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Vitória Trindade - Resumos 1 INTRODUÇÃO Doença inflamatório aguda de causa infecciosa (viral, bacteriana e fúngica), adquirida fora do meio hospitalar ou em até em 48 horas após internação. Bronquíolos e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, o que compromete as trocas gasosas (hematose). EPIDEMIOLOGIA • Doença comum e potencialmente grave, com alta morbi-mortalidade; • 630 mil pacientes são internados anualmente com pneumonia; • 22 a 51% dos pacientes são internados e de 5 a 10% são levados para UTI; • Taxa de mortalidade igual a 8%; • Mortalidade aumenta a partir dos 50 anos. ETIOLOGIA O mais comum em todas as faixas etárias, excetos neonatos e pacientes com DPOC → STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE (Gram +). Agentes responsáveis pelo quadro típico de pneumonia: • Streptococcus pneumoniae (Gram +); • Staphylococcus aureus (Gram +); • Haemophilus influenzae (Gram -); • Morazella cararrhalis (Gram -); • Klebsiella pneumoniae; • Streptococcus pyogenes. Responsáveis pelo quadro clínico atípico: • Mycoplasma pneumoniae; • Chlamydia pneumoniae; • Legionella pneumophila; • Influenza; • Parainfluenza; • Adenovírus. FATORES DE RISCO • Idade > 65 anos e com presença de comorbidades associadas; • Alcoolismo; • Tabagismo; • Imunossuprimidos; • Múltiplas comorbidades; • Residência em asilo; • Doença pulmonares: bronquiectasias, fibrose cística e DPOC; • Terapia antibiótica; • Terapia com corticoide; • Desnutrição; • Precária higiene oral; • Exposição a fezes de morcegos, pássaros e coelhos; • Uso de drogas ilícitas. Vitória Trindade - Resumos 2 FISIOPATOLOGIA MECANISMOS DE DEFESA PULMONAR • Aparelho mucociliar; • Mecanismos imunológicos: o Macrófagos alveolares; o IgG – presente no fluido que recobre os alvéolos e ativam o sistema complemento. o IgA – bloqueia a aderência de microrganismo ao epitélio • Reflexo de tosse e espirro. PATOGÊNESE → Os pulmões são constantemente expostos a partículas e microrganismo que estão expostos nas vias aéreas superiores e por microaspiração chegam ao trato respiratório inferior. → Entretanto, as vias aéreas inferiores permanecem estéreis por conta dos mecanismos de defesa pulmonar. → Porém, quando há uma deficiência da defesa pulmonar, inoculação excessiva ou disseminação hematogênica de um patógeno, pode ocorrer o desenvolvimento da pneumonia comunitária (PAC). ETIOLOGIAS: → Microaspiração: aspiração de patógenos por secreção ou saliva. → Via inalatória: inalação de microrganismos pelo ar ambiente; → Via hematogênica: quando microrganismo são levados pelo sangue para o pulmão (ex. endocardite tricúspide). → Por contiguidade: infecção que ocorre pela proximidade com outras estruturas (ex. espaço pleural e mediastino). Evolução da pneumonia (4 etapas): FASE INFLAMATÓRIA • O agente infeccioso (patógeno) invade os alvéolos e se multiplicam rapidamente. • Ocorre o ataque de macrófagos e neutrófilos presente no tecido pulmonar. • O ataque dessas células gera vasodilatação e liberação de interleucinas responsáveis pela quimiotaxia. • Não é percebida clinicamente. HEPATIZAÇÃO VERMELHA: • A vasodilatação leva ao acúmulo de hemácias e neutrófilos no espaço alveolar (congestão). • Com isso o pulmão fica com aspecto avermelhado, semelhante ao fígado. • Entretanto, a morte desses neutrófilos leva a formação de um exsudato. HEPATIZAÇÃO CINZENTA • As hemácias se desintegram e passa a conter basicamente neutrófilos. • Com isso, a morte de neutrófilos leva a formação de um exsudato purulento dando ao pulmão a cor acinzentada, mas também amarelada, pois o pus tende a ser amarelo. (fase supurativa da pneumonia) • Não há presença de bactéria nessa fase. • O aspecto macroscópico revela uma consolidação cor cinza claro. RESOLUÇÃO: • O exsudato celular dá origem a um semifluido. • Estes vão sendo consumidos pelos macrófagos até completa resolução do processo. • O parênquima pulmonar tende a voltar ao normal. Vitória Trindade - Resumos 3 CLASSIFICAÇÃO LOBAR → Consolidação que compromete todo o lobo e até mesmo todo o pulmão. → Tem a presença de broncograma aéreo. → Padrão: Mycobacterium tuberculosis, pneumococo. BRONCOPNEUMONIA → Opacidades heterogêneas (múltiplos focos inflamatórios) e com ausência de broncograma aéreo. → Pode acometer um ou mais lobos. → Padrão: micoplasma, hemófilo e estafilococo. INTERSTICIAL → Reação inflamatória que afeta predominantemente o interstício pulmonar. → Sem consolidação atípica. → Padrão: pneumonia viral e Pneumocystis jiroveci. QUADRO CLÍNICO QUADRO TÍPICO • Tosse – 80% dos casos; ✓ A tosse é uma reação natural do organismo para eliminar microrganismos, substâncias ou corpos estranhos que estejam prejudicando as vias aéreas. • Febre alta – 80% dos casos; ✓ A temperatura corporal aumenta com o objetivo de destruir vírus e bactérias que tenham invadido seu organismo. • Expectoração purulenta (esverdeada/ amarelada) – 60 a 80% dos casos; ✓ Estas cores normalmente surgem quando estão presentes neutrófilos nas vias aéreas, que produzem uma proteína verde que é dissolvida no catarro, sendo que a cor varia de acordo com a quantidade da proteína. • Dispneia – 40 a 90% dos casos; ✓ Dificuldade nas trocas gasosas, devido o líquido presente nos alvéolos. • Dor torácica pleurítica (se derrame pleural) – 30% dos casos. • Sintomas inespecíficos: mialgias, anorexia e fadiga. PACIENTES IDOSOS • Frequentemente evoluem sem febre, tosse ou dispneia; Vitória Trindade - Resumos 4 • Quadro clínico inespecífico, com alteração do nível de consciência, desorientação e descompensação de uma doença estável (diabetes, DPOC). DIAGNÓSTICO ANAMNESE • Avaliar fatores de risco: o Idade > 65 anos; o Tabagismo; o Imunossuprimidos; o Residência em asilo; o Doença pulmonares. • Sinais e sintomas: o Febre; o Tosse; o Expectoração o Dispneia; o Dor torácica. EXAME FÍSICO • FC e FR: taquipneico e taquicardíaco; • PA: hipotensão; • Temperatura axilar (pode haver febre); • Saturação (pode estar reduzida); • Ausculta: crepitações (congestão pulmonar); • Esforço respiratório. HEMOGRAMA • Leucocitose neutrofílica: 15.000 – 35.000; • Com desvio a esquerda (grande número de bastonetes no sangue); RADIOGRAFIA DE TÓRAX • Duas incidências: PA e PERFIL. • Confirma o quadro de pneumonia e identifica a extensão do acometimento pulmonar. • Infiltrado alveolar do tipo broncopneumônico; • Grande área de consolidação pulmonar. EXAMES COMPLEMENTARES ESCARRO: • Indicado para os pacientes que não respondem ao tratamento empírico. • Indicam o agente etiológico causador da pneumonia (cultura). HEMOCULTURA: • PAC grave com pacientes internados e falência de tratamento. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO SIGLA VARIÁVEL ALTERAÇÃO PONTUAÇÃO C Confusão mental Presente 1 U Ureia > 50 mg/dl 1 R Respiração FR > 30 1 B Baixa PA PAS < 90 PAD < 60 1 65 Idade > 65 anos 1 RESULTADO 0 e 1 Tratamento ambulatorial 2 e 3 Tratamento hospitalar 4 e 5 Considerar UTI TRATAMENTO Vitória Trindade - Resumos 5 TRATAMENTO AMBULATORIAL • Realizar o tratamento doméstico do paciente, com retorno para avaliação ambulatorial em 2 ou 3 dias. • Antibioticoterapia: PACIENTES SEM COMORBIDADES MACROLÍDEOS ou PENICILINAS ou FLUOROQUINOLONAS RESPIRATÓRIAS Azitromicina ou Claritromicina Amoxicilina Levofloxacino ou gemifloxacino PACIENTES COM COMORBIDADES FLUOROQUINOLONAS RESPIRATÓRIAS ou MACROLÍDEOS + BETALACTÂMICO Moxifloxacino Levofloxacino Gemifloxacino Azitromicina Claritromicina Doxiciclina Amoxicilina + clavulanato Cefpodozima Cefuroxima PACIENTES SEM COMORBIDADES:• São tratados com antibióticos escolhidos empiricamente (MONOTERAPIA), baseados no patógeno mais provável. • Tratamento: realizado com apenas uma classe de antibióticos. o Ou macrolídeos ou penicilinas ou fluoroquinolonas. o O mais recomendado são os macrolídeos que abrangem patógenos atípicos. o A fluoroquinolonas não devem ser recomendadas de rotina, pois deve ser evitado o risco de desenvolvimento de resistência a esses antibióticos. • Tempo de tratamento: de 5 a 7 dias, em todos os casos. PACIENTES COM COMORBIDADES: • Comorbidades: DPOC, IC, doença renal, DM, alcoolismo, câncer, imunossupressão e uso de antibióticos nos últimos 3 meses. • Tratamento: o Ou apenas fluoroquinolona respiratória. o Ou macrolídeo + betalactâmico. • Tempo de tratamento: de 5 a 7 dias, nos dois casos. TRATAMENTO HOSPITALAR • Tratamento realizado na enfermaria, com pacientes de risco intermediário. • Em alguns casos pode ser tratado em domicilio de forma assistida. • Antibioticoterapia: FLUOROQUINOLONA RESPIRATÓRIA Moxifloxacino OU Levofloxacino MACROLÍDEO + BETALACTÊMICO Azitromicina Claritromicina + + Cefotaxima Ceftriaxona Ampicilina Vitória Trindade - Resumos 6 • Tempo de tratamento: 5 a 7 dias. TRATAMENTO EM UTI MÍNIMO RECOMENDADO BETALACTÂMICO ou MACROLÍDEO OU FLUOQUINOLONA Ceftriaxona ou Ampicilina ou Cefotaxima Azitromicina ou Claritromicina ou Fluoquinolona INFECÇÃO POR PSEUDOMONAS BETALACTÂMICO ANTI-PSEUDOMONA + MACROLÍDEO OU FLUOQUINOLONA Piperacilina ou ceftazidima ou imipenem Levofloxacino ou Moxifloxacino Azitromicina ou Claritromicina SEGUIMENTO FALHA DE TRATAMENTO • Ausência de resposta ao tratamento ou piora do quadro clínico após 2 ou 3 dias de tratamento. • Principais causas de fracasso do tratamento são: o Antibioticoterapia errada; o O diagnóstico não era pneumonia; o Pneumonia por agentes pouco usuais; o Aconteceram complicações pulmonares: abscesso ou empiema. CRITÉRIOS PARA ALTA • Presença de deglutição adequada pra comprimidos e líquidos; • Sinais vitais estáveis por mais de 24 horas: o Temperatura < 38°C o FC < 100 bpm; o FR < 24 irpm; o PAS > 90 mmHg o Sem descompensação clinica ou laboratorial; o Oxigenação adequada em ar ambiente. COMPLICAÇÕES • Derrame pleural parapneumônico; • Pneumonia necrosante; • Sepse; • Choque séptico; • Pneumotórax. PREVENÇÃO • Eliminar tabagismo e etilismo; • Melhorar o status nutricional; • Ter cuidados com a higiene oral; • Realizar vacinação (influenza/ pneumococos).
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