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Ausculta (sons respiratórios normais e anormais)

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INTRODUÇÃO 
A ausculta é o método semiológico mais importante no 
exame físico dos pulmões, no qual possibilita analisar o 
funcionamento pulmonar. Para sua realização exige-se, 
além do máximo silêncio, posição cômoda do paciente e 
do médico. De início, o examinador coloca-se atrás do 
paciente, que não deve forçar a cabeça nem dobrar 
excessivamente o tronco. O paciente deve estar com o 
tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a 
boca aberta, sem fazer ruído. A ausculta dos pulmões é 
realizada com auxílio do diafragma do estetoscópio, de 
maneira simétrica nas faces posterior, laterais e anterior 
do tórax. Deve-se ter em mente que os limites dos 
pulmões estão aproximadamente a quatro dedos 
transversos abaixo da ponta da escápula. 
Os sons pleuropulmonares podem ser classificados como: 
SONS NORMAIS 
Som traqueal; 
Som brônquico; 
Murmúrio vesicular; 
Som broncovesicular; 
SONS ANORMAIS 
Descontínuos: estertores finos e grossos; 
Contínuos: roncos, sibilos e estridor; 
Sopros; 
Atrito pleural. 
SONS VOCAIS 
Broncofonia; 
Egofonia; 
Pectorilóquia fônica e afônica. 
SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS 
SOM TRAQUEAL 
No som traqueal, bem como nos outros sons pulmonares, 
reconhecem dois componentes, o inspiratório e o 
expiratório, cujas características estetoacústicas são 
específicas para cada som. 
 
Esse som, audível na região de projeção da traqueia, no 
pescoço e na região esternal, origina-se na passagem do 
ar através da fenda glótica e na própria traqueia. 
Diferenciam-se com facilidade seus dois componentes, 
sendo o inspiratório constituído de um ruído soproso, 
mais ou menos rude, após o qual há um curto intervalo 
silencioso que separa os dois componentes, e o 
expiratório, mais forte e mais prolongado. 
 
SOM BRÔNQUICO 
O som brônquico corresponde ao som traqueal audível na 
zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face 
anterior do tórax e nas proximidades do esterno. Esse 
som, se assemelha ao som traqueal, dele se diferenciando 
apenas por ter o componente expiratório menos intenso. 
Nas áreas que correspondem a uma condensação 
pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de 
cavernas superficiais, a respiração brônquica substitui o 
murmúrio vesicular. 
MURMÚRIO VESICULAR 
Este som não apresenta intensidade homogênea em todo 
o tórax. É mais forte na parte anterossuperior, nas axilas e 
nas regiões infraescapulares. Além disso, sofre variações, 
em sua intensidade e na dependência da amplitude dos 
movimentos respiratórios e da espessura da parede 
torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou 
obesas. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar 
de numerosas causas, entre as quais se destacam: 
presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou 
tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; 
enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia 
que impeça ou diminua a movimentação do tórax, 
obstrução das vias respiratórias superiores (espasmo ou 
edema da glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou 
total de brônquios ou bronquíolos, entre outros. 
OBSERVAÇÃO: constitui importante alteração no 
murmúrio vesicular o prolongamento da fase expiratória, 
que, em condições normais, é mais curta e mais suave que 
a fase inspiratória. Este prolongamento da expiração 
aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, 
traduzindo de modo objetivo a dificuldade de saída do ar. 
Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax 
são produzidos pela turbulência do ar circulante ao 
chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, 
Ausculta 
 
Beatriz Loureiro 
ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais 
como dos bronquíolos para os alvéolos, e vice-versa. 
O componente inspiratório é mais intenso, mais 
duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao 
componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de 
duração mais curta e de tonalidade mais baixa. Não se 
percebe, diferentemente do que ocorre na respiração 
traqueal, um intervalo silencioso entre as duas fases da 
respiração. Quando se compara o murmúrio vesicular com 
o som brônquico, verifica-se que o murmúrio vesicular é 
mais fraco e mais suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular 
em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons 
brônquico e broncovesicular. 
 
SOM BRONCOVESICULAR 
Nesse tipo de som, somam-se as características do som 
brônquico com as do murmúrio vesicular. Deste modo, a 
intensidade e a duração da inspiração e da expiração têm 
igual magnitude, ambas um pouco mais fortes que no 
murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade de 
som brônquico. Nas crianças, devido ao menor tamanho 
do tórax, o som broncovesicular é audível em regiões mais 
periféricas. Em condições normais, o som broncovesicular 
é auscultado na região esternal superior, na 
interescapulovertebral superior e no nível da terceira e 
quarta vértebras dorsais. Este som em outras regiões 
indica condensação pulmonar, atelectasia por 
compressão ou presença de caverna, isto é, nas mesmas 
condições em que se observa o som brônquico. Para que 
surja este tipo de som, é necessário que haja na área 
lesionada alvéolos mais ou menos normais capazes de 
originar som do tipo vesicular. 
 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SONS 
RESPIRATÓRIOS 
 
SONS OU RUÍDOS ANORMAIS 
DESCONTÍNUOS 
ESTERTORES 
Os estertores são ruídos audíveis na inspiração ou na 
expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. 
Podem ser finos ou grossos. 
Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da 
inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e têm 
curta duração. Não se modificam com a tosse e podem ser 
comparados ao ruído produzido pelo atrito de um 
punhado de cabelos junto à orelha ou ao som percebido 
ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. São ouvidos 
principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela 
força da gravidade quando originadas por congestão 
pulmonar. 
Os estertores finos são produzidos pela abertura 
sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas, 
devido à pressão exercida pela presença de líquido ou 
exsudato no parênquima pulmonar ou por alteração no 
tecido de suporte das paredes brônquicas. O primeiro 
mecanismo explicaria a presença de estertores finos na 
pneumonia e na congestão pulmonar da insuficiência 
ventricular esquerda, enquanto o segundo seria 
observado nas doenças intersticiais pulmonares. Outro 
ruído adventício encontrado nas doenças intersticiais 
pulmonares são os grasnidos, semelhante aos sons 
emitidos pelas gaivotas e audíveis ao final da inspiração. 
Os estertores grossos ou bolhosos têm frequência menor 
e maior duração que os finos. Sofrem nítida alteração com 
a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. 
Diferentemente dos estertores finos, que só ocorrem do 
meio para o final da inspiração, e os estertores grossos são 
audíveis no início da inspiração e durante toda a 
expiração. 
Além disso, os estertores grossos parecem ter origem na 
abertura e fechamento de vias respiratórias contendo 
secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento 
da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Por fim, 
são comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. 
CONTÍNUOS 
RONCOS E SIBILOS 
Os roncos são constituídos por sons graves, portanto, de 
baixa frequência, e os sibilos por sons agudos, formados 
por ondas de alta frequência. Originam-se nas vibrações 
Beatriz Loureiro 
das paredes brônquicas e de conteúdo gasoso quando há 
estreitamento destes ductos, seja por espasmo ou edema 
da parede ou achado de secreção aderida a ele, como 
ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas 
bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Aparecem 
tanto na inspiração como na expiração, mas predomina 
nesta última. São fugazes, mutáveis, surgindo e 
desaparecendo em curto período de tempo. 
Os sibilos também se originam de vibrações das paredes 
bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na 
inspiração e na expiração.Em geral, são múltiplos e 
disseminados por todo o tórax, quando provocados por 
enfermidades que comprometem a árvore brônquica, 
como acontece na asma e na bronquite. 
Quando bem localizados em uma determinada região, 
indicam semiobstrução por neoplasia ou corpo estranho. 
ESTRIDOR 
O estridor é um som produzido pela semiobstrução da 
laringe ou da traqueia, fato que pode ser provocado por 
difteria, laringites agudas, câncer da laringe e estenose da 
traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, 
sua intensidade é pequena, mas, na respiração forçada, o 
aumento do fluxo de ar provoca significativa intensificação 
deste som. 
SOPROS 
Quando auscultamos certas regiões do tórax (7a vértebra 
cervical no dorso, traqueia, região interescapular), 
podendo perceber um sopro brando, mais longo na 
expiração que na inspiração. Essa é uma verificação 
normal. Todavia, ocorre também em algumas condições 
clínicas, quando o pulmão perde sua textura normal, como 
nas pneumonias bacterianas (hepatização) nas grandes 
cavernas (brônquio de drenagem permeável) e no 
pneumotórax hipertensivo. Tais sopros são chamados, 
respectivamente, de tubários, cavitários e anfóricos. 
ATRITO PLEURAL 
Em condições normais, os folhetos visceral e parietal da 
pleura se deslizam um sobre o outro, durante os 
movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. 
Nos casos de pleurite, por estarem recobertas de 
exsudato, passam a produzir um ruído irregular, 
descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência 
comparado ao ranger de couro atritado, o qual recebe a 
denominação de atrito pleural. 
Representa um som de duração maior e frequência baixa, 
de tonalidade grave e produz vibração palpável, o que 
torna fácil distingui-lo dos estertores. 
Para reconhecê-lo, pode-se imitá-lo colocando uma das 
mãos de encontro à própria orelha e atritando-a com a 
outra mão, com forte pressão. A sede mais comum do 
atrito pleural são as regiões axilares inferiores, onde os 
pulmões realizam movimentação mais ampla. O aumento 
da pressão do receptor do estetoscópio sobre a parede 
torácica pode torna-lo mais intenso. Sua causa principal é 
a pleurite seca. 
OBSERVAÇÃO: a instalação de derrame pleural determina 
seu desaparecimento. 
SONS VOCAIS 
Para completar o exame físico dos pulmões, auscultam-se 
a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para 
isso, o paciente vai pronunciando as palavras “trinta e 
três” enquanto o examinador percorre o tórax com o 
estetoscópio, comparando regiões homólogas. 
Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica 
constituem o que se chama ressonância vocal. Em 
condições normais, tanto na voz falada como na 
cochichada, a ressonância vocal constitui-se de sons 
incompressíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que 
formam as palavras. Isto porque o parênquima pulmonar 
normal absorve muitos componentes sonoros. Todavia, 
quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), 
a transmissão é facilitada. 
A ressonância vocal é mais intensa nas regiões 
interescapulovertebral superior e esternal superior, ou 
seja, exatamente nas mesmas áreas onde se ausculta 
respiração broncovesicular. Além disso, ela costuma ser 
mais forte em homens do que em mulheres e crianças, em 
decorrência do timbre da voz. 
Toda vez que houver condensação pulmonar – 
inflamatória, neoplásica ou pericavitária -, há aumento da 
ressonância vocal ou broncofonia. Ao contrário, na 
atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames, 
ocorre diminuição da ressonância vocal. 
Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se 
pectorilóquia fônica. Quando o mesmo acontece com a 
voz cochichada, denomina-se pectorilóquia afônica, a qual 
representa a expressão estetoacústica mais clara da 
facilitação da transmissão das ondas sonoras. 
Na ausculta da voz podem-se observar: 
Beatriz Loureiro 
Ressonância vocal normal; 
Ressonância vocal diminuída; 
Ressonância vocal aumentada: (broncofonia à ausculta-
se a voz sem nitidez; pectorilóquia fônica à ausculta-se a 
voz nitidamente; pectorilóquia afônica à ausculta-se a 
voz mesmo se cochichada). 
Egofonia: é uma forma especial de broncofonia, ou seja, é 
uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, 
comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior 
dos derrames pleurais. Pode ser observada, também, na 
condensação pulmonar. 
 
 
 
 
 
 
Referência: PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ed. Rio de Janeiro. 
Guanabara, 2019. 
 
Beatriz Loureiro

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