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Livro - Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal

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TEORIA E FUNDAMENTOS 
DO FUTEBOL E FUTSAL
Mylena Aparecida Rodrigues Alves
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Curitiba
2019
Teoria e 
Fundamentos do 
Futebol e Futsal
Mylena Aparecida Rodrigues Alves
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
A474f Alves, Mylena Aparecida Rodrigues
Teoria e fundamentos do futebol e futsal / Mylena Aparecida 
Rodrigues Alves. – Curitiba: Fael, 2019.
239 p.: il.
ISBN 978-85-5337-073-3
1. Futebol I. Título
CDD 796.334 
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Thaiview
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Generalização e especialização do 
treinamento em esportes | 7
2. História e evolução do futebol e futsal | 29
3. Fundamentos do futsal e do futebol de campo | 47
4. Jogar conforme as regras | 71
5. Caracterização dos princípios táticos | 97
6. Pirâmide dos elementos do treinamento esportivo | 119
7. Periodização do treinamento | 139
8. Metodologia do ensino do futebol e futsal | 165
9. Exercícios específicos | 181
10. Revista Brasileira de futsal e futebol: 
pesquisa bibliométrica | 197
Gabarito | 213
Referências | 229
“O esporte é magia, pois encanta 
quem aprecia e se torna amor 
para quem a pratica” 
(Patricia C. Eickhoff)
Olá, querido aluno do curso de Educação Física! Venho por 
meio dessa obra transmitir um pouco da história, da evolução, 
dos fundamentos e dos diversos tipos de treinamento das modali-
dades de futebol e do futsal, esportes muito difundidos em todo o 
Brasil. Convido-o a desfrutar do conteúdo feito com muito cari-
nho, escrito por alguém que é pesquisadora e apaixonada pelas 
modalidades aqui tratadas.
Carta ao Aluno
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 6 –
Na escrita do material, foi tomado todo o cuidado em tratar de assun-
tos pertinentes para o desenvolvimento dos futuros profissionais de Edu-
cação Física, trazendo ao longo das páginas temáticas atuais e oportunas 
para os futuros treinadores e conhecedores sobre as modalidades em ques-
tão. Ao findar o estudo dos dez surpreendentes capítulos, você será capaz 
não apenas de transmitir o conhecimento adquirido para os seus atletas, 
mas de transformar vidas por meio do esporte; encontrará surpreendentes 
caminhos que o esporte pode traçar na vida de crianças, jovens e adultos.
1
Generalização e 
especialização 
do treinamento 
em esportes
O esporte, conhecido também, em países europeus como des-
porto, é uma expressão sociocultural da atividade física englobada 
por manifestações com diferentes objetivos: saúde, melhora na 
aptidão física, saúde mental, melhora social, desempenho de habi-
lidades, entre outros (BOMPA, 2002a; MARQUES; ALMEIDA; 
GUTIERREZ, 2007).
Segundo Marques, Almeida e Gutierrez (2007), podem-se 
dividir as manifestações esportivas em dois grandes grupos:
 2 sentido da prática – é realizado conforme as intenções 
e o contexto cultural em que elas se expõem. É subdi-
vidida em atividades de lazer – amador e heterogêneo.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 8 –
 2 modalidade esportiva – são atividades realizadas sob um caráter 
competitivo, que possui regras e normas próprias, controladas 
pelos órgãos superiores da modalidade, e caracterizadas como 
a busca pelo alto rendimento e profissionalismo na modalidade. 
Como apresenta na figura 1.1 a seguir:
Figura 1.1 - Modelo de concepção das formas de manifestação do esporte
ESPORTE
Modalidades Esportivas Sentidos para a Prática
- Regras
- História
- Formas de Disputa
 -Valores Morais
 - Significado da Prática
 - Contexto Cultural
 Forma de Manifestação do Esporte
Fonte: Marques, Almeida e Gutierrez (2007).
Cabe aos profissionais de Educação Física, portanto, obter o conhe-
cimento em qual das duas formas desenvolver o(s) esporte(s) proposto(s). 
Ele é encarado de diferentes maneiras, por exemplo, em um jogo da Copa 
do Mundo de Futebol: o esporte para os atletas é trabalho de alta perfor-
mance (resultados, vitórias); para os dirigentes, uma indústria (retorno na 
mídia, lucros com vendas); para os espectadores, um momento de emo-
ções, lazer, alegrias ou tristezas.
O esporte é um fenômeno que envolve características complexas do 
indivíduo praticante, o qual interfere na construção e execuções da prática 
esportiva, capaz de exercer influência sobre a formação do sujeito “por meio 
da transmissão de valores morais, possibilidades de relacionamento e até de 
adaptações físicas” (MARQUES; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2007, p. 233).
– 9 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Há uma divisão entre os esportes em categorias, a qual é baseada nos 
objetivos de treinamento, nas similaridades fisiológicas e nas habilidades 
do esporte em questão, necessárias para alcançar e certificar um desempe-
nho adequado (BOMPA, 2002a). As categorias citadas estão descritas no 
quadro 1.1 a seguir:
Quadro 1.1 – Característica da classificação dos grupos esportivos
Categorias/
grupos Descrição
Grupo 1 Esportes que necessitam do aperfeiçoamento da coor-denação e da execução perfeita de uma habilidade.
Grupo 2 Esporte em que é preciso atingir uma velocidade supe-rior, caso dos esportes cíclicos.
Grupo 3 Esportes que necessitam do aperfeiçoamento da força e da velocidade de uma habilidade.
Grupo 4 Esportes que necessitam do aperfeiçoamento de uma habilidade realizada em uma competição com oponente.
Grupo 5 Esportes que necessitam do aperfeiçoamento da condu-ção de diferentes meios de transporte.
Grupo 6
Esportes que necessitam do aperfeiçoamento da ativi-
dade do sistema nervoso central (SNC) sob estresse e 
baixo envolvimento físico.
Grupo 7 Esportes que necessitam do desenvolvimento da capaci-dade de participação em várias atividades combinadas.
Fonte: Gandelsman e Smirnov (1970).
Os esportes como o futebol e o futsal estão enquadrados no grupo 4, 
em que é necessário ter a capacidade de perceber e agir rapidamente sob 
situações instáveis. A tomada de decisão depende da velocidade do atleta 
e da percepção dos movimentos dos adversários.Os esportes coletivos 
apresentam em sua estrutura de habilidade a forma acíclica; com inten-
sidade variada; em que as capacidades biomotoras são a coordenação, a 
velocidade, a força e a resistência; e a demanda funcional vem do SNC, da 
capacidade locomotora e da cardiorrespiratória (BOMPA, 2002a).
O futebol e o futsal, em relação a sua popularidade, encontram-se 
como os maiores exemplos de esportes coletivos, sistematizados e com-
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 10 –
plexos, os quais exigem boa técnica e boa preparação física. São modali-
dades díspares, porém, com suas semelhanças e intercolaborações.
Como cita Santana (2018), em relação ao legado que o futsal deixa 
para o futebol, mesmo sabendo que a origem do futsal veio muitos anos 
depois da criação do futebol:
[...] cada vez mais precocemente, os jogadores de futsal migram 
para o futebol – há, inclusive, um interesse cada vez maior dos 
clubes de futebol em tornar o futsal, de forma sistematizada, 
parte do processo de formação do jogador. [...] muitos fatores 
convergem na tentativa de explicar isso. Por exemplo, seria a 
capacidade de o jogador raciocinar rápido e/ou de driblar em 
espaços curtos? Seria a experiência competitiva, dado o fato de 
que, desde cedo, disputa competições acirradas? Seria uma boa 
formação tática individual?
Dessa maneira, é importante obter o entendimento de que, apesar de 
essas duas modalidades serem distintas e englobarem regras diferentes, a 
presença de um não exclui o outro.
1.1 Treinamento dos esportes coletivos 
Para atingir bons resultados em qualquerárea é preciso um bom pla-
nejamento, muito trabalho e compromisso, e o treinamento esportivo não 
é exceção. Os atletas que alcançaram o seu maior auge, consequentemente 
conquistaram muitos títulos, até 
mesmo foram consagrados os melho-
res do mundo, no entanto não atin-
giram tal magnitude de um dia para 
o outro, tampouco de um ano para 
outro. Por trás de tanto talento houve 
profissionais capacitados que desen-
volveram programas de treinamento 
bem elaborados durante vários anos. 
A educação física para o treinamento 
esportivo deve ser tratada como uma 
área interdisciplinar, pois envolve 
várias disciplinas distintas com diver-
sos objetivos em comum (figura 1.2).
Figura 1.2 – Interdisciplinaridade 
do treinamento
 
Como cita Santana (2018), em relação ao legado que o futsal deixa para o futebol, mesmo sabendo 
que a origem do futsal veio muitos anos depois da criação do futebol: 
[...] cada vez mais precocemente, os jogadores de futsal migram para o futebol – há, inclusive, 
um interesse cada vez maior dos clubes de futebol em tornar o futsal, de forma sistematizada, 
parte do processo de formação do jogador. [...] muitos fatores convergem na tentativa de 
explicar isso. Por exemplo, seria a capacidade de o jogador raciocinar rápido e/ou de driblar 
em espaços curtos? Seria a experiência competitiva, dado o fato de que, desde cedo, disputa 
competições acirradas? Seria uma boa formação tática individual? 
Dessa maneira, é importante obter o entendimento de que, apesar de essas duas modalidades serem 
distintas e englobarem regras diferentes, a presença de um não exclui o outro. 
1.1 Treinamento dos esportes coletivos (PESO 01) 
Para atingir bons resultados em qualquer área é preciso um bom planejamento, muito trabalho e 
compromisso, e o treinamento esportivo não é exceção. Os atletas que alcançaram o seu maior auge, 
consequentemente conquistaram muitos títulos, até mesmo foram consagrados os melhores do 
mundo, no entanto não atingiram tal magnitude de um dia para o outro, tampouco de um ano para 
outro. Por trás de tanto talento houve profissionais capacitados que desenvolveram programas de 
treinamento bem elaborados durante vários anos. A educação física para o treinamento esportivo deve 
ser tratada como uma área interdisciplinar, pois envolve várias disciplinas distintas com diversos 
objetivos em comum (figura 1.2). 
Figura 1.2 – Interdisciplinaridade do treinamento 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
Para elaborar programas de treinamento, é essencial ter em mente que a melhor formação é a de longo 
prazo, para que o desenvolvimento motor e o psicológico alcancem a excelência a longo prazo e não 
o desgaste a curto prazo. 
EDUCAÇÃO 
FÍSICA
MEDICINA
FISIOLOGIA E 
BIOLOGIA
NUTRIÇÃO
PSICOLOGIAFISIOTERAPIA
BIOMECÂNICA
PEDAGOGIA
Fonte: elaborada pela autora.
– 11 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Para elaborar programas de treinamento, é essencial ter em mente 
que a melhor formação é a de longo prazo, para que o desenvolvimento 
motor e o psicológico alcancem a excelência a longo prazo e não o des-
gaste a curto prazo.
Em países europeus como Rússia, Alemanha e Romênia, a formação 
geral de crianças é trabalhada por meio dos esportes bases, tais como o 
Atletismo, que desenvolve as habilidades básicas; a Natação, que desen-
volve a capacidade cardiopulmonar e a habilidade de salvar vidas, e a 
Ginástica, que desenvolve o equilíbrio e a coordenação (BOMPA, 2002a). 
Esse é um exemplo de como iniciar um programa de treinamento na infân-
cia. Não há necessidade de ensinar movimentos complexos, como o drible 
no futebol e futsal, para a criança, sendo que a ginástica dará a coordenação 
e o equilíbrio ideais para a idade, de forma muito mais lúdica e prazerosa.
No Brasil, entretanto, a realidade é um pouco diferente, pois, na 
infância e na adolescência, os esportes base a serem trabalhados, em sua 
maioria, são os esportes coletivos (futsal, voleibol, basquetebol e hande-
bol). Recomenda-se que, no primeiro contato com o esporte entre as crian-
ças, seja feita uma adaptação para a idade, com o intuito de evitar lesões 
e o abandono precoce.
Os aspectos que devem ser levados em consideração no treinamento 
para o público infantil são:
 2 morfológico;
 2 médico-biológico;
 2 fisiológico;
 2 neuromotor;
 2 sociológico;
 2 psicológico;
 2 cognitivo;
 2 maturacional.
Para ilustrar, a tabela 1.1 demonstra de forma geral as faixas etárias 
adequadas para cada momento ao longo do desenvolvimento de algumas 
modalidades esportivas.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 12 –
Tabela 1.1 – Diretrizes para o caminho rumo à especialização
Modalidade 
esportiva
Idade para 
iniciar a 
prática do 
esporte
Idade para 
iniciar a 
especialização
Idade para 
alcançar 
o alto 
rendimento
Basquetebol 10-12 14-16 22-28
Handebol 10-12 14-16 22-26
Futebol 10-12 14-16 22-26
Voleibol 10-12 15-16 22-26
Fonte: Bompa (2002a).
Diante disso, segundo Nadori (apud FERNANDES, 2003), “uma 
maçã não deve colher-se a meio da sua maturação. O seu sabor nunca será 
o mesmo.” Assim também ocorre na iniciação esportiva, em que a criança 
não é um adulto em miniatura, uma vez que o treinamento deve ser prepa-
rado conforme a idade em que o indivíduo se encontra.
1.2 Generalização e Especialização no 
treinamento de esportes coletivos 
As etapas de formação de atletas baseiam-se na divisão de duas gran-
des fases: a Geral e a Especialização. Entre cada fase, encontram-se subfa-
ses, como demonstrado na figura 1.3. É importante entender que o modelo 
criado pelo Phd. Tudor 
O. Bompa pode variar 
consideravelmente con-
forme a modalidade 
em questão, visto que o 
profissional deve con-
siderar o seu estado de 
prontidão para aquela 
modalidade em vez da 
idade cronológica.
Figura 1.3 – Periodização do treinamento a longo prazo
Fonte: Bompa (2002a).
– 13 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Na Formação Geral, conhecida também como Desenvolvimento 
Multilateral, devem-se desenvolver habilidades básicas e a capacidade 
de adaptação.
A Iniciação (seis a dez anos de idade) tem como objetivo geral o 
desenvolvimento de habilidades e do prazer pelo esporte. As orientações 
do quadro 1.2 ajudarão o profissional na elaboração de programas de trei-
namento adequado para essa faixa etária:
Quadro 1.2 – Objetivos específicos que o profissional deve atender na subfase da Iniciação
Objetivos 
específicos Descrição
1
Enfatizar o desenvolvimento multilateral, introduzindo-se 
várias habilidades e exercícios, como correr, saltar, apa-
nhar, arremessar, rebater, equilibrar e rolar;
2
Dar a cada criança tempo suficiente para o desenvolvi-
mento adequado de habilidades e, ao mesmo tempo, para 
jogar e para as atividades;
3
Reforçar positivamente crianças que se dedicam e são 
autodisciplinadas. Reforçar a melhora no desenvolvimento 
de aptidões; 
4 Encorajá-las a desenvolver flexibilidade, coordenação e equilíbrio;
5
Encorajá-las a desenvolver diversas habilidades motoras 
em meios de baixa intensidade. Por exemplo, nadar em um 
ambiente maravilhoso para desenvolver o sistema cardior-
respiratório, enquanto se minimizam as tensões nas articu-
lações, nos ligamentos e no tecido conjuntivo; 
6
Selecionar um número adequado de repetições para cada 
habilidade e incentivar as crianças a desempenhar correta-
mente cada técnica;
7
Modificar o equipamento e o ambiente de jogo para um 
nível adequado. Por exemplo, crianças não têm força para 
arremessar uma bola de basquetebol de tamanho adulto na 
cesta de três metros de altura usando a técnica correta. A 
bola deve ser menor e mais leve, e a cesta, mais baixa;
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 14 –
Objetivos 
específicos Descrição
8
Elaborar exercícios com repetições, jogos e atividades 
para que as crianças tenham oportunidade de participação 
ativa máxima; 
9
Promover a aprendizagem por experiência ao proporcio-
nar às crianças oportunidades de elaborar seusexercícios, 
seus jogos e suas atividades. Incentivá-las a ser criativas e 
a usar a imaginação;
10 Simplificar ou modificar as regras para que as crianças entendam o jogo;
11
Incluir jogos modificados que enfatizem estratégias e táti-
cas básicas. Por exemplo, se as crianças desenvolverem 
habilidades individuais básicas como correr, dominar e 
chutar a bola, provavelmente estarão prontas para jogar, 
com sucesso, um jogo modificado de futebol ou futsal;
12
Incentivar as crianças a participar de exercícios que 
desenvolvam o controle da atenção para prepará-las 
para exigências maiores do treinamento e da competi-
ção que ocorrem na subfase da formação esportiva do 
desenvolvimento;
13 Enfatizar a importância da ética e do jogo justo;
14 Proporcionar oportunidades para meninos e meninas par-ticiparem juntos;
15 Certificar-se de que praticar esportes é divertido;
16 Incentivar a participação no maior número possível de modalidades esportivas.
Fonte: Bompa (2002b).
A Formação Esportiva (11 anos a 14 anos de idade), tem como 
principais objetivos: aumentar progressivamente a intensidade de tra-
balho e um pequeno direcionamento à modalidade trabalhada, com 
ênfase na especialização. As orientações do quadro 1.3 ajudarão o pro-
fissional na elaboração de programas de treinamento adequado para 
essa faixa etária:
– 15 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Quadro 1.3 – Objetivos específicos que o profissional deve atender na subfase da 
Formação Esportiva
Objetivos 
específicos Descrição
1
Incentivar a participação em diversos exercícios da 
modalidade esportiva específica e de outras, que 
ajudarão a melhorar a base multilateral e preparar 
para a competição na modalidade esportiva escolhida. 
Aumentar progressivamente o volume e a intensidade 
do treinamento;
2
Preparar exercícios que introduzam os atletas a estratégias 
e táticas fundamentais, e forçar o desenvolvimento de 
habilidades;
3
Ajudar os atletas a apurar e automatizar as habilidades 
básicas aprendidas durante o estágio de iniciação e apren-
der habilidades um pouco mais complexas;
4 Enfatizar a melhora na flexibilidade, na coordenação e no equilíbrio;
5 Enfatizar a ética e o jogo justo durante as competições e as sessões de treinamento;
6 Proporcionar oportunidades a todas as crianças de partici-par em níveis de maior desafio;
7
Introduzir os atletas aos exercícios que desenvolvam a 
força geral. A base para ganhos de potência e de força no 
futuro deve começar nesse estágio. Enfatizar o desenvol-
vimento de regiões-chave do corpo, sobretudo os qua-
dris, a coluna lombar e o abdome, bem como os múscu-
los nas extremidades (as articulações do ombro, braços e 
pernas). A maioria dos exercícios deve envolver o peso 
corporal e os equipamentos leves, como medicine balls e 
halteres leves;
 8
Continuar o desenvolvimento da capacidade aeróbica. 
Uma base sólida de resistência permitirá aos atletas lidar, 
com maior eficácia, com as exigências do treinamento e 
da competição durante o estágio de especialização; 
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 16 –
Objetivos 
específicos Descrição
9
Introduzir atletas ao treinamento anaeróbico moderado. 
Isso ajudará na adaptação ao treinamento anaeróbico de alta 
intensidade, que assume maior importância na maioria das 
modalidades esportivas durante o estágio de especialização. 
Os atletas não devem competir em eventos que enfatizam 
excessivo estresse sobre o sistema energético anaeróbico 
lático, como sprint de 200 metros e corrida rápida de 400 
metros no atletismo. Eles são mais adequados para sprints 
curtos, com menos de 80 metros, que envolvem o sistema 
energético anaeróbico alático, e eventos de resistência com 
distâncias maiores, com velocidades menores, como 800 
metros ou mais, os quais testam a capacidade aeróbica. 
10
Evitar competições que exijam anatomicamente muito do 
corpo. Por exemplo, a maioria dos jovens atletas não tem 
desenvolvimento muscular suficiente para desempenhar 
o salto triplo com a técnica correta. Em consequência, 
alguns podem sofrer lesões por compressão do choque 
que o corpo absorve durante a impulsão e a execução do 
salto propriamente dito;
11
Para melhorar a concentração, introduzir os atletas a 
exercícios mais complexos. Incentivá-los a desenvolver 
estratégias para autorregulação e visualização. Introduzir 
organizadamente treinamento mental;
12
Introduzir os atletas nas diversas situações competiti-
vas divertidas que lhes permitam aplicar várias técnicas 
e táticas. Jovens atletas gostam de competir, porém é 
importante não enfatizar a vitória. Estruturar as competi-
ções para reforçar o desenvolvimento de habilidades. Por 
exemplo, pode-se basear o objetivo de uma competição 
de arremesso de dardo na precisão e na técnica e não na 
distância alcançada pelos atletas com o arremesso; 
13 Proporcionar tempo para os atletas brincarem e se sociali-zarem com os colegas.
Fonte: Bompa (2002b).
– 17 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Vale salientar que o treinamento Geral bem trabalhado prepara o 
atleta para suportar a carga do treinamento específico, o qual será especi-
ficado a seguir.
A Formação Específica (Especialização), conhecida como Desenvolvi-
mento Especializado, trata de atletas com 15 anos a 18 anos de idade. Nessa 
fase o profissional precisará capacitar os atletas a atingirem o alto nível. Em um 
cálculo rápido, 60% do treinamento total deve ser voltado a atividades espe-
cíficas da modalidade e os outros 40% a atividades com similaridade à moda-
lidade principal (para evitar o abandono e as lesões) (PLATONOV, 2008).
A especialização não deve ser conceituada negativamente, tampouco 
há rendimento sem ela. É a etapa que se inicia somente após adquirir expe-
riências em diversas modalidades, sempre respeitando o desejo da criança 
(BOMPA, 2002a). O direcionamento para a especialização de uma moda-
lidade esportiva faz parte do processo de formação esportiva. As orienta-
ções do quadro 1.4 ajudarão o profissional na elaboração de programas de 
treinamento adequado para uma boa especialização:
Quadro 1.4 – Objetivos específicos que o profissional deve atender na subfase da Especialização
Objetivos 
específicos Descrição
1
Monitorar atentamente o desenvolvimento de atletas durante 
esse estágio. Eles desenvolverão estratégias para lidar com 
as maiores exigências físicas e psicológicas do treinamento 
e da competição. Também são vulneráveis às dificuldades 
físicas e psicológicas causadas pelo excesso de treinamento;
2
Verificar melhoras progressivas nas habilidades motoras 
dominantes para a modalidades esportiva, como potência, 
capacidade anaeróbica, coordenação específica e flexibili-
dade dinâmica;
3
Aumentar o volume de treinamento para repetições e exer-
cícios específicos, a fim de facilitar o aprimoramento no 
desempenho. O corpo precisa se adaptar aos incrementos 
específicos na carga de treinamento com o preparo eficaz 
para a competição; portanto, agora é o momento para se 
enfatizar a especificidade;
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 18 –
Objetivos 
específicos Descrição
4
Aumentar a intensidade de treinamento com maior rapidez 
do que com volume, embora ainda seja preciso aumentá-lo 
progressivamente. Deve-se preparar os atletas para desem-
penharem determinada habilidade, exercício ou repetição 
com a velocidade e o ritmo adequados. O treinamento deve 
simular sobretudo as ações que ocorrem durante as competi-
ções. Embora a fadiga seja um resultado normal do treina-
mento de alta intensidade, é importante que os atletas não 
cheguem ao estado de exaustão;
5 Envolver atletas no processo de tomada de decisões sempre que possível;
6
Continuar a enfatizar o treinamento multilateral, sobretudo 
durante a pré-temporada. Mais importantes, porém, é enfati-
zar a especificidade e usar métodos e técnicas de treinamento 
que desenvolvam um alto nível de eficiência específica para 
o esporte, sobretudo durante a temporadacompetitiva;
7 Incentivar os atletas a se familiarizarem com os aspectos teóricos do treinamento; 
8
Enfatizar os exercícios dos músculos que os atletas usam 
basicamente quando utilizam habilidades técnicas (princi-
pais movimentadores). O desenvolvimento de força deve 
começar a refletir as necessidades específicas da modali-
dade esportiva. Atletas que estejam realizando treinamento 
com peso podem iniciar a prática de exercícios que requei-
ram menos repetições e um peso maior. Evitar o treina-
mento de força máxima, em que os atletas desempenham 
menos de quatro repetições de um exercício, sobretudo 
para aqueles que ainda estão em crescimento; 
9
Priorizar o desenvolvimento da capacidade aeróbica para 
todos os atletas, sobretudo para aqueles que participam de 
esportes de resistência ou relacionados a ela; 
10
Aumentar progressivamente o volume e a intensidade do 
treinamento anaeróbico. Os atletas são capazes de lidar 
com o acúmulo de ácido lático;
– 19 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
Objetivos 
específicos Descrição
11
Melhorar e aperfeiçoar as técnicas da modalidade esportiva. 
Selecionar exercícios específicos que garantam que os atle-
tas desempenharão as habilidades de forma biomecânica 
correta e fisiologicamente eficaz. Os atletas devem praticar 
movimentos técnicos difíceis frequentemente durante as 
sessões de treinamento, incorporá-los aos exercícios táticos 
específicos e aplicá-los nas competições;
12
Melhorar as táticas individuais e coletivas. Incorporar 
exercícios específicos para o jogo nas sessões de treina-
mento tático. Selecionar exercícios interessantes, exigentes 
e estimulantes, que requeiram decisões e ações rápidas, 
concentração prolongada e um alto nível de motivação dos 
atletas. Eles devem demonstrar iniciativa, autocontrole, 
vigor competitivo, ética e honestidade no jogo em situações 
competitivas; 
13
Aumentar aos poucos o número de competições, de forma 
que, ao final desse estágio, os atletas estejam competindo 
com a mesma frequência que os seniores. Também é 
importante estabelecer objetivos para as competições que 
focam no desenvolvimento de habilidades motoras, táticas 
e aptidões específicas. Embora vencer se torne cada vez 
mais importante, não se deve dar ênfase excessiva; 
14
Os atletas devem praticar o treinamento mental. Estruturar 
exercícios e repetições que desenvolvam concentração, 
controle da atenção, pensamento positivo, autorregulação, 
visualização e motivação para melhorar o desempenho 
específico para aquela modalidade esportiva.
Fonte: Bompa (2002b).
E por fim, a fase do Alto Rendimento, parte final do processo de for-
mação esportiva, àqueles que anseiam e apresentam as qualidades neces-
sárias para obtenção de uma boa performance e recordes, compreende 
práticas em níveis elevados e um treinamento de alto nível em atletas e 
equipes, em que se utiliza uma tecnologia avançada.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 20 –
É muito visado pela mídia esportiva, conhecido como esporte-espe-
táculo, disputado em jogos Olímpicos, ligas nacionais, campeonatos 
mundiais e circuitos mundiais profissionais. No caso do futebol brasi-
leiro, Marta (Orlando Pride – USA) e Kaká (Orlando City – USA) encon-
tram-se como os últimos ganhadores do prêmio de melhores jogadores 
do mundo de futebol. Já no futsal brasileiro encontram-se Amandinha 
(Leoas da Serra – Brasil) e Falcão (Magnus Futsal – Brasil) como os últi-
mos ganhadores do prêmio de melhores jogadores de futsal do mundo. 
Tais jogadores alcançaram o seu mais alto rendimento, consagrados como 
os melhores do mundo em sua modalidade, por meio de um programa de 
treinamento desenvolvido a longo prazo.
1.3 Princípios do treinamento 
voltado aos esportes coletivos 
Os princípios de treinamento voltados aos esportes coletivos são 
baseados nas ciências biológicas, psicológicas e pedagógicas (BOMPA, 
2002; BOMPA 2002b). Têm como função, dentro do treinamento espor-
tivo: aumento da capa-
cidade de trabalho, 
efetividade de suas 
habilidades e de suas 
qualidades psicológi-
cas (TUBINO, 1984).
Esses princípios 
serão aqui tratados em 
sete categorias e devem 
ser observados, res-
peitados e aplicados 
pelo profissional que 
se proponha a planejar 
um programa de treina-
mento, visando extrair 
o melhor de cada atleta 
e/ou equipe.
Figura 1.4 – Princípios do treinamento esportivo
 
PRÍNCIPIOS DO 
TREINAMENTO
INDIVIDUALIDADE 
BIOLOGICA
SOBRECARGA
ADAPTAÇÃO
CONTINUIDADEREVERSIBILIDADE
INTERDEPENDÊNCIA
ESPECIFICIDADE
Fonte: elaborada pela autora.
– 21 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
1.3.1 Individualidade biológica
Cada indivíduo carrega em sua carga genética a sua individualidade, um 
ser humano único no universo, e a sua estrutura física e psicológica constrói 
a sua personalidade. Indivíduos respondem aos estímulos de treinamento de 
forma distinta, mesmo quando o treinamento é igual (BOMPA, 2002a).
Tal princípio é conhecido como a soma do Genótipo (carga gené-
tica) com o Fenótipo (respostas ao estímulo após ao nascimento). Envolve 
aspectos relacionados a(ao):
 2 gênero (feminino ou masculino);
 2 idade;
 2 altura;
 2 massa corpórea;
 2 profissão;
 2 percentual de gordura corporal (%G);
 2 tipos de fibras musculares;
 2 experiência prévia;
 2 técnica de execução etc.
No esporte, a genética é muito importante, uma vez que as distribui-
ções dos tipos de fibras musculares (contrações rápidas ou lentas) contri-
buem para que o profissional observe um melhor desenvolvimento do indi-
víduo em um determinado esporte, visto que o indivíduo poderá se destacar 
melhor em um tipo de exercício físico do que o outro, devido a sua carga 
genética ser um facilitador na execução de determinados exercícios.
1.3.2 Adaptação
No princípio da adaptação ocorre a busca da homeostase pelo orga-
nismo. O treinamento esportivo é um estímulo externo que o organismo 
recebe. Após esse estímulo ocorrerá a adaptação, que resulta em melhora 
no sistema circulatório, sistema cardiopulmonar, na força muscular e con-
sequentemente uma nova estrutura do corpo (DANTAS, 2003).
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 22 –
Os estímulos novos que o corpo recebe são capazes de causar estresses 
e adaptações ao organismo, as quais auxiliam na progressão do treinamento. 
É importante não exceder os limites de segurança dos estímulos (tabela 1.2).
Tabela 1.2 – Tipos de estímulos do treinamento esportivo e suas consequências
Tipos de estímulos Consequências
Débeis Não acarretam consequências
Médios Apenas excitam
Fortes Provocam adaptações
Muito fortes Provocam danos
Fonte: Dantas (2003).
Os estímulos fortes e principalmente os muito fortes, denominados de 
estresse por Selye (1956), causam reações ao organismo. Os estímulos pro-
vocam adaptação ou danos, conhecidos como Síndrome de Adaptação Geral 
(SAG). A SAG é dividida em três fases subsequentes até atingir o limite da 
capacidade fisiológica de compensação do indivíduo (TUBINO, 1984):
 2 reação de alarme – todo o corpo é mobilizado sem o envolvi-
mento de algum órgão isoladamente, ou seja, um alerta de pron-
tidão geral (susto).
 2 fase de adaptação ou resistência – o estresse persiste e a tensão 
muscular se acumula. O corpo se acostuma com os estímulos gera-
dores do estresse e inicia o estado de resistência ou de adaptação. 
Nesta fase o estresse pode ser direcionado para um órgão especí-
fico ou para um determinado sistema (cardíaco, respiratório).
 2 estado de exaustão ou esgotamento – esta fase é grave, pois 
ocasiona uma queda da capacidade adaptativa, na qual o orga-
nismo não é mais capaz de equilibrar-se, resultando em uma 
falência adaptativa.
1.3.3 Progressão da carga (sobrecarga)
As progressões da carga são os esforços para se adaptar a um novo 
nível ou patamar de trabalho, ou seja, aumento da capacidade do músculo 
– 23 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
em gerar força solicitada 
de forma progressiva. 
A figura1.5 demons-
tra os principais recur-
sos propostos por esse 
princípio: o aumento do 
volume, da intensidade, 
número de sessões de 
treinamento e duração 
de cada sessão, assim 
como a diminuição do 
tempo de recuperação.
Do início do trei-
namento até o alcance 
do alto rendimento da 
modalidade, deve-se aumentar de forma progressiva a carga do treina-
mento, conforme as capacidades psicológicas e fisiológicas de cada atleta 
(BOMPA, 2002a). Dentre os tipos de cargas existentes, o presente irá tra-
tar da Carga Padrão, da Sobrecarga e da Carga Progressiva, em sequência.
A Carga Padrão no treinamento esportivo é trabalhada durante vários 
meses do ano. No período preparatório do treinamento, tal carga é bem 
aceita. No momento em que se aproxima o período da competição, ocorre 
o platô e uma estagnação (figura 1.6).
Figura 1.6 – Carga Padrão resulta somente na primeira fase do treinamento
Platô Estagnação de desempenho
Carga 
padrão
Melhoria de desempenho
Período preparatório Período competitivo
Fonte: Bompa (2002a).
Figura 1.5 – Recursos do princípio da sobrecarga
Fonte: elaborada pela autora.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 24 –
Na sobrecarga (figura 1.7) ocorrem os estímulos mais fortes para que 
se eleve o nível do limite da adaptação do atleta. Tal fato é fundamental para 
que ocorra a evolução progressiva do esporte. Pode ocorrer, entretanto, um 
prejuízo muito grande na preparação esportiva, caso não haja uma relação 
satisfatória nas cargas e nos intervalos de descanso (BOMPA, 2002a).
Figura 1.7 – Elevação da carga de acordo com o princípio de sobrecarga
Incremento 
de carga
Dias de treinamento
4 8 12 16 20
160
140
120
100
80
60
40
200
Fonte: Hellebrant e Houtz (1956); Fox etal. (1989) (apud Bompa, 2002a).
A Carga Progressiva é a elevação da carga no treinamento de forma 
uniforme e contínua, a qual preenche as exigências fisiológicas e psicoló-
gicas do atleta. Após elevar a carga, o atleta se adapta e ocorre uma rege-
neração como demonstrado na figura 1.8.
Figura 1.8 – Elevação da carga de treinamento em degraus
Macrociclo
1
Alta
Média
Baixa
2
3
4
Microciclo
Ca
rg
a
Fonte: Bompa (2002a).
– 25 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
1.3.4 Continuidade
Segundo Tubino (1984), o princípio da continuidade baseia-se em 
duas premissas: 1) o desempenho esportivo só é conquistado depois de 
alguns anos de treinamento dentro de uma especialização; 2) existem 
influências bastante significativas em preparações físicas anteriores em 
quaisquer esquemas de treinamento em curso.
Tal princípio não permite a quebra na sistematização do treinamento, 
ou seja, não permite interrupções negativas durante o período de treina-
mento ou na preparação.
1.3.5 Reversibilidade
As adaptações e benefícios são transitórios. A interrupção do trei-
namento leva à reversibilidade das adaptações já conquistadas, e a 
ausência da sobrecarga progressiva (novos estímulos nas cargas) tam-
bém causa o mesmo efeito. O tempo que o indivíduo leva para reverter 
os efeitos do treinamento é o mesmo que o treinamento, em uma pre-
paração a longo prazo. Essa reversão é feita de forma mais lenta e o 
inverso é verdadeiro (BARBANTI, 2010).
Devido a isso, torna-se importante uma boa preparação geral na 
infância e na juventude, para que a base seja desenvolvida lentamente e 
com uma grande variedade motora (BARBANTI, 2010).
1.3.6 Especificidade
O princípio da especificidade obedece às características específicas 
de cada modalidade. Para o treinamento esportivo, as capacidades biomo-
toras e o ambiente de treinamento são trabalhados diferentemente em cada 
modalidade esportiva.
Em relação às capacidades biomotoras, deve predominar a capacidade 
dominante do esporte em treinamento. Por exemplo, na maratona, a capa-
cidade dominante é a resistência. Isso não significa que as outras capacida-
des não serão trabalhadas em determinadas fases do treinamento. Deve-se 
melhorar também a velocidade e a força nessa modalidade, porém, em por-
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 26 –
centagens menores dentro do planejamento do treinamento. Outro exemplo 
é o Levantamento de Peso, em que a capacidade dominante é a força.
Há também a combinação de duas capacidades biomotoras. Em 
esportes como natação, canoagem e lutas, é interessante trabalhar a resis-
tência juntamente com a força, conhecida como resistência muscular.
Além disso, a junção da força com a velocidade gera a potência, que 
é muito trabalhada no atletismo (saltos e lançamentos) e no vôlei. Quando 
o produto é a combinação da resistência com a velocidade (em eventos de 
cerca de 60 segundos), o resultado é conhecido como resistência de velo-
cidade. Por fim, quando a agilidade se junta com a flexibilidade, o produto 
é a mobilidade, muito trabalhada no mergulho, ginástica no solo, caratê e 
esportes coletivos (como futebol e o futsal) (BOMPA, 2002a).
1.3.7 Interdependência volume/intensidade
O princípio da interdependência volume-intensidade são inversa-
mente proporcionais e são interdependentes, ou seja, qualquer mudança 
no volume (quantidade) provocará uma mudança na intensidade (quali-
dade) (TUBINO; MOREIRA, 1984, p.108). O volume deve ser trabalhado 
na preparação básica da modalidade.
Essas interdependências do volume com a intensidade podem ser 
ilustradas por uma gangorra (figura 1.9), quanto mais o volume aumenta, 
a intensidade diminuiu na mesma proporção inversamente.
Figura 1.9 – Gangorra do princípio da interpendência volume-intensidade
Volume
Intensidade
Fonte: elaborada pela autora.
– 27 –
Generalização e especialização do treinamento em esportes
O volume é a quantidade do treinamento, expressa pela soma da 
carga de trabalho (quilômetros, repetições), a intensidade é a quantidade 
do treinamento, expressa pelo tipo de carga aplicada (quilogramas, velo-
cidade) (TUBINO; MOREIRA, 1984, p.108).
Conclusão
Nesse contexto, observou-se que o treinamento em esportes coletivos 
é uma atividade planejada de forma sistematizada e complexa. Não existe 
uma fórmula mágica para formar uma equipe/atleta campeã mundial. O 
que existe são apenas metodologias de treinamento, que, se utilizadas cor-
retamente, no momento certo, podem resultar em uma performance cam-
peã, tanto de um atleta como de uma equipe.
Vale salientar que a aplicação do treinamento em crianças requer uma 
preparação especial, pois engloba uma série de fatores. Quando a criança 
inicia a formação esportiva e demonstra um diferencial, não precisa neces-
sariamente ser tratada como uma pessoa melhor porque joga bem. Em 
esportes coletivos, o treinador deve fazer com que a criança diferenciada 
jogue voltada ao coletivo, possibilitando oportunidades para todos, pois 
o principal objetivo do professor de Educação Física é formar pessoas 
melhores para sociedade por meio dos esportes.
Atividades 
1. Explique as duas manifestações esportivas descritas no início 
do capítulo.
2. Descreva as etapas de formação esportiva e seus respectivos 
objetivos em cada etapa.
3. Quais os últimos brasileiros eleitos os melhores jogadores do 
mundo, segundo a FIFA e a AGLA.
4. Exemplifique cada princípio de treinamento voltado ao atleta de 
futebol e futsal.
2
História e evolução 
do futebol e futsal
O futebol é o esporte coletivo mais praticado no mundo e, 
desde a sua chegada ao Brasil, vem se popularizando com vigor 
na sociedade. São diversos os meios de comunicação, tais como: 
televisão, rádio, jornal, internet e aplicativos para celulares. 
Esses últimos são os meios que mais oferecem, diariamente, uma 
série de informações a respeito da seleção nacional, dos clubes 
esportivos e dos campeonatos nacionais e internacionais. Nesse 
ambiente, desde cedo, as crianças são incentivadas a torcer por 
um determinado clube e/ou time, geralmente aquele com o qual 
os pais se identificam ou da cidade que moram.
O futebol exerce um peso muito grande na sociedade bra-
sileira. Tal fato é entendido, por exemplo, quandoas cifras são 
anunciadas nas transferências de jogadores. A indústria do fute-
bol movimenta mais de 250 bilhões de dólares americanos por 
ano (OLIVEIRA, 2012). Além disso, segundo o mesmo autor, no 
âmbito mundial, estima-se que 75% dos patrocínios esportivos 
sejam destinados ao futebol.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 30 –
O relatório de 2019 elaborado pela Diretoria de Registros, Transfe-
rências e Licenciamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 
relatou os números em relação à importação e à exportação de jogadores, 
como demonstra a tabela 2.1, a seguir:
Tabela 2.1 – transferências internacionais
Brasil exportação* Brasil importação**
Jogadores profissionais 792 674
Jogadoras profissionais 40 3
Profissionais como amadores 548 —
Amadores como amadores 507 151
Futsal 200 191
* Valores envolvidos: R$ 1.443.307.009
** Valores envolvidos: R$ 209.767.825
Fonte: CBF.
Nesse contexto, torna-se simples o entendimento de que o futebol 
é o esporte mais popularizado no mundo e no Brasil. A popularidade do 
esporte se deve ao fato de que ele desperta o fascínio em diversas pessoas 
de todas as classes sociais. Ademais, é o progenitor de outras modalidades 
praticadas com o pé. Entre elas, encontra-se o futebol de salão, que atual-
mente é conhecido como futsal no Brasil.
Nesse contexto, no âmbito popularizado e evolutivo em que o futebol 
e o futsal se enquadram, o presente capítulo terá como objetivo elencar 
alguns fatos históricos relevantes das modalidades, bem como desenvol-
ver a compreensão da importância no ambiente educacional de crianças e 
jovens, como um fenômeno social, cultural e econômico.
2.1 História do futebol
Entre os séculos XVI e XIX na Europa, a prática esportiva era 
exclusiva à nobreza, sendo os esportes mais praticados naquela época 
o arco-e-flecha e equitação, modalidades que simulavam os combates 
( OLIVEIRA, 2012).
– 31 –
História e evolução do futebol e futsal
O futebol era considerado um esporte de “passatempo”, desregrado 
e vulgar. Por ser considerado muito violento, o clero responsabilizou tal 
prática como a culpada de os fiéis se afastarem da igreja, uma vez que 
os homens preferiam jogar futebol em vez de ir às missas aos domingos 
(OLIVEIRA, 2012). Criado na Inglaterra em 1823, o futebol foi registrado 
oficialmente em 1863 na cidade de Londres, com a criação do Football 
Association, que registrou as principais regras da mais nova modalidade 
(OLIVEIRA, 2012).
Em 1835, a Inglaterra instaurou uma lei que proibia a prática do fute-
bol nas ruas, entretanto houve muita resistência por parte da população 
(OLIVEIRA, 2012). Após o ano de 1870, os trabalhadores conquistaram o 
direito de folgar nos sábados à tarde, que foram ocupadas pela prática do 
mais novo esporte já organizado (OLIVEIRA, 2012).
Com o passar dos anos, a prática futebolística foi se disciplinando e 
despertando o interesse dos pedagogos em utilizar tal modalidade para somar 
com a educação nas escolas 
europeias, como também na eco-
nomia, que passou a enxergar o 
futebol como um grande aliado 
no comércio do capital para todo 
o mundo ( OLIVEIRA, 2012).
Charles Miller, conhecido 
no Brasil como o “pai do fute-
bol”, nasceu em 24 de novem-
bro de 1874 em São Paulo, filho 
de um pai escocês que veio ao 
Brasil para trabalhar na São 
Paulo Railway Company, e de 
uma mãe brasileira descen-
dente de inglês. Aos dez anos de 
idade, foi para a Inglaterra, estu-
dar em uma escola pública onde 
aprendeu a jogar futebol, rugby 
e críquete (MILLS, 2005).
Figura 2.1 – Charles William Miller 
em 1893
Fonte: CC BY 1.0/Wikimedia.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 32 –
Em 1894, o jovem inglês (figura 2.1), retorna e desembarca no Porto 
de Santos, trazendo em meio as suas bagagens duas bolas, uma bomba para 
enchê-las, uniformes, apitos e um livro de regras de futebol (AQUINO, 
2002). Desde então o esporte foi ganhando força e muita popularidade nas 
terras brasileiras.
Em 14 de abril de 1895, ocorre o primeiro jogo de futebol no Brasil, 
em Várzea do Carmo-SP, entre duas equipes de ingleses radicados na capital 
paulista, a qual consagrou a vitória para o São Paulo Railway, time de Char-
les Miller, por 4 x 2, em cima da Companhia de Gás (RODRIGUES, 2004).
Em sua carreira como jogador em terras brasileiras, Charles Miller 
recebe destaque no Campeonato Paulista de Futebol, sendo tetracampeão 
com o São Paulo Athletic nos anos de 1902, 1903, 1904 e 1911, e nos 
anos de 1902 e 1904, foi o artilheiro da competição, com dez e nove gols, 
respectivamente (MILLS, 2005).
Não somente o Brasil, mas o mundo, estava agraciado com o futebol 
e, a cada ano, a modalidade foi se especificando e modernizando. Devido 
a sua popularidade, em 21 de maio de 1904 foi criada a Fédération Inter-
nationale de Football Association (FIFA), em Paris (França). Os países 
fundadores foram França, Espanha, Bélgica, Suíça, Holanda, Dinamarca 
e Suécia (RODRIGUES, 2004).
O futebol não demorou a contagiar todas as classes sociais brasilei-
ras. Foi iniciada a prática pelos brancos inseridos em clubes aristocratas 
dentro das grandes cidades modernizadas, mas logo passou a se populari-
zar entre os negros e mulatos, que se organizavam como podiam em times 
para se enfrentarem, até mesmo os que chegavam à cidade de Santos por 
embarcações estrangeiras:
Enquanto os ricos e brancos jogavam nos clubes elegantes, com equi-
pamentos esportivos sofisticados e caros, os negros e pobres joga-
vam entre si, com material esportivo velho e improvisado. Porém, a 
agilidade dos menos favorecidos despertava o interesse das equipes 
populares recém-formadas, que buscavam alternativas criativas para 
remunerar esses jogadores, uma vez que tal prática era malvista pela 
elite que apregoava o amadorismo ( OLIVEIRA, 2012).
Em 14 de Abril de 1912, foi fundado o Santos Futebol Clube, em San-
tos-SP, por um grupo de esportistas, no salão do clube Concórdia. Nomes 
– 33 –
História e evolução do futebol e futsal
como África Futebol Clube, Associação Esportiva Brasil e Concórdia Fute-
bol Clube foram cogitados pelos membros da reunião, porém o nome esco-
lhido acabou sendo o Santos Futebol Clube (RODRIGUES, 2004).
Figura 2.2 – Equipe do Santos Futebol Clube em 1913
Fonte: Laire José Giraud/Santos Futebol Clube/Wikimedia.
O Santos Futebol Clube ficou famoso por ter revelado o jogador Edson 
Arantes do Nascimento (Pelé), o qual foi nomeado pela FIFA o melhor 
jogador do século e o maior artilheiro da seleção brasileira e do clube. 
Em anos anteriores à criação do Santos Futebol Clube, já haviam fundado 
alguns outros clubes de futebol, como demonstra na tabela 2.2 a seguir:
Tabela 2.2 – data da criação dos clubes brasileiros antecedentes a 1912
Nome do clube Data de criação Cidade-UF
Clube de Regatas Vasco da Gama 21/08/1898 Rio de Janeiro-RJ
Sport Club Rio Grande 19/07/1900 Rio Grande do Sul-RS
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 34 –
Nome do clube Data de criação Cidade-UF
Clube Náutico Capibaribe 07/04/1901 Recife-PE
Fluminense Football Club 21/07/1902 Rio de Janeiro-RJ
Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense 15/09/1903 Porte Alegre-RS
Bangu Atlético Clube 07/04/1904 Rio de Janeiro-RJ
Sport Club do Recife 13/05/1905 Recife-PE
Sport Club Internacional 04/04/1909 Porto Alegre-RS
Coritibano Foot-Ball Club 12/10/1909 Curitiba-PR
Sport Club Corinthians Paulista 01/09/1910 São Paulo -SP
Guarani Futebol Clube 02/04/1911 Campinas-SP
Fonte: Rodrigues (2004).
Em 30 de junho de 1953, morre Charles William Miller, considerado 
o pai do futebol brasileiro, em São Paulo - SP, aos 79 anos de idade. O 
jogador foi o primeiro artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol no 
ano de 1902 (RODRIGUES, 2004).
A possibilidade de mulheres como jogadoras de futebol não agradou 
aos olhos da população, principalmente às famílias conservadoras. Por esse 
motivo, a prática do futebol por mulheres foi proibida em seu decreto de Lei 
n. 3.199, de 14 de abril de 1941, em seu art. 54 que dizia: “Às mulheres não 
se permitiráa prática de desportos incompatíveis com as condições de sua 
natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar 
as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. Não suficiente, o 
Conselho Nacional Desportos regulamentou instruções proibindo as mulhe-
res de praticarem esportes, por meio da Deliberação n.º 7 de 1965, em que 
diz: “Não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, fute-
bol, futebol de salão, futebol de praia, polo, halterofilismo e beisebol”.
Pouco tempo atrás, mulheres praticantes de algum esporte se depa-
ravam constantemente com a frase de Dunning, dizendo que o esporte 
é “tradicionalmente uma das mais importantes áreas reservadas masculi-
nas” (DUNNING, 1992, p. 390), ainda mais quando o esporte em questão 
é considerado socialmente masculinizado, como o futsal e o futebol (SIL-
VEIRA; STIGGER, 2013).
– 35 –
História e evolução do futebol e futsal
As mulheres brasileiras, para chegar ao campo de futebol, dependiam 
das iniciativas e subversão isoladamente. Até que no ano de 1979, o fute-
bol para as mulheres deixou de ser proibido, o que possibilitou a criação 
dos primeiros campeonatos às damas (REIS; ARRUDA, 2011).
Desde então, o futebol feminino foi se modificando e se profissiona-
lizando nas questões técnicas e táticas, até que, nas Olimpíadas de Atlanta 
em 1996, o Brasil conquistou o seu mais valoroso quarto lugar, mostrando 
o quanto as mulheres poderiam surpreender o país.
Trataremos de forma mais aprofundada sobre as mulheres em campo, 
nos capítulos adiante, pois tal assunto é de extrema importância por carregar 
fatos históricos fortes em que descrevem as mulheres atualmente, e o deta-
lhamento do assunto torna-se uma peça fundamental para os profissionais 
lidarem com tal modalidade dita “masculinizada” para o público feminino.
2.2 Copa do Mundo e os jogadores
Em se tratando das competições que a FIFA organiza, a Copa do Mundo 
é o maior evento internacional de uma única modalidade, a qual é disputada 
por seleções masculinas a cada quatro anos, sendo a última edição, em 2018, 
na Rússia, com os franceses como os campeões. A última Copa do Mundo 
que o Brasil sediou foi em 2014, uma vez que a primeira foi em 1950.
Em complemento do presente tópico, a tabela 2.3 apresenta os melho-
res jogadores do mundo em um período de 18 anos de história. Observa-
mos o destaque de quatro brasileiros: Ronaldo Luís Nazário de Lima, em 
2002, Ronaldo de Assis Moreira, em 2004 e 2005, Ricardo Izecson dos 
Santos Leite, em 2007, e a “Rainha” Marta Vieira da Silva em 2006, 2007, 
2008, 2009, 2010 e 2018.
Tabela 2.3 – Melhores jogadores(as) de futebol do mundo e seus países (2001-2018)
Ano Feminino Masculino
2001* Mia Hamm (EUA) Luís Figo (Portugal)
2002 Mia Hamm (EUA) Ronaldo (Brasil)
2003 Birgit Prinz (Alemanha) Zinedine Zidane (França)
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 36 –
Ano Feminino Masculino
2004 Birgit Prinz (Alemanha) Ronaldinho (Brasil)
2005 Birgit Prinz (Alemanha) Ronaldinho (Brasil)
2006 Marta (Brasil) Fabio Cannavaro (Itália)
2007 Marta (Brasil) Kaká (Brasil)
2008 Marta (Brasil) Cristiano Ronaldo (Portugal)
2009-2010 Marta (Brasil) Lionel Messi (Argentina)
2011 Homare Sawa (Japão) Lionel Messi (Argentina)
2012 Abby Wambach (EUA) Lionel Messi (Argentina)
2013 Nadine Angerer (Alemanha) Cristiano Ronaldo (Portugal)
2014 Nadine Kebler (Alemanha) Cristiano Ronaldo (Portugal)
2015 Carli Lloyd (EUA) Lionel Messi (Argentina)
2016** Carli Lloyd (EUA) Cristiano Ronaldo (Portugal)
2017 Lieke Martens (Holanda) Cristiano Ronaldo (Portugal)
2018 Marta (Brasil) Luka Modric (Croácia)
* Foi o primeiro ano que a FIFA premiou uma mulher, como melhor jogadora. Vale salientar 
que na América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México), o futebol é visto como um jogo 
para mulheres.
**A partir de 2016 a premiação foi denominada de The Best FIFA Football Awards.
Fonte: elaborada pela autora.
A tabela 2.3 representa o quanto o futebol tem história e influência no 
mundo, pois trata de grandes atletas da modalidade. Além disso, o Brasil 
é o único país, até o momento, com cinco títulos mundiais (FIFA, 2019), 
tendo reconhecidamente jogadores no cenário de melhores do mundo, 
entre eles a jogadora Marta, que sozinha obteve 33,33% dos títulos entre 
as mulheres.
Ganham destaque também os jogadores Cristiano Ronaldo dos 
Santos Aveiro (Portugal) e Lionel Andrés Messi Cuccittini (Argen-
tina), os quais juntos obtiveram 10 títulos mundiais no período de 2008 
a 2017.
– 37 –
História e evolução do futebol e futsal
2.3 História do futsal
A origem do futsal foi um pouco diferente da do futebol, tanta que 
levanta grande polêmica. O que se sabe é que, por volta do ano de 1930, o 
Uruguai foi o país que redigiu as primeiras regras e condutas, mais especi-
ficamente a Associação Cristã de Moços de Montevidéu (ACM). Ao Bra-
sil, coube a responsabilidade do seu desenvolvimento e organização como 
modalidade esportiva (VOSER; GIUSTI, 2002, p.41).
Alguns documentos comprovando a paternidade do futsal dada ao 
Uruguai são de fato existentes, dando assim o direito de serem os precur-
sores da modalidade, diferente do Brasil (ESTIGARRIBIA, 2005).
Não sendo o foco do presente, porém, apresentar o real precursor da 
modalidade, a seguir serão apresentados os fatos marcantes da história do 
futsal e seus principais jogadores.
O futebol se popularizou de forma descontrolada, faltando até mesmo 
campos de várzeas para sediarem pequenos jogos, fazendo com que fal-
tassem espaços suficientes para todos jogarem. Segundo Voser (1998), os 
praticantes do futebol se obrigaram a adaptar-se a jogar em espaços meno-
res e, consequentemente, reduzir a quantidade de números de jogadores, 
criando, assim, novas regras específicas para as novas dimensões surgidas.
Por volta de 1933, o futebol de salão surgiu pela mistura do futebol 
de campo, basquetebol, handebol e polo aquático (VOSER, 1998). Por 
exemplo, nota-se a similaridade do basquetebol com o futebol de salão, 
pois ambas as modalidades são enfrentadas de forma coletiva, tendo o 
mesmo número de jogares em quadra, ocorrendo contato físico e os siste-
mas táticos muito próximos (VOSER, 1998).
Na década de 1950, ocorreram os primeiros momentos dos proces-
sos de institucionalização do esporte, juntamente com o surgimento da 
primeira federação: Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de 
Janeiro (VOSER, 1998).
No ano de 1955, o futebol de salão encontrou o Paraná por meio do 
radialista Milton Camargo Amorim, que, ao se deparar com a modalidade 
no Rio de Janeiro, teve a ideia de trazer às terras paranaenses. Desde então, 
houve uma grande aceitação, da mais nova modalidade, pelo público 
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 38 –
 paranaense. Em 10 de fevereiro de 1956, foi criada a federação do estado 
que teve os seguintes clubes fundadores: Água Verde, Alvorada, América 
do Sul, Atlético Irapuan, Atlético Paranaense, Atlético Paranaense Júnior, 
Bandeirantes, Coritiba F. Clube, Fiorentina, Gaviões Solitários, Jacare-
zinho, Palestra Itália, Pinguim, Senadinho, Senff e Terwal (FPFS, 2019).
A partir da década de 1980, criaram-se os primeiros campeonatos em 
nível americano e mundial, tendo os brasileiros como os campeões (1982, 
1985, 1989). No ano de 1990, ocorreu a maior mudança da modalidade: 
a fusão do Futebol de Cinco (FIFA) com o Futebol de Salão (FIFUSA – 
Federação Internacional de Futebol de Salão), a qual originou o Futsal. As 
regras foram alteradas nos anos seguintes (VOSER, 1998).
Atualmente, o futsal é a modalidade mais praticada no Brasil 
(VOSER, 2002; CAMARGO; HIROTA; VERARDI, 2008; DIAS et al., 
2007), e atraindo cada vez mais praticantes (RIBEIRO et al., 2003).
E assim se originou o futsal, uma modalidade com um valor imensu-
rável na educação física escolar (ZAREMBA; NAVARRO, 2016), a qual 
se adaptou em um pequeno espaço e vem se reinventando para possibilitar 
maior acessibilidade a crianças e jovens em diversas regiões do Brasil.A tabela 2.4 a seguir apresenta dados interessantes dos jogadores de 
alto rendimento da modalidade de futsal, trazendo os ganhadores do título 
de melhores jogadores do mundo da modalidade. Entre os melhores do 
mundo se destacam três brasileiros: Vanessa, melhor do mundo em 2010, 
2011 e 2012; Falcão, melhor do mundo em 2004, 2006, 2011 e 2012; e 
Amandinha, melhor do mundo em 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
Tabela 2.4 – Melhores jogadores (as) de futsal do mundo e seus países (2001-2018)
Ano Feminino Masculino
2001 - Manoel Tobias (Brasil)
2002 - Manoel Tobias (Brasil)
2003 - Foglia (Itália-Brasil)*
2004 - Falcão (Brasil)
2005 - Javi Rodriguez (Espanha)
2006 - Falcão (Brasil)
– 39 –
História e evolução do futebol e futsal
Ano Feminino Masculino
2007 Eva Manguan (Espanha) Shayakhmetov (Rússia)
2008 Cilene (Brasil) Flávio Sergio Shumacher (Brasil)
2009 Alina Gorobets (Ucrânia) Kike (Espanha)
2010 Vanessa (Brasil) Ricardinho (Portugal)
2011 Vanessa (Brasil) Falcão (Brasil)
2012 Vanessa (Brasil) Falcão (Brasil)
2013 Lu Minuzzo (Brasil) Sergio Lozano (Espanha)
2014 - 2018 Amandinha (Brasil) Ricardinho (Portugal)
*brasileiro naturalizado italiano
Fonte: elaborada pela autora.
É quase impossível não notar os jogadores brasileiros nas classifica-
ções na tabela 2.4. Essa presença vem sendo marcada, por muito tempo, 
no quadro dos melhores do mundo, seja no feminino ou no masculino. O 
Brasil tem uma grande responsabilidade de manter essa tradição com os 
pés, intitulado como “o país do futebol”, consequentemente sendo o autor-
responsável pelo desenvolvimento do futsal.
Segundo Santana (2019), o futsal é o maior legado para o futebol, 
pois exige capacidade de raciocínio rápido, dribles em espaços menores, 
experiências em competições antecipadamente, formação tática apurada. 
Entre tantos outros legados que o futsal pode deixar para o futebol, o prin-
cipal, segundo o mesmo autor, é o “jogo associativo, de combinações”, o 
qual exige um avanço intuitivo na tática individual.
2.4 Futebol e futsal como 
fenômenos social e cultural
A intervenção do Estado sobre o esporte, dentro de um cenário social, 
cultural e histórico no país, se fundamenta, também, no esporte de alto 
rendimento, o qual tem o intuito de alcançar resultados e quebras de recor-
des. Sobretudo, a importância dada ao futebol na organização política e 
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 40 –
 sistêmica do esporte brasileiro é de fundamental importância social, cultu-
ral e econômica do país, como pode perceber na Lei Zico (8.672/1993) – 
revogada pela Lei Pelé de Nº 9.615, de 24 de março de 1998), a qual dispõe 
sobre princípios e manifestações esportivas por meio do Sistema Brasileiro 
do Desporto e também fundamenta a justiça desportiva. A prática espor-
tiva formal é organizada por normas internacionais e nacionais e a prática 
informal tem como fundamentação a liberdade lúdica de seus praticantes.
Programas como o Bolsa-Atleta e o Bolsa Pódio são auxílios finan-
ceiros concedidos aos atletas e têm como finalidade o desenvolvimento 
social, sendo o esporte, instrumento indispensável.
Segundo entidades como o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), 
o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Comitê Brasileiro de Clubes 
(CBC), a Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), a Confe-
deração Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), entre outras enti-
dades que regem e regulamentam os esportes brasileiros, hoje o esporte é 
“a política pública que mais contribui para retirar da rua crianças e jovens 
em situação de vulnerabilidade social, impactando significativamente na 
redução das desigualdades sociais. Estudos da ONU comprovam a impor-
tância do esporte como fator de desenvolvimento humano e da busca 
pela paz, reduzindo diretamente os gastos das áreas de saúde e segurança 
pública, além de muitos outros de forma indireta [...]”. Com esse argu-
mento é visto o quão importante é o esporte no envolvimento de políticas 
públicas sociais, tendo o futebol e o futsal como as modalidades difundi-
das na cultura brasileira.
2.5 Motivos que levam à prática 
do futebol e futsal
O conhecimento da motivação que leva crianças e jovens a praticar 
algum tipo de esporte é um dos principais temas que vêm chamando a 
atenção de pesquisadores e profissionais da área (GUEDES; SILVÉRIO 
NETTO, 2013). Devido a isso, identificar os motivos que levam as crian-
ças e os jovens a iniciarem, permanecerem, ou até mesmo, abandonarem 
a prática do esporte é relevante (GUEDES; SILVÉRIO NETTO, 2013).
– 41 –
História e evolução do futebol e futsal
Com o intuito de elencar os principais motivos que levam crianças e 
adolescentes a praticarem futsal e/ou futebol, foi realizada uma busca de 
artigos científicos da literatura que tratassem desse tema e utilizassem o 
Inventário de Motivação para a Prática Desportiva (IMPD), adaptado por 
Gaya e Cardoso (1998), como forma de mensurar a amostra. A busca ocor-
reu na Revista Brasileira de Futsal e Futebol (RBFF), a qual está indexada 
na base de dados Web of Science e é referência internacional sobre o futsal 
e o futebol (BARREIRA, et al., 2018).
O Inventário de Motivação para a Prática Desportiva é o instrumento 
específico mais utilizado na literatura referente à avaliação dos motivos 
que levam os indivíduos à pratica esportiva. Contém em sua estrutura 19 
itens agrupados em três dimensões gerais, sendo elas:
 2 competência esportiva
Para vencer; para ser o melhor no esporte; porque gosto; para 
competir; para ser um atleta; para desenvolver habilidades; para 
aprender novos esportes; para s,er jogador quando crescer.
 2 saúde
Para exercitar-se; para manter a saúde; para desenvolver a mus-
culatura; para ter bom aspecto; para manter o corpo em forma; 
para emagrecer.
 2 amizade/lazer
Para brincar; para encontrar os amigos; para me divertir; para 
fazer novos amigos; para não ficar em casa.
A escala de resposta consiste em níveis de importâncias, sendo 1 para 
“nada importante, 2 para “pouco importante” e 3 para “muito importante” 
(GAYA; CARDOSO, 1998). Vale salientar que a consistência interna de 
cada dimensão, calculado pelo Alpha de Cronbach, obteve como valores 
0,611 para Competência Esportiva; 0,641 para Saúde e 0,643 para Ami-
zade/Lazer (GAYA; CARDOSO, 1998).
Na busca realizada, como mencionado acima, retornaram quatro arti-
gos que tratavam dos motivos que levam indivíduos a praticarem esportes. 
No caso do presente, os esportes selecionados foram o futsal e o futebol.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 42 –
Quadro 2.1 – Variáveis dos artigos científicos retornados da busca na RBFF
Autor 
(ano) Título Objetivo
Amostra 
(N)
Idade da 
amostra
Resultados 
das 
dimensões 
gerais 
(média) 
Voser 
et al. 
(2016)*
Fatores moti-
vacionais para 
a prática da ini-
ciação ao futsal
Identificar os 
motivos para a 
prática da ini-
ciação ao futsal
53 
meninos;
35 
meninas.
7 a 17 
anos de 
idade
CE (2,7);
S (2,6);
AL (2,2).
Sena 
et al. 
(2017)*
Fatores moti-
vacionais que 
influenciam na 
prática do futsal: 
um estudo em 
uma escolinha 
na cidade de 
Porto Alegre
Verificar a prin-
cipal motivação 
para a prática do 
futsal em uma 
escola da cidade 
de Porto Alegre
100 
meninos
6 a 13 
anos de 
idade
CE (2,6);
S (2,6);
AL (2,5).
Alves 
(2015)*
Fatores motiva-
cionais para a 
prática de futsal 
em adolescen-
tes entre 11 
e 17 anos
Investigar os 
fatores motiva-
cionais para a 
prática do futsal 
em escolares
140 
meninos
11 a 17 
anos de 
idade
CE (2,3);
S (2,4);
AL (2,1).
Diehl e 
Souza 
(2018)
Os fatores 
motivacionais 
no futsal: estudo 
realizado com 
crianças de um 
projeto social de 
futsal no municí-
pio de Lindolfo 
Collor-RS
Analisar os 
fatores motiva-
cionais que levam 
as crianças a 
praticar o futsal 
em um projeto 
social no muni-
cípio de Lindolfo 
Collor-RS
16 
meninos
10 
anos
CE (2,7);
S (2,8);
AL (2,7).
CE: Competência Esportiva
S: Saúde
AL: Amizade/Lazer
*: Não houve diferença significativa entreas dimensões gerais do instrumento IMPD.
Fonte: elaborado pela autora.
– 43 –
História e evolução do futebol e futsal
Nota-se que não retornaram estudos sobre amostras de jogadores de 
futebol. Pode-se justificar pelo fato de que a busca restringiu-se apenas à 
Revista Brasileira de Futsal e Futebol na qual não obteve estudos que utili-
zaram o IMPD como forma de mensurar a motivação de atletas de futebol.
Conforme a variável nomeada de objetivo descrito no quadro 2.1, 
quando o assunto é identificar, verificar, investigar e analisar os jogadores 
de futsal entre seis e dezessete anos de idade, os fatores motivacionais 
predominaram. Os estudos de Voser et al. (2016), Sena et al. (2017) e 
Alves (2015), entretanto, relatam que não houve diferenças significativas 
na inter-relação das dimensões gerais do instrumento IMPD. No estudo de 
Diehl e Souza (2018), os escores foram bem próximos (2,7-2,8-2,7), ou 
seja, a Competência Esportiva, a Saúde e a Amizade/Lazer são variáveis 
que estão no mesmo nível de preferência entre as amostras estudadas. Nas 
quadras de treinos, os profissionais devem ser capazes de identificar essas 
variáveis em seus atletas e equipes.
Um dos maiores objetivos “do educar através do esporte” é preparar o 
indivíduo para a vida e não somente conquistar medalhas e títulos, oportu-
nizando um desenvolvimento na “cooperação, perseverança, socialização, 
respeito e demais atitudes positivas que contribuirão para a convivência 
em sociedade” (VANCINI et al., 2015).
O esporte é um fenômeno sociocultural com diferentes tipos de mani-
festações. Entre elas existe a pedagogia do esporte, na qual ocorre uma 
ramificação de dois importantes princípios integrados: o princípio técni-
co-tático e o princípio socioeducativo (VANCINI et al., 2015). O primeiro 
se refere ao trabalho dos aspectos físicos, técnicos e táticos do treinamento 
esportivo, já o segundo são os valores e modos de comportamento, tendo o 
esporte como um contribuinte na educação do aluno/atleta.
As principais características comuns entre o treinamento do futebol e 
do futsal são a forma de disputar (jogo), com ações motoras imprevisíveis, 
a cooperação mútua, tomadas de decisões rápidas e uma soma de várias 
inteligências (corporal-cinestésica, verbal-linguística, lógico-matemática, 
espacial, musical, naturalista, interpessoal e intrapessoal) (VANCINI et 
al., 2015). Pode-se salientar que as características comuns mencionadas 
são a base da maioria dos esportes coletivos.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 44 –
As manifestações e os objetivos dos fenômenos no futsal e no futebol 
podem ser inseridas e adaptadas em três contextos: a do esporte educacio-
nal, esporte participação e esporte de rendimento:
Esporte educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas 
assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hiper-
competitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar 
o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o 
exercício da cidadania e a prática do lazer;
Esporte de participação, de modo voluntário, compreendendo 
as modalidades esportivas praticadas com a finalidade de con-
tribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida 
social, na promoção da saúde e educação e na preservação do 
meio ambiente;
Esporte de rendimento, praticado segundo normas gerais desta 
Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, 
com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comuni-
dades do País e estas com as de outras nações (VANCINI et al., 
2015, p. 141).
Dentre os vários papéis fundamentais do esporte, em especial das 
modalidades do futsal e do futebol, o papel redigido pelo treinador é de 
suma importância para o desenvolvimento do atleta e da equipe.
2.6 O Técnico e a equipe
O técnico, além de ser o líder e responsável pela condução da sua 
equipe, incorpora o papel de espelho e grande exemplo para seus atletas. 
Em alguns casos, os atletas se espelham mais nos técnicos do que nos seus 
próprios pais. Tal gesto enfatiza que o técnico não é apenas o responsável 
pela técnica da equipe e sim o responsável, também, por educar e formar 
mentes com opiniões.
O profissional deve estar atento. O treinamento esportivo para crian-
ças e jovens não basta apenas falar o que o atleta deve fazer entre quatro 
linhas, é preciso demonstrar por meio de atitudes, comportamentos e pro-
cedimentos o que se deve fazer. A dosagem dos estímulos a serem trans-
mitidos aos atletas, também, é necessária para um bom aproveitamento do 
rendimento de cada atleta.
– 45 –
História e evolução do futebol e futsal
Segundo Santos Filho (2002), a função do técnico de futebol, e 
também de futsal, é de orientar e formar bem os seus atletas. Dessa 
forma, o mesmo autor descreve cinco tipos de condutas que são impor-
tantes para que o técnico desenvolva no decorrer da sua jornada como 
responsável e exemplo:
 2 pontualidade – só pode ser exigida quando se pratica. A serie-
dade na pontualidade em diversas ocasiões gera o primeiro passo 
ao profissionalismo.
 2 disciplina – a disciplina incentiva um ambiente respeitoso, no 
qual a hierarquia deve ser respeitada, independentemente do 
nível de amizade e de parceria entre os membros do grupo.
 2 relacionamento – o técnico deve ser o mediador entre seus atle-
tas e os membros do grupo, além de ficar atento às observações, 
aos comentários e às sugestões.
 2 metas definidas – as metas devem sempre despertar o espírito 
competitivo, para fazer com que o treinamento seja empolgante 
e que não caia na rotina, ou na monotonia, evitando uma pos-
sível interrupção prejudicial à equipe. Dessa maneira, as metas 
preestabelecidas devem fazer com que os atletas tomem deci-
sões e procurem soluções para os problemas.
 2 responsabilidade – não bastando, o técnico deve desenvolver a 
autorresponsabilidade de seus atletas e membros do grupo diante 
de atitudes, comportamentos e posicionamento inadequados que 
possam prejudicar o bom andamento da equipe, tratando a todos 
com igualdade sem cometer injustiças.
Atividades
1. Quem foi nomeado como o pai do futebol? O que ele trouxe na 
mala para iniciar a prática do futebol em terras brasileiras?
2. Quem são os jogadores brasileiros e suas principais conquistas 
no futebol e no futsal na história do Brasil?
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 46 –
3. Conforme o presente capítulo, descreva os principais motivos 
que levam à prática do futsal e seus itens descritos no Inventário 
de Motivação para a Prática Desportiva (IMPD).
4. Quais são os cinco tipos de condutas que um bom profissional 
de Educação Física precisa ter para conduzir sua equipe e seus 
atletas/alunos?
3
Fundamentos do futsal 
e do futebol de campo
De antemão, antes de iniciar o capítulo propriamente dito, 
é de suma importância esclarecer que o profissional de educação 
física será tratado aqui como técnico/professor, pois além de um 
formador técnico esportivo, obtém a responsabilidade de um 
formador educativo. Em continuidade, Jones (2006) afirma que, 
para um técnico/professor de formação ser considerado excelente, 
deverá apresentar minimamente as seguintes características: 
conhecimento do jogo, metas a serem alcançadas, capacidade de 
planejamento, inteligência, liderança, ser comunicativo, motivar 
seus atletas, desenvolver a sensibilidade, ser disciplinado, 
respeitoso e ter autocontrole. Ainda, deve estar atento às 
constantes inovações de diversas áreas, inclusive a tecnológica.
Em capítulos anteriores, os alunos tiveram uma breve expla-
nação sobre treinamento geral, treinamento específico e princípios 
do treinamento. Na sequência, receberam um aprofundamento 
sobre a história do futsal e do futebol de campo no Brasil, jun-
tamente com os fenômenos sociais, culturais e econômicos que 
estruturam o corpo das modalidades esportivas brasileiras.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 48 –
Diante disso, para a aprendizagem, é necessária a fragmentação do 
jogo,de forma que possibilite o conhecimento do todo. Ou seja, dividir o 
jogo em partes para que se possa treinar cada parte, reconhecer os pontos 
positivos e negativos dos atletas e da equipe e, com isso, criar interven-
ções com base nos objetivos.
Em uma linguagem pedagógica voltada ao esporte, pode-se conside-
rar que os elementos das técnicas individuais empregados durante o jogo 
de futebol de campo e do futsal dividem-se em dois grandes elementos: 
técnicas individuais para jogadores de linha e técnicas individuais para os 
goleiros (SOARES, 2006, p. 56). A seguir, separados por modalidades, 
serão descritos os fundamentos técnicos individuais, empregados constan-
temente em todos os treinos e nos jogos.
É importante que o profissional aprenda na teoria para que se crie 
bases para aplicá-la no dia a dia do treinamento em quadra ou campo. 
Devido a isso, o conhecimento dos métodos de treinamento para o futsal 
e futebol de campo é de praticabilidade. Canfield (1981, apud ESTIGAR-
RIBIA, 2005) afirma que “métodos de ensino sugerem formas organiza-
das e sistemáticas de, cientificamente, criar ambientes de aprendizagem 
que eficientemente conduzem a resultados favoráveis”. Os métodos mais 
conhecidos no ensino de esportes, como o futsal e o futebol de campo, 
assim como as vantagens e desvantagens em utilizá-los, serão descritos a 
seguir e ilustrados na figura 3.1:
 2 Método parcial – consiste em ensinar o jogo em partes, por 
meio do desenvolvimento dos fundamentos técnicos isolados, 
para que depois possa juntá-los entre si e partir para o todo, para 
o jogo propriamente dito.
 2 Método global – consiste em ensinar o seu conjunto no todo, de 
forma mais simples, progredindo conforme a aprendizagem da 
equipe e, se preciso, alterando as regras. Em outras palavras, é 
“deixar jogar”. Segundo Santana (2005), é o método mais indi-
cado para crianças de sete a oito anos de idade.
 2 Método misto – consiste na junção do método parcial com o 
método global. Possibilita exercícios isolados dentro de um 
todo, no caso, o jogo de futsal ou de futebol de campo.
– 49 –
Fundamentos do futsal e do futebol de campo
Figura 3.1 – Métodos de treinamento no futsal e no futebol de campo
Método Parcial
Vantagens
 2 Possibilita o treino motor correto 
e profundo de todos os elementos 
da técnica do jogo;
 2 Possibilita ao profissional aplicar correções imediatas à realização 
de um gesto técnico errado por parte do aluno;
 2 O método permite ao profissional trabalhar dentro dos estágios de 
aprendizagem, individualizando o ensino das habilidades, respeitando, 
dessa forma, o ritmo de aprendizagem de cada aluno.
Desvantagens
 2 Não possibilita o jogo por imediato, ocasionando a sua desmotivação;
 2 Cria-se um ambiente em que não há criatividade por parte dos alunos;
 2 Pode proporcionar um ambiente monótono e pouco atraente.
Método Global
Vantagens
 2 Possibilita que, desde cedo, o 
aprendiz comece a praticar o jogo;
 2 A técnica e a tática estão sempre 
juntas;
 2 Permite a participação de todos os elementos envolvidos, como o 
movimento, a reação, percepção, ritmo e outros.
Desvantagens
 2 O aluno demora a ver seu progresso técnico;
 2 Não proporciona uma avaliação eficaz sobre o desempenho do 
aluno;
 2 Não permite o atendimento das limitações individuais,
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 50 –
Método Misto
Vantagens
 2 Todas as vantagens anteriores podem 
serem aplicadas nesse método;
Desvantagens
 2 O profissional tem mais difi culdade 
de acompanhar o desenvolvimento 
individual do aluno.
Fonte: adaptada de Zaremba (2010) com elementos de Shutterstock.com/SeventyFour/
matimix/Monkey Business Images.
Além do conhecimento dos métodos mais utilizados no treinamento 
do futsal e do futebol de campo, ser técnico/professor de uma equipe com-
petitiva por meio de uma formação acadêmica exige, atualmente, a com-
petência de duas áreas essenciais: “1) o conhecimento do futsal geral (na 
parte técnica, tática e física) e 2) o conhecimento empírico da criança e 
do adolescente, no seu aspecto motor, cognitivo e principalmente afetivo” 
(ALVES et al., 2017, p. 393).
Nesse contexto, o objetivo do presente capítulo é reunir os principais 
conhecimentos da temática proposta, para que o aluno seja capaz de dife-
renciar as semelhanças e as dessemelhanças dos fundamentos do futebol 
de campo e do futsal, assim como as dimensões do local de jogo.
3.1 Fundamentos do futsal
3.1.1 Passe
É a ação coletiva, altamente técnica, que tem como objetivo projetar a 
bola para algum determinado companheiro e/ou espaço da quadra. Por meio 
desse fundamento, inicia-se o jogo e é concedida a sequência nas jogadas, 
considerado o meio de comunicação entre os jogadores. O passe sem precisão 
poderá acarretar inúmeros prejuízos para a equipe, tornando-se um importante 
fundamento a ser trabalhado, desde o primeiro contato com a modalidade.
– 51 –
Fundamentos do futsal e do futebol de campo
Para realizar um bom passe é preciso: manter o equilíbrio do corpo 
para executar o movimento; a cabeça deve permanecer reta, com o olhar 
projetado para o fim da trajetória da bola; usar a força necessária para 
aquele objetivo; precisão no toque e o pé de apoio (o que não irá encos-
tar na bola no momento em que fizer o toque) deve estar paralelo e 
próximo à bola.
Figura 3.2 – Fundamento do passe
Fonte: Shutterstock.com/IfH
O passe é classificado das seguintes formas:
 2 em relação à distância
 2 curto (até quatro metros de distância);
 2 médio (de quatro a dez metros de distância);
 2 longo (mais de dez metros de distância).
 2 em relação à trajetória da bola (figura 3.3)
 2 rasteiro (1);
 2 parabólico (2);
 2 meia altura (3).
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 52 –
Figura 3.3 – Os tipos de trajetória da bola
(2)
(1)
(3)
Fonte: elaborada pelo autor.
 2 em relação ao espaço de jogo (figura 3.4)
Figura 3.4 – Os passes em relação ao espaço do jogo
Fonte: elaborada pela autora com elementos de Shutterstock.com/Nerthuz
 2 passe paralelo (1);
 2 passe diagonal (2);
 2 passe lateral (3).
 2 em relação à execução do passe
 2 parte interna do pé (1);
 2 parte anterior do pé (2);
 2 dorso e solado do pé (3);
– 53 –
Fundamentos do futsal e do futebol de campo
 2 parte externa do pé (4);
 2 passe de peito (5).
 2 em relação aos passes de alta complexidade
 2 passe de coxa;
 2 passe de cabeça;
 2 passe de calcanhar.
3.1.2 Domínio ou recepção
É a ação de interromper o percurso da bola, provindo de um passe 
ou arremesso, para seu controle. Pode ser realizada por diversas partes 
do corpo, exceto braços e mãos. Para obter as características reais de um 
jogador de futsal, é de fundamental importância a capacidade de controle 
dessa habilidade, dando continuidade para diversas jogadas.
 2 Em relação à trajetória:
 2 rasteira;
 2 parabólica;
 2 meia altura.
Figura 3.5 – Do passe ao domínio
Passe Trajetória Domínio
(2)
(1)
(3)
Fonte: elaborada pela autora.
Teoria e Fundamentos do Futebol e Futsal
– 54 –
 2 Em relação à execução:
 2 cabeça;
 2 sola;
 2 peito;
 2 coxa.
Há também a ação realizada pela parte interna e externa do pé.
Vale salientar que o domínio realizado pela sola do pé é o mais uti-
lizado e o mais seguro, pelo fato dos passes, em sua grande parte, serem 
realizados de forma rasteira, forte e rápida. O domínio com a parte interna 
do pé pode ser classificado como o segundo mais utilizado, porém, não é 
tão seguro quanto o da sola do pé.
Quando a bola vem do alto, ou seja, quando a sua trajetória é para-
bólica, acima da linha do ombro ou meia altura, o domínio, normal-
mente, é feito pela coxa ou pelo peito. Na coxa, o nível de comple-
xidade é um pouco menor, se fosse realizado pelo peito. No entanto, 
ambos têm como característica o amortecimento do impacto da bola, 
facilitando seu domínio.
Muito pouco usado, o domínio feito pela cabeça necessita de um 
nível alto de amadurecimento do atleta, visto que perder o controle da 
bola nesse tipo de

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