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Imunidade - Ivan Santiago

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Rio, 24 de março de 2011 
Direito Penal I
Sobre a Imunidade
Essa matéria é muito voltada para a Constituição (a imunidade parlamentar e do presidente da República). A imunidade diplomática advém dos tratados internacionais. Só a legislador constitucional pode criar imunidades. 
A imunidade pode ser:
Jurisdicional – É o caso da imunidade diplomática (exemplo único). O caso do indivíduo não ser submetido à legislação do país em que ele está. O agente diplomático de outro país não se submete à legislação brasileira. Salvo se o seu país de origem abrir mão dessa imunidade. A imunidade não é inerente ao diplomata pessoa física, mas sim à sua função. O cônsul difere do diplomata já que aquele apenas defende interesses comerciais – por isso sua imunidade é de diferente natureza. Ambas essas imunidades são reguladas pela Convenção de Viena. O agente diplomático pode passar, porém, a ser persona non grata no país em que cometeu o delito. A imunidade diplomática não se aplica apenas ao direito penal, mas sim à toda jurisdição do país.
Material (Inviolabilidade) – Atinge o crime em si. Exemplo: o parlamentar é imune por suas opiniões, palavras e votos. Para ele, a injúria, por exemplo, não constitui crime. 
Formal – Imunidade em que há certas restrições ao processamento do sujeito. Não atinge o crime em si, mas sim a possibilidade de entrar com o processo. 
Sobre a imunidade do Presidente da República
Artigos 85 e 86 da CF. É imunidade exclusivamente formal. Existe diferença entre crimes de responsabilidade e crimes comuns (ao falar de crime comum, deve-se sempre reparar em seu contrário, já que é uma expressão sem significado intrínseco). O artigo 85 fala dos crimes de responsabilidade do presidente da República – deve ser complementado pela lei 1079/50, que exemplifica os crimes de responsabilidade. Eles não são realmente crimes, mas sim infrações administrativas, já que não geram prisão, mas a perda de direitos políticos. Collor foi culpado por crime de responsabilidade e por isso sofreu a sanção da perda de direitos políticos por 8 anos. Collor também respondeu por crime comum (foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal). O artigo 52 inciso I da Constituição indica que o Senado Federal seria o foro competente para julgar o Presidente da República pelo crime de responsabilidade. O artigo 102, inciso I, linha b indica quem possui foro especial (o termo mais adequado é foro por prerrogativa de função). Deve-se notar que o que ocorre é uma supressão das instâncias julgadoras, não sendo portanto um privilégio. 
Ainda quanto a imunidade formal do Presidente, para que se possa processar o indivíduo por aquele crime será necessário o preenchimento de condições. Segundo o artigo 86, 2/3 da Câmara deve aprovar, por exemplo, uma acusação contra um Presidente. Sem essa aprovação, não haverá processo. O parágrafo 4º está indicado que, por atos não relativos a função, o presidente não pode ser processado durante a vigência do mandato. A corrupção do Collor, por exemplo, estava relacionada à função da presidência. Aí surge um problema – o legislador deveria ter citado que o prazo prescricional fica suspenso. Porém, isso não foi citado e não podemos fazer livremente esse tipo de interpretação (agravaria a situação do réu sem prévia aprovação legal). Parágrafo primeiro - Denúncia (da ação pública) e queixas (da ação privada – da vítima) são petições iniciais – instauram o processo penal. O parágrafo determina que uma vez iniciado o processo do Presidente pelo crime comum (no Supremo) ou de responsabilidade (no Senado), ele terá um recesso de suas funções de 180 dias. O Presidente só pode ser preso se for condenado definitivamente – não ocorre o caso das prisões provisórias (alguns chamam isso de imunidade prisional). 
Sobre a imunidade parlamentar
A imunidade dos deputados e senadores (parlamentares federais) – artigo 53 da CF. A imunidade deles é tanto formal quanto material. 
- A imunidade material é de não constituir crime as palavras, opiniões e votos do parlamentar. Ou seja, os “crimes contra a honra” – difamação, calúnia, injúria. A idéia é evitar o cerceamento do sujeito – assegurar a liberdade na atuação parlamentar. O que ocorre é a impossibilidade de apontar o comportamento como crime (a tipificação da conduta). Quanto à extensão da imunidade material – a imunidade é absolutamente inerente ao exercício da função parlamentar. O exercício da função nem sempre está atrelado a um discurso em casa legislativa. Se o deputado comparece a um evento social como autoridade, é desempenho de atividade parlamentar. Porém, em um contexto nada relacionado ao exercício da função, não ocorre imunidade material. 
- A Imunidade formal do parlamentar é apontada por alguns como algo que já desapareceu com a emenda Constitucional 35. Ivan acredita que ela não acabou, apenas foi abrandada. Até a emenda, o parlamentar só poderia ser processado (por crime relacionado ou não ao exercício da função) caso a casa legislativa a que ele pertencia autorizasse. Tinha um dispositivo que suspendia a prescrição (se não fosse reeleito, poderia ser processado). A emenda inverteu o contexto – hoje a regra é ele ser processado no Supremo, exceto no caso da casa legislativa a qual ele pertença resolver deliberar pela sustação (parada) do processo (parágrafo 4º do artigo 53) – mas existe um prazo de 45 dias para isso. A sustação do processo só diz respeito a crime ocorrido após a diplomação. 
 
Sobre a imunidade dos Deputados Estaduais
Artigo 27, parágrafo 1º da Constituição fala sobre a imunidade dos Deputados Estaduais. O tratamento conferido aos Deputados Estaduais é igual ao dado aos Deputados Federais. Ou seja, por meio do princípio da isonomia, se aplicam a eles os mesmo direitos e deveres daquele que desempenha a mesma função em âmbito federal. É importante lembrar que, nesse caso, também se aplica a imunidade para ações relacionadas ao cargo de Deputado ainda que fora fisicamente da Casa Legislativa. A imunidade diplomática, por outro lado, abrange o diplomata em qualquer situação, ainda que ela fuja ao exercício da função. 
No artigo 53 da CF pode ser aplicado aos Deputados Estaduais mediante analogia. Deve-se adequar o que a CF prevê para os Deputados Federais para os Deputados Estaduais. Não será julgado pelo Senado, mas sim pelo Tribunal de Justiça.
Caso um processo se inicie em foro privilegiado e o indivíduo julgado não tenha sido reeleito, a vara de competência será deslocada para a comum (a primeira instância da jurisdição penal). Isso se aplica a deputados federais e estaduais. 
Sobre a imunidade dos Governadores
O STJ terá competência para processar e julgar os governadores por crimes comuns (determinação do artigo 105 CF). De resto, será a Constituição dos Estados que irá regulamentar a situação do governador. Isso se aplica tanto ao governador do Distrito Federal quanto aos governadores dos Estados. Geralmente as Constituições Estaduais reproduzem a situação da imunidade do presidente da República para os governadores. Normalmente essas Constituições dispõem que, frente a crimes de responsabilidade por parte do Governador, será Assembléia Legislativa que irá julgar. 
O caso do Arruda levantou questões sobre a possibilidade de prisão provisória de um governador. As prisões provisórias podem ser temporárias, preventivas e prisões em flagrante. Essa matéria será melhor estudada em processo penal. Todas as prisões provisórias devem ter uma razão de existir: a liberdade do réu está prejudicando o seu processo. Era isso que ocorria em seu caso.
Sobre a imunidade do legislativo municipal	
Os vereadores não desfrutam de imunidade formal. Qualquer crime, relacionado ou não com a sua função, será processado normalmente. Sua única imunidade é material, que diz respeito ao exercício da função legislativa. Isso está indicado no artigo 29, inciso VIII da Constituição.
Sobre a imunidade do Prefeito
A única imunidade que o prefeito possui é o foro especial. O prefeito será julgado nos tribunais de justiça dos municípios. 
Sobre a imunidadedo advogado
A sede da imunidade do advogado é o artigo 133 da CF. Esse indica que os atos e manifestações do advogado, nos limites da lei, são invioláveis. Mas a Constituição não termina a matéria em si – ela é genérica. O Estatuto da advocacia, a lei 8906/94 – artigo 7º, parágrafo 2º também dispõe sobre isso. Esse foi um dispositivo criticado desde o início por sua inconstitucionalidade ao utilizar o termo “desacato”. Portanto, deve-se ler esse dispositivo excluindo essa palavra (considerar apenas a injúria e a difamação). Isso se aplica ao advogado no exercício de sua função, em juízo ou fora dele. O artigo 142 inciso I do Código Penal é mais restritivo: fala da ofensa em juízo, que não constitui difamação ou injúria. 
A imunidade do advogado, em todos os casos, é material (inviolabilidade). Se aplica à difamação e à injúria (e em alguns casos à calúnia por decisão judicial, embora não esteja previsto em lei – não há problema em realizar interpretação extensiva, é uma norma permissiva).
Sobre esses crimes que atentam contra a honra:
Calúnia Imputar falsamente um fato criminoso a alguém (é a mais grave). Deve ser um fato criminoso e concreto.
Difamação Imputar um fato ofensivo a honra de alguém. Ocorre quando se imputa um fato com a finalidade de ofender a honra, não importando se esse fato é ou não verdadeiro.
Injúria Injuriar alguém (é a menos grave das três). Chamar alguém de “viado” seria um exemplo. 
A finalidade de ofender é requisito para todas essas modalidades.
Existem casos em que o juiz afasta a imunidade do advogado ao entender que a ofensa não foi feita com o intuito de defender o cliente no caso, mas sim de provocar uma ofensa direcionada, exclusivamente com a intenção de ofender.

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