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LACTENTE SIBILANTE Fatores anatômicos: Menor calibre de via aérea – maior resistência, maior complacência da caixa torácica, recolhimento elástico pulmonar mais eficiente, inserção horizontalizada do diafragma e maior número de glândulas mucosas. É caracterizado por uma criança < 2 anos, com sibilância contínua > 1 mês ou 3 ou mais episódios de sibilância no último ano (ou 6 meses). Fatores de risco para sibilância recorrente: Sexo masculino, prematuridade, baixo peso ao nascer, uso de O2 no período neonatal, infecção pelo VSR no 1º ano de vida, antecedente pessoal de atopia, IgE sérica aumentada, história materna de asma, doença do refluxo gastroesofágico, aspiração de conteúdo alimentar e tabagismo materno. ► Sibilo: Fluxo de ar turbulento que passa por uma via aérea estreita ou parcialmente obstruída. Pode ocorrer por redução do calibre dos brônquios por broncoespasmo, edema de mucosa, anomalia brônquica congênita ou compressão extrínseca (tumor, obstrução dinâmica ou intraluminal – corpo estranho ou excesso de secreção). QUADRO CLÍNICO Fatores desencadeantes: Infecções respiratórias virais. O paciente apresenta tosse produtiva, desconforto respiratórios, sibilos e estertores. Geralmente, por ser um quadro viral, é autolimitado, durante de 7 a 10 dias, mas pode haver recorrência. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Índice preditivo de asma Critérios maiores: Um dos pais com asma; Dermatite atópica pessoal; Critérios menores: Rinite alérgica pessoal; Sibilância por outros desencadeantes que não virais; Eosinofilia periférica maior ou igual a 4%; Índice preditivo de asma modificado Critérios maiores: Um dos pais com asma; Dermatite atópica pessoal; Sensibilização alérgica a pelo menos um aeroalérgeno; Critérios menores: Sibilância por outros desencadeantes que não virais; Eosinofilia periférica ≥4%; Sensibilização alérgica a leite, ovo ou amendoim; Exames Laboratoriais: Eosinófilos periféricos; IgE sérica total; IgE sérica específica: Dermatophagoides pteronyssinus (ácaro); Dermatophagoides farinae (ácaro); Blomia tropicalis (ácaro); Periplaneta americana (barata); Epitélios de cão e gato; Prick test – teste cutâneo de hipersensibilidade imediata; Diagnósticos diferenciais: Regurgitação e vômitos, disfagia, baixo ganho ponderoestatural, hipoxemia, alteração de ausculta cardíaca, baqueteamento digital e ausência de melhora após tratamento habitual. TRATAMENTO Crise de Sibilância: Inalação e lavagem nasal com soro fisiológico e broncodilatador de curta duração e corticoide (se grande chance de ser asmático). Tratamento de Manutenção – Evitar a recorrência das crises: Deve ser feita de acordo com a etiologia. A indicação é fatores de risco para sibilância recorrente e risco elevado de asma na idade escolar. O tratamento é baseado em corticoide inalatório. O corticoide inalatório deve ser feito com espaçador e máscara, em < 5 anos. PROFILAXIA Aleitamento materno exclusivo até 6 meses, evitar aglomerações e visitas nos primeiros 6 meses de vida, vacinação anual anti-influenza < 6 anos e uso de Palivizumabe: RNPT < 29 semanas de idade gestacional até 1 ano de idade; Lactentes < 2 anos com cardiopatia congênita com comprometimento hemodinâmico; Lactentes < 2 anos com displasia broncopulonar em tratamento com O2 suplementar, corticoide inalatório ou diurético; ASMA É a doença pulmonar crônica mais comum da infância, acometendo até 4% das crianças de 6 a 7 anos de idade. É caracterizada pela presença de sintomas respiratórios, limitação variável ao fluxo expiratório e resolução espontânea ou com medicação. A demonstração da limitação ao fluxo expiratório depende da prova de função pulmonar, como a espirometria, que é feita em crianças >6 anos de idade. É uma doença heterogênea que está, geralmente, associada a hiperresponsividade e inflamação crônica, e persistem mesmo quando o paciente está fora da crise. QUADRO CLÍNICO As crises de asma (exacerbação) são caracterizadas por tosse, perda de fôlego, opressão torácica (“elefante sentando/apertando o peito”), sibilos expiratórios que depois podem ser inspiratórios também. Ocorrem em decorrência de fatores desencadeantes, como: Infecções respiratórias virais; Exposição a irritantes ou alérgenos; Exercício; Mudança do tempo; Características clínicas que aumentam a probabilidade de asma: Presença de mais de um sintoma; Sintomas que pioram à noite ou de madrugada; Sintomas que variam com o tempo e em intensidade; Outros desencadeantes que não virais; Presença de outras atopias (dermatite atópica ou rinite alérgica); Características clínicas que reduzem a probabilidade de asma: Tosse isolada sem outros sintomas; Produção crônica de escarro; Dor torácica; Síncope, tontura ou parestesia; Dispneia induzida por esforço com inspiração ruidosa; EXAMES COMPLEMENTARES Marcadores de atopia: Eosinofilia periférica: >4% ou >500 células/mm³. Elevação IgE total. Elevação IgE sérica específica. Espirometria: Distúrbio ventilatório obstrutivo com resposta ao broncodilatador. É possível que um paciente com asma apresente uma espirometria normal. Limitação variável ao fluxo expiratório: Variabilidade diurna excessiva de PFE > 13%; Variação excessiva do VEF1 > 12% entre consultas; Melhora da função pulmonar após 4 semanas de tratamento; Teste de esforço positivo; Teste de broncoprovocação positivo; SEGUIMENTO Avaliar: Controle da asma; Técnica inalatória e aderência ao tratamento; Presença de comorbidades (rinite, obesidade, doença do refluxo, rinossinusite, etc); O controle de asma é sobre o controle dos sintomas nas últimas 4 semanas. Fatores de risco para desfechos desfavoráveis: Exacerbações: 1 exacerbação grave no ano anterior ou uso excessivo de BD de curta duração ou internação em UTI, etc. Obstrução fixa ao fluxo aéreo: Prematuridade, baixo peso ao nascer e exposição ambiental persistente (tabagismo). Efeito adverso das medicações: Uso prolongado de corticoides oral sistêmico, técnica inalatória incorreta, etc. A técnica inalatória em crianças maiores dispensa o uso da máscara, mas não do espaçador, que permite a deposição adequada da medicação nas vias aéreas menores e reduz os efeitos adversos sistêmicos. O paciente deve expelir todo o ar presente nos pulmões antes de inspirar a medicação através do espaçador. Realizar o mesmo procedimento para mais jatos. TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO Crianças 6-11 anos Etapas do tratamento Medicamentos indicados Etapa 1 Educação + controle ambiental + B2 – curta SOS Opção: baixa dose corticoide inalatório + B2 – curta SOS OU baixa dose corticoide inalatório diário Etapa 2 Adicionar medicação de controle à etapa 1: Corticoide inalatório em baixa dose diário. Opções: antagonista de leucotrieno ou baixa dose corticoide inalatório + B2- curta SOS Etapa 3 Alterar medicação: Corticoide inalatório em baixa dose + B2 – longa diário OU Corticoide inalatório em média dose diário Opção: corticoide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno Etapa 4 Encaminhar ao pneumologista pediátrico Alterar a medicação: Corticoide inalatório em média dose + B2 – longa diário Opções: corticoide inalatório em alta dose + B2- longa diário ou adicionar antagonista de leucotrieno ou tiotrópio Etapa 5 Avaliação fenotípica Adicionar à etapa 4: Anti-IgE Opções: adicionar anti-IL5 ou corticoide oral em baixa dose Adolescente ≥12 anos Etapas de tratamento Medicamentos indicados Etapa 1 Educação + controle ambiental Corticoide inalatório baixa dose + formoterol SOS Etapa 2 Adicionar medicação de controle à etapa 1: Corticoide inalatório em baixa dose diário Corticoide inalatório baixa dose + formoterol SOS Opções: antagonista de leucotrieno ou corticoide inalatório baixa dose + B2-curta SOS Etapa 3 Alterar medicação: Corticoide inalatório em baixa dose + B2 – longa diário Opções: corticoide inalatório em média dose ou corticoide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno Etapa 4 Alterar medicação: Corticoide inalatório em média dose + B2 – longa diário Opções: corticoide inalatório em alta dose ou adicionar à etapa 3: antagonista de leucotrieno ou tiotrópio Etapa 5 Encaminhar ao pneumologista pediátrico e avaliação do fenótipo Adicionar à etapa 4: Corticoide inalatório alta dose + B2-longa diário E/OU Adicionar à etapa 4: tiotrópio, anti- IgE ou anti-IL5 Opção: cortcoide oral em baixa dose Reavaliação após 2-3 meses, avaliando o controle dos sintomas para decidir se mantém ou troca a medicação. Se os sintomas se mantiverem, avaliar antes do step up: Técnica inalatória, aderência ao tratamento, comorbidades, exposição ambiental persistente e diagnóstico de asma. GRAVIDADE DA ASMA É dada de acordo com o tratamento necessário para atingir o controle clínico do paciente. Leve: Etapa 1 ou 2; Moderada: Etapa 3; Grave: Etapa 4 ou 5; Difícil controle: Sem controle clínico apesar de estar em etapa 4 ou 5; CRISE ASMÁTICA É caracterizada pelo aumento dos sintomas pulmonares, geralmente associada a um declínio da função pulmonar em resposta a um fator desencadeante ou em resposta à má aderência ao tratamento. Classificação da gravidade: Tratamento: Exacerbação leve: B2-curta inalatório 3 ciclos, de 20/20 minutos. 4 a 10 jatos. Se melhora, alta com B2- curta de 6/6h por 5 dias. Exacerbação moderada: B2-curta + ipratrópio inalatório 3 ciclos, de 20/20 minutos, associado a corticoide por via oral. Se melhora, alta com B2-curta 6/6h por 7 dias. Prednisolona VO por 5 dias. Exacerbação grave: B2-curta + ipratrópio inalatório 3 ciclos de 20/20 minutos, associado a corticoide EV ou IM e oxigenioterapia em cânula nasal ou máscara. Se melhora, internação em enfermaria com B2-curta + corticoide e desmame de oxigênio. Exacerbação quase fatal: B2-curta + ipratrópio inalatório 3 ciclos, 20/20 minutos, corticoide EV, sulfato de magnésio e ventilação não invasiva. Se melhora, internação em UTI com B2-curta + corticoide e desmame de oxigênio. Exames complementares: Raio-X de tórax: Para dúvida diagnóstica, como aspiração de corpo estranho, pneumonia, etc. Gasometria arterial: Somente em pacientes muito graves, hipoxêmicos e sem resposta ao tratamento.
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