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POLECO-Wallerstein

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Immanuel Wallerstein. World System Analysis: an Introduction. 
 
É um dos pioneiros da análise do sistema mundo. No programa, os autores estão sendo 
expostos na ordem cronológica. Essa abordagem portanto é tributária de vários autores que vimos: 
Marx, CEPAL, etc. Enfim, essa análise tem muitas influências. 
 
Cap 1. Historical origins of world-system analysis 
I) Introdução 
a. Século XIX 
i. Mercado, estado e sociedade civil 
ii. Economia, ciência política e sociologia 
1. Leis Gerais 
2. Neutralidade/Obejtividade e dados quantitativos 
b. Guerra Fria e Estudos de Área 
c. Desenvolvimento: linearidade => EUA 
Como uma análise sistemica, tem colocação diante da ciência também sistêmica-global. Uma 
das coisas que se propoe é mudar a forma como o leitor separa as ciências sociais. Ele é contra essa 
divisão, acha que isso se forma de maneira artificial. Então faz uma breve história das ciências sociais 
mostrando como elas foram se fragmentando. Chegando ao século XIX, a era do liberalismo, se tem a 
divisão entre mercado, estado e sociedade civil. Temos essa divisão até hoje, herdada desta época. 
Correspondendo ao mercado, temos a economia, em relação ao estado a ciência política e à sociedade 
civil a sociologia. Então essa divisão da sociedade em objetos acabou gerando três ciências. 
 O problema é se seria possível entender a sociedade apenas pelas partes e não o todo. Estas 
ciências seguiam o cânone positivista, tentando achar leis gerais e pleiteavam uma neutralidade – o 
cientista deveria ser neutro e o caminho para isso era quantificação, uma base empírica para suas 
constatação. Estatística e econometria se tornam processos científicos inquestionáveis que confeririam 
status de ciencia aos seus estudos. Assim se consolidam as ciencias sociais de forma fragmentada. O 
problema é que, quando se busca uma perspectiva sistemica, o estudo fragmentado não vai te servir 
muito. Então ao propor a sua teoria sistemica, tem que opor a esta forma de estudo, propondo também 
outra proposta de estudo, essa divisão analítica não serviria. 
É importante percebermos que seu título fala em análise e não teoria. Análise, 
etimologicamente é separação, compartimentação. Então em ciencias sociais é o olhar do cientista que 
vê a complexidade e vai escolher a unidade de análise mais importante para a compreensão daquele 
objeto. Para Marx, esse nível é o das classes, para o liberalismo, é o indivíduo (ou a empresa como 
indivíduo), por exemplo. Estes pensadores estão dividindo a sociedade, analiticamente traçando as 
unidades de análise que consideram importante para buscar aquilo que estão estudando. A unidade de 
análise de Wallerstein é o que chama de Sistema-Mundo. Não é “o Mundo”, mas é um todo integrado – 
é um mundo, não o mundo (ele lembra um pouco Polanyi com a coisa da sociedade). 
No século XX, retomando a trajetória, teremos a Guerra Fria, dando impulso a diversos campo, 
como o estudo ao desenvolvimento e estudos de área. Os EUA é centro de produção científica dos 
centros sociais, mas a Guerra Fria começa a penetrar todos os espaços de vida humana, sendo travada 
principalmente nas periferias. Então estes espaços antes tratados como exóticos passaram a adquirir 
uma importância estratégica para os dois pólos competitivos. Assim, o estudo de área passa a ganhar 
importância, pois é exatamente onde antes haviam lacunas que as revoluções, os golpes conservadores 
e os embates aconteciam. O desenvolvimento passa também a ter interesse forte: países 
subdesenvolvidos são sujeitos a revolução, então a idéia de desenvolver essas economias “atrasadas” 
começou a ganhar força nessa época. Novas áreas de estudos que vão surgindo de acordo com a ocasião 
e vão fragmentando o campo de estudo de acordo com a necessidade da época. Desenvolvimento 
nasceu com esta finalidade de por mesmo os EUA como referencia de desenvolvimento ao qual se tinha 
que chegar – isso tem carga ideológica muito forte. Este olhar que se projeta para fora então é 
profundamente influenciado pela Guerra Fria. 
II) Debates que influencciaram a criação da análise sistema-mundo 
a. Centro/Periferia 
b. Debate sobre a transição do feudalismo para o capitalismo 
c. História Total (“Annales”) 
i. Braudel 
1. Critica a história dos “acontecimentos” 
2. Tempo estrutural: longa duração 
3. Conceito de economia mundo 
Neste período também ocorreram vários debates importantes, que influenciaram a noção de 
sistema-mundo. Talvez a unica fragmentação que o sistema-mundo se permita é a entre 
centro/periferia, aqui sendo o autor bastante influenciado pela CEPAL. Há neste momento também 
debate sobre a transição do feudalismo para o capitalismo, entre Sweezy e Dobb, que discutem essa 
transição. Dobb era mais marxista, vê que o surgimento do capitalismo como uma dinâmicas internas, 
na Inglaterra, que tinham levado ao capitalismo. Sweezy já priorizava uma visão de constituição do 
capitalismo no século XVI como internacional e a importância desta faceta para seu desenvolvimento. 
Numa perspectiva sistemica, a colocação de que o capitalismo é internacional é muito importante – 
Sweezy portanto tem posição importante para a teoria. 
A história que estudamos é metodologicamente tida como a mais básica e conservadora que 
tem – estudamos os grandes acontecimentos e guerras. Chegamos muito próximos da importância da 
liderança. O estudo da história era assim, até o século XX, mas na França há reação contra o estudo 
apenas dos grandes acontecimentos – era necessário estudar a sociedade como o todo. Aqui surgem a 
histórias da vida privada, uma tentativa de história total, onde o que parecia ser importante na verdade 
não são as únicas coisas importantes. Se aproximar do cotidiano passa a ser importante tambem, se 
chegando a um estudo total da história. Isso influencia Braudel, que escreve sobre o mediterraneo uma 
história total. Ele tratou do mediterrâneo – uma região definida pela conexão e não por suas fronteiras. 
A história dos grandes eventos ele chama de dos “acontecimentos” – era a superfície e ele buscava 
então entender o que estava acontecendo mais a fundo na sociedade, os mecanismos que despontavam 
nestes acontecimentos. 
Ele adota o conceito de longa-duração, tendo isso em vista. O maior defeito do pensamento 
estrutural, seu ponto mais vulnerável é não considerar a capacidade de agência dos atores dentro da 
estrutura. Tenta-se entender muito mais os limites, aquilo que não mudaria, mas na verdade as coisas 
mudam, não explica mudança. Mas existe história longa que permite perceber essas mudanças graduais 
– essa é a longa-duraçào de Braudel. São tempo de mudanças que existem – há mudanças mais rápidas 
no plano mais superficial dos “acontecimentos”, mas também aquelas mais graduais, mas sempre há 
mudança, sempre há história. Então o objetivo da longa-duração é ter um olhar, uma estrutura, que 
enxergue mudanças. 
Há ainda outro conceito muito importante, o de economia-mundo. Análogo ao sistema-mundo, 
não é a economia mundial, é espaço economico integrado que pode, se for dentro de nosso sistema de 
estados modernos, ultrapassar fronteiras, interligado pela DIT. Essa economia-mundo vai mudando. 
Poderia ter sido formada por um império, por exemplo, mas essas economias-mundo até o advento do 
capitalismo sempre estiveram em funçao desta construção política. No capitalismo apenas que a 
economia-mundo passa a ter uma duração temporal longa. A economia-mundo como conceito chave 
tem longa-duração a partir do advento do capitalismo. Então temos que a economia-mundo hoje 
corresponde com o mundo, mas isso é coincidência histórica. O capitalismo foi evoluindo de forma tal 
que a economia mundo capitalista foi se super pondo ao mundo-planeta. 
III) Análise Sistema-Mundo 
a. Sistema-mundo (definição) -> Economia-mundo e divisão internacional do trabalho 
b. Unidade de Análise: Sistema-mundo x Estado 
c. Centro/Periferia: conceito relacionali. Centro: Processo de produção onde impera o monopólio 
ii. Periferia: concorrência atomizada 
d. Unidisciplinar: não é multidisciplinar 
e. Sistema-mundo moderno e capitalismo 
i. Longa duração 
f. Capitalismo: acumulação de capital infinita 
g. “O capitalismo é anti-mercado” 
Então no início da década de 70 é pioneiro em constituir os primeiros elementos da análise de 
sistema-mundo, elecandos aqui. O que integra o mundo é a divisão internacional do trabalho, na 
economia-mundo. Aqui entra a questão da unidade de análise: o estado não é relevante como unidade 
de análise para o autor, por isso a visão sistemica e a importancia da divisão centro/periferia. O que 
éimportante é a integração destas duas partes onde impera a DIT – isso que dá a cola desta economia-
mundo capitalista, neste sistema-mundo moderno, dando-lhe unidade como objeto, sendo interessante 
estudar o sistema como um todo. 
Wallerstein aceita integralmente o conceito centro/periferia e implicações. É relacional – não dá 
para se definir um sem o outro, são profundamente interrelacionados e é necessária a comparação para 
se entender o que cada um é. No centro, o processo de produção é monopólio, como vimos na aula 
sobre falência do processo liberal, na deteriorização dos termos da troca. Na periferia, a concorrência 
seria atomizada e daí viria a prevalência do centro, onde estaria o poder de estabelecimento dos preços. 
O processo de troca seria então desvantajoso para as periferias. Então há perspectiva crítica do sistema 
mundo, que ele herda do pensamento cepalino. A estrutura do capitalismo tenderia ao monopólio, mas 
na prática, o oligopólio é o que surge (para margem de lucro ser maior). 
Vendo o sistema como um todo, Wallerstein diz que essa perspectiva não é multi nem inter-
disciplinar, ela é unidisciplinar. Não existem múltiplas disciplinas, há um olhar global do objeto, não se 
podem criar disciplinas isoladas. Ou se tem compreensão global de tudo ou não tem. Ele é radical nesse 
ponto. 
Capitalismo para ele é sistema de acumulação infinta, não tem a ver com pagar salários ou 
funcionar em mercados. O que diferencia esse sistema dos outros é processo infinito de acumulação de 
capital. Por que ele teria essa abordagem? Como tem visão sistêmica, o capitalismo é fenômeno global, 
a acumulação incessante empurra o capitalismo para o internacional, mas há outro aspecto que casa 
direitinho com esta definição de capitalismo, a idéia de longa-duração. Um sistema de acumulaçõa 
infinita tende a durar muito mais do que outras, sustentadas pelas composições políticas, como 
impérios, que colavam as partes. Na maior parte das vezes, as economias-mundos se desintegravam 
quando estes impérios se desintegravam. Como o capitalismo almeja a acumulação infinita, vai ter uma 
longa-duração. 
Por fim, ser o capitalismo anti-mercado pois é anti-concorrência, tendendo ao oligopólio. Então 
na verdade não seria pró concorrência perfeita. Faz com que o mercado funcione mais como um cartel, 
um grande clube, no sistema oligopolizado. 
O essencial é a questão da unidade de análise, bebe um pouco nos cepalinos, em marx e no 
historicismo de franceses. 
 
Resumo feito por Ana Paula Pellegrino 
IRischool 2011.2

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