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Por Lara Pessoa 2° Período - Habilidades Clínicas Percussão -> Para a percussão das faces anterior e laterais, o paciente pode estar sentado ou deitado. Já a percussão da face posterior é possível apenas quando o paciente está sentado. -> Quando se percutem as faces laterais, o paciente deve colocar suas mãos na cabeça. -> Atualmente só se usa a percussão digito-digital, e, ao executá-la, o examinador deve ficar atento ao ruído provocado pelo golpe, sem esquecer de avaliar a resistência oferecida ao dedo plexímetro. Há nítida relação entre macicez e maior resistência, bem como entre hipersonoridade ou timpanismo e menor resistência. As duas informações – sonora e tátil – completam-se, uma se somando à outra. -> A percussão do tórax deve obedecer a um roteiro preestabelecido. Convém iniciá-la pela face anterior, indo de cima para baixo e golpeando, ora de um lado, ora de outro, em pontos simétricos. Passa-se em seguida às regiões laterais. Conclui-se o exame com a percussão da face posterior. -> Vale ressaltar que a força do golpe precisa ser a mesma quando se percutem regiões simétricas. No entanto, para a percussão de áreas não homólogas é necessário aplicar golpes de diferentes intensidades. -> O tórax dos indivíduos magros ressoa mais que o das pessoas musculosas ou obesas e isso nos obriga a variar a força do golpe de uma pessoa para outra, “calibrandoo”, sempre com a preocupação de despertar um som nítido com a menor força possível. Quer dizer, não é interessante provocar sons muito intensos só porque a parede torácica é delgada, nem se pode ficar satisfeito com sons indefinidos se a parede torácica for espessa. -> Os seguintes fatos merecem ser realçados: ◗ Na área de projeção do coração, do fígado e do baço obtém-se, à percussão, som maciço ou submaciço, procedendo-se da seguinte maneira: - - Determina-se a macicez hepática percutindo o hemitórax direito, de cima para baixo, seguindo o trajeto da linha hemiclavicular, sempre com o paciente em decúbito dorsal. Na parte mais alta percebe-se sonoridade pulmonar, mas, na altura do 4º espaço intercostal, nota-se modificação do som, que passa a submaciço. A partir do 5º ou 6º espaço, dependendo do biotipo, o som torna-se francamente maciço, isso porque nesta região não há mais pulmão interposto entre o fígado e a parede torácica. - Percebe-se a macicez cardíaca percutindo a face anterior do tórax, de cima para baixo, primeiro junto à borda esternal esquerda e, em seguida, percorrendo linhas paralelas à borda esternal, distantes uma da outra mais ou menos dois centímetros, até atingir a linha hemiclavicular esquerda. Consegue-se, inclusive, delinear a área de projeção do coração. Entretanto, isso não apresenta valor prático na avaliação do volume cardíaco que é feita pela radiografia do tórax - Com o paciente em decúbito lateral direito e com a mão esquerda na cabeça, a submacicez esplênica é demarcada pela percussão da face lateral esquerda do tórax, de cima para baixo, seguindo as três linhas da região axilar. O limite superior da submacicez esplênica encontra-se, habitualmente, no nível do 11o espaço intercostal ◗ Na área de projeção de fundo do estômago – espaço de Traube –, obtém-se som timpânico, semelhante ao obtido quando se percute um tambor: para a delimitação desse espaço, percute-se a face anterior do hemitórax esquerdo, seguindo linhas paralelas que vão da borda esternal até a linha axilar anterior, mais ou menos como se procedeu ao estudar-se a macicez cardíaca ◗ Nas demais regiões, encontra-se sonoridade pulmonar ou som claro pulmonar, também denominado som claro atimpânico: cumpre assinalar, entretanto, que a nota de percussão não é igual em todo o tórax. Desse modo, na face anterior e nas faces laterais a sonoridade é mais intensa do que na face posterior; no ápice direito, o som é um pouco Por Lara Pessoa 2° Período - Habilidades Clínicas mais claro do que no esquerdo; nas bases, é menos intenso do que no restante do tórax. Semiotécnica da Percussão Alterações na percussão do tórax -> Excetuadas as áreas de projeção do fígado, coração, baço e fundo do estômago, no resto do tórax encontra-se sonoridade pulmonar ou som claro pulmonar. -> As modificações possíveis de serem encontradas são: hipersonoridade pulmonar, submacicez, macicez e som timpânico. ▶ Hipersonoridade pulmonar - Significa que a nota de percussão está mais clara e mais intensa. Não confundi-la com som timpânico. - Hipersonoridade indica aumento de ar nos alvéolos pulmonares, sendo o enfisema pulmonar a causa mais comum. ▶ Submacicez e macicez - São denominações que traduzem diminuição ou desaparecimento da sonoridade pulmonar e indicam redução ou inexistência de ar no interior dos alvéolos. - Acompanhando a nota percutória de macicez, percebe-se também aumento da resistência oferecida pela parede torácica ao dedo plexímetro. - As causas mais comuns de submacicez e macicez são os derrames ou espessamentos pleurais, a condensação pulmonar (pneumonias, tuberculose, infarto pulmonar e neoplasias). Deve ser lembrado que essas afecções só se tornam diagnosticáveis à percussão quando são de grande extensão. ▶ Som timpânico - Indica ar aprisionado no espaço pleural (pneumotórax) ou em uma grande cavidade intrapulmonar (caverna tuberculosa, por exemplo). Há que ressaltar que somente as grandes cavernas, situadas superficialmente, podem ser reconhecidas pela percussão. Quando são pequenas ou localizadas na intimidade de massa pulmonar, só os exames radiológico e ultrassonográfico podem evidenciá-las. - Para familiarizar-se com as características do som timpânico, basta percutir repetidas vezes o espaço de Traube, que corresponde à projeção do fundo do estômago na parte inferior da face anterior do hemitórax esquerdo. Ausculta Pulmonar Por Lara Pessoa 2° Período - Habilidades Clínicas -> A ausculta constitui o método semiótico por excelência da exploração clínica do tórax, tanto para o exame dos pulmões como do coração. Por meio dela obtêm-se grandes subsídios para o diagnóstico, mas seu aprendizado exige prática intensiva em pessoas normais e em manequins que disponham de gravação dos sons pulmonares e cardíacos. -> Cumpre ressaltar a necessidade de seguir os princípios corretos da ausculta. Erro grosseiro e inaceitável é realizar a ausculta do tórax por cima da roupa. É como se quisesse obter radiografia do tórax de um paciente vestido com avental de chumbo. -> Sem���éc�i�� � so�� p����op����na��� - Para se realizar a ausculta do tórax, o paciente deve estar, preferencialmente, sentado, com o tórax total ou parcialmente descoberto. Não se deve, em hipótese alguma, colocar o receptor do estetoscópio sobre qualquer tipo de roupa. Além disso, é importante solicitar ao paciente que respire um pouco mais profundamente com os lábios entreabertos. Se for necessário, o examinador ensina-lhe a maneira adequada de respirar para se fazer a ausculta. - Quando o paciente está impossibilitado de se sentar, faz-se o exame nos decúbitos dorsal e lateral. O receptor mais adequado é o de diafragma, usando-se os de menor diâmetro no exame de crianças. ▶ Sons normais -> Som traqueal e respiração brônquica: No som traqueal, bem como nos outros sons pulmonares, reconhecem-se dois componentes – o inspiratório e o expiratório –, cujas características estetoacústicas são específicas para cada som -> O som traqueal, audível na região de projeção da traquéia, no pescoço e na região esternal, origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e na própria traquéia. Diferenciam-se com facilidade seus dois componentes, sendo o inspiratório constituído de um ruído soproso, mais ou menos rude, após o qual há um curto intervalo silencioso que separa os dois componentes, e o expiratório, um pouco mais forte e mais prolongado. -> A respiração brônquica corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção de brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax,nas proximidades do esterno. A respiração brônquica muito se assemelha ao som traqueal, dela se diferenciando apenas por ter o componente expiratório menos intenso. Nas áreas que correspondem a uma condensação pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de cavernas pulmonares superficiais ouve-se respiração brônquica no lugar do murmúrio vesicular. -> Murmúrio vesicular: Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são produzidos pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos para os alvéolos e vice-versa.Recebe a denominação de murmúrio vesicular. -> O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tom mais alto em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e de tom mais baixo. Não se percebe, diferentemente do que ocorre na respiração traqueal, um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração. Quando se compara o murmúrio vesicular com a respiração brônquica verifica-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. -> Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção apenas das regiões esternal superior, interescapulovertebral direita e no nível da 3ª e 4ª vértebras dorsais. Nestas áreas, ouve-se a respiração broncovesicular. -> Cumpre salientar que o murmúrio vesicular não tem intensidade homogênea em todo o tórax – é mais forte na parte anterossuperior, nas axilas e nas regiões infraescapulares. Além disso, sofre variações em sua intensidade na dependência da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. -> Murmúrio vesicular mais intenso ocorre quando o paciente respira amplamente e com a boca aberta, após esforço, em crianças e em pessoas emagrecidas. Nos portadores de afecções pulmonares unilaterais, como mecanismo vicariante, o murmúrio vesicular torna-se mais intenso no lado não afetado. -> A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas, entre as quais se ressaltam: presença Por Lara Pessoa 2° Período - Habilidades Clínicas de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. -> Constitui importante alteração do murmúrio vesicular o prolongamento da fase expiratória que, em condições normais, é mais curta e mais suave que a fase inspiratória. O prolongamento da expiração surge na asma brônquica, no enfisema e na bronquite com broncospasmo e traduz de modo objetivo a dificuldade de saída do ar. A respiração torna-se sibilante, descrita pelos pacientes como “chieira”. -> Respiração broncovesicular: Neste tipo de respiração, somam-se as características da respiração brônquica com as do murmúrio vesicular. Deste modo, a intensidade e a duração da inspiração e da expiração têm igual magnitude, ambas um pouco mais fortes que no murmúrio vesicular, mas sem atingir a intensidade da respiração brônquica. Nas crianças, em razão do menor tamanho do tórax, a respiração broncovesicular é audível em regiões mais periféricas. -> Em condições normais, a respiração broncovesicular é auscultada na região esternal superior, na interescapulovertebral direita e no nível da terceira e da quarta vértebra dorsal. Sua presença em outras regiões indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna; ou seja, nas mesmas condições em que se observa a respiração brônquica. -> Para que surja este tipo de respiração, é necessário que haja na área lesionada alvéolos mais ou menos normais, capazes de originar ruído do tipo vesicular. Ausculta da Voz -> Para completar o exame físico dos pulmões, ausculta-se a voz falada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai falando “trinta e três”, enquanto o examinador percorre o tórax com o receptor do estetoscópio, comparando regiões homólogas, tal como no exame do frêmito toracovocal. -> Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras “trinta e três”. Isso porque o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros, mas, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada e as palavras ficam nítidas. -> A ressonância vocal é mais intensa no ápice do pulmão direito, nas regiões interescapulovertebrais e esternal superior, ou seja, exatamente nas mesmas áreas em que se ausculta respiração broncovesicular. A explicação também é a mesma. -> Ademais, a ressonância vocal costuma ser mais forte em homens do que em mulheres e crianças, em decorrência do timbre da voz. -> Toda vez que ocorre condensação pulmonar – inflamatória, neoplásica ou pericavitária –, sucede aumento da ressonância vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames, há diminuição da ressonância vocal. -> Deve-se observar que o aumento e a diminuição da ressonância vocal coincidem com as mesmas modificações do frêmito toracovocal. O fenômeno é o mesmo, isto é, facilitação da chegada das vibrações à parede torácica Por Lara Pessoa 2° Período - Habilidades Clínicas percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pelo ouvido (ressonância vocal). -> Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectoriloquia fônica. Quando o mesmo acontece com a voz cochichada, denomina-se pectoriloquia afônica ou voz sussurrada, a qual representa a expressão mais clara da facilitação da transmissão das ondas sonoras. -> Egofonia é um tipo especial de broncofonia, quando esta adquire qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Surge na parte superior dos derrames pleurais. Pode ser observada, também, na condensação pulmonar. ANEXOS
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