura da Administração Pública No capítulo 1, foi estudado o conceito de Direito Administrativo e de Administração Pública no sentido objetivo ou material e no sentido subjetivo ou formal. Neste capítulo, será estudada a Administração Pública no sentido subjetivo ou formal, ou seja, os órgãos e as pessoas jurídicas que compõem a Administração Pública, inclusive, as pessoas jurídicas que fazem parte do terceiro setor, ou seja, que não compõem a estrutura administrativa, mas que exercem funções importantes para a consecução da finalidade pública, recebendo incentivo do Estado. É importante ressaltar que
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