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Anne Marques – 5º semestre de Medicina na Universidade Salvador Trata-se de um grupo heterogêneo de distúrbios metabólico que apresenta, em comum, a hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de insulina, na ação desta ou em ambas; Diabetes mellitus no mundo: a estimativa é de 471 milhões de diabéticos no mundo em 2035; Funções da insulina: O transporte intracelular da glicose é mediado por GLUT-2, um transportador de glicose independente de insulina nas células β. Ao entrar na célula, a glicose estimula o pâncreas a produzir insulina, processo mediado pelo influxo de cálcio. Ainda existem receptores de sulfonilureia que atuam sobre canais de potássio para estimular a produção de insulina. No tecido periférico, a insulina se liga a um receptor dimérico, o qual ativa o GLUT-4 que faz a internalização da glicose para dentro da célula; • É uma doença autoimune (resposta imune celular) na qual a destruição das ilhotas é causada principalmente por células efetoras imunológicas que reagem contra antígenos endógenos da célula beta. Assim, o paciente diabético tipo 1 tem deficiência absoluta de insulina; • Com menos insulina, a glicose não entra na célula, se acumulando na circulação sanguínea (hiperglicemia); • É uma doença complexa e multifatorial; • Tem como base fisiopatológica a resposta diminuída dos tecidos periféricos à insulina (resistência à insulina) e resposta diminuída do fígado também; • Exaustão das células beta: o paciente acaba tendo uma hiperinsulinemia para vencer essa resistência e, dessa forma, ocorre a exaustação das células produtoras de insulina; • A DM2 é um quadro que pode ficar assintomático por muito tempo, manifestando sintomas tardiamente. Já a DM1 é mais sintomática; Manifestações clínicas: Causadas pela hiperglicemia + insulinopenia: • Poliúria: aumento do volume da urina; • Polidipsia: sede excessiva causada pela desidratação do aumento do volume urinário; • Polifagia: fome excessiva; • Perda ponderal: causada pela ausência de glicose na célula, o que induz a lipólise e o emagrecimento; Diagnóstico: Glicotoxicidade: • Causada pela hiperglicemia + inflamação crônica; • Trata-se dos efeitos sistêmicos causados pela hiperglicemia, com diversas manifestações clínicas negativas; • Associada a hiperglicemia crônica e base fisiopatológica das complicações do diabetes; • Gatilho para a inflamação crônica presente em pacientes presente em pacientes diabéticos. Inflamação crônica: • É a inflamação de duração prolongada (semanas, meses e anos), em que o processo inflamatório, a injuria tecidual e tentativas de reparo coexistem em variadas combinações, gerando repercussões clínicas; Produtos da glicação avançada (AGEs): • O excesso de glicose sanguínea favorece formação de glicoproteínas anormais. Estas proteínas se ligam a receptores de células inflamatórias (RAGE) no endotélio e no musculo liso vascular gerando estresse oxidativo; Via do poliol: • Designa os mecanismos intracelulares responsáveis por alterar o número de unidades hidroxilas numa molécula de glicose; • Na via do sorbitol, a glicose é transformada primeiro em sorbitol e depois em frutose; • Excesso de glicose leva ao excesso de sorbitol; • O sorbitol é danoso à célula, provocando alterações na retina (retinopatia diabética), rins (nefropatia diabéticas), nervos (neuropatia diabéticas) e vasos (vasculopatia diabética) A hiperglicemia crônica presente na maioria dos diabéticos descompensados é um gatilho para liberação de uma série de fatores pró- inflamatórios a partir do próprio metabolismo da glicose levando a danos teciduais permanentes à longo prazo, gerando complicações crônicas e diminuição da qualidade de vida do paciente. Neuropatia diabética: A glicose também é toxica para as células de Schwann, provocando os sintomas de neuropatias; As neuropatias periféricas diabéticas se classificam em: • Somáticas: Polineuropatias (sensoriais bilaterais): Parestesias, como dormência e formigamento, distúrbios das sensações de dor (dor em queimação), temperatura, tato leve, discriminação de dois pontos e vibração, diminuição dos reflexos do tornozelo e patelar; Mononeuropatias: Envolvimento de tronco nervoso misto que consiste em perda de sensação, dor e fraqueza motora; Amiotrofia: Associada a fraqueza muscular, adelgaçamento e dores intensas nos músculos da cintura pélvica e da coxa; • Autônomas: Hipotensão postural; Atonia gástrica; Diarreia frequentemente pós-prandial e noturna Bexiga paralitica; Micção incompleta; Impotência; Ejaculação retrograda; Paralisia dos nervos extraoculares; Distúrbio das respostas pupilares; Distúrbio dos sentidos especiais. Nefropatia diabética: • Excesso de glicose no sangue provoca uma glomeruloesclerose. Um dos primeiros sinais é a proteinúria; • Causa mais comum de insuficiência renal terminal nos EUA; • No brasil, 60% dos pacientes que entram em programas de diálise, tinham algum tipo de DM; • Risco aumentado para HAS e doenças cardiovasculares, elevando a mortalidade e reduzindo ainda mais a expectativa de vida na população diabética; • Potencialmente prevenível; • Acometimento glomerular em 15 anos da doença; • Fisiopatologia: a hiperglicemia causa as seguintes alterações: Alteração da barreira normal de filtração; Aumento da filtração glomerular; Proteinúria; Proliferação anormal de células mesangiais e engrossamento da lâmina basal glomerular Compressão dos capilares glomerulares; Fluxo sanguíneo insuficiente; Diminuição da filtração glomerular; Insuficiência renal. Fatores de risco: Duração do diabetes; Microalbuminúria; Fatores genéticos; Mau controle glicêmico; HAS; Tabagismo; Hipercolesterolemia; Obesidade. • Manifestações clínicas: Edema (anasarca) e proteinúria (Síndrome nefrótica) – urina espumosa; HAS; Dislipidemia; Pode haver hematúria; Oligúria (sinal de comprometimento dos rins. Retinopatia diabética: Principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos; A causa da diminuição da acuidade visual é o edema macular, podendo acometer até 30% dos pacientes com mais de 20 anos de DM. Sugere estado de gravidade devido a uma diabetes descompensada sem tratamento por anos; • Fisiopatologia: O estágio inicial conhecido como retinopatia de fundo é caracterizado por: edema retiniano, micro aneurismas capilares, hemorragias e exsudatos. Por isso, todo paciente diabético deve ir 1x por ano para fazer a fundoscopia para avaliar a retina; Tratamento de DM2 • Educação em saúde: explicar ao paciente sobre a sua doença para aumentar a aderência ao tratamento; • Dieta: diminuição de carboidratos simples, doces; • Atividade física: • Antidiabéticos orais; • Insulinoterapia. • Classes de antidiabéticos orais: Hipoglicemiantes: aumentam a secreção de insulina (secretagogos de insulina – sulfonilureias); Antihiperglicemiantes: não aumentam a secreção de insulina (metformina e biguanida); Aumentam a insulina na dependência de glicose e suprimem glucagon (análogos de GLP e inibidores de DPP4) – promovem glicosúria. Secretagogos da insulina: • Sulfoniureias: clorpropamida, glibenclamida, gliclazida, glimeprida e glipizida; • Glinidas: nateglinida e repaglinida. • Favorecem o ganho de peso e hipoglicemia; Antihiperglicemiantes: • Impedem o aumento da glicemia; • Em monoterapia tem baixo risco de hipoglicemia; • Metformina – Biguanida; A metformina é o principal fármaco do tratamento de DM2; Sensibilizador de glicose nos tecidos alvo (abre o receptor glut-4); Diminui a produção hepática de glicose(diminui a glicogenólise e gliconeogênese); Diminui a hemoglobina glicada em até 2%; Efeito na peristalse: pode provocar como efeito colateral a diarreia, por isso, é importante iniciar o tratamento com dose baixa; Efeito na mortalidade por doença cardiovascular. • Acarbose (inibidor de alfaglicosidase): Absorção intestinal de glicose; Melhora a glicose pós-prandial e reduz 0,5- 1% da hemoglobina glicada; Tem como efeito colateral a diarreia osmótica. • Tiazolinedionas (pioglitazona): Atuam no receptor intracelular PPAR gama e reduzem a resistência à insulina endógena; Diminuem 1-1,4$ na hemoglobina glicada. Aumentam a insulina na dependência da glicose: • Inibidores da DPP-4: Atuam como incretino-mimétricos – funcionam como a incretina, molécula que sinaliza que a glicose chegou no intestino para o pâncreas produzir a insulina. Como nos diabéticos essa sinalização está comprometida, os inibidores de DPP-4 melhoram a sinalização, inibindo as enzimas DPP-4 que destroem as incretinas, favorecendo o funcionamento dessas moléculas; Sitagliptina (januvia); Vildagliptina (Galvus); • Análogos do GLP: Liraglutida (Victoza); Semaglutida (Ozempic). Agentes que promovem glicosúria: • Inibidores do SLGT2 nos túbulos proximais: Glifozinas: impedem a reabsorção de glicose, puxando água e fazendo um efeito diurético. São representadas pela canaglifozina (invokana), dapaglifozina (Forxiga) e empaglifozina (Jardiance); Baixo risco de hipoglicemia, promovem perda ponderal, efeito diurético, reduz PA; Efeitos colaterais: infecção do trato geniturinário devido à glicosúria e depleção de volume. Como escolher o agente? • Depende de: Estado geral e comorbidades; Valores de glicose em jejum, pós prandial e hemoglobina glicada: quanto maior a hemoglobina glicada, maior a chance usar insulina; Peso e idade: em obesos deve ser preferível a metformina e em magros pode iniciar o tratamento com sulfonilureia; Interações medicamentosas, reações adversas e contraindicações. • Manifestações leves com glicose < 200: Preferir drogas que não aumentem a insulina, principalmente se obesidade; Metformina é a primeira droga de escolha; Associação entre classes. • Manifestações moderadas com glicose 200- 300 sem manifestações graves: Metformina + outro agente hipoglicemiante; Resistência a insulina x falência de célula B; • Manifestações graves com glicose > 300 e hemoglobina glicada > 9,5/10: Iniciar insulinoterapia; Resultado natural da evolução da doença. Insulinoterapia: • Apesar do uso de doses máximas de 2-3 agentes orais o paciente manter hemoglobina glicada > 7%; • Sintomas graves, glicose > 300, perda de peso significativa, cetonúria; • Pode ser segundo agente após dose máxima de metformina; • Não existem contraindicações; • Início precoce. • Tenta mimetizar a secreção endógena; Insulina basal: suprime a produção hepática de glicose à noite e entre as refeições; Insulina bolus (prandial): cobre o período pós-prandial. • Estratégias de insulinoterapia no DM2: Início – insulina basal: Manter medicação oral, dose única de insulina lenta à noite até alvo da glicose jejum; Início precoce na evolução da doença; Ir titulando conforme alvos glicêmicos e clínica do paciente; Se necessário: insulinização plena (2 ou 3 doses).
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