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CCJ0003-WL-RA-Trabalho-02 Introdução ao Estudo do Direito _28-04-2012_

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Não se pode iniciar o estudo do Direito sem antes entender como ele está 
classificado, ou seja, como ele está dividido e subdividido. A começar com a principal 
divisão que se trata do Direito Natural e do Direito Positivo, e este último, por sua vez, 
pode ser subdividido em Direito Público e Direito Privado. Há de se ressaltar também 
as duas grandes dicotomias existentes nessas ramificações que se dá entre o Direito 
Natural e o Direito Positivo e entre o Direito Publico e o Direito Privado. 
 
Sobre o Direito Natural 
 
No curso da história, o Direito Natural apresentou-se por fases de grande 
apogeu e de significativas decadências. Há de se registrar também que em seu 
percurso mostrou inconstância de pensamento. Dessa forma, seu conceito fica 
condicionado a sua procedência e a suas bases teóricas. 
As primeiras referencias documentadas sobre ele datam do séc. III a.C., a 
Retórica de Aristóteles é a melhor indicação de como se pensava existir um direito 
natural. Naquela ele afirma: “ademais das leis "particulares" que cada povo tem que 
estabelecer para si próprio, há uma lei "comum" conforme a natureza”.1 
Entretanto, acredita-se que a ideia do Direito Natural é uma herança do 
pensamento estoico2, nesse o direito natural era indiferente à fonte (se natural ou 
divina) do Direito. Essa corrente adimitia a existência de uma ordem racional e 
propositada para o universo tratava-se de um direito eterno ou divino, e o modo como o 
indivíduo vivia com esta ordem era o direito natural, a qual induzia ações em 
consonância com a virtude. 
Ademais (sec. IV), sob forte influência de Santo Agostinho, o pensamento 
teologico passa a interpretar a lei natural como única expressao da vontade divina. No 
sec. XII esse augumento é invertido: os direitos natural e divino sào igualados. Mais 
tarde, com Tomás de Aquino, ele é restaurdo ao seu estado independente, ou seja, 
aproxima-se do direito eterno. 
 Mas a contemporaneidade deu ao Direito Natural características novas. A fonte 
da lei incide da vontade divina e a moral é afastada das suas decisões. Logo mais, por 
volta do séc.XVIII, Deus não estaria mais interessado nos assuntos humanos. E o 
Direito Natural começa a torna-se independente da teologia. 
 
1 Livro I: 1373b2-8 
2O estoicismo data do início do século III a.C.. Os estóicos preocupavam-se com a relação ativa entre o 
determinismo cósmico e a liberdade humana, e com a crença de que é virtuoso uma vontade que esteja de acordo 
com a natureza. 
Extrai-se dessas teorias que há uma convergência que implica na existência de 
um direito cujo conteúdo é estabelecido pela natureza das coisas, na proteçãoao 
homem e, em último tempo, na vontade divina. 
 Na atualidade, o Direito Natural se fundamenta na natureza humana, constituído 
por um conjunto de princípios ou regras que curam essencialmente do justo, originados 
da própria natureza social do homem, onde a experiência e a razão o revelam 
espontaneamente dando-lhe um caráter universal, eterno, imutável e cognoscível, (ou 
seja, é abrangente de todos os homens, em todos os tempos e lugares, é imutável em 
consequência da própria imutabilidade da natureza humana, e pode ser conhecido 
naturalmente por todos os homens). Trata-se de direito idealque não tem fontes, não 
tem começo nem fim, não escrito, não criado pela sociedade nem pelo Estado é 
metafísico, ésuprapositivo3. 
Os jusnaturalistas concentram-se na ideia de ser o Direito Natural um direito 
justopor natureza (procedido da natureza humana ou dos principios da razão)que vela 
pelos principios fundamentais de proteção ao homeme independe da pretenção do 
legislador, mas deve servir de modelo a ele.Essa seria, então, a fórmula para um 
ordenamento juridico justo. 
 
Sobre o Direito Positivo 
 
O conceito de positivismo surge no séc. XVII, em um momento em que os 
próprios naturalistas afastam a moral como um requisito nas decisões divina. Essa 
nova dimensão visualiza, através da racionalidade do homem, quehábens humanos 
básicos não morais. Auguste Conte, a partir dai, começa a dar relevante atenção à 
ciência como a real fonte do saber. Os fatos passam a ser estudados cientificamente a 
fim de explicar o que antes era explicado por Deus. Tem-se, então, que no domínio 
jurídico o direito positivo é definido como fato e esse passa por um processo de estudo 
cientifico o que lhe da um caráter de fundamentação baseado em dados reais. A 
metafisica é afastada e a Teoria do Direito Natural ganha um forte oponente. 
Esse entendimento dá ao positivismo ares de doutrina. Ordenamento Jurídico ou 
Sistema Jurídico é como é identificado o Direito Positivo que coloca a lei em um 
patamar superior as demais fontes do direito e coloca o direito em posição de 
 
3O Direito Natural por corresponder à natureza humana é um direito absoluto e universal, e portanto, superior ao 
direito positivo. 
 
[L1] Comentário: Atítulo explicativo 
poderiasair 
submissão ao Estado. O resultado dessa nova teoria interpreta o direito como lei criada 
pelo Estado e considerado sem lacunas. Essa é a única ordem jurídica considerada: o 
Estado comanda soberanamente (o juiz fica subordinado à legislação). Trata-se do 
direito estatal ou positivismo normativista. 
 Dessa forma o positivismo não reconhece senão o direito positivo, que esta 
ligado a um lugar e há um tempo, isto é, posto historicamente pelo Homem, mas 
institucionalizado pelo Estado. 
 
Sobre o Normativismo Positivo 
 
Analisando o conturbado momento histórico em que se deu a teoria de Hans 
Kelsen (inicio do séc. XX), entende-se que sua teoria pura nasce como uma espécie de 
crítica das concepções dominantes da época, ou seja, é fruto de um mundo em que as 
ideologias totalitárias (nazistas e fascistas) conviviam com um liberalismo democrático 
em sua fase conservadora. Kelsen, então, entende que a neutralidade em face de todo 
e qualquer conteúdo político, religioso, ético, moral deve prevalecer. Por isso, o direito 
deveria ser absolutamente neutro diante de qualquer outro conteúdo sociológico e 
axiológico das normas jurídicas, dessa forma cada governo poderia legitimar o seu 
poder. 
Tratava-se do principio da pureza, segundo o qual o método e o objeto do Direito 
deveriam ter enfoque normativo, livre de qualquer fato social ou outro valor 
transcendente. Assim ele alcançaria a objetividade e a exatidão, elementos que dariam 
aodireito um caráter de cientificidade, caráter esse outrora não alcançado. Da mesma 
forma, garantiria a autonomia para a disciplina jurídica. Surge dai a Teoria Cientifica do 
Direito - baseado no monismo. 
Kelsen defende a ideia de que o objeto da ciência do Direito é constituído pelas 
normas jurídicas e seu conteúdo pela conduta humana,que é regulada por essas 
normas. Onde o conteúdo das normas deve permanecer intocado, sua eficácia não 
deve ser investigada e não cabe à ciência jurídica dizer se a norma é ou não justa, se 
é ou não obedecida, mas sim se é valida formalmente. O ordenamento jurídico positivo 
seria, então, o conjunto de normas validas. 
Dessa forma, o Direito não se resume à norma jurídica como afirmava Kelsen, 
que para ele o direito deveria ser visto na unicidade de um sistema normativo, 
constituído por normas válidas e coercitivas, voltadas aos atos humanos. Em sua obra 
[N2] Comentário: Ex. matou p/ não 
morrer 
[L3] Comentário: Isso descumprido 
propicia a emissão de juízos da ordem 
do ser e juízos sobre a realidade. 
[L4] Comentário: A validade formal 
da norma diz respeito a cadeia de 
validade dela. 
Teoria Purado Direito surgiu o direito purificado, afastado do que fosse justo e injusto, 
não lhe interessando se uma norma é verdadeira ou falsa, boa ou má, mas apenas se 
válida ou inválida. Em suas palavras Hans Kelsen conceituou: “o direito se constitui 
primordialmente como um sistema de normascoativas permeado por uma lógica 
interna de validade que legitima, a partir de uma norma fundamental, todas as outras 
normas que lhe integram”4. O único juízo de valor admitido por Kelsen5 é a 
compatibilidade das condutas humanas às normas, e destas com as normas 
superiores. Defendeu assim que direito é uma pluralidade de normas relacionadas 
entre si. 
Sobre a Teoria Tridimensional do Direito 
 
O monismo Kelseniano sofreu muitos protestos, um deles foi o de Miguel Reale, 
o filosofo da tridimensionalidade do direito. Para ele, a substância do jurídico não pode 
se resumir a norma (como queria Kelsen), mas o fato e os valores devem ser 
considerados uma vez que o direito é uma realidade histórico-cultural, e por assim ser 
é dinâmico. Então, para Reale, a dialética6 fato e valorsão dimensões essenciais do 
direito, devem estar sempre presentes no acontecimento jurídico: ao fato (econômico, 
geográfico, político, etc.), recai um valore este atribui um significado aquele,o resultado 
é o que vai determinar a ação dos homens a um determinado objetivo; a norma, por 
sua vez, realizará a integração deles (fato e valor). Os fatos seriam os acontecimentos 
de ordem social, o valor o elemento de ordem moral e a norma o comportamento 
imposto aosindivíduos quando o fato e valor estiverem interligados. 
 Nota-se que o direito como uma realidade dinâmica integra três dimensões: fato, 
valor e norma não sendo admissível a separação de qualquer deles no ordenamento 
jurídico. A exemplo, pode-se citar o artigo 229 da Constituição da Republica Federativa 
do Brasil de 1988: aos pais é imposto o dever de prestar assistência a seus filhos 
(norma) - dispõe sobre a proteção aos menores (fato social) e visa assegurar obem 
estar e a educação do menor, com vistas ao progresso social (valor). 
 
4KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 6ª ed. Coimbra: Armênio Amado Editora, 1984, p. 57. 
5Não se pode negar o valor e a contribuição de Kelsen afinal foi o primeiro grande ensaio de uma teoria da ciência 
jurídica, como método rigoroso e plano sistemático. Seu erro foi o caráter fragmentário e a visão parcial que deu ao 
direito. Deve-se deixar claro que Kelsen nunca negou a utilidade sociológica do direito, também não negou a 
existência da justiça nem da axiologia ele apenas não as considerou, não permitiu essas reflexões. Seu rigoroso 
método científico constituiu uma estratégia para salvaguardar a autonomia, a neutralidade e a objetividade da 
ciência do direito, tendo por objeto único alcançar a norma jurídica. 
6 A dialética considerada na tridimensionalidade nãose aplica no sentido dos opostos, mas como “dialética de 
implicação-polaridade” ou “dialética de complementariedade”. E é esta que dá origem à estrutura normativa do 
direito, ou seja, fato e valor se correlacionam de forma que se mantem irredutível ao outro (polaridade), mas se 
exigem mutuamente (implicação). (p.67-reale) 
 Nesse contexto, a tridimensionalidade salvaguarda a eficácia (fato), o 
fundamento (valor) e a vigência (norma), elementos que dão unicidade concreta a 
aplicação do direito. 
 Assim, para Reale “Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum 
numa estrutura tridimensional bilateral atributiva, ou, de uma forma analítica: Direito é a 
relação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, 
segundo uma integração normativa de fatos segundo valore”. (p. 67 Lições 
Preliminares de Direito – Miguel Reale) 
 
Criticas ao Normativismo Jurídico que dá Respaldo a Ciência do DireitoHoje. 
 
O jusnaturalismo deteve sua importância no curso da historia do direito e por 
todas as fases por qual passou deixou claro o acentuado sentimento e desejo de 
justiça dohomem. É certo que diante das exigências do mundo atual o Direito Natural 
seria insuficiente para garantir a boa ordem e a justiça, assim também o seria o Direito 
Positivoque sozinho oferece uma solução de justiça substancial, pois induz o jurista à 
alienação da causa final dos procedimentos jurídicos. Do contrario, a harmonia entre 
um e outro valora a causa final do Direito: a realização da justiça. Nas palavras de 
Paulo Nader “O divórcio entre o Direito Positivo e o Natural gera as chamadas leis 
injustas, que negam ao homem o que lhe é devido”. (p. 376 Paulo Nader IED) 
 O direito não é somente norma. As ações humanas sejam elas praticadas em 
um nível físico ou intelectivo encontram-se impregnada de ideologias que compõe a 
cultura de cada ser e, assim sendo, o objeto em análise acaba por sofrer influências 
daquela ideologia. A impossibilidade da neutralidade teorizada por Kelsen se verifica 
justamente por ser o direito produto da criação humana e assim sendo é carregado de 
subjetivismo.O direito não pode ser reduzido às suas fontes formais nem mesmo 
limitar-se ao que a lei dispõe como admitem os dogmáticos. O que nos leva a perceber 
que ateoria monista de Kelsen compromete as exigências sociais de justiça. 
Ao passo que a flexibilização interpretativa do direito,como a abordada por 
Miguel Reale, aproxima-seda concretização da justiça, uma vez que procura combater 
as ideologias de opressão e exploração. Nessa corrente critica, o direito é visto como 
instrumento de transformação social e cabe a ele a busca constante da justiça pela 
interpretação das fontes formais. 
Conclui-se disso, que essa dicotomia Natural x Positivo não se sustenta aos 
moldes do direito na atualidade, do contrario, a aliança comporta segurança social. Por 
um lado,eles em separado, são insuficientes para garantir o bem social idealizado no 
senso de justiça, por outro lado, quando em reciproca convergência, garantem um 
ordenamento jurídico substancialmente justo. 
 
O Direito Hoje–OFenômeno da Publicização 
 
A sociedade atual atingiu um nível alto de complexidade resultado de profundas 
transformações e ideologias de cunho sócio político econômico, ocorridas ao longo dos 
anos,seus efeitos geraram uma desintegração comunitária e o Estado, protetor e 
repressor, lança mãos do direito, o qualatua valorando uma ordem finalista que protege 
a todos igualitariamente. 
 Hoje, o Direito Natural é adotado como um conjunto de princípios (direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à dignidade, ou seja, princípios que expressam os valores 
essenciais de proteção ao homem), que dá base à composição da ordem jurídica, 
assim como forma uma ordem apta a legitimar o Direito Positivo. O Estado,como é o 
responsável pela regulamentação e aplicação do Direito Positivo,atua transformando 
aqueles princípios em normas básicas. No entanto, é importante que essa harmonia 
pactue uma coerência lógica entre a teoria e a prática. O Direito Natural e o Direito 
Positivodevem caminhar em estrita harmonia para que o resultado justiça e segurança 
sejam alcançados.Aqui. 
 Nossa sociedade altamente politizada no sentido organizacional, manejada por 
um Estado soberano consagra através do ordenamento jurídico os princípios expressos 
na Carta Magna (Titulo II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais). Que nada mais é, 
ou tudo é um prolongamento ou uma extensão da lei natural passando em zonas 
objetivas, positiva. Nesse momento, em que as leis (naturais) do Direito Natural são 
consagradas pela legislação (sendo positivadas) aquela antiga dicotomia começa a não 
fazer mais sentido e passa a perder forças. 
Com essa positivação ocorre uma restruturação do direito e este passa a 
basear-se na vida social moderna altamente dinâmica. Esse dinamismo permiteque os 
direitos da pessoa humana assumam forma política e social na comunidade. Ocorre 
que o ente público passa a atuar na esfera privada em varias ocasiões, e da mesma 
forma, os entes privados exercem funções tipicamente publicas. Isso permite dizer que 
a clássica dicotomia entre Direito Público e Direito Privado perdeu campo, e abriu 
espaço à tendência de publicização do direito privado e privatizaçãodo público. 
A esfera pública delega ao Estado, como seu principal representante, autonomia 
para agir com supremacia de poder e de acordo com o principio da legalidade. Em 
paralelo, os entes privados, em suas relações entre si, têm autonomia para 
estabelecernormas conforme seus interesses, no entanto essas normas devem ser 
legais, ou seja, não podem ferir o que previamente fora normatizado pelo ente público. 
Como exemplo, pode-se citar um contrato de trabalho entre particulares: as cláusulas 
são normas de Direito Privado, pois não derivam diretamente do Estado, mas sim da 
vontade dos particulares. Porém, esses interesses devem sujeitar-se às regras e 
princípios do sistema, no caso, aos Direitos Sociais expressos na CF/88, os quais não 
mais admite contratos que não visam à função social;a Lei nº. 8.212/91 (Dispõe sobre a 
Seguridade Social) é outra regra que deve ser observada.Nas entre linhas nota-se que, 
aos privados,cabem-lhes cumprir o que a lei obriga ou proíbe: o restante lhes é 
permitido. Essa é a maneira que o Direito Público controla as relações entre os 
particulares para que não se cometa os mesmos excessos e injustiças praticados num 
passado não tão distante. 
A complexidade e relevância social que as relações de trabalhoadquiriu foi 
suficiente para o Estado interferir, vindo a subtrair e ou colocar tal matéria em posição 
de submissão ao Direito Público7. Nesse sentido, o Estado atua como garantidor do 
equilíbrio da ordem privada, tutelando as relações sociais e econômicas para impedir 
os abusos, criando direitos sociais, regulamentando atividades privadas. O Decreto-Lei 
no. 5.452/43 (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT) é um exemplo, pois trouxe 
soluções de maior legitimidade e justiça nas relações contenciosas. É nesse contexto 
que se verifica o fenômeno da publicização do Direito Privado. 
Vale clarificar que o contrário também ocorre, porém a esse é denominado 
privatização do Direito Publico, é o caso, por exemplo, da Vale do Rio Doce antes 
empresa estatal que depois passou ao comando de um grupo particular. Ademais, 
deve o Estado, mesmo “enxuto” das atividades que podem ser entregues à iniciativa 
privada, exercer plenamente suas funções essenciais como controlar e fiscalizar. 
Todavia, nota-se que esse evento ocorre com menos frequência, 
 
7Nesse sentido, vale ressaltar que não se está negando o caráter privado ao contrato, pois ele se conserva como de 
Direito Privado, porém levadas à norma constitucional assumem caráter público, e a sua publicização traduz-se 
como função social, onde há um interesse maior, representado pela ordem social, em que ocorre a intervenção do 
Estado nas relações sociais. 
Constata-se que há uma proximidade entre os dois ramos o que possibilita a 
inter-relação entre eles como acontece com o Direito do Trabalho que tutela tanto o 
interesse público ou social como o interesse privado ou particular. O que valida o 
defendido pela teoria trialista ou do Direito Misto. Neste, um não anula o outro, mas 
cada um mantém-se como um sistema de normas e princípios, conservando sua 
essência. Os interesses públicos e privados caminham com um mesmo objetivo, não 
divergem nem adentram em rumos distintos, mas sempre levam em conta a dignidade 
da pessoa humana, e a valorização do indivíduo. 
 
Conclusão 
 
Em todos os sentidos é inegável que o Direito é processo cultural crido pela 
sociedade e que tem por finalidade garantir os direitos fundamentais da pessoa 
humana. 
Para o estudo do Direito faz-se necessário sua classificação em ramos e sub-
ramos o que não implica dizer que ele é composto de substâncias estranhas. Mais 
importante do que buscar uma delimitação entre os campos jurídicos é encontrar a 
adequação do Direito às complexas e ilimitadas necessidades sociais. E é esse o 
comportamento que vem sendo adotado atualmente. 
É claro que no percurso trilhado pelo Direito, cada ramo definido, cada 
corrente formada e cada teoria formulada teve sua importância no seu tempo e espaço. 
O que não se pode é negar seu reflexo no ordenamento jurídico atual. 
Nesse sentido é pertinente considerar a contribuição do Direito Natural com seus 
princípios fundamentais de proteção ao homem; do Direito Positivo para garantir 
através do estado o cumprimento das regras; do Direito Público destinado a disciplinar 
os interesses gerais da coletividade; do Direito Privado para regular as relações entre 
os homens nos seus interesses particulares. 
Ademais se tem a importância da corrente monista (defendendo a existência de 
apenas um domínio: público ou privado) que sem ela não se chegaria à 
dualista(protetora da clássica divisão do Direto Positivo: público x privado) e, 
posteriormente, a trialista(admitindo a interdependência do publico com o privado - 
Direito Misto). 
Como também a relevância da teoria dogmática a qual teve em Kelsen o 
normativismo puro e, tão quanto relevante, a teoria crítica com o tridimencionalismo de 
Reale. 
Nota-se, contudo, que cada vez mais o Estado intervém numa área que antes 
interessava apenas ao âmbito privado do indivíduo. Com efeito, a tendência agora é o 
Estado direcionar as condutas dos homens a fim de garantir a paz social.

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