Buscar

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Doença Inflamatória Pélvica 1
�
Doença Inflamatória Pélvica
Bárbara Carvalho | med fap
1- Compreender a DIP (epidemio, fisiopato, fatores de risco, tratamento, 
principais tipos, diagnóstico e prevenção) 
A doença inflamatória pélvica (DIP) é considerada como sendo um conjunto de 
processos inflamatórios da região pélvica devido à propagação de microrganismos a 
partir do colo do útero e da vagina para o endométrio, tubas, peritônio e estruturas 
adjacentes. Essa propagação ocorre de forma direta do colo para os órgãos superiores, 
denominada de via canalicular:
Epidemiologia: A doença inflamatória pélvica é uma das mais importantes afecções 
sexualmente transmissíveis, sendo na grande maioria das vezes uma das principais 
consequências das cervicites. Estima-se um caso de doença inflamatória pélvica para 
cada oito a dez casos de mulheres com cervicites por Chlamydia trachomatis (estima-
Doença Inflamatória Pélvica 2
se que esta infecta cerca de 10,7% das mulheres entre 15 e 25 anos, embora alguns 
estudos apontem taxas de 2% até 18%). Essa bactéria também tem prevalência 
elevada em gestantes.
Os dados de prevalência existentes são subestimados, já que a doença inflamatória 
pélvica não é de notificação compulsória e, portanto, o número de mulheres 
acometidas é desconhecido. Além disso, muitos casos apresentam-se com sintomas 
clínicos leves ou escassos e passam despercebidos. Estudos indicam que 10% a 40% 
das mulheres com cervicite por N. gonorrhoeae ou C. trachomatis desenvolvem doença 
inflamatória pélvica.
Fatores de Risco: 
adolescência (1 em cada 5 casos de DIP ocorre em menores de 19 anos); (jovens 
de 17 a 21 anos tem mais chance de serem diagnosticadas com DIP). Isso se dá 
por que essa população se submete mais a fatores comportamentais, como 
múltiplos parceiros e sexo desprotegido - parceiro(a) com uretrite também é 
importante; e fatores biológicos, como maior superfície passível de ser infectada.
comportamento sexual
história passada ou atual de IST (clamídia, micoplasmas e gonococo)
uso de DIUs (aumenta o risco de 3 a 5x) se a paciente for portadora de cervicite na 
época de inserção.
sexarca menor que 25 anos;
baixo nível socioeconômico
solteira
nuliparidade
tabagismo/alcoolismo/drogas ilícitas
Etiologia:
POLIMICROBIANA.
A Chlamydia trachomatis é atualmente o patógeno mais comumente detectado em até 
60% das mulheres confirmadas com salpingite ou endometrite, embora o gonococo 
Doença Inflamatória Pélvica 3
continue sendo considerado um agente primário.
Bactérias da classe das Molicutes (Mycoplasma hominis, Mycoplasma genitalium, 
Ureaplasma urealyticum) também podem estar envolvidas. Entre elas, o Mycoplasma 
genitalium tem se 
mostrado de grande importância em termos de crescente frequência e resistência 
bacteriana aos antibióticos usuais.
Além desses microrganismos, um pool de bactérias incluídas no meio ambiente 
vaginal, como Gardnerella vaginalis, Bacteroides spp. e outros germes responsáveis 
por vaginoses, pode contribuir 
para o quadro. Em 9% a 23% dos casos em mulheres com salpingite e endometrite 
confirmada, a etiologia é não gonocócica e não clamidial.
À medida que o processo evolui, ocorre gradativamente diminuição da concentração de 
oxigênio localmente, aumentando a presença dos anaeróbios, entre eles Bacteroides 
fragilis, 
Peptostreptococcus spp. e Prevotella spp.
Fisiopatologia:
1º: agentes implicados nas cervicites instalados no colo uterino, caracterizando o 
´´estádio 0: pré-dip´´ - importância de ser identificado nessa fase pois após esse 
estádio, principalmente na época menstrual ou pós-menstrual imediata (pela abertura 
do colo uterino) há ascensão desses agentes pelo endométrio.
2º ascende para o endométrio: endometrite - habitualmente fugaz, e possibilidade de 
sangramento discreto além da menstruação ou mesmo o prolongamento desta. Na 
ocasião da menstruação ou após, ocorre modificação do muco cervical facilitando esse 
processo. Alguns justificam essa situação pelo fato de o sangue menstrual ser alcalino 
e também propiciar um meio de cultura.
3º ascendem pos via canalicular, instalando-se na tuba uterina - inicia a formação de 
conteúdo purulento, que pode se desprender, passar pelas fímbrias e derramar no 
peritônio pélvico, ocasionando pelviperitonite. (maior acúmulo no fundo de saco de 
Douglas, esse local se apresenta com maior sensibilidade, desencadeando 
dispareunia e dor ao toque vaginal e, sobretudo, no fundo de saco de Douglas). Nesse 
tempo, alças intestinais e epíplon tendem a bloquear o processo purulento, formando o 
denominado “complexo tubo-ovariano”.
Doença Inflamatória Pélvica 4
À medida que aumenta a viscosidade desse conteúdo, pode ocorrer a fusão das 
fimbrias tubárias, provocando aprisionamento de pus dentro das tubas, denominado de 
piossalpinge. Com esse 
conteúdo aprisionado, ocorrem diminuição dos níveis de oxigênio e aumento gradativo 
na proliferação dos anaeróbios em detrimento dos aeróbios.
4º Esse conteúdo purulento pode se propagar para os ovários, constituindo abscesso 
tubo-ovariano (ATO). Esse pode posteriormente ser esterilizado e formar uma massa 
multicística com conteúdo citrino estéril, denominado de hidrossalpinge, como forma de 
sequela do processo infeccioso e inflamatório. Embora menos frequente, o conteúdo do 
ATO pode aumentar a tensão intra-abscesso e se romper, podendo ocasionar um 
quadro grave com grande derramamento de pus no peritônio, choque séptico e até 
levar a óbito. Felizmente, casos letais associados diretamente com a DIP são 
infrequentes.
Em relação à dor, ela é desencadeada a partir da entrada dos 
agentes na cavidade uterina, tornando-se maior quando o conteúdo purulento 
contamina a cavidade pélvica. Quando há fusão das fímbrias, poderá ocorrer relativa 
diminuição da sensação dolorosa e se tornar máxima quando há ruptura do ATO.
Doença Inflamatória Pélvica 5
Diagnóstico:
É difícil devido a grande variedade de sintomas, pode incluir de sinais leves a dor 
abdominal intensa.
Diagnóstico baseado primeiro na evolução clínica, devendo-se iniciar o tratamento 
ANTES da confirmação laboratorial ou de imagem.
A DIP deve ser suspeitada, como diagnóstico diferencial, principalmente em mulheres 
com idade entre 15 e 44 anos com dor abdominal baixa ou dor pélvica à mobilização da 
cérvice, mesmo se os sintomas forem leves. Nem a história clínica, nem exame físico 
ou testes laboratoriais são sensíveis ou específicos o suficiente para definir o 
diagnóstico com certeza.
Os exames laboratoriais podem ser normais em pacientes com DIP, e para o 
diagnóstico definitivo em alguns casos, pode ser necessário exame laparoscópico. O 
diagnóstico clínico isolado tem sensibilidade de 87% e especificidade de 50%. Quando 
comparados os dados clínicos com o diagnóstico laparoscópico, tem valor preditivo 
positivo de 65% a 90%.
A paciente pode apresentar-se assintomática ou ter sintomas que 
incluem (lembrando que tratamos a PACIENTE):
dor pélvica (evento principal);
febre; calafrios
corrimento vaginal ou cervical; coceira ou odor.
Doença Inflamatória Pélvica 6
sangramento vaginal: aumento ou prolongamento da menstruação (devido a 
endometrite rápida). Sangramrnto vaginal anormal de pouca quantidade após a 
menstruação.
dispareunia: devido à inflamação de ligamentos pélvicos ou peritonite;
disúria: principalmente na presença de uretrite;
dor lombar;
náusea e vômito.
60% dos casos se apresentam na forma silenciosa e subclínica. Dos casos 
sintomáticos, 36% são leves a moderados, enquanto 4% são mais graves.
Prevenção:
O rastreio e o tratamento de mulheres sexualmente ativas reduzem o risco para DIP. O 
CDC recomenda rastreio de infecção por clamídia nos seguintes casos
Mulheres com idade menor ou igual a 25 anos e sexualmente ativas;
Mulheres com múltiplos parceiros (dois ou mais parceiros por ano);
Mulheres cujo parceiro tem múltiplas parceiras;
Mulheres com novo parceiro sexual (início há menos de 90 dias);
Mulheres com parceiro com secreçãouretral;
Mulheres que apresentarem sinais e sintomas de cervicite.
Sabe-se que, em termos de custo-efetividade, é mais econômico realizar exames de 
rastreio de DIP, desde que bem indicados, do que tratar as consequências de longo 
prazo.
Embora no Brasil não existam normativas para rastreio populacional da clamídia, nem 
mesmo entre as adolescentes, para esse fato merece análise cuidadosa dos serviços 
de saúde, pois os 
gastos de um programa de rastreamento de cervicites seria muito mais custo-efetivo 
que o tratamento de casos de infertilidade e gravidez ectópica com complicações 
futuras dos casos de DIP.
Doença Inflamatória Pélvica 7
2- Compreender o quadro clínico, principais diagnósticos diferenciais e 
principais complicações da DIP 
Quadro clínico:
A DIP manifesta-se, habitualmente, com um padrão clínico subagudo e 
oligossintomático, e dor abdominal em intensidade variável é sintoma obrigatório. 
É mais comum em mulheres jovens, que, pelo fato de com maior frequência não 
incorporarem o hábito de sexo seguro, têm maior chance de contrair agentes causais 
das cervicites, sendo esses os mais importantes para desencadeamento da DIP.
Um dos principais problemas é que, muitas vezes, esse processo passa despercebido, 
pois os sintomas clínicos como a dor se apresentam de forma discreta, não suscitando 
a suspeita 
diagnóstica. 
Doença Inflamatória Pélvica 8
É uma das mais importantes complicações das infecções sexualmente transmissíveis 
(IST) e um sério problema de saúde pública. Apresenta relevância devido às suas 
complicações, tanto do ponto de vista de emergência no caso da pelviperitonite ou 
ruptura de abscesso tubo-ovariano (ATO), como em longo prazo, podendo provocar 
infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.
artigo:
O curso temporal é tipicamente agudo, desenvolvendo-se por vários dias; no entanto, 
pode ocorrer apresentação mais extensa por semanas ou meses. Os sintomas, quando 
presentes, podem incluir febre, dor abdominal, dor pélvica, dispareunia, corrimento 
vaginal e disúria ou polaciúria.
Observa-se sangramento uterino anormal (sangramento pós-coital, sangramento 
intermenstrual e menorragia) em um terço ou mais dos casos.
Apenas uma minoria desenvolve peritonite ou abscesso pélvico, que geralmente se 
manifestam por dor mais intensa, maior sensibilidade ao exame e características 
sistêmicas, como febre. Mais raramente, ocorre extensão até a cápsula hepática, 
causando peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh Curtis) ou septicemia, ou ambas.
O exame clínico deve incluir aferição de sinais vitais; exame abdominal; exame 
especular vaginal, com inspeção do colo de útero para friabilidade (sangramento fácil) 
e corrimento mucopurulento cervical; toque vaginal bimanual, com mobilização do colo; 
e palpação dos anexos (ovários e trompas uterinas).
Principais diagnósticos diferenciais
O diagnóstico diferencial deverá ser feito com manifestações uroginecológicas, 
gastrointestinais e musculoesqueléticas. Portanto, o ginecologista deve estar atento 
com elevado nível de suspeição na presença de um ou mais dos critérios mínimos 
diagnósticos, dessa forma implantando terapêutica antibiótica precoce e diminuindo a 
chance de sequelas. Os principais diagnósticos diferenciais devem incluir:
Gravidez ectópica;
Tumor, torsão ou cisto ovariano;
Doença Inflamatória Pélvica 9
Aborto séptico incompleto;
Endometriose, adenomiose, leiomioma uterino, endometrioma 
roto;
Nefrolitíase, pielonefrite, cistite;
Litíase urinária;
Apendicite, síndrome do intestino irritável e outras doenças 
gastrointestinais
Principais complicações:
As complicações agudas da DIP incluem peritonite e bacteremia, que podem resultar 
em endocardite, meningite e artrite supurativa. As sequelas crônicas da DIP incluem 
infertilidade e obstrução tubária, gravidez ectópica, dor pélvica crônica e obstrução 
intestinal devido a aderências entre o intestino e os órgãos pélvicos.
3- Relacionar a DIP com as bactérias presentes na vagina, vulvovaginites e ISTs 
ROBBINS:
A Neisseria gonorrhoeae continua a ser uma causa comum da DIP, a complicação mais 
séria da gonorreia em mulheres. 
Com o gonococo, as alterações inflamatórias começam a aparecer aproximadamente 2 
a 7 dias após a inoculação. Ainfecção inicial envolve mais comumente a mucosa 
endocervical, mas ela também pode começar na glândula de Bartholin e em outras 
glândulas vestibulares ou periuretrais. Apartir de qualquer um desses lugares, 
os organismos podem se disseminar para cima e envolver as tubas uterinas e a região 
tubo-ovariana.
A infecção por Clamydia é outra causa bem reconhecida de DIP. 
As infecções após abortos espontâneos ou induzidos e partos normais ou anormais 
(chamadas infecções puerperais) também são causas importantes de DIP. Nessas 
situações, as infecções são tipicamente polimicrobianas e podem ser causadas por 
estafilococos, estreptococos, coliformes e pelo Clostridium perfringens.
Doença Inflamatória Pélvica 10
ARTIGO:
A maioria dos casos é decorrente de agentes patogênicos sexualmente transmitidos, 
como N. gonorrhoeae e C. trachomatis. Uma minoria de casos agudos não são 
transmitidos sexualmente, mas associados a germes que colonizam o trato genital 
inferior ou entéricos, como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum, 
Peptococcus spp., Peptoestreptococcus spp., Bacteroides spp., Escherichia coli, 
Streptococcus agalactiae e Campylobacter spp., além de patógenos respiratórios (por 
exemplo, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, estreptococos do grupo 
A 
e Staphylococcus aureus). Os aeróbios facultativos da microbiota são considerados 
agentes causadores potenciais.
4- Conhecer os principais exames complementares para investigação da DIP 
Na suspeita de DIP, a paciente deve ser avaliada por meio dos 
seguintes exames:
Hemograma completo que possa sugerir presença de processo inflamatório 
(leucocitose e/ou bastonetose);
Doença Inflamatória Pélvica 11
Exames de urina tipo I e urocultura, para afastar infecção do trato urinário;
Provas bioquímicas inflamatórias (velocidade de hemossedimentação – VHS – e 
proteína C reativa). Embora inespecíficas, auxiliam no raciocínio diagnóstico, 
somadas às 
outras alterações;
Exame bacterioscópico para avaliar vaginose bacteriana;
Identificação do agente preferencialmente por provas de biologia molecular para 
diagnóstico de clamídia e gonococo, bem como por cultura para gonococo e, se 
possível, com 
antibiograma e determinação de resistência;
Teste de gravidez, se essa não pode ser excluída com certeza, principalmente para 
afastar gravidez ectópica;
Ultrassonografia transvaginal (USTV): método de escolha para a avaliação inicial 
de dor pélvica, pode mostrar imagem de
1. espessamento da parede tubária menor que 5mm (100% de sensibilidade)
2. septos incompletos intratubários
3. sinal de roda dentada (corte transversal) - 95% a 99% de especificidade
4. espessamento e líquido tubário
5. ATO
A USTV tem habilidade limitada para o diagnóstico de DIP aguda, mas em alguns 
casos de mulheres com sintomas de DIP, ela pode ser útil quando se identificam 
imagens típicas.
Doença Inflamatória Pélvica 12
Se a USTV for inconclusiva, considerar outros métodos de 
imagem:
Tomografia computadorizada da pelve, que pode evidenciar alterações nos planos 
fasciais do assoalho pélvico, espessamento dos ligamentos uterossacrais, 
inflamação 
tubária ou ovariana, coleção líquida anormal;
Ressonância magnética (RM) pode mostrar: ATO, piossalpinge, líquido intratubário, 
aparência de policistose ovariana com líquido livre na pelve. A RM tem maior 
acurácia 
quando comparada com a USTV para o diagnóstico de DIP e pode, portanto, 
substituir a laparoscopia;
Laparoscopia pode ser usada para confirmar o diagnóstico. 
Todas as mulheres que têm DIP aguda devem ser rastreadas para clamídia e 
gonococo e devem ser testadas para a infecção pelo vírus da imunodeficiência 
humana (HIV);
Outros exames bioquímicos na dependência de cada caso e desua gravidade: 
provas de função hepática e renal, avaliação hidroeletrolítica, entre outros.
Doença Inflamatória Pélvica 13
Concluindo, em relação ao diagnóstico da DIP, é eminentemente clínico, e deve 
basear-se nos seguintes critérios, segundo o CDC
Existem também os CRITÉRIOS ESPECÍFICOS, que por si só 
definem a presença de DIP, sendo eles:
USG endovaginal ou RM ou outro método de imagem sugerindo a presença de 
ATO ou complexo tubo-ovariano (coleção diversa podendo conter alças intestinais, 
epíplon e/ou 
conteúdo líquido em forma associada);
Biópsia endometrial demonstrando a presença de endometrite;
Laparoscopia demonstrando sinais sugestivos de infecção tubária ou tuboperitonial.
5- Entender as vulvovaginites (conceito, quadro clínico, agentes etiológicos, 
principíos terapêuticos)
Vulvovaginites e vaginoses são as causas mais comuns de corrimento vaginal 
patológico e acometem o epitélio estratificado da vulva e/ou vagina. Os agentes 
etiológicos mais frequentes são fungos, bactérias anaeróbicas em número 
aumentado, tricomonas (protozoário) e até mesmo um aumento exacerbado dos 
lactobacilos.
Doença Inflamatória Pélvica 14
Vaginite por Trichomonas
A vaginite por Trichomonas é causada pelo parasito flagelado, sexualmente 
transmitido, Trichomonas vaginalis.
Tem alta taxa de transmissão;
Os fatores imunes locais e a quantidade de protozoários inoculados influenciam o 
surgimento dos sintomas, os quais – assim como os sinais – podem ser muito mais 
leves em pacientes com um pequeno inóculo de tricomonas, assim como a vaginite por 
Trichomonas é frequentemente assintomática.
Principais sintomas:
corrimento vaginal fétido, purulento e abundante, que pode ser acompanhado de 
prurido vulvar;
em pacientes com altas concentrações dos microorganismos, podem ser 
observados eritema vaginal focal e colpite macular (colo em framboesa);
A morbidade associada à vaginite por Trichomonas pode estar relacionada com a VB. 
Pacientes comvaginite por Trichomonas estão sob maior risco de celulite da cúpula da 
vagina após histerectomia.
Gestantes com vaginite por Trichomonas estão sob maior risco de ruptura prematura 
das membranas e de parto pré-termo. Como a vaginite por Trichomonas é transmitida 
sexualmente, as mulheres com essa infecção devem ser submetidas a exames para 
detecção de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), em particular Neisseria 
gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Também se deve considerar o teste sorológico 
para sífilis e infecção pelo HIV.
O tratamento da vaginite por Trichomonas pode ser resumido da seguinte maneira:
1. O metronidazol é o fármaco de escolha para tratamento da tricomoníase vaginal. 
Os esquemas, tanto em dose única (2 g VO) quanto em múltiplas doses (500 mg 2 
vezes/dia durante 7 dias), são muito eficazes e apresentam taxas de cura 
aproximadas de 95%
2. O parceiro sexual deve ser tratado
3. O gel de metronidazol, embora seja muito eficaz no tratamento da VB, não deve 
ser usado no tratamento da tricomoníase vaginal
Doença Inflamatória Pélvica 15
4. Mulheres que não respondem ao tratamento inicial devem ser tratadas novamente 
com 500 mg de metronidazol 2 vezes/dia durante 7 dias. Se a repetição do 
tratamento não for eficaz, a paciente deve ser tratada com uma dose de 2 g de 
metronidazol 1 vez/dia durante 5 dias ou tinidazol, em tomada 
diária única de 2 g durante 5 dias
5. Pacientes que não respondem à repetição do tratamento com metronidazol ou 
tinidazol e nas quais foi excluída a possibilidade de reinfecção devem ser 
encaminhadas a um especialista. Nesses casos refratários incomuns, uma parte 
importante do tratamento é obter culturas do parasito a fim de 
que se verifique sua sensibilidade ao metronidazol e ao tinidazol.
Candidíase Vulvovaginal
No trato genital feminino, a Candida sp. pode ser encontrada em aproximadamente 
20% das mulheres saudáveis assintomáticas. Entretanto, estima-se que 75% das 
mulheres em idade reprodutiva apresentarão pelo menos um episódio de vulvovaginite 
por Candida sp. durante suas vidas; 50% apresentarão dois ou mais episódios e 5% 
terão episódios recorrentes, ou seja, quatro ou mais episódios por ano, confirmados 
clínica e laboratorialmente.
A Candida albicans é responsável por 85 a 90% das infecções vaginais por leveduras. 
Outras espécies de Candida, como C. glabrata e C. tropicalis, causam sintomas 
vulvovaginais e tendem a ser resistentes ao tratamento.
Candida é um gênero de fungos dimórficos que existem na forma de blastosporos, 
responsáveis pela transmissão e colonização assintomática, e de micélios, que são 
produzidos pela germinação dos blastosporos e estimulam a colonização, além de 
facilitarem a invasão tecidual.
As extensas áreas de prurido e inflamação frequentemente associadas à invasão 
mínima das células epiteliais do sistema genital inferior sugerem a participação de uma 
toxina ou enzima extracelular na patogenia dessa doença. Fenômeno de 
hipersensibilidade pode ser responsável pelos sintomas irritativos associados à CVV, 
sobretudo nas pacientes com doença recorrente. Em geral, as pacientes com doença 
sintomática apresentam maior concentração desses microrganismos (> 104/ml) que as 
assintomáticas (< 103/ml).
Principais sintomas:
Doença Inflamatória Pélvica 16
prurido vulvar associado a corrimento vaginal semelhante a queijo coalhado;
corrimento varia de aquoso a espesso homogêneo. Pode haver úlceras vaginais, 
dispareunia, queimação vulvar e irritação. A disúria pode ocorrer quando a micção 
expõe à urina o epitélio vulvar e vestibular inflamado. O exame mostra eritema e 
edema da pele da vulva. É possível que haja lesões periféricas pustulopapulares 
bem-delimitadas. A vagina pode apresentar eritema com corrimento esbranquiçado 
e aderente. O colo tem aparência normal.
Pode-se fazer um diagnóstico presuntivo quando não há comprovação da presença de 
elementos fúngicos ao exame microscópico, se o pH e os resultados do exame da 
preparação com solução salina forem normais e se a paciente apresentar aumento do 
eritema ao exame da vagina ou da vulva. É recomendável fazer cultura para fungos a 
fim de confirmar o diagnóstico. Por outro lado, é improvável que mulheres com achados 
normais ao exame físico e sem evidência de elementos 
fúngicos ao exame microscópico tenham CVV, e não se deve administrar tratamento 
empírico, exceto se a cultura vaginal para leveduras for positiva.
O tratamento da CVV é resumido adiante:
1. A aplicação tópica de fármacos do grupo dos azóis é o tratamento mais frequente 
da CVV, além de ser mais eficaz que a nistatina. O tratamento com azóis causa 
alívio dos sintomas 
e culturas negativas em 80 a 90% das pacientes que concluíram o tratamento. Em 
geral, os sintomas desaparecem em 2 a 3 dias. Recomendam-se os esquemas de 
curta duração de até 3 dias. Embora o menor período de terapia implique menor 
duração do tratamento, as formulações para administração 
por curto período têm maiores concentrações do antifúngico, causando uma 
concentração inibitória na vagina que persiste por vários dias
2. Um antifúngico oral, o fluconazol, usado em dose única de 150 mg, é recomendado 
para tratamento da CVV. Parece ter eficácia igual à dos azóis tópicos no tratamento 
da CVV leve a 
moderada. As pacientes devem ser advertidas de que os sintomas persistirão por 2 
a 3 dias após ominício do tratamento para não haver expectativa da necessidade 
de tratamento adicional
Doença Inflamatória Pélvica 17
3. Mulheres com CVV complicada são beneficiadas por uma dose complementar de 
150 mg de fluconazol administrada 72 h após a primeira dose. Pacientes com 
complicações podem 
ser tratadas com um esquema tópico mais prolongado, com duração de 10 a 14 
dias. A terapia auxiliar com um esteroide tópico fraco, como o creme de 
hidrocortisona a 1%, pode ajudar a aliviar alguns dos sintomas irritativos externos.
Um pequeno número de mulheres tem CVV recorrente (CVVR), definida como quatro 
ou mais episódios em 1 ano. Essas mulheres apresentamsintomas irritativos 
persistentes no vestíbulo e na vulva.
A queimação substitui o prurido como principal sintoma em pacientes com CVVR. O 
diagnóstico deve ser confirmado por microscopia direta das secreções vaginais e por 
cultura para fungos. 
Muitas mulheres com CVVR presumem, de maneira errada, que têm uma micose 
crônica. Muitas delas apresentam dermatite atópica crônica ou vulvovaginite atrófica.
O tratamento de pacientes com CVVR é a indução de remissão dos sintomas crônicos 
comfluconazol (150 mg a cada 3 dias por 3 doses). As pacientes devem ser mantidas 
com uma dose 
supressora desse fármaco (fluconazol, 150 mg/semana) durante 6 meses. Nesse 
esquema, 90% das mulheres com CVVR permanecerão em remissão. Após terapia 
supressora, cerca de metade continuará assintomática; a outra metade apresentará 
recorrência, que deve levar à reinstituição da terapia supressora;
Vaginite inflamatória descamativa
A vaginite inflamatória descamativa é uma síndrome clínica caracterizada por vaginite 
exsudativa difusa, esfoliação de células epiteliais e corrimento vaginal purulento 
abundante.
Mulheres com esse distúrbio apresentam corrimento vaginal purulento, queimação ou 
irritação vulvovaginal e dispareunia. Um sintoma menos frequente é o prurido vulvar. 
Há eritema vaginal e pode haver eritema vulvar associado, bem como manchas 
equimóticas vulvovaginais e colpite macular.
Doença Inflamatória Pélvica 18
O tratamento inicial é o uso de creme de clindamicina a 2%, um aplicador cheio (5 g) 
por via intravaginal, 1 vez/dia, por 7 dias. Há recidiva em cerca de 30% das pacientes, 
que devem ser tratadas 
novamente com creme de clindamicina a 2% intravaginal por 2 semanas. Quando há 
recidiva empacientes na pós-menopausa, deve-se cogitar a terapia de reposição 
hormonal suplementar.
Vaginite atrófica
O estrogênio desempenha papel importante na manutenção do microambiente vaginal. 
Mulheres após a menopausa – seja natural, seja secundária à remoção cirúrgica dos 
ovários – podem desenvolver vaginite atrófica, a qual, em determinados casos, é 
acompanhada de corrimento vaginal purulento intenso. Além disso, pode haver 
dispareunia e sangramento pós-coito em razão da atrofia do epitélio vaginal e vulvar.
O exame mostra atrofia genital externa, assim como perda das pregas vaginais. A 
mucosa vaginal pode ser um pouco friável em algumas áreas. O exame microscópico 
das secreções vaginais revela predomínio de células epiteliais parabasais e aumento 
do número de leucócitos.
O tratamento em pacientes com vaginite atrófica se dá por meio de creme vaginal de 
estrogênio tópico. Na maioria dos casos, o uso diário de 1 g de creme de estrogênios 
conjugados por via intravaginal, durante 1 a 2 semanas, proporciona alívio. Deve-se 
considerar a terapia de manutenção com estrogênio, tópico ou sistêmico, a fim de que 
se evite a recorrência do distúrbio.

Outros materiais