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Livro de Parasitologia

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Parasitologia 
 
1 
Parasitologia 
Jair Machado Espindola Netto 
1ª
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di
çã
o 
Parasitologia 
 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Jair Machado Espindola Netto 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
 
E77p Espindola Netto, Jair Machado. 
Parasitologia / Jair Machado Espindola Netto ; revisão de Rafael 
Dias de Carvalho Moraes. – 1. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO: 
Departamento de Ensino a Distância, 2016. 
215 p. : il. 
 
1. Parasitologia. 2. Doenças parasitárias. 3. Higiene. 4. 
Tricomoníase. 5. Doenças sexualmente transmissíveis. 6. Técnicas de 
laboratório clínico. 7. Vetores de doenças. 8. Ensino à distância. I. 
Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. 
 
CDD 616.96 
Parasitologia 
 
3 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o 
momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Parasitologia 
 
4 
 
Parasitologia 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
 
 
Caros Alunos, 
Iniciamos neste momento nossa disciplina de Parasitologia. Ao longo deste 
curso, aprenderemos juntos, analisando e discutindo as principais parasitoses de 
importância médico-social em nosso país. Em um país com grande extensão 
territorial como o nosso, e com regiões tão diferentes quanto ao desenvolvimento 
e cultura, o conhecimento é uma arma importante na elaboração de políticas 
públicas que garantam a saúde e o bem-estar social e possa, além de tratar e curar, 
prevenir doenças e difundir a educação em saúde. Preocupados com a sua 
formação e com a imensa rede de conhecimentos, procuramos não nos limitarmos 
apenas aos textos informativos da disciplina, mas também incluir textos e vídeos 
que reforçam nosso conteúdo e tornam o aprendizado mais eficaz e dinâmico. 
Lembre-se sempre que nossa equipe está aqui para apoiá-lo e discutirmos os 
conteúdos e, então, aprenderemos juntos. Agora, mãos à obra! 
 
Parasitologia 
 
6 
Parasitologia 
 
7 
 
Plano da disciplina 
 
Unidade 1 – Introdução ao estudo da parasitologia 
Caro aluno, iniciamos agora mais uma etapa de grande importância na sua 
formação. A disciplina de Parasitologia Humana será de grande importância em 
seu dia a dia profissional e por isso vamos estudá-la com dedicação e atenção. 
Neste primeiro capítulo, trataremos de assuntos gerais e revisão. Vamos, então, aos 
objetivos. 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Compreender a ecologia parasitária; 
 Reconhecer e entender fatores relacionados que influenciam o 
desenvolvimento da parasitose no ser humano; 
 Compreender as influências dos fatores socioculturais 
 Compreender os tipos de relação parasito-hospedeiro e os mecanismos 
de transmissão, agressão e defesa; 
 Familiarizar-se com alguns termos técnicos importantes. 
 
Unidade 2 – Parasitoses transmitidas por vetores 
Caro aluno, nesta unidade iniciaremos nossos estudos de doenças que são 
muito frequentes em nosso dia a dia. Essas parasitoses acometem normalmente 
regiões menos favorecidas e tem como principal forma de transmissão os vetores. 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Identificar os agentes etiológicos responsáveis e sua biologia; 
 Compreender a forma de transmissão das parasitoses os componentes do 
ciclo dos parasitos; 
 Identificar seus principais vetores; 
 Entender e propor medidas de controle; 
 Correlacionar o tratamento e o diagnóstico; 
 Correlacionar fatores socioambientais com a incidência. 
 
 
Parasitologia 
 
8 
 
Unidade 3 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados I: 
Protozoários 
Nesta unidade, vamos estudar os parasitos transmitidos através da água e 
alimentos contaminados. Nestes casos, particularmente, observaremos a 
importância dos bons cuidados de higiene e das condições sanitárias de habitação, 
como saneamento básico e água tratada. Mãos à obra! 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Identificar os parasitos e endemias; 
 Identificar as novas formas de transmissão; 
 Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o 
desenvolvimento destas parasitoses; 
 Entender e correlacionar e diferenciar os ciclos biológicos e hospedeiros 
heteróxenos e hospedeiros monóxenos; 
 Identificar grupos em risco e propor medidas preventivas; 
 Correlacionar o diagnostico e tratamento. 
 
Unidade 4 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados II: 
Helmintos 
Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo das parasitosescausadas 
pela contaminação de água e alimentos, iniciado na unidade anterior. Já temos 
uma noção da importância do assunto, no que se diz respeito a noções básicas e 
acesso a boas condições de higiene da população do Brasil e também mundial. 
Vamos então finalizar essa etapa do nosso estudo! 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Identificar os parasitos e endemias; 
Parasitologia 
 
9 
 Identificar as novas formas de transmissão; 
 Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o 
desenvolvimento destas parasitoses; 
 Entender e correlacionar e diferenciar os ciclos biológicos e hospedeiros 
heteróxenos e hospedeiros monóxenos; 
 Identificar grupos em risco e propor medidas preventivas; 
 Correlacionar o diagnostico e tratamento. 
 
Unidade 5 - Parasitoses transmitidas pela penetração ativa de larvas através 
da pele 
Nesta unidade, estudaremos parasitoses que são transmitidas através da 
penetração de larvas através da pele. Estas parasitoses são bastante comuns em 
regiões predominantemente rurais e que não possuem medidas de saneamento 
básico eficazes e, por isso, se constituem em um grande problema social e de 
saúde. 
Objetivo da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Conhecer os principais agentes causadores dessas parasitoses, sua forma 
de transmissão, diagnóstico, tratamento, prevenção e controle, sabendo relacioná-
las com as questões sociais do Brasil. 
 
Unidade 6 - Parasitoses transmitidas por mecanismos diversos 
Nesta unidade, estudaremos a Tricomoníase, uma parasitose classificada como 
Doença Sexualmente Transmissível. E estudaremos também os principais 
artrópodes de importância médica, que são vetores de doenças de grande 
importância no Brasil e no mundo. 
Parasitologia 
 
10 
 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Entender o ciclo biológico do Trichomonas vaginalis, suas principais 
implicações clínicas, métodos para diagnóstico e maneiras de evitar a transmissão 
desta doença; 
 Conhecer também os principais artrópodes de importância médica, assim 
como medidas para evitar a proliferação dos vetores e, consequentemente, a 
propagação de diversas doenças. 
 
Unidade 7 - Diagnóstico Laboratorial das Parasitoses 
Nas unidades anteriores, estudamos as parasitoses de maior importância 
médico-social no Brasil. Nesta última unidade, estudaremos os métodos 
laboratoriais de coleta e análise de material parasitológico. 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Identificar os principais cuidados com a coleta de amostras; 
 Familiarizar-se com as principais técnicas de análise de sangue; 
 Familiarizar-se com as principais técnicas de análise de fezes; 
 Entender e aplicação de cada técnica; 
 Estudar técnicas soroógicas e moleculares de análise em parasitologia. 
 
Bons estudos! 
Parasitologia 
 
11 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ............................................................................................. 05 
Plano da disciplina ............................................................................................................ 07 
Unidade 1 – Introdução ao estudo da parasitologia ............................................... 13 
Unidade 2 – Parasitoses transmitidas por vetores ................................................... 31 
Unidade 3 – Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados I: 
Protozoários........................................................................................................................ 67 
Unidade 4 - Parasitoses transmitidas por água e alimentos contaminados II: 
Helmintos ............................................................................................................................ 93 
Unidade 5 - Parasitoses transmitidas pela penetração ativa de larvas através da 
pele ....................................................................................................................................... 125 
Unidade 6 - Parasitoses transmitidas por mecanismos diversos ........................... 157 
Unidade 7 - Diagnóstico Laboratorial das Parasitoses.............................................. 179 
Considerações finais ......................................................................................................... 205 
Conhecendo o autor ......................................................................................................... 206 
Referências .......................................................................................................................... 207 
Anexos.................................................................................................................................. 209 
Parasitologia 
 
12 
 
Parasitologia 
 
13 
Introdução ao Estudo da 
Parasitologia 1 
Parasitologia 
 
 
14 
 
Caro aluno, iniciamos agora mais uma etapa de grande importância na sua 
formação. A disciplina de Parasitologia Humana será de grande importância em seu 
dia a dia profissional e, por isso, vamos estudá-la com dedicação e atenção. Neste 
primeiro capítulo, trataremos de assuntos gerais e revisão. Vamos, então, aos 
objetivos. 
 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Compreender a ecologia parasitária; 
 Reconhecer e entender fatores relacionados que influenciam o 
desenvolvimento da parasitose no ser humano; 
 Compreender as influências dos fatores socioculturais; 
 Compreender os tipos de relações parasito-hospedeiro e os mecanismos 
de transmissão, agressão e defesa; 
 Familiarizar-se com alguns termos técnicos importantes. 
 
Plano da unidade: 
 Conceitos Gerais 
 Relações entre as espécies 
 Considerações sobre Parasitismo 
 Ações do Parasito sobre o Hospedeiro: mecanismos de agressão 
 Reações do Hospedeiro ao Parasito: mecanismos de defesa 
 Mecanismos de transmissão de parasitos 
 Noções sobre classificação e nomenclatura 
 Conceitos e termos técnicos importantes em parasitologia 
Bons estudos! 
Parasitologia 
 
 
15 
 
Conceitos Iniciais 
 
A parasitologia é o campo da ciência que estuda os parasitas e o estudo de 
suas relações com o hospedeiro. Os seres vivos relacionam-se entre si e isto é 
evolutivamente vantajoso. As relações são classificadas de acordo com o prejuízo 
e/ou benefícios observados entre os indivíduos que participam dela. 
 
Importante! 
O parasitismo é o nome dado a relação entre duas espécies onde o 
parasito beneficia-se do hospedeiro, que lhe oferece abrigo (proteção), nutrientes 
e/ou um meio de reprodução. Dessa forma, é importante que o hospedeiro, apesar 
de ser espoliado, mantenha-se vivo e capaz satisfazer as necessidades do parasito. 
 
O tatu, por exemplo, raramente morre quando infectado pelo Trypanossoma 
cruzi. Entretanto, o ser humano quando infectado pode ter problemas cardíacos e 
morrer. Já no caso da malária, algo diferente é observado: indivíduos de áreas 
endêmicas tendem a apresentar forma menos patogênica da doença do que 
indivíduos de outras áreas que, ao entrar em contato com a área endêmica, 
adquirem a doença. Neste caso, podemos observar certo equilíbrio entre os 
indivíduos de áreas endêmicas e a malária. 
Nem todo contato do parasito com o hospedeiro evolui necessariamente para 
um quadro clínico de parasitose. Por exemplo, quando a Entamoeba díspar infecta 
o homem ocorre apenas um quadro leve de sintomatologia. Para tal, é necessária a 
combinação de fatores relacionados tanto ao hospedeiro e fatores relacionados ao 
parasito quanto a fatores relacionados ao ambiente. Vamos observar atentamente 
o quadro 1? 
Parasitologia 
 
 
16 
 
Quadro 1.0 – Fatores que Influenciam o desenvolvimento da parasitose 
Fatores Relacionados 
ao Parasito 
Fatores Relacionados 
ao Hospedeiro 
Fatores Relacionadosao Ambiente 
Quantidade 
Virulência 
Localização 
Metabolismo 
Nutrição 
Reposta Imune 
Hábitos 
Idade 
Saneamento Básico 
Clima 
Localização 
Biodiversidade 
 
Analisando estes fatores apresentados no quadro 1.1, você pode perceber 
que para que uma parasitose se instale e se propague numa dada região, 
condições indispensáveis exigidas pela biologia do parasito devem estar presente: 
deve haver uma inter-relação entre os elementos do solo, do hospedeiro, 
existência de vetores, elementos da fauna e flora e quantidade suficientemente 
alta de parasitos para que se crie então um foco natural de parasitose. Percebemos 
assim que o agente etiológico – isto é, o parasito causador da doença - não é o 
único fator responsável pela instalação e propagação da doença, mas também os 
fatores ambientais, em especial, fatores sociais têm grande impacto neste 
processo. Um indivíduo com baixo nível socioeconômico, desnutrido, morando em 
ambiente precário e com pouco saneamento básico está exposto a um risco muito 
maior do que um indivíduo com maior poder aquisitivo e alocado em ambiente 
com melhores condições de higiene e alimentação. Portanto, não há como avaliar 
a importância de um agente etiológico em uma dada patogenia sem reconhecer o 
peso do “status social” no desenvolvimento e instalação de uma dada parasitose e 
no ambiente no qual o indivíduo acometido está inserido. No Brasil, apenas 48,6% 
da população tem acesso à coleta de esgoto e apenas 40% do esgoto do país são 
tratados, dados segundo o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento 
(SNIS 2014), onde a maioria da população do sul e sudeste tem acesso a condições 
de saneamento e a maioria da população do norte e nordeste não tem. Assim 
sendo, não é de se espantar que haja grande prevalência de parasitoses 
acontecendo na região norte e nordeste de nosso país. 
Parasitologia 
 
 
17 
 
Relações entre Espécies 
 
Os seres vivos vivem em um ecossistema onde as espécies interagem umas 
com outras. De acordo com a natureza e com a consequência dessa relação para 
ambas as espécies, é possível classificar o tipo de troca que ocorre. 
Quando a relação ocorre entre dois seres da mesma espécie, dizemos que é 
uma relação intraespecífica. Quando acontecem entre espécies diferentes, 
denominamos interespecífica. A relação pode ser harmônica, quando ambos os 
seres se beneficiam dessa interação, ou desarmônica, quando um dos indivíduos é 
prejudicado de alguma forma. 
A relação dos parasitos com o homem é desarmônica em sua maioria, onde o 
homem muitas vezes sai prejudicado. Das relações harmônicas, podemos citar: 
 Mutualismo: quando os dois se beneficiam da interação. Algumas espécies 
inócuas causam benefício ao competirem com espécies patogênicas e impedirem 
que se instalem e causem espoliação; 
 Simbiose: relação onde uma espécie depende da outra pra viver e ambas 
se beneficiam da relação. Alguns protozoários, por exemplo, dependem de 
bactérias e vice versa. 
Por outro lado, existem vários tipos de relações desarmônicas. 
 Competição: tipo de relação onde dois seres lutam pelo mesmo abrigo ou 
alimento; 
 Comensalismo: relação onde um dos seres obtêm vantagens enquanto o 
outro ser não sofre consequência negativa; 
 Predatismo: relação onde uma espécie depende de eliminação da outra 
pra sobreviver; 
 Canibalismo: um ser se alimenta de outro da mesma espécie; 
 Parasitismo: relação unilateral, onde o parasito expolia o hospedeiro. 
Veremos com mais detalhes a seguir. 
Parasitologia 
 
 
18 
 
Considerações sobre o Parasitismo 
 
O parasitismo pode ocorrer de diversas maneiras possíveis. Vamos observar as 
formas mostradas a seguir: 
 Acidental: encontrado em hospedeiro diferente do esperado; 
 Errático: encontrado fora do habitat normal; 
 Obrigatório: parasito não consegue sobreviver sem o hospedeiro. Tipo 
mais comum; 
 Facultativo: podem ser encontrados tanto em vida livre como em estado 
parasitário; 
 Proteliano: é parasita quando em forma de larva, e tem vida livre no 
estágio adulto. 
Os parasitos podem ser classificados também de acordo com o número e tipo 
de hospedeiro que são capazes de infectar. 
 Estenoxeno: capazes de sobreviver em um número reduzido de 
hospedeiros; 
 Eurixeno: parasitos capazes de sobreviverem em grande número de 
reservatórios; 
 Monóxeno: possui um hospedeiro definitivo apenas; 
 Heteróxeno: possui hospedeiro intermediário e definitivo. 
Os hospedeiros podem ser classificados de acordo com a sua relação com o 
parasito: vamos observar as classificações a seguir? 
 Definitivo: abriga o parasito na sua fase adulta ou em atividade sexual; 
 Intermediário: abriga o parasita em fase larvária ou assexual; 
 Paratênico: ou de transporte, servem apenas para disseminar, sem serem 
infectados; 
 Reservatório: capaz de manter o parasito apresentando pouca patogenia. 
Parasitologia 
 
 
19 
 
Ações do Parasito sobre o Hospedeiro: Mecanismos de 
Agressão 
 
Raríssimas vezes a relação entre o parasito e o hospedeiro não leva ao 
desenvolvimento de uma patogenia, devido ao equilíbrio natural entre a ação do 
parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. Entretanto, quando uma 
patogenia se instala ela é o reflexo do desequilíbrio entre estes dois lados. De 
forma geral, as ações são, de alguma forma, prejudiciais ao hospedeiro, e tendem a 
favorecer o parasito apenas. Elas podem facilitar a instalação do parasito no 
organismo ou suprir alguma carência metabólica destes. Noutras vezes são apenas 
consequências da instalação do parasito ou de subprodutos do seu metabolismo 
que podem causar dano ao hospedeiro. O quadro 1.2 nos mostra diversos tipos de 
ação, traz uma definição e contextualizam estas ações. Neste momento é 
importante que não se preocupe em memorizar os exemplos, visto que serão 
estudados de forma mais aprofundadas nas unidades seguintes. Mantenha o foco 
em entender as diversas ações e a influência e importância destas no contexto da 
infecção. Vamos ao quadro 1.2! 
Quadro 1.2. Ações dos Parasitos sobre o Hospedeiro 
Ação Descrição e Exemplos 
Espoliativa 
Absorção de nutrientes ou sangue do hospedeiro. 
Ex. Ancylostomatideae que absorvem sangue da mucosa intestinal 
para absorção de ferro e oxigênio. 
Tóxica 
Produzem enzimas ou metabólitos tóxicos ao hospedeiro. 
Ex: Reações alérgicas causas pelos metabólitos do A. lumbricoides. 
Mecânica 
Podem obstruir a passagem do alimento ou absorção de nutrientes 
ou entupimento de ductos. 
Ex. G. lamblia cobrindo extensa área do duodeno. 
Traumática 
Mais comumente causadas por formas larvárias de helmintos. 
Vermes adultos e protozoários também podem causar. 
Ex. F. hepática causando lesão hepática em jovem 
Irritativa 
Quando a presença do parasito produz irritação em vez de trauma 
no local de instalação. 
Ex. A. lumbricoides na mucosa intestinal. 
Enzimática Liberação de enzimas que facilitam penetração. 
Ex. Penetração da pele por cercarias de E. mansoni. 
Anóxia Consumo de oxigênio ou hemorragia a ponto de causar anemia. 
Ex. Plasmodium. 
Parasitologia 
 
 
20 
 
Reações do Hospedeiro ao Parasito: Mecanismos de defesa 
 
Quando saudável, o homem apresenta diversos mecanismos de resistência 
que impedem a evolução de uma infecção para um quadro clínico, podendo 
eliminar o foco inicial. Dessa forma, a combinação de fatores inespecíficos e 
específicos apresenta a linha de defesa do hospedeiro contra a instalação e 
evolução da infecção. Assim, o estado de saúde influi diretamente na integridade 
desses mecanismos de defesas e diversas condições ambientais, culturais e sociais 
podem causar um desequilíbrio e diminuição da resistência. 
Dentre os fatores inespecíficos, podemos citar: 
 Epitélios e mucosas: são as primeiras barreiras de defesa contra agentes 
externos; 
 Barreira mecânica: oferece uma barreira física impedindo a penetração, 
devido à camada queratinizada e pelos.Em algumas mucosas, os cílios são de 
grande importância, como no trato respiratório. 
 Barreira Química: o pH ácido da pele e os sucos digestivos são importantes 
mecanismos de defesa. O ácido clorídrico do estômago é um importante fator. Nas 
mucosas, a liberação de muco tem função de proteção também contra parasitos. 
 Barreira Microbiológica: microrganismos da microbiota natural podem agir 
como mecanismos de defesa. Eles podem competir por alimento ou liberar 
substâncias que sejam tóxicas ao parasito. 
 Sistema Fagocitário: Este sistema é responsável por internalizar e digerir 
corpos estranhos no organismo. Ao penetrarem nos tecidos, parasitos 
desencadeiam uma série de sinalizações que levam à atração de células capazes de 
reconhecê-los e eliminá-los. Diversas células atuam nesse processo. 
 Neutrófilos: são os primeiros a reconhecerem, fagocitarem e liberarem de 
citocinas que levam ao (1) recrutamento de mais células para o local e (2) início e 
amplificação da resposta inflamatória. Neutrófilos têm vida curta e sofrem 
apoptose rapidamente. 
Parasitologia 
 
 
21 
 Eosinófilos: atuam de forma similar ao neutrófilo. Estas células são 
importantes para a defesa do organismo e para o diagnóstico de parasitose: um 
aumento de eosinófilo circulante (eosinofilia) pode indicar uma infecção 
parasitária. 
 Macrófagos: São células que têm capacidade de fagocitose e também 
conhecidas como células scavenger (do inglês, limpadores), que limpam o resto de 
debris celulares que restaram da apoptose as outras células. 
 Resposta inflamatória: é responsável por destruir ou isolar o parasito a fim 
de frear a infecção. 
 
O mecanismo de defesa específico do hospedeiro é a resposta 
imunológica, atuando através dos linfócitos T e B. Estes linfócitos são capazes de 
reconhecer moléculas da superfície do agente externo produzir anticorpos capazes 
de se ligarem especificamente à superfície destes agentes e criar memória 
imunológica relacionada a esses agentes. Ao se ligarem, os anticorpos fazem a 
marcação do corpo estranho, sinalizando para outras células do sistema imune que 
elas devem destruir estes agentes marcados. Um conjunto de diferentes células, 
como neutrófilos, eosinófilos e macrófagos reconhece e se liga a este anticorpo 
presentes na superfície para causar destruição. 
 
Mecanismos de Transmissão Parasitária 
 
Para que uma parasitose se instale, é preciso que o agente causador seja 
capaz de superar as barreiras de defesa do hospedeiro e chegar ao local de 
infecção em número suficiente. Para tal, existem diversos mecanismos pelos quais 
os parasitos infectam os hospedeiros. Vejamos a seguir! 
Em relação ao gasto de energia: 
 Ativa: ocorre com dispêndio de energia 
 Passiva: ocorre quando não há gasto energético para a invasão 
Parasitologia 
 
 
22 
Em relação à via de transmissão, ou tecnicamente falando, a porta de entrada 
do parasito, palavras de origem latina são utilizadas para designá-las. 
 Per os: por via oral 
 Per cutem: por via cutânea 
 Per mucus: através do muco 
 Per Genos: por via genital 
Outras vias mais incomuns podem ser listadas, ocorrendo em situações 
especiais: 
 Via transplacentária: da mãe para o filho na gravidez 
 Transmamário: através da lactação 
 Transfusional: através de transfusão de sangue 
 Transplantação: através de transplantes de órgãos 
 
Noções de Classificação e Nomenclatura dos Parasitos 
 
Existem diversos seres capazes de parasitar o homem, e é muito importante 
que esses seres sejam classificados de forma correta, para facilitar o estudo de 
modo geral. Essa classificação tem suas raízes no método criado por Lineu (Karl Von 
Linnée), que agrupava os seres baseados em características morfológicas. 
Atualmente, com o avanço da tecnologia e dos métodos de detecção e de 
identificação, utilizam-se também ferramentas da biologia celular para agrupar os 
seres, na filogenética, que utiliza a noção de evolução das espécies. Essa 
nomenclatura segue uma sequência hierárquica conforme vemos a figura a seguir 
na figura 1. Vamos observar e entender essa sequência? 
 
Parasitologia 
 
 
23 
 
Figura 1: Categorias taxonômicas ou táxons. 
 
Cada esfera acima é conhecida como táxon e em zoologia podem 
corresponder a diversos níveis de classificação ou categoria taxonômica. Quando 
pesquisador descobre uma nova espécie, ele tenta então encaixá-la dentro de uma 
categoria já existente e baseado nas características que este se apresentar junto a 
uma lógica já estabelecida, sua classificação vai seguindo até encontrar o nome 
mais adequado para aquela espécie. A classificação desenvolvida por Lineu é muito 
usada e oferece uma forma prática de organizar os seres vivos, diferenciando-os 
pelo nome da espécie. Neste sistema, é adotada uma classificação binomial, onde a 
espécie é representada por um nome genérico (isto é, de gênero) seguido de um nome 
específico (insto é, de espécie). Vamos observar o quadro 1.3? Ele mostra a 
classificação de duas espécies diferentes de parasitos, capazes de infectar e causar 
ancilostomíase, uma doença popularmente conhecida como “amarelão”. 
 
Parasitologia 
 
 
24 
 
Quadro 1.3: Comparação entre duas espécies diferentes pertencentes ao 
mesmo gênero. 
 
 
Ancilostomíase 
Humana 
Ancilostomíase 
Canina 
Reino Animmalia Animmalia 
Filo Nematoda Nematoda 
Classe Secernentea Secernentea 
Ordem Strongylida Strongylida 
Família Ancylostomidae Ancylostomidae 
Gênero Ancylostoma Ancylostoma 
Espécie Ancylostoma duodenale Ancylostoma caninum 
 
Fonte: http://files.biologiaegeologia.webnode.com/200000057-
d91ccda16a/Hierarquia%20taxon%C3%B3mica.jpg 
 
Por exemplo, o agente causador da ancilostomose é grafado como 
Ancylostoma duodenale. A parte “Ancylostoma” se refere ao gênero e a parte 
“duodenale” se refere àquela espécie referida. Outra espécie que comumente 
infecta cães é classificada como Ancylostoma caninum. Assim, temos duas espécies 
de vermes que pertencem ao mesmo gênero, mas, como são seres diferentes, 
possuem classificações diferentes. Um bom observador já deve ter reparado que o 
nome da espécie foi grafado em itálico. Oficialmente, o nome da espécie deve ser 
escrito em itálico ou, quando em escrita manual, sublinhado para dar destaque, 
visto que é uma palavra de origem latina. O gênero pode ser abreviado ou não, 
mas sempre com inicial maiúscula e o nome da espécie sempre com inicial 
minúscula. Assim, podemos escrever A. lumbricoides ou Ascaris lumbricoides. Ao 
final deste tópico temos um quadro de dicas já vistas em outras disciplinas mais 
específicas, que nos ajudarão a orientar a grafia correta do nome das espécies. 
Os parasitos de maior importância médica no estudo da parasitologia humana 
são aqueles pertencentes a dois reinos: reino protista, onde as espécies 
pertencentes ao filo Protozoa (protozoários) são responsáveis por parasitas 
unicelulares capazes de infectar os seres humanos; e o Reino Animalia ou Metazoa, 
onde os filos Platyhelminthes (platelmintos) e Nematoda (nematódeos) são também 
Parasitologia 
 
 
25 
de grande importância. Ao decorrer do nosso estudo veremos a classificação dos 
parasitos dentro de cada patologia estudada. 
Aparentemente, as regras para nomenclatura parecem confusas e é comum 
encontrarmos escrita de forma incorreta. Mas, praticando é que nós 
conseguiremos nos habituarmos. Vamos observar o resumo das principais regras 
de grafia a seguir? Fica aqui uma sugestão de buscar três espécie de seres vivos 
que você encontra ao seu redor e buscar a classificação delas na internet, treinando 
a grafia correta da espécie. 
Vamos resumir? 
1 – O nome científico de um ser vivo é escrito de forma binomial, isto é, temos 
primeiro o nome do gênero e em seguida o nome da espécie. 
2 – O nome do gênero deve ser grafado com a primeira letra maiúscula e o da 
espécie com letra minúscula. 
3 – Ao escrevero nome científico, como vem de língua latina, deve ser escrito em 
itálico ou sublinhado. 
4 – Após a primeira citação em um texto, o nome do gênero pode ser abreviado 
para a primeira letra da palavra. Assim, pode-se escrever Ancylostoma duodenale 
ou apenas A. duodenale. 
5 – Quando se fala de um gênero, sem especificar a espécie, coloca-se o “sp.” após 
o nome, que significa a abreviação de espécies em latim. Assim, se quisermos falar 
do gênero Panthera sem nos referirmos a uma determinada espécie, escrevemos 
Panthera sp. 
6 – Quando uma espécie possui subespécie a palavra virá logo após à da espécie, 
sem pontuação. Por exemplo, Culex pipiens fatigans onde “Culex” é o gênero, 
“pipiens” é a espécie “fatigans” é a subespécie. 
 
As doenças causadas por parasitos recebem uma nomenclatura científica 
padronizada, além do nome popularmente difundido. Oficialmente, o sufixo ose é 
adicionado. Entretanto, muitas vezes, encontramos o sufixo íase também, que 
acaba prevalecendo quando apresenta melhor acomodação fonética. Por exemplo, 
oficialmente chamamos Ancilostomose à doença causada pelo Ancylostoma 
duodelane, mas é possível encontrar algumas fontes relatando como 
ancilostomíase. 
 
Parasitologia 
 
 
26 
 
Conceitos e Termos Técnicos Importantes em 
Parasitologia 
 
No campo da parasitologia, muitas vezes vamos nos deparar com conceitos e 
termos técnicos que são importantes para o entendimento e comunicação. Desta 
forma, dedicamos esta parte final do capítulo para reunir os principais termos 
técnicos relacionados à parasitologia humana e expressá-los de forma sintética. 
Não se desespere: não há necessidade de decorar palavras soltas e sem contexto. 
Com o tempo, bastante leitura e uso constante o estudante vai se familiarizando 
com esses termos apresentados. 
A Sociedade Brasileira de Parasitologia (SBP) disponibiliza em seu site um 
glossário com termos básicos utilizados em parasitologia. Vamos conferir? Para 
seguir até o site, clique no logo da SBP para acessá-lo! 
 
Dica de Link! 
http://www.parasitologia.org.br/estudos_glossario.php 
Acesso em: 05/05/2016 
 
Nesta unidade, você estudou os conceitos gerais relacionados à Parasitologia. 
Na próxima unidade, iniciaremos o estudo das principais parasitoses de 
importância médica no Brasil. 
 
É HORA DE SE AVALIAR 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
Parasitologia 
 
 
27 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
1. (ANÁPOLIS) Dois seres vivos pertencentes à mesma ordem são 
necessariamente: 
a) da mesma raça; 
b) da mesma espécie; 
c) do mesmo gênero; 
d) da mesma classe; 
e) da mesma família. 
 
2. (UNISA) Com base nas regras de nomenclatura, indique a alternativa 
incorreta: 
a) Homo sapiens sapiens; 
b) Trypanosoma cruzi; 
c) Rana esculenta marmorata; 
d) Rhea americana americana; 
e) Anopheles Nyssurhynchus darlingi. 
 
3. (UNIP) A sequência hierárquica das categorias taxonômicas é: 
a) filo, classe, ordem, família, gênero; 
b) gênero, família, ordem, filo, classe; 
c) filo, classe, família, ordem, gênero; 
d) classe, filo, gênero, família, ordem; 
e) ordem, classe, filo, gênero, família. 
Parasitologia 
 
 
28 
 
4. Relacione as colunas a seguir de acordo com os mecanismos de transmissão 
de parasitos. 
(1) Per os ( ) Pele 
(2) Per cuten ( ) Genital 
(3) Per mucus ( ) Oral 
(4) Per genun ( ) Muco 
Qual das opções a seguir representa corretamente a relação mostrada acima: 
a) 2-4-1-3 
b) 1-2-3-4 
c) 2-3-4-1 
d) 4-2-3-1 
e) 3-2-15 
 
5. Em uma de suas obras, Urupês, o autor brasileiro Monteiro Lobato narra a 
história de um caipira que vivia no interior do Estado de São Paulo. Um caipira de 
baixa renda, alcoólatra, magro e pele amarelada. Jeca, que revela a condição de 
diversos outros habitantes marginalizados do interior sem acesso a saneamento 
básico e água tratada. Um médico aparece na cidade e diagnostica Jeca como 
portador de uma parasitose. Uma das recomendações do médico é que Jeca passe 
a utilizar botas ao andar pelas terras para evitar contato dos pés com o solo. 
Baseando-se nisso, pode-se inferir que o mecanismo de contágio seja: 
a) per os. 
b) per cuten. 
c) per mucus. 
d) per genun. 
e) Nenhuma das anteriores. 
Parasitologia 
 
 
29 
6. Quais das opções a seguir não representa um fator relacionado ao 
hospedeiro que influencia na instalação da parasitose: 
a) Nutrição. 
b) Imunidade. 
c) Virulência. 
d) Condição socioeconômica. 
e) Nda. 
 
7. A doença do gato é de grande preocupação em especial nas mulheres em 
idade fértil. Ela é causada por um protozoário capaz de se multiplicar no organismo 
e causar aborto e má formação no feto. Na frase sublinhada acima está embutido o 
conceito de: 
a) Epidemia. 
b) seres vivos. 
c) agente etiológico. 
d) Mecanismo. 
e) Nda. 
 
8. O hospedeiro que abriga o parasito na sua fase adulta ou em atividade 
sexual é chamado de: 
a) Reservatório. 
b) Intermediário. 
c) Externo. 
d) Único. 
e) Definitivo. 
Parasitologia 
 
 
30 
 
9. Complete os espaços em branco utilizando as palavras abaixo: 
Agente Etiológico – Profilaxia – Fômite – Hospedeiro – Mecanismo – 
Sintomas Clínicos – Parasitismo 
a. ___________: é a associação entre seres vivos onde existe 
unilateralmente de benefícios, sendo um dos associados (o de maior porte ou 
hospedeiro) prejudicado pela associação. 
b. Período de incubação: é o período decorrente entre a penetração do 
__________ e o aparecimento dos primeiros ____________. 
c. __________: é o conjunto de medidas que visa à prevenção, erradicação 
ou controle de uma doença ou de um fato prejudicial aos seres vivos. 
d. Patogenia ou patogênese: é o __________ com o agente etiológico que 
provoca lesões no ___________. 
e. ___________: objeto inanimado que podem servir de veículo para 
transmissão e transporte do parasito. 
 
10. Existem diversos fatores que são capazes de influenciar o aparecimento de 
uma infecção parasitária em um indivíduo. Estes fatores podem ser relacionados ao 
parasito, ao hospedeiro ou ao ambiente. Organize os fatores abaixo 
Quantidade de parasito – Saneamento básico – hábito – resposta imunológica – 
virulência – clima – nutrição – idade – biodiversidade – localização geográfica 
Fatores Relacionados 
ao Parasito 
Fatores Relacionados 
ao Hospedeiro 
Fatores Relacionados 
ao Ambiente 
 
 
 
 
Parasitologia 
 
 
31 
2Parasitoses Transmitidas por Vetores 
Parasitologia 
 
 
32 
 
Caro aluno, 
Nesta unidade, iniciaremos nossos estudos de doenças que são muito 
frequentes em nosso dia a dia. Essas parasitoses acometem normalmente regiões 
menos favorecidas e tem como principal forma de transmissão os vetores. 
 
Objetivos da unidade: 
Ao estudar estar unidade você deve ser capaz de: 
 Identificar os agentes etiológicos responsáveis e sua biologia; 
 Compreender a forma de transmissão das parasitoses os componentes do 
ciclo dos parasitos; 
 Identificar seus principais vetores; 
 Entender e propor medidas de controle; 
 Correlacionar o tratamento e o diagnóstico; 
 Correlacionar fatores socioambientais com a incidência. 
 
Plano da unidade: 
 Doença de Chagas 
 Leishimaniose 
 Malária 
 
Bons estudos! 
Parasitologia 
 
 
33 
 
Doença de Chagas ou Tripanossomíase 
 
Introdução 
A Doença de Chagas é uma parasitose causada por um agente unicelular, o 
protozoário Trypanossoma Cruzi. e são transmitidas por vetores: o inseto chamado 
popularmente de barbeiro. As constantes alterações na natureza, como o 
desmatamento para agricultura, estão levando ao desequilíbrio desses 
ecossistemas e influenciando a ecologia dos vetores e influenciando a 
epidemiologia da doença de chagas. Essa doença é prevalente em áreas mais 
pobres, onde as condições de habitação e sanitárias são menos favorecidas.A 
Doença de Chagas foi descoberta por um médico e pesquisador brasileiro, Carlos 
Chagas, e por isso recebe este nome. 
 
Dica de Vídeo! 
Vídeo Complementar: A seguir temos um vídeo sobre a descoberta de 
Chagas. Vamos Conferir? 
Um Cientista, Uma História: Carlos Chagas 
https://www.youtube.com/watch?v=x0pyiV0Pttc 
 
Transmissão da Doença de Chagas 
A transmissão se dá quando a forma infectante do parasito alcança a 
circulação sistêmica do indivíduo sadio. Ela pode acontecer das seguintes formas: 
 Vetorial: a transmissão através de vetor é forma a mais comum, ocorrendo 
através da picada do inseto fêmea contaminado com T. cruzi. Essa via de 
transmissão é muito comum em área de baixa condição socioeconômica, em 
especial na zona rural. 
Parasitologia 
 
 
34 
 
 Transfusão de Sangue: ocorre através da transfusão de sangue 
contaminado. Tem mais importância em grandes centros onde o controle de 
qualidade do banco de sangue é precário. 
 Transmissão Congênita ou vertical: transmissão da mãe para o filho. 
 Transmissão Oral: transmissão por alimentos contaminados; importante 
na região amazônica 
 Transmissão Acidental: ocorre opor acidente, normalmente no trabalho, 
através de material contaminado. 
 Transplante de Órgãos: transplante de órgão contaminado a um 
indivíduo são. 
 
Vetores e Reservatórios na Doença de Chagas 
Os triatomídeos hematófagos da subfamília Triatominae, pertencentes aos 
gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylusi, são os principais vetores. Eles 
escondem-se em fendas presentes em telhados, paredes e esteios, especialmente 
casas de madeira antiga de pau a pique. Durante a noite as fêmeas hematófagas 
picam o rosto e por isso estes insetos são popularmente chamados de barbeiro ou 
chupão. Dentre as espécies atualmente importantes no Brasil, cita-se T. brasiliensis, 
Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata, T. sórdida. Um fenômeno que vem 
ocorrendo é o de sucessão ecológica, em que algumas espécies de barbeiro vão 
sendo substituída por outras, como no caso do T. infestans, que era um dos 
principais vetores e isso dificulta a erradicação da doença. 
Os reservatórios para esta doença são o tatu e o gambá no meio silvestre; já o 
cão, o gato e o porco no ciclo doméstico. O desmatamento visando à pecuária e 
agricultura são fatores importantes que estão ligados ao aumento do número de 
casos. 
Parasitologia 
 
 
35 
Figura 2.1: Fêmea do Triatoma brasiliensis, importante vetor da Doença de 
Chagas no nordeste do Brasil. 
 
Fonte: Wikipédia 
Morfologia do T. Cruzi 
O T. cruzi é um protozoário de uma célula apenas. Ele é um parasito 
intracelular obrigatório, apresentando um único flagelo. Ligada ao flagelo, existem 
mitocôndrias modificadas, ricas em DNA, que recebem o nome de cinetoplasto. A 
principal forma de multiplicação é a divisão binária simples. O T. cruzi apresenta 
diversas formas evolutivas ao longo de seu ciclo. Vamos observar o quadro a 
seguir? 
Quadro 2.1: Diferentes formas evolutivas do T. cruzi 
N
os
 M
am
ífe
ro
s 
(H
om
em
 e
 
ou
tr
os
 
Amastigota 
 Intracelular, formato ovoide, menor motilidade 
 Presente nos tecidos infectados. 
 
Tripomastigota 
Metacíclica 
 Forma extracelular, alongada. 
 Maior motilidade, presente no sangue. 
 Forma infectante. 
N
os
 T
ria
to
m
íd
eo
s 
(B
ar
be
iro
) 
 Morfologia idem ao anterior. 
 Presente no reto e nas fezes do inseto. 
Esferomastigota 
 Presente no estômago e intestino do inseto. 
 Pode se diferenciar em tripomastigota ou 
epimastigota no reto ou intestino. 
 
Epimastigota 
 Presente em todo o intestino. 
 Forma não infectante no homem. 
 Variações polimórficas (delgadas e largas). 
Fonte: (TOSO, A et al, 2011) 
Parasitologia 
 
 
36 
 
Ciclo Biológico do T. cruzi 
O ciclo do T. cruzi é formado por uma forma infectante do parasito, a forma 
tripomastigota, que se diferencia em formas evolutivas diferentes no hospedeiro 
e no vetor, a fim de se multiplicar. A figura 2.2 esquematiza o ciclo biológico do 
parasito. Vamos observá-la? 
 
Figura 2.2: Ciclo biológico do T. cruzi no vetor e no hospedeiro. 
 
Fonte: ARGOLO et al, 2008 
 
O ciclo se dá em duas etapas: no mamífero e no triatomídeo: 
No homem: a forma infectante do T. cruzi, a tripomastigota metacíclica, 
entram na circulação sanguínea do hospedeiro quando a fêmea do triatomídeo 
pica-o e deixa suas fezes contaminadas próximas a este local. O indivíduo, ao coçar, 
espalha as fezes contaminadas e o parasito penetra pela pele através do orifício da 
picada. Esta forma entra na circulação e infecta as células do sistema mononuclear 
Parasitologia 
 
 
37 
fagocitário, como macrófagos, e outras células próximas. Após sua internalização, a 
forma tripomastigota “engana” o sistema lisossomal, resistindo à ação das enzimas, 
e é liberado no meio intracelular após destruição dos lisossomas. No interior da 
célula, os tripomastigotos metacíclicos transformam-se na forma amastigota – que 
é a forma capaz de se reproduzir no hospedeiro. Após repetidas divisões binárias, a 
formas amastigota pode permanecer no interior das células do tecido – como 
ocorre nos cardiomiócitos – ou sofrem diferenciação novamente para a forma 
tripomastigota metastática, levando a uma lise celular e liberação novamente do 
parasito na corrente sanguínea e tecidos locais. As formas larga e delgada do 
tripomastigoto apresentam tropismo diferenciado pelos órgãos alvo e diferente 
sensibilidade aos anticorpos. Os parasitos liberados podem infectar órgãos alvo 
e/ou serem sugados por um triatomídeo e infectar o inseto. 
No triatomídeo: no estômago do triatomídeo, a forma tripomastigota 
metacíclica sofre diferenciação à forma epimastigota. No reto do inseto, ocorre a 
diferenciação à forma tripomastigota metacíclia, ficando armazenada nas fezes e 
podendo infectar um novo mamífero. 
 
Dica de Vídeo! 
Vídeo Complementar: No vídeo a seguir será explicado passo a passo o 
ciclo biológico do T. cruzii no vetor e no homem. Vamos conferir! 
Ciclo no homem: https://www.youtube.com/watch?v=0N4eB1c2xI0 
Ciclo no Inseto: https://www.youtube.com/watch?v=4gzjFbvCahY 
Parasitologia 
 
 
38 
 
Manifestações Clínicas da Doença de Chagas 
A doença de chagas pode se manifestar em duas fases: fase aguda e fase 
crônica. Vamos conferir! 
Fase aguda: 
 Assintomática; 
 Sintomática (em crianças tem maior risco de morte!); 
 Manifestações locais (transmissão vetorial apenas); 
 Chagoma de inoculação: lesão tipo furúnculo que não supura; 
 Sinal de Romanã: edema bipalpebral unilateral; 
 Manifestações sistêmicas: 
 Diversas: febre prolongada, edemas, linfonodos aumentados, 
hepatomegalia, esplenomegalia, sinais cutâneos; 
 Intestinal: diarreia, vomito, dor abdominal; 
 Cardíaca: alterações no ECG, cardiomegalia, derrame pleural. 
Fase Crônica 
 Indeterminada: mais comum. O indivíduo apresenta teste laboratorial 
positivo, mas não apresenta sinal clínico nem sintomas. Essa fase pode durar desde 
a vida toda ou por volta de 10 anos. Se não tratada, pode ser fatal. O tratamento da 
doença nesta fase não é muito eficaz. 
Determinada: 
 Cardíaca: cardiomegalia e alterações cardíacas como insuficiência cardíaca 
e arritmias; é a principal causa de morte na doença crônica; induficiência; 
 Digestiva: destruição nervosa do logo do trato gastrintestinal, levando a 
alterações como megacólon e megaesôfago. 
Parasitologia 
 
 
39 
 
Figura 2.3. (A) Sinal de Romanã e (B) chagoma de inoculação 
 
(A) 
 
(B) 
Fonte: https://www.bioscience.org/2003/v8/e/948/figures.htm 
 
Diagnóstico Laboratorial da Doença de Chagas 
O período de incubação da doença de chagas pode ser de 4 a 10 dias para a 
transmissão vetorial, chegando até 40 dias na transfusional. Vamos conferir os 
exames de laboratório utilizados no diagnóstico dessa doença. 
Fase Aguda: 
 Presença do tripomastigota metastático no sangue (Esfregaço); Anticorpos IgM anti-T. cruzi; 
 Teste de Strout: deixar o sangue coagular e retrair o coágulo. Os parasitos são 
retirados do coágulo à medida que este se retrai. 
Fase Crônica 
 Testes xenodiagnóstico; 
 Hemocultura; 
 Reação de PCR pra detectar DNA do protozoário; 
 Elisa, hemaglutinação ou imunofluorescência. 
Prevenção 
 Controle dos vetores (dedetização do inseto em áreas de infestação); 
 Uso de mosquiteiros e tela nas janelas para evitar a entrada do inseto; 
 Controle dos reservatórios (animais que abrigam o parasito, como tatu, gato, 
porcos e ratos.); 
Parasitologia 
 
 
40 
 Bons hábitos de higiene alimentar. Recentemente (2005) houve um surto 
desta doença em Santa Catarina devido a caldo de cana contaminado. Outros 
alimentos são Açaí, sucos de frutas, verduras contendo fezes do animal ou pedaços 
do animal moído junto com alimento; 
 Garantia da qualidade dos bancos de sangue e órgãos de transplante; 
 Boas práticas de laboratório para evitar contaminação acidental. 
Tratamento da Doença de Chagas 
Atualmente, o tratamento farmacológico de primeira escolha é feito por 30 a 
60 dias com o benzinidazol. A dose oral de 5mg/kg/dia (adultos) ou 5-10mg/kg/dia 
(crianças) é fracionadas em 2 ou 3 tomadas diárias. O fármaco é contraindicado em 
gestantes e tem maior eficácia na fase aguda. 
 
Malária 
 
Introdução 
A malária, também chamada de paludismo ou maleita, é uma doença causada 
por protozoário unicelular do gênero Plasmodium, transmitido por vetores do 
genero Anopheles. Quatro espécies são de importância médica: Plasmodium vivax, 
P. malarie, P. falciparum e P. ovale. No Brasil, há alta incidência em regiões de baixo 
desenvolvimento socioeconômico e é endêmica na região amazônica, uma vez que 
seu clima e alto índice de chuvas favorece a proliferação do vetor. 
 
Importante! 
O principal agente causador foi o Plasmodium vivax, responsável por 
90% dos casos. Entretanto, a infecção por P. falciparum é de especial atenção 
epidemiológica por causar infecção mais grave e potencialmente fatal. 
 
 
Parasitologia 
 
 
41 
No Brasil, no ano de 2011, 99,7% da transmissão da malária concentrou-se na 
Região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, 
Mato Grosso, Pará,Rondônia, Roraima e Tocantins, compreendendo 807 
municípios.O mapa de risco de transmissão da Malária atualizado com dados de 
2014 oriundos do ministério da saúde é mostrado a seguir na figura 2.4. 
 
Figura 2.4. Mapa de risco da malária no Brasil por município em 2014. 
 
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/images/jpg/2015/junho/24/Mapa-de-risco-2014.jpg 
 
Transmissão da Malária 
Vetorial: a forma mais comum de transmissão da malária é através da picada 
de fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, infectada pelo Plasmodium. 
Outras vias de transmissão mais incomuns são através de transfusão de 
sangue contaminado e mais raro ainda, a transmissão congênita. Nâo há 
transmissão direta de pessoa pra pessoa. 
 
Parasitologia 
 
 
42 
Vetores e Reservatórios da Malária: 
Existem mais de 400 espécies de Anopheles, mas apenas 60 delas podem ser 
considaradas vetor em condições naturais. No Brasil, a espécie An. (Nyssorhynchus) 
darlingi responsável pela transmissão. A fêmea do inseto contendo o Plasmodium 
spp em suas glândulas salivares transmite o parasito ao homem no momento da 
picada. 
 
Importante! 
O principal reservatório natural de Plasmodium spp de importância 
epidemiológica é o próprio homem. 
 
Figura 2.5. Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil 
 
Fonte: wikipédia Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil (fonte: wikipédia 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anopheles_darlingi#/media/File:Anopheles_minimus.jpg ) 
 
Morfologia do Plasmodium spp. 
No quadro 2.2 a seguir vamos observar as diferentes formas evolutivas do 
parasito. 
 
 
Parasitologia 
 
 
43 
 
Quadro 2.2: Morfologia dos diferentes estádios evolutivos do Plasmodium spp. 
N
o 
H
om
em
 
Esporozoíto 
Forma alongada 
11 m comprimento por 1 m de largura 
Membrana externa dupla 
Trofozoíto 
(evolui dentro do 
hepatócito) 
Forma arredondada 
30 – 70 m diâmetro 
 
Merozoítos 
(Origem 
hepática ou 
eritrocitária) 
Alongado 
Forma lembra esporozoíto, porém menor (2-5 m) 
Capazes de invadir apenas hemacias 
Membrana externa com 3 camadas 
N
o 
V
et
or
 
Macro 
Microgameta 
Célula flagelada 
20-25 m 
Oocineto 
Forma vermiforme 
10-20 m comprimento 
núcleo volumoso e excêntrico 
Oocisto 
Esférico 
40-80 m 
intestino médio do inseto 
 
Ciclo Biológico do Plasmodium spp 
O ciclo biológico do Plasmodio ocorre com uma parte no homem e outra parte no 
mosquito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parasitologia 
 
 
44 
 
Figura 2.6: Ciclo biológico do Plasmodium spp. 
 
Fonte: Adaptado de Greenwood, 2008 
 
No homem: 
Fase Hepática ou extra eritrocitária: O ciclo inicia-se quando esporozoítos 
presentes na glândula salivar do mosquito fêmea são transferidas para a corrente 
sanguínea do homem, migrando e instalando-se no fígado. Dentro do hepatócito, 
se transformam em trofozoítos pré-eritrocíticos. Estes se multiplicam por 
reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes 
Parasitologia 
 
 
45 
teciduais e posteriormente merozoítos. No caso dos P. ovale e do P. vivax, podem 
se transformar em hipnozoítos, que são uma forma latente e ficam adormecidos 
por semanas a meses no hepatócito e muitas vezes é responável pela “recaída” ou 
recidiva clínica da doença. Esta fase é chamada de exoeritrócitária tecidual. 
Fase Eritrocitária: Após algum tempo (que varia de acordo com a espécie), o 
hepatócito se rompe e os merozoítos são lançados na corrente sanguínea e 
infectam as glóbulos vermelhos do sangue, conhecidos como hemácias ou 
eritrócitos. No interior dessas células, ocorre a reprodução assexuada por 
esquizogonia, com a formação de novos merozoítos que podem se diferenciar em 
gametócitos, que não são mais capazes de se dividirem e o ciclo sexuado 
acontecerá no mosquito. 
No mosquito 
Fase do Ciclo sexuado ou Esporogênico: durante o repasto sanguíneo, a fêmea 
do anófeles ingere todas as formas, mas apenas os gametócitos são capazes de se 
desenvolverem. No intestino médio dos mosquitos os gametócitos masculino e 
feminino passam por transformações que possibilitam a fecundação. Uma vez 
fecundado, há formação do oocineto e este movimenta-se e se encista na parede 
do intestino médio. Inicia-se o processo de divisão esporogônica e após um 
período de 14 dias ha liberação de esporozoítos, que circulam pela hemolinfa do 
inseto até alcançarem as glândulas salivares e serem injetadas no hospedeiro 
vertebrado. 
 
Dica de vídeo! 
Vamos iniciar nosso estudo do ciclo assistindo a esses dois vídeos: 
1 - Ciclo de vida no homem: 
https://www.youtube.com/watch?v=xyc4gZsHEGQ 
2 - Ciclo de vida no inseto: 
https://www.youtube.com/watch?v=s-SKYfERZd4 
Parasitologia 
 
 
46 
 
Manifestações Clínicas 
A malária se manifesta inicialmente como uma doença febril aguda e alta (41o 
C ou mais), calafrios, sudorese e cefaleia, sendo também conhecida como febre 
palustre e febre terçã maligna. A doença pode se manifestar de duas formas: malária 
não complicada e malária complicada. 
Malária Não complicada 
A malária não complicada se caracteriza por ciclos seguidos de febre 
intercalado com períodos de temperaturas normais, sendo chamado de 
paroxismos febris. O período de incubação (tempo desde a picada e o 
aparecimento do sintomas) e o intervalo de ciclo febril varia de acordo com a 
espécie do agente etiológico. Ao romperem as hemácias, há liberação de 
substâncias que causam a febre. 
Quadro 2.3.: Comparação entre as diferentes espécies de plasmódios. 
 Período de 
Incubação 
Paroxismos 
Febris 
Manifestação 
Clínica 
P. vivax 13 – 17 dias 48 h Febre terçã 
P. falciparum 8 – 12dias 48 h Febre terçã 
P. malarie 18 – 30 dias 72 h Febre quartã 
P. ovale 8-12 dias 48 h Febre terçã 
 
Nas infecções por P. vivax e P. ovale os esporozoítos podem dar origem aos 
hipnozoítos, causando o que chamamos de recaídas ou recidivas. Além da febre, é 
frequente o aparecimento de outros sintomas associados, como cefaleia, fraqueza, 
sudorese, insônia e dores no corpo. Nos indiníduos que habitam áreas endêmicas 
é incomum aparecerem os paroxismos febris. Entretanto, é comum ocorrer 
esplenomegalia e hepatomegalia. 
Como os sintomas da malária aguda são inespecíficos é importante a 
confirmação o mais rápido possível através dos testes laboratoriais, pois outras 
manifestações febris agudas podem manifestar-se com sinais e sintomas 
semelhantes, tais como a dengue, a febre amarela, a leptospirose, a febre tifoide e 
muitas outras. 
Parasitologia 
 
 
47 
Malária Grave ou Complicada 
A malária grave pode surgir rapidamente e quanto mais cedo o diagnóstico e 
o tratamento for realizado, maiores as chances de sobreviver. Em especial, estas 
infecções estão relacionadas ao P. falciparum. Clinicamente e a critério de 
diagnóstico, as manifestações comuns são as que podemos observar no quadro a 
seguir da OMS: 
Quadro 2.4. Sintomatologia clínica apresentada por indivíduos com malária 
grave. 
Sintomas 
Prostração 
Alteração da consciência 
Dispneia ou hiperventilação 
Convulsões 
Hipotensão arterial 
Choque 
Edema pulmonar 
Hemorragias 
Icterícia 
Hemoglobinúria 
Hiperpirexia (>41ºC) 
Oligúria 
Alterações 
Laboratoriais 
Anemia grave 
Hipoglicemia 
Acidose metabólica 
Insuficiência renal 
Hiperlactatemia 
Hiperparasitemia 
 
Diagnóstico Laboratorial 
O diagnóstico da malária acontece pela demonstração do parasito presente no 
sangue. Em rotina, são utilizadas técnicas relativamente simples e baratas. Na 
pesquisa, o PCR e a imunofluorescência são mais comuns. 
Técnica da gota espessa: Esta técnica é considerada padrão ouro segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS). Baseia-se na visualização do parasito por 
microscopia óptica após a realização de colocaração vital (azul de metileno e 
Giensa). 
Técnica do Esfregaço Delgado: apesar da baixa sensibilidade, este teste 
permite a diferenciação da espécie do parasito baseado na morfologia do agente 
etiológico e nas alterações induzida por estes nas hemácias. 
Testes Rápidos: são testes em fitas que contêm anticorpos capazes de detectar 
antígenos do parasito. Estes testes podem diferenciar as espécies, mas não 
diferenciam a infecção mista. São úteis em áreas onde o acesso ao laboratório de 
análise é de difícil acesso. 
Parasitologia 
 
 
48 
 
Dica! 
Para informações mais aprofundadas a respeito dos métodos e 
diagnóstico diferencial da malária, o Ministério da Saúde disponibiliza online o 
Manual de diagnóstico laboratorial da malária, referenciado ao final de nossa 
apostila. Caso você vá trabalhar em um laboratório esta pode ser uma ferramenta 
de trabalho. 
 
Prevenção 
As medidas de prevenção da malária vão desde evitar o contato do mosquito 
como o uso de medicamentos para previnir que, uma vez contaminado, o parasito 
se desenvolva no organismo. 
 Evitar contato com o mosquito; 
 Uso de repelentes e mosquiteiros à noite; 
 Ao viajar, observar se o destino ou o itinerário será em áreas endêmicas; 
 Se for fazer atividades em campo aberto, evitar o horário da tarde até o 
amanhecer, quando possível; 
 Evitar roupas curtas e escuras, pois protegem menos e atraem mosquitos. 
 Uso de medicamentos de forma preventiva (quimioprofilaxia) pode ser 
recomendado. Importante orientação médica; 
 Medidas coletivas de combate ao vetor; 
 Adulto: borrifar inseticidas de ação residual nas paredes; 
 Larva: controle químico ou biológico de larvas com uso de Bacilus 
turigiensis ou B. sphericus. 
 Medidas de saneamento básico. 
 
 
Parasitologia 
 
 
49 
Tratamento da Malária 
Existem diversos fármacos disponíveis para o tratamento da malária, isolados 
ou em associação. É importante ressaltar que nenhum deles possui eficácia 100% e 
que a atividade contra os hipnozoítos é um importante fator a considerar. No Brasil 
o tratamento é gratuíto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
Segundo o “Guia Prático para o Tratamento da Malária”, publicado pelo MS, os 
objetivos do tratamento são: 
a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsávelpela patogenia e 
manifestações clínicas da infecção; 
b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das 
espécies P .vivax e P. ovale, evitandoassim as recaídas tardias; 
c) interrupção da transmissão do parasito, 
d) evitar o aparecimento de resistência às drogas antimaláricas 
 
Cloroquina: segura em crianças, adultos e grávidas. Usada em ifecções por P. 
vivax em associação com a primaquina. 
Primaquina: atua com boa eficácia contra gametófitos e formas hepáticas, em 
especial os hipnozoítos. É contraindicada na gravidez e em crianças menores de 
seis meses de idade. Mais eficaz em associação com cloroquina. 
Quinina: Importante no tratamento de infecção por P. falciparum não 
complicada. É a droga de escolha em casos onde ainda não se adquiriu resistência. 
Uso isolado ou em associação com doxiciclina e tetraciclina. 
Mefloquina: utilizada sozinha apenas em casos de profilaxia do viajante. 
Doxiciclina, clinamicina: utilizadas como adjuvantes terapêuiticos 
Parasitologia 
 
 
50 
 
Leitura Complementar: 
A revista Ciência Hoje publicou uma entrevista muito interessante a 
respeito da vacina anti-malárica em fase de desenvolvimento. Vamos lá conferir! 
“Única meta razoável: erradicação” 
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/01/unica-meta-razoavel-erradicacao/ 
 
 
Dica de vídeo! 
Vamos assistir a um documentário sobre a Malária? 
Doença Silenciosa – Malária (Exibida pelo Bom Dia, Brasil em: 10/11/2010) 
https://youtu.be/A9VY4xW6Inc?list=PLWFSWxoet3iU79DPts7YVR-56i4GSYeEA 
 
Leishmaniose 
 
Introdução 
A Leishimaniose é uma doença causada por protozoários do gênero 
Leishmania. De acordo com a espécie a infectar, a doença pode se manifestar como 
Leishimaniose Tegumentar (Úlcera de Bauru) ou Leishimaniose Visceral 
(Calazar). Na Leishmaniose Tegumentar (LT) os parasitos infectam células do 
Sistema Mononuclear Fagocitário (SMF) na região da pele e mucosa e mais 
tardiamente podem aparecer na região orofaríngea. Na Leishmaniose Visceral (LV) 
os parasitos podem colonizar células do SMF além de migrarem para as vísceras. 
Parasitologia 
 
 
51 
 
Quadro 2.5: Espécies de Leishmania relacionadas a cada tipo de Leishimaniose 
no Brasil 
Tegumentar Visceral 
Leishmania (Viannia) braziliensis, 
L. (L.) amazonensis 
L. (V.) guyanensis. 
Leishmania chagasi * 
L. donovani, 
L.infantum, 
L.tropica 
 
*Espécie de maior importância no Brasil 
A distribuição geográfica da leishmaniose pode ser obervada na imagem a 
seguir. Na América do Sul, o Brasil apresenta grande incidência. A LV está presente 
em 76 países, sendo 12 no cone sul. A LT já apresenta uma distribuição mais difusa, 
tendo casos já registrados desde os Estados Unidos até o sul da Argentina, a 
exceção de Chile e do Uruguai. O avanço da urbanização foi um dos estopins para 
aumento de casos de leishmaniose, e fica bastante evidente quando os primeiros 
casos no Brasil foram detectados em trabalhadores de construção civil que 
atuavam na abertura de estradas no interior do estado de São Paulo. 
 
Transmissão da Leishimaniose 
A infecção se dá pela inserção do protozoário na corrente sanguínea através 
da picada da fêmea do inseto da subfamília Phlebotominae. Não há transmissão de 
pessoa a pessoa. Estes insetos tem maior atividade durante o amanhecer e o 
anoitecer. 
Vetores e Reservatórios da Leishmania spp. 
Os diversos insetos do gênero Lutzomyia recebem nome popular de mosquito 
palha, tatuquiras, birigui, entre outros. Vejaa seguir algumas espécies importantes 
no Brasil: 
 
 
Parasitologia 
 
 
52 
 
Quadro 2.6: Espécies de flebotomídeos de importância epidemiológica. 
Vetores da Leishmaniose Visceral Vetores da Leishmaniose Tegumentar 
Lutzomyia cruzi 
L. chagasi 
L. longipalpis* 
Lutzomyia flaviscutellata, 
L. whitmani, 
L. umbratilis, 
L. intermedia, 
L. wellcome 
L. migonei 
*Principal espécie relacionada no Brasil 
Fig 2.7: Fêmea alimentada do mosquito palha (L. longipalpis) 
 
No caso da transmissão da LT, os reservatórios da leishmania são animais 
silvestres, sinantrópicos ou domésticos. Dessa forma, ratos, cachorro e gato – 
dentre outros – podem ser reservatório. Depende da área onde se está analizando 
e do grau de urbanização. No vaso da LV se assemelham muito a LT. Entretanto, no 
ambiente silvestre as raposas são um reservatório importante. 
 
Morfologia da Leishmania spp. 
As Leishmanias apresentam duas formas evolutivas importantes: amastigota e 
promastigota. 
Parasitologia 
 
 
53 
Quadro 2.7: Morfologia da Leishmania 
 
Ciclo Biológico da Leishmania 
O cilco da leishmania se dá em parte no homem e em parte no vetor. 
 
Figura 2.8: Ciclo biológico da Leishmania spp 
 
Fonte:Wikimedia commons 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leishmaniasis_life_cycle_diagram-es.svg) 
Parasitologia 
 
 
54 
No homem: ao ser picado pela fêmea do flebotomídeo, forma promastigota 
são liberadas na corrente sanguínea junto com a saliva do mosquito. Ao caírem na 
circulação, são internalizados por fagocitose por células do SMF, em especial 
neutrófilos e macrófagos. No interior dos macrófagos, acontece a fusão das 
vesículas lisossomais e o parasito, inerte a ação as enzimas lizossomais, se 
transforma em amastigotas e se multiplicam por divisão binária. O aumento 
excessivo do número de parasitos leva à lise celular, liberando mais amastigotos na 
corrente sanguínea e causando ciclo vicioso de infecção. 
No Vetor: Ao ser sugada junto com o sangue, a forma amastigota pode ser 
levada livremente ou no interior de células do SMF. Ao alcaçar o intestino do 
inseto, a forma amastigota transforma-se em forma promastigota e multiplica-se 
por divisão binária e migra até a parte anterior do tubo digestivo do inseto, 
evoluido para uma forma metacíclica mais infectante. 
 
Dica de Vídeo: 
Para ilustrar nosso estudo do ciclo do parasito, vamos assistir aos vídeos 
a seguir? 
Ciclo de vida da Leishmania no homem  https://youtu.be/AUUYsYNl-AY 
Ciclo de vida da Leishmania no inseto vetor  https://youtu.be/kRRlapcxDFs 
 
Sinais e Sintomas 
Leishmaniose Tegumentar 
O período de incubação é de 2 a 3 meses, normalmente, mas podendo variar 
de semana a anos. O estado nutricional do hospedeiro é importante e influencia 
diretamente. A doença cutânea se manifesta na forma de pápulas com evolução 
para úlceras de bordas infiltradas e fundo granuloso. Essas úlceras podem ser 
únicas ou múltiplas, mas sempre indolores. A forma mucosa pode ser ou não 
secundária à infecção cutânea e acaracteriza-se por destruição de tecidos na área 
da orofaringe, como por exemplo, destruição do palato. Visto que a leishmania é 
um parasito intracelular, a defesa depende majoritariamente da resposta 
imunológica celular.   
Parasitologia 
 
 
55 
 
Figura 2.8: Ciclo biológico da Leishmania spp 
 
Fonte: Wikimedia commons 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leishmaniasis_life_cycle_diagram-es.svg) 
 
Leishmaniose Visceral 
Na leishmaniose visceral, também conhecida como Calazar (do indiano Kal 
Azar ou doença mortífera), o protozoário danifica órgãos ricos em macrófagos, 
como baço, fígado e medula óssea. Alguns sintomas comuns são mostrados no 
quadro 2.9 a seguir: 
 
Quadro 2.9: Sintomas clínicos da Leishmaniose visceral 
Sintomas da LV 
Febre prolongada 
Úlceras escuras na pele (variável) 
Aumento do baço (esplenomegalia) 
Aumento do fígado (hepatomegalia) 
Leucopenia 
Anemia 
Hipergamaglobulinemia 
Tosse 
Dor abdominal 
Diarreia 
Perda de peso 
Caquexia 
Parasitologia 
 
 
56 
 
Figura 2.9: Paciente com Leishimaniose visceral. Observa-se palidez da pele, 
emagrescimento e aumento do volume da região abdominal como consequência 
da hepatoesplenomegalia. 
 
Fonte: Brasil, Manual de Vigilância 
 
Diagnóstico Laboratorial 
 Leishimaniose Tegumentar: 
 Demostração direta do parasito através do raspado da borda da lesão e 
fização em lâmina para microscopia 
 Teste de Montenegro: inoculação cutânea de antígenos do parasito e 
acompanhamento de reação inflamatória local. Teste qualitativo. 
 
Sugestão de Link (Professor Jair, tem outro link sem ser wikipedia??) 
Veja mais sobre teste qualitativo em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rea%C3%A7%C3%A3o_intrad%C3%A9rmica 
 
 Cultura de tecido: feito com fragmentos de tecido ou lavado das bordas da 
lesão 
 Histopatológico: biópsia da lesão 
 
Parasitologia 
 
 
57 
 
Quadro 2.11: Características das formas clínicas da leishmania tegumentar 
(Fonte: Neves, R. Parasitologia) 
Características Principais das Formas Clínicas da LTA no Brasil 
Formas 
Clínicas 
Localização 
Teste de 
Montenegro 
Espécie de 
Leishmania 
Leishmaniose 
cutânea 
Infecção confinada na 
derme, com epiderme 
ulcerada. 
Positivo L. amazonensis 
L. braziliensis 
L. guyanensis 
L. lainsoni 
Leishmaniose 
cutaneomucosa 
Infecção na derme, com 
úlceras. Lesões metastáticas 
podem ocorrer, com 
invasão de mucosa e 
destruição de cartilagem. 
Positivo 
(resposta 
exagerada) 
L. braziliensis 
L. guyanensis* 
 
Leishmaniose 
cutânea difusa 
Infecção confinada na 
derme, formando nódulos 
não ulcerados. Disseminação 
por todo o corpo. 
Negativo 
(imunidade 
celular 
comprometida) 
L. amazonensis 
 
*LCM por esta espécie é relatada em poucos casos na Amazônia. 
 
Leishmaniose Visceral 
 Exame de sague: uma gota do material coletado é colocado em lâmina e 
fixado, corado e analisado por microscopia. 
 Teste sorológico: feito por Elisa ou Imunofluorescência, visa detectar 
anticorpos. 
 Teste parasitológico: busca da forma amastigota, preferencialmente em 
amostra de medula óssea. 
 Cultura: feita em meio de cultura ou inoculado em animais de laboratório. 
 
 
Parasitologia 
 
 
58 
Prevenção 
A prevenção da Leishmaniose não é algo muito simples, em especial nas áreas 
rurais e próximas à florestas: 
 Proteção individual: uso de mosquiteiros de malha fina e repelentes na 
pele. Evitar horários de maior atividade do mosquito (crepúsculo e noite); 
 Construção de casas a pelo menos 500m da área de florestas (baixa 
capacidade de voo do mosquito); 
 Estimular entre trabalhadores medidas de proteção individual; 
 Boas condições de saneamento básico e higiene nas cidades; 
 Em áreas urbanas, controle químico do vetor. Não há indicação de controle 
químico em ambiente selvagem; 
 Animais domésticos: cuidado com asseio individual e ambiental e com a 
saúde do animal. 
 
Importante 
Como o parasito é intracelular, a resposta de cura depende da 
capacidade de resposta celular do sistema imunológico. Por isso, pacientes com 
baixa imunidade (transplantados, tratamento de câncer e com HIV/AIDS) estão em 
maior risco. 
 
Tratamento da Leishmaniose 
Primeira escolha: A primeira escolha é o antimonial pentavalente (Sb5+), em 
forma de sais. Se não houver regressão em 12 semanas (3 meses) repetir o 
tratamento e, por fim, utilizar drogas de segunda escolha. Os sais disponíveis são: 
antimoniato de N-metilglucamina, Stibogluconato de sódio (não disponível no 
Brasil) 
Parasitologia 
 
 
59 
 
Quadro 2.12: tratamento da Leishmaniose 
Forma Clínica Dose Tempo mínimo de duração 
Leishmaniose cutânea 10-20mg/Sb+5/kg/dia 
( Recomenda-se 
15mg/Sb+5/kg/dia ) 
20 dias 
Leishmaniose Difusa 20mg/Sb+5/kg/dia 20 dias 
Leishmaniose Mucosa 20mg/Sb+5/kg/dia 30 dias 
 
Segunda escolha: nos casos refratários, as seguintes drogas estão disponíveis: Anfotericina B (comum e lipossomada): 
 Pentamidinas: 
 
Vídeo 
Complementar: Vamos assistir a um breve documentário a respeito da 
Leishmaniose no Brasil? 
https://youtu.be/tNTYxFu49OY 
 
Nesta unidade, nós estudamos as doenças causadas por protozoários e 
transmitidas majoritariamente por vetores. Na próxima unidade, estudaremos as 
parasitoses transmitidas através da água e alimentos contaminados. Até lá! 
 
É HORA DE SE AVALIAR 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo 
a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. 
 
Parasitologia 
 
 
60 
 
Exercícios – Unidade 2 
 
1. Marque a alternativa que indica corretamente o nome da doença 
transmitida pela picada de mosquitos do gênero Lutzomyia. 
a) Giardíase. 
b) Leishmaniose. 
c) Tricomoníase. 
d) Doença de Chagas. 
e) Malária. 
 
2. (UFMG) A leishmaniose afeta, atualmente, cerca de 400.000 pessoas em 
todo o mundo. A forma mais comum no Brasil, a leishmaniose tegumentar 
americana, vem aumentando em Minas Gerais. Esse crescimento se deve 
provavelmente: 
a) à domiciliação do vetor em consequência do desmatamento. 
b) à eliminação dos cães infectados que proliferam na periferia das cidades. 
c) à falta de condições de higiene, o que permite o contágio com pessoas 
doentes. 
d) ao aumento da resistência do protozoário às vacinas existentes. 
e) ao uso comum de seringas por viciados em drogas, o que permite a 
transmissão do protozoário pelo sangue. 
 
Parasitologia 
 
 
61 
3.Diversas parasitoses envolvem um vetor invertebrado em seu ciclo biológico. 
A doença de chagas, a Leishmaniose visceral, a leishmaniose tegumentar e a 
Malária são importantes exemplos de relevância epidemiológica no Brasil. 
Relacione no quadro a seguir o agente etiológico e seu principal vetor e marque a 
alternativa correta: 
(a) Anopheles darlingi 
(b) Triatoma infestans 
(c) Lutzomyia chagasi 
(d) Lutzomyia whitmani 
( ) Trypanossoma cruzi 
( ) Plasmodium falciparum 
( ) Leishmania brasiliensis 
( ) Leishmania chagasi 
 
a) a-b-c-d 
b) b-d-a-c 
c) b-a-d-c 
d) d-c-b-a 
e) Nenhuma das alternativas. 
 
4. A malária é um grave problema que acomete várias áreas tropicais do 
mundo, incluindo o Brasil. A respeito dessa doença causada por protozoários do 
gênero Plasmodium, marque a alternativa incorreta. 
a) Essa doença é transmitida pela picada do mosquito fêmea do Anopheles. 
b) Essa doença pode provocar febre alta, calafrios, dores no corpo, vômito e 
fraqueza. 
c) Os protozoários, após infectarem uma pessoa, provocam o rompimento de 
suas hemácias. 
d) A gravidade está diretamente relacionada com a espécie de protozoário que 
provocou a doença. 
e) O Plasmodium vivax é responsável pela forma mais grave da doença. 
Parasitologia 
 
 
62 
 
5. Os estados febris (picos de febre) que ocorrem no indivíduo com malária são 
devidos à/ao: 
a) invasão do fígado pelo plasmódio. 
b) migração dos protozoários para as zonas do cérebro que regulam a 
temperatura. 
c) aumento excessivo do pâncreas, que passa a produzir mais insulina. 
d) liberação de substância tóxica quando da ruptura simultânea de milhares 
de hemácias. 
e) reprodução sexuada do protozoário no baço do indivíduo infectado. 
 
6. Os principais mecanismos de transmissão da doença de chagas e sua 
principal forma de controle são respectivamente, exceto: 
a) Fezes e urina de barbeiros (triatomíneos) durante o hematofagismo – 
melhoria da habitação e inseticidas para combate ao vetor. 
b) Transfusão sanguínea e transplante de órgãos – identificação e seleção de 
doadores ou esterilização do sangue. 
c) Transmissão oral e coito – evitar sexo oral; utilização de preservativos. 
d) Acidentes de laboratório – Condições de segurança de trabalho. 
e) Transmissão por alimentos contaminados – hábitos de higiene. 
Parasitologia 
 
 
63 
7. A Doença de Chagas pode ser sintomática ou assintomática. A fase inicial 
aguda inicia-se através das manifestações locais quando o agente etiológico 
penetra no hospedeiro na sua forma infectante. No curso clínico crônico, os 
pacientes passam por um longo período sem sintomas (10 a 30 anos), mas podem 
com o correr do tempo apresentar comprometimento cardíaco (cardiopatia 
chagásica) ou digestivo (megaesôfago e megacólon). O principal agente etiológico 
da doença e sua forma infectante para mamíferos são, respectivamente: 
a) Triatoma infestans; forma amastigota metacíclica 
b) Trypanosoma cruzi; forma promastigota metacíclica 
c) Triatoma cruzi; forma tripomastigota metacíclica 
d) Trypanosoma cruzi; forma tripomastigota metacíclica 
e) Trypanossoma chagasi; forma epimastigota 
 
8. (UFMG) Com base nas correlações abaixo: 
1) Leishmania chagasi 
2) Trypanosoma cruzi 
3) Lutzomyia longipalpis 
4) Triatoma infestans 
5) Anopheles darlingi 
( ) agente etiológico da Doença de Chagas 
( ) vetor da Malária 
( ) agente etiológico da Leishmaniose Visceral 
( ) vetor da Leishmaniose Visceral 
( ) vetor da Doença de Chagas 
A alternativa que representa a numeração na ordem correta, de cima para 
baixo é: 
a) 2, 4, 3, 1, 5. 
b) 1, 4, 3, 5, 2. 
c) 2, 5, 1, 3, 4. 
d) 1, 5, 4, 2, 3. 
e) NBA 
Parasitologia 
 
 
64 
 
9. A doença de chagas é uma parasitose transmitida na maioria das vezes pela 
picada do barbeiro. Entretanto, existem diversas outras formas de transmissão 
menos exploradas, mas que têm importância epidemiológica. Recentemente tem 
se levantado a questão da transmissão das doenças através de alimentos como o 
açaí, o caldo de cana e outros. Em 2005, 31 pessoas foram infectadas. Veja um 
trecho da reportagem: 
“Está caracterizado que a transmissão é ingestão oral através de caldo de cana, 
ou com fezes deste barbeiro com o tripanossoma já infectado, ou até não se 
descarta a possibilidade de quando da moagem da cana tenha acontecido a 
moagem do inseto” ( O Globo, Doença de chagas assusta SC – 21/03/2005) 
Sobre a doença de chagas, responda: 
a) Qual seu agente etiológico e o vetor? 
b) Quais as medidas preventivas a serem tomadas contra essa doença? 
c) Quais as outras formas de transmissão? 
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Parasitologia 
 
 
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10. Faça um quadro comparando as três doenças estudadas nesta unidade – 
Chagas, Malária e Leishimanioses – de acordo com os critérios a seguir: 
 Doença de Chagas Malária Leishmaniose 
A
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Parasitologia 
 
 
66 
 
Parasitologia 
 
 
67 
3Parasitoses transmitidas por Água e Alimentos contaminados I: 
Protozoários 
Parasitologia 
 
 
68 
 
Nesta unidade, vamos estudar os parasitos transmitidos através da água e 
alimentos contaminados. Nestes casos particularmente observaremos a 
importância dos bons cuidados de higiene e das condições sanitárias de habitação, 
como saneamento básico e água tratada. Mãos à obra! 
 
Objetivos da unidade: 
 Identificar os parasitos e endemias; 
 Identificar as novas formas de transmissão; 
 Correlacionar a importância dos fatores ambientais com o 
desenvolvimento

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