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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROF: PERCIVAL TAVARES DA SILVA Victória Frizieiro Resumo Realismo aristotélico Niterói 2018 1 Discípulo de Platão, Aristóteles (384 a.C. à 322 a.C.) foi contemporâneo do período de decadência da democracia ateniense e da invasão macedônica que unifica a Grécia sob seu domínio e seu pensamento, de certa forma, pode ser considerado uma reação ao descaso e indiferença da sociedade pelas questões públicas naquela época. Considerava o Universo como um todo ordenado por leis constantes e imutáveis que regem, não só os fenômenos da natureza, como os de ordem política, moral ou estética. Por defender a possibilidade de uma ciência sobre o real concreto, Aristóteles, mesmo sendo fiel ao seu mestre Platão em muitos aspectos da Filosofia, diverge de uma das suas principais teorias, a teoria das Ideias. Para Aristóteles, ela cria mais dificuldades do que resolve, pois as Ideias não explicariam o movimento ou mudança dos entes (eternos ou não) ou sua existência. Também não seriam imanentes às coisas que delas participam. Aristóteles entendia as Ideias como paradigmas e imagem ao mesmo tempo e questionava como a substância das coisas poderiam ser separadas das coisas em si. Enxergando a Ideia como algo que faz parte, mas de fato não é, a Ideia seria desprovida de significado. Aristóteles percebia a Filosofia como um abandono do senso comum através do espanto. Pois, através do espanto vem o reconhecimento de sua própria ignorância que leva à busca pela explicação. Segundo ele, os primeiros Filósofos surgiram não para encontrar o conhecimento de uso utilitário, pois já obtinham o necessário para sua existência e bem- estar, mas sim pelo conhecimento em si, já que a Filosofia seria uma disciplina que cuja finalidade é para si mesma. Dentro de sua obra, Aristóteles, elabora o princípio da não contradição que afirma que não é possível ser e não ser ao mesmo tempo com relação a algum atributo. Sendo este o mais firme dos princípios em sua Filosofia. Também determina as quatro causas do ser: a causa material, a forma ou quididade, o motor e o fim a que se destina. Compreende o Ser como substância, podendo a substância ser simples (Deus) ou composta (demais seres). Sendo a Filosofia uma ciência da substância e a substância o indivíduo uno em si mesmo e separado dos demais. Enquanto, segundo Aristóteles, a substância não esgota o sentindo do termo Ser, os chamados acidentes (o que acontece com), não ocorrem por uma razão ou causa determinada e por este motivo não podem ser ensinados, nem demonstrado por nenhuma ciência. Por sua vez, o estudo do movimento foi um dos principais desafios 2 do pensamento aristotélico, pois por ser sempre a passagem de um contrário ao outro, havia a dificuldade para conciliá-lo com o princípio da não contradição. Para solucionar esse problema, Aristóteles distingue dois tipos de movimento: knesis - aquele que atinge apenas os acidentes (lugar, quantidade e qualidade) e gênese - aquele que atinge a própria substância dos seres. Cria ainda as noções de potência e ato. Ao determinar que o Universo é ordenado segundo leis imutáveis, Aristóteles também discorre sobre os movimentos naturais, estabelecendo que no movimento e na geração circulares é que se encontra a necessidade absoluta. O filósofo entende Deus como Ato primeiro (mas não criador do universo), um Ser – Essência excluído de tudo que implique imperfeição, limitação ou divisão. Um Ser perfeito que só pode ser concebido como Pensamento que pensa a si mesmo. Ainda analisando as questões Filosóficas pelo viés natural, Aristóteles percebe a constituição do Estado como algo inerente ao homem, incapaz de viver isolado. Desta forma, o homem seria um animal político e as leis do Estado, apesar de dependerem de decisões e ações humanas, deveriam traduzir a natureza do próprio Estado. Da mesma forma, a virtude seria a medida determinada por essa ordem natural. Esquecido em certa medida pelos seus contemporâneos gregos, Aristóteles, tem grande importância construção da Civilização Cristã Ocidental, sendo seu pensa- mento reconhecido a partir do século XII, na Europa Medieval e tendo o seu trabalho reinterpretado por Santo Thomás de Aquino, fornecendo a estrutura racional para a dogmática cristã. Fora do campo Filosófico, sua obra também contribui para a ciência, teologia, estética e política ao longo da história, estabelecendo-o como um dos maiores pensadores da humanidade. 3 Referências bibliográficas: REZENDE, A. (org). Curso de filosofia. Rio de janeiro; Zahar, 14ª ed., 2008.
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