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Parasitologia 1 Parasitologia Jair Machado Espindola Netto 1ª e di çã o Parasitologia 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Texto: Jair Machado Espindola Netto Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). E77p Espindola Netto, Jair Machado. Parasitologia / Jair Machado Espindola Netto ; revisão de Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 1. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO: Departamento de Ensino a Distância, 2016. 215 p. : il. 1. Parasitologia. 2. Doenças parasitárias. 3. Higiene. 4. Tricomoníase. 5. Doenças sexualmente transmissíveis. 6. Técnicas de laboratório clínico. 7. Vetores de doenças. 8. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. CDD 616.96 Parasitologia 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Parasitologia 4 Parasitologia 5 Apresentação da disciplina Caros Alunos, Iniciamos neste momento nossa disciplina de Parasitologia. Ao longo deste curso, aprenderemos juntos, analisando e discutindo as principais parasitoses de importância médico-social em nosso país. Em um país com grande extensão territorial como o nosso, e com regiões tão diferentes quanto ao desenvolvimento e cultura, o conhecimento é uma arma importante na elaboração de políticas públicas que garantam a saúde e o bem-estar social e possa, além de tratar e curar, prevenir doenças e difundir a educação em saúde. Preocupados com a sua formação e com a imensa rede de conhecimentos, procuramos não nos limitarmos apenas aos textos informativos da disciplina, mas também incluir textos e vídeos que reforçam nosso conteúdo e tornam o aprendizado mais eficaz e dinâmico. Lembre-se sempre que nossa equipe está aqui para apoiá-lo e discutirmos os conteúdos e, então, aprenderemos juntos. Agora, mãos à obra! Parasitologia 6 Parasitologia 7 Plano da disciplina Unidade 1 – Introdução ao estudo da parasitologia Caro aluno, iniciamos agora mais uma etapa de grande importância na sua formação. A disciplina de Parasitologia Humana será de grande importância em seu dia a dia profissional e por isso vamos estudá-la com dedicação e atenção. Neste primeiro capítulo, trataremos de assuntos gerais e revisão. Vamos, então, aos objetivos. Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Compreender a ecologia parasitária; Reconhecer e entender fatores relacionados que influenciam o desenvolvimento da parasitose no ser humano; Compreender as influências dos fatores socioculturais Compreender os tipos de relação parasito-hospedeiro e os mecanismos de transmissão, agressão e defesa; Familiarizar-se com alguns termos técnicos importantes. Unidade 2 – Parasitoses transmitidas por vetores Caro aluno, nesta unidade iniciaremos nossos estudos de doenças que são muito frequentes em nosso dia a dia. Essas parasitoses acometem normalmente regiões menos favorecidas e tem como principal forma de transmissão os vetores. Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Identificar os agentes etiológicos responsáveis e sua biologia; Compreender a forma de transmissão das parasitoses os componentes do ciclo dos parasitos; Identificar seus principais vetores; Entender e propor medidas de controle; Correlacionar o tratamento e o diagnóstico; Correlacionar fatores socioambientais com a incidência. Parasitologia 8 Unidade 3 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados I: Protozoários Nesta unidade, vamos estudar os parasitos transmitidos através da água e alimentos contaminados. Nestes casos, particularmente, observaremos a importância dos bons cuidados de higiene e das condições sanitárias de habitação, como saneamento básico e água tratada. Mãos à obra! Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Identificar os parasitos e endemias; Identificar as novas formas de transmissão; Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o desenvolvimento destas parasitoses; Entender e correlacionar e diferenciar os ciclos biológicos e hospedeiros heteróxenos e hospedeiros monóxenos; Identificar grupos em risco e propor medidas preventivas; Correlacionar o diagnostico e tratamento. Unidade 4 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados II: Helmintos Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo das parasitosescausadas pela contaminação de água e alimentos, iniciado na unidade anterior. Já temos uma noção da importância do assunto, no que se diz respeito a noções básicas e acesso a boas condições de higiene da população do Brasil e também mundial. Vamos então finalizar essa etapa do nosso estudo! Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Identificar os parasitos e endemias; Parasitologia 9 Identificar as novas formas de transmissão; Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o desenvolvimento destas parasitoses; Entender e correlacionar e diferenciar os ciclos biológicos e hospedeiros heteróxenos e hospedeiros monóxenos; Identificar grupos em risco e propor medidas preventivas; Correlacionar o diagnostico e tratamento. Unidade 5 - Parasitoses transmitidas pela penetração ativa de larvas através da pele Nesta unidade, estudaremos parasitoses que são transmitidas através da penetração de larvas através da pele. Estas parasitoses são bastante comuns em regiões predominantemente rurais e que não possuem medidas de saneamento básico eficazes e, por isso, se constituem em um grande problema social e de saúde. Objetivo da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Conhecer os principais agentes causadores dessas parasitoses, sua forma de transmissão, diagnóstico, tratamento, prevenção e controle, sabendo relacioná- las com as questões sociais do Brasil. Unidade 6 - Parasitoses transmitidas por mecanismos diversos Nesta unidade, estudaremos a Tricomoníase, uma parasitose classificada como Doença Sexualmente Transmissível. E estudaremos também os principais artrópodes de importância médica, que são vetores de doenças de grande importância no Brasil e no mundo. Parasitologia 10 Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Entender o ciclo biológico do Trichomonas vaginalis, suas principais implicações clínicas, métodos para diagnóstico e maneiras de evitar a transmissão desta doença; Conhecer também os principais artrópodes de importância médica, assim como medidas para evitar a proliferação dos vetores e, consequentemente, a propagação de diversas doenças. Unidade 7 - Diagnóstico Laboratorial das Parasitoses Nas unidades anteriores, estudamos as parasitoses de maior importância médico-social no Brasil. Nesta última unidade, estudaremos os métodos laboratoriais de coleta e análise de material parasitológico. Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Identificar os principais cuidados com a coleta de amostras; Familiarizar-se com as principais técnicas de análise de sangue; Familiarizar-se com as principais técnicas de análise de fezes; Entender e aplicação de cada técnica; Estudar técnicas soroógicas e moleculares de análise em parasitologia. Bons estudos! Parasitologia 11 Sumário Apresentação da disciplina ............................................................................................. 05 Plano da disciplina ............................................................................................................ 07 Unidade 1 – Introdução ao estudo da parasitologia ............................................... 13 Unidade 2 – Parasitoses transmitidas por vetores ................................................... 31 Unidade 3 – Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados I: Protozoários........................................................................................................................ 67 Unidade 4 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados II: Helmintos ............................................................................................................................ 93 Unidade 5 - Parasitoses transmitidas pela penetração ativa de larvas através da pele ....................................................................................................................................... 125 Unidade 6 - Parasitoses transmitidas por mecanismos diversos ........................... 157 Unidade 7 - Diagnóstico Laboratorial das Parasitoses.............................................. 179 Considerações finais ......................................................................................................... 205 Conhecendo o autor ......................................................................................................... 206 Referências .......................................................................................................................... 207 Anexos.................................................................................................................................. 209 Parasitologia 12 Parasitologia 13 Introdução ao Estudo da Parasitologia 1 Parasitologia 14 Caro aluno, iniciamos agora mais uma etapa de grande importância na sua formação. A disciplina de Parasitologia Humana será de grande importância em seu dia a dia profissional e, por isso, vamos estudá-la com dedicação e atenção. Neste primeiro capítulo, trataremos de assuntos gerais e revisão. Vamos, então, aos objetivos. Objetivos da unidade: Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: Compreender a ecologia parasitária; Reconhecer e entender fatores relacionados que influenciam o desenvolvimento da parasitose no ser humano; Compreender as influências dos fatores socioculturais; Compreender os tipos de relações parasito-hospedeiro e os mecanismos de transmissão, agressão e defesa; Familiarizar-se com alguns termos técnicos importantes. Plano da unidade: Conceitos Gerais Relações entre as espécies Considerações sobre Parasitismo Ações do Parasito sobre o Hospedeiro: mecanismos de agressão Reações do Hospedeiro ao Parasito: mecanismos de defesa Mecanismos de transmissão de parasitos Noções sobre classificação e nomenclatura Conceitos e termos técnicos importantes em parasitologia Bons estudos! Parasitologia 15 Conceitos Iniciais A parasitologia é o campo da ciência que estuda os parasitas e o estudo de suas relações com o hospedeiro. Os seres vivos relacionam-se entre si e isto é evolutivamente vantajoso. As relações são classificadas de acordo com o prejuízo e/ou benefícios observados entre os indivíduos que participam dela. Importante! O parasitismo é o nome dado a relação entre duas espécies onde o parasito beneficia-se do hospedeiro, que lhe oferece abrigo (proteção), nutrientes e/ou um meio de reprodução. Dessa forma, é importante que o hospedeiro, apesar de ser espoliado, mantenha-se vivo e capaz satisfazer as necessidades do parasito. O tatu, por exemplo, raramente morre quando infectado pelo Trypanossoma cruzi. Entretanto, o ser humano quando infectado pode ter problemas cardíacos e morrer. Já no caso da malária, algo diferente é observado: indivíduos de áreas endêmicas tendem a apresentar forma menos patogênica da doença do que indivíduos de outras áreas que, ao entrar em contato com a área endêmica, adquirem a doença. Neste caso, podemos observar certo equilíbrio entre os indivíduos de áreas endêmicas e a malária. Nem todo contato do parasito com o hospedeiro evolui necessariamente para um quadro clínico de parasitose. Por exemplo, quando a Entamoeba díspar infecta o homem ocorre apenas um quadro leve de sintomatologia. Para tal, é necessária a combinação de fatores relacionados tanto ao hospedeiro e fatores relacionados ao parasito quanto a fatores relacionados ao ambiente. Vamos observar atentamente o quadro 1? Parasitologia 16 Quadro 1.0 – Fatores que Influenciam o desenvolvimento da parasitose Fatores Relacionados ao Parasito Fatores Relacionados ao Hospedeiro Fatores Relacionadosao Ambiente Quantidade Virulência Localização Metabolismo Nutrição Reposta Imune Hábitos Idade Saneamento Básico Clima Localização Biodiversidade Analisando estes fatores apresentados no quadro 1.1, você pode perceber que para que uma parasitose se instale e se propague numa dada região, condições indispensáveis exigidas pela biologia do parasito devem estar presente: deve haver uma inter-relação entre os elementos do solo, do hospedeiro, existência de vetores, elementos da fauna e flora e quantidade suficientemente alta de parasitos para que se crie então um foco natural de parasitose. Percebemos assim que o agente etiológico – isto é, o parasito causador da doença - não é o único fator responsável pela instalação e propagação da doença, mas também os fatores ambientais, em especial, fatores sociais têm grande impacto neste processo. Um indivíduo com baixo nível socioeconômico, desnutrido, morando em ambiente precário e com pouco saneamento básico está exposto a um risco muito maior do que um indivíduo com maior poder aquisitivo e alocado em ambiente com melhores condições de higiene e alimentação. Portanto, não há como avaliar a importância de um agente etiológico em uma dada patogenia sem reconhecer o peso do “status social” no desenvolvimento e instalação de uma dada parasitose e no ambiente no qual o indivíduo acometido está inserido. No Brasil, apenas 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto e apenas 40% do esgoto do país são tratados, dados segundo o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS 2014), onde a maioria da população do sul e sudeste tem acesso a condições de saneamento e a maioria da população do norte e nordeste não tem. Assim sendo, não é de se espantar que haja grande prevalência de parasitoses acontecendo na região norte e nordeste de nosso país. Parasitologia 17 Relações entre Espécies Os seres vivos vivem em um ecossistema onde as espécies interagem umas com outras. De acordo com a natureza e com a consequência dessa relação para ambas as espécies, é possível classificar o tipo de troca que ocorre. Quando a relação ocorre entre dois seres da mesma espécie, dizemos que é uma relação intraespecífica. Quando acontecem entre espécies diferentes, denominamos interespecífica. A relação pode ser harmônica, quando ambos os seres se beneficiam dessa interação, ou desarmônica, quando um dos indivíduos é prejudicado de alguma forma. A relação dos parasitos com o homem é desarmônica em sua maioria, onde o homem muitas vezes sai prejudicado. Das relações harmônicas, podemos citar: Mutualismo: quando os dois se beneficiam da interação. Algumas espécies inócuas causam benefício ao competirem com espécies patogênicas e impedirem que se instalem e causem espoliação; Simbiose: relação onde uma espécie depende da outra pra viver e ambas se beneficiam da relação. Alguns protozoários, por exemplo, dependem de bactérias e vice versa. Por outro lado, existem vários tipos de relações desarmônicas. Competição: tipo de relação onde dois seres lutam pelo mesmo abrigo ou alimento; Comensalismo: relação onde um dos seres obtêm vantagens enquanto o outro ser não sofre consequência negativa; Predatismo: relação onde uma espécie depende de eliminação da outra pra sobreviver; Canibalismo: um ser se alimenta de outro da mesma espécie; Parasitismo: relação unilateral, onde o parasito expolia o hospedeiro. Veremos com mais detalhes a seguir. Parasitologia 18 Considerações sobre o Parasitismo O parasitismo pode ocorrer de diversas maneiras possíveis. Vamos observar as formas mostradas a seguir: Acidental: encontrado em hospedeiro diferente do esperado; Errático: encontrado fora do habitat normal; Obrigatório: parasito não consegue sobreviver sem o hospedeiro. Tipo mais comum; Facultativo: podem ser encontrados tanto em vida livre como em estado parasitário; Proteliano: é parasita quando em forma de larva, e tem vida livre no estágio adulto. Os parasitos podem ser classificados também de acordo com o número e tipo de hospedeiro que são capazes de infectar. Estenoxeno: capazes de sobreviver em um número reduzido de hospedeiros; Eurixeno: parasitos capazes de sobreviverem em grande número de reservatórios; Monóxeno: possui um hospedeiro definitivo apenas; Heteróxeno: possui hospedeiro intermediário e definitivo. Os hospedeiros podem ser classificados de acordo com a sua relação com o parasito: vamos observar as classificações a seguir? Definitivo: abriga o parasito na sua fase adulta ou em atividade sexual; Intermediário: abriga o parasita em fase larvária ou assexual; Paratênico: ou de transporte, servem apenas para disseminar, sem serem infectados; Reservatório: capaz de manter o parasito apresentando pouca patogenia. Parasitologia 19 Ações do Parasito sobre o Hospedeiro: Mecanismos de Agressão Raríssimas vezes a relação entre o parasito e o hospedeiro não leva ao desenvolvimento de uma patogenia, devido ao equilíbrio natural entre a ação do parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. Entretanto, quando uma patogenia se instala ela é o reflexo do desequilíbrio entre estes dois lados. De forma geral, as ações são, de alguma forma, prejudiciais ao hospedeiro, e tendem a favorecer o parasito apenas. Elas podem facilitar a instalação do parasito no organismo ou suprir alguma carência metabólica destes. Noutras vezes são apenas consequências da instalação do parasito ou de subprodutos do seu metabolismo que podem causar dano ao hospedeiro. O quadro 1.2 nos mostra diversos tipos de ação, traz uma definição e contextualizam estas ações. Neste momento é importante que não se preocupe em memorizar os exemplos, visto que serão estudados de forma mais aprofundadas nas unidades seguintes. Mantenha o foco em entender as diversas ações e a influência e importância destas no contexto da infecção. Vamos ao quadro 1.2! Quadro 1.2. Ações dos Parasitos sobre o Hospedeiro Ação Descrição e Exemplos Espoliativa Absorção de nutrientes ou sangue do hospedeiro. Ex. Ancylostomatideae que absorvem sangue da mucosa intestinal para absorção de ferro e oxigênio. Tóxica Produzem enzimas ou metabólitos tóxicos ao hospedeiro. Ex: Reações alérgicas causas pelos metabólitos do A. lumbricoides. Mecânica Podem obstruir a passagem do alimento ou absorção de nutrientes ou entupimento de ductos. Ex. G. lamblia cobrindo extensa área do duodeno. Traumática Mais comumente causadas por formas larvárias de helmintos. Vermes adultos e protozoários também podem causar. Ex. F. hepática causando lesão hepática em jovem Irritativa Quando a presença do parasito produz irritação em vez de trauma no local de instalação. Ex. A. lumbricoides na mucosa intestinal. Enzimática Liberação de enzimas que facilitam penetração. Ex. Penetração da pele por cercarias de E. mansoni. Anóxia Consumo de oxigênio ou hemorragia a ponto de causar anemia. Ex. Plasmodium. Parasitologia 20 Reações do Hospedeiro ao Parasito: Mecanismos de defesa Quando saudável, o homem apresenta diversos mecanismos de resistência que impedem a evolução de uma infecção para um quadro clínico, podendo eliminar o foco inicial. Dessa forma, a combinação de fatores inespecíficos e específicos apresenta a linha de defesa do hospedeiro contra a instalação e evolução da infecção. Assim, o estado de saúde influi diretamente na integridade desses mecanismos de defesas e diversas condições ambientais, culturais e sociais podem causar um desequilíbrio e diminuição da resistência. Dentre os fatores inespecíficos, podemos citar: Epitélios e mucosas: são as primeiras barreiras de defesa contra agentes externos; Barreira mecânica: oferece uma barreira física impedindo a penetração, devido à camada queratinizada e pelos.Em algumas mucosas, os cílios são de grande importância, como no trato respiratório. Barreira Química: o pH ácido da pele e os sucos digestivos são importantes mecanismos de defesa. O ácido clorídrico do estômago é um importante fator. Nas mucosas, a liberação de muco tem função de proteção também contra parasitos. Barreira Microbiológica: microrganismos da microbiota natural podem agir como mecanismos de defesa. Eles podem competir por alimento ou liberar substâncias que sejam tóxicas ao parasito. Sistema Fagocitário: Este sistema é responsável por internalizar e digerir corpos estranhos no organismo. Ao penetrarem nos tecidos, parasitos desencadeiam uma série de sinalizações que levam à atração de células capazes de reconhecê-los e eliminá-los. Diversas células atuam nesse processo. Neutrófilos: são os primeiros a reconhecerem, fagocitarem e liberarem de citocinas que levam ao (1) recrutamento de mais células para o local e (2) início e amplificação da resposta inflamatória. Neutrófilos têm vida curta e sofrem apoptose rapidamente. Parasitologia 21 Eosinófilos: atuam de forma similar ao neutrófilo. Estas células são importantes para a defesa do organismo e para o diagnóstico de parasitose: um aumento de eosinófilo circulante (eosinofilia) pode indicar uma infecção parasitária. Macrófagos: São células que têm capacidade de fagocitose e também conhecidas como células scavenger (do inglês, limpadores), que limpam o resto de debris celulares que restaram da apoptose as outras células. Resposta inflamatória: é responsável por destruir ou isolar o parasito a fim de frear a infecção. O mecanismo de defesa específico do hospedeiro é a resposta imunológica, atuando através dos linfócitos T e B. Estes linfócitos são capazes de reconhecer moléculas da superfície do agente externo produzir anticorpos capazes de se ligarem especificamente à superfície destes agentes e criar memória imunológica relacionada a esses agentes. Ao se ligarem, os anticorpos fazem a marcação do corpo estranho, sinalizando para outras células do sistema imune que elas devem destruir estes agentes marcados. Um conjunto de diferentes células, como neutrófilos, eosinófilos e macrófagos reconhece e se liga a este anticorpo presentes na superfície para causar destruição. Mecanismos de Transmissão Parasitária Para que uma parasitose se instale, é preciso que o agente causador seja capaz de superar as barreiras de defesa do hospedeiro e chegar ao local de infecção em número suficiente. Para tal, existem diversos mecanismos pelos quais os parasitos infectam os hospedeiros. Vejamos a seguir! Em relação ao gasto de energia: Ativa: ocorre com dispêndio de energia Passiva: ocorre quando não há gasto energético para a invasão Parasitologia 22 Em relação à via de transmissão, ou tecnicamente falando, a porta de entrada do parasito, palavras de origem latina são utilizadas para designá-las. Per os: por via oral Per cutem: por via cutânea Per mucus: através do muco Per Genos: por via genital Outras vias mais incomuns podem ser listadas, ocorrendo em situações especiais: Via transplacentária: da mãe para o filho na gravidez Transmamário: através da lactação Transfusional: através de transfusão de sangue Transplantação: através de transplantes de órgãos Noções de Classificação e Nomenclatura dos Parasitos Existem diversos seres capazes de parasitar o homem, e é muito importante que esses seres sejam classificados de forma correta, para facilitar o estudo de modo geral. Essa classificação tem suas raízes no método criado por Lineu (Karl Von Linnée), que agrupava os seres baseados em características morfológicas. Atualmente, com o avanço da tecnologia e dos métodos de detecção e de identificação, utilizam-se também ferramentas da biologia celular para agrupar os seres, na filogenética, que utiliza a noção de evolução das espécies. Essa nomenclatura segue uma sequência hierárquica conforme vemos a figura a seguir na figura 1. Vamos observar e entender essa sequência? Parasitologia 23 Figura 1: Categorias taxonômicas ou táxons. Cada esfera acima é conhecida como táxon e em zoologia podem corresponder a diversos níveis de classificação ou categoria taxonômica. Quando pesquisador descobre uma nova espécie, ele tenta então encaixá-la dentro de uma categoria já existente e baseado nas características que este se apresentar junto a uma lógica já estabelecida, sua classificação vai seguindo até encontrar o nome mais adequado para aquela espécie. A classificação desenvolvida por Lineu é muito usada e oferece uma forma prática de organizar os seres vivos, diferenciando-os pelo nome da espécie. Neste sistema, é adotada uma classificação binomial, onde a espécie é representada por um nome genérico (isto é, de gênero) seguido de um nome específico (insto é, de espécie). Vamos observar o quadro 1.3? Ele mostra a classificação de duas espécies diferentes de parasitos, capazes de infectar e causar ancilostomíase, uma doença popularmente conhecida como “amarelão”. Parasitologia 24 Quadro 1.3: Comparação entre duas espécies diferentes pertencentes ao mesmo gênero. Ancilostomíase Humana Ancilostomíase Canina Reino Animmalia Animmalia Filo Nematoda Nematoda Classe Secernentea Secernentea Ordem Strongylida Strongylida Família Ancylostomidae Ancylostomidae Gênero Ancylostoma Ancylostoma Espécie Ancylostoma duodenale Ancylostoma caninum Fonte: http://files.biologiaegeologia.webnode.com/200000057- d91ccda16a/Hierarquia%20taxon%C3%B3mica.jpg Por exemplo, o agente causador da ancilostomose é grafado como Ancylostoma duodenale. A parte “Ancylostoma” se refere ao gênero e a parte “duodenale” se refere àquela espécie referida. Outra espécie que comumente infecta cães é classificada como Ancylostoma caninum. Assim, temos duas espécies de vermes que pertencem ao mesmo gênero, mas, como são seres diferentes, possuem classificações diferentes. Um bom observador já deve ter reparado que o nome da espécie foi grafado em itálico. Oficialmente, o nome da espécie deve ser escrito em itálico ou, quando em escrita manual, sublinhado para dar destaque, visto que é uma palavra de origem latina. O gênero pode ser abreviado ou não, mas sempre com inicial maiúscula e o nome da espécie sempre com inicial minúscula. Assim, podemos escrever A. lumbricoides ou Ascaris lumbricoides. Ao final deste tópico temos um quadro de dicas já vistas em outras disciplinas mais específicas, que nos ajudarão a orientar a grafia correta do nome das espécies. Os parasitos de maior importância médica no estudo da parasitologia humana são aqueles pertencentes a dois reinos: reino protista, onde as espécies pertencentes ao filo Protozoa (protozoários) são responsáveis por parasitas unicelulares capazes de infectar os seres humanos; e o Reino Animalia ou Metazoa, onde os filos Platyhelminthes (platelmintos) e Nematoda (nematódeos) são também Parasitologia 25 de grande importância. Ao decorrer do nosso estudo veremos a classificação dos parasitos dentro de cada patologia estudada. Aparentemente, as regras para nomenclatura parecem confusas e é comum encontrarmos escrita de forma incorreta. Mas, praticando é que nós conseguiremos nos habituarmos. Vamos observar o resumo das principais regras de grafia a seguir? Fica aqui uma sugestão de buscar três espécie de seres vivos que você encontra ao seu redor e buscar a classificação delas na internet, treinando a grafia correta da espécie. Vamos resumir? 1 – O nome científico de um ser vivo é escrito de forma binomial, isto é, temos primeiro o nome do gênero e em seguida o nome da espécie. 2 – O nome do gênero deve ser grafado com a primeira letra maiúscula e o da espécie com letra minúscula. 3 – Ao escrevero nome científico, como vem de língua latina, deve ser escrito em itálico ou sublinhado. 4 – Após a primeira citação em um texto, o nome do gênero pode ser abreviado para a primeira letra da palavra. Assim, pode-se escrever Ancylostoma duodenale ou apenas A. duodenale. 5 – Quando se fala de um gênero, sem especificar a espécie, coloca-se o “sp.” após o nome, que significa a abreviação de espécies em latim. Assim, se quisermos falar do gênero Panthera sem nos referirmos a uma determinada espécie, escrevemos Panthera sp. 6 – Quando uma espécie possui subespécie a palavra virá logo após à da espécie, sem pontuação. Por exemplo, Culex pipiens fatigans onde “Culex” é o gênero, “pipiens” é a espécie “fatigans” é a subespécie. As doenças causadas por parasitos recebem uma nomenclatura científica padronizada, além do nome popularmente difundido. Oficialmente, o sufixo ose é adicionado. Entretanto, muitas vezes, encontramos o sufixo íase também, que acaba prevalecendo quando apresenta melhor acomodação fonética. Por exemplo, oficialmente chamamos Ancilostomose à doença causada pelo Ancylostoma duodelane, mas é possível encontrar algumas fontes relatando como ancilostomíase. Parasitologia 26 Conceitos e Termos Técnicos Importantes em Parasitologia No campo da parasitologia, muitas vezes vamos nos deparar com conceitos e termos técnicos que são importantes para o entendimento e comunicação. Desta forma, dedicamos esta parte final do capítulo para reunir os principais termos técnicos relacionados à parasitologia humana e expressá-los de forma sintética. Não se desespere: não há necessidade de decorar palavras soltas e sem contexto. Com o tempo, bastante leitura e uso constante o estudante vai se familiarizando com esses termos apresentados. A Sociedade Brasileira de Parasitologia (SBP) disponibiliza em seu site um glossário com termos básicos utilizados em parasitologia. Vamos conferir? Para seguir até o site, clique no logo da SBP para acessá-lo! Dica de Link! http://www.parasitologia.org.br/estudos_glossario.php Acesso em: 05/05/2016 Nesta unidade, você estudou os conceitos gerais relacionados à Parasitologia. Na próxima unidade, iniciaremos o estudo das principais parasitoses de importância médica no Brasil. É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Parasitologia 27 Exercícios – Unidade 1 1. (ANÁPOLIS) Dois seres vivos pertencentes à mesma ordem são necessariamente: a) da mesma raça; b) da mesma espécie; c) do mesmo gênero; d) da mesma classe; e) da mesma família. 2. (UNISA) Com base nas regras de nomenclatura, indique a alternativa incorreta: a) Homo sapiens sapiens; b) Trypanosoma cruzi; c) Rana esculenta marmorata; d) Rhea americana americana; e) Anopheles Nyssurhynchus darlingi. 3. (UNIP) A sequência hierárquica das categorias taxonômicas é: a) filo, classe, ordem, família, gênero; b) gênero, família, ordem, filo, classe; c) filo, classe, família, ordem, gênero; d) classe, filo, gênero, família, ordem; e) ordem, classe, filo, gênero, família. Parasitologia 28 4. Relacione as colunas a seguir de acordo com os mecanismos de transmissão de parasitos. (1) Per os ( ) Pele (2) Per cuten ( ) Genital (3) Per mucus ( ) Oral (4) Per genun ( ) Muco Qual das opções a seguir representa corretamente a relação mostrada acima: a) 2-4-1-3 b) 1-2-3-4 c) 2-3-4-1 d) 4-2-3-1 e) 3-2-15 5. Em uma de suas obras, Urupês, o autor brasileiro Monteiro Lobato narra a história de um caipira que vivia no interior do Estado de São Paulo. Um caipira de baixa renda, alcoólatra, magro e pele amarelada. Jeca, que revela a condição de diversos outros habitantes marginalizados do interior sem acesso a saneamento básico e água tratada. Um médico aparece na cidade e diagnostica Jeca como portador de uma parasitose. Uma das recomendações do médico é que Jeca passe a utilizar botas ao andar pelas terras para evitar contato dos pés com o solo. Baseando-se nisso, pode-se inferir que o mecanismo de contágio seja: a) per os. b) per cuten. c) per mucus. d) per genun. e) Nenhuma das anteriores. Parasitologia 29 6. Quais das opções a seguir não representa um fator relacionado ao hospedeiro que influencia na instalação da parasitose: a) Nutrição. b) Imunidade. c) Virulência. d) Condição socioeconômica. e) Nda. 7. A doença do gato é de grande preocupação em especial nas mulheres em idade fértil. Ela é causada por um protozoário capaz de se multiplicar no organismo e causar aborto e má formação no feto. Na frase sublinhada acima está embutido o conceito de: a) Epidemia. b) seres vivos. c) agente etiológico. d) Mecanismo. e) Nda. 8. O hospedeiro que abriga o parasito na sua fase adulta ou em atividade sexual é chamado de: a) Reservatório. b) Intermediário. c) Externo. d) Único. e) Definitivo. Parasitologia 30 9. Complete os espaços em branco utilizando as palavras abaixo: Agente Etiológico – Profilaxia – Fômite – Hospedeiro – Mecanismo – Sintomas Clínicos – Parasitismo a. ___________: é a associação entre seres vivos onde existe unilateralmente de benefícios, sendo um dos associados (o de maior porte ou hospedeiro) prejudicado pela associação. b. Período de incubação: é o período decorrente entre a penetração do __________ e o aparecimento dos primeiros ____________. c. __________: é o conjunto de medidas que visa à prevenção, erradicação ou controle de uma doença ou de um fato prejudicial aos seres vivos. d. Patogenia ou patogênese: é o __________ com o agente etiológico que provoca lesões no ___________. e. ___________: objeto inanimado que podem servir de veículo para transmissão e transporte do parasito. 10. Existem diversos fatores que são capazes de influenciar o aparecimento de uma infecção parasitária em um indivíduo. Estes fatores podem ser relacionados ao parasito, ao hospedeiro ou ao ambiente. Organize os fatores abaixo Quantidade de parasito – Saneamento básico – hábito – resposta imunológica – virulência – clima – nutrição – idade – biodiversidade – localização geográfica Fatores Relacionados ao Parasito Fatores Relacionados ao Hospedeiro Fatores Relacionados ao Ambiente Parasitologia 31 2Parasitoses Transmitidas por Vetores Parasitologia 32 Caro aluno, Nesta unidade, iniciaremos nossos estudos de doenças que são muito frequentes em nosso dia a dia. Essas parasitoses acometem normalmente regiões menos favorecidas e tem como principal forma de transmissão os vetores. Objetivos da unidade: Ao estudar estar unidade você deve ser capaz de: Identificar os agentes etiológicos responsáveis e sua biologia; Compreender a forma de transmissão das parasitoses os componentes do ciclo dos parasitos; Identificar seus principais vetores; Entender e propor medidas de controle; Correlacionar o tratamento e o diagnóstico; Correlacionar fatores socioambientais com a incidência. Plano da unidade: Doença de Chagas Leishimaniose Malária Bons estudos! Parasitologia 33 Doença de Chagas ou Tripanossomíase Introdução A Doença de Chagas é uma parasitose causada por um agente unicelular, o protozoário Trypanossoma Cruzi. e são transmitidas por vetores: o inseto chamado popularmente de barbeiro. As constantes alterações na natureza, como o desmatamento para agricultura, estão levando ao desequilíbrio desses ecossistemas e influenciando a ecologia dos vetores e influenciando a epidemiologia da doença de chagas. Essa doença é prevalente em áreas mais pobres, onde as condições de habitação e sanitárias são menos favorecidas.A Doença de Chagas foi descoberta por um médico e pesquisador brasileiro, Carlos Chagas, e por isso recebe este nome. Dica de Vídeo! Vídeo Complementar: A seguir temos um vídeo sobre a descoberta de Chagas. Vamos Conferir? Um Cientista, Uma História: Carlos Chagas https://www.youtube.com/watch?v=x0pyiV0Pttc Transmissão da Doença de Chagas A transmissão se dá quando a forma infectante do parasito alcança a circulação sistêmica do indivíduo sadio. Ela pode acontecer das seguintes formas: Vetorial: a transmissão através de vetor é forma a mais comum, ocorrendo através da picada do inseto fêmea contaminado com T. cruzi. Essa via de transmissão é muito comum em área de baixa condição socioeconômica, em especial na zona rural. Parasitologia 34 Transfusão de Sangue: ocorre através da transfusão de sangue contaminado. Tem mais importância em grandes centros onde o controle de qualidade do banco de sangue é precário. Transmissão Congênita ou vertical: transmissão da mãe para o filho. Transmissão Oral: transmissão por alimentos contaminados; importante na região amazônica Transmissão Acidental: ocorre opor acidente, normalmente no trabalho, através de material contaminado. Transplante de Órgãos: transplante de órgão contaminado a um indivíduo são. Vetores e Reservatórios na Doença de Chagas Os triatomídeos hematófagos da subfamília Triatominae, pertencentes aos gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylusi, são os principais vetores. Eles escondem-se em fendas presentes em telhados, paredes e esteios, especialmente casas de madeira antiga de pau a pique. Durante a noite as fêmeas hematófagas picam o rosto e por isso estes insetos são popularmente chamados de barbeiro ou chupão. Dentre as espécies atualmente importantes no Brasil, cita-se T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata, T. sórdida. Um fenômeno que vem ocorrendo é o de sucessão ecológica, em que algumas espécies de barbeiro vão sendo substituída por outras, como no caso do T. infestans, que era um dos principais vetores e isso dificulta a erradicação da doença. Os reservatórios para esta doença são o tatu e o gambá no meio silvestre; já o cão, o gato e o porco no ciclo doméstico. O desmatamento visando à pecuária e agricultura são fatores importantes que estão ligados ao aumento do número de casos. Parasitologia 35 Figura 2.1: Fêmea do Triatoma brasiliensis, importante vetor da Doença de Chagas no nordeste do Brasil. Fonte: Wikipédia Morfologia do T. Cruzi O T. cruzi é um protozoário de uma célula apenas. Ele é um parasito intracelular obrigatório, apresentando um único flagelo. Ligada ao flagelo, existem mitocôndrias modificadas, ricas em DNA, que recebem o nome de cinetoplasto. A principal forma de multiplicação é a divisão binária simples. O T. cruzi apresenta diversas formas evolutivas ao longo de seu ciclo. Vamos observar o quadro a seguir? Quadro 2.1: Diferentes formas evolutivas do T. cruzi N os M am ífe ro s (H om em e ou tr os Amastigota Intracelular, formato ovoide, menor motilidade Presente nos tecidos infectados. Tripomastigota Metacíclica Forma extracelular, alongada. Maior motilidade, presente no sangue. Forma infectante. N os T ria to m íd eo s (B ar be iro ) Morfologia idem ao anterior. Presente no reto e nas fezes do inseto. Esferomastigota Presente no estômago e intestino do inseto. Pode se diferenciar em tripomastigota ou epimastigota no reto ou intestino. Epimastigota Presente em todo o intestino. Forma não infectante no homem. Variações polimórficas (delgadas e largas). Fonte: (TOSO, A et al, 2011) Parasitologia 36 Ciclo Biológico do T. cruzi O ciclo do T. cruzi é formado por uma forma infectante do parasito, a forma tripomastigota, que se diferencia em formas evolutivas diferentes no hospedeiro e no vetor, a fim de se multiplicar. A figura 2.2 esquematiza o ciclo biológico do parasito. Vamos observá-la? Figura 2.2: Ciclo biológico do T. cruzi no vetor e no hospedeiro. Fonte: ARGOLO et al, 2008 O ciclo se dá em duas etapas: no mamífero e no triatomídeo: No homem: a forma infectante do T. cruzi, a tripomastigota metacíclica, entram na circulação sanguínea do hospedeiro quando a fêmea do triatomídeo pica-o e deixa suas fezes contaminadas próximas a este local. O indivíduo, ao coçar, espalha as fezes contaminadas e o parasito penetra pela pele através do orifício da picada. Esta forma entra na circulação e infecta as células do sistema mononuclear Parasitologia 37 fagocitário, como macrófagos, e outras células próximas. Após sua internalização, a forma tripomastigota “engana” o sistema lisossomal, resistindo à ação das enzimas, e é liberado no meio intracelular após destruição dos lisossomas. No interior da célula, os tripomastigotos metacíclicos transformam-se na forma amastigota – que é a forma capaz de se reproduzir no hospedeiro. Após repetidas divisões binárias, a formas amastigota pode permanecer no interior das células do tecido – como ocorre nos cardiomiócitos – ou sofrem diferenciação novamente para a forma tripomastigota metastática, levando a uma lise celular e liberação novamente do parasito na corrente sanguínea e tecidos locais. As formas larga e delgada do tripomastigoto apresentam tropismo diferenciado pelos órgãos alvo e diferente sensibilidade aos anticorpos. Os parasitos liberados podem infectar órgãos alvo e/ou serem sugados por um triatomídeo e infectar o inseto. No triatomídeo: no estômago do triatomídeo, a forma tripomastigota metacíclica sofre diferenciação à forma epimastigota. No reto do inseto, ocorre a diferenciação à forma tripomastigota metacíclia, ficando armazenada nas fezes e podendo infectar um novo mamífero. Dica de Vídeo! Vídeo Complementar: No vídeo a seguir será explicado passo a passo o ciclo biológico do T. cruzii no vetor e no homem. Vamos conferir! Ciclo no homem: https://www.youtube.com/watch?v=0N4eB1c2xI0 Ciclo no Inseto: https://www.youtube.com/watch?v=4gzjFbvCahY Parasitologia 38 Manifestações Clínicas da Doença de Chagas A doença de chagas pode se manifestar em duas fases: fase aguda e fase crônica. Vamos conferir! Fase aguda: Assintomática; Sintomática (em crianças tem maior risco de morte!); Manifestações locais (transmissão vetorial apenas); Chagoma de inoculação: lesão tipo furúnculo que não supura; Sinal de Romanã: edema bipalpebral unilateral; Manifestações sistêmicas: Diversas: febre prolongada, edemas, linfonodos aumentados, hepatomegalia, esplenomegalia, sinais cutâneos; Intestinal: diarreia, vomito, dor abdominal; Cardíaca: alterações no ECG, cardiomegalia, derrame pleural. Fase Crônica Indeterminada: mais comum. O indivíduo apresenta teste laboratorial positivo, mas não apresenta sinal clínico nem sintomas. Essa fase pode durar desde a vida toda ou por volta de 10 anos. Se não tratada, pode ser fatal. O tratamento da doença nesta fase não é muito eficaz. Determinada: Cardíaca: cardiomegalia e alterações cardíacas como insuficiência cardíaca e arritmias; é a principal causa de morte na doença crônica; induficiência; Digestiva: destruição nervosa do logo do trato gastrintestinal, levando a alterações como megacólon e megaesôfago. Parasitologia 39 Figura 2.3. (A) Sinal de Romanã e (B) chagoma de inoculação (A) (B) Fonte: https://www.bioscience.org/2003/v8/e/948/figures.htm Diagnóstico Laboratorial da Doença de Chagas O período de incubação da doença de chagas pode ser de 4 a 10 dias para a transmissão vetorial, chegando até 40 dias na transfusional. Vamos conferir os exames de laboratório utilizados no diagnóstico dessa doença. Fase Aguda: Presença do tripomastigota metastático no sangue (Esfregaço); Anticorpos IgM anti-T. cruzi; Teste de Strout: deixar o sangue coagular e retrair o coágulo. Os parasitos são retirados do coágulo à medida que este se retrai. Fase Crônica Testes xenodiagnóstico; Hemocultura; Reação de PCR pra detectar DNA do protozoário; Elisa, hemaglutinação ou imunofluorescência. Prevenção Controle dos vetores (dedetização do inseto em áreas de infestação); Uso de mosquiteiros e tela nas janelas para evitar a entrada do inseto; Controle dos reservatórios (animais que abrigam o parasito, como tatu, gato, porcos e ratos.); Parasitologia 40 Bons hábitos de higiene alimentar. Recentemente (2005) houve um surto desta doença em Santa Catarina devido a caldo de cana contaminado. Outros alimentos são Açaí, sucos de frutas, verduras contendo fezes do animal ou pedaços do animal moído junto com alimento; Garantia da qualidade dos bancos de sangue e órgãos de transplante; Boas práticas de laboratório para evitar contaminação acidental. Tratamento da Doença de Chagas Atualmente, o tratamento farmacológico de primeira escolha é feito por 30 a 60 dias com o benzinidazol. A dose oral de 5mg/kg/dia (adultos) ou 5-10mg/kg/dia (crianças) é fracionadas em 2 ou 3 tomadas diárias. O fármaco é contraindicado em gestantes e tem maior eficácia na fase aguda. Malária Introdução A malária, também chamada de paludismo ou maleita, é uma doença causada por protozoário unicelular do gênero Plasmodium, transmitido por vetores do genero Anopheles. Quatro espécies são de importância médica: Plasmodium vivax, P. malarie, P. falciparum e P. ovale. No Brasil, há alta incidência em regiões de baixo desenvolvimento socioeconômico e é endêmica na região amazônica, uma vez que seu clima e alto índice de chuvas favorece a proliferação do vetor. Importante! O principal agente causador foi o Plasmodium vivax, responsável por 90% dos casos. Entretanto, a infecção por P. falciparum é de especial atenção epidemiológica por causar infecção mais grave e potencialmente fatal. Parasitologia 41 No Brasil, no ano de 2011, 99,7% da transmissão da malária concentrou-se na Região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará,Rondônia, Roraima e Tocantins, compreendendo 807 municípios.O mapa de risco de transmissão da Malária atualizado com dados de 2014 oriundos do ministério da saúde é mostrado a seguir na figura 2.4. Figura 2.4. Mapa de risco da malária no Brasil por município em 2014. Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/images/jpg/2015/junho/24/Mapa-de-risco-2014.jpg Transmissão da Malária Vetorial: a forma mais comum de transmissão da malária é através da picada de fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, infectada pelo Plasmodium. Outras vias de transmissão mais incomuns são através de transfusão de sangue contaminado e mais raro ainda, a transmissão congênita. Nâo há transmissão direta de pessoa pra pessoa. Parasitologia 42 Vetores e Reservatórios da Malária: Existem mais de 400 espécies de Anopheles, mas apenas 60 delas podem ser considaradas vetor em condições naturais. No Brasil, a espécie An. (Nyssorhynchus) darlingi responsável pela transmissão. A fêmea do inseto contendo o Plasmodium spp em suas glândulas salivares transmite o parasito ao homem no momento da picada. Importante! O principal reservatório natural de Plasmodium spp de importância epidemiológica é o próprio homem. Figura 2.5. Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil Fonte: wikipédia Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil (fonte: wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Anopheles_darlingi#/media/File:Anopheles_minimus.jpg ) Morfologia do Plasmodium spp. No quadro 2.2 a seguir vamos observar as diferentes formas evolutivas do parasito. Parasitologia 43 Quadro 2.2: Morfologia dos diferentes estádios evolutivos do Plasmodium spp. N o H om em Esporozoíto Forma alongada 11 m comprimento por 1 m de largura Membrana externa dupla Trofozoíto (evolui dentro do hepatócito) Forma arredondada 30 – 70 m diâmetro Merozoítos (Origem hepática ou eritrocitária) Alongado Forma lembra esporozoíto, porém menor (2-5 m) Capazes de invadir apenas hemacias Membrana externa com 3 camadas N o V et or Macro Microgameta Célula flagelada 20-25 m Oocineto Forma vermiforme 10-20 m comprimento núcleo volumoso e excêntrico Oocisto Esférico 40-80 m intestino médio do inseto Ciclo Biológico do Plasmodium spp O ciclo biológico do Plasmodio ocorre com uma parte no homem e outra parte no mosquito. Parasitologia 44 Figura 2.6: Ciclo biológico do Plasmodium spp. Fonte: Adaptado de Greenwood, 2008 No homem: Fase Hepática ou extra eritrocitária: O ciclo inicia-se quando esporozoítos presentes na glândula salivar do mosquito fêmea são transferidas para a corrente sanguínea do homem, migrando e instalando-se no fígado. Dentro do hepatócito, se transformam em trofozoítos pré-eritrocíticos. Estes se multiplicam por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes Parasitologia 45 teciduais e posteriormente merozoítos. No caso dos P. ovale e do P. vivax, podem se transformar em hipnozoítos, que são uma forma latente e ficam adormecidos por semanas a meses no hepatócito e muitas vezes é responável pela “recaída” ou recidiva clínica da doença. Esta fase é chamada de exoeritrócitária tecidual. Fase Eritrocitária: Após algum tempo (que varia de acordo com a espécie), o hepatócito se rompe e os merozoítos são lançados na corrente sanguínea e infectam as glóbulos vermelhos do sangue, conhecidos como hemácias ou eritrócitos. No interior dessas células, ocorre a reprodução assexuada por esquizogonia, com a formação de novos merozoítos que podem se diferenciar em gametócitos, que não são mais capazes de se dividirem e o ciclo sexuado acontecerá no mosquito. No mosquito Fase do Ciclo sexuado ou Esporogênico: durante o repasto sanguíneo, a fêmea do anófeles ingere todas as formas, mas apenas os gametócitos são capazes de se desenvolverem. No intestino médio dos mosquitos os gametócitos masculino e feminino passam por transformações que possibilitam a fecundação. Uma vez fecundado, há formação do oocineto e este movimenta-se e se encista na parede do intestino médio. Inicia-se o processo de divisão esporogônica e após um período de 14 dias ha liberação de esporozoítos, que circulam pela hemolinfa do inseto até alcançarem as glândulas salivares e serem injetadas no hospedeiro vertebrado. Dica de vídeo! Vamos iniciar nosso estudo do ciclo assistindo a esses dois vídeos: 1 - Ciclo de vida no homem: https://www.youtube.com/watch?v=xyc4gZsHEGQ 2 - Ciclo de vida no inseto: https://www.youtube.com/watch?v=s-SKYfERZd4 Parasitologia 46 Manifestações Clínicas A malária se manifesta inicialmente como uma doença febril aguda e alta (41o C ou mais), calafrios, sudorese e cefaleia, sendo também conhecida como febre palustre e febre terçã maligna. A doença pode se manifestar de duas formas: malária não complicada e malária complicada. Malária Não complicada A malária não complicada se caracteriza por ciclos seguidos de febre intercalado com períodos de temperaturas normais, sendo chamado de paroxismos febris. O período de incubação (tempo desde a picada e o aparecimento do sintomas) e o intervalo de ciclo febril varia de acordo com a espécie do agente etiológico. Ao romperem as hemácias, há liberação de substâncias que causam a febre. Quadro 2.3.: Comparação entre as diferentes espécies de plasmódios. Período de Incubação Paroxismos Febris Manifestação Clínica P. vivax 13 – 17 dias 48 h Febre terçã P. falciparum 8 – 12dias 48 h Febre terçã P. malarie 18 – 30 dias 72 h Febre quartã P. ovale 8-12 dias 48 h Febre terçã Nas infecções por P. vivax e P. ovale os esporozoítos podem dar origem aos hipnozoítos, causando o que chamamos de recaídas ou recidivas. Além da febre, é frequente o aparecimento de outros sintomas associados, como cefaleia, fraqueza, sudorese, insônia e dores no corpo. Nos indiníduos que habitam áreas endêmicas é incomum aparecerem os paroxismos febris. Entretanto, é comum ocorrer esplenomegalia e hepatomegalia. Como os sintomas da malária aguda são inespecíficos é importante a confirmação o mais rápido possível através dos testes laboratoriais, pois outras manifestações febris agudas podem manifestar-se com sinais e sintomas semelhantes, tais como a dengue, a febre amarela, a leptospirose, a febre tifoide e muitas outras. Parasitologia 47 Malária Grave ou Complicada A malária grave pode surgir rapidamente e quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento for realizado, maiores as chances de sobreviver. Em especial, estas infecções estão relacionadas ao P. falciparum. Clinicamente e a critério de diagnóstico, as manifestações comuns são as que podemos observar no quadro a seguir da OMS: Quadro 2.4. Sintomatologia clínica apresentada por indivíduos com malária grave. Sintomas Prostração Alteração da consciência Dispneia ou hiperventilação Convulsões Hipotensão arterial Choque Edema pulmonar Hemorragias Icterícia Hemoglobinúria Hiperpirexia (>41ºC) Oligúria Alterações Laboratoriais Anemia grave Hipoglicemia Acidose metabólica Insuficiência renal Hiperlactatemia Hiperparasitemia Diagnóstico Laboratorial O diagnóstico da malária acontece pela demonstração do parasito presente no sangue. Em rotina, são utilizadas técnicas relativamente simples e baratas. Na pesquisa, o PCR e a imunofluorescência são mais comuns. Técnica da gota espessa: Esta técnica é considerada padrão ouro segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Baseia-se na visualização do parasito por microscopia óptica após a realização de colocaração vital (azul de metileno e Giensa). Técnica do Esfregaço Delgado: apesar da baixa sensibilidade, este teste permite a diferenciação da espécie do parasito baseado na morfologia do agente etiológico e nas alterações induzida por estes nas hemácias. Testes Rápidos: são testes em fitas que contêm anticorpos capazes de detectar antígenos do parasito. Estes testes podem diferenciar as espécies, mas não diferenciam a infecção mista. São úteis em áreas onde o acesso ao laboratório de análise é de difícil acesso. Parasitologia 48 Dica! Para informações mais aprofundadas a respeito dos métodos e diagnóstico diferencial da malária, o Ministério da Saúde disponibiliza online o Manual de diagnóstico laboratorial da malária, referenciado ao final de nossa apostila. Caso você vá trabalhar em um laboratório esta pode ser uma ferramenta de trabalho. Prevenção As medidas de prevenção da malária vão desde evitar o contato do mosquito como o uso de medicamentos para previnir que, uma vez contaminado, o parasito se desenvolva no organismo. Evitar contato com o mosquito; Uso de repelentes e mosquiteiros à noite; Ao viajar, observar se o destino ou o itinerário será em áreas endêmicas; Se for fazer atividades em campo aberto, evitar o horário da tarde até o amanhecer, quando possível; Evitar roupas curtas e escuras, pois protegem menos e atraem mosquitos. Uso de medicamentos de forma preventiva (quimioprofilaxia) pode ser recomendado. Importante orientação médica; Medidas coletivas de combate ao vetor; Adulto: borrifar inseticidas de ação residual nas paredes; Larva: controle químico ou biológico de larvas com uso de Bacilus turigiensis ou B. sphericus. Medidas de saneamento básico. Parasitologia 49 Tratamento da Malária Existem diversos fármacos disponíveis para o tratamento da malária, isolados ou em associação. É importante ressaltar que nenhum deles possui eficácia 100% e que a atividade contra os hipnozoítos é um importante fator a considerar. No Brasil o tratamento é gratuíto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o “Guia Prático para o Tratamento da Malária”, publicado pelo MS, os objetivos do tratamento são: a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsávelpela patogenia e manifestações clínicas da infecção; b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P .vivax e P. ovale, evitandoassim as recaídas tardias; c) interrupção da transmissão do parasito, d) evitar o aparecimento de resistência às drogas antimaláricas Cloroquina: segura em crianças, adultos e grávidas. Usada em ifecções por P. vivax em associação com a primaquina. Primaquina: atua com boa eficácia contra gametófitos e formas hepáticas, em especial os hipnozoítos. É contraindicada na gravidez e em crianças menores de seis meses de idade. Mais eficaz em associação com cloroquina. Quinina: Importante no tratamento de infecção por P. falciparum não complicada. É a droga de escolha em casos onde ainda não se adquiriu resistência. Uso isolado ou em associação com doxiciclina e tetraciclina. Mefloquina: utilizada sozinha apenas em casos de profilaxia do viajante. Doxiciclina, clinamicina: utilizadas como adjuvantes terapêuiticos Parasitologia 50 Leitura Complementar: A revista Ciência Hoje publicou uma entrevista muito interessante a respeito da vacina anti-malárica em fase de desenvolvimento. Vamos lá conferir! “Única meta razoável: erradicação” http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/01/unica-meta-razoavel-erradicacao/ Dica de vídeo! Vamos assistir a um documentário sobre a Malária? Doença Silenciosa – Malária (Exibida pelo Bom Dia, Brasil em: 10/11/2010) https://youtu.be/A9VY4xW6Inc?list=PLWFSWxoet3iU79DPts7YVR-56i4GSYeEA Leishmaniose Introdução A Leishimaniose é uma doença causada por protozoários do gênero Leishmania. De acordo com a espécie a infectar, a doença pode se manifestar como Leishimaniose Tegumentar (Úlcera de Bauru) ou Leishimaniose Visceral (Calazar). Na Leishmaniose Tegumentar (LT) os parasitos infectam células do Sistema Mononuclear Fagocitário (SMF) na região da pele e mucosa e mais tardiamente podem aparecer na região orofaríngea. Na Leishmaniose Visceral (LV) os parasitos podem colonizar células do SMF além de migrarem para as vísceras. Parasitologia 51 Quadro 2.5: Espécies de Leishmania relacionadas a cada tipo de Leishimaniose no Brasil Tegumentar Visceral Leishmania (Viannia) braziliensis, L. (L.) amazonensis L. (V.) guyanensis. Leishmania chagasi * L. donovani, L.infantum, L.tropica *Espécie de maior importância no Brasil A distribuição geográfica da leishmaniose pode ser obervada na imagem a seguir. Na América do Sul, o Brasil apresenta grande incidência. A LV está presente em 76 países, sendo 12 no cone sul. A LT já apresenta uma distribuição mais difusa, tendo casos já registrados desde os Estados Unidos até o sul da Argentina, a exceção de Chile e do Uruguai. O avanço da urbanização foi um dos estopins para aumento de casos de leishmaniose, e fica bastante evidente quando os primeiros casos no Brasil foram detectados em trabalhadores de construção civil que atuavam na abertura de estradas no interior do estado de São Paulo. Transmissão da Leishimaniose A infecção se dá pela inserção do protozoário na corrente sanguínea através da picada da fêmea do inseto da subfamília Phlebotominae. Não há transmissão de pessoa a pessoa. Estes insetos tem maior atividade durante o amanhecer e o anoitecer. Vetores e Reservatórios da Leishmania spp. Os diversos insetos do gênero Lutzomyia recebem nome popular de mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros. Vejaa seguir algumas espécies importantes no Brasil: Parasitologia 52 Quadro 2.6: Espécies de flebotomídeos de importância epidemiológica. Vetores da Leishmaniose Visceral Vetores da Leishmaniose Tegumentar Lutzomyia cruzi L. chagasi L. longipalpis* Lutzomyia flaviscutellata, L. whitmani, L. umbratilis, L. intermedia, L. wellcome L. migonei *Principal espécie relacionada no Brasil Fig 2.7: Fêmea alimentada do mosquito palha (L. longipalpis) No caso da transmissão da LT, os reservatórios da leishmania são animais silvestres, sinantrópicos ou domésticos. Dessa forma, ratos, cachorro e gato – dentre outros – podem ser reservatório. Depende da área onde se está analizando e do grau de urbanização. No vaso da LV se assemelham muito a LT. Entretanto, no ambiente silvestre as raposas são um reservatório importante. Morfologia da Leishmania spp. As Leishmanias apresentam duas formas evolutivas importantes: amastigota e promastigota. Parasitologia 53 Quadro 2.7: Morfologia da Leishmania Ciclo Biológico da Leishmania O cilco da leishmania se dá em parte no homem e em parte no vetor. Figura 2.8: Ciclo biológico da Leishmania spp Fonte:Wikimedia commons https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leishmaniasis_life_cycle_diagram-es.svg) Parasitologia 54 No homem: ao ser picado pela fêmea do flebotomídeo, forma promastigota são liberadas na corrente sanguínea junto com a saliva do mosquito. Ao caírem na circulação, são internalizados por fagocitose por células do SMF, em especial neutrófilos e macrófagos. No interior dos macrófagos, acontece a fusão das vesículas lisossomais e o parasito, inerte a ação as enzimas lizossomais, se transforma em amastigotas e se multiplicam por divisão binária. O aumento excessivo do número de parasitos leva à lise celular, liberando mais amastigotos na corrente sanguínea e causando ciclo vicioso de infecção. No Vetor: Ao ser sugada junto com o sangue, a forma amastigota pode ser levada livremente ou no interior de células do SMF. Ao alcaçar o intestino do inseto, a forma amastigota transforma-se em forma promastigota e multiplica-se por divisão binária e migra até a parte anterior do tubo digestivo do inseto, evoluido para uma forma metacíclica mais infectante. Dica de Vídeo: Para ilustrar nosso estudo do ciclo do parasito, vamos assistir aos vídeos a seguir? Ciclo de vida da Leishmania no homem https://youtu.be/AUUYsYNl-AY Ciclo de vida da Leishmania no inseto vetor https://youtu.be/kRRlapcxDFs Sinais e Sintomas Leishmaniose Tegumentar O período de incubação é de 2 a 3 meses, normalmente, mas podendo variar de semana a anos. O estado nutricional do hospedeiro é importante e influencia diretamente. A doença cutânea se manifesta na forma de pápulas com evolução para úlceras de bordas infiltradas e fundo granuloso. Essas úlceras podem ser únicas ou múltiplas, mas sempre indolores. A forma mucosa pode ser ou não secundária à infecção cutânea e acaracteriza-se por destruição de tecidos na área da orofaringe, como por exemplo, destruição do palato. Visto que a leishmania é um parasito intracelular, a defesa depende majoritariamente da resposta imunológica celular. Parasitologia 55 Figura 2.8: Ciclo biológico da Leishmania spp Fonte: Wikimedia commons https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leishmaniasis_life_cycle_diagram-es.svg) Leishmaniose Visceral Na leishmaniose visceral, também conhecida como Calazar (do indiano Kal Azar ou doença mortífera), o protozoário danifica órgãos ricos em macrófagos, como baço, fígado e medula óssea. Alguns sintomas comuns são mostrados no quadro 2.9 a seguir: Quadro 2.9: Sintomas clínicos da Leishmaniose visceral Sintomas da LV Febre prolongada Úlceras escuras na pele (variável) Aumento do baço (esplenomegalia) Aumento do fígado (hepatomegalia) Leucopenia Anemia Hipergamaglobulinemia Tosse Dor abdominal Diarreia Perda de peso Caquexia Parasitologia 56 Figura 2.9: Paciente com Leishimaniose visceral. Observa-se palidez da pele, emagrescimento e aumento do volume da região abdominal como consequência da hepatoesplenomegalia. Fonte: Brasil, Manual de Vigilância Diagnóstico Laboratorial Leishimaniose Tegumentar: Demostração direta do parasito através do raspado da borda da lesão e fização em lâmina para microscopia Teste de Montenegro: inoculação cutânea de antígenos do parasito e acompanhamento de reação inflamatória local. Teste qualitativo. Sugestão de Link (Professor Jair, tem outro link sem ser wikipedia??) Veja mais sobre teste qualitativo em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rea%C3%A7%C3%A3o_intrad%C3%A9rmica Cultura de tecido: feito com fragmentos de tecido ou lavado das bordas da lesão Histopatológico: biópsia da lesão Parasitologia 57 Quadro 2.11: Características das formas clínicas da leishmania tegumentar (Fonte: Neves, R. Parasitologia) Características Principais das Formas Clínicas da LTA no Brasil Formas Clínicas Localização Teste de Montenegro Espécie de Leishmania Leishmaniose cutânea Infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Positivo L. amazonensis L. braziliensis L. guyanensis L. lainsoni Leishmaniose cutaneomucosa Infecção na derme, com úlceras. Lesões metastáticas podem ocorrer, com invasão de mucosa e destruição de cartilagem. Positivo (resposta exagerada) L. braziliensis L. guyanensis* Leishmaniose cutânea difusa Infecção confinada na derme, formando nódulos não ulcerados. Disseminação por todo o corpo. Negativo (imunidade celular comprometida) L. amazonensis *LCM por esta espécie é relatada em poucos casos na Amazônia. Leishmaniose Visceral Exame de sague: uma gota do material coletado é colocado em lâmina e fixado, corado e analisado por microscopia. Teste sorológico: feito por Elisa ou Imunofluorescência, visa detectar anticorpos. Teste parasitológico: busca da forma amastigota, preferencialmente em amostra de medula óssea. Cultura: feita em meio de cultura ou inoculado em animais de laboratório. Parasitologia 58 Prevenção A prevenção da Leishmaniose não é algo muito simples, em especial nas áreas rurais e próximas à florestas: Proteção individual: uso de mosquiteiros de malha fina e repelentes na pele. Evitar horários de maior atividade do mosquito (crepúsculo e noite); Construção de casas a pelo menos 500m da área de florestas (baixa capacidade de voo do mosquito); Estimular entre trabalhadores medidas de proteção individual; Boas condições de saneamento básico e higiene nas cidades; Em áreas urbanas, controle químico do vetor. Não há indicação de controle químico em ambiente selvagem; Animais domésticos: cuidado com asseio individual e ambiental e com a saúde do animal. Importante Como o parasito é intracelular, a resposta de cura depende da capacidade de resposta celular do sistema imunológico. Por isso, pacientes com baixa imunidade (transplantados, tratamento de câncer e com HIV/AIDS) estão em maior risco. Tratamento da Leishmaniose Primeira escolha: A primeira escolha é o antimonial pentavalente (Sb5+), em forma de sais. Se não houver regressão em 12 semanas (3 meses) repetir o tratamento e, por fim, utilizar drogas de segunda escolha. Os sais disponíveis são: antimoniato de N-metilglucamina, Stibogluconato de sódio (não disponível no Brasil) Parasitologia 59 Quadro 2.12: tratamento da Leishmaniose Forma Clínica Dose Tempo mínimo de duração Leishmaniose cutânea 10-20mg/Sb+5/kg/dia ( Recomenda-se 15mg/Sb+5/kg/dia ) 20 dias Leishmaniose Difusa 20mg/Sb+5/kg/dia 20 dias Leishmaniose Mucosa 20mg/Sb+5/kg/dia 30 dias Segunda escolha: nos casos refratários, as seguintes drogas estão disponíveis: Anfotericina B (comum e lipossomada): Pentamidinas: Vídeo Complementar: Vamos assistir a um breve documentário a respeito da Leishmaniose no Brasil? https://youtu.be/tNTYxFu49OY Nesta unidade, nós estudamos as doenças causadas por protozoários e transmitidas majoritariamente por vetores. Na próxima unidade, estudaremos as parasitoses transmitidas através da água e alimentos contaminados. Até lá! É HORA DE SE AVALIAR Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Parasitologia 60 Exercícios – Unidade 2 1. Marque a alternativa que indica corretamente o nome da doença transmitida pela picada de mosquitos do gênero Lutzomyia. a) Giardíase. b) Leishmaniose. c) Tricomoníase. d) Doença de Chagas. e) Malária. 2. (UFMG) A leishmaniose afeta, atualmente, cerca de 400.000 pessoas em todo o mundo. A forma mais comum no Brasil, a leishmaniose tegumentar americana, vem aumentando em Minas Gerais. Esse crescimento se deve provavelmente: a) à domiciliação do vetor em consequência do desmatamento. b) à eliminação dos cães infectados que proliferam na periferia das cidades. c) à falta de condições de higiene, o que permite o contágio com pessoas doentes. d) ao aumento da resistência do protozoário às vacinas existentes. e) ao uso comum de seringas por viciados em drogas, o que permite a transmissão do protozoário pelo sangue. Parasitologia 61 3.Diversas parasitoses envolvem um vetor invertebrado em seu ciclo biológico. A doença de chagas, a Leishmaniose visceral, a leishmaniose tegumentar e a Malária são importantes exemplos de relevância epidemiológica no Brasil. Relacione no quadro a seguir o agente etiológico e seu principal vetor e marque a alternativa correta: (a) Anopheles darlingi (b) Triatoma infestans (c) Lutzomyia chagasi (d) Lutzomyia whitmani ( ) Trypanossoma cruzi ( ) Plasmodium falciparum ( ) Leishmania brasiliensis ( ) Leishmania chagasi a) a-b-c-d b) b-d-a-c c) b-a-d-c d) d-c-b-a e) Nenhuma das alternativas. 4. A malária é um grave problema que acomete várias áreas tropicais do mundo, incluindo o Brasil. A respeito dessa doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, marque a alternativa incorreta. a) Essa doença é transmitida pela picada do mosquito fêmea do Anopheles. b) Essa doença pode provocar febre alta, calafrios, dores no corpo, vômito e fraqueza. c) Os protozoários, após infectarem uma pessoa, provocam o rompimento de suas hemácias. d) A gravidade está diretamente relacionada com a espécie de protozoário que provocou a doença. e) O Plasmodium vivax é responsável pela forma mais grave da doença. Parasitologia 62 5. Os estados febris (picos de febre) que ocorrem no indivíduo com malária são devidos à/ao: a) invasão do fígado pelo plasmódio. b) migração dos protozoários para as zonas do cérebro que regulam a temperatura. c) aumento excessivo do pâncreas, que passa a produzir mais insulina. d) liberação de substância tóxica quando da ruptura simultânea de milhares de hemácias. e) reprodução sexuada do protozoário no baço do indivíduo infectado. 6. Os principais mecanismos de transmissão da doença de chagas e sua principal forma de controle são respectivamente, exceto: a) Fezes e urina de barbeiros (triatomíneos) durante o hematofagismo – melhoria da habitação e inseticidas para combate ao vetor. b) Transfusão sanguínea e transplante de órgãos – identificação e seleção de doadores ou esterilização do sangue. c) Transmissão oral e coito – evitar sexo oral; utilização de preservativos. d) Acidentes de laboratório – Condições de segurança de trabalho. e) Transmissão por alimentos contaminados – hábitos de higiene. Parasitologia 63 7. A Doença de Chagas pode ser sintomática ou assintomática. A fase inicial aguda inicia-se através das manifestações locais quando o agente etiológico penetra no hospedeiro na sua forma infectante. No curso clínico crônico, os pacientes passam por um longo período sem sintomas (10 a 30 anos), mas podem com o correr do tempo apresentar comprometimento cardíaco (cardiopatia chagásica) ou digestivo (megaesôfago e megacólon). O principal agente etiológico da doença e sua forma infectante para mamíferos são, respectivamente: a) Triatoma infestans; forma amastigota metacíclica b) Trypanosoma cruzi; forma promastigota metacíclica c) Triatoma cruzi; forma tripomastigota metacíclica d) Trypanosoma cruzi; forma tripomastigota metacíclica e) Trypanossoma chagasi; forma epimastigota 8. (UFMG) Com base nas correlações abaixo: 1) Leishmania chagasi 2) Trypanosoma cruzi 3) Lutzomyia longipalpis 4) Triatoma infestans 5) Anopheles darlingi ( ) agente etiológico da Doença de Chagas ( ) vetor da Malária ( ) agente etiológico da Leishmaniose Visceral ( ) vetor da Leishmaniose Visceral ( ) vetor da Doença de Chagas A alternativa que representa a numeração na ordem correta, de cima para baixo é: a) 2, 4, 3, 1, 5. b) 1, 4, 3, 5, 2. c) 2, 5, 1, 3, 4. d) 1, 5, 4, 2, 3. e) NBA Parasitologia 64 9. A doença de chagas é uma parasitose transmitida na maioria das vezes pela picada do barbeiro. Entretanto, existem diversas outras formas de transmissão menos exploradas, mas que têm importância epidemiológica. Recentemente tem se levantado a questão da transmissão das doenças através de alimentos como o açaí, o caldo de cana e outros. Em 2005, 31 pessoas foram infectadas. Veja um trecho da reportagem: “Está caracterizado que a transmissão é ingestão oral através de caldo de cana, ou com fezes deste barbeiro com o tripanossoma já infectado, ou até não se descarta a possibilidade de quando da moagem da cana tenha acontecido a moagem do inseto” ( O Globo, Doença de chagas assusta SC – 21/03/2005) Sobre a doença de chagas, responda: a) Qual seu agente etiológico e o vetor? b) Quais as medidas preventivas a serem tomadas contra essa doença? c) Quais as outras formas de transmissão? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Parasitologia 65 10. Faça um quadro comparando as três doenças estudadas nesta unidade – Chagas, Malária e Leishimanioses – de acordo com os critérios a seguir: Doença de Chagas Malária Leishmaniose A ge nt e Et io ló gi co Ve to r Tr an sm is sã o Pr of ila xi a Parasitologia 66 Parasitologia 67 3Parasitoses transmitidas por Água e Alimentos contaminados I: Protozoários Parasitologia 68 Nesta unidade, vamos estudar os parasitos transmitidos através da água e alimentos contaminados. Nestes casos particularmente observaremos a importância dos bons cuidados de higiene e das condições sanitárias de habitação, como saneamento básico e água tratada. Mãos à obra! Objetivos da unidade: Identificar os parasitos e endemias; Identificar as novas formas de transmissão; Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o desenvolvimento
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