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1 Anatomia e Fisiologia • SN é revestido por pele→ crânio→ dura máter→ aracnoide→ pia máter→ cérebro • Cérebro: o Lobo frontal: motricidade, função executiva, tomada de decisões e controle dos esfíncteres o Lobo parietal: sensibilidade (integração das sensibilidades), principalmente tátil e dolorosa e interpretação dos estímulos sensoriais o Lobo occipital: visão e noção visual-espacial o Lobo temporal: linguagem, memória e função viso-espacial o Corpo caloso: estrutura central do cérebro que faz comunicação dos 2 hemisférios. o Vascularização: ▪ Circulação anterior: irriga quase 70% de todo o tecido encefálico (lobo frontal, parietal e temporal) por meio das 2 artérias carótidas internas. ▪ Circulação posterior: irriga o restante do tecido encefálico (occipital, tronco encefálico e cerebelo) por meio das 2 artérias vertebrais e basilar Semiologia Neurológica 2 • Células do SN: o Neurônios: ▪ Corpo celular, com dendritos e axônios ▪ Corpo celular fica na substância cinzenta (mais externa) e axônios ficam na substância branca (mais interna) ▪ Mielina é produzida por oligodendrócitos no SNC e pelas células de Schwann no SNP, que fornecem mielina para os neurônios dos nervos periféricos ▪ Comunicação entre os neurônios ocorre por meio de outros axônios ou sinapses. São revestidos de mielina para condução nervosa mais eficiente o Células da Glia: oligodendrócitos, células de Schwann, células ependimárias e astrócitos • Sistema Nervoso Central o Encéfalo ▪ 4 regiões: telencéfalo, diencéfalo, tronco encefálico e cerebelo ▪ 2 hemisférios divididos em lobos frontal, parietal, temporal e occipital ▪ SNC do encéfalo é uma vasta rede de neurônios interconectadas, formadas por corpos celulares e axônios (longa fibras únicas que conduzem impulsos para outras partes do sistema nervoso. ▪ Substância Cinzenta: • Agregados de corpos celulares de neurônios • Localização: bordas dos hemisférios cerebrais, formando o córtex cerebral ▪ Substância Branca: • Axônios neuronais recobertos por mielina • Bainhas de mielina (coloração branca)→ tornam possível o avanço rápido dos impulsos nervosos ▪ Outros agregados de substância cinzenta • Núcleos da base→ influenciam no movimento • Tálamo e hipotálamo→ diencéfalo o Tálamo: processa impulsos sensoriais e os retransmite para córtex cerebral. 3 o Hipotálamo: influencia o sistema endócrino e governa os comportamentos emocionais. ▪ Cápsula interna: parte da substância branca • Lugar onde fibras mielinizadas vindas de todas as partes do córtex cerebral convergem e descem para o tronco encefálico. o Tronco encefálico ▪ Conecta parte superior do encéfalo com a medula espinal ▪ 3 seções: mesencéfalo, ponte e bulbo (medula oblonga) ▪ A consciência depende da interação dos hemisférios cerebrais com o sistema ativador reticular que está no diencéfalo e na parte superior do tronco encefálico o Cerebelo ▪ Na base do encéfalo ▪ Coordena todos os movimentos e ajuda a manter o corpo na posição ortostática no espaço o Medula Espinal: ▪ Abaixo do bulbo, o SNC se estende para a medula espinal, envolta pela coluna vertebral e termina no nível de L1 ou L2. ▪ Espessura é maior no segmento cervical, pois contém tratos nervosos para os membros superiores e inferiores ▪ Cauda equina: raízes lombares e sacrais percorrem a maior distância intraespinhal e se abrem, de modo semelhante ao rabo de um cavalo, em LI a LII ▪ Punções lombares: realizadas nos espaços entre as vértebras LIII e LIV ou LIV e LV. • Sistema Nervoso Periférico o Nervos cranianos e nervos periféricos que se projetam para o coração, vísceras, pele e membros o Controla sistema nervoso somático→ regula movimentos musculares e respostas às sensações táteis e álgicas o Controla sistema nervoso autônomo→ conecta com órgãos internos e gera as respostas reflexas autônomas ▪ SNA simpático: mobiliza órgãos durante estresse e estimulação ▪ SNA parassimpático: conserva energia e recursos durante períodos de repouso e relaxamento o Medula espinal contém substância cinza e branca ▪ Cinzenta→ agregados de núcleos de células nervosas e dendrito circundados por tratos brancos de fibras nervosas que conectam o encéfalo ao SNP 4 • Divisão somatotópica o Homúnculos separados pelo sulco central o Homúnculo Motor: ▪ Representação dos músculos no giro pré-central ▪ Músculo da boca, face e língua→ região lateral do lobo frontal ▪ Músculos do tronco, perna e mão→ mais mediais ▪ Lesão mais medial pode causar fraqueza na perna→ lesão crural o Homúnculo Sensitivo ▪ Giro pós central ▪ Lesão mais lateral provoca perda de sensibilidade da face ▪ Lesão mais medial pode causar perda da sensibilidade dos MMII ou do tronco • Via Motora o Córtex motor (1º neurônio motor)→ trato piramidal (axônio do neurônio motor passando pela substância branca)→ 2º neurônio motor na região do tronco (trato córtico-nuclear) ou na medula (trato córtico espinhal)→ 2º neurônio motor emite raízes espinais→ plexos→ nervos o Padrão de distribuição de Fraqueza: 5 ▪ Uni ou bilateral ▪ Unilateral→ irá envolver fibras nervosas que controlam os músculos da metade contralateral do corpo. • Isso ocorre devido ao cruzamento das fibras do trato corticoespinhal (decussação a nível das pirâmides bulbares). Assim, o córtex motor direito controla os músculos do hemicorpo esquerdo. • Existe uma pequena porção de fibras que não cruzam, as quais participam do controle motor do tronco (músculos axiais) • Via sensitiva o Neurônio sensitivo possui receptores mais distais, que se comunicam com a terminação nervosa, seguindo como um nervo o O nervo se junta a um plexo, que segue para as raízes espinhais→ medula espinhal→ trato sensitivo→ encéfalo. o Cada nervo sensitivo possui uma representação cutânea (dermátomo), que permite rastrear a raiz espinhal afetada no paciente o Dérmatomo: território cutâneo inervado por fibras da raiz dorsal e recebe o nome da raiz que a inerva. Representação sobre a sensibilidade cutânea de lesões que acometem as raízes dorsais o Hipoestesia: diminuição da sensação do tato→ tátil, dolorosa ou térmica Anamnese • Forma de instalação dos sintomas: o Aguda (seg-min) ▪ Indicativo de doença vascular→ AVE, trombose venosa, ruptura de aneurisma o Subaguda (horas-dias) ▪ Infecções, doenças autoimunes, intoxicações. o Crônica (semanas) ▪ Neoplasias, doença neurodegenerativas e carenciais • Evolução dos sintomas: o Doença remitente-recorrente: 6 ▪ O paciente possui uma doença, piora, volta ao normal e depois recomeça o ciclo o Doença progressiva (primária): tende a só piorar o Doença secundariamente progressiva: piora, depois melhora, depois piora de novo, porém, essa piora ocorre com progressão a cada episódio o Doença de progressão recorrente: paciente apresenta surto de piora sobrepostos a uma progressão continuada dos sintomas. • ISDAS o Alteração de comportamento, memória e humor o Mudança de fala, tom de voz, compreensão e/ou fluência o Alterações da visão: borrada, dupla, falhas nos campos de visão o Fraqueza: dificuldade de subir escadas, pegar algo no alto, abrir garrafas o Desequilíbrio: quedas e tonturas o Dificuldade de caminhar o Movimentos anormais→ crises convulsivas, tremor, postura anormal o Controle sobre a bexiga e evacuação o Dor cefaleia o Febre • HMP o HAS, tabagismo, aterosclerose, dislipidemia→ doença cerebrovascular o DM: doença cerebrovascular, demência e neuropatia periférica o Etilismo: deficiências vitamínicas, neuropatia periféricas doenças demenciais o Uso de drogas ilícitas o Imunossupressão→ neuro-infecção o Doenças reumáticas→ esclerose múltipla, neuro-lúpus doença de Devic (neuromieliteóptica) o DRC: alterações metabólicas, neuropatia, AVC o Hepatopatia→ encefalopatia hepática o TCE→ pode causar epilepsia e hidrocefalia o Uso de medicações→ intoxicações o Neoplasias→ metástase e síndrome paraneoplásicas o Vacinação e infecções→ síndromes pós vacinais e pós infecciosa, como encefalomielite difusa aguda o História do periparto e gestão: encefalopatias crônicas, nas quais as causas podem ser, por exemplo, hipóxia perinatal ou hemorragia intracraniana perinatal o Dificuldade escolar→ déficit intelectual o Medicamentos em uso: ▪ Anti-eméticos: sintomas extrapiramidais ▪ Neuroepilepticos: sintomas extrapiramidais ▪ Antidepressivos→ pernas inquietas ▪ Analgésicos: cefaleia crônica ▪ Anticolinérgicos→ delirium e demência ▪ Corticoides: miopatias ▪ Obs.: questionar sobre tratamentos tentados no passado e as doses, assim, identificar doses incorretas e ver se vale a pena tentar novamente ou não. • HF o Doenças hereditárias o Cefaleia o Epilepsia 7 o DCV o Demências o Internação psiquiátrica o Consanguinidade o Pais oriundos da mesma cidade o Morte inexplicável/esclerose/atrofia • Cefaleia: o Primárias: enxaqueca, cefaleia tensional, cefaleia em salvas e cefalalgias autônomas trigeminais o Secundárias: consequentes a causas estruturais, sistêmicas ou infecciosas subjacentes e potencialmente fatais o Avaliar intensidade, localização, duração e manifestações associadas. o Fatores de piora e melhora→ piora com espirro ou tosse, movimentos abruptos, que podem alterar as dinâmicas da pressão intracraniana o Febre, rigidez de nuca ou foco parameníngeo como otite, sinusite ou infecção da faringe→ meningite o Investigar sintomas incomuns: instalação abrupta, ocorrência após 50 anos de idade, paliedema e sinais neurológicos focai o Obs.: Hemorragia subaracnóidea →“a pior cefaleia que a pessoa já sentiu” com início instantâneo. o Tumores ou abcessos cerebrais→ cefaleia surda que se exacerba por tosse e espirros, especialmente quando recorrente na mesma localização, ocorre em lesões expansivas. o Enxaqueca → precedida por uma aura ou pródromo. ▪ altamente provável se existirem três dessas cinco condições: cefaleia pulsátil; duração de 1 dia, ou dura 4 a 72 h se não for tratada; unilateral; náuseas ou vômitos; incapacitante ou intensidade que compromete a atividade diária • Tontura ou vertigem o Pesquisar história medicamentosa, principalmente em idosos o O paciente sente como se fosse desmaiar (pré-síncope)? Ou apresenta desequilíbrio (ataxia)? Ou existe vertigem verdadeira, uma sensação de rotação do próprio paciente ou do ambiente? o Se o paciente apresentar vertigem verdadeira, estabeleça a cronologia dos sinais e sintomas, o que ajuda a distinguir entre os tipos diferentes de transtornos vestibulares periféricos o A vertigem frequentemente reflete doença vestibular, geralmente de causas periféricas na orelha interna, como vertigem posicional benigna, labirintite ou doença de Ménière o Se houver sintomas ou sinais de localização, tais como diplopia (visão dupla), disartria (dificuldade de formar palavras) ou ataxia (transtorno da marcha ou do equilíbrio), investigue causas centrais de vertigem. o Ataxia, diplopia e disartria fazem suspeitar de AIT ou AVC vertebrobasilar ▪ Considere, também, tumor da fossa posterior e enxaqueca com aura do tronco encefálico. • Fraqueza muscular: o É importante elucidar o que o paciente quer dizer – fadiga, apatia, tontura ou perda verdadeira da força muscular o Fraqueza motora verdadeira pode surgir do SNC, de um nervo periférico, da junção neuromuscular ou de um músculo. o A cronologia e a localização são especialmente relevantes. 8 ▪ A ocorrência da fraqueza muscular foi súbita, gradativa ou subaguda, ou crônica (ao longo de um período prolongado de tempo)? o Ocorre início abrupto dos déficits motor e sensorial no AIT e no AVC. o Início subagudo progressivo de fraqueza nos membros inferiores→ síndrome de Guillain– Barré. o Início crônico, mais gradual, de fraqueza nos membros inferiores ocorre em tumores primários e metastáticos da medula espinal. o Perguntas relevantes: Que áreas do corpo são afetadas? A fraqueza muscular é generalizada ou focal (na face ou em um membro)? A fraqueza muscular ocorre em um dimídio ou nos dois dimídios? Que movimentos são comprometidos? o Enquanto o paciente fala, deve-se tentar identificar os seguintes padrões: ▪ Proximal – no ombro e/ou na cintura escapular, por exemplo ▪ Distal – nas mãos e/ou nos pés ▪ Simétrico – nas mesmas áreas de ambos os lados do corpo ▪ Assimétrico – os tipos de fraqueza muscular incluem focal, em uma parte da face ou de um membro; monoparesia, em um membro; paraparesia, nos dois membros inferiores; e hemiparesia, em um hemicorpo. o Fraqueza muscular focal ou assimétrica → causas centrais (lesões isquêmicas, trombóticas ou expansivas) assim como periféricas, que variam desde lesão de um nervo até transtornos da junção neuromuscular e miopatia. o Fraqueza muscular proximal ▪ Simétrica com sensibilidade preservada→ miopatias secundárias ao etilismo, fármacos como glicocorticoides e distúrbios inflamatórios da musculatura, como polimiosite e dermatomiosite. ▪ Assimétrica→ miastenia gravis (transtorno da junção neuromuscular), fraqueza assimétrica que se exacerba aos esforços, frequentemente associadas a manifestações bulbares como diplopia, ptose, disartria e disfagia. ▪ É preciso perguntar se o paciente sente dificuldade em executar movimentos como pentear o cabelo, alcançar uma prateleira alta, levantar de uma cadeira ou subir escadas. ▪ A fraqueza muscular se exacerba com os movimentos repetidos e melhora após o repouso (sugerindo miastenia gravis)? Há manifestações sensoriais associadas ou outros sinais e sintomas? o Para identificar fraqueza muscular distal, é preciso perguntar sobre força na mão ao tentar abrir a tampa de um frasco ou ao usar uma tesoura ou chave de fenda. O paciente tropeça ao caminhar? ▪ Fraqueza bilateral predominantemente distal, frequentemente com perda sensorial, sugere uma polineuropatia, como no diabetes melito. • Dormência, sensibilidade anormal ou ausente: o Perguntar se sente “agulhadas”→ parestesia, disestesia o Perguntar se é mais uma analgesia→ ausência total de sensibilidade ou sensibilidade reduzida o Alterações sensoriais podem ser em diversos níveis: ▪ Compressão de um nervo→ nervo mediano, ulnar ou radial ▪ Compressão de raízes nervosas→ perda sensorial em dermatómo devido a osteófitos vertebrais ou hérnia de disco ▪ Lesões centrais→ AVC, esclerose múltipla o Disestesias→ toque leve ou teste com agulha causa sensação irritante ou dor em queimação ▪ Dor em queimação pode ocorrer na diabetes melito 9 o Importante estabelecer o padrão de perda sensorial ▪ A distribuição é em meia luva? ▪ Déficits são heterogêneos, não seguem o dermátomos? ▪ Ocorre em mais de um membro? ▪ Polineuropatias: padrão de perda sensorial em meia, depois em luva. Ex.: diabetes ▪ Mononeurite: múltiplas áreas heterogêneas de perda sensorial em membros diferentes. • Desmaio e blackout (quase síncope e síncope) o O primeiro passo é descobrir se o paciente realmente perdeu a consciência ▪ O senhor ouviu algum ruído ou vozes durante o episódio? ▪ Sentiu-se fraco ou como se fosse desmaiar, mas não perdeu totalmente a consciência?!. → quase síncope ou pré-síncope ▪ Síncope verdadeira→ perda abrupta, mas temporária da consciência e do tônus postural em decorrência de hipoperfusão global temporária do cérebro ▪ Importante ter uma descrição completa do evento • O que o paciente estava fazendo quando isso aconteceu? Estava em pé, sentado ou deitado? • Houve algum sinal de aviso? • Quanto tempo durou o episódio? • O paciente continuou ouvindo vozes? • É importante saber se o início e o final do episodio forma lentosou rápidos e se houve palpitações • Crises epilépticas o Súbita descarga elétrica excessiva pelos neurônios corticais o Epilepsia: dois ou mais episódios de convulsão que não são provocados por outras doenças ou circunstâncias ▪ Mais comum em lactentes e idosos ▪ Síndromes epilépticas generalizadas geralmente surgem na infância ou na adolescência o Nem sempre provoca perda de consciência o Pontos importantes: ▪ Movimento espasmódico associado dos MMII ou MMSS? ▪ Incontinência vesical ou fecal? ▪ Sonolência ou comprometimento da memória após o evento ▪ Início dos sinais e sintomas ▪ Mudança no padrão ou na frequência dos sintomas ▪ Consumo de medicamentos, álcool e outras drogas ▪ Verificar se o paciente sofreu TCE o Causas frequentes de crises epilépticas agudas: ▪ TCE ▪ Consumo de etanol ▪ Cocaína e outras substâncias psicoativas ▪ Abstinência de álcool ▪ Benzodiazepínicos e barbitúricos ▪ Agravos da glicemia alta ou baixos níveis de cálcio ou sódio ▪ AVC, meningite ou encefalite • Tremores ou movimentos involuntários 10 o Movimento oscilatório rítmico de uma parte do corpo que resulta de grupos musculares opostos o Transtorno do movimento mais comum o Perguntas importantes: ▪ Existência de tremores, abalos ou movimentos corporais involuntários ▪ Se o tremor ocorre em repouso ou não ▪ Se o tremor pior com movimentos voluntários ou com posturas? o Síndrome das pernas inquietas: ▪ Sensação desagradável nos MMII, principalmente à noite, que se intensifica com o repouso e melhora com a movimentação do membro. ▪ Causas reversíveis→ gravidez, doenças renais e deficiência de ferro o Doença de Parkinson ▪ Tremores unilaterais de baixa frequência em repouso, rigidez e bradicinesia o Tremor essencial ▪ Movimentos bilaterais, de alta frequência, dos MMSS ▪ Ocorre com o movimento dos dois membros e postura sustentada ▪ Geralmente cede quando o membro está relaxado Exame Físico • Etapas: o Estado Mental o Equilíbrio o Marcha o Sistema Motor o Sensibilidade o Sinais de Irritação meníngea o Pares Cranianos Estado Mental • Consciência: estado que permite ao individuo ter a percepção de si mesmo e do ambiente em que se encontra, além de responder a perguntas e comandos de uma forma clara, orientada e objetiva • Nível de Consciência (Quantidade) o Lucidez/vígil: percepção de si e do meio o Sonolência: paciente sonolento, mas com conteúdo organizado. Eles tendem a manter os olhos fechados ou alternar períodos de olhos fechados com olhos abertos o Obnubilação: sonolência e desorientação o Torpor: sonolência e queda da lucidez, com conteúdo anormal da consciência. Paciente mantém os olhos fechados, podendo ter abertura ocular ao estímulo doloroso o Coma: ausência de consciência o Escala de Glasgow ▪ Paciente vígil está atento e com olhos abertos e o em coma está com olhos fechados ▪ Estímulo doloroso pode ser feito na região de glabela (próximo a sobrancelha) ou do esterno ou na ATM ou no leito ungueal • Se houver retirada de estímulo, pode-se fazer um estímulo na face lateral do braço e na face medial • Se houver tentativa de retirada, significa que o paciente está localizando a dor. 11 • A retirada inespecífica não varia com o local de aplicação de estímulo o Decorticação: ▪ Postura anormal (flexora) rígida em braços e mãos dobrados para dentro (em adução) em direção ao corpo em forma de C, punhos cerrados e cotovelos flexionados, dedos das mãos flexionados para dentro e mantidos sobre o peito e pernas esticada em rotação interna. ▪ Há flexão plantar. ▪ Essa postura sugere lesão grave no cérebro, danos no trajeto dos nervos entre o cérebro e a medula espinhal o Descerebração ▪ Postura anormal (extensora), braços em adução, cotovelos em extensão rígida, antebraços em pronação, punhos e dedos das mãos flexionados, braços e mãos em posição de “E” com dedos flexionados para fora, perna rígidas em extensão ao joelho se mantêm esticados, os dedos dos pés apontados para baixo (flexão plantar) e a cabeça e pescoço esticados para trás ▪ Os músculos ficam tensos e se mantêm rígidos ▪ Comum em lesões de tronco cerebral, como mesencéfalo e ponte. • Conteúdo da Consciência (Qualidade) o Paciente pode estar vígil, mas ter ideia delirantes, alucinações e ilusões. 12 o Alterações de qualidade geralmente ocorrem em doenças psiquiátricas, podendo manifestar estados crepusculares, delirium, confusão mental e paranoia o Exame psiquiátrico, avaliar: ▪ Apresentação ▪ Linguagem e pensamento ▪ Sensopercepção ▪ Afetividade e humor ▪ Atenção e concentração ▪ Memória ▪ Orientação ▪ Consciência ▪ Capacidade intelectual ▪ Juízo crítico da realidade o Causas das alterações: ▪ Não estruturais: intoxicações, uso de drogas, distúrbios metabólicos e infecções ▪ Estruturais: traumas, tumores cerebrais, hemorragias cerebrais, isquemias cerebrais e convulsões. o Cognição ▪ Capacidade do cérebro em assimilar informações recebidas de diferentes meios ▪ Orientação • Capacidade de utilizar informações do meio para se localizar no tempo e no espaço • Para avaliar orientação de tempo: perguntar que dia é hoje, qual o mês, qual o ano • Para avaliar a orientação do espaço: perguntar local da consulta, cidade, país. ▪ Atenção • Capacidade de selecionar um estímulo e se concentrar nele • Inúmeros testes podem avaliar a atenção do paciente. Os mais simples incluem falar os meses ao contrário, soletrar palavras ao contrário, repetir sequencias numéricas de trás para frente ou de frente para trás. • Teste de Stroop: falar a cor da palavra do diagrama e não o que está escrito. Paciente que não consegue completar os testes adequadamente→ desatento ▪ Cálculo • Teste da subtração seriada de setes: pedir para o paciente subtrair 7 de 100 cinco vezes seguidas. ▪ Função executiva • Capacidade de planejar e executar tarefas • Trail-making test: consiste em o médico explicar como ligar os pontos e o paciente, a partir das instruções, ligar os pontos. 13 • Teste do relógio: paciente desenhar um relógio analógico, com todos os seus números e ponteiros grande e pequeno. o É um teste muito sensível para disfunção executiva leve, na qual o paciente possui dificuldade para desenhar o relógio mesmo que tenha sido aprovado em todos os outros testes. o Desenha apenas metade do relógio: heminegligência visual→ estímulos provenientes de um dos olhos não são processados pelo córtex. Esse distúrbio não é só de função executiva, como também de gnosia e processamento visuo-espacial • É necessário estar atento a pacientes analfabetos, pois podem não conseguir realizar o teste apenas por não saber os números ▪ Processamento visuo-espacial • Capacidade de identificar estímulos visuais simultaneamente em um mesmo espaço, ou seja, objetos interpostos • Pacientes com disfunções no processamento visuo-espacial→ não serão capazes de desenhar um cubo ou identificar letras maiores formadas por letras menores. ▪ Memória • Memória imediata: pedir para repetir 3 palavras, como vaso, carro e tijolo, e voltar a pedir para que repita depois de 5 minutos para testar a memória de curto prazo. • Memória de longo prazo: avaliar como ele conta a anamnese. ▪ Praxia • Capacidade de planejar e realizar ações motoras. • Pede-se ao paciente que use objetos simples, imite as ações do examinador ou reproduza ações de senso comum, como pentear o cabelo e escovar os dentes. • Apraxia→ incapacidade em realizar essas tarefas ▪ Gnosia • Capacidade de reconhecer estímulos provenientes de qualquer um dos 5 sentidos 14 • Agnosia: via sensorial intacta,mas há problema cortical o Prosopagnosia: incapaz de reconhecer rostos ▪ Retina e via óptica normal, mas possui uma alteração parieto- occiptal→ problema na interpretação cortical ▪ Pessoas com essa disfunção conseguem identificar familiares pela voz, mas não pelo rosto. Também conseguem ler e dirigir o Agnosia aperceptiva: incapacidade de correlacionar um objeto com sua função o Simultagnosia: incapacidade de reconhecer múltiplos objetivos simultaneamente o Agnosia associativa: incapacidade de reconhecer um objeto o Agnosia auditiva: incapaz de reconhecer sons o Agnosia tátil: incapacidade de associar a sensação tátil do objeto com o objeto. ▪ Musia • Capacidade de reconhecer ou reproduzir notas musicais • A perda desta função→ amusia • Pode ser avaliada reproduzindo duas melodias diferentes e questiona-se se de fato são diferentes→ teste da bateria de Montreal foi criado para esse fim ▪ Linguagem • Sulco lateral→ divide as estruturas corticais anteriores e posteriores da linguagem; • Estruturas anteriores a esse sulco (principalmente o giro frontal inferior, área de broca) estão relacionadas a produção do discurso; • Estruturas posteriores a esse sulco (principalmente a Área de Wernicke) estão relacionadas com a compreensão do discurso, • Fluência o Fluência verbal: pode ser testada na coleta da anamnese, avaliando-se a capacidade de o paciente pronunciar direito as palavras o Fluência semântica: pede-se para ele produzir o maior número de palavras pertencente a um determinado grupo semântico em um minuto. Ex.: nome de animais, coisas de supermercado. o Fluência fonêmica: pede-se para o paciente falar o maior número de palavras iniciadas por uma letra específica (A, F, M, P, S) em 1 minuto. o Afasias: problemas na produção e compreensão da fala e da escrita. Geralmente decorrem de lesão na área de Broca e Wernicke 15 o Afasia de Broca: dificuldade em expressar-se verbalmente ou pela escrita o Afasia de Wernicke: dificuldade de compreender fala ou escrita. o Afasia global: compreende tanto a dificuldade na articulação quanto na compreensão. o Outros problemas de fluência (podem ou não estar relacionados com o córtex: ▪ Disartria: dificuldade em articular palavras, como ocorre no Parkinson ▪ Dislalia: troca de uma letra ou sílaba por outra, como trocar “criança” por “cliança”. Pode ser por atraso psicomotor ou problema fonoaudiológico ▪ Ecolalia: repetição da última palavra dita, presente no espectro autista ▪ Disritmolalia: perturbação do ritmo da fala • Taquilalia: ritmo atropelado • Gagueira: ritmo interrompido • Geralmente decorrentes de problemas psicológicos, como transtorno de ansiedade ▪ Disfonia: • Alteração no timbre de voz • Geralmente causada por alteração no órgão fonador, como na rouquidão • Afonia: sem voz • Nomeação o Pede-se para o paciente nomear 5 objetos da sala, 5 cores ou 5 partes do corpo • Repetição o Pedir para o paciente repita a frase “nem aqui, nem ali, nem lá” • Compreensão o Pede-se que paciente atenda a comandos o Exemplo: comando de 3 etapas→tocar, com o dedo esquerdo, a ponta do nariz e depois a sobrancelha direita o É possível notar a compreensão do paciente já na anamnese. • Escrita o Pede-se para o paciente escrever algo ditado. o Disgrafia: pode decorrer de uma lesão no centro da escrita de Exner ou no parksonismos (paciente com micrografia) e em cerebelopatias (paciente apresenta macrografia) • Leitura o Pede-se para o paciente ler algo simples e obedecer ao comando escrito, como “feche os olhos” o Dislexia: dificuldade de se capacitar para a leitura o Equilíbrio e marcha 16 • Avaliação de equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico • Equilíbrio estático: o Paciente deve assumir a posição de ortostase, com ou sem apoio, deve haver pesquisa do Sinal e Romberg, ficar sobre um dos pés e ficar na ponta dos pés/sobre os calcanhares. ▪ Prova de Romberg • Pede-se para o paciente ficar de pé, com os pés juntos e olhando para frente, devendo permanecer nesta postura por alguns segundos. Depois, pede-se para ele fechar os olhos • No paciente que não apresenta nenhum comprometimento, nada é visto ou apenas algumas ligeiras oscilações do corpo, assim, configurando o sinal de Romberg negativo • O paciente que apresentar alguma alteração neurológica, vai apresentar oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendencia a queda→ Sinal de Romberg Positivo • Tendencia de queda pode ser para qualquer lado e imediatamente após haver a interrupção da visão→ lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente • Tendencia de queda sempre para o mesmo lado após transcorrer pequeno período de latência→ lesão do aparelho vestibular • Exame usado para avaliação das colunas dorsais da medula, essenciais para propriocepção e sentido vibratório • Positiva nas labirintopatias, nas tabes dorsalis, na degeneração combinada da medula e na polineuropatia periférica • Lesões cerebelares→ paciente não consegue ficar em pé (astasia) ou o faz com dificuldade (distasia), alargando a base de sustentação (afasta os pés para compensar a falta de equilíbrio). Alterações não mudam quando o paciente fecha os olhos→ Romberg negativo • Equilíbrio dinâmico: (marcha) o Pede-se para o paciente caminhar em linha reta, em tandem (andar com um pé na frente do outro), sobre a ponta dos pés/calcanhares e de olhos fechados→ avaliação de marcha. • Marcha: padrão clínico de movimentos corporais que se repete indefinidamente a cada passo o Distúrbio da marcha→ disbasia o Marchas típicas (alteradas) ▪ Marcha Talonante ou Tabética (Ataxo-talonante): • Marcha com base alargada e olhar para o solo • A perda de noção da proximidade do solo em relação aos pés faz com que o paciente arremesse o pé para diante e bata com força no chão. • Aparece em patologias que envolvem o cordão posterior da medula (deficiência de vitamina b12, tabes dorsalis) ▪ Marcha Escarvante: 17 • Paciente, por fraqueza na dorsiflexão do pé, caminha arrastando a ponta dos pés no solo, com elevação anormal dos joelhos justamente para evitar arrastar a ponta dos pés no chão (impede de tropeçar) • Ex.: Lesão dos nervos periféricos, radiculares, polineurites ou poliomielite ▪ Marcha em pequenos passos: • Passos muito curtos. Ao caminhar, o paciente arrasta os pés como se estivesse patinando. • Ex.: Paralisia pseudobulbar e doenças extrapiramidais ▪ Marcha Paraparética ou Espástica • Os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar (marcha em tesoura) • Ex.: Paralisia cerebral ▪ Marcha Atáxica ou Ebriosa • Ao caminhar, o paciente ziguezagueia como uma pessoa embriagada • Ex.: lesões no cerebelo ▪ Marcha Ceifante (helicoidal, hemiplégica ou de Todd) • Paciente adquire uma postura tônica em flexão do membro superior e em extensão do membro inferior acometido o Não consegue fazer flexão da coxa, extensão da perna e dorsiflexão do pé habituais o Caminha fazendo um semicírculo a partir do quadril com o membro inferior estendido, o pé em inversão e o braço flexionado e rígido. • Ex.: Hemiplegia por AVC 18 ▪ Marcha Anserina • Para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para direita ora para esquerda, lembrando o andar de um pato • Traduz uma diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas • Ex.: Doenças musculares ▪ Marcha Vestibular • Lateropulsão ao andar, como se fosse empurrado para o lado quando tenta andar em linha reta • Ex.: labirintopatias ▪ Marcha Parkinsoniana • Paciente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdose rápidos, dando a impressão que a pessoa vai cair para frente • Ex.: Síndrome parkinsoniana ▪ Marcha Claudicante • Ao caminhar, a paciente manca para um dos lados • Ex.: Insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor Sistema Motor/Motricidade • Motricidade involuntária: tônus, trofismo e movimentos involuntários anormais • Motricidade Voluntária: força muscular e coordenação • Reflexos: superficiais e profundos • Motricidade Voluntária: o Força e coordenação motora o Trato corticospinal (piramidal): via motora responsável pela força do indivíduo o Tratos extrapiramidais: coordenação. Tálamo, cerebelo e núcleos da base. o Lesões piramidais: ▪ Paresia: perda parcial da motricidade ▪ Paralisia ou plegia: perda total da motricidade o Lesões extrapiramidais: associadas ao comprometimento da coordenação→ ataxia 19 o Força ▪ Pede-se para o paciente realizar uma série de manobras livres para avaliar a velocidade de movimentação, como abrir e fechar as mãos, aduzir e abduzir os dedos, estender e fletir os antebraços, aduzir e abduzir os braços, fletir e estender as pernas. ▪ Teste dos finger taps→ tocar com o polegar cada dedo da mão ▪ Teste dos foot taps → bater os pés no chão ▪ Bradicinesia→ movimentação lenta ▪ Manobras de oposição: consiste em executar os mesmos movimentos, mas agora com força oposta aplicada pelo examinador ▪ Manobras deficitárias: • Braços estendidos: em pé ou sentado, dedos abduzidos, palma da mão para cima ou para baixo→ avalia déficits piramidais, extrapiramidais, cerebelares e vestibulares e lesões piramidais (mais evidentes distalmente), lesões miopáticas (mais evidente proximal). É importante observar desvios dos braços para fora (vestibular) e movimentos involuntários • Manobra de Raimiste: flexo dos antebraços sobre braços (90°)→ caso haja queda da mão sobre o tronco – mão em gota- há déficit motor • Manobra de Mingazzini: paciente se deita em decúbito dorsal, flexionando o quadril, joelho e tornozelo em 90°. O examinador observa durante 1 minuto se há queda das pernas uma antes da outra o -1: oscilação e queda progressiva da perna→ insuficiência do quadríceps (extensor da perna) o -2: queda isolada da coxa→ insuficiência do psoas (flexor da coxa) o -3: queda simultânea da perna e da coxa 20 • Manobra de Barrè: paciente fica em decúbito ventral, mantendo as pernas fletidas sobre as coxas. O déficit da musculatura flexora da perna leva a oscilações ou a queda da perna parética o Coordenação ▪ A coordenação traduz o bom funcionamento de pelo menos dois setores do sistema nervoso: cerebelo e a sensibilidade proprioceptiva. ▪ Ataxia: perda de coordenação. Pode ser cerebelar, sensitiva ou mista • Lesões de sensibilidade proprioceptiva: paciente utiliza a visão para fiscalizar os movimentos incoordenados→ cerradas as pálpebras, acentua-se a ataxia. Isso não ocorre em lesões cerebelares. ▪ Axial: equilíbrio e macha, movimentação ocular segundo estímulo e fala. ▪ Apendicular • Manobra Índex-nariz: com o membro superior estendido lateralmente, o paciente toca a ponta do nariz com o indicador. Repete-se a prova algumas vezes, primeiro com os olhos abertos e depois fechados, com o paciente de pé ou sentado • Manobra Calcanhar-joelho: em decúbito dorsal, o paciente deve tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado. Deve ser realizado várias vezes, de início com os olhos abertos, depois fechados. o Dismetria: distúrbio na medida do movimento→ quando o paciente não consegue alcançar com precisão o alvo, errando para mais ou para menos • Prova dos movimentos alternados: pede-se para o paciente realizar movimentos rápidos e alternados, como abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos pés→ Diadococinesia o Eudiadococinesia: capacidade de realizar esses movimentos o Disdiadococinesia: dificuldade de realizá-los o Adiadococinesia: incapacidade • Prova de resistência de Stewart-Holmes: o Pede-se ao paciente que faça a flexão do antebraço e o examinador exerce movimento oponente. Subitamente, o examinador solta o punho o No individuo normal, a flexão do antebraço só continua por escassos centímetros e logo retorna à posição inicial o No alterado, o antebraço continua o movimento de flexão, indo bater com força no ombro do próprio paciente. o Sinal é positivo quando o antebraço choca-se contra o tórax ▪ O resultado da avaliação: o • Pode-se registrar de diversas maneiras: o Literalmente: graduação e a sede ▪ Força normal nos quatro membros; 21 ▪ Força discretamente diminuída na extensão do antebraço direito; ▪ Força moderadamente diminuída na flexão da perna esquerda; ▪ Força muito reduzida na extensão do pé direito; ▪ Força abolida na flexão da coxa esquerda. o Convencionalmente, de acordo com a Medical Research Council Scale ▪ 5: força normal; ▪ 4+: movimento submáximo contra resistência; ▪ 4: movimento moderado contra resistência; ▪ 4–: movimento discreto contra resistência; ▪ 3: movimento contra a gravidade, mas não contra resistência; ▪ 2: movimento quando a gravidade é eliminada; ▪ 1: contração muscular sem deslocamento articular; ▪ 0: sem contração muscular. • Motricidade Involuntária: o Tônus: estado de tensão constante que os músculos estão submetidos tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação) o O exame é feito com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular ▪ Inspeção: achatamento ou não de massa musculares de encontro ao plano do leito o Ex.: postura de Wernicke-Mann→ fase da espasticidade na hemiplegia ▪ Palpação: verificação do grau de consistência muscular, que está aumentada em lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. ▪ Passividade: se há resistência (tônus aumentado) ou se a passividade está maior que o normal (tônus diminuído) ▪ Extensibilidade: se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular→ na flexão da perna sobre a coxa, sugere-se diminuição do tônus (hipotonia) quando o calcanhar toca a região glútea de modo fácil. ▪ Aumento do tônus→ hipertonia ▪ Hipotonia: • Achatamento das massas musculares no plano do leito • Diminuição da consistência muscular • Aumento da passividade e extensibilidade • Prova de balanço com exageradas oscilações ▪ Hipertonia • Aumento da consistência muscular e extensibilidade • Diminuição da passividade • Prova do balanço com reduzidas oscilações ▪ Hipertonia Piramidal (Espasticidade) • Hemiplegia, diplegia cerebral infantil, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e na mielopatia compressiva • Características: o Eletiva: atinge globalmente os músculos, mas com predomínio dos extensores dos membros inferiores e flexores dos membros superiores→ postura de Wernicke-Mann o Elástica: retorno a posição inicial de um segmento do corpo no qual houve interrompimento do movimento passivo de extensão 22 o Sinal do canivete: grande resistência muscular inicial ao estiramento, que cessa bruscamente, semelhante ao que ocorre ao abrir ou fechar um canivete. ▪ Hipertonia Extrapiramidal (Rigidez) • Ocorre no parkinsonismo, degeneração hepatolenticular e outras afecções do sistema piramidal • Não Eletiva: afeta globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista • Plástica: resistência constante a movimentação passiva. o Sinal da roda denteada: interrupções sucessivas ao movimento, lembrando os dentes de uma cremalheira em ação • Pode ser transitória ou intermitente, como na Descerebração, síndrome meníngea, tétano, tetania e intoxicação estricnina o Trofismo ▪ Quantidade de massa muscular ▪ Hipertrofia ▪ Hipotrofia ▪ Atrofia o Movimentos involuntários anormais ▪ Tremor ▪ Distonia ▪ Coreia ▪ Atetose ▪ Balismo ▪ Mioclonias ▪ Tiques Sensibilidade • Via da colunadorsal da medula: responsável pela propriocepção, pelo tato fino (epicrítico), pela palestesia (sensação vibratória) e pela barestesia (sensação pressórica). • Via espinotalâmica: termorecepção (sensação térmica), nocicepção (sensação dolorosa) e o tato grosseiro (protopático) • Lesões corticais: perda de sensibilidade contralateral, pois os neurônios decussam para o lado contralateral de sua origem • Lesões medulares do trato da coluna dorsal: perda de sensibilidade ipsilateral, pois os neurônios dessa via decussam ao nível do lemnisco medial bulbar • Lesões medulares do trato espinotalâmico: perda sensibilidade contralateral. 23 • O raciocínio topográfico utiliza dermátomos, que são campos segmentares inervados por nervos espinais. Assim, é possível identificar se há lesão em determinada região da medula pelo estímulo da região da pele correspondente. • A sensibilidade pode ser classificada como: o Subjetiva: queixas sensitivas que o paciente relata durante a anamnese. Dor e parestesias o Objetiva: presente quando há estímulo aplicado pelo examinador o Sensibilidade especial: corresponde aos sensórios, relativa aos nervos cranianos • A avaliação é feita da seguinte maneira: o Sensibilidade Superficial: ▪ Sensibilidade tátil: utiliza-se um pedaço de algodão ou um pequeno pincel macio, que são roçados de leve em várias partes do corpo ▪ Sensibilidade térmica: requer dois tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, com que se tocam pontos diferentes do corpo, alterando-se os tubos ▪ Sensibilidade dolorosa: pesquisada com estilete rombo, capaz de provocar dor sem ferir o paciente ▪ É avaliado o: • Tato/pressão: anestesia (abolição), hipoestesia (diminuição) ou hiperestesia (aumento) • Dor: analgesia, hipoalgesia ou hiperalgia • Temperatura o Sensibilidade superficial ▪ Sensibilidade vibratória (palestesia): pesquisada com o diapasão de 128 vibrações por segundo, colocando em saliências ósseas 24 ▪ Sensibilidade à pressão (barestesia): compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares ▪ Sensibilidade dolorosa profunda: compressão moderada de massas musculares e tendões, geralmente, isso não causa dor ▪ Pode-se avaliar a sensibilidade articular da propriocepção (cinética postural ou artrocinética- batiestesia) deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão), como hálux, polegar, o pé ou mão. Fixa-se o segmento em uma determinada posição que deverá ser reconhecida pelo paciente. o Após a avaliação de sensibilidade, é feita a da estereognosia, que é a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. ▪ É a função tátil discriminativa ou epicrítica com componente proprioceptivo. Quando essa função é perdida, fala-se astereognosia ou agnosia tátil, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral. • Sinais de irritação Meníngea o Parte do teste de sensibilidade, pois o paciente deve estar com a sua sensibilidade preservada para a eficiência da avaliação o Paciente deve ficar em decúbito dorsal e o médico avaliará a região cervical e lombossacral o Avaliação da região cervical: ▪ Examinador coloca uma das mãos na região occipital do paciente e, suavemente, tenta fletir sua cabeça. Se o movimento for fácil e amplo, a nuca está livre de irritação. ▪ Se, após o movimento, o paciente flexionar os joelhos e expressar fisionomia de sensação dolorosa→ Sinal de brudzinski positivo→ meningite ou hemorragia subaracnóidea. ▪ A rigidez de nuca, sem o sinal de brudzinski, pode ser o suficiente para denunciar irritação meníngea o Avaliação da região lombossacral: ▪ Teste de Lasegué: examinador levanta em até 30° um dos membros inferiores estendido do paciente. O paciente testa positivo quando reclama de dor na face posterior do membro levantado ante dos 30° ▪ Teste de Kerning: examinador levanta um dos membros inferiores do paciente com a coxa fletida. Paciente testa positivo quando sente dor e tenta impedir o movimento→ meningite, hemorragia subaracnóidea e lesão ciática 25 Reflexos • Resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. • Baseia-se anatomofuncionalmente no arco reflexo: o Via aferente: receptor e fibras sensitivas do nervo o Centro reflexógeno: substância cinzenta do SN o Via eferente: fibras motoras do nervo o Órgão efetor: músculo • Reflexos Exteroceptivos ou Superficiais: estímulo feito na pele ou na mucosa por meio de uma superfície romba o Reflexo Cutâneo abdominal: examinador estimula o abdome no sentido da linha mediana em 3 níveis: superior, médio e inferior. ▪ Resposta normal: contração dos músculos abdominais, que determina um leve deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado ▪ Pode estar abolido quando houver interrupção do arco reflexo na lesão de via piramidal ou mesmo na ausência de alterações do sistema nervoso, como em pessoas obesas, idosas ou multíparas. o Reflexo cutâneo plantar: com o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula a região plantar, próxima à borda lateral e no sentido posterioranterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior ▪ Resposta normal: flexão dos dedos ▪ A abolição deste reflexo ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão da via piramidal ▪ A inversão da resposta normal-extensão do hálux (os outros podem ou não apresentar abertura em forma de leque→ sinal de babinski, lesão piramidal ou corticoespinal. 26 o Reflexo córneo-palpebral: obtido tocando a córnea suavemente com um algodão, provocando contração palpebral reflexa. ▪ É utilizado para avaliar a funcionalidade do tronco cerebral de pacientes em coma ou a sensibilidade corneada preservada do nervo trigêmeo o Reflexo de contração anal: obtido espetando-se o ânus, o que resultará em contração reflexa do ânus. o Reflexo bulbo-cavernoso: pressiona-se o clitóris ou glande, o que resultará em contração reflexa do ânus o O bulbo-cavernoso e o de contração anal possuem importância clinica apenas na avaliação de pacientes com trauma medular. o Outros sinais para pesquisar lesão piramidal: ▪ Sinal de Gordon: extensão dos dedos ao se pressionar a panturrilha ▪ Sinal de Oppenheim: extensão dos dedos ao se pressionar a tíbia ▪ Sinal de Chaddock: o mesmo, mas ao se riscar a região lateral do pé o Outros sinais reflexos patológicos: ▪ Sinal de Myerson (reflexo glabelar): consiste em o paciente piscar quando o examinador bater a com a polpa digital do indicador na glabela do paciente→ prenuncia lesões extrapiramidais, principalmente Parkinson ▪ Reflexo palmomentoniano: examinador risca a palma da mão do paciente e este responde franzindo o queixo→ prenuncia demência e Parkinson ▪ Reflexos primitivos: só devem estar presentes em recém-nascidos, mas podem estar presentes em quadros de prenunciação de demência: • Palmar: mãos se fecham quando algo toca a palma • Snouting: examinador toca a língua ou o filtro do lábio do paciente e o paciente faz uma sucção com os lábios 27 • Reflexos profundos: é feito estímulo nos tendões, utilizando o martelo neurológico (de Buck, de Taylor ou de Babinski). A avaliação é dada por uma graduação em cruzes. o Arreflexia ou hiporreflexia→ lesões que interrompem o arco reflexo (poliomielite, polineuropatia periférica, miopatia) o Reflexos vivos ou hiperreflexia→ lesões da via piramidal (AVE, neoplasia, doença desmielinizante, traumatismos) o Principais tendões a serem estimulados:▪ Bicipital (A): percussão do tendão do bíceps. É sempre necessário apoiar o dedo devido a sobreposição da pele sobre o tendão. Resposta motora: flexão do antebraço ▪ Tricipital (C): percussão do tendão do tríceps, que pode ser palpado na inserção com o olecrano. Resposta motora: extensão do antebraço ▪ Estilo radial (B): percussão do processo estilorradial (terço distal do rádio). RM: supinação do antebraço ▪ Patelar (D): percussão do tendão patelar. RM: extensão da perna ▪ Aquileu (E): percussão do tendão aquileu. É necessária leve dorsiflexão. RM: flexão do pé 28 o É possível verificar se há presença de clônus do pé e da rótula (contração sucessiva, clônica do tríceps sural e dos quadríceps, respectivamente) pelo estiramento rápido, provocado e mantido destes músculos. Esses achados são encontrados na lesão da via piramidal e acompanhados de exaltação dos seus respectivos reflexos. Nervos Cranianos • Existem 12 pares de nervos cranianos, com origem no tronco encefálico ou se dirigindo a ele. Exceção: olfatório e óptico e ramo externo do XI, que se origina na medula cervical • Neuralgias mais comuns→ trigêmeo (muito mais sensitivo) e facial (face cai, muito mais motor) • I par – Nervo olfatório o Impressões olfativas são recolhidas pelos receptores da mucosa na cavidade nasal e são conduzidas aos centros corticais da olfação situados nos hipocampos depois de atravessarem os dois lobos frontais o Avaliação da olfação: de olhos fechados, o paciente deve reconhecer o aroma que o examinador colocar de cada narina (uma narina por vez, começar pelo lado ruim, olhos e boca fechados) o Hiposmia/anosmia→ diminuição do olfato 29 o Parosmia: consiste na perversão do olfato (percepção diferente do odor) o Cacosmia: é uma sensação olfatória desagradável na ausência de qualquer substância capaz de originar odor • II – Óptico o As imagens são recolhidas na retina por meio dos cones e bastonetes e conduzidas ao centro da visão no lobo occipital, atravessando o nervo, o quiasma e o trato óptico, o corpo geniculado e as radiações ópticas. o São conduzidas para o centro da visão no lobo occipital, pelos axônios que constituem o nervo, o quiasma e o trato óptico, corpo geniculado e radiações ópticas o Avalia-se (com os óculos) ▪ Acuidade visual→ pedimos para tampar um dos olhos e tentar enxergar uma letra, número • Ambliopia: diminuição da acuidade • Amaurose: acuidade abolida ▪ Campo visual: paciente deve estar sentado e fixar um ponto na face do examinador à sua frente. O examinador coloca suas mãos na periferia do seu campo visual e as move enquanto pergunta ao paciente se ele está vendo os movimentos; cada olhos separadamente, e depois com os dois olhos abertos simultaneamente. ▪ Fundo de olho: uso de oftalmoscópio. Visualiza→ tecido nervoso-retina e papila óptica, vasos arteriais, veias e capilares • Palidez na pupila→ atrofia do nervo óptico • Papilaedema→ sinal de hipertensão intracraniana→ tríade→ cefaleia, vômitos em jato, edema de papila • Modificações das arteríolas→ hipertensão arterial ▪ Visão de cores: • Capacidade do paciente identificar cores 30 • Pede-se para o paciente tampar um dos olhos e observe com o outro um objeto vermelho, depois que faça o contrário. Se o paciente notar diferença de cor, pode haver comprometimento do nervo • Placas de Ishihara: paciente pode identificar números com um olhos, mas com o outro não. o Hemianopsia ▪ Perda parcial ou completa da visão em uma das metades do campo visual de um ou ambos os olhos ▪ Subtipos: • Hemianopsia altitudinal→ defeito visual acima ou abaixo do meridiano horizontal do campo visual • Hemianopsia homônina→ afeta igualmente ambos os olhos e ocorre tanto à esquerda ou direita da linha média do campo visual • Hemianopsia binasal→ perda da visão nos hemicampos nasais de ambos os olhos • Hemianopsia bitemporal→ perda bilateral de visão dos campos temporais • Quadrantanopsia→ perda da visão em um quarto do campo visual em um ou em ambos os olhos • Macroadenoma de hipófise→ lesão do quiasma óptico • III – oculomotor, IV-troclear, VI- abducente→ Motricidade ocular extrínseca 31 o Se lesa de um lado, o olho vai para o lado oposto o Oculomotor: inerva a musculatura que eleva a pálpebra (comprometimento pode causar ptose) e os músculos reto medial, reto superior, reto inferior e oblíquo inferior o Troclear: inerva o músculo oblíquo superior o Abducente: inerva o músculo reto lateral o Avaliação da motricidade extrínseca: testa-se as 9 posições oculares, unilateralmente e depois bilateralmente ▪ Estrabismo: paresia ou paralisia de algum dos músculos, impossibilitanto o globo de se direcionar para posição correta. • Vertical, sendo o Hipotropia: comprometimento do reto inferior e do oblíquo superior o Hipertropia: reto superior e oblíquo inferior • Horizontal: o Exotropia (estrabismo divergente): comprometimento do reto lateral o Esotropia (estrabismo convergente): comprometimento do reto medial 32 o Motricidade extrínseca: controle do diâmetro pupilar, inervado pelo óculo motor ▪ Examinador incide um feixe de luz em um pupila e observa a resposta nos dois lados. ▪ Reflexo fotomotor direto: contração da pupila na qual se fez estímulo ▪ Reflexo fotomotor consensual: contração da pupila oposta ▪ Reflexo de acomodação: examinador pede que o paciente olhe para um objeto distante (pupila deve aumentar), e depois aproxima o dedo para o olho do paciente, de forma que ele foque no dedo (pupila diminui) ▪ Discoria: irregularidade do contorno pupilar ▪ Midríase: diâmetro aumentado ▪ Miose: diâmetro diminuído ▪ Isocoria: igualdade de diâmetros ▪ Anisocoria: desigualdade de diâmetros ▪ Fotofobia: hipersensibilidade à luz o Lesões no oculomotor: tríade→ midríase paralítica, ou seja, midríase sem estímulo fotomotor ou de acomodação; ptose palpebral e estrabismo o Lesão do troclear e abducente não causa midríase nem ptose o Síndrome Claude-Bernard-Horner ▪ Lesão simpático cervical: miose + enoftalmia + diminuição fenda palpebral • Nervo trigêmeo V: o Sensibilidade da face o Músculos da mastigação o Avaliação do componente sensitivo: aplica-se um estímulo tátil, como passar um algodão, em cada lado do rosto, perguntando ao paciente se ele nota alguma diferença entre os lados e entre as divisões 33 o Reflexo córneo palpebral ▪ Sensibilidade corneana, feita com uma mecha de algodão que toca suavemente entre a esclerótica e a córnea. O paciente deve estar com os olhos virados para o lado oposto, a fim de perceber o menos possível a prova. Espera-se que os dois olhos se fechem ao estímulo, por contração bilateral da parte palpebral do músculo orbicular do olho. o Avaliação do componente muscular ▪ Testa-se primeiro os músculos que abrem a boca (pterigoides e digástrico) • Examinador leva a mão abaixo do queixo do paciente e pede que ele abra a boca fazendo força contra a mão. ▪ Músculos que fecham a foca→ temporal e masseter • Pede-se que o paciente contraia os músculos da bochecha par ao examinador palpar. • Nervo Facial – VII o Componente motor: inerva andares superiores e inferiores do rosto e participa da mímica facial ▪ Ramo temporofacial: inerva o andar superior ▪ Ramo cervicofacial: inerva andar inferior o Componente sensitivo: inerva dois terços anteriores da língua, concedendo a gustação. o Para fazer o exame, pede-se para o paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, sorrir, fechar as pálpebras e inflar a boca. o Teste na sobrancelha→ periférica pega tudo o Desviapara o lado que está bom o Paralisia facial ▪ SNP: mesmo lado da lesão; incapaz de franzir a testa, elevar a sobrancelha e fechar o olho (parte superior da face); incapaz de sorrir e mostrar os dentes (parte inf face) • Paralisia de bell (lesão do VII NC) ▪ SNC: lado oposto da lesão, movimentos normais ou levemente fracos (parte superior da face), incapaz de sorrir e mostrar os dentes – AVE 34 ▪ Paralisia de Bell: • Paralisia facial periférica à esquerda • A - incapacidade de levantar a sobrancelha esquerda. Incapacidade de franzir a testa a esquerda • B- incapacidade de fechar o olho esquerdo com força. Incapacidade de levantar-se ou de mover a boca à esquerda • C - Incapacidade de fechar o olho esquerdo completamente. Desvio da boca para a direita e paralisia à esquerda o Ramo corda do tímpano: dois terços anteriores da língua→ lesão não é comum ▪ Se o paciente relatar diminuição do paladar, testa-se a gustação ▪ Hipogeusia: diminuição do paladar ▪ Ageusia: perda do paladar • Vestibulococlear VIII o Constituído por 2 raízes o Coclear→ audição o Vestíbulo→ equilíbrio o Avaliação do ramo coclear: ▪ Atritar polpas digitais em cada ouvido do paciente enquanto se sussurra algo, depois pede-se que ele repita o que ouviu. ▪ Caso se identifique perda auditiva, deve-se diferencia-la em condutiva ou neurossensorial a partir dos testes de rinne ou de webber. ▪ Teste de Rinne • Consiste em aplicar o diapasão na região da mastoide • Quando o paciente deixar de ouvir a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo • Em condições normais, o paciente acusa a percepção do som (rinne positivo) • Transmissão óssea mais pronlongada que a aérea (rinne negativo) significa deficiência auditiva de condução ▪ Teste de Weber • Prova de weber o Diapasão colocado na linha média do crânio, na testa ou queixo e pergunta-se em qual dos ouvidos é percebido o som o Condução→ ouvido lesado ouve melhor o Neurossensorial→ ouvido são ouve melhor ▪ Alterações auditivas mais comuns: • Hipoacusia: perda da acuidade audtivia • Hiperacusia: audição dolorosa a certos sons • Zumbidos: ruídos auditivos sem presença de estímulos 35 o Avaliação do ramo vestibular: pesquisa de nistagmo e desvio postural de marcha ▪ Nistagmo: movimentos oculares ritmados, com dois componentes: um rápido para uma direção, e um lento de retorno. • Para avaliar a presença, o paciente deve acompanhar o dedo do examinador com os olhos, enquanto este observa o movimento ▪ Desvio lateral durante a marcha (marcha vestibular): lateropulsão-tendência involuntária para se dirigir para um lado ao andar- para o lado da lesão ▪ Se o paciente estiver de pé ou sentado com os olhos fechados e os membros superiores estendidos para frente em ângulo reto com o corpo, os braços irão se desviar para o lado do labirinto lesado, e o corpo tenderá a cair para o mesmo lado→ sinal de romberg positivo ▪ Essas alterações são acompanhadas de queixas como vertigem, tontura, náuseas e desequilíbrio. • IX glossofaríngeo e X vago o São examinados em conjunto - estreita ligação quanto à distribuição, trajeto e origem o O exame do X - inclui o ramo interno do XI, que é motor e tem origem bulbar e se une a curto trajeto ao nervo vago. Distúrbios da gustação (ageusia/hipogeusia), disfagia, disfonia o Para realizar este teste, tenha em mãos um abaixador de língua. o Teste de inervação do palato mole: ▪ Paciente deve abrir a boca e, em repouso, o examinador observa o palato e uvúla, que deve estar centralizada. Depois pede-se que o paciente fale “Ah” por alguns segundos e então observa-se. ▪ Normal: úvula se manter centralizada ▪ Lateralização da úvula: indica lesão do lado oposto ao desvio da úvula→ Sinal da cortina ▪ Simultaneamente, cutuca-se com um bastão de madeira cada lado da parede posterior da faringe, observando o reflexo do vômito. ▪ • X vago o Controle parassimpático das vísceras. Músculos da faringe e laringe • XI Nervo acessório 36 o Inerva os músculos esternocleidomastoide e a porção superior do trapézio o Deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o lado oposto (esternocleidomastoideo) do músculo comprometido→ escapula alada o Teste consiste em pedir para o paciente levantar os ombros contra as mãos do examinador ou virar o pescoço contra a mão do examinador repousadas no rosto do paciente. • XII Hipoglosso o Exclusivamente motor o Origina-se no bulbo e se dirige para os músculos da língua o Investiga-se o hipoglosso pela inspeção da língua - no interior da boca ou exteriorizada-, movimentando-a para todos os lados, forçando-a de modo que vá de encontro a bochecha o Lesões unilaterais do hipoglosso: atrofia na metade comprometida. Dentro da boca, a língua fica lateralizada e, ao ser exteriorizada, a ponta se desvia para o lado ipsilateral da lesão ▪ Pode apresentar disartria para consoantes linguais. Principais síndromes • I neurônio motor (piramidal) o Sinais e sintomas decorrentes da interrupção anatômica ou funcional, da via corticoespinal o Sintomas deficitários ou negativos: ▪ Perda ou diminuição da motricidade (paresia ou plegia): atinge globalmente um ou mais membros, principalmente musculatura antigravitária ▪ Diminuição ou abolição dos reflexos cutâneo-abdominais: definitiva ou transitória ▪ Atrofia muscular: moderada, atingindo globalmente o segmento paralisado. o Sintomas de liberação ou positivos: ▪ Sincinesias: movimentos associados anormais que aparecem nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento→ mão do lado hemiplégico contrai-se quando o paciente fecha a outra mão forte ▪ Sinal de babinski: extensão do hálux ao estímulo cutâneo plantar ▪ Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa: tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo ▪ Hiperreflexia profunda: pode acontecer policinesia, mais de uma resposta a um único estímulo e sinrreflexia, resposta ao estímulo também ao lado oposto o Espasticidade o Em lesões agudas de via piramidal: paralisia, hipotonia e arreflexia. Após alguns dais ou semanas, a paralisia regride parcialmente, enquanto o tônus e os reflexos profundos se tornam aumentados o Causas comuns: AVE, tumores, doenças desmielinizantes, processos degenerativos, traumatismos e infecções. • Síndrome Parkinsoniana o Vias extrapiramidais o Doença de parkinson, medicamentos o Marcha parkisoniana o Tremor o Bradicinesia o Rigidez • Síndrome cerebelar • Lesões no cerebelo • Tumores, intoxicações, infecções, doenças desmielinizantes e outras 37 • Ataxia: dismetria, disdiadococinesia, disartria, disgrafia, distúrbios da marcha, nistagmo, tremores • Hipotonia: diminuição da consistência das massas musculares, reflexo patelar e tricipital pendulares • Hipertensão intracraniana • Aumento da pressão dentro do crânio • Equilíbrio entre o sangue e estruturas dentro do crânio pode ser rompido, transitoriamente ou definitivamente, devido ao: aumento da massa cerebral, encefalopatia hipertensiva, bloqueio de fluxo venoso, bloqueio na circulação de líquor, bloqueio na reabsorção do líquor, presença de sangue extravasamento. • Causas comuns: o Tumores o Meningite o Hemorragia o Traumatismo o Edema cerebral o Intoxicações exógenas o Trombose venosa central o Hipertensão arterial maligna o Neurocisticercose o Hipertensão craniana benigna o Uso de medicamentos em crianças o Pode ser agudo ou lento, dependendo da etiologia o Sinais e sintomas: ▪ Cefaleia ▪ Vômitos em jato ▪ Vertigens ▪ Edema de papila ▪ Convulsão ▪ Paralisia de nervos cranianos ▪ Distúrbios psíquicos ▪ Distúrbios autonômicos • Síndrome do II neurônio motor o Em lesões do corpo ou do axônio do II neurônio motor, osimpulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. Assim, todos os atos motores são abolidos o Sinais e sintomas: ▪ Paresia ou paralisia: frequentemente segmentar, assimétrica, atingindo o grupamento muscular inervado pelos neurônios lesionados; ▪ Hipotonia: aumento da passividade e da extensibilidade musculares; ▪ Arreflexia: superficial ou profunda; ▪ Fasciculações: degeneração + regeneração nos músculos comprometidos; evolução crônica; ▪ Atrofia da musculatura comprometida: com instalação mais ou menos precocemente. o Causas mais comuns: poliomielite anterior aguda, ELA, amiotrofia mielopática infantil, siringomielia, polineuropatia periférica, radiculopatias, mononeuropatias e neuropatias múltiplas. • Síndrome Hemiplégica 38 o Lesão da via piramidal, em qualquer ponto do trajeto desde o córtex cerebral até a medula. Isso causa perda da motricidade de uma metade do corpo, com o cortejo sintomático que constitui a síndrome do I neurônio motor o Causas: AVC, tumores, traumatismos etc. • Síndrome Meníngea: o Causas comuns: infecção (meningite) e hemorragia (meníngea ou subaracnóides). o Hemorragia meníngea: quadro instala-se sempre de modo súbito e inesperado, enquanto na meningite os sintomas costumam aparecer rapidamente, como nas meningites purulentas, ou, mas gradativamente, nas meningites não purulentas. o Características semiológicas: junção dos sintomas de hipertensão intracraniana, síndrome radicular (hiperestesia + fotofobia, raquialgia, postura antálgica, habitualmente em decúbito lateral e com os membros inferiores semifletidos, rigidez da nuca e Kernig, Brudzinski e Lasègue positivos) e síndrome infecciosa (quando presenta a meningite; febre, prostração, astenia, anorexia e taquicardia). • Neuropatias periféricas: o Comprometimento de um nervo isolado, de dois ou mais nervos em regiões diferentes ou vários nervos simultaneamente e de forma simétrica. o Lesões de fibras nervosas pequenas geram alterações da sensibilidade térmica e dolorosa, enquanto a lesão de fibras mielinizadas de maior calibre acompanha-se de déficits proprioceptivos ou motores. o Causas: alterações genéticas, agentes físicos, isquemia, agentes infecciosos, intoxicação por metais pesados, alterações imunológicas, doenças sistêmicas e carenciais associadas a neoplasias malignas e uso de certos medicamentos.
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