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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA ALISON RAFAEL FOGLIARINI LISBÔA DAIANE CAVALCANTE TORRES JOSÉ ADELSON PIMENTEL PANTOJA LEANA BEATRIZ DA SILVA MARINHO REBECA SANTOS DA SILVA OLIVEIRA ANTINUTRICIONAIS EM PLANTAS FORRAGEIRAS Santarém – Pará Outubro/2021 ALISON RAFAEL FOGLIARINI LISBÔA DAIANE CAVALCANTE TORRES JOSÉ ADELSON PIMENTEL PANTOJA LEANA BEATRIZ DA SILVA MARINHO REBECA SANTOS DA SILVA OLIVEIRA ANTINUTRICIONAIS EM PLANTAS FORRAGEIRAS Trabalho apresentado à disciplina de Agrostologia e Forragicultura, como requisito de avaliação para aprovação no semestre letivo acadêmico. Profº: Jairo Augusto Sousa Araujo. Santarém – Pará Outubro/2021 1. INTRODUÇÃO O consumo de alimentos, por parte dos herbívoros, é de vital importância para suas existências. E quando se trata de animais de produção, deve-se propiciar a estes, não somente uma alimentação para a sua subsistência, mas sim alimentos que tragam um grande ganho corpóreo, de maneira que estes animais se tornem rentável economicamente. Cada vez mais se torna necessário o desenvolvimento de forrageiras com um grande potencial genético, para que possa ser disponibilizado para os animais, buscando sempre um excelente valor nutritivo. No entanto, através de análises bromatológicas, foi verificado que existem fatores que limitam a ingestão e digestão das forrageiras, denominados antinutricionais. Há dois tipos de fatores antinutricionais distintos, os de natureza química, tendo como os principais fatores limitantes das forragens os alcalóides, compostos fenólicos, cutina e suberina, terpenóides e saponinas. Também os de natureza estrutural, que são a arquitetura tissular, as células lignificadas e a sílica. 2. FATORES DE ANTINUTRICIONAIS DE NATUREZA QUÍMICA 2.1. Alcaloides São substâncias de caráter básico derivados principalmente de plantas. Composto nitrogenado ligados a anéis heterocíclicos. Eles Causam toxidade para o gado, quando presente em forrageiras. Também podem prejudicar a ingestão e a digestão das forragens, tendo ação antimicrobiana (Oliveira et al, 2007). Segundo Taiz e Zeiger (2004), a célula alcaloide é muito variável, principalmente no sistema nervoso tem ação em transmissores químicos, transportadores de membrana, sintetizadores proteicos e complexos enzimáticos. Há Alcaloides que tem relações com deformações fetais e até mesmo aborto, são esses chamados Alcaloides teratogênicos.(BARNES E GUSTINE, 1973). 2.2. Compostos Fenólicos São Compostos químicos com grupo fenol, agrupado a uma hidróxido funcional. Serve como defesa química contra patógenos e herbívoros (TAIZ e ZEIGER 2004). Ele também é derivado da fenilamina (Barnes e GUSTINE 1973). São encontrados nas plantas e são os principais compostos secundários, podendo ser classificados como manômetros, liminar, são taninos condensados hidrolisáveis e flavonóides (Barry et al. (2001)). Os mais importantes dos compostos fenólicos são a lignina e o tanino. A Lignina tem o bloqueio enzimático e fisicamente, deixa a parede celular rígida. Para Van Soest (1994) e TAIZ e ZEIGER 2004, Os taninos podem ser condensados e hidrolisáveis. Nas forrageiras os taninos prejudicam sua aceitabilidade pelos animais, pela sua concentração. Os taninos formam pontes de hidrogênio com proteínas salivares e da mucosa, e acaba prejudicando a palatabilidade, e com a própria proteína dietética (TAIZ e ZEIGER, 2004; BEELEN et al, 2008). A associação entre proteína e o tanino diminuía degradabilidade ruminal. (Van Soest 1994). Os taninos são inibidores de bactérias fermentadoras de carboidratos estruturais. Para os ruminantes que se alimentam com uma dieta rica em tanino, esses desenvolvem uma microflora tolerante a alta quantidade de tanino (KAMRA 2005). Também podem apresentar funções benéficas, os taninos, a nutrição animal, prevenção ao timpanismo e auxilia na digestão ácida da proteína vegetal. (Brandes e Freitas 1992). 2.3. Cutina e Suberina A cutina é uma macromolécula lipídica, formada por uma cadeia longa de ácidos graxos, que está presente na composição da cutícula da planta em conjunto com ceras, onde será formada uma barreira hidrofóbica (TAIZ e ZEIGER, 2004). A cutina apresenta composição indigesta e a cutícula é apresenta uma barreira física nos organismos do rúmen, e acaba sendo prejudicial na digestão dos tecidos (VAN SOEST, 1994). De acordo com Taiz e Zeiger (2004), as ceras epicuticulares não são macromoléculas, elas são, polímeros lipídicos, são sintetizados na epiderme, e são externados através de poros, onde irão se solidificar na superfície do vegetal. 2.4. Terpenóides e Saponinas Os terpenóides são um dos principais fatores antinutricionais das forrageiras. São compostos formados pela condensação de três unidades de acetato, que irá formar o ácido mevalônico e será convertido no arranjo de cinco carbonos, o isopreno (BARNES e GUSTINE, 1973). Segundo Van Soest (1994) os terpenóides são voláteis e são componentes de óleos essenciais, incluindo a classe as saponinas e os esteróides. Segundo Taiz e Zeiger (2004), os terpenóides são designados de acordo com o número de isoprenos, sendo que em cada classe existem suas peculiaridades. Nós monoterpenos, o piretróide, são tóxicos para insetos; os mono e sesquiterpenos podem ser tóxicos para mamíferos herbívoros. Os diterpenos, assim como o forbol, eles são encontrados nas leguminosas e eufórbias arbóreas, provocam irritação cutânea e também nos órgãos digestivos dos herbívoros; e os triterpenos são tóxicos para vertebrados herbívoros e se incluem na classe dos cardenolídeos e das saponinas. Os cardenolídeos tem atividade no músculo cardíaco e as saponinas têm poder adstringente. Às saponinas acarretam hemólise nas hemácias dos mamíferos herbívoros, inibindo o crescimento e as atividade dos micro-organismos do rúmen e na fermentação do rúmen causando redução qdos ácidos graxos totais e também na taxa de acetato: propionato de 1,93 para 1,37 na presença de 1% de saponina (TAIZ e ZEIGER, 2004; KAMRA, 2005). Além disso, Hanson et al. (1973) afirmam que algumas saponinas acabam causam aborto e morte fetal em ruminantes e monogástricos. 3. FATORES ANTINUTRICIONAL DE NATUREZA ESTRUTURAL A potência real nutritiva desenvolvida pelos animais está relacionada com as características das plantas forrageiras. As pesquisas são relacionadas com os aspectos agronômicos e bromatológicos, de natureza estrutural, assim como a presença de metabolitos secundários interferem no desempenho animal. Essas pesquisas não são detectadas pelas análises convencionais. Algumas plantas possuem a capacidade de produzir metabólitos secundários em certas condições, constituindo um meio de defesa contra bactérias, fungos, vírus, estresse ambiental e ataque de herbívoros. Podem proporcionar à planta características como gosto amargo, odor repulsivo e provocar intoxicação ou efeito antinutricional aos predadores ( Ginner- Chaves,1996; Beelen et al. 2008). Os principais fatores antinutricionais de natureza estrutural são formados pela arquitetura tissular, células lignificadas e a sílica. 3.1. Constituição da parede celular Primeiramente faz-se necessário saber a constituição química e estrutural da parede celular dos vegetais que podem variar de espécie para espécie. É uma matriz extracelular composta por polissacarídeos, polifenóis e proteínas, sendo que a celulose é o principal componente,que uma vez agrupadas em microfíbrilas formam as macrofíbrilas dos vegetais. Essa estrutura juntamente com a espessura da parede celular explicam à baixa degradabilidade de alguns matérias. A espessura da parede celular dificulta a digestão do vegetal por reduzir a acessibilidade do material aos microrganismos ruminais, sendo observado que a digestibilidade da paredecelular pode variar de 0% á 100% de acordo com sua deposição (Rodrigues e Gobbi, 2004). 3.2. Arquitetura tissular Esse sistema está associado à qualidade nutritiva das plantas forrageiras influenciadas pela proporção do tecido vascular e o esclerênquima dos vegetais, dessa forma é possível observar a extensão e a apresentação da taxa de digestão diferentes nos diversos tecidos de forragens. Pois ao se observar os fragmentos foliares, aqueles que apresentarem-se com um maior desaparecimento de tecido é devido a presença de menor taxa de esclerênquima na planta. A epiderme pode oferecer aspectos que prejudiquem a digestibilidade, pois ela é a primeira barreira que deve ser cortada para reduzir o tamanho e foi feita para resistir aos estresses físicos e biológicos. Assim sendo, pode facilitar ou não a mastigação e acesso aos microrganismos de acordo com a espécie vegetal. Leguminosas, gramíneas diferenciam-se devido à proximidade dos feixes vasculares, interferindo na acessibilidade dos tecidos quando essas estruturas são muito próximas. Importante nesse processo é a estrutura girder (Tipo I e T) que evita ou dificulta a remoção da epiderme pela digestão e reduz o acesso de microrganismo ruminais. 3.3. Fibras e células lignificadas As fibras são células que, na sua maioria, são altamente lignificadas (aspecto lenhoso), longas, finas, parede celular secundaria e esclerenquimáticas. A lignificação dessas fibras ocorre na parede primária associados aos polissacarídeos. Existem outras espécies de vegetais que possuem fibras de parede celular espessa e pouca lignificação (fibras gelatinosas), em que consiste alta capacidade de absorver agua por possuírem a celulose de constituição higroscópica. Essas forrageiras com baixo nível de lignificação tem a tendência de possuir um bom valor nutricional. De acordo com (RODRIGUES E GOBBI, 2004), a lignificação afeta a porosidade da parede primária, destituindo progressivamente a agua da parede celular, tornando-a hidrofóbica e, consequentemente, resistente ao ataque microbiano. 3.4. Sílica Denominado de corpúsculos de sílica, está presente na parede celular, limita a digestibilidade da forragem e apresenta resistência física ao vegetal. É um complemento da lignina, sendo utilizada como um elemento estrutural o que proporciona ao vegetal uma maior rigidez na parede celular. CONSIDERAÇÕES FINAIS É notável que embora os fatores anti-nutricionais, possam atrapalhar a digestão da proteína, levar a efeitos gastrointestinais adversos ou levar a deficiências de alguns minerais. Os animais que se alimentarem de uma dieta balanceada e completa, não serão afetados, pois os fatores anti-nutricionais nada mais são do que componentes naturais responsáveis por exercerem funções fisiológicas nos vegetais e, ainda que não haja estudos suficientes para comprovar, é bem possível que eles tragam mais benefícios do que prejuízos, se consumidos em quantidade adequada. REFERÊNCIAS GINER-CHAVES, B. I. Condensed tannins in tropical forages. 1996. 196f. Tese (Doutorado em Filosofia) - Cornell University, Ithaca, NY. RODRIGUES, M . T.; GOBBI, K. F. Organização dos tecidos de plantas forrageiras e sua utilização por animais ruminantes . BARNES, R.F.; GUSTINE, D.L. Allelochemistry and forage crops. In: MATCHES, A.G.; HOWELL, R.E.; FUCCILLO, D.A.; PASKIN, L.H. 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Madison: Crop Science Society of America, p. 33-52, 1973. JERBA, V.F.; MEDEIROS, S.R.; FERNANDES, C.D. Forrageiras: principais fatores de antiqualidade. Campo Grande :Embrapa Gado de Corte, 2004. 38p. KAMRA, D.N. Rumen microbial ecosystem. Current Science, v. 89, n. 1, p. 124- 134, 2005. KUMAR, R. e VAITHIYANATHAN, S. Occurrence, nutritional significance and effect on animal productivity of tannins in tree leaves. Animal Feed Science and Technology, v.30, p. 21-38, 1990.
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