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ULTRA-SONOGRAFIA: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES Lívia Silva Quelhas Maria Isabel de Brito Almeida Carmem Adilia Simões da Fonseca Obra registrada: MINC – FBN – EDA Registro: 430.161 Livro: 805 Folha: 321 – 30/04/2008 Rio de Janeiro 2008 2 Prefácio Este texto é o resultado do Projeto de Iniciação Científica intitulado “Ultra-sonografia: fundamentos e aplicações”, desenvolvido na Universidade Estácio de Sá, pelas alunas de graduação do curso de Medicina Lívia Silva Quelhas e Maria Isabel de Brito Almeida, sob a orientação da Profa Dra Carmem Adilia Simões da Fonseca – Coordenadora da disciplina de Biofísica Médica. A elaboração deste texto visa a publicação de material didático para servir de guia de estudos para acadêmicos e residentes de medicina, bem como para os demais estudantes da área da saúde. Com o objetivo de ser um texto de aprendizado básico, utilizando-se de termos simples para explicar a técnica básica e os princípios físicos dos aparelhos de ultra-sonografia, bem como mostrar as diversas aplicações deste tipo de diagnóstico por imagem. Especial agradecimento ao Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro, médico ultra- sonografista da ULTRALAB, membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia, pelas orientações práticas e pelo auxílio na obtenção das imagens ultra- sonográficas inclusas neste material. Bem como pela revisão técnica deste texto. Sobre as autoras: Lívia Silva Quelhas • Estudante do curso de Medicina – Universidade Estácio de Sá. • Integrante do Projeto de Iniciação Científica intitulado “Ultra-sonografia: fundamentos e aplicações”, desenvolvido na Universidade Estácio de Sá. Maria Isabel de Brito Almeida • Estudante do curso de Medicina – Universidade Estácio de Sá. • Integrante do Projeto de Iniciação Científica intitulado “Ultra-sonografia: fundamentos e aplicações”, desenvolvido na Universidade Estácio de Sá. Carmem Adilia Simões da Fonseca • Coordenadora e Professora Titular de Biofísica Médica – Universidade Estácio de Sá. • Idealizadora e Orientadora do Projeto de Iniciação Científica intitulado “Ultra- sonografia: fundamentos e aplicações”, desenvolvido na Universidade Estácio de Sá. • Doutora em Ciências – IBCCF / Universidade Federal do Rio de Janeiro. • Mestre em Ciências Biológicas (Biofísica) – IBCCF / Universidade Federal do Rio de Janeiro. • Médica Veterinária – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 3 SUMÁRIO 1) Som e Ultra-som, 4 2) Histórico da Ultra-sonografia, 8 3) Princípios Básicos da Ultra-sonografia, 10 A – Efeito Piezelétrico, 10 B – Equipamento, 10 C – Tipos de Ultra-sonografia, 12 D – Formação das Imagens, 13 E – Imagens Ultra-sonográficas, 17 F – Termos Especiais, 18 4) Efeitos Biológicos dos Ultra-sons, 20 5) Aplicações e Contra-indicações, 21 A – Aplicações da Ultra-sonografia, 21 B – Contra-indicações da Ultra-sonografia, 21 6) Vantagens e Limitações, 22 7) Bibliografia, 23 4 1) SOM E ULTRA-SOM Uma onda é denominada como uma perturbação oscilante no espaço e que possui certa periodicidade no tempo. A oscilação é caracterizada pelo comprimento de onda enquanto que a periodicidade é medida pela freqüência da onda. Considerando-se conceitos físicos, a onda é uma energia que se propaga através do espaço ou ainda de um meio, como líquido, sólido ou gasoso. As ondas magnéticas podem se propagar também no vácuo ou através da matéria, como no caso das ondas eletromagnéticas. Som é a propagação de energia mecânica em meio material, através de ondas longitudinais. A acústica é a parte da Física que estuda os sons e define impedância acústica como sendo o produto da densidade do meio pela velocidade com que o som nele se propaga. As ondas, inclusive as sonoras, possuem algumas variáveis que incluem: freqüência, comprimento de onda, período e amplitude. • Freqüência: é o período dividido por uma unidade de tempo. • Comprimento de onda: é a distância entre dois picos da onda. • Período: é o tempo de um ciclo completo de uma oscilação de onda. • Amplitude: é a medida da magnitude da onda durante um de seus ciclos. Figura 01: Gráfico de onda senóide. 5 Além dessas características já descritas, o som possui outras qualidades fisiológicas como a altura, a intensidade e o timbre. • Altura: qualidade que nos permite distinguir sons de baixa freqüência (sons graves) dos sons de alta freqüência (sons agudos). • Intensidade: qualidade que nos permite distinguir os sons fracos (pequena amplitude) dos sons fortes (grande amplitude). • Timbre: É a qualidade que nos permite distinguir sons de mesma altura e intensidade, mas que são produzidos por fontes sonoras distintas. O timbre do som depende do conjunto de sons secundários (harmônicos) que acompanha o som principal. Figura 02: Amplitude das vibrações de uma partícula do campo ondulatório (meio). O gráfico relaciona os deslocamentos (S) em função do tempo (t). Sabe-se que as ondas sonoras audíveis pelo homem estão numa faixa de 16-20 a 20.000 Hz de freqüência. Valores inferiores a esses são chamados de infra-som e valores acima de 20 kHz constituem o ultra-som. 6 Figura 03: Representação esquemática das freqüências sonoras. Figura 04: Escala indicando a intensidade de diferentes fontes sonoras. A unidade utilizada para se medir as ondas sonoras é o Hertz (Hz). Essa palavra é uma homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz, que descobriu o fenômeno das vibrações eletromagnéticas. A primeira grande aplicação prática e de alcance popular do invento de Hertz foram as transmissões de rádio no início dos anos 40. Essa unidade serve para medir algo que oscila em intervalos regulares. A unidade megahertz (MHz) equivale a 1 milhão de ciclos por segundo, portanto para transformar um dado de Hertz para megahertz basta dividir este por 10 elevado a sexta potência. Durante a propagação da onda sonora, esta pode sofrer alterações como espalhamento, reflexão, refração e ainda resistência do meio. A reflexão ocorre quando há diferença de impedância acústica entre os dois meios, em ângulo igual ao de incidência. Isto porque a diferença de impedância acústica entre dois tecidos é que define a quantidade de reflexão na interface. Quanto maior a reflexão da onda sonora, maior a intensidade do eco recebido e, portanto, menor a transmissão do som de um meio para o outro. A refração sonora é a 7 alteração da direção da onda transmitida em relação ao feixe incidente, portanto, ela ocorre quando a incidência sonora sobre uma interface não é perpendicular. O espalhamento ocorre quando o comprimento de onda do som é maior que as partículas que compõem o meio, originando ecos de baixa amplitude independente do ângulo de incidência. Figura: 05: Esquematização da reflexão do som. Figura 06: Esquematização da refração do som do ar para a água. 8 2) HISTÓRICO DA ULTRA-SONOGRAFIA A “Teoria do Som” foi exposta pela primeira vez no ano de 1877 por um cientista inglês chamado de Lorde Rayheigh. Esta técnica foi posta em prática pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial e era usada como auxílio para a navegação submarina, permitindo a detecção de icebergs. Durante a Segunda Guerra Mundial houve um aprimoramento da técnica, com a criação do SONAR (Sound Navigation and Ranging). Neste mesmo período pôde-se perceber o uso da técnica também para fins não-militares, como exemplo na metalurgia, com o objetivo de detectar fissuras em metais. Finalmente, o uso do ultra-som na medicina teve início com objetivos terapêuticos, como exemplo para tratar pacientes com artrite reumatóide, úlceras gástricas, asma, tireotoxicose, hemorróidas, incontinência urinária, elefantíase e até mesmo angina. Transdutores menores e mais eficientesforam montados a partir de novos cristais piezelétricos sintéticos (como o titanato de bário) após a década de 40; esses foram substituídos em seguida por zircônio-titanato de chumbo (PZT) quando o mesmo foi descoberto em 1954. Os novos transdutores eram mais sensíveis, tinham maior espectro de freqüência e melhor impedância acústica. Nos mesmos anos 1950, um neuropsiquiatra da Universidade de Viena, Karl Theodore Dussik resolveu usar a técnica pela primeira vez em medicina diagnóstica, com o objetivo de localizar tumores cerebrais através da mensuração da transmissão dos sons pelo crânio. Na década de 1950 a técnica já se mostrava mais difundida, sendo utilizada também por médicos americanos como Douglas Howry. Porém, nesta época o procedimento não era prático e ainda produzia imagens de baixa qualidade e resolução, uma vez que o paciente deveria ficar submerso e imóvel dentro de uma banheira com água para realização do exame. Já no final dos anos 50, já eram observados aprimoramentos, sendo a banheira com água substituída por uma pequena quantidade de gel, que aumenta a superfície de contato entre a pele e o transdutor. 9 Figura 07: Fotografia da realização de um exame de ultra-sonografia nos anos 50. Figura 08: Imagem da utilização do ultra-som no tratamento de úlcera gástrica (à esquerda) e artrite reumatóide (à direita). A partir de 1966 houve um considerável aumento na utilização da ultra- sonografia na obstetrícia, quando centros de pesquisa na Europa, Estados Unidos e Japão passaram a empregar grandes recursos na pesquisa dessa área. Em 1973, Hugh Robinson foi capaz de realizar a medição do comprimento crânio-caudal do feto através da ultra-sonografia; a partir daí os médicos foram capazes de diagnosticar várias mal-formações fetais como espinha bífida pela utilização da ultra-sonografia no pré-natal. O uso da ultra-sonografia ficou restrito à obstetrícia durante muitos anos, sendo em seguida adotada pelos demais ramos da medicina como método 10 diagnóstico em tempo real que tinha a vantagem de não emitir radiação prejudicial ao corpo humano, assim como ser mais barata que os demais recursos diagnósticos disponíveis. 3) PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ULTRA-SONOGRAFIA A - Efeito Piezelétrico O efeito piezelétrico foi observado primeiramente em 1880, através de Jacques e Pierre Curie que explicitaram a capacidade de certos cristais naturais como quartzo e turmalina de emitir uma descarga elétrica quando submetidos a uma pressão mecânica e vice-versa. O transdutor, parte do equipamento de ultra-sonografia que entra em contato com o paciente, possui em sua superfície cristais; esses cristais possuem a capacidade de converter energia elétrica em energia mecânica, assim como a capacidade de converter energia mecânica em elétrica. Ao receber um estímulo elétrico, os cristais piezelétricos o transformam em energia mecânica – ondas de ultra-som. Essas ondas irão penetrar o corpo do paciente, onde serão absorvidas, refratadas e refletidas. As ondas refletidas voltam para o transdutor onde, mais uma vez, acionam os cristais piezelétricos, que irão convertê-las em energia elétrica. Os cristais piezoelétricos mais utilizados são o quartzo, a turmalina e os cristais sintéticos, que são mais baratos. B - Equipamento • Gerador e receptor de ultra-sons (transdutor); • Amplificação, compensação e discriminação dos ecos; • Processador de vídeo e display de imagem; • Sincronização de imagem 11 Os sinais detectados pelo transdutor sofrem um processamento para tornar compatível a faixa de amplitude dos ecos captados com a faixa de resposta dos monitores de vídeo. Assim, o sinal original precisa ser comprimido, tarefa realizada pelo processador de vídeo. Uma vez comprimidos os sinais são digitalizados por um conversor analógico digital, e então armazenados na memória de um computador. Isso permite que sejam processados mesmo depois de terminado o exame. O armazenamento é também importante para permitir que se possa congelar a imagem durante o exame em tempo real. Utilizam-se três tipos de transdutores: • Linear: indicado para visualizar áreas superficiais; ex.: tendão, tireóide. • Convexo: usado quando a área de entrada é pequena, mas precisa-se de uma área de visão grande; ex.: visualizar o fígado entre as costelas, visualizar os rins por trás das alças intestinais, baço e fígado. • Cavitário: indicado para exame ginecológico e da próstata (transvaginal e transretal), pois possibilita que a fonte do ultra-som fique mais perto das estruturas a serem avaliadas. Figura 09: Trandutores – a) cavitário; b) linear; c) convexo. a b c 12 C - Tipos de Ultra-sonografia Modo A. Sistema ultra-sonográfico mais simples, está baseado no registro das amplitudes dos ecos. Nesse tipo de estudo não se forma imagem do objeto, os ecos são visualizados no monitor sob a forma de ondas em agulha (spike). Não é mais utilizado, tendo sido substituído pelo modo B. Modo B. Permite a visualização da forma do objeto estudado em duas dimensões. A letra B se refere a brilho. No modo B, os pontos brilhantes representam os ecos gerados nas estruturas. Assim, movendo-se o transdutor, criam-se novos eixos, permitindo a visualização de diferentes ângulos dos órgãos pesquisados. Modo M. A ultra-sonografia em modo M (movimento) consiste na obtenção e interpretação da amplitude dos ecos assim como o modo A. Entretanto, esses sinais não são apresentados como ondas em agulha, mas são convertidos em pontos brilhantes, cujo brilho é proporcional à amplitude de cada eco. Os exames de ultra-sonografia incluem alguns tipos, sendo o mais comum aquele em que a imagem é feita em 2D, ou seja, duas dimensões. Esse método de ultra-sonografia é o método de exame convencional, sendo essencial para os médicos, mas que não permite uma observação tão nítida do que se está estudando, como por exemplo, no caso de uma gestação em que se quer observar características específicas do feto. Há também o método de ultra- sonografia em 3D (três dimensões). Em termos científicos, a diferença é que o exame em 3D é realizado com um transdutor especial para captar as imagens, juntamente com um programa que transforma as informações em imagens tridimensionais. Doppler. Uma outra forma importante de ultra-som é o Doppler, este é de baixa intensidade e serve para medir e avaliar se há fluxo sanguíneo, seu sentido e velocidade nas artérias e veias (princípio básico do ecocardiograma, 13 que além do fluxo sanguíneo avalia também a integridade do tecido cardíaco). Na forma de Doppler colorido a direção e intensidade do fluxo é mostrado em cores variando em intensidades de vermelho e azul. A direção e velocidade relativa são medidas pelo Efeito Doppler, que é uma característica observada nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que está em movimento com relação ao observador. O comprimento de onda observado é maior ou menor conforme sua fonte se afaste ou se aproxime do observador. No caso de aproximação, a freqüência aparente da onda recebida pelo observador fica maior que a freqüência emitida. Ao contrário, no caso de afastamento, a freqüência aparente diminui. Figura 10: Esquematização ilustrativa do Efeito Doppler. D - Formação das Imagens A imagem da ultra-sonografia baseia-se na capacidade dos tecidos biológicos em refletirem o som. O som refletido pelos tecidos (ECO) volta para o transdutor sendo transformado em energia elétrica, dando origem as imagens brancas que são vistas na tela do aparelho. A velocidade com que este processo ocorre depende da constante de cada material, que se relaciona com suas propriedades elásticas e de densidade. A velocidade de propagação do som no ar é em média 340 m/s, no líquido 1.200 m/se nos sólidos 5.000 m/s. O cálculo da velocidade de transmissão do som através dos constituintes do 14 corpo humano tem como média 1.540 m/s, já que suas velocidades são muito semelhantes, com exceção do ar (pulmão e intestino) e dos ossos. Se a estrutura gerar muitos ecos, é chamada hiperecogênica, hiperecóica, ecogênia ou ainda, ecóica e é vista como uma estrutura branca na tela; se o órgão der origem a poucos ecos, é visto como uma região cinza, sendo chamada hipoecogênica ou hipoecóica; caso a estrutura não seja capaz de gerar ecos, será vista como uma região preta e classificada como anecogênica ou anecóica. Os tecidos moles são bons condutores do ultra-som e causam pouca reflexão, dando origem a poucos ecos (ex: músculos). Já as estruturas com densidades diferentes como osso e ar não transmitem bem o som e causam muita reflexão. Líquidos são excelentes condutores de som, não causando reflexão (ex: água). A atenuação é definida como a diminuição da intensidade do feixe sonoro ao atravessar o tecido, sendo diretamente proporcional a freqüência do transdutor, ou seja, quanto maior a freqüência do transdutor maior a atenuação. Para compensar a atenuação os equipamentos possuem recursos de ampliação. A absorção pelos tecidos é feita através da transformação de energia sonora em calor, geralmente esse aumento de temperatura é imperceptível, sendo proporcional a freqüência e dependente da viscosidade do meio. O osso, por exemplo, absorve 10 vezes mais os ultra-sons que os tecidos moles. O funcionamento do aparelho de ultra-sonografia consiste em enviar um estímulo elétrico ao transdutor que, por possuir cristais piezelétricos, o converte em ondas sonoras. Ao posicionar o transdutor na superfície do corpo do paciente, as ondas sonoras irão emitir ecos ao alcançarem estruturas ecogênicas, porém as ondas sonoras que voltam ao transdutor têm menos intensidade, visto que parte da energia foi transformada em calor e parte foi perdida. O transdutor capta essas ondas sonoras e as transformam em energia elétrica que então passa por um amplificador a fim de compensar as perdas que ocorreram no corpo do paciente, em seguida o pulso elétrico é interpretado pelo programa de computador do aparelho e origina a imagem que será visualizada no monitor. 15 Figura 11: Esquematização do funcionamento do aparelho de ultra-sonografia. Figura 12: Aparelho de ultra-sonografia. TRANSDUTOR monitor amplificador energia mecânica energia elétrica 16 Figura 13: Comandos do aparelho de ultra-sonografia. Variação de ecogenicidade nos tecidos biológicos Termo Cor Produção de ecos Estruturas Hiperecogênico Branca Ecos intensos Ar Osso Metal Calcificação Hipoecogênico Cinza Ecos de moderada e baixa intensidade Músculo Tecidos moles Órgãos Anecogênico Preta Não há eco Água Sangue Contraste: Na ultra-sonografia, também podemos utilizar contraste, que nessa técnica são microbolhas injetadas na corrente sanguínea. As bolhas, por conterem ar (hiperecogênico), apresentam uma ecogenicidade diferente do sangue (anecogênico). Um exemplo de sua utilização é no ecocardiograma com contraste, exame que permite a melhor avaliação da perfusão sanguínea cardíaca, facilita a delimitação das câmaras cardíacas, permitindo, por exemplo, a pesquisa de comunicação interatrial, além de intensificar o sinal Doppler. 17 E – Imagens Ultra-sonográficas Figura 14: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta mostra estrutura hipoecogênica (tecidos moles). Figura 15: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta mostra estrutura hiperecogênica (ar nas alças intestinais). 18 Figura 16: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal e com transdutor convexo; a seta mostra estrutura anecogênica (sangue). VCI – Veia Cava Superior; AMS – Artéria Mesentérica Superior F – Termos Especiais • SOMBRA ACÚSTICA: estruturas hiperecogênicas não transmitem bem o som, impedindo que este atinja as regiões abaixo de sua superfície, essas regiões, portanto não serão capazes de emitir ecos, sendo vizualizadas como zonas escuras. Exemplos de estruturas hiperecogênicas que podem gerar a sombra acústica: cálculos e calcificações. O coeficiente de absorção aumenta quando se eleva a quantidade de proteína presente no meio condutor. Por isso, tecidos ricos em colágeno absorvem grande parcela da energia do feixe ultra-sônico que os atravessa (não sobra energia para as estruturas atrás) podendo gerar a sombra acústica. A sombra acústica corresponde à imagem em faixa preta localizada posteriormente às estruturas que causam reflexão sonora. 19 Figura 17: Ultra-sonografia em modo B; as setas mostram uma imagem de sombra acústica. • REFORÇO ACÚSTICO: o líquido permite que o som passe sem ser refletido, portanto perde pouca energia, assim o ultra-som atinge as regiões posteriores com mais força e origina mais ecos. Exemplo de estrutura anecogênica que podem gerar o reforço acústico: cistos com conteúdo líquido. O reforço acústico corresponde à imagem em faixa branca localizada posteriormente a estas estruturas que transmitem bem os feixes sonoros. Figura 18: Ultra-sonografia em modo B exemplificando a bile (seta azul) e o reforço acústico (seta amarela) posterior à vesícula biliar. 20 • JANELA ACÚSTICA: uma estrutura que produz pouca reflexão e permite a visualização de áreas posteriores a esta. Exemplos de estruturas hipoecogênicas ou anecogênicas que funcionam como janela acústica: fígado, vesícula biliar, bexiga cheia e próstata. Figura 19: Ultra-sonografia em modo B, trans-abdominal mostrando a bexiga repleta de líquido (anecóico) gerando a janela acústica. A bexiga repleta de líquido também propicia o afastamento das alças intestinais do objeto de interesse, impedindo que os gases interfiram negativamente na formação da imagem. 4) EFEITOS BIOLÓGICOS DOS ULTRA-SONS O ultra-som na faixa de 1 a 3 MHz é utilizado como instrumento terapêutico, principalmente devido a sua capacidade de elevar a temperatura dos tecidos, através da produção de calor. As ondas do ultra-som são capazes de aumentar a permeabilidade dos vasos facilitando a chegada de nutrientes e a retirada de metabólitos de áreas específicas. Além disso, quando as ondas ultra-sônicas penetram nos tecidos, elas promovem uma vibração a nível celular que é 21 denominado micromassagem, a qual leva a um aumento da permeabilidade da membrana plasmática, acelerando assim o metabolismo da célula. Este processo é indicado para tratamento de processos inflamatórios, lesão muscular, certos tipos de dor lombar, nas ciatalgias, em edema e na cicatrização de feridas. É importante ressaltar que na freqüência utilizada para diagnóstico, o ultra- som não produz efeitos biológicos. Sendo estes utilizados somente na fisioterapia. 5) APLICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES A - Aplicações da Ultra-sonografia A ultra-sonografia é utilizada principalmente para diagnóstico de alterações do trato urinário, sistema reprodutor e coração, além de avaliar o sistema vascular, músculos e tendões, glândulas (salivares, tireóide e mama) e tegumento. Embora o ultra-som possa ser utilizado para detecção e confirmação de derrame pleural, não é indicado para avaliação do parênquima pulmonar. Sua grande vantagem está na capacidade de distinguir massas líquidas (cistos) de massas sólidas (calcificações, tumores) além de proporcionar uma imagem em tempo real e dinâmica do órgão ou tecido estudado. Este método diagnóstico também pode ser utilizado para guiar procedimentos invasivos, como punções e biópsias. Outra utilização muito importante do ultra-somé na Litotripsia extra corpórea por ondas de choque que também são produzidas por cristais piezelétricos. B - Contra-indicações da Ultra-sonografia Esta técnica de diagnóstico por imagem não possui contra-indicações. 22 6) VANTAGENS E LIMITAÇÕES A ultra-sonografia possui algumas vantagens em relação a outros métodos diagnósticos, tais como não utilizar radiação ionizante, sendo portanto, um método mais seguro que pode ser utilizado com freqüência. Além disso, o seu laudo é rápido, sendo emitido na mesma hora. Este exame lança mão de uma aparelhagem e manutenção mais barata, o que o torna mais acessível a população. O aparelho é portátil facilitando sua utilização dentro de hospitais, podendo ser realizado dentro de pequenos ambientes. Porém, a ultra-sonografia apresenta algumas limitações, como o fato de ser operador dependente, ou seja, a qualidade do exame depende diretamente da habilidade e do conhecimento de quem o realiza. Além disso, sua imagem possui uma definição inferior a outros métodos diagnósticos como ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada. Também é importante lembrar que este exame não é indicado para avaliar órgãos com gás em seu interior, tais como estômago, intestino e pulmão, e é muito prejudicado em pacientes obesos. 23 7) BIBLIOGRAFIA - Garcia, E.A.C. Biofísica aplicada à ultra-sonografia. In: Garcia, E.A.C. Biofísica. Ed. Sarvier, São Paulo, 1998. - Hagen-Ansert, S.L. Tratado de Ultra-sonografia Diagnóstica. Ed. Guanabara Koogan, 5a ed., Rio de Janeiro, 2003. - Koch, H.A.; Ribeiro, E.C.O. & Tonomura, E.T. Radiologia na Formação do Médico Geral. Ed. Revinter, Rio de Janeiro, 1997. - Rumack, C.M. (1999). Tratado de ultra-sonografia diagnóstica. Ed. Guanabara Koogan, 2a ed., Rio de Janeiro, 1999. - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ultra-sonografia (consulta em 23/10/06). - http://www.terapiamanual.net/visualiza.asp?id=86 (consulta em 14/08/07).
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