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73 REPÚBLICA VELHA Unidade IV 7 O SISTEMA POLÍTICO Em um momento de grande crise mundial era de se esperar que as exportações do Brasil diminuíssem. É importante entender que o café era o ouro verde, pois ele concentrava a maior fonte de riqueza do país. Com a queda da exportação, apesar da diversificação com a indústria, a economia sofreu um grande abalo. O governo não possuía um lastro econômico, necessário para manter a economia equilibrada. Assim, a crise atingiu primeiramente a população mais vulnerável economicamente, os trabalhadores. Não havia uma legislação trabalhista. Não havia normas que protegessem os consumidores, inquilinos. Assim, a classe trabalhadora estava totalmente vulnerável aos anseios econômicos dos proprietários das indústrias. Os movimentos sociais surgiram como forma de lutar contra a miséria e a exploração extrema, contra a total falta de condições de trabalho, moradia, saúde e educação. Esses movimentos, organizados por idealistas, deixaram o seu registro na história. Se hoje possuímos a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e outras normas protecionistas, devemos muito aos homens e mulheres que lutaram por essas normas mínimas e, muitas vezes, pagaram com as próprias vidas. 7.1 Movimentos sociais urbanos e rurais Não podemos perder de vista que, apesar do crescimento econômico fomentado pelo crescimento das indústrias, o Brasil passava por uma profunda crise econômica. Como já foi explicado, a República existia para atender às necessidades das oligarquias e utilizava parte de seus recursos para subsidiar a produção cafeeira. Isso gerou um enorme déficit público e a consequente inflação. Não havia limites para a especulação financeira e o enriquecimento a qualquer custo: O espírito da especulação, de enriquecimento pessoal a todo custo, denunciado amplamente na imprensa, na tribuna, nos romances, dava ao novo regime uma marca incompatível com a virtude republicana. Em tais circunstâncias não se podia nem mesmo falar na definição utilitarista do interesse público como a soma de interesses individuais. Simplesmente não 74 Unidade IV havia preocupação com o público. Predominava a mentalidade predatória, o espírito do capitalismo sem a ética protestante (CARVALHO, 1990, p. 30). A Lanterna demonstra esta situação ao publicar trechos do ex‑ministro da Fazenda: Escreveu há pouco um dos nossos reputados financeiros, ex‑ministro da Fazenda: “A crise que nos assoberba é temerosa, o apelo ao credito externo impossível, reduzida a renda de importação de 80%, votado um orçamento com um déficit de 80 mil contos, com o bloqueio da Inglaterra, daqui a cinco ou seis meses não teremos dinheiro para pagar o funcionalismo e a tropa. Daqui a três anos não poderemos retomar os pagamentos em espécie da nossa dívida.” [...] “adversário tenaz da emissão de papel moeda, porque o papel moeda é a peor das moedas, visto que encarece a vida, permite a instabilidade do câmbio, retarda o nosso progresso, nos isola do mercado mundial, deixa sem assistência financeira dos demais mercados das nossas empresas, a nossa vida industrial, as nossas praças””, conclue, amargurado, que o único remédio é justamente a emissão de mais papel moeda; de moeda falsa, dizemos nós (A LANTERNA, 1916, p. 2). Figura 13 – A Lanterna, 15 de abril de 1916 75 REPÚBLICA VELHA O jornal A Lanterna fazia parte de uma organização anarquista operária e foi um importante instrumento de denúncia e organização dos trabalhadores. O artigo expunha a situação da dívida externa, grande parte em decorrência da necessidade de importação. Para o jornal, o problema estava na administração dos recursos públicos e, principalmente, na distribuição da renda, uma vez que a propriedade da terra e dos fatores de produção (terra, trabalho, capital) estava concentrada nas mãos da elite, a burguesia. Ainda, o artigo refutava a necessidade de emissão de mais papel moeda “de moeda falsa, dizemos nós”, pois, em decorrência da crise econômica, a moeda não possuía lastro (ou seja, não tinha valor); portanto, a emissão de mais papel acarretaria em um aumento ainda maior da inflação. Como dissemos anteriormente, vários imigrantes fizeram fortuna com a importação de produtos. O jornal Guerra Sociale fez uma denúncia da especulação realizada por Matarazzo. O empresário importava uma grande quantidade de farinha de trigo, conservando os estoques, aguardando os preços aumentarem. Com isso, aumentava o preço do pão, do macarrão e de outros gêneros que dependiam da farinha de trigo. Toda essa manobra era realizada com o aval do governo, uma vez que a farinha importada passava pelo porto de Santos, que era fiscalizado e controlado pelo governo. Com isso, a população pagava de forma direta pelo enriquecimento da elite. Além de trabalhar muito e receber salários irrisórios, ainda arcava com o ônus da especulação. A “crise” é feita pelos especuladores” Ninguem desconhece que, agora, ha 3 mezes, temos de luctar contra as difficuldades oppostas pela Argentina, mas a alta do preço da farinha, em S.Paulo, tem sido escandalosamente feita, pelo trust dos moageiros. Que providencia tomou o governo para evitar a exploração dessa gente que está vendendo farinha a 45$000 a sacca? Nenhuma... Temos elementos para dizer que a alta escandalosa destes ultimos dias, é producto exclusivo da especulação (GUERRA..., 1917). 76 Unidade IV Figura 14 – Guerra Sociale, 11 de agosto de 1917 77 REPÚBLICA VELHA Apesar de ser uma res publica, a República não atendia à necessidade do público. Não atuava para proteger a população e não havia uma regulamentação da atividade empresarial: O estabelecimento da República e a entrada no século XX, com o capital acontecimento que fora a abolição da escravatura, não alterariam fundamentalmente essa “estratégia semiliberal”. Politicamente, e principalmente sob a significativa influência dos “positivismos”, realiza‑se a disjunção – também já comentada pela historiografia – entre direitos políticos e desenvolvimento econômico e social do país. A República seria altamente excludente quanto à participação política; o trabalho rural continuaria sendo garantido por altas doses de coação física e simbólica e, ao mundo da economia urbana, estariam destinadas as maiores parcelas de laissez‑faire (GOMES, 1996, p. 10). O Estado atuava conforme os interesses dos empresários, defendendo que as relações de mercado deveriam se autorregulamentar. Não havia limites, desde que houvesse a arrecadação de impostos. Com tudo isso, é fácil imaginar como ocorriam as relações de trabalho e a situação de miserabilidade a que os trabalhadores estavam expostos, situação constatada por Decca (1991, p. 44): Os salários operários, desde o final do século XIX até 1930/1940, ficaram sistematicamente aquém dos aumentos de preços e do de vida de maneira geral. Os salários do proletariado urbano e fabril apresentaram um poder aquisitivo muito baixo ao longo de todo esse período. Em outro trecho, a autora apresenta o relatório de um inquérito sobre a visita de técnicos que foram inspecionar as condições de trabalho dos operários de uma indústria têxtil de São Paulo: [...] A duração do trabalho nas fábricas de tecidos varia entre oito e meia e onze horas: começa, geralmente, às cinco e meia ou seis horas da manhã e termina às cinco ou seis horas da tarde. O trabalho interrompe‑se para o descanso destinado à refeição, em que, gastam os operários de uma a uma hora e meia. Pelo geral, esse descanso começa às onze horas da manhã. Em algumas fábricas, às duas horas da tarde, por espaço de um quarto de hora, é ainda o trabalho interrompido para o descanso do pessoal. Em boa parte do ano, a duração do trabalho é aumentada com serviços extraordinários, acontecendo isto, principalmente, nas seções de fiação. [...] A duração do trabalho diário é de onze horas úteis. O trabalho é interrompido pelo almoço, que dura uma hora e meia, e pelo café, para o qual têm os operários um quartode hora. Trabalham nesta fábrica 500 operários, na maioria italianos e espanhóis. Há três anos, declararam‑se eles em greve, reclamando contra a cobrança que se fazia de 2$500 por mês, e por pessoa, a fim de, com a quantia arrecadada, pagar à administração da fábrica os serviços médicos e farmácia. Os 78 Unidade IV reclamantes foram atendidos, correndo, dessa época em diante, por conta da fábrica essas despesas. Outra greve, recentemente verificada, teve motivo a instalação da seção de secagem mecânica do algodão, então melhor preparado, o que motivava a perda em peso do fio encarretelado, prejudicando dessa forma os empregados que ganhavam por quilo de fio que encarretelavam. Foram atendidos. Impressão desagradável causa ao visitante o excessivo número de menores em trabalho. [...] Os contramestres são todos adultos, de nacionalidade italiana e em número de 20. Entre os 374 operários recenseados, a nacionalidade predominante é a italiana, vindo em seguida a espanhola e depois a brasileira: dos brasileiros, 44 são menores de 12 anos. Esqueléticos, raquíticos, alguns! O tempo de trabalho varia para as seções de onze horas e meia a doze horas e meia por dia. A última greve, ocorrida entre o pessoal desta fábrica, foi motivada pelos excessos de toda sorte, cometidos por um contra‑mestre de origem russa, demitido pela adminstração da fábrica, que assim atendeu aos operários. [...] (São Paulo – estado, ‘Condições do trabalho na indústria têxtil no Estado de São Paulo’, Bol. do Depto. Est. do Trab., ps. 35‑77.) (DECCA, 1991, p. 40). Analisando o documento, verificamos a indignação do inspetor com a jornada exaustiva de trabalho (11 horas), com o valor dos baixos salários, reduzidos pela queda de produção, e principalmente com o número de menores que trabalhavam na fábrica, 44 menores de 12 anos. Para demonstrar os efeitos da inflação, a autora apresenta uma pesquisa sobre o custo de vida. Não obstante, algumas fontes apontaram os baixos salários e a desproporção em relação ao custo de vida, como vemos na tabela a seguir. Tabela 6 – Custo de vida e índices de salários, 1914‑1921 Ano Custo de vida Salários 1914 100 100 1915 108 100 1916 116 101 1917 128 107 1918 144 117 1919 148 123 1920 163 146 1921 167 158 Fonte: Decca (1991, p. 44). 79 REPÚBLICA VELHA Veja que o custo de vida era bem maior que o valor dos salários recebidos. Decca (1991, p. 46) traz ainda o relato de Benedito de Carvalho, ao descrever a situação de um operário de um curtume em Cubatão, litoral de São Paulo: Casado e com dois filhos, deveria gastar por mês, de acordo com o mínimo custo de vida, 76 dólares, para garantir o seu sustento e o dos seus. Esse operário, contudo, percebia apenas 30 dólares mensais, acumulando mensalmente um déficit de 46 dólares o 368 mil‑réis. Observava que os salários operários no Brasil, de 1914 até 1927, haviam aumentado por volta de 150%, enquanto o custo de vida, de 1920 a 1927, havia subido 280%. Aqui, podemos notar quem pagava a conta dos subsídios às indústrias e à cafeicultura. As riquezas conquistadas na primeira república não foram distribuídas. Os trabalhadores pagavam um alto preço. A inflação era galopante, o que tornava ainda piores as condições de vida. Em decorrência dos baixos salários, a qualidade de vida era a pior possível. Lembrando que nessa época não havia sistema único de saúde, escolas públicas (para os pobres, pois a escola era para os filhos da elite), transporte e acesso a outras necessidades básicas. Não havia saneamento básico, água potável ou energia elétrica. Desde o final do século XIX, os trabalhadores urbanos eram confinados em bairros operários. Habitavam moradias pobres, coletivas (cortiços), que eram caras e possuíam péssimas condições de habitação. Decca (1991, p. 52) demonstrou que grande parte da população operária morava de aluguel. A autora apresenta alguns dados: • 76% do total vivia em casa de aluguel; • 40% possuíam um dormitório; • 40% possuíam dois dormitórios; • 5,2 era o número médio de moradores por casa; • 22% não possuíam banheiros. Em primeira página, A Plebe, de 7 de agosto de 1920, desenvolveu uma campanha contra os altos valores dos aluguéis. O jornal comparou a figura dos locadores com a de um “polvo objecto”, molusco que com suas ventanas suga de forma suas presas. O senhorio é uma figura repelente que se assemelha à sombra fugida factora da miseria; Miseraveis. Essa extorsão torpe e ignobil, fatalmente terá um fim. 80 Unidade IV Essas moradias, devido à precariedade, eram objeto de inspeção. Em 1893, em São Paulo, a Comissão de Exame e Inspeção das Habitações Operárias e Cortiços fez uma visita ao distrito da Santa Ifigênia (atualmente região central da cidade de São Paulo), descrevendo com detalhes a cruel situação encontrada: [...] Estas habitações são, de ordinário, do tipo Cortiço, no geral, bem pouco confortáveis. O cortiço ocupa comumente uma área no interior do quarteirão; quase sempre um quintal de um prédio onde há estabelecida uma venda ou tasca qualquer. Um portão lateral dá entrada por estreito e comprido corredor para um pátio com 3 a 4 metros de largo nos casos mais favorecidos. Para este pátio, ou área livre, se abrem as portas e as janelas de pequenas casas enfileiradas. [...] Há ainda a casinha, como prédio independente, com frente para a rua pública e apenas considerada cortiço pelo seu destino e espécie de construção. Pequena e insuficiente para a população que abriga, não oferece garantia alguma de higiene. O soalho sem ventilação e assentado sobre o solo, o forro sem ventilador, os cômodos pequenos e ainda subdivididos por biombos que os fazem ainda mais escuros, as paredes sujas e ferido o reboco que deixa perceber a má qualidade da alvenaria. No fundo uma área exígua, mal ladrilhada ou cimentada com um ralo para o esgoto e uma latrina ordinária sem abrigo. A cozinha, quando não é ao lado da latrina, está assentada junto do aposento de dormir e então as condições de asseio são as mais precárias possíveis (DECCA, 1991, p. 49). Observem que é um relatório oficial, de um órgão ligado à municipalidade que foi ao local verificar as condições de moradia dos operários. A descrição das condições do cortiço: ambiente pequeno, sem ventilação, banheiro ao lado da cozinha sem qualquer higiene, quartos subdivididos por biombos, assoalho direto no chão, não deixam dúvidas do ambiente totalmente insalubre. Além disso, os estudos da autora também avaliaram a alimentação dos operários: No Recife, no início da década de 1930, por exemplo, famílias trabalhadoras pesquisadas gastavam 71,6% de seus ganhos com a alimentação, sobrando, portanto, 28,4% para cobrir todas as outras despesas: aluguel, água, luz, vestuário, etc. [...] No entanto, as despesas alimentares dos trabalhadores urbanos em São Paulo e no Rio de Janeiro correspondiam a metade ou mais dos seus salários ou orçamentos familiares. [...] As agitações contra a fome e a carestia em 1913‑1914 e em 1917 foram fartamente noticiadas pela impressa operária 81 REPÚBLICA VELHA em São Paulo e esses textos dos jornais operários praticamente reproduzem o teor dos inúmeros artigos publicados contra a péssima alimentação, desde o final do século XIX (DECCA, 1991, p. 53). Fica evidente um total descaso, por parte das autoridades, com a população trabalhadora, já que não havia qualquer tipo de legislação protecionista impedindo a saga dos empresários. O elevado custo de vida motivava famílias inteiras a trabalharem nas fábricas, inclusive crianças. Ressalte‑se que, neste período, a escola pública era voltada para a elite e o acesso à educação era restrito. O movimento anarquista criou as escolas modernas, voltadas para os filhos dos movimentos, mas mesmo essas escolas sofreram perseguição por parte das autoridades, sendo fechadas por decreto. Por todas essas razões surgiu o movimento operário. Nos grandes centros, como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Riode Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Vitória e cidades onde haviam indústrias, foram surgindo aos poucos organizações por fábricas. Inicialmente, a pauta era contra as péssimas condições de trabalho: jornada excessiva, falta de condições de segurança, abusos contra mulheres e exploração do trabalho infantil. Contudo, em decorrência da crise, a pauta passou a ser também a miséria. Os jornais operários não se cansavam de fazer denúncias contra as péssimas condições de vida. As greves normalmente eram violentas. Os patrões não estavam costumados a negociar, viam os empregados como escravos. Além disso, a força policial agia para atender aos interesses dos empresários. A repressão contra a greve era violenta, havia agressões físicas, invasões das casas dos líderes e prisão. Em muitos casos, os líderes dos movimentos eram presos e deportados, sem qualquer direito de defesa. Alguns já haviam constituído família no Brasil, tinham filhos brasileiros, mas mesmo assim eram enviados de volta para a terra natal, deixando a família completamente desamparada. Em A Plebe, de 9 de julho de 1917, foi publicada em primeira página a matéria intitulada: “Porquê das greves”, na qual afirma‑se que o Brasil foi invadido por aventureiros e inescrupulosos, que: vivem a extorquir pela astucia e pela força a pobre humanidade. A indústria e o commercio de homens, mulheres e crianças goza, nesta terra de promissão, todas as garantias e faz o mais ruidoso sucesso. Mais uma vez, o sentido de que o Estado estava a favor dos interesses dos burgueses é ressaltado pelo jornal: Delinquente apatacado possue carta branca para alliviar o povo do producto do seu trabalho, e triplica a fortuna em quatro dias. A quem tem dinheiro não se lhe pergunta de onde vem: é recebido de braços abertos, podendo montar aqui a sua machina de exploração, protegido pelo Estado e abençoado por todas as igrejas (A PLEBE, 1917, p. 1). 82 Unidade IV Segue fazendo a denúncia da situação de miséria, fome e abandono pela qual passam os trabalhadores: Se os operários morrem à míngua e se lamentam, que vão queixar‑se à virgem dos desamparados; se reclamam e protestam ahi está a polícia, o exercito, a armada e todo o apparelho legalitario, que é uma joia de justiça, para acalmar os seus animos, indignações e desesperos, com banhos de sabre, ou os frios pavimentos dos calabouços correccionaes (A PLEBE, 1917, p. 1). Essa realidade já havia sido verificada por Decca (1991, p. 13): Os trabalhadores urbano‑industriais enfrentaram, desde os fins do século XIX e inícios do século XX, condições de trabalho bastante penosas. A jornada de trabalho era muito extensa: variava de 10 a 14 horas por dia, chegando às vezes a se prolongar por mais tempo ainda. Registram‑se casos em que o trabalho operário diário era de 15 horas (por exemplo, na fábrica têxtil Santa Rosália, na periferia de Sorocaba) e até mesmo de 17 horas (por exemplo, na fábrica Mariangela dos Matarazzo, onde os operários trabalhavam sem interrupção das 5 às 22 horas, em 1907). Figura 15 – A Plebe, 29 de março de 1919 O artigo traz a notícia de uma das inúmeras greves que os operários da Mariangela realizaram contra as condições de trabalho. Em outros exemplares é possível verificar que o movimento foi deflagrado pelos abusos que os “chefes” exerciam em relação às operárias, que decidiram se rebelar contra os maus tratos e abusos. A matéria comprova que o projeto político implantado pela República era de liberalismo econômico, com o afastamento total do Estado, no sentido de regular as relações econômicas. Assim, os trabalhadores, como parte hipossuficiente, se encontravam em total abandono e pagaram um alto preço pelo crescimento industrial. 83 REPÚBLICA VELHA Ainda mais grave era o fato de como a polícia estava em função do capital. ] Figura 16 – A Plebe, 9 de julho de 1917 O artigo de duas páginas narra os abusos cometidos pelo delegado de polícia Edgard do Nascimento Redondo, que prendeu e torturou trabalhadores grevistas, defendendo os interesses dos patrões. O artigo relata que dois trabalhadores foram espancados por policiais e presos, após terem sido feridos. A família de um deles, inconformada, ingressou com o processo solicitando sua liberdade. No processo, o trabalhador está descrito como um pacato cidadão, lavrador, que havia ingerido álcool, motivo pelo qual encontrava‑se plenamente incapaz de oferecer qualquer tipo de resistência à polícia. Outra da Polícia Assalto à casa de um operario Procedimentos e vândalos [...] Depois de arrombarem a porta, os policiaes, com a ponta das baionetes, escarafuncharam todos os cantos da casa em busca do operario, que tivera tempo de escapar á vandalica perseguição, retirando‑se pelos fundos. Frustrados na empreza, os cachorraes agentes dispararam inumeros tiros a esmo, vindo depois dizer á companheira, que se achava aterrada, no quarto de dormir, rodeada de cinco filhos pequenos, que lhe haviam “liquidado” o marido. [...] Fonte: A Plebe (1917). 84 Unidade IV Publicada em Guerra Sociale, de 30 de dezembro de 1916, página 3, com o título “Ao proletariado”, mais uma denúncia da alta de custo de vida, que se impõe aos trabalhadores: [...] – Sim, isso é precisamente o que eles dizem, mas não claramente o que nós estamos vendo: no seculo XIX houve uma modificação de rotulo na vida laboriosa e oprimida: “Liberdade, sinonimo de escravatura e opressão!” Confundiram o sentido de palavras, sendo a sua significação absolutamente diferente! Mas, não admira esse engano, pois a vida do operario, outrora escravisada, comparada com a de hoje, é uma e a mesma coisa! somos ainda uns escravos e o seculo XX correndo a passos gigantescos! A aristocracia, sedenta e ávida de suôr, suga‑nos as ultimas gotas, arrancadas da fadiga e do sacrificio! [...] Trabalhamos muito, de mais, para quasi sempre, não ganharmos o suficiente para dispormos duma alimentação que fosse embora sóbria mas sadia. Somos uns infelizes escravos, na verdade! Trabalhamos, esgotamos tantas vezes a nossas poucas forças e não podemos dizer: em meu humilde lár, jámais faltou o pão! Quantas, quantas vezes, os nossos filhinhos estendem as tenras mãos pedindo‑nos alimento e lhes dizemos em pranto e lagrimas: não há!?... Essa realidade também se reproduzia para os trabalhadores rurais, conforme já citado anteriormente. A situação análoga à escravidão era ainda mais grave. O trabalhador estava sempre devendo ao patrão. Quando imigrante, a dívida começava antes mesmo de desembarcar, pois eram cobradas todas as despesas com a viagem. Na chegada, eram destinados a fazendas sem as mínimas condições de moradia digna, moradia esta que deveria ser paga. O pouco que sobrava era insuficiente para comprar os gêneros de primeira necessidade. Para sobreviver, os imigrantes eram obrigados a comprar das “vendas” do patrão, aumentando ainda mais a dívida. Muitos fugiam com suas famílias, deixando para trás o pouco que conquistaram. Em lugares mais extremos, a dívida era paga com a própria vida. Para se defenderem, os imigrantes criaram as associações, que contribuíram para o surgimento de inúmeros movimentos e greves. 85 REPÚBLICA VELHA Figura 17 – A Plebe, 9 de junho de 1917 O jornal relata os resultados das reuniões e assembleias, cujo objetivo era a tomada de consciência dos operários. O resultado foi a criação de inúmeras associações de classe. O papel do jornal operário é inquestionável na formação e conscientização dos trabalhadores: Em São Paulo, já no final do século XIX, haviam sido fundados vários jornais anarquistas, como Gli Schiavi Bianchi, L’Asino Umano e Il Risveglio, que geralmente tiveram vida breve. A ação prática dos grupos ligados a eles consistia na propaganda escrita e oral e em algumas comemorações e manifestações públicas. Nos anos seguintes, vários outros jornais seriam fundados. No esforço em favor da educação, que daria aos homens uma consciência revolucionária, a imprensa era o veículo demaior alcance, de forma que criar um jornal era o passo habitual dos grupos anarquistas em várias partes do mundo. Era uma experiência de informação alternativa e oposta à grande imprensa. Os jornais anarquistas eram vendidos ou distribuídos nas ruas de São Paulo (TOLEDO, 2004, p. 43). É importante ressaltar que a maioria dos trabalhadores era analfabeta. Assim, os jornais eram lidos de forma coletiva, nos bares, nas calçadas; os grupos de operários se reuniam e aquele que soubesse ler, lia os principais artigos para os demais. Esses jornais eram escritos por lideranças dos movimentos operários ligados ao movimento anarquista, socialista ou comunista. Grande parte deles era de operários, alguns da indústria gráfica, motivo pelo qual eram alfabetizados. Por isso a grande presença de charges: 86 Unidade IV Figura 18 – Gênese das fortunas Na charge, vemos um homem sentado em uma poltrona, com a indumentária típica do burguês bem‑sucedido: fraque, cartola, com os olhos esbugalhados, bigodes e as mãos proporcionalmente maiores, que espreme um trabalhador magro e seminu, vomitando moedas que caem em um balde já quase transbordando de dinheiro. Toda a cena é assistida por soldados devidamente uniformizados e montados em cavalos, o que demonstra o aval das autoridades ao apoiarem a exploração dos trabalhadores. O anarquismo pregava pela educação como forma de transformação da sociedade. Assim, criava escolas para alfabetizar e educar seus quadros. A propaganda dos movimentos corria de boca em boca. Lembrem‑se que não existia televisão, celular nem redes sociais! Um dos maiores movimentos de greve na história brasileira ocorreu em 1917, quando cerca de 100 mil trabalhadores pararam as fábricas e se uniram em um grande ato no centro de São Paulo: 87 REPÚBLICA VELHA Figura 19 – Greve geral em São Paulo, 1917 Figura 20 – Primeira página do jornal A Capital 88 Unidade IV Figura 21 – Primeira página do jornal A Gazeta Aqui é importante uma análise, a visão diferente do movimento. De um lado A Capital, jornal de esquerda ligado ao movimento operário, do outro A Gazeta, jornal de imprensa tradicional. Ambos possuíam posições e visões completamente divergentes a respeito da mesma greve. Enquanto A Capital defendia e justificava explicando a situação de miséria dos operários, A Gazeta descrevia os grevistas como arruaceiros, acusando a paralização de deixar a cidade de São Paulo sem abastecimento de pão e outros itens; não explica os motivos da greve, nem descreve as péssimas condições de trabalho de vida dos operários. A pauta da paralização era: contra a miséria, contra a exploração. Por melhores condições de vida e de trabalho. Pelo fim do trabalho infantil. Essas mobilizações obtiveram as primeiras conquistas para os trabalhadores. Foram criadas as associações de classe e de moradia e foram fechados os primeiros acordos trabalhistas que garantiam direitos básicos. A greve foi geral, ocorreu em todo o Brasil, várias cidades ficaram dias paralisadas e não se restringiu ao setor urbano, pois trabalhadores rurais também cruzaram os braços. Com certeza, foi um dos maiores movimentos operários da nossa história, talvez pela dimensão perca somente para os movimentos da década de 1980. Entretanto, pela importância, não perde para ninguém: até hoje, os trabalhadores possuem normas trabalhistas que foram fruto das organizações daquela época, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é o maior exemplo disso. 89 REPÚBLICA VELHA O próprio nome da norma demonstra que ela foi a reunião de várias normas já existentes em um documento único. Essas normas esparsas eram as convenções e acordos coletivos de cada categoria, fruto da luta dos trabalhadores por meio de seus sindicatos. Getúlio Vargas reuniu essas normas em um documento único, que até hoje regulamenta a relação de emprego em todo país. 7.2 Outros movimentos sociais Além do movimento dos trabalhadores, a 1ª República foi cercada de movimentos sociais (FAUSTO, 2008): • Guerra de Canudos (Bahia, 1896‑1897), líder Antônio Conselheiro Também combatia a miséria crônica, mas da população nordestina, a má distribuição de terras, ou seja, o latifúndio, o descaso com o trabalhador rural, a falta de investimento na região da seca, o aumento de impostos, a separação entre o Estado e a religião e a Proclamação da República. • Revolta de Juazeiro (Ceará, 1913), líder Padre Cícero A revolta ocorreu pela intervenção do governo central no Ceará, retirando o poder da família Accioly, que possuía uma política de salvação. • Guerra do Contestado (Santa Catarina e Paraná, 1912‑1916), líder José Maria O movimento era contra a exploração de camponeses e concessão de terras e benefícios para as empresas inglesas e americanas em detrimento aos pequenos camponeses que foram expulsos de suas terras. • Cangaço (Nordeste, 1890‑1940), líderes Lampião e Curisco Também combatia a miséria crônica da população nordestina, seca, má distribuição de terras, abandono do Estado e dos coronéis para com os mais pobres e violência no campo. Lampião ficou conhecido como o “Robin Hood” nordestino. • Revolta da Vacina (Rio de Janeiro, 1904) Contra o projeto de modernização do Rio de Janeiro instituído pelo presidente Rodrigues Alves. Inicialmente, a revolta foi contra a campanha de vacinação de varíola promovida por Oswaldo Cruz. Na época, houve um grande surto da doença e a vacinação ocorreu de forma obrigatória, sem a preocupação de explicar os benefícios para a população. Contudo, junto com a vacinação veio a política de higienização, que destruiu cortiços e favelas para ampliar as avenidas e realizar a construção de novos prédios com estilo Belle Époque. A população pobre foi empurrada para os morros devido aos altos preços das regiões centrais, inflação e alto custo de vida. 90 Unidade IV • Revolta dos Marinheiros ou Revolta da Chibata (Rio de Janeiro, 1910), líder João Candido, também conhecido como o Almirante Negro Revolta em decorrência dos maus tratos, baixos soldos, péssima alimentação e castigos corporais dentro da marinha. • Revolta do Forte de Copacabana (Rio de Janeiro, 1922) Movimento contrário ao presidente Arthur Bernardes: 18 integrantes do movimento marcharam contra 3 mil soldados. • Rebelião Paulista (1924) Iniciado o movimento pelo controle de São Paulo, em Nove de Julho, quando as tropas tenentistas estavam se preparando para ir embora, chegou a informação que o governador havia deixado o Palácio dos Campos Elísios. A presença dos tenentes, liderados por Isidoro Dias Lopes, durou até o dia 27. Abandonaram a cidade pela falta de gêneros alimentícios e seguiram para a cidade de Bauru, onde posteriormente se encontraram com a Coluna Prestes. • Partido Comunista Brasileiro – PCB No começo dos anos 1920, o anarquismo enfrentou uma crise interna. Além das mobilizações não atingirem a dimensão esperada, chegou a notícia da Revolução de Outubro de 1917, na Rússia. Assim, em 1922 nasce o PCB. Opunha‑se ao movimento anarquista quanto ao projeto de sociedade e forma de organização das lutas. Em quase toda sua existência esteve na ilegalidade. • Tenentismo As revoltas militares nos períodos de 1922 a 1927 não tiveram a atuação da cúpula das Forças Armadas, que se mantiveram alheias aos anseios dos seus subordinados. O movimento tenentista teve dois períodos: antes de 1930, quando era contra o governo da República, e depois de 1930, quando o movimento visava atender aos interesses dos tenentes. Iniciou‑se com a Revolta do Forte de Copacabana e, dois anos depois, em 5 de julho de 1922, explodiu em São Paulo. Em 27 de julho, o movimento abandonou a cidade e se encontrou com a coluna Prestes. No Rio Grande do Sul havia eclodido a revolta tenentista em outubro de 1924, sob a liderança do tenente João Alberto e o capitão Luís Carlos Prestes. Depois de vários combates, eles se deslocaram até o Paraná, unindo‑se com as forças paulistas, e, em abril de 1925, decidiram percorrer o Brasil.91 REPÚBLICA VELHA Objetivo: a revolução e levantar a população contra as oligarquias para diminuir as desigualdades sociais. A coluna percorreu cerca de 24 mil quilômetros até março de 1927. O movimento era essencialmente composto por tenentes, oriundos da classe pobre e que vieram integrar o Exército como opção de carreira profissional. Consideravam‑se a salvação nacional, mas devido às limitações na formação, em alguns momentos, foram taxados de defender os interesses da classe média. 7.3 Arte e sociedade: a Belle Époque Uma realidade completamente oposta a dos trabalhadores. De origem francesa, essa época representa uma mudança cultural, uma abertura para novas formas de expressão da arte, literatura, música e dança. Junto com a modernidade, novos hábitos sociais são introduzidos. A moda foi seu maior marco no Brasil: os vestidos mais leves e com rendas davam mais mobilidade às mulheres. Figura 22 No Brasil, o movimento durou entre 1889 e 1922, quando explodiu o Movimento Modernista, com a realização da Semana de Arte Moderna. Nesse período surgiram os cabarés, o cancan e o cinema. O Brasil possuía uma forte admiração pela cultura francesa. A elite brasileira fazia visitas a Paris para ter acesso à cultura e à moda, ir a Paris significava “europeizar‑se” (MATTOS, 2006, p. 393). É na segunda metade do século XIX, que a influência francesa atinge o seu auge no Brasil, determinando os modelos da vida social e cultural, através das suas 92 Unidade IV referências intelectuais e filosóficas, como as da pintura, da decoração, da culinária e da moda. Na maioria dos textos da extensa lista de cronistas que caracterizaram a vida na cidade no final dos oitocentos, é frequente a referência ao “novo”, mesmo que, por vezes, não aparecesse associado ao urbano, pois, aparentemente, o “novo” não poderia vencer a resistência do passado. Muitos cronistas saudavam esse tempo de progresso convictos de que tudo nele inspirava a mudança da fisionomia urbana exigida por uma metrópole. No Rio de Janeiro, um cronista da revista Fon‑fon resumiu todo esse espírito num rápido comentário sobre o nome dos estabelecimentos recém inaugurados na Avenida Central: Café Chic é genial! Junto ao Chic temos o Rose – Maison Rose. Rose é otimismo, é a satisfação de viver... Chic e Rose – é a expressão do anseio da nova modernidade carioca... (SEVCENKO, 1983, p. 3). Nas lojas chiques, as balconistas atendiam em francês, pois falar francês era sinônimo de cultura e elegância. A pintura, a música e a literatura também seguiram o mesmo caminho. No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, novos hábitos foram introduzidos, como a etiqueta, a moda, a forma de se desenvolver os negócios. Se hoje falar inglês é essencial, naquele período falar francês era fundamental. Foi a época do auge das confeitarias, dos cafés, mulheres vestindo tafetás e chamalotes, conduzidas por cavalheiros de cartola, polainas e bengala, isso em uma cidade que no verão faz 40 ºC! Observação Tafetá é um tecido fino e acetinado trançado, que pode ser feito de seda, lã ou sintéticos. Tem sua origem na antiga Pérsia e, na atualidade, a China é a maior produtora. Chamalote é um tecido grosseiro de lã de camelo ou de lã e seda, muito usado na Idade Média, em especial pelas mulheres. A vida moderna impôs um novo ritmo de vida. Os negócios se tornaram mais rápidos, as decisões, mais ágeis, e a comunicação era mais rápida, já que agora havia o telefone e o telégrafo. O homem teve que se adaptar ao novo tempo: Na percepção do grande poeta, Olavo Bilac, a vida moderna chegara, acelerando o tempo e impondo um novo ritmo à capital do País. Segundo Bilac, “os homens de hoje são forçados a pensar e executar, em um minuto, o que seus avós executavam em uma hora. A vida moderna é feita de relâmpagos no cérebro e rufos de febre no sangue (PECHMAN; LIMA JUNIOR, 2005, p. 36). 93 REPÚBLICA VELHA Foram criados os salões literários, nos quais as mulheres de famílias ricas se reuniam para apresentar seus talentos: literatura, música, pintura, requisitos essenciais para um bom casamento. Esses salões, por outro lado, retiraram a mulher do espaço privado, imposto no período do Império, para o espaço público, onde podiam se socializar, tornando‑se produtoras de cultura (MATTOS, 2006). Entretanto, a população trabalhadora era excluída totalmente do movimento, assistiam aos desfiles das elegantes senhoras e seus cavalheiros do outro lado da calçada. A realidade dos pobres, nesse período, era a retratada anteriormente: enquanto os ricos comiam brioches, os pobres sequer tinham pão. 7.4 Arte e sociedade: a Semana de Arte Moderna de 22 A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. Representou uma nova forma de expressão, uma arte mais livre, quebrando os paradigmas existentes, em especial valorizando a arte e a cultura brasileira. Seus idealizadores foram os pintores Di Cavalcanti e Menotti del Picchia, mas também participaram do movimento: Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Heitor Villa‑Lobos. A Semana levou para o teatro instalações de arquitetura, esculturas e exposições de telas, além de palestras, conferências e apresentações musicais. Os jornais da época fizeram uma ampla cobertura, conforme demonstra o acervo do jornal Estadão: Na programação do primeiro dia do festival, Graça Aranha, autor de “Canaã”, apresenta a conferência “A emoção estética na arte moderna”, ilustrada com músicas executadas pelo maestro Ernani Braga e por poesias de Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho. Este é também o dia em que Heitor Villa‑Lobos executa números de música de câmara, e o trio Paulina d’Ambrosio, Alfredo Gomes e Fructuoso de Lima Vianna toca violino, violoncelo e piano. Neste dia também, Ronald de Carvalho fala sobre “A pintura e escultura modernas no Brasil”, e os músicos George Marinuzzi, Orlando Frederico, Alfredo Gomes, Alfredo Corazza, Pedro Vieira e Antão Soares, além dos já citados, executam composições de Villa Lobos (SEMANA..., 1922). O evento não agradou a elite paulista, defensora do modelo europeu, que vaiou e não poupou críticas ao movimento. A Semana não foi tão significativa na época, na verdade ficou restrita ao meio intelectual. A sua importância se refletiu no tempo. O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional. Dessa Semana surgiram vários herdeiros, como o Movimento Pau‑Brasil, o Movimento Verde‑Amarelo e Grupo Anta e o Movimento Antropofágico. 94 Unidade IV 7.5 Os projetos sociais e artísticos para um Brasil Novo O período de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930 foi um período de grande ebulição política, econômica, social e cultural. Chegaram ao Brasil inúmeros imigrantes, das mais variadas origens: poloneses, japoneses, turcos, judeus, alemães, portugueses e italianos, além dos africanos, que já haviam chegado antes. Tabela 7 – Imigrantes chegados a São Paulo, por quinquênios, segundo a nacionalidade (1885‑1919) Data Portugueses Italianos Espanhóis 1885/1889 18.486 137.637 4.843 1890/1894 30.752 210.910 42.316 1895/1899 28.259 219.333 44.678 1900/1904 18.530 111.039 18.842 1905/1909 38.567 63.595 69.682 1910/1914 111.491 88.692 108.154 1915/1919 21.191 17.142 27.172 Fonte: Patarra (1987, p. 304 apud SALLES; SANTOS, 1998, p. 68). Tabela 8 – População total e estrangeira – Estado de São Paulo (1890‑1940) Data População total População estrangeira % 1890 1.384.753 75.030 (5,42%) 1900 2.822.790 478.417 (20,96%) 1920 4.592.188 829.851 (18,07%) 1940 7.180.316 814.102 (11,34%) Fonte: Patarra (1987, p. 305 apud SALLES; SANTOS, 1998, p. 69). 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 18 20 ‑ 1 82 9 18 30 ‑ 1 83 9 18 40 ‑ 1 84 918 50 ‑ 1 85 9 18 60 ‑ 1 86 9 18 70 ‑ 1 87 9 18 80 ‑ 1 88 9 18 90 ‑ 1 89 9 19 00 ‑ 1 90 9 19 10 ‑ 1 91 9 19 20 ‑ 1 92 9 19 30 ‑ 1 93 9 19 40 ‑ 1 94 9 19 50 ‑ 1 95 9 19 60 ‑ 1 96 9 19 70 ‑ 1 97 5 Figura 23 – Imigração no Brasil (1820‑1975) 95 REPÚBLICA VELHA Essa mistura de culturas e costumes compôs a população brasileira. Além da mudança de sistema político, foram criadas indústrias nacionais, houve um crescimento das cidades e surgiram as revoltas sociais e militares. Dessa confluência nasceu o sentimento nacionalista, tão bem explicitado na Semana de Arte Moderna. Além disso, como já vimos, a crise externa acarretou a crise interna, influenciando a mudança da economia, que visava à exportação para atender às necessidades internas de consumo. Ocorreu uma mudança essencial da economia e a prioridade de atender ao mercado interno. Para que isso ocorresse, foi necessária a organização do Estado, organizar os governos locais e centralizar o poder no governo federal. O país estava se modernizando, as cidades precisavam atender a essa demanda. Nesse período surge a necessidade de criar espaços públicos semelhantes aos europeus. Higienizar, criar espaços amplos, limpos, puros, sem a presença de miseráveis e maltrapilhos. No Rio de Janeiro ocorreu a política higienista, assim como em São Paulo e em outras capitais. Os pobres foram retirados das regiões centrais e deslocados para as periferias. Os centros foram transformados em centros econômicos e culturais. Contudo, não foi somente no espaço urbano que ocorreram as mudanças: em nível cultural houve o reconhecimento do samba, chorinho, xaxado. Outras representações nacionais também passaram a integrar o nosso arcabouço cultural. Não podemos deixar de reconhecer que a mistura com tantas culturas efetivamente influenciou a nossa música, comida, costumes e as mais diversas formas de expressão, inclusive linguística, pois as diferenças de sotaques regionais têm a influência direta da imigração. A República nasceu com uma nova configuração social que influencia a nossa identidade até hoje. A forma de fazer política é praticamente a mesma, as manifestações populares também, assim como a falta de compromisso com o público e a prevalência do interesse do privado, além de outras questões sociais. Foi exatamente essa inversão de valores que determinou o fim da 1ª República. 8 REVOLUÇÃO DE 1930 O governo de Washington Luís foi relativamente tranquilo. Os desentendimentos começaram quando, descumprindo a política do café com leite, ele indicou um paulista como seu sucessor: Júlio Prestes. A oposição lançou a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas, com o vice João Pessoa. Em plena campanha eleitoral estourou a crise mundial de outubro de 1929. Com a crise, os preços internacionais caíram bruscamente. Surgiu um forte desentendimento entre os fazendeiros e governo federal. O governo federal se recusou a conceder novos empréstimos aos fazendeiros. 96 Unidade IV Uma onda de descontentamento se levantou em São Paulo. Realizou‑se um congresso de lavradores em fins de dezembro de 1929/janeiro de 1930, no qual o governo foi violentamente atacado (FAUSTO, 2014, p. 321). Apesar dos problemas enfrentados pelo governo federal e pela adesão de mais partidos políticos na oposição, as forças ainda estavam equilibradas. Em 26 de julho de 1930, o líder político João Pessoa foi assassinado em Pernambuco, sendo transformado no mártir da revolução. Seu enterro ocorreu no Distrito Federal e foi acompanhado por uma multidão. A revolução estourou em Minas e no Rio Grande do Sul, em 3 de outubro de 1930. No Nordeste, o movimento eclodiu no dia 4, de madrugada. Getúlio Vargas marchou com seus soldados rumo ao Rio de Janeiro, onde chegou de trem no dia 3 de novembro de 1930. O homem que, no comando da nação, iria insistir no tema da unidade nacional, fez questão de fazer transparecer naquele momento seus traços regionais. Desembarcou na capital da República em uniforme militar, ostentando um grande chapéu dos pampas. O simbolismo do triunfo regional se completou quando os gaúchos foram amarrar seus cavalos em um obelisco existente na Avenida Rio Branco. A posse de Getúlio Vargas na presidência, a 3 de novembro de 1930, marcou o fim da Primeira República e o início de novos tempos, naquela altura ainda mal definidos (FAUSTO, 2008, p. 325). E assim morreu a Velha República. Exemplo de AplicaçãoExemplo de Aplicação Pesquise as mudanças ocorridas após a revolução de 1930 com o 1º governo de Getúlio Vargas.Pesquise as mudanças ocorridas após a revolução de 1930 com o 1º governo de Getúlio Vargas. Lembrete A crise mundial de 1929, a queda da bolsa em Nova Iorque, interferiu diretamente na revolução de 1930. Observação Em história, sempre temos que analisar o conjunto dos fatores que influenciaram as grandes mudanças. 97 REPÚBLICA VELHA Lembrete O movimento anarquista influenciou a organização dos primeiros sindicatos de trabalhadores no Brasil. Grande parte, eram operários vindos da Europa. As principais propostas eram: igualdade entre homens e mulheres, fim do Estado, educação revolucionária e apropriação dos meios de produção pelos trabalhadores. Saiba mais O filme a seguir pode propiciar uma inter‑relação com os conteúdos da unidade: A GUERRA dos pelados. Dir. Sylvio Back. Brasil: Paraná Filmes, 1971. 98 min. Leia também a obra a seguir: SCHWARCZ, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. Resumo Nesta unidade estudamos como o café revolucionou a sociedade brasileira. Foi graças a sua produção que houve a mudança política. Seus recursos possibilitaram a industrialização, que gerou novos atores na sociedade, os operários. As inúmeras crises econômicas, em grande parte pela total dependência da exportação de café, geraram inúmeras dificuldades econômicas, como a inflação e o desemprego. Tais crises possibilitaram a formação dos movimentos sociais e operários, criando os sindicatos e as primeiras legislações operárias. Além disso, a riqueza possibilitou um refinamento da elite, exibido com os costumes e a moda. Uma parcela da elite brasileira demonstrou o seu descontentamento por meio da cultura e das artes, ostentando obras que valorizaram a cultura nacional. 98 Unidade IV Em resumo, a República Velha nasceu sem uma revolução armada, mas gerou uma grande revolução na sociedade, nos costumes e na economia, ampliando ainda mais o abismo entre os ricos e os pobres que influencia a sociedade brasileira até hoje. Exercícios Questão 1. A Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, foi uma das mais importantes revoltas populares ocorridas na Primeira República. De modo geral, ela reflete uma característica comum de grande parte dos movimentos populares do início do século, a saber: A) A clareza dos projetos políticos em torno de causas populares, resultado de um avanço expressivo da alfabetização da população. B) O conservadorismo presente em tais movimentos, já que a Revolta da Chibata foi uma revolta dos altos oficiais da Marinha contra a abolição da escravidão e pelo retorno à monarquia. C) A falta de projetos políticos bem definidos – com alguma exceção feita à Greve de 1917 e aos movimentos tenentistas – e a reação popular contra aspectos específicos da política e das relações sociais. D) A total “bestialização” da população que, aparvalhada, não se importava com política e nem mesmo reivindicava melhores condições de vida. A Revolta da Chibata, no caso, foi uma exceção à regra. E) À difusão dos ideais socialistas no Brasil após o massacre de operários em 1905, na Rússia, motivo para que Lênin convocasse a Segunda Internacional Comunista. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a população era ainda majoritariamente analfabeta e as revoltas não tinham um conteúdoclaro, sendo, em sua maior parte, reações contra as medidas governamentais e contra a situação de miséria vivida por grande parte das pessoas. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a Revolta da Chibata foi um movimento contra os maus tratos sofridos pelos marinheiros, em sua maioria negros. A chibata era usada como um instrumento de punição e estava associada aos tempos de escravidão. 99 REPÚBLICA VELHA C) Alternativa correta. Justificativa: por isso é difícil concluir que a população esteve totalmente à margem da política, embora se manifestasse ao seu modo contra situações específicas. D) Alternativa incorreta. Justificativa: como já afirmamos, a população participava ao seu modo da política, mesmo excluída da possibilidade de ocupar cargos políticos. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o socialismo só será popular no Brasil após a Revolução Russa, já na década de 1920. Os movimentos de esquerda eram, majoritariamente, anarquistas até o final da década de 1920. Questão 2. Qual dos fatores a seguir pode explicar a decadência da Primeira República no Brasil? A) A participação do Brasil na Segunda Guerra e o alinhamento com os EUA na Guerra Fria. B) A Crise de 1929, a queda vertiginosa dos preços do café e o surgimento de uma burguesia industrial. C) A indicação de um mineiro, Antonio Carlos de Andrada, pelo presidente paulista em exercício, Washington Luís, para sucedê‑lo. Tal indicação seria a consolidação da prática do “café‑com‑leite” e, por isso, as oligarquias dissidentes se revoltaram e destituíram o presidente. D) Os conflitos entre o Marechal Deodoro da Fonseca e o Congresso Brasileiro, que destituiu o militar com base na lei do Impeachment. E) A decadência da indústria nacional, em alta desde o sucesso das reformas propostas pelo Barão de Mauá, ainda no império. Resolução desta questão na plataforma. 100 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 PRADO JUNIOR, C. História econômica do Brasil. 26. ed. São Paulo: Brasiliense,1981. p. 121. Figura 2 CORREIO PAULISTANO. São Paulo, 15 de maio de 1888. n. 9511. Figura 3 A PROVINCIA DE SÃO PAULO. São Paulo, 16 de novembro de 1889. Figura 4 FIGUEIREDO, A. de. O Martírio de Tiradentes. 1893. Figura 5 BRASIL. Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio. Directoria Geral de Estatística. Recenseamento do Brazil. Rio de Janeiro, 1920. p. 7. Disponível em: <https://archive.org/details/ recenseamento1920pop2>. Acesso em: 22 jun. 2015. Figura 6 GUERRA SOCIALE, São Paulo, 30 de setembro de 1916. p. 2. Figura 8 O PARAFUSO. São Paulo, 19 de maio de 1920. p. 1. Figura 9 GUERRA SOCIALE. São Paulo, 20 de maio de 1916. Figura 10 A PLEBE. São Paulo, anno II, n. 6, 29 de março de 1919. Figura 11 A LANTERNA. São Paulo, 27 de fevereiro de 1915. 101 Figura 12 A PLEBE. São Paulo, 9 de junho de 1917. p. 1. Figura 13 A LANTERNA. São Paulo, 15 de abril de 1916. p. 2. Figura 14 GUERRA SOCIALE. São Paulo, 11 de agosto de 1917. Figura 15 A PLEBE. São Paulo, 29 de março de 1919. p. 2. Figura 16 A PLEBE. São Paulo, 9 de julho de 1917. p. 1. Figura 17 A PLEBE. São Paulo, 9 de junho de 1917. p. 3. Figura 18 A PLEBE. São Paulo, 16 de junho de 1917. p. 1. Figura 19 BIONDI, L. A greve geral de 1917 em São Paulo e a imigração italiana: novas perspectivas. Cad. AEL, v. 15, n. 27, 2009. p. 48. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/repositorio/bibliotecaDigital/20791_ arquivo.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2015. Figura 20 A CAPITAL. São Paulo, 13 de julho de 1917. p. 1. Figura 21 A GAZETA. São Paulo, n. 3.438, 11 de julho de 1917. p. 1. 102 Figura 22 MATTOS, M. de F. da S. C. G. Representações da Belle‑Époque. A Ilusão e as Marcas de uma Sociedade em Transformação. II ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE – IFCH/UNICAMP, 2006. Anais... Campinas: Unicamp, 2006. p. 296 Figura 23 MARTINS JUNIOR, A. L. Campanha abolicionista. G1, [s.d.]. Disponível em: <http://educacao.globo.com/ historia/assunto/imperio‑brasileiro/campanha‑abolicionista.html>. Acesso em: 23 jun. 2015. REFERÊNCIAS Audiovisuais AS BICICLETAS de Belleville. Dir. Sylvian Chomet. França: Casablanca Filmes, 2003. 82 min. 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