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Amanda do Nascimento MED XXV EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA: ESTUDO ECOLÓGICO ➔ Estudo OBSERVACIONAL: o Ou seja, os pesquisadores NÃO intervêm no estudo. Apenas observam e comparam os eventos e os efeitos em grupos expostos e de controle. ➔ Unidade de análise é representada por grupos de pessoas. ➔ Análise de estatísticas oficiais divulgadas ou de dados disponíveis em órgãos responsáveis pelos sistemas de informação de uma dada população. o A principal fonte de informação são os sistemas de informação. Exemplo: SIM, SIA. o Portanto, os dados estatísticos já são transformados. ➔ É feita uma comparação entre indicadores relacionados com a exposição a que uma população foi submetida ou na comparação desses indicadores e níveis de exposição de múltiplas populações. TIPOS DE DESENHOS DE ESTUDOS ECOLÓGICOS: ➔ EXPLORATÓRIO: são considerados exploratórios se uma variável preditora NÃO estiver inserida no estudo, isto é, não é de interesse do pesquisador mensurá-la, ficando apenas na descrição do desfecho. o Ou seja, seu objetivo é apenas descrever o desfecho. o A relação do tempo é transversal. ➔ ANALÍTICO: são considerados analíticos quando uma variável preditora de interesse é MENSURADA e avaliada pelo pesquisador em relação à ocorrência do desfecho. o Isto é, traça correlações e verifica associações entre a EXPOSIÇÃO e o EFEITO entre os grupos expostos e de controle. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM MÉTODOS DE AGRUPAMENTO: ➔ Desenhos de múltiplos grupos: o Estudo EXPLORATÓRIO → comparar as taxas de um desfecho entre diferentes regiões no mesmo período de tempo, identificando padrões espaciais, que podem estar relacionados a etiologias ambientais ou a características da população, tais como as genéticas. o Estudo ANALÍTICO → avaliar a associação entre o nível de exposição a uma determinada variável preditora e a taxa do desfecho em diferentes grupos. ➔ Desenhos de séries temporais: o Estudo EXPLORATÓRIO → avalia a evolução das taxas do desfecho ao longo do tempo em uma população delimitada. Pode também avaliar as tendências futuras ou o impacto de uma intervenção populacional. o Estudo ANALÍTICO → avaliar a associação entre as alterações no tempo da exposição à variável preditora e às taxas do desfecho em uma população definida. Exemplo prático: um estudo ecológico exploratório avaliou as taxas de incidência de malária no Brasil em 2016, apresentando as diferenças entre as taxas de incidência de acordo com as regiões do país. Exemplo prático: Um estudo ecológico exploratório realizado para avaliar a evolução das taxas de mortalidade por tuberculose no Brasil, entre 2006 e 2015. Amanda do Nascimento MED XXV ➔ Desenhos mistos: o Estudo EXPLORATÓRIO → avaliar a evolução temporal das taxas de desfecho em diferentes grupos populacionais. o Estudo ANALÍTICO → avaliar a associação entre alterações no tempo para as variáveis preditoras e de desfecho em grupos populacionais diferentes NÍVEIS DE ANÁLISE: ➔ Nos estudos ecológicos, existem apenas os dados totais/ já trabalhados, os quais estão disponíveis em banco de dados. ➔ Não tem os dados de expostos ou não expostos e dos casos ou não casos. Ao contrário dos estudos de base individual, em que há todos esses dados. VANTAGENS: ➔ Simplicidade e baixo custo. ➔ Rapidez: os dados estão usualmente disponíveis, sob a forma de estatísticas, para serem utilizados. ➔ As conclusões são generalizáveis com mais facilidade do que em estudo em base individual. Exemplo prático: Um estudo ecológico analítico avaliou o número de casos de malária notificados no Brasil entre 1959 a 2016 de acordo com a espécie parasitária. Exemplo prático: um estudo ecológico exploratório avaliou o número de casos de doenças diarreicas crônicas (DDA) nas diferentes regiões do Brasil no período de 2007 a 2015. Amanda do Nascimento MED XXV LIMITAÇÕES: ➔ Dificuldade em usar técnicas mascaradas (duplo-cego, por exemplo) de aferição das confirmações, o que aumenta o risco de viés. ➔ Problemas relacionados com os registros e com a qualidade das informações. o Muitos dados disponíveis são subnotificados. o Além disso, existe muita instabilidade no funcionamento das plataformas de acesso aos dados. ➔ Ausência de variáveis importantes para explicar o efeito. ➔ Dificuldade de controlar os fatores confundidores. ➔ Não há acesso a dados individuais, só a informações estatísticas: o Por exemplo: não se sabe se quem é exposto também é doente. o Logo, há a possibilidade de FALÁCIA ECOLÓGICA → interpretação enganosa por atribuir a um INDIVÍDUO o que se observou em ESTUDOS ESTATÍSTICOS. o Exemplo: comparando a ocorrência de acidentes de trânsito e a renda em 3 populações: A, B e C cada uma com 7 pessoas. RAZÕES PARA A REALIZAÇÃO DE UM ESTUDO ECOLÓGICO: ➔ A impossibilidade de obtenção de dados em nível individual. ➔ A possibilidade de investigação de muitas variáveis. ➔ Os dados para o grupo são os de maior interesse. EXEMPLO DE QUESTÕES: ➔ Qual é a influência da adoção de leis antitabaco sobre as taxas de câncer de pulmão na comunidade europeia? ➔ Qual é a relação temporal entre os níveis de dióxido de carbono da cidade de São Paulo e as taxas de internamento por doenças do aparelho respiratório? ➔ Quais são as diferenças, ao se compararem países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento, entre cobertura vacinal para poliomielite nos últimos 30 anos e as taxas desta doença? ESTUDOS DE TENDÊNCIA TEMPORAL: ➔ Têm como objetivo comparar, em uma população geograficamente definida, as taxas de morbidade e mortalidade ou outro indicador de saúde através do tempo. - É possível observar que a população A teve mais acidentes. Entretanto, NÃO podemos afirmar que onde a renda é maior é onde há mais acidentes de trânsito, visto que não se infere comportamento ou experiência de INDIVÍDUOS a partir de comportamento ou experiência de GRUPOS. - Ou seja, é desconhecido quais são os 4 indivíduos que sofreram acidentes na população A. Devido a isso, não se sabe a qual grupo de renda eles pertencem. Portanto, não se pode generalizar um resultado obtido em um grupo para um único indivíduo. - Pode-se afirmar apenas que a população de maior renda foi também a que teve a maior proporção de acidentes de trânsito. Amanda do Nascimento MED XXV ➔ Permite antever futuros cenários da distribuição de doenças na população e os fatores capazes de modificar essa distribuição para melhor ou pior. ➔ Derivar conhecimentos sobre a movimentação recente das medidas de interesse em saúde, prever resultados e reconhecer fatores que interferem sobre eles. ➔ Séries temporais são uma forma de organizar no tempo as informações quantitativas. ➔ Aspectos metodológicos da análise de séries temporais: o Séries temporais podem apresentar tendência crescente, decrescente ou estacionária. o Alguns exemplos: ▪ Tendência da mortalidade por pneumonia no estado de Santa Catarina entre 2009 e 2019 e seu impacto econômico. ▪ Tendência temporal da realização de procedimentos cirúrgicos para tratamento da Síndrome do Impacto no Brasil. ▪ Tendência temporal de mortalidade por neoplasia maligna da glândula tireoide no Sul do Brasil, entre 2008-2018. • Descrever a tendência geral da mortalidade por tumor maligno de tireoide. • Analisar a tendência da mortalidade por tumor maligno de tireoide segundo sexo, faixa etária, faixa etária por sexo e regiões do Sul do Brasil. ➔ Análise estatística de estudos de tendência temporal: o Regressão Linear Simples: onde anos do calendário de estudo é considerado a variável independente. o Componentes: ▪ R = correlação entre X e Y. É o r de Pearson. ▪ R Square = coeficiente de determinação. ▪ Adjusted R Square = variância explicada ajustado ao número de participantes e variáveis explicativas. ▪ Std. Error of the Estimate= desvio padrão. Significa o quanto pode variar as nossas estimativas.o ANOVA → avalia se a linha de regressão é significantemente diferente de zero (p≤ 0,05). o Como interpretar: ▪ Primeira coisa a ser feita → olhar o valor de p (presente na coluna Sig. no quadro Anova). Isso é feito para analisar se a tendência está estável, aumentando ou diminuindo. • Se ele estiver maior que 0,05 → tendência está estável = estabilidade. • Se ele estiver igual ou menor que 0,05 → é necessário olhar o valor do BETA (presente na coluna B e na linha ANO no quadro Coefficients): o Se ele estiver positivo → tendência está aumentando. o Se ele estiver negativo → tendência está diminuindo. ➔ Exemplo 1: o Olhar o valor do p → p = 0,36. Como está menor que 0,05, deve-se olhar o valor de beta. o Valor de beta = +0,120. Como está positivo, sugere que a tendência está aumentando. Amanda do Nascimento MED XXV o Portanto, observa-se uma tendência de aumento na taxa de internação na faixa etária de 0 a 1 ano entre 2008 e 2017. ➔ Exemplo 2: o Olhar o valor do p → p = 0,000. Como está menor que 0,05, deve-se olhar o valor do beta. o Valor do beta = -0,718. Como está negativo, sugere que a tendência está diminuindo. o Portanto, observa-se uma tendência de redução na proporção de nascimentos por idade materna menor que 20 anos entre 2008 e 2017. ➔ Exemplo 4: o Olhar o valor do p → p = 0,726. Como está maior que 0,05, sugere que a tendência está estável. o Dessa forma, NÃO é necessário olhar o valor do beta. o Portanto, observa-se uma tendência estável na taxa de mortalidade do câncer de tireoide na região de SC entre 2008 e 2018. OBS: está escrito 0, mas o correto seria < 0,01. Amanda do Nascimento MED XXV EXEMPLO DE TABELA: COMO CALCULAR AS TAXAS: ➔ Mortalidade: o Serão calculadas por meio da razão do número de óbitos pela população brasileira estimada no período x Constante (100, 1.000, 100.000). ➔ Internação: o Serão calculadas por meio da razão do número de internação hospitalar pela população brasileira estimada no período x Constante (100, 1.000, 100.000). ➔ Letalidade: o Serão calculadas por meio da razão do número de óbitos por determinada doença pelo número de casos da mesma doença x Constante (100, 1.000, 100.000). ➔ Os dados são obtidos através do IBGE. ➔ Pode-se analisar as taxas/dados em relação ao sexo, faixa etária, cor de pele, regiões do Brasil. ➔ Variação anual percentual: serão calculadas por meio da subtração do valor da taxa no último ano e valor da taxa no primeiro ano. Posteriormente, realiza-se a divisão dessa diferença pelo valor da taxa no primeiro ano. REFERÊNCIAS: ➔ ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. ➔ AANTUNES, J. L. F; CARDOSO, M. R. A. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 24, n. 3, p. 565-576, jul-set 2015. ➔ ROTHMAN, K. J; GREENLAND S.; LASH, T. L. Epidemiologia moderna. 3 ed. Dados eletrônicos, Porto Alegre: Artmed, 2011. ➔ PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. ➔ ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. Epidemiologia e saúde. 8 ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018. 752 p. Taxa de mortalidade = número de óbitos X 100.000 população brasileira estimada no período Taxa de letalidade = número de óbitos X 100 número de casos
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