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Algumas considerações sobre o Pan/2007
Os Jogos Panamericanos de 2007 foram, de fato, o primeiro megaevento do
Brasil pensando no mundo já conectado em rede sob o conceito de Castells e ainda
no meio técnico científico informacional de Milton Santos. Pensando sob esse
aspecto, o evento foi maravilhosamente bem sucedido. Apesar de uma conexão de
internet de péssima qualidade, defeitos estruturais e gafes, o evento serviu para
internacionalizar de vez a imagem do Rio como uma cidade com um potencial
esportivo enorme. Não à toa, foi eleita para sediar a final da Copa do Mundo de
2014, a primeira na América do Sul em 36 anos e ainda a sede dos Jogos Olímpicos
de 2016, o primeiro realizado no Hemisfério Sul em 16 anos e o primeiro na América
Latina.
Apesar de muitos problemas estruturais nos equipamentos construídos no
Pan em relação aos Jogos Olímpicos, a imagem que ficou do Rio foi a de uma
cidade capaz de sediar um evento de grande porte, colocando-a de vez nesse
cenário mundial, praticamente uma metropolização da Cidade.
Contudo é necessário que pensemos no Pan/2007 como o estabelecimento
do neoliberalismo na forma de pensar política na e para a cidade do Rio de Janeiro.
A acumulação por espoliação explicada por David Harvey em O Novo Imperialismo
de 2003 pôde ser observada na prática na Cidade ao percebermos que, de todos os
equipamentos construídos com dinheiro público ou por meio de parcerias público
privadas foram cedidas a preços baixíssimos ou de forma gratuita a poucos
empresários que lucram com o encarecimento dos equipamentos, criando uma
forma de acumulação flexível, como exemplo tivemos a própria EBX, de Eike
Batista, a Glen Entertainment, ligada à Família Marinho e ainda empreiteiras que
posteriormente, junto ao Governador do Estado do Rio à época, seriam condenadas
por corrupção ativa, passiva, entre outros crimes contra o povo e à máquina pública.
Não somente, é preciso que reflitamos, na mesma forma, em como o evento
alterou a dinâmica do estabelecimento de redes das pessoas dentro da própria
cidade e como essas pessoas perderam o direito à cidade sob uma falsa perspectiva
do “fazer um equipamento mais próximo” porém com uma qualidade bastante
inferior às oferecidas nas zonas onde o capital está concentrado na Cidade: Zona
Sul e Barra da Tijuca. Tendo essa visão, é natural pensar que a realização do
megaevento, para quem habita regiões mais periféricas de uma cidade é apenas um
agravante das diferenças socioeconômicas que existem na cidade e, sob esta
perspectiva, falo como morador do bairro de Bangu em todos os megaeventos
esportivos realizados na Cidade: encarecimento dos modais, superlotação dos
mesmos e encarecimento de equipamentos paralelos aos principais, tal qual uma
simples cerveja na Praça Mauá, que com as obras do Museu do Amanhã
dispararam. Não somente no bolso se sente essa diferença: é notório também a
diferença de policiamento, de sensação de segurança e da oferta da segurança
pública, já tão defasada na Zona Oeste em tempos comuns.
Aliás uma cidade conectada não se realiza sem pensar na inclusão de todos,
seja quem possui deficiência ou não. Lembremos que após o Pan/2007 aconteceu
também o Parapan e pouco se fez pensando nessa parcela considerável da
população.
A especulação imobiliária também disparou em áreas protagonistas do
evento. Em 2007, conforme reportagem de Marcello Salles para o portal A Nova
Democracia, houve uma tentativa de remoção arbitrária da favela do Canal do Anil,
em Jacarepaguá, nas proximidades da Vila do Pan de forma que houvesse uma
“limpeza” da área do novo condomínio da Cidade, em uma área até então sem
muitos investimentos.
No Engenho de Dentro idem não foi diferente: com as remoções e com
especulação:
Longe do cartão-postal carioca e perto do Pan, o advogado Sidnei Vagner
da Silva, 52 anos, comemora a aquisição de um apartamento de três
quartos com vista valorizada: para o Engenhão. Os imóveis do condomínio
Renovare, na Rua Major Mascarenhas, em Todos os Santos, quase
dobraram de preço em dois anos: pularam de R$ 156 mil para R$ 290 mil.
"Na época da construção, se falava que iam erguer o estádio, mas o
pessoal não acreditou", gaba-se Sidnei, ao lado do novo vizinho Fortunato
Mauro. 49. "Nenhuma aplicação financeira teve esse retorno. O Pan fez o
valor crescer um bocado" (VISTA, 2007)
Contudo, cabe destacar a revitalização que a área de construção do Estádio
Nilton Santos causou no seu entorno: a criação de uma praça de esportes, uma área
de eventos e a casa de um clube de futebol são importantíssimos para a autoestima
de um bairro.
É de suma importância que se encontre uma forma de fomento à vivência, ao
consumo e ao direito de acessar a cidade pelas camadas mais pobres da população
em todo e qualquer ponto e não somente no ponto de qualidade inferior ou em
proporções menores feitos ao redor do sujeito agente no espaço e na cidade.

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