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Fundamentos da Educação Especial Aspectos Históricos, Legais e Filosóficos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Natalia Mendonça Conti Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Célia Regina da Silva Rocha Plano Nacional de Educação e a Educação Especial • O Programa Nacional de Educação (PNE); • As Metas; • Organização da Educação Especial a partir da Meta 4; • Diagnóstico da Educação Especial Brasileira. • Debater a importância do Plano Nacional de Educação e seu vínculo com a construção democrática; • Apresentar as metas do Plano; • Entender a meta para educação especial; • Apresentar as estratégias necessárias para sua realização; • Promover um diagnóstico das práticas da educação especial atual. OBJETIVO DE APRENDIZADO Plano Nacional de Educação e a Educação Especial Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial O Programa Nacional de Educação (PNE) Apresentação Em onze de dezembro de dois mil e nove, a “Emenda Constitucional nº 59/2009 (EC nº 59/2009) mudou a condição do Plano Nacional de Educação (PNE), que passou de uma disposição transitória da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional (Lei nº 9.394/1996), para uma exigência constitucional com periodicidade decenal, o que significa que planos plurianuais devem tomá-lo como referência. O plano também passou a ser considerado o articulador do Sistema Nacional de Educação, com previsão do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para o seu financiamento. Portanto, o PNE deve ser a base para a elaboração dos planos estaduais, distrital e municipais, que, ao serem aprovados em lei, devem prever recursos orçamentários para a sua execução” (MEC\SASE, 2014, p.5)1. Depois de passar pelo Congresso Nacional e ser decretada como tal, a Emenda Constitucional foi sancionada como lei pela Presidenta Dilma Rousseff em vinte e cinco de junho de dois mil e quatorze. Com o sancionamento e as garantias econô- micas de sua viabilização concreta, o Plano Nacional de Educação (PNE) projetou vinte metas para o campo da educação, a serem firmadas e cumpridas nos próxi- mos dez anos, a começar do ano de dois mil e quatorze. Segundo documento produzido pelo Ministério da Educação em parceria com a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino: “O texto contextualiza cada uma das 20 metas nacionais com uma análise es- pecífica, mostrando suas inter-relações com a política pública mais ampla e um quadro com sugestões para aprofundamento da temática. Além disso, traz as con- cepções e proposições da Conferência Nacional de Educação (CONAE 2010) para a construção de planos de educação como políticas de Estado, recuperando delibe- rações desse evento que se articulam especialmente ao esforço de implementação de um novo PNE e à instituição do SNE como processos fundamentais à melhoria e organicidade da educação nacional.” Ou seja, o sancionamento do PNE nos moldes como foi feito revela a importân- cia decisiva do Estado Brasileiro com agente de fomento da educação brasileira e, também, como seu regulador legal. E que para tanto, é necessária a articulação do Estado, e mais especificamente do Ministério da Educação com todas as instâncias competentes que constituem a federação brasileira. Nesse sentido, o esforço é o de integração pautado por uma política pública que valorize e incentive a conexão das múltiplas esferas do sistema de ensino nacional. E para que essas metas possam ser concretizadas, é preciso que o financiamento seja garantido, nesse sentido a previsão de uma alíquota do percentual do PIB para 1 Informações recolhidas no material, produzido pelo Ministério da Educação em parceria com a Secretaria de Articu- lação com os Sistemas de Ensino, disponível em: < https://bit.ly/1tdckZX >. Acesso em: 13/11/2018. 8 9 esse fim representa um grande avanço, um passo importante para a viabilização do PNE. Mas o desafio de vincular esses recursos à um padrão nacional de qualidade ainda é necessário, posto que a desigualdade de condições de acesso e estrutura da sociedade brasileira, combinada com os abalos sistemáticos às instituições, à de- mocracia, e políticas de cortes de verbas para áreas sociais, representa um perigo à viabilidade do PNE e do avanço da educação brasileira. A Constituição Federal de 1988 defi ne, em seu Capítulo III (Seção I, Da Educação), os papéis de cada ente federativo no cenário da garantia do direito à educação. Em resumo: Conhe- cendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação, à União cabe organizar o sistema federal de ensino, fi nanciar as instituições de ensino federais e exercer, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, para garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e fi nanceira aos es- tados, ao Distrito Federal e aos municípios. Os municípios devem atuar, prioritariamente, no ensino fundamental e na educação infantil; os estados e o Distrito Federal, prioritariamente, nos ensinos fundamental e médio (art. 211, §§ 1º, 2º e 3º). Ex pl or Retirado do site do Ministério da Educação disponível em: < https://bit.ly/1tdckZX >. Acesso em: 13/11/2018. As Metas • Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cen- to) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. • Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a popu- lação de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. • Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento). • Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos comdeficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. • Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental. 9 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial • Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquen- ta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos(as) alunos(as) da educação básica. • Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e moda- lidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio. • Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no úl- timo ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). • Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e redu- zir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. • Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional. • Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível mé- dio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cen- to) da expansão no segmento público. • Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público. • Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sis- tema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. • Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores. • Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tra- tam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezem- bro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educa- ção básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. 10 11 • Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e ga- rantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextu- alizações dos sistemas de ensino. • Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE. • Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. • Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. • Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma a atin- gir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio. Sobre a meta 4 1. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2008) está disponível em: https://bit.ly/20BktZT 2. Resoluções da Câmara de Educação Básica e do Pleno Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre educação especial estão disponíveis no endereço: https://bit.ly/2D1AGEF 3. As publicações do Ministério da Educação (MEC) sobre educação especial na perspectiva da educação inclusiva estão disponíveis em: https://bit.ly/2jiBN5F Mais informações podem ser encontradas no endereço eletrônico: https://bit.ly/2H62HyL Ex pl or Retirado do site do Ministério da Educação disponível em: < https://bit.ly/1tdckZX >. Acesso em: 13/11/2018. Organização da Educação Especial a partir da Meta 4 A meta de número quatro trabalha especificamente em relação à educação es- pecial, tratando a redução das desigualdades e a valorização da diversidade como princípios fundamentais para o processo de equidade tão importante para o desen- volvimento democrático. 11 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial Como vem sendo trabalhado nestas unidades, a educação especial é uma con- quista da democracia e dos direitos humanos e aposta na inclusão especializada e qualificada das pessoas com necessidades especiais. Um dos marcos fundamentais para a implementação legal desse processo é a “Constituição Federal de 1988, no inciso III do art. 208, e definido pelo art. 2º do Decreto nº 7.611/2011. Segundo o disposto na LDB (Lei nº 9.394/1996), a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, havendo, quando necessário, serviços de apoio especializado (art. 58).” (MEC\SASE, 2014, p.24). Além da própria constituição, vários tratados, encontros, leis e ações vêm sen- do discutidos e implementados nas últimas décadas para a viabilização do avanço da educação especial, pelo viés democrático. E para que essas políticas públicas e práticas educacionais se aperfeiçoem, é necessário um plano estratégico. O Obser- vatório do PNE separou 19 estratégias para a concretização da meta 4. São elas: • 4.1. contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Manutenção e Desen- volvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educa- ção (Fundeb), as matrículas dos(as) estudantes da educação regular da rede pública que recebam atendimento educacional especializado complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na educação especial oferecida em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público e com atu- ação exclusiva na modalidade, nos termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007; • 4.2. promover, no prazo de vigência deste PNE, a universalização do atendi- mento escolarà demanda manifesta pelas famílias de crianças de zero a três anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi- lidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional; • 4.3. implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e fo- mentar a formação continuada de professores e professoras para o atendi- mento educacional especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas; • 4.4. garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos mul- tifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conve- niados, nas formas complementar e suplementar, a todos(as) alunos(as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su- perdotação, matriculados na rede pública de educação básica, conforme ne- cessidade identificada por meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno; • 4.5. estimular a criação de centros multidisciplinares de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições acadêmicas e integrados por profis- sionais das áreas de saúde, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos(as) professores da educação básica com os(as) alunos(as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; 12 13 • 4.6. manter e ampliar programas suplementares que promovam a acessibili- dade nas instituições públicas, para garantir o acesso e a permanência dos(as) alunos(as) com deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de transporte acessível e da disponibilização de material didático próprio e de re- cursos de tecnologia assistiva, assegurando, ainda, no contexto escolar, em to- das as etapas, níveis e modalidades de ensino, a identificação dos(as) alunos(as) com altas habilidades ou superdotação; • 4.7. garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, aos(às) alunos(as) surdos e com deficiência auditiva de zero a dezessete anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên- cia, bem como a adoção do sistema braile de leitura para cegos e surdos-cegos; • 4.8. garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino re- gular sob alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o atendimento educacional especializado; • 4.9. fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola e ao atendimento educacional especializado, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos(as) alunos(as) com deficiência, juntamente com o combate às situações de discriminação, preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de condições adequadas para o sucesso educacional, em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e à juventude; • 4.10. fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos, equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vis- tas à promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das condições de acessibilidade dos(as) estudantes com deficiência, transtornos globais do desen- volvimento e altas habilidades ou superdotação; • 4.11. promover o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares para sub- sidiar a formulação de políticas públicas intersetoriais que atendam as especi- ficidades educacionais de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação que requeiram medidas de atendimento especializado; • 4.12. promover a articulação intersetorial entre órgãos e políticas públicas de saúde, assistência social e direitos humanos, em parceria com as famílias, com o fim de desenvolver modelos de atendimento voltados à continuidade do atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das pessoas com defi- ciência e transtornos globais do desenvolvimento com idade superior à faixa etária de escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida; • 4.13. apoiar a ampliação das equipes de profissionais da educação para atender à demanda do processo de escolarização dos(das) estudantes com 13 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su- perdotação, garantindo a oferta de professores(as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores(as) e intérpretes de libras, guias-intérpretes para surdos-cegos, professores de libras, prioritaria- mente surdos e professores bilíngues; • 4.14. definir, no segundo ano de vigência deste PNE, indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão para o funcionamento de instituições públi- cas e privadas que prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; promover, por iniciativa do Ministério da Educação, nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação de zero a dezessete anos; • 4.16. incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos demais cursos de formação para profissionais da educação, inclusive em nível de pós-gra- duação, observado o disposto no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento educacional de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; • 4.17. promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, visando ampliar as condições de apoio ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; • 4.18. promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, visando ampliar a oferta de formação continuada e a produção de material didático acessível, assim como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno aces- so, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de ensino; • 4.19. promover parcerias com instituições comunitárias, confessionais ou fi- lantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, a fim de favorecer a participação das famílias e da sociedade na construção do sistema educacional inclusivo. Esses princípios estratégicos objetivam a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; o atendimento educacional es- pecializado; a continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; a formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; a participação da família e da co- munidade; a acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamen- tos, nos transportes, na comunicação e informação; e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. 14 15 Diagnóstico da Educação Especial Brasileira Para averiguar a concretização desta meta de número quatro e de suas estra- tégias e objetivos, a PNE atribuiu ao “Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),em seu artigo 5º, a função de publicar es- tudos para aferir a evolução no cumprimento das metas a cada dois anos (Bra- sil, 2014). Ainda, de acordo com o artigo 4º, tais INTRODUÇÃO 10 PNE EM MOVIMENTO | 6 estudos devem ter como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Censo Demográfico e os censos nacionais da educação básica e supe- rior atualizados.” (MORAES, 2017, p.12). O Censo Escolar/MEC/INEP é um dos importantes instrumentos dessa análise. Realizado anualmente, esse censo viabiliza o acompanhamento dos indicadores da educação especial. Segundo o portal do Ministério da Educação, os critérios de avaliação estão pautados nos seguintes indicadores: acesso à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso nas classes comuns, oferta do atendimento educacional especializado, acessibilidade nos prédios escolares, municípios com matrícula de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, escolas com acesso ao ensino regular e for- mação docente para o atendimento às necessidades educacionais específicas dos estudantes2. Para completar os indicadores, o Censo recolhe dados “referentes ao número geral de matrículas; à oferta da matrícula nas escolas públicas, escolas privadas e comunitárias sem fins lucrativos; às matrículas em classes especiais, escola espe- cial e classes comuns de ensino regular; ao número de estudantes do ensino regu- lar com atendimento educacional especializado; às matrículas, conforme tipos de deficiência, transtornos do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; à infraestrutura das escolas quanto à acessibilidade arquitetônica, à sala de recursos ou aos equipamentos específicos; e à formação dos professores que atuam no atendimento educacional especializado3.” Ao longo dos anos, esse Censo incorporou ferramentais técnicos e informáti- cos para melhorar a captação e a análise dos dados. Abaixo seguem gráficos que mostram algumas transformações na educação brasileira, mais especificamente na educação especial, dos anos de 1998 até os anos de 2013. 2 Retirado do site do Ministério da Educação disponível em: < https://bit.ly/2jiBN5F >. Acesso em: 13/11/2018. 3 Retirado do site do Ministério da Educação disponível em: < https://bit.ly/2jiBN5F >. Acesso em: 13/11/2018. 15 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial Gráfico 1 – Diagnóstico da Educação Especial Fonte: Ministério da Educação O Gráfico 1 aponta na faixa azul um aumento do número total de matrículas, o que num primeiro momento é motivo de comemoração e avanço diante das me- tas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Mas a análise de dados deve ser parcimoniosa e observar essa quantidade em perspectiva, comparando com o número de crianças e jovens brasileiros aptos a estarem na escola, para que esses dados sejam mais fieis às possíveis mudanças e avanços. No que diz respeito à educação especial, a composição das faixas verde e vermelha nos dão um bom panorama dos debates apresentados nessas últimas quatro unidades deste curso. Seguindo a tendência mundial, uma das análises possíveis é observar como a educação brasileira passou a operar com o concei- to da inclusão no processo educacional, no tocante a educação especial. O que comprovaria essa hipótese é que o aumento do número de matrículas se deu de maneira majoritária em conexão com o aumento de matrículas em escolas regu- lares, nas classes comuns. Antes, no paradigma da integração, as crianças e os jovens deveriam desen- volver-se em classes especiais, separadas do conjunto das demais populações da escola, para que quando atingissem os critérios na normalidade, pudessem ingressar nas classes padrões. Agora, os dados supõem que essa separação não está sendo a conduta pedagógica, ao contrário, as crianças e os jovens com necessidades especiais frequentam e se desenvolvem no mesmo ambiente que qualquer aluno e aluna. 16 17 Além, da relevante mostra desse gráfico, o Censo Escolar revelou um cres- cimento de 81% no número de municípios com matrículas de estudantes em situação de atendimento para educação especial. Em 1998, o número de muni- cípios era de 2.738 (50%). Em 2013, o número passou para 5.553 municípios (99%). O número de estudantes matriculados com necessidades especiais cres- ceu 1.486%, em 1998, 6.557 escolas registraram matrículas para estudantes com necessidades especiais, em 2013 o número saltou para 104.000 escolas. Outro dado importante é o indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios escolares. Em 1998, apenas 14% dos 6.557 estabelecimentos escolares com matrículas de estudantes com necessidades especiais apresentavam acessibilidade em suas arquiteturas. Em 2013, das 104.000 escolas com alunos matriculados com demandas especiais, o número passou para 24%. Ou seja, houve um cres- cimento, mas ainda é muito distante de um cenário razoável para uma prática educacional inclusiva. Por fim, o indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios escolares, em 1998, aponta que 14% dos 6.557 estabelecimentos de ensino com matrícula de estudantes com deficiência e altas habilidades/superdo- tação apresentam acessibilidade arquitetônica. Em 2013, das 104.000 escolas com matrículas de estudantes público alvo da educação especial, 24% possuem acessibilidade arquitetônica. Com relação à formação dos professores que atuam na educação especial, o Censo Escolar de 2013 registra 93.371 professores com curso específico nessa área de conhecimento. Além do Censo Escolar, O Censo Demográfico, apesar de seus limites meto- dológicos, de sua defasagem dada à coleta decenal, além de imprecisões quanti- tativas e qualitativas, é também uma das referências fundamentais para a análise da educação especial brasileira. A última pesquisa do ano de 2010 revela que o acesso de pessoas com alguma deficiência ao ambiente escolar ainda é comparativamente menor do que o aces- so por parte das pessoas sem deficiência. Também é possível aferir diante dessa pesquisa que embora a maior parte dos alunos e alunas com deficiências auditivas e visuais frequentem a escola, o aprendizado e o desenvolvimento são compro- metidos, na medida em que as outras premissas da educação inclusiva não se realizam. No que diz respeito às dificuldades motoras e intelectuais, a situação é mais temerária, com índices de frequência baixos e com sistemas educativos ainda pouco qualificados para esse perfil de aluno. Essas constatações mostram o descompasso entre a legislação e a prática nas instituições educacionais. Diante deste quadro, é imprescindível que a legislação seja cumprida, mas também que as estratégias defindias sejam políticas e, portan- to, implementadas para que os processos educacionais tenham viabilidade e que de fato as metas possam ser alcançadas. 17 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial Enquanto os dados sobre a população com deficiência intelectual ou motora revelam difi- culdades significativas numa dimensão primária – o acesso escolar –, as informações so- bre a população com deficiência visual ou auditiva ressaltam a importância de se investir em aspectos que se estendem para além da matrícula. Estas questões, no entanto, estão entrelaçadas: enquanto a matrícula é pré-requisito para a escolarização, a adequação do contexto escolar para o recebimento de alunos com deficiências, incluindo a capacitação de professores e o desenvolvimento de ambientes escolares apoiadores, favorece a inclu- são e contribui para as matrículas nas classes regulares. Estudos futuros utilizando o Censo de 2020 possibilitarão avaliar a ocorrência de potenciais melhorias nesse quadro. Por fim, aponta-se para a inevitabilidade de transformações no atual sistema de ensino, engendrado com base em uma educação comum para sujeitos singulares. A plena inclusão escolar per- manece um desafio que demanda investimentos multifacetados,além de extenso período de transição. Diante da dificuldade da escola em lidar com a diversidade, são necessários esforços adicionais para a reconstrução do seu modelo educativo, tendo como eixo o ensino para todos. (MORAES, 2017, p. 33-34) Ex pl or 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Observatório do PNE https://bit.ly/1dJCU67 Livros Plano Nacional de Educação / Ministério da Educação e do Desporto Plano Nacional de Educação / Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1998. Educação Inclusiva: contexto social e histórico, análise das deficiências e uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. BARRETO, Maria A. De O. C., Barreto, Flávia De O. C. Educação Inclusiva: Contexto Social E Histórico, Análise Das Deficiências E Uso Das Tecnologias No Processo De Ensino-Aprendizagem. São Paulo: Editora Érica. 2014 Plano Nacional de Educação 2014-2024 Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico] : Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. 19 UNIDADE Plano Nacional de Educação e a Educação Especial Referências MEC/SECADI Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?op- tion=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-edu- cacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 13/11/2018. MORAES, Louise. A educação especial no contexto do Plano Nacional de Educação / Louise Moraes. – Brasília, DF : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2017. Planejando a Próxima Década Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Ministério da Educação / Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/ SASE), 2014. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Brasília - Janeiro de 2008 Disponível Em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/ pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 13/11/2018. 20
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