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Vitória Nobrega Alvarenga Amebíase Introdução AGENTE ETIOLÓGICO: Entamoeba histolytica PREVALÊNCIA: zonas tropicais e subtropicais, onde a população é carente e apresenta baixo nível de saneamento. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 7 dias até anos, mas mais comumente 2-4 semanas. CLASSIFICAÇÃO: • Entamoeba com cistos contendo oito núcleos – GRUPO COLI: E. coli (homem); E. muris (roedores); E. gallinarum (aves domésticas). • Entamoeba de cistos com quatro núcleos – GRUPO HYSTOLYTICA: E. histolytica (homem), E. díspar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e répteis), E. moshkoviskii (vida livre). • Entamoeba de cisto de um núcleo: E. polecki (porco, macaco e humanos), E. suis (porco) • Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gengibalis (humanos e macacos). As entamoebas já vivem no nosso intestino frosso, porem, a E. histolytica é a única que pode ser patogênica. Esta entamoeba é o agente causador da colite amebiana e de todas as formas da amebíase extra intestinal, sendo responsável pelo acometimento de 10% da população mundial. Ela habita o intestino grosso, o fígado, o cérebro, os pulmões e a pele. Transmissão, ciclo evolutivo e patogenia - TRANSMISSÃO: FECAL-ORAL, sexual (anal e oral) e por equipamentos de lavagem intestinal contaminados. 0 desencistamento ocorre no intestino delgado (I.D), sendo que os trofozoítos liberados migram para o intestino grosso (I.G), onde utilizam receptores de Gal/GalNAc, presentes na membrana do trofozoítos, para aderirem à mucina do cólon e colonizarem o órgão. Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária e estes sofrem o processo de encistamento, originando novos cistos que serão eliminados nas fezes. Devido à proteção conferida por sua parede, os cistos conseguem sobreviver por dias/semanas no meio ambiente. Já os trofozoítos podem ser eliminados em fezes diarreicas, mas são rapidamente destruídos no meio externo e, se ingeridos, não sobrevivem às enzimas digestivas. Para serem eliminados na forma de cistos, os trofozoítos se arredondam (pré-cisto), reduzem seu metabolismo e começam a sintetizar a parede cística. O núcleo sofre divisões múltiplas, podendo dar origem a até 4 novos núcleos, que são resultados de duas divisões sucessivas. Na forma não invasiva, os trofozoítos permanecem confinados no lúmen intestinal dos portadores assintomáticos, que eliminam os cistos em suas fezes. Já na forma invasiva, os trofozoítos invadem a mucosa intestinal. As células do epitélio intestinal morrem quando entram em contato com os trofozoítos, sendo que essa destruição produz mediadores inflamatórios que atraem neutrófilos e macrófagos para a região da infecção. A transmigração dos neutrófilos para a superfície luminal cria canais que facilitam a invasão do parasito. E, quando os neutrófilos entram em contato com os trofozoítos, muitos são mortos, liberando mediadores que causam mais estragos às células epiteliais intestinais adjacentes. Os macrófagos liberam outros mediadores que contribuem para o desenvolvimento da inflamação. Os trofozoítos que invadem a mucosa se multiplicam ativamente no interior das úlceras e, através da corrente sanguínea, atingem outros órgãos como fígado, pulmão e encéfalo, causando doença extra- intestinal. FATORES DE RISCO LIGADOS AO HOSPEDEIRO: localização geográfica, sexo, idade, resposta imune, estado nutricional, dieta, alcoolismo, clima e hábitos sexuais. Manifestações clínicas - Amebíase intestinal: • Forma diarreica: duas a quatro evacuações, diarreicas ou não, por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes contendo muco. Pode haver desconforto abdominal ou cólicas. Peristaltismo aumentado, possível dor em hipocôndrio direito. • Forma disentérica (colites amebianas): modo agudo, acompanhada de muco ou de sangue, cólicas intensas, tenesmo, náuseas, vômitos, podendo haver calafrios e febre. Oito a dez evacuações por dia. Nos casos mais graves, essas evacuações podem ser mucossanguinolentas, com febre elevada e persistente, prostração, dor abdominal e grave desidratação. No exame físico, pode-se encontrar distensão abdominal, hepatomegalia, sinais de irritação peritoneal (abdômen agudo). Paciente pode evoluir para sepse. • Amebomas • Apendicite amebiana Vitória Nobrega Alvarenga • Complicações e sequelas: perfuração, peritonites, hemorragia, invaginação, colites pós-disentéricas e estenoses - Amebíase extraintestinal: qualquer lugar fora do intestino, sendo o abscesso amebiano do fígado a forma mais comum de amebíase extraintestinal • Amebíase hepática: o Aguda não supurativa o Abscesso hepático ou necrose coliquativa: dor em quadrante superior direito do abdome, febre intermitente e irregular, com calafrio ou não, além de anorexia e perda de peso e hepatomegalia. o Complicações do abscesso hepático: ruptura, infecção bacteriana e propagação para outros órgãos • Amebíase cutânea: 2/3 dos casos ocorrem em órgãos genitais e rosto, o resto ocorre na região glútea ou na parede abdominal. • Amebíase em outros órgãos, como pulmão, cérebro baço, rim, entre outros. o Amebíase cerebral: simulam abscessos piogênicos ou são completamente inespecíficas, possuindo um desfecho fatal. Diagnóstico - Clínico e parasitológico - Retossigmoidoscopia - ABSCESSO HEPÁTICO: além da tríade de dor, hepatomegalia e febre, pode-se fazer o diagnóstico por raio X, cintilografia, ultrassonografia e TC. - LABORATORIAL: feito com fezes, soros e exsudatos. • Detecção da resposta de anticorpos ao parasito no soro do paciente e por métodos moleculares • Fezes tem como objetivo identificar trofozoítos ou cistos. - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS: disenteria bacilar, salmoneloses, síndrome do cólon irritado e esquistossomose. Tratamento - AMEBICIDAS DA LUZ INTESTINAL – DICLORACETAMIDAS: Teclosan, Furamida ou furoato de diloxamida e clefamida. - AMEBICIDAS DA LUZ INTESTINAL E TECIDOS – NITROIMIDAZÓIS: Metronidazol, tinidazol, ornidazol e nimorazol (nitrimidazina). Ameba Comedora de Cérebro - AG. ETIOLÓGICO: Naegleria fowleri - Os trofozoítos podem ser encontrados em poças, lagos, córregos e em piscinas aquecidas não tratadas devidamente. Podem crescer em aquecedores de água em temperaturas até 46 graus e sobrevive por curtos períodos em temperaturas mais elevadas, porém, não vive em água salgada. - Infecção da ameba oportunista via nasal, conseguindo atingir o SNC e chegar ao cérebro. - SINTOMAS: meningoencefalite. • Primeiro sintoma é mudança no olfato e no paladar • Depois: cefaleia, pescoço duro, sensibilidade à luz, enjoo e vômito, confusão, sonolência e convulsão. - Infecção progride rapidamente, podendo evoluir ao óbito em 10 dias. - Diagnóstico feito por punção lombar e análise de LCR, além de biópsia do cérebro. - Tratamento: miltefosina + um ou mais dos seguintes medicamentos: anfotericina B, rifampicina, fluconazol, azitromicina.
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