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AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO Exame do Aparelho Respiratório VISÃO GERAL No exame do aparelho respiratório, há a inspeção, palpação, percussão e ausculta. 1. Inspeção; 2. Palpação; 3. Percussão; 4. Ausculta; Na região anterior, faz principalmente a ausculta. O exame do aparelho respiratório segue uma sequência. Inicia-se com a inspeção, uma vez que é importante estar atento a qualquer anormalidade presente na caixa torácica; a palpação, em que há duas técnicas a serem feitas; a percussão; e a ausculta, que é o forte do aparelho respiratório tendo vários sons. REGIÃO DO PARÊNQUIMA O parênquima pulmonar é a região onde há trocas gasosas, sendo os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares e os alvéolos, que estão em toda a periferia do pulmão. Já a porção não parenquimatosa, ela é composta pela traqueia, brônquios e bronquíolos membranosos. INSPEÇÃO A inspeção no pulmão tem a característica de ser dividida em inspeção estática (não considera o movimento respiratório) e inspeção dinâmica (atenção ao movimento respiratório). INSPEÇÃO ESTÁTICA A inspeção estática é aquela em que se analisa sem considerar o movimento. É visto a morfologia do paciente, como o seu biotipo, tipo de tórax e deformidades da coluna, mas também é visto sinais encontrados nessa área. Verifica-se deformidades na caixa torácica, aumento do diâmetro antero-posterior. Analisa-se a presença de abaulamentos, retrações, cicatrizes e/ou lesões cutâneas, anormalidade na pele, cianose e palidez. Avalia-se o volume e a circulação, vendo se há circulação colateral. MORFOLOGIA DO BIOTIPO Na inspeção estática, avalia-se a morfologia torácica que é o biotipo do paciente. Essa análise é feita pelo ângulo de Charpy, formado pelo rebordo costal das duas últimas costelas quando elas se unem no apêndice xifoide. Esse ângulo varia de acordo com o biotipo do paciente. 1. Tórax Normolíneo: ângulo igual à 90°; 2. Tórax Longelíneo: ângulo menor do que 90°; 3. Tórax Brevilíneo: ângulo maior do que 90°. TIPOS DE TÓRAX Inspeciona-se a forma do tórax daquele paciente. Há o tórax normal (atípico). Dentre os tórax típicos, está o tórax em tonel/barril, que consiste no aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, na horizontalização dos arcos costais e no abaulamento da coluna dorsal, ele é muito comum nos pacientes com enfisema. Além desse, há o tórax infundibuliforme (pectus escavatum), em que há uma depressão, um afundamento da região esternal e da região lipogástrica, na maioria das vezes o paciente já nasce com essa forma de tórax. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO Existe o tórax cariniforme (pectus carinatum), chamado vulgarmente de tórax de pombo, em que o esterno do paciente fica proeminente e as costelas horizontalizadas, pode ser congênito e pode ser adquirido na infância, como nas crianças que sofrem de raquitismo. DEFORMIDADES DA COLUNA As deformidades da coluna também são analisadas na inspeção. Uma delas é a uma escoliose, que consiste em um tórax com desvio lateral da coluna. Quando o paciente estica o joelho e tenta tocar com as mãos os pés, é evidenciado ainda mais esse desvio. Há a deformidade de um indivíduo com cifose, que consiste na acentuação da curvatura normal da coluna, formando uma gibosidade, que é o acúmulo de gordura. O tórax cifótico pode ser congênito ou adquirido por uma má postura, por uma neoplasia óssea, tuberculose óssea e etc. LESÃO DE PELE Observa-se se há algum tipo de lesão na pele do paciente, há lesões de pele que indicam doenças pulmonares, tais como a tuberculose, paracoco e sarcoidose; além disso, várias outras alterações na pele podem ser diagnosticadas nesse momento. A lesão avermelhada elevada, com borda mal definida e centro esbranquiçado, constituindo uma mácula é uma lesão da hanseníase, a qual é uma doença endêmica no Estado do Rio de Janeiro. A lesão do herpes zoster, que é o vírus da catapora, possui uma lesão em forma de vesículas extremamente dolorosas. Inclusive, o paciente movimenta menos a caixa torácica quando possui tais lesões, devido a dor que pode perdurar até após a cicatrização das lesões. CIRCULAÇÃO COLATERAL A circulação colateral é outro achado na inspeção, na foto abaixo, houve alguma neoplasia do mediastino que fez a obstrução da veia cava superior, impedindo o retorno venoso para o átrio direito, causando uma inversão de fluxo, resultando na distensão das veias em um local que normalmente elas não seriam vistas. CICATRIZES E CIANOSE Na inspeção estática, pode ser visualizada a presença de cicatrizes, o que significa que o paciente já realizou uma cirurgia nessa área; além de ser visto a cianose de extremidade (coloração azulada), que é mais comum nas pontas dos dedos, nos lábios e na ponta no nariz, denunciando algum tipo de hipóxia que esse paciente apresenta. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO BAQUETEAMENTO DIGITAL As unhas em vidro de relógio, a chamada baqueteamento digital, pode acontecer em algumas doenças pulmonares, como em enfisema, como o câncer de pulmão e como a doença obstrutiva crônica, porém não é específica em doenças respiratórias; podem acontecer também em doenças cardiorrespiratórias. Há um aumento das falanges distais, elas ficam com o calibre aumentado. Para evidenciar isso, coloca-se duas polpas digitais encostadas pela região dorsal e é percebido a presença de um losango no paciente que não tem baqueteamento digital, já o que tem, ele perde esse losango, sendo chamado de sinal de Shamroth. O baqueteamento também pode ser identificado quando a unha faz um ângulo maior que 190°. SINAL DE TROISIER O Sinal de Troisier (gânglio de Virchow) consiste em uma elevação na base do pescoço do paciente. É um linfonodo supraclavicular aumentado, muito relacionado com o câncer gástrico. GINECOMASTIA A ginecomastia é o aumento do volume mamário no homem devido a alguma alteração hormonal, fazendo com que haja proliferação da glândula mamária além do aumento do depósito de gordura. ABAULAMENTO E RETRAÇÕES Pode-se encontrar abaulamentos feitos por massas, por neoplasias, por aneurismas. É possível evidenciar uma fratura de costela, a qual em sua evolução pode estar relacionada com abaulamento e retração. A retração é causada por algumas doenças pulmonares que cursam com a retração, como a tuberculose, a qual também é endêmica no Estado do Rio de Janeiro. INSPEÇÃO DINÂMICA Na inspeção dinâmica, avalia-se a respiração, vendo a frequência respiratória, esforço respiratório, a coloração do paciente, os ruídos audíveis e avalia-se se o paciente usa musculatura acessória. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO A inspeção dinâmica analisa também o padrão respiratório do paciente. Primeiramente, observa a frequência respiratória, que em um adulto normal é entre 12/14 a 20 incursões por minuto (irpm), esses parâmetros são distintos nas crianças. Pode contar a frequência respiratória em 15s e depois multiplica por 4 ou em 30s e depois multiplica por 2. Quando há mais de 20 irpm, o paciente está taquipneico. Já quando há menos de 12 irpm, o paciente está bradipneico. Além disso, quando o paciente tem uma respiração difícil, chama-se de dispneia; e quando essa dispneia é apenas em decúbito dorsal que melhora na posição ereta, isso é chamada de ortopneia. 1. Taquipneia: maior que 20 irpm; 2. Bradipneia: menor que 12 irpm. Avaliar se há contrações entre os espaços intercostais, que mostram esforço respiratório. Além deperceber retrações superclavicular ou na fúrcula esternal. ESFORÇO RESPIRATÓRIO O esforço respiratório é caracterizado pelo uso da musculatura acessória. É possível ver as tiragens que são as retrações que ocorrem quando o paciente inspira (o normal seria ocorrer uma expansão), essas tiragens podem ser localizadas ou difusas. Também se evidencia, mais em crianças, o batimento de asas de nariz, que podem sugerir pneumonia grave. RITMOS RESPIRATÓRIOS O ritmo respiratório é dado pela inspiração (que dura mais tempo que a expiração) e expiração, inconsciente e sem fazer ruído. Contudo, existem três tipos de ritmos respiratórios que são: respiração de Cheyne- Stokes; respiração de Biot e respiração de Kussmaul. RESPIRAÇÃO DE CHEYNE-STOKES Na respiração de Cheyne-Stokes, os movimentos respiratórios começam superficiais, vão gradativamente se tornando mais fundos e mais amplos e depois eles voltam a diminuir, entrando em um período de apneia (o paciente para de respirar). Novamente começa um padrão que aumenta gradativamente, atinge um ápice e volta a diminuir, atingindo a pausa. Esse ritmo pode ocorrer na insuficiência cardíaca congestiva e em vários tipos de patologias do SNC, como tumores, meningites, hemorragias, edemas cerebral e traumatismo, além de intoxicação por morfina. RESPIRAÇÃO DE BIOT A respiração de Biot é uma respiração completamente irregular (amplitude variável), com períodos de apneia, que são menos perceptível no Cheyne-Stokes. É um padrão totalmente anárquico que o de Cheyne-Stokes, porém as patologias que causam um podem causar o outro, mas quando ocorre o ritmo de Biot, essas patologias estão mais graves. RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL A respiração de Kussmaul é caracterizada por inspiração e expiração ruidosas, há uma respiração ruidosa e rápida que é seguida de pausa. Acontece muito em pacientes que tem quadros de descompensação do diabetes com hiperglicemia muito elevadas, caracterizando a cetoacidose diabética. PALPAÇÃO A palpação é uma etapa importante, pois além de avaliar a temperatura da pele, sensibilidade tátil e térmica, bem como explirar queixas do paciente, ela também avalia a elasticidade, expansibilidade e frêmito toracovocal (FTV). AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO ELASTICIDADE A elasticidade é avaliada bilateralmente. O examinador deve analisar de maneira comparativa em ambos os pulmões, utilizando ambas as mãos ao mesmo tempo, na região anterior e posterior, comprimindo com a região palmar em mesma intensidade, contra a parede torácica. A elasticidade pode estar diminuída em DOPC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou idade avançada. Porém, se ela não apresentar alterações, diz-se que a elasticidade está preservada. EXPANSIBILIDADE Na expansibilidade, avalia-se a mobilidade respiratória. Quando o paciente inspira, o ar entra e o normal é que ele se expanda de forma igual do lado direito e esquerdo. Essa expansibilidade é avaliada na região posterior, através de duas manobras: 1. Manobra da Porção Superior (Manobra de Ruallt): pousa-se a palma da mão na base do pescoço do paciente, encostando os dois polegares que se encontram na linha vertebral. Isso serve para que quando o paciente inspire, caso ele tenha sua expansibilidade preservada bilateralmente, há um afastamento dos polegares com eles se distanciando da linha vertebral; 2. Manobra da Porção Inferior (Manobra de Laségue): situa-se a palma da mão aberta posicionada próxima à base do pulmão, mais ou menos a quatro dedos da parte inferior da escápula. Coloca-se os polegares encostados na linha vertebral, formando um ângulo; não precisa encostar a palma da mão, é mais os dedos que estão encostados no tórax. Quando o paciente inspira, a mão se movimenta, afastando os dedos da linha vertebral. Essa manobra pode ser feita na base e na porção média do tórax. Ao realizar as manobras de expansibilidade, espera-se que o distanciamento da linha vertebral seja igual em ambos os lados. Há literaturas que indicam a realização de uma prega cutânea e quando houver a respiração, essa prega irá se desfazer, mostrando a expansibilidade. Em patologias pulmonares importantes como derrame pleural, pode ser comprometido a expansibilidade daquele lado acometido. FRÊMITO TORACOVOCAL O frêmito toracovocal é outro aspecto da palpação, sendo ele é caracterizado pela sensação tátil da vibração. Essa vibração é a vibração das cordas vocais, quando o ar passa pela glote, ela é transmitida para a superfície do tórax (trepidação do tórax) e é percebida com a palma da mão do examinador. Para ter essa sensação tátil, pede para que o paciente fale 33 (que é rico em consoantes e, consequentemente, rico em vibração). O contato com a mão é realizado somente com os dedos e articulações metacarpofalangeanas. Inicia-se pela região posterior, porém se avalia a região lateral e anterior. Sempre utiliza a mesma mão, começando de cima para baixo, comparando um lado com o outro a fim de perceber se a vibração é a mesma nas áreas homólogas. Os livros descrevem que o AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO frêmito toracovocal é mais acentuado do lado direito e nas bases. Isso se explica pelo fato do calibre do brônquio direito ser maior, facilitando a transmissão da vibração. Para perceber o frêmito toracovocal, apoia-se a mão no tórax do paciente, faz uma pequena pressão e pede a ele para dizer “33”, será possível ver o som reverberando na mão. LOCAIS DE AVALIAÇÃO DO FRÊMITO Os locais para a avaliação são: nas costas, no ápice dos pulmões, na região anterior do tórax e na parede lateral do tórax. Avaliando na linha escapular, escolhendo pelo menos 5 pontos nessa linha, além de avaliar na região infraclavicular na base do pulmão. Avalia-se realizando uma linha grega. AVALIAÇÃO DO FRÊMITO Em um comprometimento pulmonar, essa transmissão pode esta alterada. Na avaliação do frêmito espera-se encontrar de parâmetros os seguintes aspectos: 1. Vibração Diminuída/Abolida (afecções pleurais): derramares pleuras (líquido ou gasoso) e tumores pleurais. Há uma diminuição nessas patologias, pois ocorre um distanciamento de onde chega a vibração no pulmão em relação ao posicionamento da sua mão; 2. Vibração Aumentado (afeções do parênquima pulmonar): pneumonia, tuberculose, hemorragia e tumores do pulmão. Nessas situações o frêmito se aumenta, uma vez que o fato dessa região estar mais consolidada, facilita a transmissão da voz. As afecções pleurais são antipáticas ao frêmito toracovocal, enquanto as afecções do parênquima pulmonar são simpáticas ao frêmito. PERCUSSÃO A percussão é outra etapa do exame físico, em que se inicia também avaliando a região posterior do paciente, sendo comparada de um lado com o outro. Golpeia-se várias partes do tórax, observando as vibrações (timbres, intensidade e tonalidade). Esses sons captados na percussão são percebidos em patologias que estão até 5cm do local que está sendo feita a percussão, ou seja, caso haja um tumor pulmonar bem profundo no pulmão, ele não é percebido como alterações na percussão. PERCUSSÃO INDIRETA A percussão pode ser indireta, sendo a chamada percussão digito-digital. Essa percussão é aquela em que se encosta apenas o dedo médio de uma das mãos no tórax do paciente, enquanto os demais encontram- se afastados e, posteriormente, golpeia-se esse dedo médio em questão com o dedo médio ou dedo indicador da outra mão realizando dois golpes rápidos de uma vez, o que origina o som.O ideal é que o dedo que golpeará fique mais parecido com um martelo possível, estando ele o máximo dobrado possível. A percussão é feita com a borda ungueal. Quem tem unha grande, não é possível fazer a percussão, a unha será quebrada e o dedo será machucado. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO SONS NA PERCUSSÃO O som normal do pulmão é chamado de som claro pulmonar (atimpânico), só ele possui esse tipo de som. Pesquisa-se se há uma macicez ou uma submacicez. As áreas que normalmente apresentam um som maciço é a área do coração e do fígado, além disso, a área das alças intestinais, as quais possuem gases em seu interior, apresenta um som timpânico, no espaço de Traube. Porém, pode ser encontrado no pulmão sons esperados em outras partes do corpo, o que condiz com alterações patológicas do som pulmonar à percussão, sendo elas: 1. Som Timpânico (grande quantidade de ar no parênquima pulmonar ou cavidade torácica): enfisema pulmonar (se for difuso e ocorrer em ambos os hemitórax) e pneumotórax (se for restrito a um único hemitórax); 2. Som Maciço (patologias que causam uma consolidação do parênquima e no derrame): derrame pleural, pneumonia, tuberculose, hemorragia e tumores do pulmão; 3. Som Submaciço (onde o paciente possui muita produção de muco, substituindo os espaços que deveriam ter ar): doença pulmonar obstrutiva crônica. AUSCULTA A ausculta é um exame que pode revelar diversas patologias. É importante posicionar corretamente o estetoscópio, estando ele posicionado com uma inclinação no sentido frontal para adaptação no meato auditivo. No caso dos sons do pulmão, eles são sons mais agudos, sendo sempre avaliado com o receptor diafragma, que é uma superfície achatada, melhor para sons de alta frequência. O diafragma deve ficar apoiado levemente sobre a pele sem apertar para ele não virar uma campanula, mas é importante se obter uma perfeita coaptação de suas bordas na área auscultada (para não captar sons ambiente). POSIÇÃO DO PACIENTE O paciente deve estar com o tórax desnudo e respirar pausadamente e profundamente, com a boca entreaberta, sem fazer ruído. O paciente deve estar sentado com as mãos sobre as coxas a fim de abrir a escápula. É aconselhado que antes de fazer a ausculta o paciente dê uma tossida e realize inspirações profundas, pois se houver secreção em via aérea superior, essa secreção se movimenta e esse ruído não vai ser ouvido, não falsear algum tipo de ruido que possa ser auscultado de forma patológica de fato. REGIÕES Sempre se inicia a ausculta na região posterior do tórax, passando a seguir para as faces laterais e anterior. Iniciando de cima para baixo, fazendo a ausculta de maneira simétrica (comparando um lado com o outro) e fugindo da escápula e das costelas. Deve-se ter em mente que os limites dos pulmões estão aproximadamente a quatro dedos transversos abaixo da ponta da escápula. SONS PLEUROPULMONARES Os sons pleuropulmonares podem ser classificados do seguinte modo: sons normais, sons anormais e sons vocais. Os sons normais são: 1. Som Traqueal; 2. Som Brônquico; 3. Murmúrio Vesicular; 4. Som Broncovesicular. Os sons anormais são: 1. Descontínuos: estertores finos e grossos; 2. Contínuos: roncos, sibilos e estridor; 3. Atrito pleural; AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO Os sons vocais são: 1. Broncofonia; 2. Egofonia; 3. Pectoriloquia fônica; 4. Afônica. SOM TRAQUEAL O som traqueal é audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e na região esternal (anterior e superior), origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e na própria traqueia. É basicamente um som mais intenso e mais audível, que define bem a inspiração e o momento da expiração, sendo o componente expiratório mais longo. SOM BRÔNQUICO O som brônquico corresponde ao som traqueal, porém que é audível na zona de projeção de brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Sua avaliação tem um ponto importante que é onde há a bifurcação dos brônquios principais, que é atrás do ângulo de Louis (junção do osso manúbrio com o osso do esterno). Esse som brônquico pode ser ouvido em ambos os lados desse ponto anatômico. SOM BRONCOVESICULAR O som broncovesicular é um som que tem a intensidade e duração da inspiração e expiração iguais e de mesma magnitude. Ambas são um pouco mais fortes que o murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico. Ele é auscultado apenas nas regiões esternal superior, interescapulovertebral direita e ao nível da 3ª e 4ª vértebras dorsais. MURMÚRIO VESICULAR (MV) O murmúrio vesicular é audível em todo o pulmão, ele é melhor audível nas bases, que é onde o pulmão se expande mais. Durante alguns anos, foi estudado as causas do murmúrio vesicular que é causado pela turbulência do ar, que vem e encontra saliências das bifurcações brônquicas passando para cavidades cada vez menores, que é a divisão dos brônquios. A passagem do ar pelas saliências das bifurcações brônquicas é o que causa o murmúrio vesicular. A intensidade do murmúrio vesicular depende da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil (diminuído) nas pessoas musculosas ou obesas. Já em pacientes que estão realizando exercícios físicos, se está com dispneia ou se realiza um movimento respiratório muito intenso, o MV tende a estar mais alto. Registro no prontuário: MV universalmente audível sem ruídos adventícios. As alterações do MV estão relacionadas com intensidade aumentada ou diminuída e para saber se está aumentado ou diminuído, deve-se comparar um lado com outro. ALTERAÇÕES DO MURMÚRIO VESICULAR A Intensidade aumentada ocorre quando o paciente respira amplamente com a boca aberta, após esforço, em crianças e em pessoas emagrecidas. Ocorre também em portadores de afecções pulmonares unilaterais, como mecanismo vicariante, o murmúrio vesicular torna-se mais intenso no lado não afetado, pois o lado sem patologia tenta compensar fazendo uma maior expansão e aumentando, portanto, o volume e a intensidade do murmúrio vesicular. A intensidade diminuída ocorre em basicamente três casos: 1. Patologias pleurais: presença de ar (pneumotórax), presença de líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural/tumor) na cavidade pleural. Há um abafamento do som; 2. Enfisema pulmonar: nesse caso ele está diminuído devido a uma destruição do tecido AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO pulmonar, então há uma diminuição difusa do MV. Também em dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua a movimentação do tórax; 3. Obstrução das vias superiores: no caso da obstrução, ele também está diminuído e essa obstrução pode ocorrer por espasmo ou edema da glote ou obstrução da traqueia. Além disso, ele também pode estar diminuído na oclusão parcial ou total de brônquios e bronquíolos. Devido a obstrução, chega uma menor quantidade de ar, fazendo um menor caminhos nos brônquios e assim o MV fica diminuído. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS DESCONTÍNUOS Os sons ou ruídos anormais descontínuos são chamados de descontínuos, pois eles são mais audíveis ou na inspiração (estertor fino) ou na expiração (estertor grosso). Os sons ou ruídos anormais são os estertores finos ou crepitantes e os estertores grossos ou bolhosos. ESTERTORES FINOS OU CREPITANTES Os estertores crepitantes são vistos em algumas patologias. Ele possuium som análogo ao atrito de um chumaço de cabelo ou abertura de um velcro, sendo mais audível durante a inspiração e na localização das bases pulmonares, devido ao efeito da gravidade. O estertor crepitante é baixo, por isso deve-se estar em um local silencioso. Ele é produzido pela abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas devido à pressão exercida pela presença de líquido (pneumonia e congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda) ou exsudato no parênquima pulmonar; ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas (doenças intersticiais pulmonares). ESTERTORES GROSSOS OU BOLHOSOS Os estertores grossos ou bolhosos são outro som descontínuo, porém mais audíveis na expiração. Ele possui uma intensidade maior, sendo mais facilmente audível. Eles sofrem uma nítida alteração com a tosse, ao paciente tossir, ele muda a sua posição. Além disso, eles podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. Os estertores bolhosos apresentam essa mudança com a tosse, pois a sua origem é diferente da origem do estertor crepitante, ele tem origem com a abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Eles são comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias (dilatação permanente dos brônquios que ocorrem devido à destruição permanente de suas paredes). SONS OU RUÍDOS ANORMAIS CONTÍNUOS Os sons ou ruídos anormais contínuos são aqueles audíveis tanto na inspiração, quanto na expiração, sendo eles os roncos e sibilos; estridor; RONCOS E SIBILOS Os roncos e sibilos são originados pelas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso nelas, quando há um estreitamento destes ductos. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO Esse estreitamento pode ocorrer por diversas causas, podendo ser por um espasmo ou edema da parede ou pode ser por um achado de secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Quando o sibilo é localizado, ele mostra que há uma obstrução do lúmen de um brônquio em uma região muito específica, ao pegar uma criança com sibilo localizado, há um forte indicativo que essa criança aspirou um objeto (brinquedo, amendoim ou grão). Já um sibilo localizado em um adulto pode indicar uma neoplasia que está comprimindo algum brônquio e causando um sibilo especificamente naquela localização. Os fumantes apresentam roncos, pois eles possuem secreção e caso ele já possua enfisema, ele apresenta diminuição da expansibilidade, diminuição do MV, presença de alguns roncos e tórax em tonel. ESTRIDOR O estridor também é um som anormal contínuo produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia, ou seja, é um som produzido por via respiratória alta. Ele pode ser provocado por difteria, laringites agudas, câncer da laringe e estenose da traqueia. SOPROS Os sopros também são audíveis no aparelho respiratório, sendo completamente diferentes dos sopros do aparelho cardiovascular. Os sopros ocorrem quando o pulmão perde sua textura normal, como é visto nas: 1. Pneumonias bacterianas (hepatização do parênquima): sopro tubário; 2. Grandes cavernas/Tuberculose pulmonar (brônquio de drenagem permeável): sopro cavitário; 3. Pneumotórax hipertensivo: sopro anfórico. ATRITO PLEURAL O atrito pleural é um outro ruído anormal contínuo. Ele acontece frente a uma pleurite, em que os folhetos da pleura estão produzidos exsudatos, estão mais rugosos e irregulares. Sendo assim, há a produção de um ruído irregular, descontínuo, que é mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. O local mais comum do atrito pleural são as regiões axilares inferiores, onde os pulmões realizam movimentação mais ampla, ou seja, é um local de grande expansibilidade e já que são mais intensos na inspiração, é um bom local para auscultá-lo. Além disso, o atrito pleural pode ficar mais intenso com o aumento da pressão do receptor do estetoscópio sobre a parede torácica. O atrito pleural pode ter seu desaparecimento sem que necessariamente o paciente tenha melhorado, como ocorre com a instalação de um derrame pleural, ou seja, com o aumento de exsudato entre os folhetos, assim como ocorre no atrito pericárdico. A causa mais normal do atrito pleural é a pleurite seca. RESSONÂNCIA VOCAL A ressonância vocal é normal estar presente. Em condições normais, tanto na voz falada como na voz cochichada, não se distinguem as sílabas que formam as palavras quando ouvidas com o estetoscópio. Isso se dá, pois o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros, ou seja, o som é abafado devido a quantidade de ar presente no parênquima, mas quando o pulmão está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão do som é facilitada. MODIFICAÇÕES DA RESSONÂNCIA VOCAL A ressonância vocal pode estar: 1. Normal: onde não se distingue as palavras faladas (pode pedir para o paciente falar 33 e, ao invés de pegar o som com a mão, ele é auscultado); 2. Diminuída: em patologias pleurais, em que há ainda mais abafamento do som; 3. Aumentada: ela se aumenta nas mesmas condições que causam aumento do FTV. AMANDA FARIA 28/04/2021 – 3º PERÍODO Quando a ressonância vocal está aumentada, ela pode apresentar a broncofonia, pectorilóquia fônica e pectorilóquia afônica. 1. Broncofonia: há uma ausculta da voz mais alta, porém sem nitidez, sem distinção de palavras; 2. Pectorilóquia fônica: que ocorre em casos de consolidação do pulmão, em que se ausculta a voz nitidamente, podendo identificar as sílabas faladas; 3. Pectorilóquia afônica: ocorre também devido à consolidação do parênquima e é quando se ausculta a voz mesmo se ela estiver sendo cochichada. A egofonia é uma forma especial de broncofonia (voz sem nitidez), é uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. É uma voz caprina típica que aparece em derrames pleurais, sendo ouvidas em cima do local desse derrame. Além disso, em algumas consolidações, há a presença de egofonia. RELAÇÕES DA RESSONÂNCIA VOCAL COM O FRÊMITO TORACOVOCAL O aumento e a diminuição da ressonância vocal coincidem com as mesmas modificações do FTV. O fenômeno é o mesmo, isto é, facilitação da chegada das vibrações à parede torácica percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pelo ouvido (ressonância vocal). Toda vez em que houver condensação pulmonar (inflamatória, neoplásica ou pericavitária), há aumento da ressonância vocal ou broncofonia. Já no espessamento pleural ou nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. RESUMÃO DOS ACHADOS IMPORTANTES Alguns dos achados importantes são a consolidação e o derrame pleural. CONSOLIDAÇÃO A consolidação é um achado importante, é a pneumonia, que indica que há algo/líquido no alvéolo. 1. Frêmito: aumentado (o líquido está lá dentro propagando o som ele mesmo); 2. Percussão: há uma (sub)macicez; 3. Ausculta: estertores crepitantes (como se fosse um plástico bolha estourando – abertura dos alvéolos colabados). DERRAME PLEURAL Já o derrame pleural, não indica que algo esteja no alvéolo e sim no espaço pleural entre o pulmão e a caixa torácica. 1. Frêmito: diminuído (o líquido não propaga o som, ele forma uma barreira, pois não está dentro dos alvéolos e, sim, na pleura); 2. Percussão: macicez (uma vez que é percutido diretamente no derrame); 3. Ausculta: redução do murmú5386rio vesicular.
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