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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 1 1. Introdução Queimaduras em geral são uma das mais devastadoras condições encontradas na medicina. O dano representa uma injúria em todos os aspectos no paciente, desde física à psicológica, e afeta todas as idades, desde crianças à idosos, e ocorre em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Queimadura é o quarto tipo mais comum de trauma em todo mundo, seguindo acidentes de trânsito, quedas e violências interpessoais. Entende-se por queimadura o quadro resultante da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo humano. A despeito de o prognóstico ter melhorado dramaticamente, em especial graças ao reconhecimento da importância do debridamento precoce e ao progresso no emprego de substitutos biológicos da pele, as queimaduras ainda configuram importante causa de mortalidade. Esta se deve principalmente à infecção que pode evoluir com septicemia, assim como à repercussão sistêmica, com possíveis complicações renais, adrenais, cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais. Além disso as queimaduras resultam em considerável morbidade pelo desenvolvimento de sequelas, estando entre as mais graves a incapacidade funcional, especialmente quando atinge as mãos, as deformidades inestéticas, sobretudo da face, e também aquelas de ordem psicossocial. As queimaduras, dependendo da localização, podem ainda causar complicações neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias. Decorre daí o fato de a correta abordagem inicial do queimado ser essencial para o prognóstico a curto e longo prazo. Embora seja uma situação incomum na prática diária do dermatologista de grandes cidades, ele poderá ser ocasionalmente solicitado a orientar os primeiros cuidados ao paciente com queimadura, pelo fato de ela atingir a pele. Entretanto, em locais afastados dos grandes centros, onde não estão disponíveis recursos especializados de atendimento a queimados, o dermatologista poderá ser requisitado com frequência e, portanto, deve estar adequadamente habilitado a avaliar e prestar os cuidados de emergência ao queimado, até que este seja removido, caso necessário, para hospital ou unidade de queimados 2. Anatomofisiologia da pele Queimadura → Queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, química ou elétrica. A pele é o maior órgão do corpo. É composta pela epiderme, de epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, e pela derme, de tecido conjuntivo. Subjacente, unindo-a aos órgãos, há a hipoderme (ou fáscia subcutânea), de tecido conjuntivo frouxo e adiposo Estrutura da pele ❖ Camadas ➢ Epiderme → Podem ser distinguidas quatro camadas no epitélio estratificado pavimentoso queratinizado da epiderme: o estrato basal, o estrato espinhoso, o estrato granuloso e o estrato córneo. ➢ Derme → O limite entre a epiderme e a derme, principalmente na pele grossa, é bastante irregular, devido a projeções da derme para a epiderme (papilas dérmicas) e de projeções da epiderme para a derme (cristas epidérmicas). Essas projeções aumentam a área de contato entre a derme e a epiderme, dando maior resistência à pele. ➢ Hipoderme ❖ Anexos Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 2 ➢ Glândulas sudoríparas ➢ Glândulas sebáceas ➢ Folículo piloso ➢ Unhas *Os pelos desenvolvem-se dos folículos pilosos, invaginações da epiderme na derme e na hipoderme. Eles são abundantes na pele fina do couro cabeludo e ausentes nos lábios, na glande, nos pequenos lábios, na face vestibular dos grandes lábios, nas faces laterais das mãos e dos pés e na pele grossa da palma das mãos e da planta dos pés. O folículo piloso é constituído por: bainhas radiculares interna e externa, derivadas da epiderme; membrana vítrea, que corresponde à membrana basal, e bainha dérmica, onde há condensação de fibras colágenas. A bainha radicular externa corresponde aos estratos basal e espinhoso da epiderme, e a bainha radicular interna, aos estratos granuloso e córneo. A bainha radicular interna é dividida em: camada de Henle, que é a mais externa e contém células cúbicas ou pavimentosas; camada de Huxley, formada por células pavimentosas com grânulos de trico-hialina, e cutícula, de escamas queratinizadas (queratina mole), sobrepostas, que faceiam o pelo. Fixado à bainha dérmica e à derme papilar, há o músculo eretor do pelo, de músculo liso. No folículo do pelo em fase de crescimento, a porção terminal expandida corresponde ao bulbo piloso. Ele é constituído pela papila dérmica, de tecido conjuntivo frouxo e, recobrindo-a, pela matriz, de células epidérmicas. A proliferação dessas células origina as bainhas radiculares e o pelo. Um corte transversal do pela mostra três camadas concêntricas de células queratinizadas: a medula, o córtex e a cutícula. A medula consiste em queratina mole, e o córtex e a cutícula contêm queratina dura. Esta apresenta mais ligações de cistina e dissulfeto do que a queratina mole, é compacta e não descama. Pelos mais finos não possuem a medula. A cor do pelo é resultante da melanina nas células do córtex, fornecida pelos melanócitos localizados na matriz. As escamas da cutícula do pelo estão sobrepostas, e suas bordas livres, direcionadas para cima, apõem-se as bordas livres das escamas da cutícula da bainha radicular interna, que estão apontadas para baixo. Associados aos folículos pilosos, em virtude da sua origem, há as glândulas sebáceas. Elas são abundantes no couro cabeludo e ausentes na palma das mãos e na planta dos pés. Situam-se na derme. São glândulas exócrinas alveolares ramificadas holócrinas. Possuem um ducto curto, de epitélio estratificado pavimentoso, que desemboca no folículo piloso. Em algumas áreas do corpo, sem pelos, as glândulas sebáceas abrem-se diretamente na superfície epidérmica. O sebo é uma secreção oleosa, com ácidos graxos, ésteres de cera e esqualeno, junto com os restos das células produtoras. Ele lubrifica a superfície da pele e do pelo, aumentando as características hidrofóbicas da queratina e protegendo o pelo. As glândulas sudoríparas estão distribuídas pela superfície corporal, excetuando-se os lábios, o clitóris, os pequenos lábios, a glande e a superfície interna do prepúcio. Elas são abundantes nas regiões palmar e plantar. A porção secretora situa-se profundamente na derme ou na parte superior da hipoderme. São glândulas exócrinas tubulares simples enoveladas merócrinas (ou écrinas) A porção secretora é constituída pelas células escuras, produtoras de glicoproteínas, e pelas células claras, com características de células transportadoras de íons e responsáveis pela secreção aquosa do suor. Ao redor da porção secretora, há células mioepiteliais. O ducto abre- se na crista epidérmica, de onde a glândula se originou, e tem trajeto tortuoso. Seu diâmetro é menor que a porção secretora. O epitélio é estratificado cúbico, com células menores e mais Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 3 escuras que as células da porção secretora. Elas reabsorvem a maior parte dos íons e excretam substâncias, como ureia e ácido lático. O suor é uma solução aquosa, hipotônica, com pH neutro ou levemente ácido, contendo íons de sódio, potássio e cloro, ureia, ácido úrico e amônia. Além da função excretora, as glândulas sudoríparas regulam a temperatura corporal pelo resfriamento em consequência da evaporação do suor. As glândulas sudoríparas odoríferas são encontradas nas axilas, nas aréolas mamárias e na região anogenital. Estão localizadas profundamente na derme ou na região superior da hipoderme. São glândulas exócrinas tubulares simples ou ramificadas enoveladas apócrinas (atualmente há controvérsia, na literatura,se são apócrinas, merócrinas ou apresentam ambos modos de secreção). A porção secretora tem luz ampla, é constituída por células cúbicas, com a porção apical em cúpula e é circundada por células mioepiteliais. O ducto é relativamente reto, de epitélio estratificado cúbico e se abre no folículo piloso, acima do ducto da glândula sebácea. Assim como as glândulas sebáceas, as glândulas sudoríparas odoríferas são estimuladas pelos hormônios sexuais e tornam-se funcionais na puberdade. A secreção contém proteínas, carboidratos, lipídios, amônia e feromônios, envolvidos na atração sexual. Inicialmente inodora, adquire um odor acre ou almiscarado em resposta à decomposição por bactérias. A glândula mamária é uma área modificada da pele com glândulas sudoríparas especializadas na secreção de nutrientes sob a influência hormonal. As unhas, como os pelos, resultam da compactação de células bastante queratinizadas (queratina dura). Pele 3. Fisiopatologia A queimadura compromete a integridade funcional da pele, responsável pela homeostase hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. Portando, a magnitude do comprometimento dessas funções depende da extensão e profundidade da queimadura. A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por necrose de coagulação tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes num período de 12 a 48 Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 4 horas. A ferida da queimadura a princípio é estéril, porém o tecido necrótico rapidamente se torna colonizado por bactérias endógenas e exógenas, produtoras de proteases, que levam à liquefação e separação da escara, dando lugar ao tecido de granulação responsável pela cicatrização da ferida, que se caracteriza por alta capacidade de retração e fibrose nas queimaduras de terceiro grau. Nas grandes queimaduras, além da resposta local, o dano térmico desencadeia ainda uma reação sistêmica do organismo, em consequência da liberação de mediadores pelo tecido lesado. Ocorre extenso dano à integridade capilar, com perda acelerada de fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela sequestração nos interstícios, que é agravada por subprodutos da colonização bacteriana. Além disso, nas queimaduras extensas, superiores a 40% da área corporal, o sistema imune é incapaz de delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna rara a sobrevida nesses casos. Essa resposta sistêmica manifesta- se por febre, circulação sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, com aumento do catabolismo muscular, decorrente de alteração da função hipotalâmica (aumento da secreção de glucagon, cortisol e catecolaminas), da deficiência da barreira gastrointestinal (passagem de bactérias e seus subprodutos para a circulação sistêmica), da contaminação bacteriana da área queimada (liberação sistêmica de bactérias e subprodutos), da perda de calor (evaporação através da ferida levando à hipotermia) e da perda de fluidos (desequilíbrio hidroeletrolítico) O que acontece na pele queimada 4. Epidemiologia As causas mais frequentes das queimaduras são a chama de fogo, o contato com água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as queimaduras provocadas pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o corpo. Queimadura química é denominação imprópria dada às lesões cáusticas provocadas por agentes químicos, em que o dano tecidual nem sempre resulta da produção de calor. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 5 As queimaduras em crianças, na maioria dos casos, acontecem no ambiente doméstico e são provocadas pelo derramamento de líquidos quentes sobre o corpo, como água fervente na cozinha, água quente de banho, bebidas e outros líquidos quentes, como óleo de cozinha. Ao contrário, os adultos queimam-se com mais frequência com a chama de fogo e principalmente no ambiente profissional. As queimaduras resultantes, portanto, costumam ser mais profundas e, usualmente, acompanham-se dos danos causados pela inalação de fumaça. As queimaduras por contato com objetos quentes, tais como fornos, tostadores, grelhas e aquecedores, são mais comuns em indivíduos em crise convulsiva, alcoolizados ou sob efeito de drogas ilícitas, assim como idosos durante episódios de perda da consciência. Também tendem a ser mais profundas devido ao contato prolongado com a fonte térmica.9 As injúrias elétricas podem ser causadas pela passagem da corrente elétrica através do corpo ou pela exposição ao calor gerado pelo arco de corrente de alta tensão. No primeiro caso, além do dano térmico, há risco de alteração na condução elétrica cardíaca, que deve ser devidamente monitorada Lesões frequentes em acidentes domésticos → 67 % destes acometem crianças Quarta causa de óbito por trauma No Brasil ❖ 1.000.000 de acidentes/ano ❖ 100.000 atendimentos hospitalares ❖ 2.500 óbitos relacionados Lógica do paciente – sequencial ❖ Agudo ❖ Estabilização ❖ Sequelas 5. Atendimento inicial – sistematização de condutas Avaliação primária (ABCDE) → Medidas auxiliares a avaliação primária e reanimação ❖ Afastar a vítima da fonte causadora ❖ Retirar adornos e vestimentas ❖ Lavagem exaustiva com água corrente ❖ Evitar a hipotermia ❖ Avaliar a queimadura ❖ Estabilizar o paciente → ABCDEF da queimadura Avaliação secundária → Medidas auxiliares a avaliação secundária Tratamento definitivo 6. Cuidados pré-hospitalares Afastar a vítima do agente causador Se vítima em chamas → Envolvê-la em cobertor ou orientar rolagem no solo Retirar adornos e vestimentas da vítima Lavagem exaustiva com água corrente Evitar a hipotermia Avaliar a queimadura ❖ A → Via aérea e coluna cervical ❖ B → Avaliar saturação e padrão ventilatório ❖ C → Avaliar pressão; FC; sinais de choque ❖ D → Avaliar padrão neurológico Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 6 ❖ E → Contra ambiente; afastar do mecanismo de queimadura; exposição corporal; hipotermia ❖ F → Puncionar acesso; iniciar fluido Estabilizar o paciente Avaliando a queimadura ❖ Natureza → Escaldadura; química; elétrica ❖ Horários ❖ Comorbidades ❖ Risco de lesão inalatória ❖ Crime ❖ Extensão e profundidade Estimativa da área queimada e profundidade ❖ Regra dos 9 ❖ Epidérmica ❖ Espessura parcial ❖ Espessura total 7. Via aérea e coluna cervical Estabilizar coluna cervical em traumas de grande energia Avaliar perveidade da via aérea → Fala Manobras de projeção da mandíbula e elevação do mento 8. Respiração Inspeção, palpação, ausculta e percussão Sinais de lesão inalatória ❖ Queimadura por chamas em locais fechados ❖ Queimaduras em face e pescoço ❖ Queimadura em vibrissas ❖ Escarro carbonáceo Garantir via aérea ❖ Lesão inalatória ❖ Intoxicação por monóxido de carbono ❖ Queimaduras circunferências Intoxicação por monóxido de carbono ❖ Oxigênio suplementar por mascara ❖ Oxímetro ineficaz Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 7 Intubação orotraqueal quando necessário ❖ Alterações na voz → Rouquidão, estridor ❖ Edema em orofaringe ❖ Taquipneia e dispneia 9. Circulação Pele Pulso → FC Perfusão → Tempo de enchimento capilar Hemorragias → Lesões associadas Garantir dois acessos venosos Avaliar sinais de choque Quantificar diurese Definir demanda de fluidoterapia Hemorragias → Lesões associadas 10. Avaliação neurológica Escala de Glasgow 11. Exposição Expor o paciente (retirar roupas e objetos) Buscar outros agravos de trauma Controlar hipotermia12. Fluido (reposição volêmica) Início precoce → Punção de dois acessos periféricos calibrosos → Usar Ringer Lactato Seguir para avaliação da queimadura → Calcular SCQ e avaliar profundidade Fluidoterapia IV indicada para ❖ Adultos → SCQ > 20% ❖ Crianças menores → SCQ ≥ 10% ❖ Crianças maiores → SCQ ≥ 15% Fórmula de Parkland → 4 ml de Ringer Lactato x Peso em Kg x SCQ em % 24 horas iniciais ❖ 50% → Primeiras 8 horas desde a lesão ❖ 50% → 16 horas restantes Após 24 horas ❖ Hidratação baseada na FC e Diurese → Diurese de 0,5-1,0 ml/kg/h e FC ≤ 110 bpm ❖ Manter monitorização multiparamétrica Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 8 13. Avaliação da queimadura Avaliação AMPLA ❖ Alergias ❖ Medicamentos de uso habitual ❖ Passado médico ❖ Líquidos e alimentos ingeridos nas últimas horas ❖ Eventos relacionados ao trauma Avaliando a queimadura ❖ Natureza → Escaldadura; química; elétrica ❖ Horários ❖ Comorbidades ❖ Risco de lesão inalatória ❖ Crime ❖ Extensão e profundidade Estimativa da área queimada e profundidade ❖ Regra dos 9 ❖ Epidérmica ❖ Espessura parcial Espessura total Dados do evento (natureza) ❖ Escaldaduras → Qual líquido? Havia soluto? ❖ Elétrica → Tipo de corrente? Tempo de contato? Tensão? ❖ Química → Qual a substância? Extensão da queimadura → A extensão da queimadura corresponde a “superfície corporal queimada (SCQ)” ❖ “Regra dos nove” de Wallace → Maior praticidade ➢ Para cima é “9” ➢ Para baixo é “18” Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 9 ➢ Dorso à dezoito ❖ Diagrama de Lund e Browner → Maior precisão ➢ O mais avançado método de cálculo de área queimada ➢ Leva em consideração as várias faixas de idade com precisão Profundidade da queimadura ❖ Primeiro grau → Superficiais; solar; hiperemia e dor; tratamento é analgesia simples (Dipirona) e substância calmante para a pele (ex. Osmogel) ❖ Segundo grau → Espessura parcial superficial (flictema) e profunda (lesão vascular; sem alteração da coloração após compressão) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 10 ❖ Terceiro grau → Espessura total; tecido nacarado Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 11 14. Avaliação secundária Etapas ❖ Manter monitorização multiparamétrica ❖ Passagem de SNG ❖ Analgesia venosa ❖ Profilaxia para tétano ❖ Cuidados com a circulação periférica ❖ Curativo em quatro camadas ❖ Decisão sobre o internamento Sistemática Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 12 Monitorização → Frequência cardíaca e diurese ❖ Utilizar monitor paramétrico ❖ Oximetria pode ser imprecisa ❖ Realizar ECG de 12 derivações nas queimaduras elétricas → Arritmias supraventriculares ❖ Sondagem vesical para quantificar diurese → 0,5-1,0 ml/kg/h Hidratação ❖ Fórmula de Parkland → 4 ml de Ringer Lactato x Peso em Kg x SCQ em % ❖ 24 horas iniciais ➢ 50% → Primeiras 8 horas desde a lesão ➢ 50% → 16 horas restantes ❖ Após 24 horas ➢ Hidratação baseada na FC e Diurese → Diurese de 0,5-1,0 ml/kg/h e FC ≤ 110 bpm Analgesia ❖ Dipirona 2g IV ❖ Morfina 2mg IV → Queimaduras de espessura parcial ➢ Nubain ➢ Ketamin → Droga de escolha na refratariedade em bomba de infusão ❖ Ocasião pertinente para profilaxia do tétano Profilaxia para tétano Curativo em 4 camadas ❖ Pomada ➢ Sulfadiazina de Prata ➢ Acetato de mafenide ➢ Nitrato de Prata ❖ Gaze não aderente ➢ Gaze vaselinada ➢ Rayon Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 13 ➢ Adaptic ❖ Substância absorvente ➢ Algodão ➢ Zobec ➢ Morim ❖ Atadura ortopédica Queimaduras circunferências → Queimaduras que envolve ¾ da circunferência da extremidade ❖ Síndrome compartimental (5Ps) → Agir imediatamente via escarotomia ou fasciotomia ➢ Palidez ➢ Pulso débil ➢ Pain (dor) ➢ Parestesia ➢ Paralisia ❖ Escarotmoia → A escarotomia do pescoço ou do tórax pode ser necessária para fornecer ao paciente uma ventilação adequada, pois a retração causada pela queimadura de toda profundidade pode limitar esta função. Idealmente, a escarotomia é realizada por um médico experiente, a fim de evitar danos a estruturas próximas. Já a escarotomia das extremidades pode ser necessária em queimaduras que envolvam toda profundidade da pele e circunferência dos membros, se o edema causar constrição e isquemia distal. Embora existam parâmetros para guiar o tempo ideal para realizar a escarotomia, a maioria das decisões se baseiam no contexto clinico que o paciente se encontra, na presença de feridas constritivas e isquemia distal. Os clínicos devem manter em mente a distinção entre escarotomia e fasciotomia, onde a primeira se faz uma incisão na ferida, e a segunda envolve incisões nas camadas fasciais para tratar a síndrome compartimental. ❖ Fasciotomia → A fasciotomia se torna necessária após um dano causado em um grupo muscular (fraturas e queimaduras elétricas, mas comumente) onde o aumento da pressão causada pelo acumulo de sangue ou fluídos no compartimento causam sofrimento tecidual. Dor intensa, parestesia e diminuição de pulso são achados comuns. Quando o médico suspeitar de síndrome compartimental, deve-se abrir a fáscia do grupo muscular atingido, afim de liberar esta pressão. Queimadura de espessura parcial profunda <10% SCQ ou espessura parcial superficial ❖ Analgesia ❖ Tetanograma ❖ Curativo em quatro pontas ❖ Acompanhamento ambulatorial Queimadura de espessura parcial profunda ≥ 10% SCQ e espessura total ❖ Monitorizar → Se elétrica realizar ECG ❖ Via aérea → Já estabelecida ❖ Hidratação venosa ❖ Analgesia ❖ Tetanograma ❖ Sondagem vesicar e NSG ❖ Curativo em quatro camadas ❖ Hospital especializado Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 14 15. Escarotomia A escarotomia é considerada um procedimento de urgência, podendo ocorrer déficits neurológicos e vasculares graves, caso o problema não seja solucionado. Também é de suma importância estar atento para não realizarmos escarotomias desnecessárias, o que puder ser evitado com uma avaliação horária da cor da pele, sensação, reabastecimento capilar e pulsos periféricos, mas, principalmente, por um acompanhamento rigoroso da oximetria no II dedo da mão ou pé. O II dedo apresenta a porção terminal do fluxo das artérias radial e ulnar, através de suas artérias digitais, portanto, a oximetria superior a 90% indicado que existe fluxo sanguíneo suficiente para o dedo e, consequentemente, para todas as estruturas proximais, no caso de uma queimadura térmica. O mesmo acontece com o sistema da artéria dorsal do pé e da tibial posterior, que se “une” distalmente ao nível do II espaço interdigital, nutrindo o II artelho. Nos casos onde a lesão ocorreu por uma queimadura elétrica, a corrente pode ter passado por estruturas nos compartimentos proximais ao dedo, na mão e no antebraço. Assim, além da oximetria, consideramos também sinais e sintomas da síndrome do compartimento, para indicar uma escaratomia e/ou fasciotomia, inclusive com a medida da pressão intracompartimental. Na avaliação do fluxo sanguíneo arterial, quando se considera a necessidade de uma escarotomia, pode ser empregado o medidor de fluxo ultrassônico, que também é utilizado para avaliar a circulação após a escarotomia, mas, atualmente, se o oxímetro está disponível, damos preferência ao uso deste aparelho, visto que tivemos casos com sinal de Doppler positivo que vieram a ter sintomas graves e déficits temporários (algunslongos), devido ao “atraso” relativo do procedimento de escaratomia, pela presença inicialmente do sinal de Doppler. A fotopletismografia, método utilizado na oximetria, reflete com mais segurança a presença da hemoglobina saturada e, portanto, a eficiência da circulação. Deve-se monitorar as incursões respiratórias e, no caso de diminuição da amplitude do movimento torácico ou abdominal que prejudique a respiração (com evidências clínicas ou laboratoriais), realizar escaratomia. Técnica ❖ Este procedimento pode ser realizado na sala de emergência ou mesmo no leito do paciente. Dependendo da profundidade da incisão e da experiência do cirurgião, pode ocorrer sangramento significativo após a recuperação volêmica do paciente, ocasionalmente sendo necessário recomendar transfusões. ❖ Quando um cirurgião menos experiente realiza esta técnica, portanto, deve-se realizar hemostasia cuidadosa, se possível com cautério, durante a realização do procedimento. ❖ Se possível, a escaratomia deve ser realizada pelo cirurgião do centro de queimados. ❖ A técnica realizada de maneira correta requer a incisão da pele em toda a sua espessura, atingindo-se o subcutâneo. A pele queimada de terceiro grau é insensível, mas pode ocorrer dor e desconforto significativo com a incisão atingindo o subcutâneo. Analgesia proporcional à dor deve ser administrada por via venosa. ❖ No braço, deve-se incisar a pele até o tecido conjuntivo subcutâneo, com uma incisão que vai da extremidade anterior da prega da axila até a extremidade ulnar da prega anterior do cotovelo. Deve-se evitar incisões posteriores ao epicôndilo medial do úmero, porque estas podem lesar o nervo ulnar. No caso de não se obter liberação do fluxo sanguíneo com uma incisão (monitorar com o Doppler), deve-se realizar incisão partindo Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 15 da extremidade lateral do acrômio até a extremidade radial da prega anterior do cotovelo. ❖ No antebraço, deve-se incisar a pele até o tecido conjuntivo subcutâneo, dando preferência inicialmente à face radial do antebraço, com uma incisão quebrada que vai da extremidade radial da prega anterior do cotovelo até a base do polegar, na prega flexora distal do punho. Geralmente, esta incisão é suficiente para liberar o fluxo vascular através dos compartimentos do antebraço. Se for necessário (monitorar com o oxímetro), pode-se realizar outra incisão ao longo da borda ulnar do antebraço, com cuidado de iniciar a incisão na extremidade ulnar da prega anterior do cotovelo, evitando assim uma possível lesão do nervo ulnar, que corre no tecido conjuntivo, imediatamente sob a pele, posterior ao epicôndilo medial do úmero. ❖ Na mão, deve-se incisar a pele até o tecido celular subcutâneo, com incisões dorsais, colocadas na topografia e ao longo do segundo e do quarto metacarpos. Com uma pinça hemostática ou semelhante, deve-se “perfurar” entre os espaços interósseos e abrir a pinça forçosamente, diminuindo assim a pressão nestes compartimentos, permitindo a evacuação do líquido aí apreendido. ❖ Nos dedos, no indicador e no dedo médio, deve-se realizar inicialmente a incisão do lado ulnar. Nos dedos polegar, anular e mínimo, realiza-se inicialmente a incisão no lado radial, sempre dorsal ao feixe vásculo-nervoso (estas incisões minimizam a possibilidade de uma cicatriz residual interferir no tato do paciente), visto que as bordas mais comumente em contato com objetos são as bordas ulnares do polegar, anular e mínimo e as bordas radiais do indicador e médio). No caso de não se recuperar o fluxo sanguíneo com estas incisões (monitorar com o oxímetro), realizar incisões contralaterais 16. Fasciotomia Indicadas quando se suspeita de síndrome de compartimento no antebraço ou perna, geralmente em lesões decorrentes da passagem de corrente de alta voltagem ou em politraumatizados com queimaduras e esmagamento. A queimadura elétrica pode ser apenas cutânea, quando as roupas se inflamam e não há passagem de corrente através do paciente. Caso contrário, isto é, quando existe passagem de corrente através do corpo, a destruição dos tecidos pode incluir gordura, fáscia, músculo e até o osso. Nestes casos, quando o edema se instala no compartimento abaixo do fáscia, a escarotomia não é suficiente, sendo necessária a incisão e a abertura do compartimento muscular contido pela fáscia muscular (fasciotomia), a fim de evitar os sinais e sintomas clínicos de comprometimento vascular. Nas queimaduras elétricas, pode ocorrer edema subfascial sem que se tenham queimaduras circunferenciais. A pressão no compartimento muscular aumenta, podendo causar uma “induração” significativa à palpação. No passado, alguns autores sugeriram fasciotomias mandatórias, para avaliar a vitalidade do tecido muscular nos casos de queimaduras elétricas ou suspeita de síndrome do compartimento. Entretanto, a avaliação da extremidade com especial atenção para sintomas de origem neural, com progressão de sinais neurológicos, assim como dor quando se estica a musculatura do compartimento envolvido e a medida com valor anormal da pressão intracompartimental (acima de 30mmHg ou um valor com diferença menor de 30 para a pressão diastólica do paciente) são diagnósticos e indicam uma intervenção cirúrgica. A medida da pressão intracompartimental seria o método mais desejável para suportar a decisão quanto à realização de uma fasciotomia para liberar um compartimento muscular. A fasciotomia também pode estar indicada para fins Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 16 diagnósticos, quando se deseja avaliar sobre visão direta o dano muscular, assim como a extensão de uma possível necrose. Se a morte muscular não for diagnosticada e passar despercebida, uma consequente putrefação pode levar a abscessos e até sepse. Técnica ❖ Nos membros superiores, realiza-se uma linha de incisão curva, em forma de um “S” alongado, sobre o aspecto anterior do antebraço, sendo que esta incisão poderá ser estendida proximalmente, medialmente para liberar os compartimentos musculares no braço, e, distalmente, na prega tenar, para se liberar o túnel do carpo. A pele, tecido subcutâneo e fáscia são incisados, sendo que retalhos de pele e tecido subcutâneo podem ser elevados lateral e medialmente, expondo a fáscia que será incisada sobre os compartimentos dorsal e profundo ❖ Nos membros inferiores, escarotomias e fasciotomias são realizadas via incisões lineares ou “quebradas ligeiramente”, inicialmente medialmente. No pé, são realizadas incisões dorsais e mediais, e nos artelhos, inicialmente lateralmente no hálux e medial nos outros artelhos. Se necessário (quando não se recupera a circulação ao oxímetro), realizam-se incisões contralaterais. ❖ Deve-se ter cuidado especial quando se realiza a fasciotomia lateral da perna, iniciando com uma incisão relativamente anterior à fíbula, curvandose progressivamente para a face posterior, evitando-se assim o trajeto do nervo fibular. ❖ As áreas expostas podem ser enxertadas mais tarde, ou o retalho ser reaproximado em etapas, dependendo da evolução do paciente. 17. Tratamento final CTQ ❖ Exames complementares ❖ Desbridamento → O desbridamento feito no momento certo tem um efeito significante nos resultados a longo termo. Identificação rápida, excisão e fechamento de feridas profundas ajudam a evitar sepse, diminuem a inflamação sistêmica e acelera a cicatrização. O tecido queimado é removido de modo tangencial e sequencial, até a ferida ser exposta a uma derme saudável, gordura, musculo e periósteo. A ferida pode ser coberta com autoenxerto, aloenxerto ou tecido sintético substituto. ❖ Curativo novo ❖ Reconstrução de sequelas Após ressuscitação e estabilização do paciente o manejo da feridacausada pela queimadura se torna a próxima prioridade. Os objetivos da cirurgia reconstrutiva para o paciente queimado são primeiramente restaurar a função e depois restaurar a aparência estética. Os efeitos tardios relacionados à perda de tecido normal e a cicatrização incluem limitação de movimento, dor, desfiguramento e problemas sociais. Reconstrução → Estes procedimentos são usados para cobrir feridas, restaurar funções e melhorar o padrão estético. Podem ser completados em fases, dependendo da severidade da cicatriz, retração e disponibilidade de tecido doador. Estes procedimentos incluem fechamento primário; excisão e enxerto de pele; substitutos de pele; expansores de tecido; transferência de tecido (retalhos) ❖ Fechamento primário → É o procedimento mais simples e mais direto que pode ser utilizado para cicatrizes pequenas. Estas cicatrizes são retiradas e fechadas por aproximação das bordas, desde que não haja tensão entre elas, o que pode causar deiscência e atraso na cicatrização. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 17 ❖ Zetaplastia → Consiste em um dos procedimentos mais utilizados em cirurgia reparadora. Consiste na rotação de dois retalhos triangulares, de grande versatilidade, que permitem mudar a direção da cicatriz, interromper sua linearidade e principalmente, alongá-la, aumentando sua extensão em até 125%). ❖ Expansores de tecido → É uma técnica que gradualmente expande a área de pele que vai ser usada para cobrir um defeito ou alguma retração causada pela queimadura. Indicações: Limitada disponibilidade de tecido; reconstrução de tecidos especializados como couro cabeludo; reconstrução de áreas que necessitam a mesma coloração, textura ou espessura. ❖ Transferência de tecido – Retalhos → A reconstrução utilizando retalhos é a opção ideal se existe tecido disponível. Para pacientes com queimaduras extensas, as opções para reconstrução podem se limitar ao uso de enxertos, substitutos de pele ou a utilização de expansores. Enquanto o enxerto pode representar uma opção inicial para cobrir as escaras, uma avaliação da área a ser reconstruída deve incluir pele, tecido subcutâneo, fascia, musculo, veias, nervos, cartilagens e ossos. Uma vez que o defeito é analisado, a seleção da opção para reconstrução é baseada na reposição de cada parte do defeito. 18. Prioridades cirúrgicas (timming cirúrgico) Enquanto algumas reconstruções podem ser postergadas para um ano, algumas queimaduras requerem atenção imediata visando reconstrução para restaurar a função e proteger órgãos vitais. Por isso o timming cirúrgico é categorizado como urgente (imediato), essencial e desejável (tardio). Urgente (Fase Aguda) → São os procedimentos realizados para definição da área queimada (desbridamento) e cobertura dessas lesões, devolvendo as funções de barreira física e química da pele, fundamentais para a manutenção da homeostase do organismo (evitando perdas liquidas e térmicas). Além disso, em situações em que áreas vitais estão expostas ou severamente danificadas, o tratamento também deve ser precoce. São exemplos: Liberação da pálpebra para proteger córnea e evitar o ectrópio; liberar a microstomia (retrações severas da boca); Liberação de feixes neurovasculares; liberação de retrações no pescoço que limitam a extensão. Incluem nesta fase o tratamento para a ferida, escarotomia, fasciotomia e desbridamento. Se define como sendo até 72h após a injuria. Essencial → São realizadas para melhorar a reabilitação e funções não vitais; essas áreas incluem: Retrações do pescoço que não causam sinéquia; retrações de articulações maiores; Retrações de áreas que limitem a mobilidades e retrações da mão. Desejáveis (Tardias) → A maioria dos procedimentos de reconstrução cirúrgica são realizados de modo tardio. Este tratamento é realizado após a maturação da cicatriz, e deve sempre visar o melhor resultado estético possível. Exemplos incluem: Reconstrução de áreas passivas (Tórax, extremidades) e Estéticas (face, mamas) Referências bibliográficas Aula de Dr. Felipe Góis (25/10/2021) Novaes, F. N., Correa, M. D., Cunha, L. R., Amaral, C. E. R., Prestes, M. A., Cunha, S. R., & Piccolo, M. T. (2008). Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial. Projeto e Diretrizes. AssocMedBrasConsFed Med. Vale, E. C. S. D. (2005). Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista. Anais Brasileiros de Dermatologia, 80, 9-19. Ferreira, E., Lucas, R., Rossi, L. A., & Andrade, D. (2003). Curativo do paciente queimado: uma revisão de literatura. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 37, 44-51. Novaes, F. N., Correa, M. D., Cunha, L. R., Amaral, C. E. R., Prestes, M. A., Cunha, S. R., & Piccolo, M. T. Queimaduras–parte II: Tratamento da Lesão. Possamai, L., Bruxel, C. L., Pires, F. S., & Silva, J. B. (2018). Queimaduras-manejo cirúrgico. Biblioteca Virtual de Saúde Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 10: ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 18 Fluxograma