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Princípios da troca gasosa A troca gasosa ocorre entre o ar alveolar e o sangue pulmonar. Ocorre por meio da difusão passiva e é regida pelo comportamento dos gases, que é baseado em três leis que abordam sobre a pressão parcial dos gases. Pressão parcial dos gases Existem três leis que garantem o processo de difusão dos gases e a hematose. Lei de Dalton Cada gás, em uma mistura de gases, exerce a sua própria pressão, como se não houvesse outros gases. Pressão parcial Pressão total Equivale a pressão exercida por um gás caso ocupasse o volume total da mistura Equivale a soma das pressões parciais individuais de todos os gases Cada tipo de gás se difunde através da membrana permeável da área em que sua pressão parcial é maior para a área que sua pressão parcial é menor. Quanto maior a diferença de pressão parcial, mais rápida a velocidade da difusão. Esses gases também apresentam diferença de concentração e de pressão parcial quando em diferentes situações: Sabendo-se a porcentagem que cada gás ocupa para a composição do ar atmosférico, é possível determinar a pressão parcial de cada um desses gases. As pressões parciais determinam o movimento de O2 e de CO2 entre: ✓ Atmosfera e pulmões; ✓ Pulmões e sangue; ✓ Células sanguíneas e corpo. Ar atmosférico O ar atmosférico é uma mistura de gases, que se diferem em pressão parcial e em concentração: ✓ Nitrogênio; ✓ Oxigênio; ✓ Argônio; ✓ Dióxido de carbono; ✓ Volumes variáveis de vapor de água; ✓ Outros gases. Assim, a pressão atmosférica é a soma das pressões de todos esses gases: Dessa maneira, a lei de Dalton pode ser matematicamente representada da seguinte maneira: Em uma aplicação biológica, as trocas gasosas nos pulmões dependem da diferença de pressão parcial na fase gasosa e na fase líquida. Lei de Henry Os gases também exercem pressão parcial em meios líquidos, levando em consideração a solubilidade desses gases em questão. Essa lei afirma que o volume de um gás que se dissolve em um líquido é proporcional à pressão parcial do gás e à sua solubilidade. Nos líquidos corporais, a capacidade de um gás de ficar em solução é maior quando a sua pressão parcial é maior e quando se tem elevada solubilidade em água. Lei de Fick A lei de Fick é a lei da difusão simples (baseada no princípio da transferência de gases através das membranas celulares, entre o meio extracelular e intracelular). A taxa de difusão do gás pode ser calculada da seguinte maneira: Em uma aplicação biológica, a pressão parcial de um gás sobre a superfície das vias respiratórias e dos alvéolos é proporcional à força de impacto das moléculas desse gás. Assim, o poder de difusão desse gás é proporcional a sua pressão parcial. Podem existir alguns fatores que afetam a difusão dos gases: CO2 X O2 Quanto maior a pressão parcial de um gás em um líquido e mais elevada a sua solubilidade, mais gás vai ficar em solução; Em comparação ao oxigênio, muito mais CO2 está dissolvido no plasma sanguíneo, pois a solubilidade de CO2 é 24 vezes maior que a do O2. D é a taxa de difusão do gás; Delta P é a diferença de pressão parcial do gás; A é a área de secção transversa; S é a solubilidade; d é a distância; PM é o peso molecular. Pressão parcial dos gases: entrada e saída dos pulmões A pressão parcial dos gases nos alvéolos difere daquela da atmosfera. Essa diferença é causada por uma combinação de fatores: a) Umidificação do ar inalado nas vias aéreas; b) Troca gasosa constante entre os alvéolos e os capilares alveolares; c) Renovação frequente doar alveolar. Os gases se difundem de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão, levando em consideração os princípios da difusão simples. Conceito de troca gasosa Refere-se à difusão simples de O2 e CO2 nos pulmões e tecidos periféricos, desenvolvendo a hematose, que pode ser de dois tipos: a) Hematose pulmonar ou alveolar: troca de gases que ocorre nos pulmões (alvéolos), de modo que o sangue venoso é transformado em sangue arterial; b) Hematose tissular ou celular: troca de gases que ocorre nos tecidos, de modo que o sangue arterial é transformado em sangue venoso. A troca gasosa depende do equilíbrio entre a ventilação alveolar e a perfusão dos capilares alveolares: a) Ventilação pulmonar: permite a entrada e a saída de ar pelos alvéolos; b) Perfusão dos capilares alveolares: capacidade de distribuição sanguínea (capacidade de os alvéolos receberem uma certa quantidade de sangue). Troca gasosa pulmonar A troca gasosa pulmonar também é conhecida como hematose pulmonar ou respiração externa. Consiste na difusão do O2 do ar nos alvéolos pulmonares para o sangue dos capilares pulmonares e a difusão do CO2 na direção oposta. Converte sangue venoso (que vem do lado direito do coração) em sangue arterial (que retorna para o lado esquerdo do coração). Conforme o sangue flui pelos capilares pulmonares, capta O2 do ar alveolar e descarrega CO2 no ar alveolar. Enquanto o O2 se difunde do ar alveolar para o sangue venoso, o CO2 se difunde no sentido oposto. Existem muitos capilares próximos dos alvéolos nos pulmões, e o sangue flui por estes capilares lentamente o suficiente para captar o máximo de O2. Os gases se difundem de áreas de pressão parcial mais elevada para áreas de pressão parcial mais baixa. Hemoglobina (Hb) Quando o gás oxigênio se difunde para o sangue através dos capilares alveolares, ele penetra nas hemácias e se combina com a hemoglobina. Presente no sangue de todos os vertebrados, a hemoglobina tem a capacidade de se combinar com quatro moléculas de oxigênio, formando a oxiemoglobina (HbO2). Assim, o oxigênio é transportado para o coração. Troca gasosa sistêmica Também conhecida como respiração interna ou hematose tissular. O ventrículo esquerdo bombeia sangue oxigenado para a artéria aorta. A troca de O2 e CO2 entre os capilares sistêmicos e as células teciduais é a respiração interna. Conforme o O2 deixa a corrente sanguínea, o sangue oxigenado é convertido em sangue venoso. Ocorre em todos os tecidos do corpo. Enquanto o O2 se difunde dos capilares sistêmicos para as células teciduais, o CO2 se difunde no sentido contrário. O sangue desoxigenado então retorna para o coração e é bombeado para os pulmões para outro ciclo de respiração externa. Oxiemoglobina (HbO2) Na forma de oxiemoglobina, o oxigênio é transportado para o coração. Do coração, esse sangue rico em oxigênio é bombeado para todo o corpo. Assim, o oxigênio chega em todas as células. Quando chega nas células, o oxigênio reage com a glicose, desencadeando uma reação química que libera energia e produz gás carbônico e água: Carboemoglobina Ao realizar a respiração celular, as células produzem gás carbônico, sendo que a concentração desse gás fica maior no interior da célula e, por esse motivo, ele passa por difusão para os capilares sanguíneos, onde aproximadamente 23% se associam a grupos amina da hemoglobina, formando a carboemoglobina. 7% se encontram dissolvidos no plasma sanguíneo. A maior parte do gás carbônico reagirá com a água no interior das hemácias, formando o ácido carbônico (H2CO3). Desoxiemoglobina O ácido carbônico irá se quebrar em íons H+ (que se associam a moléculas de hemoglobina, formando a desoxiemoglobina) e em íons bicarbonato (HCO3 -, que se encontram dissolvidos no plasma sanguíneo, na forma de bicarbonato de sódio, onde auxiliam no controle da acidez do sangue). Ao chegar aos capilares sanguíneos que recobrem os alvéolos pulmonares, oíon bicarbonato (HCO3 -) penetra nas hemácias novamente e se reassocia ao íon H+, formando mais uma vez o ácido carbônico (H2CO3), que se transformará em água e gás carbônico. O gás carbônico será levado para os alvéolos pulmonares através da difusão e será eliminado do organismo pelo processo da expiração. O sangue desoxigenado, então, retorna para o coração e é bombeado para os pulmões para outro ciclo de respiração externa e assim por diante. A maior parte do CO2 é transportado na forma de íons de bicarbonato para os pulmões, evitando a acidificação sanguínea (efeito tampão). Fatores que interferem na taxa de trocas gasosas Os fatores que interferem na taxa de trocas gasosas pulmonar e sistêmica são: a) Diferença de pressão parcial entre os gases; b) Área de superfície disponível para as trocas gasosas; c) Distância de difusão; d) Peso molecular; e) Solubilidade dos gases. Transporte de oxigênio O oxigênio precisa ser espalhado ao ser transportado pelo sangue. Características relacionadas ao transporte: a) O2 tem baixa solubilidade em soluções aquosas; b) Por isso, a maior parte do oxigênio é carreado pela hemoglobina; c) Pouca presença de oxigênio no plasma; d) CO2 tem alta solubilidade em soluções aquosas; e) Células produzem mais do que pode dissolver no plasma; f) Maior parte difunde-se no eritrócito e é convertido em bicarbonato; g) Pequena parte dissolvido no plasma e na hemoglobina (carbaminoemoglobina - HbCO2); h) Aumento de CO2 causa acidose respiratória. A alta concentração de monóxido de carbono pode levar à morte por asfixia; A inspiração de CO pode causar morte por asfixia, uma vez que se liga, estavelmente, com a hemoglobina, impedindo a formação da oxiemoglobina. Monóxido de carbono O monóxido de carbono (CO) que é lançado pelos escapamentos dos automóveis é um gás inodoro altamente tóxico produzido pela combustão incompleta de substâncias orgânicas; Esse gás é capaz de se combinar com a hemoglobina, originando a carboxiemoglobina; Uma vez combinada com o monóxido de carbono, a hemoglobina se inutiliza de forma irreversível, não conseguindo mais transportar oxigênio, necessário a todas as células do corpo; Aclimatação Trata-se de alterações fisiológicas no corpo do indivíduo a fim de se adaptar em um determinado local, geralmente envolvendo temperatura ou clima. Em ambientes litorâneos (a nível do mar), a pressão atmosférica é alta. Assim, não há grandes dificuldades para a captação do oxigênio. Porém, pessoas que vivem ao nível do mar, quando se deslocam para ambientes acima do nível do mar, é necessária a aclimatação. Nesses ambientes, como o ar é rarefeito, a pressão atmosférica é baixa, dificultando a captação do oxigênio pelo corpo. No processo de aclimatação, há um aumento na quantidade de hemácias, para que elas, mais rapidamente, consigam fazer a oxigenação do sangue, além do aumento dos capilares sanguíneos (os vasos sanguíneos que promovem trocas gasosas entre célula-tecido). As hemácias produzidas pela medula óssea, são estimuladas por um hormônio produzido pelos rins chamado ERITROPOITINA. Esse hormônio estimula um maior aumento na produção de hemácias pela medula óssea. Consequentemente, quanto maior o número de hemácias, mais rápida é a entrada do oxigênio nas células. Ou seja, aqueles que vivem em ambientes de altas altitudes, possui um maior número de hemácias e, consequentemente, a oxigenação das células ocorre mais rapidamente, favorecendo o metabolismo energético. Em síntese: organismos em altitudes elevadas ✓ Organismos em altitudes elevadas estão em locais com pressões mais baixas; ✓ Isso afeta o processo de difusão de O2, já que a demanda de oxigênio fica comprometida para esses organismos; ✓ Por isso, esses indivíduos precisam se adaptar a esses ambientes por meio de um processo chamado de aclimatação; ✓ Com a aclimatação, o corpo precisa se adaptar a uma produção maior de hemoglobina e, consequentemente, maior disponibilidade de oxigênio; ✓ Mudanças estruturais e moleculares são observadas nas hemácias nesse processo.
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