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DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA - DIP

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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA - DIP 
 
A doença inflamatória pélvica é um conjunto de sinais e sintomas secundários à ascensão e a disseminação 
no trato genital feminino superior, de microrganismos provenientes da vagina e/ou da endocérvice. Esses 
microrganismos podem acometer útero, trompas, ovários, superfície peritoneal e estruturas contíguas. 
A DIP compreende vários aspectos inflamatórios e infecciosos do trato geniral superior feminino, incluindo 
endometrite, salpingite, abecessos tubo-ovarianos e peritonite pélvica. É a complicação mais comum e 
grave das IST. 
Obs: nem sempre ela é uma IST complicada. Pode estar associada a manipulação do trato genital (inserção 
do DIU, biopsia de endométrio, curetagem), gestação ou outros processos primários abdominais. 
EPIDEMIOLOGIA 
 A DIP constitui uma das mais importantes complicações das IST e um sério problema de saúde 
pública. 
 É comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida, sendo mais prevalente entre os 
15 e 25 anos. 
 Cerca de 70% das pacientes acometidas apresentam idade inferior a 25 anos. 
 As adolescentes possuem risco três vezes maior de desenvolver DIP do que as pacientes acima de 
25 anos. 
AGENTES ETIOLÓGICOS 
Os agentes mais comuns da DIP são a Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis!!! Esses são os dois 
únicos patógenos primários da DIP reconhecidos formalmente, embora a flora associada a DIP 
posteriormente seja polimicrobiana. 
Neste contexto, bactérias facultativas anaeróbias (ex.: G. vaginalis, H. influenzae, S. agalactiae, entre outros), 
que compõem a flora vaginal, também tem sido associada à DIP. 
A DIP normalmente inicia com a infecção cervical por Chlamydia trachomatis e/ou por Neisseria 
gonorrhoeae, que ascende ao trato genital superior e, na maior parte dos casos, conduz à infecção 
polimicrobiana. 
Os agentes primários ocasionam alterações imunológicas e bioquímicas, como menor produção de radicais 
livres, que favorecem a chegada, a instalação e a manutenção dos agentes secundários 
Todas as mulheres que tem DIP aguda devem ser rastreadas para N. gonorrhoeae e C. trachomatis e 
testadas para HIV, sífilis e hepatites virais. 
A DIP é um processo agudo, à exceção dos casos provocados 
por micro-organismos causadores da tuberculose. A DIP 
tuberculosa é uma infecção de caráter insidioso que ocorre 
como consequência da disseminação hematogênica do bacilo 
de Koch. Portanto, a DIP causada por esse agente etiológico 
não é sexualmente transmissível. Ela deve ser suspeitada 
naquelas pacientes que não apresentam melhora clínica após 
a terapêutica convencional para a DIP. 
FATORES DE RISCO 
Para memorizar os principais fatores de risco envolvidos, basta 
pensar em todas as condições e situações que facilitem a 
aquisição de uma DST: 
 
2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 
 Idade < 25 anos: as adolescentes com vida sexual ativa têm até 3x mais chance de adquirir DIP, 
principalmente por fatores como baixa prevalência de anticorpos contra clamídia, muco cervical 
mais permeável e ectopia mais frequente. 
 Início precoce de atividade sexual; 
 Mulheres solteiras; 
 Estado socioeconômico: mulheres de classe mais desfavorecidas tem maior vulnerabilidade para 
promiscuidade sexual. 
 Tabagismo/Alcoolismo/Uso de drogas: são cofatores imunossupressivos. 
 Múltiplos parceiros sexuais. 
 Parceiro sexual portador de uretrite. 
 História de IST oi DIP previa; 
 Vaginose bacteriana: acredita-se que a vaginose facilite a ascendência da clamídia e do gonococo 
no trato genital. 
 Uso de DIU: estudos inconclusivos sugerem que o DIU interfere nos mecanismos de defesa do 
endométrio. 
Obs: O uso de duchas vaginais e de tampões vaginais deve ser 
desencorajado, pois pode aumentar o risco de desenvolver DIP 
aguda. 
FISIOPATOLOGIA 
A DIP começa com a ascensão de microrganismos pelo trato 
genital, passando pelo orifício interno do colo uterino. Esse 
processo é facilitado principalmente no período perimenstrual e 
pós-menstrual imediato, justamente pela maior abertura do colo, 
pela fluidez do muco cervical devido a ação estrogênica e pela 
sucção do conteúdo vaginal promovida pela contratilidade 
uterina. 
Todo o processo começa com uma endometrite, que se 
caracteriza pela presença de plasmócitos no estroma endometrial. 
Como essa é a manifestação inicial da DIP, o paciente queixa-se de 
dor à mobilização do colo uterino e dor abdominal infraumbilical. 
O processo infeccioso pode se dirigir as trompas, no qual teremos 
uma lesão direta e indireta do epitélio ciliar, que induz a uma reação 
inflamatória, essa inflamação da superfície tubaria pode acarretar 
na formação de aderências, que justifica a queixa de dor pélvica 
crônica. Além disso, essas aderências levando a oclusão do lúmen 
tubário culmina na infertilidade. 
Em alguns casos, podemos ter a formação de abcessos tubo-
ovarianos, que pode até invadir a cavidade peritoneal. Neste 
estágio, as pacientes já apresentam sinais de irritação peritoneal. 
É importante lembrar que nas infecções por gonococo e clamídia, 
essas infecções podem formar pequenos abcessos na superfície 
hepática, conhecida como síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, que se 
caracteriza pela presença de exsudato purulenta na cápsula de glison. E já na sua forma crônica, há as 
aderências do tipo “corda de violino” entre a parede abdominal anterior e a superfície hepática. As 
manifestações clinicas incluem dor pleurítica à direita e dor em hipocôndrio direito. 
QUADRO CLÍNICO 
O principal sintoma da DIP é a presença de descarga vaginal purulenta, quase sempre acompanhada de 
dor abdominal infraumbilical, dor em topografia anexial, dor à mobilização do colo uterino e febre. Podem 
ocorrer também os chamados sintomas atípicos, como sangramento uterino anormal (hipermenorreia ou 
metrorragia), dispareunia e sintomas urinários. Vale aqui lembrar que algumas mulheres desenvolvem DIP 
de forma totalmente assintomática. 
 
3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 
Com a progressão da doença, podem surgir sinais de irritação 
peritoneal, com exacerbação da dor e ocorrência de 
náuseas e vômitos. Nesta fase, a palpação abdominal 
evidenciará sinais de defesa em 90% e dor à descompressão 
DIAGNÓSTICO 
No entanto, o diagnóstico é difícil em função da grande 
variação na intensidade de sinais e sintomas em mulheres 
com esta condição – as pacientes podem apresentar desde 
infecções assintomáticas a quadros emergenciais. 
Assim, embora impreciso, o diagnóstico da DIP usualmente é 
baseado em achados clínicos. 
Obs: Em uma paciente com DIP em que o processo 
infeccioso já se dirigiu para as trompas (Salpingite) e 
infecções peritoneais, o padrão-ouro do diagnóstico será a videolaparoscopia.. 
Os critérios diagnósticos baseiam-se na presença de TRÊS CRITÉRIOS MAIORES + UM CRITÉRIO MENOR ou na 
presença de apenas UM CRITÉRIO ELABORADO. 
 
Obs.: os critérios maiores ou mínimos estão relacionados à presença de dor. 
Obs.: os critérios menores ou adicionais estão relacionados às alterações encontradas no exame físico (com 
exceção de dor) e nos exames laboratoriais. 
Obs.; os critérios elaborados ou definitivos, estão relacionados às alterações encontradas em procedimentos 
elaborados (biópsia de endométrio, exames de imagem, videolaparoscopia). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
A seguir, são esmiuçados os principais exames complementares e seus achados: 
 Teste de Gravidez: Para exclusão da suspeita de gravidez ectópica ou abortamento séptico. 
 Hemograma Completo: Evidenciará a presença de leucocitose superior, com aumento da 
contagem de bastões. 
 Velocidade de Hemossedimentação e proteína C reativa: Na quase totalidade dos casos, ambos os 
exames estarão elevados. 
 EAS e/ou urinocultura: Para afastar infecção do trato urinário. 
 
4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 
 Cultura de materiais da Cérviceuterina com antibiograma ou naat para n. Gonorrhoeae: A cultura 
só tem valor se for realizada em meio específico: para gonococo, clamídia, micoplasma e 
ureaplasma. 
 Sorologia para Sífilis (VdrL), Hepatites b e C, HIV e imunofluoreSCênCia indireta para Clamídia. 
 USG abdominal e pélvica: pesquisa de liquido livre. 
 Biópsia de endométrio: Pode confirmar a presença de endometrite. 
 Ressonância magnética: Poderá revelar a presença de líquido livre na pelve, abscessos tubo-
ovarianos e pélvicos. 
 VideolaparoSCopia: 
Permite a obtenção 
de um diagnóstico 
acurado nos casos 
de salpingite e de um 
diagnóstico 
bacteriológico mais 
completo. 
ESTADIAMENTO  
 
 
 
 
 
 
 
5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 
TRATAMENTO 
Deve-se iniciar imediatamente o tratamento antimicrobiano nas mulheres jovens, sexualmente ativas, com 
queixa de desconforto ou dor pélvica, e que preencham os critérios clínicos para DIP. 
Na prática, frente a uma paciente com DIP, a principal dúvida que se impõe é se o tratamento é 
ambulatorial, hospitalar ou cirúrgico. Em geral, é o estado clínico da paciente que rege a indicação do 
tratamento. 
O tratamento é feito com 
antibióticos, analgésicos e anti-
inflamatórios para diminuir a 
sintomatologia. 
Os esquemas terapêuticos devem 
apresentar cobertura antimicrobiana 
para os agentes etiológicos de 
doença inflamatória pélvica. A 
antibioticoterapia deve ser de amplo 
espectro, ter eficácia contra N. 
gonorrhoeae, C. trachomatis e os 
anaeróbios. 
Entre os antibióticos de amplo 
espectro com atividade direcionada 
para tais agentes, os betalactâmicos, 
aminoglicosídeos, tetraciclinas, 
lincosaminas e macrolídeos têm sido 
bastante estudados. 
O uso parenteral poderá ser suspenso 
24 horas após cessarem os sintomas e a terapêutica antimicrobiana por via oral ou intramuscular deve 
estender-se até 14 dias. A doxiciclina é o agente de escolha para tratar C. trachomatis na maioria dos 
estudos. 
 
As pacientes tratadas em nível ambulatorial devem ser reexaminadas em 72h. Neste período, devem 
apresentar melhora substancial. Caso isso não ocorra, a internação é obrigatória e deve-se considerar uma 
abordagem cirúrgica. 
As pacientes tratadas em nível hospitalar devem ser reavaliadas em 24 a 48h. Em caso de ausência de 
melhora, a possibilidade de intervenção cirúrgica por videolaparoscopia deve ser cogitada. 
TRATAMENTO DOS PARCEIROS 
As parcerias sexuais dos dois meses anteriores ao diagnóstico, sintomáticas ou não, devem ser convocadas 
e tratadas empiricamente para Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Recomenda-se ceftriaxona 
500 mg IM associada a azitromicina 1 g VO, ambas em dose única.

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