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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II INTRODUÇÃO É um exame mais simples que o exame da sensibilidade, em que não será necessário a cooperação do paciente para executá-lo. Pode-se analisar o tônus muscular e reflexo do paciente. Nós temos a motricidade voluntária (a que o paciente realiza por vontade própria), motricidade reflexa (nós fazemos o estímulo e observamos a resposta a esse estímulo) e a motricidade automática (aquela em que fazemos sem pensar, como o longo do caminho). MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA Iremos fazer uso de basicamente 2 neurônios: 1o neurônio motor ou neurônio superior – aquele que sai do córtex e vai se projetar para a região mais baixa 2o neurônio motor ou neurônio inferior – aquele que sai do SNC e vai para o músculo. Cada neurônio motor sai de uma área correspondente do córtex, passa pelo tronco encefálico até chegar a região que ele irá inervar. Coroa radiada Local onde os nervos se afunilam. Cápsula interna Local que os nervos se unem. No bulbo tem a decussação das pirâmides região em que as fibras se cruzam e se encaminham pela medula (na região lateral) até o local de destino com sentido contralateral. As fibras que não se cruzarem seguem pela região anterior da medula. Se houver a movimentação da musculatura dos olhos ou da face, o neurônio NÃO vai até a medula! Ele sai do córtex e fará sinapse no tronco cerebral, nos núcleos dos nervos cranianos (dará o nome de feixe corticonuclear). Mas as fibras que irão inervar as diferentes partes do corpo, como os membros, sairão do córtex, passarão pela cápsula interna, pelo tronco cerebral, cruzam no bulbo e seguem pela medula espinhal (dará o nome de feixe corticoespinhal). Uma grande parte dessas fibras corticoespinhais seguem pela parte lateral da medula (feixe corticoespinhal lateral – o mais importante feixe da motricidade voluntária, conhecido como via piramidal). Esse feixe está relacionado a movimentos mais elaborados, de extremidades. As fibras que não se cruzarem seguem pela região anterior da medula (feixe corticoespinhal anterior). Relacionados a movimentos mais simples, os posturais e de tronco. O primeiro neurônio seguirá o percurso já descrito, entrará no H medular e fará sinapse com o segundo neurônio motor que irá pela raiz anterior da medula até o músculo, promovendo a contração muscular. Se o paciente não realiza o movimento, ele pode ter uma alteração no primeiro neurônio, no segundo neurônio, pode estar na junção neuromuscular ou pode estar no músculo. Unidade motora é composta pelo segundo neurônio motor + as fibras que ele inerva. É a via final do movimento. Existem doenças que só acometem essa unidade. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II MOVIMENTOS ATIVOS Peço para o paciente obedecer aos meus comandos: levantar braço esquerdo, dobra a perna, abra a boca... FORÇA MUSCULAR Classificação de força: Grau 0: sem contração (presente na plegia). Grau 1: esboço de contração, mas sem movimento (vejo a fibra se contrair, mas o membro não se mexe. Também presente na plegia) Grau 2: existe movimento desde que ele não precise vencer a gravidade (mexe o braço, mas não consegue levantar o braço no sentido contra a gravidade) Grau 3: consegue vencer a gravidade, desde que não haja nenhuma outra resistência (como um peso). Grau 4: faz o movimento contra uma resistência pequena e por um tempo curto. Grau 5: força normal Existe também a abdução e adução dos dedos, preensão palmar (dar seus dois dedos para o paciente “apertar”), adução e abdução da coxa, extensão do quadril, flexão do joelho, flexão do quadril e flexão plantar (pede para o paciente andar na ponta do pé). OBS.: sempre colocar a resistência contrária ao movimento que o paciente irá fazer. Manobras deficitárias: manobras que irão acentuar pequenas diferenças de força, são usadas quando há dúvida entre os graus 4 e 5. Manobra de Mingazzini: paciente em decúbito dorsal, faz a flexão da coxa e da perna 900 e mantem essa posição sem encostar uma perna na outra por 2 minutos. Se houver déficit de força, o lado do déficit é o que está acometido. Se cai na coxa, o problema é proximal. Se cai na perna a fraqueza é distal. Se cai tudo a fraqueza é global. Manobra de Barré: paciente em decúbito ventral, faz a flexão da perna sobre a coxa, permanece por 2 minutos e observa se há o caimento da perna. Flexão do braço Extensão do cotovelo Abdução do ombro Extensão do punho Flexão do punho ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II OBS: Mingazzini para membros superiores ou manobra dos braços estendidos. COORDENAÇÃO MOTORA Cerebelo - função de coordenação motora. Ele não tem função de equilíbrio. Cerebelo recebe a informação do córtex com a ideia do movimento e recebe a informação do musculo com a ação realizada, e compara se as duas são iguais (a ideia e a ação) para corrigir o movimento caso ele esteja errado. Prova dedo-nariz (com o olho aberto e fechado) se com o olho aberto eu consigo e com o olho fechado não, há um problema na propriocepção e não lesão cerebelar. Prova dedo-nariz-dedo (desloca o dedo no espaço para ver se ele acompanha) Calcanhar-joelho Diadococinesia (capacidade de realizar movimentos alternados e rápidos) pede o paciente para bater o dorso da mão e a palma da mão na coxa) Sinergismo de tronco (paciente deitado, pede-se para cruzar os braços no peito e pede para ele levantar sem as mãos, apenas fletindo/prendendo a perna na maca). Hemisférios cerebelares: responsável pelas 4 primeiras manobras, tem a função de coordenar movimentos finos, mais precisos. Vermis cerebelar/região central: responsável pelo sinergismo do tronco. Movimento proximal Alterações: Dismetria - erra o alvo Disdiadococinesia - dificuldade de realizar movimentos alternados e rápidos. Dissinergismo de tronco - paciente não coordena os movimentos do tronco. Ele levanta o tronco e os joelhos inferiores ao mesmo tempo. Decomposição de movimentos – lesão cerebelar em que o movimento não fica contínuo, ele vai em etapas. Tremor de ação - quando vai realizar um movimento, ele treme. Disartria – alteração da fala por lesão neurológica fora da área de linguagem. A fala cerebelar/escandida é uma fala arrastada. Marcha cerebelar – marcha atáxica, sem direção. Como não consegue coordenar o movimento, ele abre os braços e anda sem direção. TÔNUS MUSCULAR Grau mínimo de contração muscular mesmo em repouso. A avaliação do tônus muscular é feita mobilizando a articulação do paciente (eu movimento o membro do paciente) para saber se tem alguma resistência, se está muito flácido ou mais enrijecido. Pode-se encontrar 2 alterações no tônus: HIPERTONIA (AUMENTADO) ESPÁSTICA: Lesão na via piramidal (primeiro neurônio). ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II No membro superior há um predomínio da musculatura flexora e no membro inferior há um predomínio da musculatura extensora. É elástica. Sinal do canivete resistência inicial do movimento. OBS.: Marcha hemiplégica não consegue dobrar a perna. PLÁSTICA Hipertonia em todos os músculos do segmento afetado (extensores e flexores). Lesão dos núcleos da base. É plástica. Rigidez em cano de chumbo: a posição que você colocar o paciente ele irá ficar. encontrado nas síndromes parkinsonianas. OBS.: sinal da roda denteada - sinal de parkinsonismo, em que você terá uma resistência na ação. HIPOTONIA (DIMINUÍDO) Lesão periférica no nervo periférico, lesão no segundo neurônio motor, lesão naraiz espinhal, na medula. em suma, lesões periféricas ou no segundo neurônio motor. Alteração da via aferente do tônus (sensitiva) ou na eferente (motora). Via piramidal modula o tônus, e ele está presente na região do H medular. MOTRICIDADE REFLEXA Ocorre na via medular. A via piramidal irá modular o reflexo. REFLEXOS PROFUNDOS Faço o estimulo nos tendões ou músculos. Parece com o tônus. Reflexo diminuído: lesão na via sensitiva ou motora, lesão no segundo neurônio motor, lesão de raiz. Reflexo aumentado: lesão na via piramidal (primeiro neurônio). REFLEXOS SUPERFICIAIS Faço o estímulo na pele. Nesse caso, a via piramidal ajuda o reflexo acontecer. Reflexo diminuído: lesão na via sensitiva ou motora, lesão no segundo neurônio motor, lesão de raiz e lesão piramidal. CLASSIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS REFLEXAS 0 – Ausência de resposta +1 – Hiporreflexia +2 – Normorreflexia +3 – Hiperreflexia +4 – Hiperreflexia com clônus transitório +5 – Hiperreflexia com clônus sustentado Clônus: resposta sustentada em um teste de reflexo profundo. EXEMPLOS DE REFLEXOS PROFUNDOS Bicipital (C5) - paciente deixa o braço fletido, palpa o tendão do bíceps e percute em cima do dedo ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II EXEMPLOS DE REFLEXOS SUPERFICIAIS OBS.: Sinal de Babinski: extensão dos dedos. Lesão de via piramidal. Sucedâneos do Babinski OBS.: Em pacientes amputados, faz-se o sinal Brissaud, que consiste em uma contração muscular acentuada do reflexo da fáscia lata após estímulo na planta do pé. Sinal de lesão piramidal. MOTRICIDADE AUTOMÁTICA Observar como o paciente se manifesta por movimentos automáticos. Marcha; fala; mímica; adaptações posturais Estilo-radial (C6) - paciente com a mão em pronação faz o movimento de supinação quando percute. Triciptal (C7) – percussão no tríceps do paciente, fazendo a extensão Patelar (L4) – paciente com a perna pendente, você palpa a patela e logo abaixo tem o tendão (local da percussão) Aquileu (S1) – percussão do tendão calcâneo fazendo a flexão plantar do pé. Cutâneo- abdominal (T8- T12) – estímulo sempre de fora para dentro e na direção da cicatriz umbilical. Cutâneo-plantar (S1) – estimulo da borda lateral do pé até pouco antes dos dedos faz a flexão dos dedos. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II - Tipos de marcha: Marcha em pequenos passos – comum em Parkinson. Não levanta o pé pra andar, tronco inclinado para frente e as vezes tem tremor no lado comprometido. Marcha cerebelar – sem direção. Marcha escarvante – não consegue levantar a ponta do pé. Marcha anserina – lesão muscular por fraqueza proximal e ele não consegue levantar a coxa. Movimentos involuntários anormais - Tremor: movimento oscilatório em torno de um eixo. De Parkinson: tremor em repouso, quando movimenta o tremor para. De ação: tremor inicia quando realiza movimento. Postural: treme quando necessita sustentar a postura. - Coréia: movimento involuntário, principalmente nas extremidades. - Balismo: movimento brusco, violento e mais proximal. - Miofasciculação: contração de fibras musculares que nem sempre fazem movimento nos membros. Músculo “pulando”. - Mioquimia: ligada à ansiedade. Presente nos olhos, na boca. - Mioclonia: contração rápida. Ocorre em algumas epilepsias, no sono (sensação de estar caindo), soluço. - Tiques: movimentos que quebram uma sequência motora normal e surgem sem nenhum propósito. Embora seja involuntário, o paciente percebe que vai fazer, conseguindo controlar por um tempo. Porém, quanto mais controla o tique, mais ansioso fica. SÍNDROMES MOTORAS Lesão da via piramidal Hipertonia espástica, hiperreflexia profunda, hiporreflexia superficial, sinal de Babinski, clônus. Síndrome piramidal com o tônus aumentado e reflexo aumentado não acontece de imediato, o paciente primeiramente tem a fase de choque (fica flácido: sem força, sem reflexo, sem tônus). Depois é que isso vai se transformar em aumento de tônus e aumento do reflexo. Extra-piraminal Tudo o que não é piramidal. - Síndrome Parkinsoniana: Tremor em repouso, bradicinesia (lentidão no movimento) hipertonia plástica e instabilidade postural. - Síndrome coreica: hipotonia e movimentos involuntários. Cerebelar Incoordenação, fala arrastada, apraxia da marcha. Neurônio motor inferior Tônus diminuído, reflexo profundo diminuído e miofasciculações. Radicular Pega a raiz, então há alteração da sensibilidade em faixa. Fraqueza e diminuição do reflexo afetado.
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