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TUTO P4/M2/Pr2_DIP

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TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 1 
D i p 
 Prof. Diana Jussara 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia 
O que é a DIP? 
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) consiste em uma síndrome 
clínica secundária à ascensão de microrganismos do trato genital 
inferior (vagina e colo uterino) para o trato genital superior, 
podendo acometer o útero (endometrite), tubas uterinas 
(salpingite), ovários (ooforite), superfície peritoneal e/ou 
estruturas adjacentes. Destes, os órgãos de maior importância 
são as tubas uterinas. A disseminação para o trato genital 
superior pode ser causada de forma espontânea ou devido a 
manipulação. 
A DIP é considerada a doença infecciosa mais comum em mulheres 
de países industrializados. É, também, uma das complicações mais 
importantes das ISTs, sendo uma das principais consequências das 
cervicites. Todavida, os dados de prevalência são subestimados 
por não ser uma doença de notificação compulsória e, portanto, 
o número de mulheres acometidas é desconhecido. Além disso, 
pode-se apresentar com sintomas leves ou assintomáticos, que 
passam despercebidos, levando ao subdiagnóstico em alguns 
casos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Qual o grupo de risco? 
A patologia é comum em mulheres no período reprodutivo, sendo, 
portanto, rara em mulheres que não menstruam, grávidas e que 
estão na menopausa. Costuma ser mais frequente em pacientes 
tabagistas, não brancas, jovens, nulíparas e com história de DIP 
prévia ou gonorreia e/ou clamídia não tratadas. 
 
 
 
 
 
 
Fatores de risco 
A identificação dos fatores de risco auxilia na prevenção e 
manejo da doença, contudo, mulheres sem fatores de risco 
poderão apresentar DIP e todas as suas complicações associadas. 
I. Faixa-etária: jovens (15-25 anos), pois apresentam 
múltiplos parceiros devido a fatores biológicos e 
comportamentais 
II.Múltiplos parceiros sexuais: a frequência está diretamente 
relacionada ao número de parceiros (3-4x maior com +4 
parceiros em um período de 6 meses) 
III.Sexarca precoce 
IV.Status clínico do parceiro: principalmente quando tem 
quadro de uretrite, gonorreia e/ou não usa preservativo 
V. Histórico de DIP 
VI. Raça: comum em mulheres não brancas 
VII. Método contraceptivo utilizado 
a. Métodos de barreira: preservativos, diafragmas e 
espermicidas. Diminuem o risco da doença se utilizados 
corretamente, sendo o espermicida capaz de evitar 
contaminação cervical por patógenos sexualmente 
transmissíveis. 
b. ACOs: alteram o muco vaginal e dificultam a ascensão 
dos microrganismos. Por isso, mulheres que usam ACO 
possuem maior risco para infecção por clamídia, mas 
aparente proteção ao quadro de DIP aguda. 
dip 
Objetivos 
1. Conhecer a abordagem clínica ginecológica. 
2. Compreender a DIP, sua etiologia e fatores de risco. 
3. Conhecer as características das principais vulvovaginites. 
4. Conhecer as manifestações clínicas da DIP. 
5. Entender o diagnóstico e tratamento da DIP. 
6. Conhecer os métodos preventivos para as ISTs. 
Gonorreia e Clamídia 
Mulheres com infecções não tratadas por gonorreia e/ou clamídia 
apresentam até 40% de chances de desenvolver DIP e, destas, 1/4 
pode se tornar infértil. 
 
 
Importante! 
Por ser difícil diagnosticar com precisão, muitas mulheres podem 
ser tratadas para DIP mesmo sem ter a doença e vice-versa. 
Contudo, recomenda-se o início do tratamento mesmo sem a 
conclusão dos exames laboratoriais e de imagem, pois estes podem 
ser inconclusivos e o tratamento tardio pode levar a 
complicações graves. 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 2 
c. DIU: o risco ocorre somente em um período de 3 semanas 
após a colocação, independente do tipo de DIU inserido. O 
risco é maior em pacientes não tratadas para IST, sendo 
geralmente relacionado com a técnica adotada para 
colocar o DIU. Mulheres portadoras de cervicite possuem 
risco de 3-5x maior ao colocar o DIU, por isso não é 
recomendado. 
d. Ligadura tubária: possível efeito protetor (evita a 
disseminação para as demais estruturas). 
VIII. História de infecção endocervical: principalmente por 
clamídia ou gonorreia 
IX. ISTs prévias ou atuais 
X. Baixo nível socioeconômico 
XI. Menstruação retrógrada: pode facilitar a progressão das 
bactérias para as tubas e peritônio. 
XII. Vaginose bacteriana: pode aumentar 2x o risco de DIP. 
XIII. Uso de ducha vaginal: pode transmitir bactérias. 
XIV. Tabagismo 
XV. Nulíparas: menstruação como fator de risco. 
 
 
 
 
 
 
 
Etiopatologia 
Quais são os agentes etiológicos mais comuns? 
A DIP tem etiologia polimicrobiana, sendo os agentes mais comuns: 
I. Bactérias pertencentes às ISTs: 
a. Principalmente a Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia 
trachomatis 
II.Bactérias não pertencentes às ISTs (presentes na microbiota 
vaginal endógena): 
a. Bacteroides, Peptoestreptococcus, Gardnerela 
vaginalis, Escherichia coli,, Micoplasma hominis e Ureaplasma 
urealyticum 
III. Actinomices israeli: comum em mulheres que usam DIU. 
IV. Bactérias respiratórias: 
a. Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, 
Staphylococcus aureus e Streptococcus beta-hemolítico 
grupo A 
A maioria dos casos é decorrente de agentes patogênicos 
sexualmente transmissíveis, sendo os mais comuns a C. trahomatis 
e N. gonorrhoeae. A infecção por C. trahomatis pode levar ao 
desenvolvimento de infecção do trato genital superior a partir 
de cervicite em 30% dos casos. A minoria dos casos é decorrente 
de bactérias endógenas da microbiota do trato genital inferior 
ou entéricos e patógenos respiratórios. 
 
Os patógenos microbiológicos exatos nas tubas uterinas não 
podem ser identificados em nenhuma paciente. Além disso, é 
possível identificar patógenos diferentes para cada sítio em uma 
mesma paciente. Portanto, os protocolos de tratamento utilizam 
um esquema de antibioticoterapia capaz de cobrir todos os 
patógenos mais prováveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como ocorre a infecção bacteriana? 
O canal endocervical é considerado a barreira protetora do 
trato genital superior. A infecção endocervical com patógenos 
sexualmente transmissíveis rompe essa barreira e fornece às 
bactérias vaginais acesso aos órgãos genitais superiores, 
infectando o endométrio, endossalpinge, córtex ovariano, 
peritônio pélvico e estroma subjacente, respectivamente. 
Por que só algumas mulheres têm DIP? 
As razões pelas quais as bactérias do trato genital inferior 
causam DIP em algumas mulheres ainda não são totalmente 
esclarecidas, mas podem estar relacionadas às variações 
genéticas, menstruação retrógrada, resposta imune, carga 
bacteriana dos patógenos e às oscilações hormonais do ciclo 
menstrual, visto que o muco cervical menstrual tem menor efeito 
bacteriostático. 
 
 
Microbiota do trato reprodutivo inferior 
Na microbiota do trato reprodutivo inferior de uma mulher 
saudável predomina a presença de espécies de Lactobacillus que 
atuam na proteção do meio ambiente vaginal. Pacientes com DIP 
e/ou vaginose bacteriana (VB) apresentam desequilíbrio nessa 
microbiota, com redução ou ausência dos Lactobacillus e 
predominância das espécies anaeróbias. As alterações no 
microambiente produzidas pela VB (e por inflamações vaginais) 
podem auxiliar na disseminação ascendente dos microrganismos 
vaginais causadores de DIP. 
 
 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 3 
A propagação ocorre predominantemente por via canalicular, 
segundo a definição clássica da DIP. Contudo, considera-se, 
também, procedimentos cirúrgicos, como inserção de DIU, biópsia 
de endométrio e curetagem como origem do desenvolvimento da 
síndrome. 
 
 
 
Como é a patogênese? 
Acredita-se que a infecção do trato reprodutivo superior e 
estruturas adjacentes seja decorrente de bactérias do trato 
reprodutivo inferior que se disseminam de maneira ascendente. 
Essa ascensão pode ser favorecida durante a menstruação, pois 
ocorre a perda das barreiras ectocervicais, podendo causar ou 
não resposta inflamatória a depender do microrganismo invasor. 
I.N. gonorrhoeae: pode causar uma resposta inflamatória na 
ectocérvice (pode ser ainda mais exacerbada em conjunto com 
a infecção por E. coli). 
II. C. trachomatis: Não causa resposta inflamatória aguda na 
ectocérvice, produzindo pouca ou nenhuma lesão direta 
permanente às tubas uterinas. Contudo, os mecanismos imunes 
mediados por células podem ser responsáveis por lesão tecidual, 
principalmente nos casos de persistência de antígenos de 
clamídia, os quais podem desencadear uma reação de 
hipersensibilidade retardada com fibrose e destruição tubárias 
contínuas. 
A DIP geralmente se inicia a partir de uma infecção cervical por 
clamídia ou gonococo e ascende ao trato superior, levando à 
infecção polimicrobiana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vulvovaginites 
Vaginite x Vaginose 
A vaginite consiste na inflamação das paredes vaginais, 
resultando em dispareunia, corrimento (branco ou esverdeado), 
inchaço, irritação, prurido e vermelhidão na região íntima. Já a 
vaginose não inclui processo inflamatório na região íntima, sendo 
provocada pelo desequilíbrio da microbiota vaginal, resultando 
no corrimento anormal de aspecto leitoso, bolhoso, amarelo ou 
acinzentado e com forte odor de peixe. 
Quando a mulher se contamina com um agente etiológico (fungo, 
bactéria ou protozoário), independente de qual seja, ela 
apresenta um quadro de vaginose, pois essa infecção resulta no 
desequilíbrio do trato vaginal. A vaginite, por sua vez, seria a 
vaginose + inflamação. Portanto, seria considerado um estado 
mais avançado da vaginose. A vaginite pode, ainda, ser causada 
por um trauma local ou qualquer outra coisa que cause uma 
alteração na região. 
O que é uma vulvovaginite? 
A vulvovaginite consiste na inflamação da vulva, sendo uma das 
causas mais comuns de corrimento vaginal patológico. As causas 
mais frequentes são infecções por fungos, bactérias anaeróbicas, 
tricomonas (protozoário) ou o aumento exacerbado da 
microbiota normal de Lactobacillus. Costuma apresentar 
corrimento grumoso, branco/esverdeado. Diferenciam-se das 
cervicites, pois estas acometem a mucosa glandular, tendo como 
causas mais comuns as infecções por clamídia e gonococo. 
 
 
 
 
 
 
 
Quais são as principais? 
Candidíase vulvovaginal (CVV) 
É uma das formas mais comuns de vulvovaginite e atinge boa parte 
das mulheres ao menos uma vez durante a vida. 
Infecção polimicrobiana pela teoria de Monif 
A progressão da infecção por agentes aeróbios determina maior 
consumo de oxigênio e diminuição do potencial de oxirredução 
local que, aliados a desvitalização dos tecidos, proporcionam 
ambiente de microaerofilia ou anaerobiose. Nesse ambiente, os 
microrganismos que atingiram o trato genital superior passam 
por uma fase de crescimento lento, onde ocorre o 
desenvolvimento de agentes anaeróbios oportunistas. Como 
resultado, obtêm-se uma condição infecciosa polimicrobiana. 
 
Tuberculose x DIP 
Pacientes com tuberculose pulmonar podem evoluir com salpingite 
e endometrite. Considera-se que esse patógeno utilize a via 
hematogênica, mas a via ascendente também é possível. 
Microbiota normal 
Os lactobacilos mantêm o pH normal fisiológico através do 
metabolismo da glicose, utilizando-se do glicogênio no epitélio 
vaginal. A glicose é convertida em ácido lático, tornando o pH 
vaginal normal entre 3.5-4.5. Essa acidez também é parte dos 
mecanismos de defesa contra infecções, porém, alguns fatores 
podem desequilibrar esse sistema, como: muco cervical, sêmen, 
ATB, duchas vaginais, ISTs, menstruação, DM, gravidez e 
menopausa. 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
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I. Etiologia: em 80% a 90% dos casos, o agente causador da CVV 
é a Candida albicans. O restante é causado por outras espécies 
específicas de Candida: Candida glabarata, tropicalis, krusei, 
etc. A Candida albicans faz parte da flora oral, retal e vaginal 
de forma comensal e, durante a vida reprodutiva, 10% a 20% 
das mulheres são colonizadas de forma assintomática. 
II. Classificação 
a. Não-complicada (maioria): se caracteriza por ser 
esporádica ou infrequente, leve a moderada, provável agente 
é a Candida albicans e em pacientes não-imunocomprometidas. 
b. Complicada: se caracteriza por infecção recorrente por 
cândida (4 ou mais surtos em um ano), infecção grave, 
candidíase não-albicans, diabetes não controlado, 
imunossupressão, debilidade ou gravidez. 
III. Quadro clínico 
a. Prurido 
b. Ardência 
c. Corrimento grumoso, inodoro, com aspecto de queijo 
cottage e aderente à parede vaginal 
d. Dispareunia 
e. Disúria externa 
Vaginose bacteriana (VB) 
É a desordem mais frequente do trato genital inferior em mulheres 
de idade reprodutiva, responsável por 45-50% dos casos de 
corrimento vaginal patológico. 
I. Etiologia: sua patogênese está relacionada ao desequilíbrio na 
microbiota vaginal, com perda de lactobacilos e aumento de 
bactérias (Gardenerella vaginalis = mais associado à VB). 
Outras bactérias podem também estar em supercrescimento, 
como a Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum e 
Mobiluncus spp. Sem lactobacilos, o pH normalmente ácido 
aumenta e a Gardnerella vaginalis produz aminoácidos, que são 
quebrados em aminas voláteis, aumentando mais o pH e 
causando o odor desagradável muito referido pelas pacientes. 
II. Fatores de risco: muitos estão relacionados à atividade sexual, 
mas não é considerada uma IST e não é indicado o tratamento 
do parceiro. 
a. Sexo oral 
b. Duchas vaginais 
c. Etnia negra 
d. Tabagismo 
e. Sexo no período menstrual 
f. Uso de DIU 
g. Relação sexual em idade precoce 
h. Múltiplos parceiros sexuais 
III.Quadro clínico 
a. Odor fétido (piora após o coito e durante a 
menstruação) 
b. Corrimento bolhoso e branco/acinzentado 
c. NÃO há irritação ou inflamação vulvar ou vaginal 
IV. Desfechos ginecológicos adversos 
a. Vaginite 
b. Endometrite 
c. DIP não associada à Neisseria ou Chlamydia 
d. Infecções pélvicas agudas pós-cirugias pélvicas 
Tricomoníase 
A tricomoníase é considerada a doença sexualmente transmissível 
não-viral mais comum no mundo. Constitui importante fonte de 
morbidade reprodutiva e facilitadora da infecção pelo HIV. É mais 
comumente diagnosticada em mulheres, pois a maioria das 
infecções em homem é assintomática. Por ser uma IST, deve ser 
realizado o tratamento do parceiro. 
I.Etiologia: infecção por Trichomonas vaginalis transmitido por 
relação sexual desprotegida (=IST). A coinfecção com 
Neisseria é muito comum, assim como outros patógenos. Pode 
ocorrer transmissão vertical. 
II.Quadro clínico 
a. Corrimento abundande, de fluido espresso, 
amarelo/esverdeado 
b. Odor fétido 
c. Disúria 
d. Dispareunia 
e. Prurido vulvar 
f. Dor 
g. Vulvite discreta 
h. Hiperemia difusa da vagina 
i. Colo com aspecto de framboesa ou morango 
j. Leucorreia, hemorragias subepiteliais ou manchas 
vermelhas na vagina e colo uterino 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 5 
 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico clínico continua sendo a abordagem mais 
importante na DIP, mesmo apresentando amplo espectro de 
manifestações clínicas. 
Quais são as manifestações clínicas? 
Os sintomas costumam se iniciar durante ou logo após a 
menstruação, sendo eles: 
I. Dor abdominal inferior ou pélvica (90% dos casos) 
a. Leve e unilateral: limitada à trompa 
b. Intensa e constante: comprometimento peritoneal (sinal 
de Blumberg positivo) 
II. Dor à palpação de anexos 
III. Dor à mobilização do colo do útero 
IV. Massa ou tumoração pélvica 
V. Hipertermia e calafrios 
VI. Secreção vaginal ou cervical purulenta 
VII. Sangramento uterino anormal: sangramento pós-coital, 
intermenstrual e menorragia (30% dos casos) 
VIII. Disúria ou polaciúria 
IX. Náuseas e vômitos 
X. Dor subcostal: devido a peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-
Curtis) e/ou septicemia (raros) 
XI. Dispareunia 
O curso temporal é tipicamente agudo, desenvolvendo-se por 
vários dias. Contudo, pode ocorrer apresentação mais extensa 
por semanas ou meses. 
Quais são os tipos de DIP? 
Essadiversidade e variação na intensidade dos sinais e sintomas 
torna o diagnóstico da doença muito difícil, principalmente porque, 
em 65% dos casos, as mulheres apresentam sinais e sintomas leves 
e/ou assintomáticos. Com base nisso, pode-se subdividir a DIP em: 
DIP silenciosa, DIP aguda e DIP crônica. 
DIP silenciosa 
Não consiste em um diagnóstico clínico, mas sim um diagnóstico 
final. Neste, as mulheres possuem quadros clínicos 
assintomáticos, apresentando, posteriormente, infertilidade por 
fator tubário compatível com infecção do trato superior. 
Acredita-se que essa condição resulte em múltiplas ou contínuas 
infecções de baixo grau em mulheres assintomáticas, podendo ser 
confirmado pelo fato que muitas dessas pacientes apresentam 
anticorpos para C. trahomatis e N. gonorrhoeae. Apresenta: 
I. Laparoscopia: mostra tubas uterinas normais na maioria dos 
casos. Internamente, é possível observar a presença de pregas 
mucosas planas, deciliações extensas do epitélio e degeneração 
das células epiteliais secretoras. É possível encontrar 
hidrossalpinge. 
II. USG: hidrossalpinge tende a ser anecoica, tubular, serpentina 
e, frequentemente, com septos incompletos. 
III. Aderências finas entre a cápsula hepática e a parede anterior 
do abdome podem indicar doença silenciosa prévia. 
DIP aguda 
Apresentação do quadro clássico, sintomático, iniciando-se, 
geralmente, durante ou logo após a menstruação. 
DIP crônica 
O diagnóstico de DIP crônica é dado para mulheres com histórico 
de DIP aguda que subsequentemente apresentam dor pélvica. Em 
termos clínicos, a precisão do diagnóstico é muito menor do que 
para a DIP aguda. 
Como é feito o diagnóstico? 
O diagnóstico da maioria dos casos de DIP é feito pela história 
clínica e exame físico, não sendo necessários outros métodos 
diagnósticos para justificar o início do tratamento. Contudo, 
como muitos casos são subagudos ou silenciosos, pode-se utilizar 
métodos auxiliares. 
Exame físico 
I. Aferição dos sinais vitais 
II. Exame abdominal 
III. Exame especular vaginal, com inspeção do colo do útero para 
friabilidade e corrimento mucopurulento cervical 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 6 
IV. Toque vaginal bimanual, com mobilização do colo 
V. Palpação dos anexos (ovários e trompas uterinas) 
Exames laboratoriais e de imagem 
I. Hemograma: apresenta leucocitose > 10.000-12.000, com 
aumento do número de bastonados. Exclui o diagnóstico de 
hemoperitônio. 
II. EAS/urina tipo 1: excluir infecção do trato urinário 
III. Velocidade de hemossedimentação (VHS): elevada 
IV. Proteína C reativa: aumentada 
V. Exame bacterioscópico para vaginose bacteriana 
VI.Cultura de material da cérvice uterina com antibiograma 
VII. Biologia molécular para N. gonorrhoeae e C. Trachomatis no 
mateiral da endocérvice e uretra 
VIII. Hemocultura 
IX. Sorologia para sífilis (VDRL) 
X. Imunofluorescência indireta para clamídia 
XI. Teste anti-HIV 
XII. Beta-hCG: descartar gravidez ectópica 
XIII. USG pélvica ou transvaginal: pode mostrar tubas uterinas 
cheias de material espesso, líquido livre na pelve e presença de 
abscesso tubo-ovariano. Sensibilidade de 85% e quase 100% de 
especificidade para diagnóstico. É recomentado nos casos em 
que as mulheres apresentam dor e sensibilidade abdominal 
acentuadas, limitando a avaliação dos órgãos do trato 
reprodutivo superior durante o exame bimanual. 
XIV. Culdocentese: punção de fundo-de-saco vaginal para Gram e 
culturais de microrganismos aeróbios e anaeróbios 
XV. Biópsia endometrial: evidência endometrite 
XVI. Laparoscopia: considerada padrão-ouro para o diagnóstico, 
permitindo o diagnóstico diferencial, coleta para material de 
cultura e, ainda, pode atuar na fase terapêutica. Possui 
sensibilidade de 50% e especificidade de 85%, sendo raramente 
necessária para o diagnóstico. Esse exame é recomendado 
apenas em pacientes com alta suspeita de outro diagnóstico de 
abdome agudo, falha no tratamento para DIP ou que não 
melhoram nas primeiras 72h. 
a. Se apresenta como recurso acurado no diagnóstico de 
salpingite, mas não é capaz de detectar endometrite e 
inflamação tubária menos intensa, o que justifica o seu uso 
desnecessário na fase inicial da doença (=baixa sensibilidade). 
b. Teve muito mérito na década de 1980 por conta da 
classificação de Gainesville. Na prática, ainda é bastante 
utilizada de acordo com os achados clínicos e 
ultrassonográficos, sendo importante para nortear o 
tratamento. 
 
 
 
 
 
 
Apesar de auxiliarem no diagnóstico e avaliação da gravidade, 
principalmente nos casos de oligossintomáticos, o tratamento 
não deve ser retardado pela necessidade de realização de exames 
nos casos de alta suspeita clínica. 
Quais são os diagnósticos diferenciais? 
Deve-se avaliar todas as possibilidades diagnósticas antes de 
iniciar o tratamento, descartando as causas que podem provocar 
sintomatologia semelhante a quadros de DIP. São elas: 
I. Gastrintestinais: apendicite, colecistite, constipação 
II. Renais: cistites, pielonefrites, litíase renal, uretrites 
III. Obstétricas e ginecológicas: dismenorreia, gravidez ectópica, 
complicações gestacionais, abortamento séptico, cisto de 
ovário, torção ovariana, torção de miomas, tumores de ovário, 
endometriose. 
Quais são os critérios diagnósticos? 
O diagnóstico clínico de DIP é realizado a partir da presença de: 
I. 03 critérios maiores + 01 critério menor 
ou 
II. 01 critério elaborado 
 
 
Classificação de Gainesville 
Grau I: salpingite sem peritonite. 
Grau II: salpingite com peritonite. 
Grau IIIa: hidrossalpinge. 
Grau IIIb: abscesso tubo-ovariano roto. 
Grau IV: qualquer dos graus acima, associados à tuberculose 
genital. 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 7 
Como deve ser o manejo da DIP? 
 
 
Tratamento	 
Quais são os tipos de tratamento? 
O tratamento da DIP pode ser ambulatorial ou hospitalar a 
depender das características do quadro clínico da paciente. Em 
ambos os casos, o tratamento deve ser iniciado imediatamente 
para evitar complicações. O tratamento consiste no uso de 
antibióticos associados a analgésicos e anti-inflamatórios para 
diminuir a sintomatologia. 
I.Tratamento ambulatorial: se aplica às mulheres com quadro 
clínico leve e sem sinais de pelviperitonite (grau I de Gainesville). 
II.Tratamento hospitalar: se aplica às mulheres com DIP grau II-
IV e incluídas nos seguintes critérios: 
 
Como é o esquema terapêutico? 
A antibioticoterapia deve ser de amplo espectro, com eficácia para 
N. gonorrhoeae, C. tichomatis e bactérias anaeróbias, em especial 
o Bacterioides fragilis. Deve contemplar, ainda, vaginose 
bacteriana, bactérias Gram negativas, bactérias facultativas e 
estreptococos. 
I. Antibióticos de amplo espectro: betalactâmicos, 
aminoglicosídeos, tetraciclinas, lincosaminas e macrolídeos. 
Devem ser usados em associação e administrados via parenteral 
(pode ser suspenso 24h após cessarem os sintomas) ou oral 
(durante 14 dias). 
II. Doxiciclina: escolha ideal para tratar C. trachomatis 
 
Alguns procedimentos cirúrgicos podem ser indicados a depender 
do quadro clínico da paciente, sendo eles: 
I. Laparotomia: indicada nos casos de massas anexiais não 
responsivas ao tratamento ou que se rompem. 
II. Culdotomia: indicada caso o abscesso ocupe o fundo do saco 
de Douglas. 
III. Punção guiada por USG: esvaziamento de abscessos tubo-
ovarianos. 
No mais, indica-se que a mulher siga as seguintes recomendações: 
I.Abstinência sexual por 30 dias ou até a cura clínica 
II. Uso de preservativo em todas as relações sexuais 
III. Remoção do DIU: recomendada apenas nos casos graves, para 
pacientes que desejam engravidar e caso não ocorra melhora 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 8 
clínica após 72h da antibioticoterapia. Só deve ser removido 
após duas doses do esquema terapêutico. 
O que fazer se não houver melhora? 
A melhora clínica deverá acontecer em até 3 dias após o início do 
tratamento antimicrobiano.A segunda consulta de retorno deve 
ocorrer após 30 dias do início do tratamento e, se houver 
persistência ou piora do quadro, rever diagnóstico, utilizando-se 
da laparoscopia, RMN e TAC. 
A DIP tem cura? 
Sim. A cura é baseada no desaparecimento dos sinais e sintomas e 
a normalização dos exames laboratoriais de marcadores 
inflamatórios. Estudos demonstram que, se a avaliação for feita 
no período de 30 dias após o início do tratamento, 40% das 
mulheres ainda apresentam a presença de um ou mais agentes 
bacterianos. 
O parceiro deve ser tratado? 
Sim. Parceiros sexuais de até 2 meses antes do diagnóstico devem 
ser tratados empiricamente para N. gonorrhoeae e C. tichomatis 
com ceftriaxona 500mg intramuscular e azitromicina 1g via oral 
em dose única, mesmo nos casos assintomáticos. 
Quais são as complicações/sequelas da DIP? 
A DIP possui risco aumentado para algumas patologias. Vale 
salientar que essas proporções aumentam a medida em que 
aumentam os números de episódios da infecção. 
Complicações agudas 
I. Abscesso tubo-ovariano: coleção de pus nos anexos que se 
desenvolve a partir de uma tentativa do organismo de conter 
a salpingite. Pode surgir acompanhado de infecção aguda ou 
crônica, sendo a sua ocorrência maior caso o tratamento seja 
tardio ou incompleto. 
II. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: peri-hepatite que causa dor no 
hipocôndrio direito e pode resultar de salpingites agudas pelo 
gonococo ou clamídia. 
Complicações tardias 
III. Gravidez ectópica (15-60%): geralmente são causadas por 
cicatrizes e aderências nas trompas de Falópio. 
IV. Infertilidade (10-50%) 
V. Dor pélvica crônica (25%) 
VI. AVE 
VII. CA de ovário 
VIII. Obstrução aguda do intestino delgado 
 
Métodos preventivos para ISTs 
A prevenção combinada das IST contempla diversas ações de 
prevenção e assistência, distribuídas em três áreas estratégicas 
com componentes específicos. 
A oferta de diagnóstico e tratamento para IST assintomáticas é 
a estratégia para triagem e tratamento das seguintes IST 
assintomáticas: sífilis latente recente e tardia, infecções por N. 
gonorrhoeae e C. trachomatis em mulheres, HIV e hepatites virais 
B e C. 
Transmissão vertical: HIV, sífilis e hepatite B 
Todas as gestantes e suas parcerias sexuais devem ser 
investigadas para IST e informadas sobre a possibilidade de 
prevenção da transmissão para a criança, especialmente de 
HIV/aids, sífilis e hepatite viral B. 
O diagnóstico precoce (com o uso de testes rápidos) e a atenção 
adequada no pré-natal reduzem a transmissão vertical. A 
presença de IST na gestação pode afetar a criança e causar 
complicações, como aborto, parto prematuro, doenças 
congênitas ou morte do recém-nascido. 
 
TUTORIA | CASO 07 
Maria Eduarda Rocha Guedes 
 
 9 
A atenção integral às pessoas com IST e às parcerias sexuais, no 
momento adequado e oportuno, interrompe a cadeia de 
transmissão dessas infecções e melhora a qualidade de vida das 
pessoas. É fundamental orientá-las sobre a prevenção 
da transmissão e de novas infecções, assim como sobre os sinais e 
sintomas, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde 
e a importância de evitar contato sexual até que a parceria seja 
tratada e orientada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes 
terapêuticas para a atenção integral às pessoas com infecções 
sexualmente transmissíveis. 2015 
FREITAS. Rotinas em ginecologia. 6ed. 
HOFFMAN, Barbara et al. Ginecologia de Williams. 2 ed. 
MENEZES, Maria Luiza B et al. Protocolo brasileiro para 
infecções sexualmente transmissíveis 2020: doença inflamatória 
pélvica. 2021.

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