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PSICOLOGIA Luciana Rydz Pires Revisão técnica: Caroline Bastos Capaverde Graduada em Psicologia Especialista em Psicoterapia Psicanalítica Alexsander Canaparro da Silva Mestre em Administração Pós-Graduado em Marketing e em Comércio Exterior e Negócios Internacionais Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 P974 Psicologia / Luciana Rydz Pires... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Capaverde, Alexsander Canaparro da Silva.] – Porto Alegre : SAGAH, 2018. 188 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-373-4 1. Psicologia. 2. Consumidores - comportamento. I. Pires, Luciana Rydz. CDU 159.9.019.4 Psicologia_Book.indb 2 15/03/2018 15:44:46 U N I D A D E 4 Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os aspectos que envolvem a aprendizagem no que se refere ao consumo. Reconhecer as influências motivacionais sobre as ações do sujeito ao consumir. Identificar relações entre necessidades, desejos, emoção, ação, instinto e o comportamento do consumidor. Introdução Neste capítulo, você conhecerá os aspectos que envolvem a aprendizagem no contexto do comportamento do consumidor. Para tal, estudará as teorias motivacionais que influenciaram e continuam influenciando as ações dos indivíduos ao consumir, além de conseguir identificar quais são as relações existentes entre as necessidades, os desejos e perceber as influências das emoções e dos instintos na ação do comportamento do consumidor. A aprendizagem no comportamento de consumo O estudo sobre o comportamento do consumidor tem como objetivo conhecer as infl uências que podem interferir no ato de consumo nos indivíduos. Na Psicologia_Book.indb 135 15/03/2018 15:45:20 esaito Retângulo esaito Retângulo literatura, diversos autores falam sobre as infl uências internas e externas na tomada de decisão (SOLOMON, 2002; KOTLER; KELLER, 2006). Dentre esses fatores, Solomon (2016) acredita que o consumidor sofre infl uências culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Neste capítulo, dedicaremos aten- ção à compreensão da aprendizagem, que se enquadra dentro dos aspectos psicológicos como parte das infl uências internas. A aprendizagem é um dos mais importantes processos do comportamento humano, tendo em vista que tudo o que se conhece foi aprendido um dia por meio de vivências, experiências (KOTLER, 1998). O ato de consumir também passou por esse processo de aprendizagem nos indivíduos; como a aprendizagem é um processo contínuo, está em constante mudança, já que somos expostos a novos estímulos e feedbacks que nos permitem modificar o comportamento em situações semelhantes (SOLOMON, 2016). Existem diversas teorias que explicam a aprendizagem, mas a compreensão da Teoria da Aprendizagem Comportamental e da Teoria da Aprendizagem Cognitiva ajudará a entender melhor o comportamento do consumidor. Teoria da Aprendizagem Comportamental A Teoria da Aprendizagem Comportamental se divide basicamente em duas outras: o condicionamento clássico e o condicionamento operante. O condicionamento clássico se dá quando um estímulo que desencadeia uma resposta é pareado a outro estímulo neutro (não provoca nenhuma resposta); após diversas repetições, o estímulo inicialmente neutro passa a dar a mesma resposta do estímulo eliciador. Esse condicionamento é também chamado de estímulo-resposta ( ) e foi demonstrado na experiência de Ivan Pavlov feita com cães (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). O conceito de condicionamento clássico envolve associação com algum tipo de estímulo que ocorre naturalmente. Aqui, o sujeito é passivo e a resposta é involuntária e automática, envolvendo sempre um elemento neutro. De uma forma prática, segundo Solomon (2016), o condicionamento clássico se aplica a respostas controladas pelo sistema autônomo (salivação, por exemplo) e nervoso (como o piscar de olhos), concentrando-se em pistas visuais e olfativas que provocam fome, sede, excitação sexual e outros impulsos básicos; quando essas pistas são emparelhadas com estímulos condicionados como nomes de marcas, consumidores aprendem a sentir fome, sede, excitação ao serem posteriormente expostos às pistas oferecidas por essas marcas. É importante saber que a repetição aumenta a força de associações estímulo-resposta (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Percebe-se a utilização dessa estratégia em algumas propagandas que repetem seus slogans até o ponto em que eles ficam gravados em nossa mente. Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto136 Psicologia_Book.indb 136 15/03/2018 15:45:21 As pessoas reagem a estímulos semelhantes de uma maneira parecida com o estímulo original. Isso é explicado por meio do conceito de generalização, que é o fenômeno em que estímulos parecidos com estímulos condicionados também eliciam a resposta condicionada. Na prática, percebemos que alguns produtos novos são muito semelhantes aos de marca reconhecida quando olhamos para a prateleira dos supermercados. Isso faz com que o consumidor acredite que o produto novo pode compartilhar características do produto original (SOLOMON, 2016). Já os fabricantes de marcas consolidadas vão na contramão da generalização e recomendam aos consumidores que não comprem as outras marcas, tendo em vista que elas não apresentam os mesmos resultados. Essa estratégia utiliza o conceito de discriminação de estímulos, quer dizer, quando um estímulo semelhante a um estímulo condicionado não é seguido de um estímulo não condicionado (SOLOMON, 2016). No condicionamento operante, a aprendizagem acontece por meio das consequências, ou seja, o indivíduo aprende a desempenhar comportamentos que produzem resultados positivos, evitando os que desencadeiam resultados negativos (SOLOMON, 2016). Assim, o condicionamento operante ocorre quando o indivíduo recebe uma recompensa (reforço) pelo comportamento desejado, abandonando comportamentos não reforçados. A aprendizagem por condicionamento operante ocorre de meio de: Reforço positivo: quando um estímulo agradável é apresentado depois de um comportamento desejado; tem como objetivo aumentar a frequência desse comportamento. Um exemplo seria um elogio à roupa de uma pessoa, que pode fazer com que a pessoa obtenha o efeito desejado, usando essa roupa mais vezes. Reforço negativo: quando um evento desagradável é removido após um comportamento desejado. Esse reforço também aumenta a frequência do comportamento. Um exemplo disso seria uma propaganda de perfumes mostrando uma mulher em casa, sozinha, no sábado à noite, porque não usou seu perfume. Punição: quando uma resposta é acompanhada de eventos indesejados, como, por exemplo, ser ridicularizado por usar determinado produto, o que faz com que o indivíduo não o utilize novamente. Quando não há mais reforço para uma relação aprendida entre o estímulo e a resposta aprendida, ocorre a extinção. No processo de aprendizagem do consumidor, o indivíduo recebe um impulso (estímulo forte que encoraja a ação); junto a esses estímulos, vêm as pistas (através de anúncios, pro- 137Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Psicologia_Book.indb 137 15/03/2018 15:45:21 pagandas), que orientam a escolha de respostas, as quais são dependentes das experiências vividas anteriormente pelo indivíduo, sempre orientando a satisfação do impulso (AMORIM; GARRÁN, 2006). Por fim, surge o reforço ou a punição, como descrito anteriormente, fazendo o indivíduo aumentar a frequência do comportamento, nos casos de reforço, ou diminuir a frequência do comportamento, no caso de punição. Sobre a questão de aprendizagem a respeito de marcas, a fidelidade pode ser entendida como reforço, já que implica menor esforço, e, consequentemente, menor risco. Além disso, pode ocorrer por envolvimento afetivo-psicológico, quando o indivíduo é sensívelao julgamento de familiares e/ou grupos de referência. Por fim, as estratégias de marketing que “ensinam” o consumidor a ser fiel à marca e ao produto, oferecendo promoções e brindes (AMORIM; GARRÁN, 2006). Teoria da Aprendizagem Cognitiva Essa teoria compreende o indivíduo como solucionador de problemas e utiliza o mundo ao seu redor para ajudá-lo (SOLOMON, 2016). Enfatiza os processos mentais internos na aprendizagem, ou seja, sujeito e objeto interagem em um processo que resulta na construção e na reconstrução de estruturas cogni- tivas. Acredita-se, também, que os indivíduos aprendem de forma indireta, de modo que o processo de aprendizagem ocorre por meio da observação de outras pessoas e dos reforços dos comportamentos que elas recebem. Dessa forma, o indivíduo guarda na memória a experiência observada para posterior utilização no caso de passar pela mesma situação e querer o mesmo tipo de reforço. Segundo Solomon (2016), existem quatro condições para a aprendi- zagem por observação. Atenção: o consumidor se concentra no comportamento de um modelo; Retenção: o consumidor retém o comportamento na memória; Processo de produção: o consumidor tem habilidade para realizar o comportamento; Motivação: existe situação útil para a realização do comportamento; Aprendizagem observacional: o consumidor realiza o comportamento demonstrado pelo modelo. A aprendizagem por observação é a maior contribuição da Teoria da Apren- dizagem Cognitiva: implica que não precisamos passar por todos os processos de aquisição de conhecimento por meio de condicionamento operante, reforços Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto138 Psicologia_Book.indb 138 15/03/2018 15:45:21 e punição. Essa teoria, chamada de aprendizagem vicariante, mostra que podemos aprender com a observação desses processos nos outros indivíduos, observando as consequências do comportamento dos outros. Além disso, a aprendizagem vicariante ajuda muito as empresas na hora de venderem seus produtos, já que não precisam recompensar seus clientes de forma direta na hora da compra, isto é, eles podem demonstrar o que ocorre com modelos desejáveis que utilizam, ou não, seus produtos, já que é sabido que seus clientes estarão motivados a imitar esses atos no futuro (SOLOMON, 2016). A memória tem papel fundamental na aprendizagem, já que representa um processo de aquisição e armazenamento de informações ao longo do tempo para que ela possa estar disponível para ser acessada. Os estudos recentes sobre a memória explicam seu funcionamento por meio de um computador, no qual os dados são inseridos, processados e liberados em estados diferentes de sua condição original (SOLOMON, 2016). Assim, existe um estágio em que o conteúdo é reconhecido, chamado de codificação. Posteriormente, esse conteúdo é integrado às informações que já existem na memória, estágio chamado de armazenamento. Cada vez que um indivíduo necessita daquela informação, ela pode ser, então, recuperada. Essas informações podem vir à nossa mente também por meio de pistas. Os profissionais do marketing, desse modo, trabalham exatamente com essas pistas na hora de incentivar o consumidor a gravar em suas memórias as pistas referentes àqueles produtos desejados, fazendo com que essas pistas possam ajudar o consumidor em uma decisão de compra futura (SOLOMON, 2016). As influências motivacionais sobre as ações do sujeito ao consumir O estudo da motivação e do comportamento procura responder as questões sobre a natureza humana. Um dos primeiros a reconhecer a importância da motivação subconsciente foi Sigmund Freud. Acreditando que as pessoas nem sempre estão conscientes do que querem, Freud concluiu que boa parte do comportamento é ditada por motivos ou necessidades subconscientes. As pesquisas de Freud convenceram-no de que se podia estabelecer uma analogia entre a motivação da maioria das pessoas e a estrutura de um iceberg. Um segmento considerável da motivação encontra-se de tal modo oculto que nem sempre é evidente para o próprio indivíduo, sendo vista claramente apenas uma pequena parte, a parte consciente (HERSEY; BLANCHARD, 2005). Assim, as forças psicológicas reais que moldam o comportamento das pessoas são 139Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Psicologia_Book.indb 139 15/03/2018 15:45:21 inconscientes. Dessa forma, as pesquisas conduzidas com base nessa teoria levam a hipóteses interessantes: um exemplo seria o ato de fumar cigarros, que estaria ligado a uma versão adulta de chupar o dedo. Um dos precursores do desenvolvimento de estudos sobre a motivação nos consumidores foi Ernest Dichter, que, em 1940, começou a utilizar as técnicas psicanalíticas freudianas para revelar as motivações ocultas e inconscientes dos consumidores. Essa metodologia, então, passou a ser chamada de pesquisa motivacional (MARTINS 2006). Dichter estudava os motivos que levavam as pessoas a consumirem e, por isso, foi considerado o fundador da pesquisa motivacional. Em suas pesquisas, identificou as principais motivações para o consumo e os produtos associados a elas (SOLOMON, 2016): Poder/masculinidade/virilidade: em relação ao poder – produtos adocicados e fartos cafés da manhã, boliche, trens elétricos, carros, ferramentas elétricas; sobre a masculinidade/virilidade – café, carne vermelha, sapatos pesados, etc. Segurança: sorvete (para se sentir novamente como uma criança amada), parede (proteção), comida feita em casa, cuidado hospitalar, etc. Erotismo: doces (para lamber), luvas (uma mulher tirando-as como forma de se despir), etc. Pureza, moral, limpeza: pão branco, tecido de algodão, produtos fortes de limpeza, banho, mingau de aveia, etc. Aceitação social: companhia – sorvete para compartilhar alegria, café; amor e afeição – brinquedos (amor por crianças), açúcar, mel (expressar palavras de afeto); aceitação – sabonete, produto de beleza. Individualidade: comidas finas, carros importados, vodca, perfume, etc. Status: uísque (pessoa tem emprego estressante e importante), tapetes. Feminilidade: bolo, boneca, chá, seda. Recompensa: cigarro, doces, bebidas alcoólicas. Domínio do ambiente: barcos, artigos esportivos. Desalienação (desejo de sentir-se conectado): decoração de casa, esqui. Mágica/mistério: sopas, tintas, desembrulhar presentes. Naquela época, essa pesquisa era importante porque os gerentes precisavam de informações que pudessem auxiliá-los a influenciar os consumidores. Sendo assim, as pesquisas de mercado se concentravam em “o que” e “por que” os consumidores faziam o que faziam. Usavam entrevistas e técnicas projetivas a fim de estudar estados conscientes e inconscientes. Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto140 Psicologia_Book.indb 140 15/03/2018 15:45:21 Outro estudo sobre a motivação foi desenvolvido por Herzberg, que de- senvolveu a teoria dos dois fatores, os satisfatórios e os insatisfatórios. Para o autor, devemos evitar aqueles fatores que nos trariam a insatisfação e identificar os fatores que nos causam a satisfação (KOTLER; KELLER, 2006). Assim, nessa teoria, a motivação pode ser descrita como a força motriz interna dos indivíduos que o levam a agir, ou seja, um estado de tensão produz essa força, que existe em função de uma necessidade não satisfeita, seja ela consciente ou inconsciente (SCHIFFMAN; KANUK, 2000) – o objetivo é o alívio dessa tensão. Assim, o marketing teria de descobrir quais são as principais influências motivadoras dos consumidores a fim de criar estratégias para satisfazer as necessidades dos consumidores. Motivação é o estado alterado de uma pessoa que a conduz a um com- portamento voltado a um objetivo (MOWEN; MINOR, 2003). Inicialmente, o estímulo, seja ele interno ao indivíduo, como sede, fome ou externo, por meio influência da propaganda, da família, impulsiona o reconhecimentode uma necessidade, de um sentimento ou desejo que conduz o indivíduo a um comportamento. Assim, à medida que o indivíduo percebe uma discrepân- cia entre a condição real e a desejada, surge uma necessidade (MARTINS, 2006). Dessa maneira, o processo de motivação é iniciado por meio de uma necessidade, motivo, impulso ou excitação, gerando tensão e produzindo a ação do indivíduo, com o objetivo de satisfazer as suas necessidades. Porém, a obtenção de satisfação vai depender de alguns fatores, já que passa pela cognição, pela aprendizagem e pelo comportamento do indivíduo para tornar a ação possível de ser realizada. Caso essa ação seja impossível de ser rea- lizada, um novo ciclo de motivação será iniciado (MARTINS, 2006). Essa excitação que inicia a motivação pode ser autônoma (sentida fisiologicamente), emotiva ou ainda cognitiva, de acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001 apud MARTINS, 2006). No processo de motivação existem motivos de aproximação e de evita- ção. Os motivos de aproximação se caracterizam pelo desejo de atingir o objetivo, que é buscado, desejado. Já o de evitação se caracteriza pelo desejo de proteção do objeto (MARTINS, 2006). Alguns psicólogos falam sobre forças positivas e negativas a respeito das motivações, interpretando como positivas as necessidades, os desejos, as vontades; e como negativas o medo, as frustrações, as aversões (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Para os mesmos autores, como a ação e os objetivos dos consumidores seguem com base nos processos de pensamento ou cognição e uma aprendizagem anterior, a maioria das empresas que fazem uso da teoria motivacional tentam influenciar os processos cognitivos dos seus consumidores (MARTINS, 2006). 141Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Psicologia_Book.indb 141 15/03/2018 15:45:21 As relações entre necessidades, desejos, emoção, ação, instinto e o comportamento do consumidor A pesquisa motivacional foi desenvolvida em função da mudança que houve na relação de demanda e oferta ao longo dos anos, tendo em vista que os indivíduos passaram a escolher os produtos entre tantos outros que estavam disponíveis. Por esse motivo, as empresas começaram a desenvolver produtos que estavam de acordo com os desejos dos consumidores. Assim, a indústria passou por três ciclos a respeito das necessidades, de acordo com Martins (2006): Orientação para a produção: as indústrias produziam produtos e acreditavam que as pessoas certamente os comprariam, a exemplo de Henry Ford. Orientação para o produto: as empresas focavam na constante melho- ria da qualidade de seus produtos, ou seja, estavam focando no produto, em vez de nas necessidades dos clientes. Orientação para as vendas: as empresas têm uma ênfase maior nas vendas de produtos cuja produção foi decidida por ela. No estudo sobre as necessidades dos consumidores, surgiu a teoria da motivação de Maslow. Segundo essa teoria, os desejos e as necessidades são organizados em prioridades e hierarquias, conforme a Figura 1. Dessa forma, eles seriam organizados partindo dos mais fundamentais até os menos impor- tantes, determinando condições necessárias para que os indivíduos atinjam a satisfação. O primeiro nível seria o das necessidades fisiológicas (fome, sede); depois, viria a necessidade de segurança (física e psíquica); em seguida, as necessidades afetivas (relacionamentos); no quarto nível, encontraríamos a necessidade de status e estima (apreciação e reconhecimento); por último, o nível de autorrealização (satisfação, criatividade). Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto142 Psicologia_Book.indb 142 15/03/2018 15:45:22 Figura 1. Níveis de necessidades. Fonte: adaptada de Andreasi (2011). É inegável que enquanto alguns consumidores experimentam necessidades de ordem primária, fisiológicas e de segurança – como vestuário, alimentação, saúde –, não tendo recursos para atendê-las, outros indivíduos que já supri- ram todas essas necessidades básicas estão buscando fontes diferentes, que lhes proporcionem experiências ainda não vivenciadas. Além disso, hoje, o consumo está relacionado também ao status, à afirmação de personalidade e diferenciação do outro, acarretando reconhecimento pessoal (AMORIM; GARRÁN, 2006). 143Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Psicologia_Book.indb 143 15/03/2018 15:45:22 Segundo Mantello (2012), na interface entre psicologia, publicidade e consumo, a escala de Maslow compreende oito desejos ou necessidades básicas nos quais o consumo se concentra: alimentação e bebidas; conforto, casa e vestuário; liberação de ameaças e perigos; necessidade de ser superior, de ter status; atração por parceiros sexuais; bem-estar da família; consideração social; vida longa e saúde. As características individuais de personalidade também podem determinar um padrão de comportamento. Essas características pessoais determinariam a percepção do ambiente, influenciando, dessa maneira, a motivação (MAN- TELLO, 2012). No início da revolução industrial, acreditava-se que as necessidades poderiam ser criadas para o consumo dos indivíduos, mas, atualmente, entende-se que as necessidades ou desejos já existem e que a qualquer momento elas podem ser despertadas. Sabe-se que algumas necessidades são inatas ou aprendidas: de acordo com Martins (2006), as necessidades inatas podem ser classificadas como biogênicas – necessidade fisiológica de manutenção da vida –, que têm como exemplo a sede, a fome, abrigo, trabalho e são consideradas necessidades primárias, fazem parte no nosso instinto. Segundo o mesmo autor, as necessidades aprendidas podem ser categorizadas como psicogênicas (necessidade de interação com a sociedade ou cultura), utilitárias (satisfação de um bem adquirido), hedônicas (alegria, autoconfiança, fantasia decorrentes da aquisição de produto ou sua utilização). Todas essas necessidades aprendidas podem ser descritas como necessidades secundárias. Uma inovação que fez com que as empresas se tornassem mais lucrativas ocorreu por meio de estratégias de marketing que começaram a vender “so- nhos” aos seus consumidores e não produtos, atingindo a emoção do cliente. Só assim as empresas puderam chegar a um ponto no qual o consumidor não conseguisse resistir aos apelos sensoriais do produto a ser oferecido (AMORIM; GARRÁN, 2006). Uma das mais importantes lições que a neurociência nos forneceu é a noção de que o comportamento humano na tomada de decisão Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto144 Psicologia_Book.indb 144 15/03/2018 15:45:22 não é simples e que aspectos emocionais têm papel relevante na formulação de decisões e julgamentos. A emoção é uma avaliação subjetiva cujo sentimento nos ajuda na tomada de decisão (ESPINOZA; NIQUE, 2003). Dela, fazem parte diversos proces- sos biológicos que afetam os indivíduos como um todo. Toda emoção pode gerar comportamento e mesmo um não comportamento é uma resposta de emoção (GAZZANIGA, 2009). Dessa forma, as emoções aparecem como um componente essencial do comportamento: são responsáveis por influenciar julgamentos e decisões, assim como fazem os pensamentos, mas são menos controláveis. Assim, é muito importante para o profissional do marketing saber quais emoções aparecem no contexto do consumo, a fim de que possa promover ações de forma a incitar o consumidor às respostas desejadas, pois as emoções têm grande influência na tomada de decisão do consumidor, na hora da ação em si (ESPINOZA; NIQUE, 2003). Além disso, os aspectos emocionais têm papel importante não apenas na percepção das alternativas de compra, mas também nas preferências de produtos e marcas; enfim, no processo de escolha como um todo. 1. Quais são as teorias da aprendizagem mais utilizadas para entender o comportamento do consumidor? a) Teoria da Aprendizagem Psicanalíticae Teoria da Aprendizagem Cognitiva. b) Teoria da Aprendizagem Rogeriana e Teoria da Aprendizagem Comportamental. c) Teoria da Aprendizagem Rogeriana e Teoria da Aprendizagem Psicanalítica. d) Teoria da Aprendizagem Comportamental e Teoria da Aprendizagem Cognitiva. e) Teoria da Aprendizagem Rogeriana e Teoria da Aprendizagem Cognitiva. 2. Quais são os principais conceitos de aprendizagem na Teoria de Aprendizagem Comportamental? a) Condicionamento operante: se aplica a respostas controladas pelo sistema autônomo (salivação, por exemplo) e nervoso (como o piscar de olhos). b) Reforço positivo: quando é apresentado um estímulo agradável depois de um comportamento desejado, tem como objetivo aumentar a frequência deste comportamento. c) Punição: quando é removido um evento desagradável após um comportamento desejado. 145Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto Psicologia_Book.indb 145 15/03/2018 15:45:23 d) Condicionamento clássico: a aprendizagem acontece por meio das consequências. e) Reforço negativo: ocorre quando uma resposta é acompanhada de eventos indesejados. 3. De acordo com as influências motivacionais, o que diz a teoria de Maslow sobre o comportamento do consumidor? a) Afirma que as pessoas nem sempre estão conscientes do que querem, e boa parte do seu comportamento é ditada por motivos ou necessidades subconscientes. Faz analogia a um iceberg. b) Nas suas pesquisas, identificou principais razões para o consumo relacionadas a alguns produtos associados, como a recompensa, a pureza, etc. c) Usa técnicas freudianas para revelar as motivações ocultas. d) Fala sobre a teoria dos fatores satisfatórios e insatisfatórios. e) Acredita que os desejos e as necessidades estão organizados por prioridades de necessidades. 4. Segundo Mantello (2012), na interface entre psicologia, publicidade e consumo, a escala de Maslow compreende oito desejos ou necessidades básicas nos quais o consumo se concentra. Quais são eles? a) Alimentação e bebidas; conforto, casa e vestuário; liberação de ameaças e perigos; necessidade de ser superior, de possuir status; atração por parceiros sexuais; bem- estar da família; consideração social; vida longa e saúde. b) Alimentação e bebidas; conforto, casa e vestuário; liberação de ameaças e perigos; necessidade de ser superior, de possuir status; atração por parceiros sexuais; viajar. c) Alimentação e bebidas; conforto, casa e vestuário; liberação de ameaças e perigos; necessidade de ser superior, de possuir status; viajar; bem- estar da família; consideração social; vida longa e saúde. d) Necessidade de ser superior, de possuir status; atração por parceiros sexuais; bem-estar da família; consideração social; vida longa e saúde; ser feliz. e) Alimentação e bebidas; ser feliz; conforto, casa e vestuário; liberação de ameaças e perigos; necessidade de ser superior, de possuir status; atração por parceiros sexuais; bem- estar da família; consideração social; vida longa e saúde. 5. O que podemos dizer sobre as necessidades ou desejos secundários no comportamento do consumidor? a) São classificadas como biogênicas. b) Fazem parte do nosso instinto. c) São necessidades aprendidas. d) São relativas às necessidades fisiológicas de manutenção da vida. e) São consideradas primárias. Aprendizagem e motivação: necessidades, desejos, emoção, ação e instinto146 Psicologia_Book.indb 146 15/03/2018 15:45:24 AMORIM, M. C. S.; GARRÁN, V. G. Aprendizagem do consumidor: o desafio de des- pertar a atenção e conquistar o domínio emocional do cliente. Revista de Negócios, Blumenau, v. 11, n. 1, 2006. Disponível em: <http://proxy.furb.br/ojs/index.php/rn/ article/view/235>. Acesso em: 08 mar. 2018. ANDREASI, D. Consumismo x pirâmide de Maslow: uma outra visão da teoria. [S.l.]: Jovem Administrador, 2011. Disponível em: <http://jovemadministrador.com.br/ consumismo--x-piramide-de-maslow-uma-outra-visao-da-teoria/>. Acesso em: 10 jan. 2018. ESPINOZA, F.; NIQUE, W. 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Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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