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Comportamento do Consumidor Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Vagner Novaes Tranche Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Comportamento de Compra do Consumidor • O Desenvolvimento dos Estudos do Comportamento do Consumidor e suas Aplicações no Marketing; • Tipologias de Consumidor; • Os Mercados e as Possibilidades de Segmentação; • Publicidade, Propaganda e o Comportamento do Consumidor; • Variáveis Sociológicas e Psicossociológicas e Variáveis Individuais. • Compreender como são aplicados os estudos de comportamento do consumidor no ferramental de marketing; • Conhecer os mercados e as possibilidades de segmentação; • Estudar as categorias de consumidores e a infl uência da Publicidade e Propaganda no processo de decisão de compra; • Compreender as variáveis sociológicas e psicossociológicas, bem como as variáveis indivi- duais utilizadas para explicar o comportamento do consumidor. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Comportamento de Compra do Consumidor Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor O Desenvolvimento dos Estudos do Comportamento do Consumidor e suas Aplicações no Marketing Atualmente pesquisas e mais pesquisas são realizadas para compreender o com- portamento do consumidor. As empresas apropriam-se desses estudos para traçar caminhos persuasivos e atrair novos compradores para os seus produtos, porém é uma tarefa árdua, pois os clientes possuem gostos e características diferentes. Então o que fazer para atraí-los? Um estudo mais aprofundado dos tipos de clien- tes que permeiam o mercado faz–se necessário para que as empresas se adaptem melhor a cada perfil identificado, criando estratégias de consumo adequadas a cada público reconhecido. Por outro lado, os consumidores estão mais atentos aos apelos publicitários e acreditam que podem ficar imunes às ações de marketing. No entanto, em vários momentos as nossas decisões são influenciadas por aspectos emocionais, ou seja, praticadas de maneira inconsciente e, nem sempre, verbalizada. René Descartes, conhecido como um dos pensadores mais influentes da filosofia moderna, já dizia “Penso, logo existo”. Isso deu aos indivíduos a ideia de que eles estão no comando de suas ações. Por outro lado, algumas correntes de pensamento afirmam que o ser humano é mais emoção e intui- ção do que razão, logo suas emoções estarão presentes quando praticar um ato de compra. Figura 1 – Retrato de René Descartes, por Frans Hals Fonte: Wikimedia Commons René Descartes foi um pensador francês que durante o século XVII tornou-se conhecido por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, obtendo também reconhecimento na matemática. Contribuiu ainda para a chamada “Revolução Científica”, inaugurando o racio- nalismo na idade moderna. Ex pl or Para as empresas é necessário repensar a maneira com qual se relacionam com os consumidores. Algumas escolas se preocuparam em explicar esse comporta- mento através da observação da sociedade a partir de teorias desenvolvidas em várias áreas do conhecimento. 8 9 Os economistas foram os primeiros a se preocupar com o reconhecimento da ação de compra com base na razão lógica. A linha de pensamento desses pesqui- sadores consistia em avaliar os produtos de primeira necessidade, ou seja, trigo, sal, vinho etc. Para eles, a produção era mais importante que o consumo, logo o que se comprava e consumia era uma prioridade e escolha do cliente. Esta escola foi bastante criticada por outras linhas de pensamento, pois defendia a ideia de que o consumidor era capaz de conhecer suas escolhas por qualquer compra (ou o conjunto delas) e atender às suas necessidades, isto é, ao depara-se com dois produtos, o consumidor saberia de pronto qual deles preferiria ou se era indiferente a ambos. Para os economistas, o consumidor tinha consciência da sua necessidade e das mercadorias que poderiam satisfazê-lo. Não foi à toa que os profissionais de marketing recusaram a abordagem eco- nômica como modelo a ser seguido do comportamento do consumidor, pois as hipóteses lançadas não davam conta de explicar o real ato de consumir. Apesar de a escola dos economistas não ter obtido sucesso em suas teorias, outros fundamentos seguiram a partir dali e passaram a estudar as motivações dos indivíduos. Estudar os estímulos do cliente é importantíssimo para a estratégia mercadoló- gica das empresas, pois o objetivo é justamente aumentar a venda do produto ou serviço, logo o trabalho feito sobre as motivações despertará os desejos e levará consumidor a satisfazer suas necessidades de base. Figura 2 – É preciso entender as motivações de compra do consumidor Fonte: iStock/GettyImages Teorias da Motivação Eliane Karsaklian (2004) afirma que a motivação é algo que não pode ser di- retamente observado e, por essa razão, infere-se a existência de motivações pela observação do comportamento. Logo, para que o consumidor se sinta motivado a comprar algo, ele precisa de um “pretexto” para tal. Por exemplo, uma pessoa 9 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor determinada a comprar um alimento, tem como pretexto a sua fome. A motivação é algo que foge a uma definição única e fácil de explicar, pois ela pode ser interna, movida por uma fome, ou externa, movida por desejos. Vários estudiosos, de diferentes escolas, tentaram entender e elucidar as motiva- ções que orientam o comportamento humano. Vejamos, logo abaixo, algumas das teorias mais conceituadas e utilizadas no estudo do comportamento do consumidor. Teoria Behaviorista O behaviorismo é uma escola que nasceu nos séculos XIX e XX e que tinha por objetivo um estudo único e exclusivo do homem através da observação. Iniciado por John B. Watson (1878-1958), e seguido por outros estudiosos, como Hull e Skinner, tem suas teorias utilizadas até os dias atuais. Para seus estudiosos, a mo- tivação tem caráter apenas impulsivo, já que as respostas aos estímulos seriam automáticas e motivadas pelo meio social. Watson acreditava que a psicologia não pre- cisava estudar os processos internos dos indi- víduos, mas sim o comportamento humano, pois atravésde reforços positivos era possível controlar as suas ações, logo, qualquer alteração no meio ambiente, pode- ria alterar ou provocar sinais de comportamento social. Teoria Cognitivista A teoria cognitivista teve como precursor Kurt Lewin (1890-1947). Ele foi o psicólogo que deixou a herança mais importante para o movimento das ciências do comportamento. Para ele não há uma relação estímulo-resposta, como defendiam os behavioristas. Lewin acre- ditava que era por meio das percepções, pen- samentos e raciocínio, valores e crenças que atingíamos o fim esperado, ou seja, que alcan- çávamos nossos objetivos. O resultado, desse modo, dependia tanto das escolhas conscientes dos indivíduos, como do meio social, sobre o qual a pessoa não tem controle, mas que exer- ce poder sobre ela. Assim, o indivíduo pressu- põe os efeitos desse comportamento, pois teve embasamento em suas próprias experiências. Figura 4 – Kurt Lewin Fonte: Wikimedia Commons Figura 3 – Thomas John Watson Fonte: Wikimedia Commons 10 11 Teoria Psicanalista A teoria psicanalista é fruto dos es- tudos de Sigmund Freud (1856-1939), considerado o pai da psicanálise e o pri- meiro a estudar o inconsciente humano. Ele acreditava que o comportamento humano é determinado essencialmente pela motivação inconsciente e pelos im- pulsos instintivos, a saber: os instintos de vida, responsáveis pela auto conservação, como a fome e o sexo; e o instinto de morte, responsável por comportamentos devastadores, como, por exemplo, quan- do para se alimentar o indivíduo precisa destruir alimento – para comer carne, an- tes é preciso abater o animal. Figura 5 – Sigmund Schlomo Freud Fonte: Wikimedia Commons Freud estudou medicina e especializou-se em neurologia. Ele dividiu a psique em id, ego e superego que são, respectivamente, o inconsciente, o consciente e o controle. O inconsciente é a base do indivíduo, quem de fato é. O consciente é questão moral e cultural que influencia esse ser. O controle é uma intermediação entre o id e o ego. A teoria de Freud foi alvo de muitas críticas, pois para outros pensadores não ha- via como se provar empiricamente tal conceito. No entanto, o valor do pensamento da motivação inconsciente, nos dias atuais, é amplamente reconhecido. Empiricamente - que se fundamenta na experiência prática, opondo-se à teórica. Ex pl or O marketing e a publicidade sofreram forte influência dessa teoria, tanto no nível de ideias, quanto no dos métodos. No âmbito comercial, a colaboração foi enfatizar a dimensão simbólica e não somente do consumo. De acordo com a teoria, não se adquire uma mercadoria por aquilo que ela faz, mas também pelo que ela representa. A partir dos estudos de Freud, a publicidade elaborou técnicas de estudos moti- vacionais. Uma dessas pesquisas se fundamentou em entrevistar alguns consumi- dores em potenciais, a fim de observar os comportamentos dos clientes através de objetos, jogos de palavras, histórias para completar etc. Os artigos eram oferecidos às pessoas que escolhiam aleatoriamente, mas o que elas não sabiam é que cada item tinha um significado. Os estudos obtiveram resultados interessantes e auxilia- ram a publicidade a criar motivações de consumo para oferecer seus produtos. 11 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Na campanha desenvolvida no ano de 2013, para a linha de produtos de higiene e beleza da marca Dove, os criativos utilizaram uma linguagem que fazia o consumidor refletir sobre os simbolismos impostos pela sociedade e a beleza real que existe em cada indivíduo. Em uma sala vazia, algumas mulheres foram convidadas a fazer sua autodescrição para um profissional do FBI, especialista em autorretratos. A imagem que elas faziam de si era totalmente diferente da forma com que os outros as obser- vavam. A peça nos leva a refletir que a verdadeira beleza está na forma de pensar, de agir, ou seja, na atitude de cada um, e não nos padrões impostos pela sociedade. Acesse o link: https://youtu.be/Il0nz0LHbcM e conheça a campanha Dove Retratos da Beleza Real.Ex pl or Teoria Humanista A teoria humanista defende o pensamento de que o homem não se limita à sua fisiologia, respondendo assim a estímulos-respostas, mas sim ao ser humano que tem consciência do mundo que o cerca. Para os humanistas, o homem é movido pelas necessidades internas e externas que podem ser fisiológicas ou psicológicas. Um dos principais pesquisadores sobre a teoria humanista foi o americano Abraham Maslow (1908-1970). Ele confiava na predisposição individual da pessoa para se tornar autorrealizadora, sendo este o ponto mais alto da vida humana. Figura 6 – Abraham Harold Maslow Fonte: Wikimedia Commons Segundo Maslow, as necessidades do ser humano sempre partem das coisas mais essenciais para a sua sobrevivência e bem-estar, das necessidades fisiológicas, como beber, comer, dormir. Passa pela questão de segurança, estabilidade financeira, so- cial, proteção, ordem. Invade as necessidades sociais como amor, amizade, aceitação. A necessidade de estima é o aspecto que envolve o reconhecimento social, pres- tígio, afeição e, por fim, a autorrealização, nível mais alto da pirâmide, que se resu- me na realização enquanto ser humano ou ser social em todos os demais estágios apresentados anteriormente, ou seja, este último estágio só é alcançado quando todos os demais forem satisfeitos plenamente. 12 13 Figura 7 – Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Wikimedia Commons A todo momento, o público consumidor em geral, é motivado a adquirir algo. Os profissionais de propaganda muitas vezes analisam as necessidades básicas do target de determinado produto e desenvolvem mensagens para estimular a acei- tação desse artigo no mercado. O que se busca é o motivo da compra. Entendemos por motivo todo e qualquer estímulo que possa fazer com que o con- sumidor real ou potencial se sinta à vontade para o ato da compra ou simplesmente se interesse pelo produto ou serviço anunciado. Tipologias de Consumidor Uma pesquisa realizada no ano 2003 pela ABA – Associação Brasileira de Anunciantes1, apontou que mudanças em termos do comportamento do consu- midor foram ocasionadas pela redução de renda dos brasileiros. Essa diminuição de renda gerou automaticamente uma insegurança em massa. Além de se obser- var as mudanças de consumo geradas pelos compradores, a pesquisa evidenciou uma tipologia do consumidor brasileiro. Segue os tipos destacados: Os liberais: correspondem à 10% das pessoas pesquisadas. Tem como características a ambição. São competitivos e dinâmicos; valo- rizam o dinheiro e gostam de estar no comando, pois sonham alto e almejam vencer. Os sonhadores: 12% das pessoas pesquisadas se enquadram neste perfil. São menos determinados a ganhar dinheiro e tem o foco voltado para a busca da felicidade pessoal, também sonham com o consumo de determinados produtos, no entanto, buscam a realização afetiva, pois querem sentir-se atraentes e felizes. Consomem o conteúdo da mídia. 1 Adaptado de KARSAKLIAN, E. Comportamento do Consumidor. 2. ed. Sao Paulo: Atlas, 2004. 13 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Os ideológicos: representam 12% dos entrevistados. Eles combatem a corrupção e defendem a importância da educação, são humanitários e defendem a família. Possuem um inconformismo com a discrimina- ção e defendem as minorias, além disso, valorizam o brasileiro. Os batalhadores: correspondem à 14% dos pesquisados. São consu- midores que almejam uma vida confortável e estabilidade financeira, lutam contra exclusão, são otimistas, pois confiam em sua capacidade de sobreviver. Os retraídos: representados por 13% dos respondentes. São desmoti- vados e inseguros para enfrentar a vida, expõem-se pouco. A agressivi- dade do mercado de trabalho e o custo de vida os assustam. Os conservadores: 12% dos entrevistados possuem este perfil. Eles têm uma visão pessimista da situação econômica. Também têm medo de perder sua identidade.Os transgressivos: São representados por 15% do público pesquisa- do. São rebeldes, desafiam valores conservadores e defendem o direito de ser o que são. Têm perfil saudosista da política. Os progressistas: 12% dos entrevistados estão neste perfil. Valorizam a evolução através do estudo, do mérito e da competência. São pesso- as competitivas e éticas, além disso, acreditam que perante a instabili- dade econômica, a renda feminina faz a diferença. Para as empresas, esse estudo direciona o perfil de cada cliente e auxilia na adaptação dos perfis identificados, pois um produto “X” pode ser aceito por deter- minado grupo e rejeitado por outro. Assim, a instituição garante um atendimento diferenciado a cada tipo de consumidor e direciona a sua argumentação e persua- são especifica a cada mídia aplicada. Os Mercados e as Possibilidades de Segmentação Como já vimos na unidade anterior, mercado pode ser definido como o conjunto de consumidores reais e potenciais de um produto, serviço ou ideia. Quando temos a intenção de trabalhar um público específico que demonstra interesse pelo artigo comerciado, trabalhamos com a chamada segmentação de mercado. A segmentação nada mais é que a identificação de um grupo de indivíduos num mercado diversificado, em outras palavras, heterogêneo. A partir de preferências semelhantes e padrões de consumo, define-se o tipo de público para o qual o artigo será direcionado e, no ponto de vista de investimentos da comunicação, evita-se desperdício de dinheiro em ações pouco eficientes. 14 15 A segmentação de mercado é uma estratégia eficiente do marketing que carrega consigo muitos dos conhecimentos adquiridos a partir da observação do compor- tamento do consumidor. É possível segmentar o mercado em pequenos grupos. Figura 8 – A segmentação de mercado é uma estratégia eficiente do marketing Fonte: iStock/GettyImages De maneira geral, os segmentos são defi nidos a partir de: a) Aspectos demográfi cos: O público alvo é escolhido por características de consumo da população. Pode ser defi nido por gênero, idade, rendimento etc. b) Aspectos geográfi cos: O público alvo é escolhido por localização. Pode ser um país, um estado, uma cidade, uma região, um bairro etc. c) Aspectos psicográfi cos: Relacionado ao comportamento, estilo de vida e personalidade do consumidor. d) Comportamental: Classifi ca o público de acordo com a sua atitude em relação ao ato de comprar. É o critério de segmentação mais relacionado ao comportamento do con- sumidor. Leva em consideração questões como as ocasiões em que o indivíduo realiza a compra de determinado bem ou serviço, vantagens e benefícios procurados, formas de uso e, acima de tudo, atitudes que o motivam à compra. Ex pl or Publicidade, Propaganda e o Comportamento do Consumidor Como já vimos, a função da publicidade e propaganda é promover produtos, serviços e ideias, estimulando o consumo e gerando expectativas de satisfação por parte do público consumidor. Isso não é uma tarefa fácil, haja vista os diversos fatores que podem influenciar as decisões de compra e definir os hábitos de consumo dos diferentes tipos de pú- blico. Veja as imagens a seguir: 15 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Figura 9 – Perfis de consumo Fonte: Adaptado de iStock Nelas observamos jovens que aparentam ter a mesma idade, entre 18 e 22 anos. Apesar da faixa de idade indicar um fator comum, estes jovens não possuem necessariamente os mesmos interesses. Seus hábitos de consumo, suas escolhas e estilos de vida podem ser bem diferentes. É possível explicar essas diferenças? Quais são as facetas do consumidor e como a propaganda pode afetar as suas decisões? O profissional de publicidade e propaganda deve procurar entender o consumi- dor e o caminho para alcançar este objetivo, que começa a ser traçado nas análises de pesquisas e dados primários e secundários. Conhecer o perfil do consumidor é essencial para falar a mesma língua na ação publicitária. De acordo com Gióia (2010), para conhecer o consumidor é preciso obter infor- mações de quatro importantes áreas: demográficas, comportamento de consumo, atitudes e processo de compra. No quadro a seguir você encontrará as característi- cas avaliadas em cada uma dessas áreas. Tabela 1 Características demográficas do Consumidor Comportamentos de consumo Comportamentos de Compra Utilização de mídias Atitudes Processo de compra • Número de pessoas; • Localização geográfica; • Distribuição de Renda; • Sexo; • Idade; • Grau de instrução. • Quem, quando, onde e como consome. • Quem, quando, onde e como compra. • Onde procura informação? • Hábitos de leitura; • Mídias que utiliza ou prestigia. • Conhecimento que o consumidor tem de uma marca; • Lembrança da Marca; • Satisfação com produtos da marca. • Motivações; • Envolvimento; • Critérios de escolha. Fonte: Adaptado de GIÓIA, Luciano Fundamentos de marketing: conceitos básicos. 3.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 37 O comportamento do consumidor pode ser explicado com base em variáveis que são divididas em sociológicas e psicossociologias e variáveis individuais. 16 17 Variáveis Sociológicas e Psicossociológicas e Variáveis Individuais As variáveis sociológicas e psicossociológicas e as variáveis individuais represen- tam processos físicos, psicológicos e sociológicos que influenciam no comporta- mento do consumidor. A figura a seguir indica o processo de decisão de compra do consumidor a partir destas variáveis: Variáveis Individuais • Demográ�cas; • Apredizagem; • Motivação e emoção; • Atitudes; • Personalidade; • Estilo de vida. Variáveis sociológicas e psicossociológicas: • In�uência da família; • In�uência do grupo; • Classes sociais; • Cultura. Atividade de marketing e outras in�uências situacionais Processo de decisão de compra do consumidor Figura 10 – Variáveis que infl uenciam o comportamento do consumidor Fonte: Adaptado de iStock As Variáveis Individuais De acordo com Gióia (2010), “o comportamento do consumidor é influenciado pelas características individuais do ser humano oriundas tanto da genética quanto da personalidade” São características particulares, exclusivas de cada consumidor. Tais origens gené- ticas como tom de pele, peso, tipo de cabelos etc. Vamos conhecê-las uma a uma. Demográfi cas As variáveis demográficas como etnia, gênero, idade, localização ajudam a expli- car algumas necessidades que podem ser exploradas na propaganda e no tipo de abordagem do público para o qual a campanha será destinada. 17 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Na campanha do produto #tôdecacho, a marca de cosméticos Salon Line tra- balhou o conceito de que o tipo de cabelo não é uma tendência, e sim um estilo de vida. Apresentam uma peça para cada tipo de cabelo. Figura 11 – Peça produzida para a campanha do produto #todecacho Fonte: Divulgação Figura 12 – Peça produzida para a campanha do produto #todecacho Fonte: Divulgação Assista ao comercial da campanha #todecacho: https://youtu.be/mX-Lxf7pjsA Ex pl or Percepção e Aprendizagem Todo produto ou serviço deve chamar a atenção do público de alguma forma. Quando o consumidor utiliza um ou vários sentidos para reconhecer, selecionar, organizar e interpretar determinadas informações que recebe no meio ambiente, dizemos que esta informação foi percebida. Exemplo: O consumidor pode perceber a existência de uma saborosa pipoca em uma rede de cinemas a partir de alguns estímulos: 18 19 • Pela lembrança de um jingle de rádio; • Pelo filme comercial que apresenta a pipoca da rede de cinemas; • Pela lembrança de uma expe- riência de consumo anterior; • Pelo aroma do produto que domina a sala de cinema. Figura 13 – Cinema e Pipoca: combinação perfeita Fonte: iStock/GettyImages Aqui você confere a peça comercial desenvolvida para a pipoca da rede de cinemas Cinemark: https://youtu.be/2k3TZe7x_uAEx pl or Quando o produto é percebido, pode gerar o impulsode compra, contudo, em alguns casos é preciso estimular e ensinar o consumo para o público. É o caso de marcas pouco conhecidas que estimulam a experiência de seu produto em meio à concorrência de marcas já conceituadas. Exemplo: O refrigerante feito de guaraná que lança uma peça comercial que apresenta um mascote visualmente parecido com a sua embalagem PET e uma música que repete incessantemente a marca do refrigerante, fazendo com que o consumidor real ou potencial guarde a mensagem em sua mente e tenha o interes- se de, ao menos, experimentar o produto nos pontos de venda. Há outras formas de “ensinar” o consumidor a adquirir um produto: por meio de programas de fidelização e benefícios, promoções e promoções de venda etc. Elas condicionam o público a consumidor em troca de algo. O Processo de Compra envolve Confl itos Emocionais e Racionais A emoção envolve reações fisiológicas, comportamentais e até mesmo cogni- tivas (de aprendizado) desencadeadas por diversos estímulos externos. A razão, muitas vezes, impede o impulso da compra. Exemplo Uma peça publicitária informa como o consumidor pode ser feliz ao adquirir um imóvel residencial. O consumidor tem a necessidade de oferecer para ele e sua família a segurança de um lar, uma moradia ampla e confortável. Essa necessidade, a partir do estimulo publicitário, se torna um desejo de compra. 19 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Figura 14 – Sonho da casa própria Fonte: iStock/GettyImages Ao analisar a situação de maneira racional, o consumidor sabe que entrará em uma grande dívida e logo desiste da compra. Razão ou atitude é a predisposição adquirida pela experiência para responder a alguma coisa de forma favorável ou desfavorável. Personalidade De acordo com Gióia (2010), personalidade é o modo como o indivíduo respon- de ao ambiente em que vive, de maneira que siga um padrão repetido e consciente de comportamento. Variáveis Psicossociológicas e Sociológicas Incluem todas as influências resultantes de interação interpessoal, seja a família ou a sociedade, em que o consumidor está inserido. • Família: grupo de pessoas selecionadas entre si por laços de sangue, casa- mento ou união estável; • Classe social: grupos de pessoas definidos por renda e nível de instrução; • Cultura: Refere-se aos hábitos e elementos que ajudam os indivíduos a se re- conhecerem como membros de um determinado grupo O processo de decisão de compra segundo Gióia (2010) é influenciado por mo- tivações internas, pressões sociais e mesmo pela ação de marketing. Na próxima unidade vamos conhecer mais algumas teorias que ligam a área da publicidade e propaganda à psicologia do consumidor. Estudaremos o que motiva o consumidor a comprar um bem tangível ou intangível e compreenderemos os conceitos de percepção, atitude de compra e a influência da personalidade no pro- cesso de consumo. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Sebrae O site apresenta algumas dicas para entender o comportamento dos consumidores. https://goo.gl/46GqYX Livros Comportamento do consumidor, capítulo 1 – O consumidor no divã (páginas 18 a 38) Para que você possa conhecer um pouco mais sobre alguns conceitos tratados nesta unidade e aprofundar seus conhecimentos sobre as teorias e escolas estudadas, leia o capítulo 1 da obra de Eliane Karsaklian. O livro está disponível eletronicamente na Biblioteca Virtual da Universidade Cruzeiro do Sul. Acesse Minha Biblioteca no menu lateral do blackboard e digite o nome do livro no filtro de busca. Vídeos Documentário “O Jovem Dr. Freud” Produção do canal History Channel Brasil que conta a biografia do psicanalista Sigmund Freud. https://youtu.be/KLaDMl7rz28 Leitura Pirâmide de Maslow: O que é, Conceito e Definição Artigo publicado pelo SBCOACHING – Sociedade Brasileira de Coaching. https://goo.gl/KnVLwt 21 UNIDADE Comportamento de Compra do Consumidor Referências CHETOCHINE, Georges. O blues do consumidor: por que seu cliente não está satisfeito. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. GIGLIO, Ernesto Michelangelo. O comportamento do consumidor. 4.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. (livro eletrônico) GIOIA, Ricardo Marcelo. Fundamentos de marketing: conceitos básicos. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. (livro eletrônico) HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. HOYER, Wayne D. Comportamento do consumidor. São Paulo: Cengage Learning, 2012. (livro eletrônico) KARSAKLIAN, E. Comportamento do Consumidor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MERLO, Edgard Monforte, CERIBELI, Harrison B. Comportamento do Consumidor. LTC, 11/2013. SAMARA, B. S; MORSCH, M, A. Comportamento do Consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. (livro eletrônico) SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 9.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. (livro eletrônico) SCHWERINER, Mário Ernesto Rene. Comportamento do consumidor: identifi- cando desejos e supérfluos essenciais. São Paulo: Saraiva, 2008. 22
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