Buscar

anatomia_e_neurofisiologia_do_sistema_estomatognatico_e_estudo_das_dores_orofaciais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
AnAtomiA e neurofisiologiA 
do sistemA estomAtognático e 
estudo dAs dores orofAciAis
Elaboração
Sabrina Maria Castanharo
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO .................................................................... 9
CAPítulo 1
ELEMENTOS ANATôMICOS ....................................................................................................... 9
CAPítulo 2
FISIOLOGIA DOS MOvIMENTOS MANDIbuLArES ...................................................................... 25
unidAdE ii
PrOCESSAMENTO SENSOrIAL: NOCICEPçãO E MODuLAçãO DA DOr ............................................... 31
CAPítulo 1
PrOCESSAMENTO CENTrAL DA INFOrMAçãO SENSOrIAL E rESPOSTAS FISIOLóGICAS .......... 31
CAPítulo 2
MODuLAçãO DA DOr E MECANISMOS DE SENSIbILIzAçãO PErIFérICA E CENTrAL ............... 39
unidAdE iii
PrINCíPIOS DA OCLuSãO.................................................................................................................... 44
CAPítulo 1
ENTENDENDO O CONTExTO DA OCLuSãO NO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ......................... 44
CAPítulo 2
OCLuSãO IDEAL, FISIOLóGICA E PATOLóGICA ....................................................................... 52
PArA (não) finAlizAr ..................................................................................................................... 56
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 57
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fi m de que o aluno faça uma pausa e refl ita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifi que seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
refl exões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, fi lmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fi xação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fi xação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verifi car a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certifi cação.
Para (não) fi nalizar
Texto integrador, ao fi nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
O presente Caderno de Estudos foi desenvolvido com o objetivo de enriquecer seus 
conhecimentos relativos aos princípios básicos de anatomia e função do sistema 
estomatognático. 
Nesta disciplina serão abordadas as estruturas anatômicas da região da face e os 
mecanismos centrais e periféricos envolvidos no processamento da informação sensorial 
e motora que coordena o sistema estomatognático. Serão oferecidos aos profissionais 
odontológicos uma base de conhecimentos sobre o funcionamento normal desse sistema 
para, posteriormente, poder entender e identificar os sinais de uma possível disfunção, 
tanto em nível estrutural e biomecânico, quanto do ponto de vista neurofisiológico.
objetivos
 » Estudar os elementos anatômicos englobados no sistema mastigatório. 
 » Apresentar os mecanismos de processamento sensorial. 
 » Entender os princípios de oclusão.
8
9
unidAdE i
AnAtoMiA E 
fiSiologiA do SiStEMA 
EStoMAtognÁtiCo
CAPítulo 1
Elementos anatômicos
introdução 
O conhecimento dos profissionais na área de Odontologia sobre o sistema estomatognático 
e as estruturas relacionais apresentam suma importância, pois constituem-se de 
estímulo aos profissionais para avaliar e diagnosticar os pacientes que sofrem com as 
consequências das desordens atribuídas ao aparelho estomatognático e as estruturas 
envolvidas, assim como o aprofundamento de fatores somáticos, psíquicos e sociais que 
podem comprometer a normalidade, o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo. 
O Sistema Estomatognático (SE) é definido como um conjunto de estruturas orais 
que desenvolvem funções comuns, tendo a participação constante da mandíbula, em 
grego denominado gnatos. O SE é uma entidade fisiológica, funcional, perfeitamente 
integrada por um conjunto heterogêneo de órgãos e tecidos, cujas biologia e 
fisiopatologia são absolutamente interdependentes, envolvidos nos atos funcionais 
como: fala, mastigação e deglutição dos alimentos, e nos atos parafuncionais como: 
apertamento dentário e bruxismo. Esse aparelho tem como funções mastigação, 
deglutição, fonação, expressão e estética facial postura da mandíbula, da língua e do osso 
hioide. (DOUGLAS, 2006; FERNANDES NETO, et al. Univ. Fed. Uberlândia,2006).
São inúmeras funções do SE, algumas vitais, como a mastigação, deglutição, 
fonação, respiração, mímica, expressão de emoções, sucção e estética. A 
cavidade bucal, comum aos aparelhos mastigador e respiratório,é parte desse 
sistema. Toda alteração que nela ocorrer, terá reflexos em outras áreas, locais ou 
a distância, mediatos ou imediatos, favoráveis ou desfavoráveis. (Sérgio Russi e 
João Neudenir Arioli. Prótese Total e parcial removível. Série Abeno. São Paulo: 
Artes Medicas. 2015. ISBN 9788536702520.)
10
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
O sistema estomatognático surge como um conjunto anatômico e fisiológico, com 
características próprias, porém interdependentes de outros sistemas como nervoso, 
circulatório e endócrino. Suas estruturas não são especializadas em uma única função, 
daí vem a necessidade de harmonia de ossos e músculos para manter o equilíbrio 
funcional. Funções adequadas permitem desenvolvimento adequado das estruturas. 
(CARVALHO, 2003.)
O corpo humano trabalha de forma integrada e o sistema estomatognático está 
inter-relacionado com os demais sistemas, como o músculo-esquelético, nervoso, 
endócrino, digestivo, circulatório, entre outros (DOUGLAS, 2006).
O profissional deve conhecer os pressupostos teóricos a fim de subsidiar a prática clínica, 
ressaltando a importância do conhecimento e do desenvolvimento craniofacial e das 
estruturas estáticas e dinâmicas que o compreendem, sendo funcionalmente quatro 
os elementos básicos: a articulação têmporo-mandibular, o sistema neuromuscular, 
superfícies oclusais e o periodonto (MARCHESAN, 1999). Estes elementos, ao 
interagirem entre si de forma equilibrada, alcançam a homeostase e quando trabalham 
eficientes, apresentam-se em equilíbrio (DOUGLAS, 2006). 
O SE é composto por estruturas estáticas (ou passivas) e dinâmicas (ativas) que se 
responsabilizam pelo funcionamento harmônico da face, devido ao equilíbrio destas e 
que são controladas pelo Sistema Nervoso Central (SNC). (TANIGUTE, 1998. pp.1-6.)
Desta forma, serão introduzidos os elementos anatômicos que constituem o sistema 
estomatognático.
Sistema Estomatognático – Componentes Anatômicos
 
 Ossos
 Músculos 
 Articulações 
 Ligamentos 
 Dentes 
 Língua, lábios e 
bochechas 
 Sistema vascular e 
nervoso 
Fonte: Ilustração: Leeuw r. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010.
11
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
Estruturas estáticas do sistema 
estomatognático
Compreendem as estruturas estáticas ou passivas aquelas estruturas que servem 
de apoio às estruturas dinâmicas ou ativas (DOUGLAS; CORVIN-LEWIS, 2006; 
SCIORTINO, 2009).
Esqueleto ósseo
Ossos temporais; Esfenoide; Maxila; Mandíbula; Osso Hioide, demais ossos cranianos, 
coluna cervical, base do crânio, articulações (têmporo-mandibular e coluna vertebral). 
Fonte: <http://anatomiaprofunda.blogspot.com.br/2011/05/cranio-e-face.html>.
 » Maxila: parte fixa do crânio
 » Mandíbula: forma de “U”; ramo ascendente:
 › Anterior à processo coronoide 
 › Posterior à côndilo
 » Osso temporal: côndilo articula na porção escamosa do osso temporal
Esquema: arquivo pessoal
12
UNIDADE I │ ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
ossos temporais
 » irregulares;
 » formam as porções laterais do crânio;
 » abrigam a porção petrosa, sistema auditivo-vestibular;
 » apoio para a articulação têmporo-mandibular (ATM);
 » superfície externa: três protuberâncias importantes para inserção dos 
músculos que estão envolvidos nas funções miofuncionais, como o 
processo mastoide, processo esfenoide e o processo zigomático.
(DÂNGELO; FATTINI, 2004)
Maxila
Composta pelo processo frontal (unido ao osso nasal pela sutura nasomaxilar), pela 
espinha nasal anterior, processos alveolares e suas eminências, forame infraorbital, 
fossa canina e processo zigomático. Na maxila, originam-se os músculos: nasal, 
prócero, levantador do ângulo da mandíbula, levantador do lábio superior e asa do 
nariz, orbicular da boca e olho, bucinador e pterigoideo medial. 
Os ossos da maxila são intricadamente fusionados aos componentes ósseos que 
envolvem o crânio e, assim, constituem o componente fixo do sistema mastigatório 
(OKESON, 2008).
Mandíbula
Osso em forma de U, a mandíbula sustenta os dentes inferiores e constitui o esqueleto 
facial inferior. Sustentada pelos músculos, ligamentos e tecidos moles, que possibilitam 
a movimentação necessária para o funcionamento junto à maxila. (OKESON, 2008)
 » Borda superior: ramo da mandíbula composta por uma curva (incisura 
da mandíbula que se divide pelos processos coronoides – inserção do 
músculo temporal – e condilar – colo e côndilo –), pela fóvea pterigoidea. 
 » Borda inferior: linha oblíqua, tuberosidade massetérica, na borda inferior 
e posterior, pelo ângulo da mandíbula e em sua porção anterior, pelo 
forame mentoniano. 
Na mandíbula, originam-se os músculos: digástrico, abaixador do lábio inferior (na 
linha oblíqua da mandíbula) e do ângulo da boca, bucinador (superfície externa dos 
13
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO │ UNIDADE I
processos alveolares) e o mentual (fossa incisiva da mandíbula). Inserem-se: músculos 
da mastigação, como masseter (tuberosidade massetérica – próxima ao ângulo da 
mandíbula), o pterigoideo medial (face medial do ângulo da mandíbula), o temporal 
(processo coronoide do ramo da mandíbula) e o pterigoideo lateral (na depressão da 
parte anterior do côndilo da mandíbula) (MADEIRA, 2008).
A Maxila e a mandíbula servem de ancoragem para a dentição, musculatura 
responsável pela mastigação, para a mímica facial e, juntamente com a articulação 
têmporo-mandibular (ATM), desempenham papel na deglutição. (CORBIN-LEWIS; 
LISS; SCIORTINO, 2009).
dentes
Os dentes apresentam três estruturas mineralizadas: o esmalte, a dentina e o cemento 
(tecido que recobre a dentina da raiz anatômica do dente), sendo que estão fixados nos 
alvéolos pelos ligamentos periodontais (DOUGLAS, 2006). O periodonto, segundo, é 
composto pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar e apresenta proprioceptores 
importantes para a mastigação (PETRELLI, 1994), gerando pressão interoclusal durante 
o contato oclusal exigido para a trituração dos alimentos (DOUGLAS, 2006).
Segue as partes constituintes do dente. 
 » Esmalte: camada externa de 2 mm constituída da porção mineral 
de hidroxiapatita [Ca5(PO4)3(OH)], que corresponde a 96% e os 4% 
restantes de proteínas e água.
 » Dentina: é a massa principal do dente, dá forma geral a ele. É duro 
como osso, porém permeável devido aos microtúbulos. É uma extensão 
fisiológica da polpa. Aproximadamente 35% da dentina é material 
orgânico composto de colágeno mais substância orgânica fundamental de 
mucupolissacarídeos (proteoglicanos e glicosaminoglicanos). Os demais 
65% são inorgânicos – hidroxiapatita. 
 » Polpa: é um tecido vivo formado por uma porção celular e porção 
extracelular (estroma), formado principalmente por colágeno. 
(Universidade Estadual de Londrina Departamento de Bioquímica e Biotecnologia – CCE)
Sistema dentário humano é difiodonte, ou seja, apresenta duas dentições. 
 » Decídua: total de 20 dentes, com início da erupção aos 6 meses de idade 
e término entre 2 anos e 3 anos de idade (incisivo central, lateral, caninos, 
primeiro e segundo molares). 
14
UNIDADE I │ ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
 » Permanente: total de 32 dentes, com início da erupção aos 6 anos e 
término entre 20 e 27 anos, em função do 3o Molar; entre 12 e 13 anos já 
houve o término da erupção dos 2o Molares (incisivos centrais e laterais, 
caninos, primeiros e segundos pré-molares e primeiros e segundos 
molares – dentes adicionais)
Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/biologia/dentes.htm>. <http://www.euachei.com.br/educacao/corpo-humano/dentes/>.
Articulação temporomandibular (AtM)
É uma das articulações mais complexas do corpo, consiste na região/área onde a 
mandíbula articula-se com o crânio; proporciona um movimento de dobradiça em um 
plano. Sendo considerada, assim, uma articulação ginglimoidal: ao mesmo tempo, por 
proporcionar movimentosde deslizamento, é classificada também como uma articulação 
artrodial – portando tecnicamente é considerada uma articulação ginglimoartrodial 
(OKESON, 2008). 
A ATM é uma articulação bilateral e interligada pela mandíbula e, apesar de cada 
lado realizar movimento próprio, os movimentos são simultâneos. É revestida de 
fibrocartilagem e suas partes ósseas são: 
 » cabeça da mandíbula (côndilo); 
 » colo da mandíbula (estreitamento ósseo);
 » fóvea pterigoidea (local de inserção do músculo pterigoideo lateral) e 
osso temporal;
 » eminência/tubérculo articular (anterior a fossa articular e determina a 
direção do côndilo quando a mandíbula executa movimento de abertura);
 » disco articular (fibrocartilaginoso, situado sobre a cabeça da mandíbula, 
estende-se anteriormente a porção posterior do tubérculo articular, 
com inserção de fibras dos músculos pterigoideo lateral; entre a porção 
15
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
anterior do côndilo e a porção posterior do tubérculo articular e com 
fi bras tendinosas do feixe profundo do masseter, em sua porção medial; 
a porção posterior: zona bilaminar ou ligamento retrodiscal, sendo que 
a superior insere-se na fi ssura petrotimpânica e a inferior na cabeça 
da mandíbula). Composto por um tecido conjuntivo fi broso denso, 
desprovido de vasos sanguíneos e fi bras nervosas, somente na periferia é 
ligeiramente inervada. As superfícies internas da cavidade são revestidas 
por células endoteliais especializadas que formam a membrana sinovial, 
pela qual produz o líquido sinovial, este líquido possui duas fi nalidades: 
promover as necessidades metabólicas para os tecidos, já que as 
superfícies articulares não possuem vascularização, ocorrendo, assim, 
um intercâmbio livre e rápido entre os vasos da cápsula e também para 
agir como um lubrifi cante entre as duas superfícies articulares durante 
a função. A ação de bombeamento pela infusão do líquido sinovial é a 
base para a lubrifi cação exsudativa, importante para a manutenção 
da saúde da cartilagem articular. (MADEIRA, 2008; LEMOS, 2010; 
OKESON, 2008).
Fonte: Esquema: arquivo pessoal. Ilustração: Okeson, 2008
Fonte: Ilustração: O Homem virtual e o ensino da anatomia e fisiologia da Articulação Têmporo-mandibular. universidade do Sagrado 
Coração, bauru, SP; universidade de São Paulo, São Paulo, SP, brasil.
16
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
ligamentos
A Articulação Temporomandibular (ATM) possui três ligamentos funcionais (colateral, 
capsular e têmporo-mandibular) e dois acessórios (estilomandibular e esfenomandibular), 
que são formados por fibras colágenas que agem na proteção das estruturas, limitando e 
restingindo os movimentos mandibulares de forma passiva.
Ligamentos colaterais: prendem as bordas medianas e laterais do disco articular 
aos polos do condilo. 
Função: restringem os movimentos do disco quando desliza anteriormente e 
posteriormente (movimento de abertura e fechamento). 
Fonte: ATM (vista anterior). AD: disco articular; CL: ligamentos capsular; LDL: ligamento discal lateral; MDL: ligamento discal medial; SC: 
cavidade articular superior; IC: cavidade articular inferior. (Okeson J. Tratamento das desordens têmporo-mandibulares e Oclusão 504 
p., Elsevier 7. ed., 2013).
Ligamento capsular: Circunda e envolve a ATM; suas fibras são presas superiormente 
ao osso temporal e ao longo das bordas das superfícies articulares da fossa mandibular 
e da eminência articular e inferiormente, no pescoço do condilo da mandíbula. 
Função: agir para resistir às forças que tendem a deslocar a mandíbula ou a separar as 
suferfícies articulares; retem o líquido sinovial.
Fonte: Ilustração: O Homem virtual e o ensino da anatomia e fisiologia da Articulação Têmporo-mandibular. universidade do Sagrado 
Coração, bauru, SP; universidade de São Paulo, São Paulo, SP, brasil.
17
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
Ligamento têmporo-mandibular: possui uma porção oblíqua externa que se 
insere no tubérculo articular e no processo zigomático até a superfície do pescoço do 
condilo, e uma porção interna horizontal que se insere no tubérculo articular e processo 
zigomático e vai até o polo lateral do condilo e parte posterior do disco articular.
Função: proteger tecidos retordiscais e o músculo pterigoideo lateral de estiramento.
Ligamento esfenomandibular: parte da espinha do osso esfenoide e insere-se na 
lingula da suferfície medial da mandíbula; não possui efeito limitador do movimendo 
mandibular.
Ligamento estilomandibular: parte do processo estiloide e estende-se até a parte 
interna do ângulo da mandíbula; limita os movimentos protrusivos da mandíbula.
 
I II 
III 
IV 
I: Ligamento têmporo-mandibular; II: Ligamento capsular; III: Ligamento esfenomandibular; Iv: Ligamento estilomandibular
Fonte: Ilustração: <http://ladanzaynuestrocuerpo.blogspot.com.br/2013/08/sistema-esqueletico-3d-5-ligamentos.html>.
Estruturas dinâmicas do sistema 
estomatognático
São representadas por estas unidades neuromusculares. 
1. Músculos Faciais: bucinador, orbicular da boca, zigomáticos, retrator e 
levantador do ângulo da boca e mentual. 
2. Músculos da mastigação: temporal, masseter, pterigoideo medial e lateral.
3. Músculos da deglutição: músculos do palato, linguais, supra-hioideos e 
infra-hioideos.
4. Músculos faríngeos: constritores da faringe e o salpingofaríngeo. 
18
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
5. Músculos palatinos: úvula, palatoglosso, palatofaríngeo, elevador e 
tensor do palato mole. 
6. Músculos cervicais: porção superior do trapézio, esternocleidomastoídeo, 
esplênios e escalenos. 
(DOUGLAS, 2006; MARCHESAN, 1999; TASCA, 2002).
Função muscular: a unidade motora pode desempenhar a ação de contração ou 
encurtamento, no entanto, o músculo apresenta três funções potenciais. 
1. Contração ou encurtamento generelizado quando várias unidades 
motares são estimuladas. A contração isotônica ocorre no músculo 
masseter quando a mandíbula é elevada, com isso, força os dentes através 
do bolo alimentar.
2. Contração em oposição a uma determinada força, função do músculo 
será de estabilização da mandíbula; esta contração sem o encurtamento 
é chamada de contração isométrica, que ocorre no músculo masseter 
quando algum objeto (ex.: cachimbo, lápis) é mantido entre os dentes. 
3. Relaxamento controlado ocorre quando o estímulo de uma unidade 
motora é interrompido, as fibras relaxam e retomam ao comprimento 
normal; observado no músculo masseter quando a boca abre para receber 
o bolo alimentar durante a mastigação (OKESON, 2008).
Músculos da mastigação
Músculo masseter
Fonte: ilustração: leeuw r. dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010.
19
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
Retangular, espesso, forte, totalmente recoberto pela fáscia massetérica.
Origem: porção superficial: 2/3 inferiores do arco zigomático. Porção profunda: 
suferfície medial do arco zigomático. 
Inserção: superfície lateral do ramo ascendente, processo coronoide e ângulo da 
mandíbula. 
Função: elevação da mandíbula
Na movimentação da boca o masseter é o músculo que ELEVA a mandíbula com 
maior potência. Por sua parte superficial a mandíbula sobe, já a parte profunda age 
principalmente na manutenção da oclusão forçada por longos períodos.
Músculo temporal
Fonte: Ilustração: Leeuw r. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010.
Coberto pela densa fáscia temporal.
Origem: Fossa temporal, Feixe anterior, Feixe médio, Feixe posterior. 
Inserção: Processo coronoide e borda anterior do ramo ascendente da mandíbula. 
Função: Elevação da mandíbula.
O músculo Temporal é mais um músculo de MOVIMENTO do que de força (falar e 
fechar rapidamente a boca); ELEVA a mandíbula (fibras da porção anterior). A porção 
posterior é essencialmenteretrusora da mandíbula. Tal como o masseter, mas em 
menor proporção, o temporal pode ser acometido por trismo.
20
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
Músculo pterigoideo medial
Fonte: Ilustração: Leeuw r. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010.
Apresenta, apesar de menor, as mesmas características do masseter, é retangular, 
insere-se no ramo da mandíbula, é um músculo de FORÇA.
Origem: Superfície medial da lâmina lateral do processo pterigoideo do esfenoide.
Inserção: Porções posterior e inferior da superfície interna do ramo ascendente e 
ângulo da mandíbula.
Função: Elevação da mandíbula; ativo na protrusão.
Na sua inserção (face medial da região do ângulo da mandíbula), trata-se de ELEVADOR 
da mandíbula (o pterigoideo a descola ligeiramente para frente).
Músculo pterigoideo lateral
 
Pterigoideo Lateral superior (S) 
Pterigoideo Lateral inferior (I) 
Fonte: Ilustração: Leeuw r. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010.
21
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
É o mais curto dos músculos da mastigação, o único que se dispõe horizontalmente 
e o único que se relaciona com a articulação têmporo-mandibular. Por isso mesmo 
realiza movimentos mandibulares que os outros três não realizam. Está relacionado 
aos movimentos de PROTRUSÃO.
Origem:
 » S – Superfície infratemporal da asa maior do esfenoide.
 » I – Superfície lateral da lâmina lateral do processo pterigoideo do esfenoide.
Função:
 » S – na abertura: inativo, no fechamento contrarresistência: ativo. 
 » I – protrusão da mandíbula.
Músculos acessórios da mastigação
Supra-hioides, infra-hioides, músculo da língua, músculo da deglutição, orbicular dos 
lábios, bucinadores.
Músculos supra-hioideos
 Compõe um grupo de músculos pares que unem o osso hioideo ao crânio. Com exceção 
do estilo-hioideo, todos se ligam à mandíbula. Movimentam o hioideo, mas se este osso 
estiver imobilizado, eles são capazes de movimentar a mandíbula. São considerados 
ABAIXADORES e RETRUSORES da mandíbula, mas colaboram na mastigação.
Músculo digástrico
Possui dois ventres carnosos unidos por um tendão comum. 
Origem: área mastoidea do temporal e inserção na fóvea digástrica . 
Função: Ao contrair, TRACIONA a mandíbula para trás, contribuindo, assim, em 
sinergismo com o pterigoideo lateral para o ABAIXAMENTO.
Músculo Estilo-hioideo
Origem: processo estiloide e inserção no hioide. 
Função: tracionar o hioide para trás e para cima ou pode fixá-lo quando atua em 
conjunto com os músculos infra-hioideos.
22
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
Músculo Milo-hioideo
Os dois (direito – esquerdo) formam o soalho muscular da boca. 
Origem: linha milo-hioidea e inserção na rafe milo-hioidea. 
Função: ELEVAR o soalho da boca e com ele a língua e o hioide.
Músculo genio-hioideo
Acima dele, está em contato o músculo genioglosso. 
Origem: espinha mentoniana e inserção no corpo do hioide.
Função: REDUÇÃO e ELEVAÇÃO do soalho da boca.
Músculos infra-hioideos
Consiste um grupo de quatro músculos em forma de fita colocados entre o osso hioideo 
e o tórax.
Suas denominações são estes: o primeiro nome correspondendo ao local de sua origem e 
o segundo a inserção – Esterno-hioideo, Omo-hioideo, esternotireoideo e tíreo-hioideo.
Músculo digástrico
Fonte:http://odontoup.com.br/anatomia-de-cabeca-e-pescoco/resumo-anatomia-de-cabeca-e-pescoco/>.
23
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
Músculos da Expressão Facial
Músculo Origem Inserção Função
Orbicular da boca Quase todo cutâneo; fóveas incisivas 
da maxila e mandíbula. 
Pele e mucosa dos lábios; septo 
nasal. 
Comprime os lábios contra os dentes; 
fecha a boca; protraí os lábios. 
Levantador do lábio 
superior
Margem infraorbital Lábio superior Levanta o lábio superior
Levantador do lábio 
superior e asa do 
nariz
Processo frontal da maxilla. Asa do nariz e lábio superior. Asa do nariz e lábio superior levanta o 
lábio superior e a asa do nariz (dilata 
a narina). 
Zigomático menor Osso zigomático Lábio superior Levanta o lábio superior
Levantador do 
ângulo da boca
Fossa canina da maxila Ângulo da boca Levanta o ângulo da boca
Zigomático maior Osso zigomático Ângulo da boca Levanta e retrai o ângulo da boca
Risório Pele da bochecha e fáscia 
massetérica
Ângulo da boca Retrai o ângulo da boca
Bucinador Processos alveolares da maxila e da 
mandíbula na região molar; ligamento 
pterigomandibular. 
Ângulo da boca Distende a bochecha e a comprime 
de encontro aos dentes; retrai o 
ângulo da boca. 
Abaixador do 
ângulo da boca
Base da mandíbula (região molar ao 
tubérculo mentoniano). 
Ângulo da boca Abaixa o ângulo da boca
Abaixador do lábio 
inferior
Base da mandíbula, acima da origem 
do depressor do ângulo da boca. 
Lábio inferior Abaixa o lábio inferior
Mentoniano Fossa mentoniana acima do tubérculo 
mentoniano. 
Pele do mento Enruga a pele do mento; everte o 
lábio inferior. 
Platisma Base da mandíbula Pele do pescoço Enruga a pele do pescoço
Orbicular do olho Quase todo cutâneo; ligamentos 
palpebrais; lacrimal e maxila. 
Pálpebras e pele periorbital. Fecha as pálpebras e a comprime 
contra o olho. 
Occipitofrontal Aponeurose epicraniana Pele do supercílio; região occipital. Puxa a pele da fronte para cima. 
Prócero Osso nasal Pele da glabela Puxa a pele da glabela para baixo. 
Corrugador do 
supercílio
Margem supraorbital do frontal. Pele da extremidade lateral do 
supercílio. 
Puxa a superfície medialmente. 
Nasal Eminência narina Dorso do nariz Comprime a narina (parte transversa); 
dilata a narina (parte alar). 
Fonte: MADEIrA, M. Anatomia Facial com fundamentos de anatomia sistêmica geral. 1. ed. s/l, 2004.
O SE apresenta uma magnitude de forças musculares durante o ato de morder 
que é diferente da magnitude das forças musculares durante a mastigação. 
As forças maxilares variam em torno de 700 N (aprox. 7,1 quilogramas-força) – 
região dos primeiros molares e de 100 a 200 N (aprox. 10 a 20,4 quilogramas-
força) – região de incisivos. A força máxima total registrada sobre a mandíbula é 
de 60 a 75 quilogramas-força. 
As forças desenvolvidas durante a mastigação pelo SE representam em média 
10% das forças máximas; a força mastigatória total (pacientes com dentes) varia 
de 10 a 50 N (1,2-5,1 quilogramas-força) dependendo da mastigação.
24
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
Amplie seus conhecimentos, pesquise mais a respeito em: 
Sites:
< h t t p : / / w w w. a t l a s d o c o r p o h u m a n o . c o m / p / a n a t o m i a / s i s t e m a -
estomatognatico/>.
Livros:
OKESON, Jeffrey P. Tratamento das desordens têmporo-mandibulares. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2008.
CAPRA, Fritjov. A coência de Leonardo da Vince. Editora Cultrix, 2008.
25
CAPítulo 2
fisiologia dos movimentos mandibulares
O estudo da fisiologia é de fundamental importância para todas as áreas da saúde. 
Fisiologia do grego physis: natureza e logos: palavra ou estudo é o ramo da biologia 
que estuda o funcionamento dos seres vivos, ou seja, os fatores físicos, químicos e 
mecânicos responsáveis pela origem, pelo desenvolvimento e pela manutenção 
da vida.
A fisiologia oral, conhecida como a fisiologia do sistema estomatognático ou mastigatório, 
estuda especificamente a função da boca ou cavidade oral e as estruturas crâniofaciais 
relacionadas, ou seja, fatores físicos, químicos e mecânicos que possibilitam o 
desenvolvimento e a manutenção da integração dessas estruturas. (CITY; ELMORE; 
FIARMAN; TEITEL, apud TAMBELI, 2014)
A neuroanatomia e a fisiologia determinam importante mecanismo no qual os 
movimentos funcionais da mandíbula podem ser executados. As principais funções 
são: mastigação, deglutição e fala. Além disso, há funções secundárias que auxiliam 
na respiração e na expressão de emoções. Os movimentosfuncionais são eventos 
neuromusculares complexos e altamente coordenados. Para desempenhar a atividade 
funcional desejada, estímulos neuro-sensoriais provindos de estruturas do sistema 
mastigatório como dentes, ligamentos periodontais, lábios, língua, bochechas, palato, 
são recebidos e integrados no Gerador de Padrão Central (GPC) com ações reflexas 
existentes e traços de memória musculares. (OKESON, 2008). 
Os movimentos mastigatórios dependem de processos neurais integrativos complexos 
do SNC (sistema nervoso central) que podem ser iniciados por influências internas 
ou externas incluindo impulsos e estados emocionais do paciente. Durante a 
mastigação, a quantidade de proprioceptores (ex.: fusos musculares) e exteroceptores 
(mecanorreceptores) enviam informações ao SNC (ex.: córtex cerebral, tronco, gânglios 
basais e medula espinhal). 
A mastigação inicia-se com a “configuração do sistema” (visão, tato, odor) para receber 
o alimento. A implicação do senso de tato varia desde a escolha do alimento até sua 
apreensão pelos incisivos. (NELSON; ASH JR, 2012.)
Durante a mastigação contraem-se coordenadamente vários grupos musculares, 
sendo os mastigatórios os mais importantes embora também sejam fundamentais 
26
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
os músculos da língua e os faciais, especialmente bucinador e orbicular dos lábios 
(PEREIRA et al., 2006).
Uma mastigação adequada deve ter um padrão bilateral alternado, corte do alimento 
com os incisivos, vedamento labial, sem ruído ou participação exagerada da musculatura 
perioral, lateralização de língua e mandíbula, além de simetria muscular. E, para que 
esse padrão mastigatório ocorra, refere à necessidade de uma harmonia morfológica e 
funcional das estruturas estomatognáticas (BIANCHINI, 1998).
Durante o ciclo mastigatório, é possível analisar uma constante modificação na dinâmica 
mandibular e, com ela, modifica-se a articulação têmporo-mandibular. Uma mastigação 
que não ocorre adequadamente irá promover movimentos alterados de todo o Sistema 
Estomatognático e, principalmente, da ATM.
Biomecânica da função Mastigatória
O ato mastigatório constitui de um processo fisiológico complexo que tem início 
com a trituração dos alimentos, seguido de salivação e, por fim, a formação do bolo 
alimentar. Ocorrendo a sincronização de movimentos (abertura bucal) e elevação 
(fechamento bucal) da mandíbula. No plano coronal da face (frontal), a trajetória típica 
da mandíbula possui a forma de gota. O movimento de abertura bucal, considerando 
o plano coronal da face, ocorre associado a um leve afastamento da mandíbula para 
o lado não envolvido na mastigação, retomando para o lado envolvido antes de se 
completar a abertura bucal. O fechamento bucal, após o processamento mecânico 
dos alimentos (corte, trituração ou esmagamento), continua até que os dentes 
opostos entrem em contato, deslizando inicialmente e, em seguida, ocluindo-se em 
máxima intercuspidação; esta fase corresponde o ciclo final mastigatória. (MENDES, 
2013. 664.)
Entre os movimentos naturais de mordida, inclui também o movimento de incisão, 
atuando de três modos diferentes de acordo com a dureza dos alimentos; nos alimentos 
duros, no momento que os incisivos superiores e inferiores ocluem topo; nos alimentos 
macios quando os incisivos inferiores deslizam ao longo das faces palatinas dos 
incisivos superiores e nos moles, quando os incisivos inferiores deslizam com pequeno 
afastamento da palatina dos superiores. (JANKELSON; HOFFMAN; HENDRON JR, 
1952)
Geralmente, durante a mastigação, o indivíduo geralmente realiza a mastigação 
apenas de um lado da cavidade oral; de acordo com a conveniência, o bolo alimentar 
é levado de um lado para o outro (bilateralmente). Esta mudança costuma ficar 
27
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo │ unidAdE i
confinada as regiões de molares e pré-molares, dentes que realizam a maior parte 
do trabalho do lado direito ou do lado esquerdo e, ocasionalmente, a mudança na 
mastigação pode ser direcionada à região anterior. Regiões das bochechas, lábios 
e língua ajudam a manipular o alimento e a jogá-lo entre os dentes continuamente, 
durante os movimentos mandibulares. Os dentes pré-molares e molares realizam 
a maior parte do trabalho enquanto que a mandíbula realiza movimentos laterais 
direito e esquerdo aproximando os dentes das relações de oclusão lateral direita e 
esquerda, finalizando o processo próximo à relação de intercuspidação ou oclusão 
Cêntrica. (PEREIRA; GAVIOA; VAN DER BILT, 2006, pp. 193-201, BIANCHINI, 
apud MARCHESAN, 1998). 
Movimentos mandibulares
A partir da posição inicial os movimentos mandibulares de abertura, fechamento, 
protrusão, lateralidade (veja capítulo 1 – Unidade III) são executados pelos movimentos 
de rotação e translação condilar, direcionados em planos e graus distintos.
Movimento de rotação: movimento de um corpo ao redor de seu centro.
O movimento de rotação da mandíbula pode ocorrer nos planos horizontal, frontal 
(vertical) e sagital. O movimento mandibular em torno do eixo horizontal pode ocorrer 
na abertura e no fechamento da boca. É chamado de movimento de dobradiça, no qual 
se observa o movimento de ambas as articulações em volta de um único eixo de rotação. 
Este movimento raramente ocorre durante o funcionamento normal. O movimento em 
volta do eixo frontal ocorre quando a mandíbula se desloca lateralmente, assim, um 
côndilo de desloca em direção à eminência articular e o outro permanece no eixo de 
rotação frontal.
Devido à inclinação da eminência articular, o movimento lateral da mandíbula está 
associado ao movimento do côndilo orbitante para baixo (côndilo contrário ao lado 
para o qual a mandíbula se deslocou), gerando outro eixo terminal de rotação no 
plano sagital.
Movimento de translação: movimento de um corpo quando todos os seus pontos se 
movem em uma mesma direção ao mesmo tempo.
A translação pode ser definida como um movimento de um corpo em que todas as partes 
têm, em cada instante, a mesma velocidade e direção. A translação ocorre na cavidade 
ou no compartimento articular superior, entre a superfície superior do disco articular e 
a superfície inferior da fossa articular. 
28
unidAdE i │ AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo
Durante os movimentos normais, a mandíbula está rotacionando em torno de um ou 
mais eixos, e cada um dos eixos está transladando. 
Isso resulta em movimentos extremamente complexos nos quais ambas as articulações 
sempre estão em atividade simultânea, porém raramente os movimentos são idênticos 
e conjuntos.
Fonte: Movimentos de rotação: eixo horizontal; eixo vertical; eixo sagital e movimentos de translação. (Ilustração: Okeson, 2008)
receptores Sensoriais – Sistema neuromuscular 
associado à mastigação
Os receptores do SE fornecem continuamente ao SNC informações precisas e completas 
relacionados à mastigação e à degradação dos alimentos. Além disso, todas as ações do 
sistema mastigatório são controladas pelo complexo neuromuscular, que através de 
estímulos proporcionam a ação de ato refl exo para atividade muscular.
Informações somáticas são transmitidas pelos nervos glossofaríngeo (IX), lingual e 
facial (VII) e através dos ramos maxilar e mandibular do nervo trigêmeo (V). 
O centro da mastigação também é responsável por adaptações das atividades 
nos diferentes músculos do SE, mantendo a efi ciência durante todo o processo da 
mastigação; é também neste centro que a integração sensorial-motora ocorre para que 
haja uma atividade rítmica e coordenada dos músculos da mastigação. 
As informações advindas dos núcleos sensoriais relativos à inervação aferente do SE, 
principalmente dos núcleos: sensorial principal, espinal do trigêmeo, mesocefálico, facial 
e núcleo solitário estão integrados no centro mastigatório, que envia as informações 
para os núcleos motores – principalmente o núcleo motor do trigêmeo. 
29
AnAtoMiA E fiSiologiA do SiStEMA EStoMAtognÁtiCo│ unidAdE i
Fonte: Arquivo Pessoal.
O componente neuromuscular do sistema mastigatório funciona em três etapas bem 
distintas: percepção do estímulo, integração no SNC e reação aos comandos integrados. 
Os músculos movem-se, entretanto, a colocação, a característica da superfície 
oclusal e o suporte dos dentes influenciam ou programam o movimento. (MENDES, 
2013)
VÍDEOS ONLINE: Assista aos seguintes vídeos.
<http://www.youtube.com/watch?v=q8WffatJ4lA>.
<http://www.youtube.com/watch?v=I3-qrqcfxH4>.
<https://www.youtube.com/watch?v=jx2fMLKePMY>.
Significado Clínico
Demonstra as diferenças entre os pacientes, cada indivíduo apresenta suas 
próprias relações maxilomandibulares e têmporo-mandibular. Assim, a aplicação 
de técnicas para individualização de registros e transferências das posições 
anatômicas é importante para a elaboração de um bom plano de tratamento 
e consequente reabilitação mais satisfatória. (CITY; ELMORE; FIARMAN; TEITEL, 
apud TAMBELI, 2014).
Os Articuladores são instrumentos protéticos desenvolvidos com o objetivo de 
reproduzir as relações maxilomandibulares, estabelecer o eixo de rotação da 
mandíbula e simular os movimentos mandibulares dos pacientes.
30
UNIDADE I │ ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
Importância: análise oclusal, essencial em Prótese e Dentística Restauradora, pois 
as superfícies oclusais dos dentes a serem restaurados são unidades funcionais 
do sistema mastigatório; os dentes restaurados não devem interferir na função 
mandibular durante a mastigação, fala e deglutição, assim como não transmitir 
forças excessivas para as estruturas da ATM, durante a máxima intercuspidação 
ou nos movimentos excêntricos.
Classificação: Articuladores Totalmente Ajustáveis (A.T.A); Semiajustáveis (A.S.A); 
Não Ajustáveis (A.N.A). (MENDES, 2013)
31
unidAdE ii
ProCESSAMEnto 
SEnSoriAl: 
noCiCEPção E 
ModulAção dA dor
CAPítulo 1
Processamento central da informação 
sensorial e respostas fisiológicas
O sistema nervoso possui duas funções básicas. 
 » Manutenção da constância do meio interno (homeostase), por meio de 
funções vegetativas que asseguram sua organização. 
 » Emissão de comportamentos que são funções globais do organismo em 
que se vive (FERNANDES NETO, 2006).
Fonte: Ilustração com escritos: arquivo pessoal do autor. 
Sistema nervoso Central (SnC) e Sistema nervoso 
Periférico (SnP)
O Sistema Nervoso Central (SNC) é constituído pelo encéfalo e da medula espinhal. 
O encéfalo abrange o cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. No cérebro, distinguem-se: 
32
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
o córtex motor que se relaciona com os movimentos voluntários dos músculos estriados, 
o córtex sensorial que se relaciona com a sensibilidade profunda e cutânea e o tálamo que 
é o centro de passagem de todas as sensações, com exceção do olfato (DAWSON, 2008). 
No tronco encefálico, distinguem-se o mesencéfalo, a ponte e o bulbo. A principal 
estrutura do SNP é o neurônio (célula nervosa) que é composto de dentritos, corpo 
celular e seu processo (axônio) que conduz impulsos nervosos para o botão terminal.
As informações dos tecidos que estão localizados fora do sistema nervoso central (SNC) 
devem ser transferidas para o SNC e para os centros superiores no tronco encefálico e 
córtex para avaliação e interpretação (DAWSON, 2008). A integração no SNC ocorre 
a partir da produção de um estímulo no SNP captado por um receptor específi co, a 
partir do qual se inicia uma via ascendente (pelos nervos sensoriais aferentes) até o 
SNC especifi camente até o córtex sensorial, por meio dos diferentes constituintes do 
sistema nervoso (cerebelo, tálamo e outros), quando o estímulo é então identifi cado, 
tornando-se consciente (FERNANDES NETO, 2006).
Neurônio aferente: conduz o impulso nervoso ao snc
Neurônio eferente: coduz o impulso perifericamente
Internêuronios: permanecem dentro do snc
Fonte: Ilustração: < http://www.sobiologia.com.br/figuras/Histologia/sinapse3.gif>.
Nocicepção: detecção e subsequente transmissão de um evento nocivo (danos aos 
tecidos, lesões); realizada por nervos aferentes primários com terminais periféricos 
(receptores) – conhecidos como nociceptores. 
Após avaliação da informação, os centros superiores então enviam impulsos para 
a medula espinhal e de volta para a periferia para que um órgão eferente realize a 
ação almejada. 
33
ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor │ unidAdE ii
O neurônio aferente primário recebe o estímulo, após este impulso é transmitido para o 
SNC, através da raiz dorsal com sinapse no corno dorsal da medula espinhal – neurônio 
secundário – o impulso então é transmitido pelo neurônio de segunda ordem, cruzando 
a medula espinhal (trato espinotalamico ântero-lateral), ascendendo para os centros 
superiores; podendo haver interneurônios envolvidos na transferência deste impulso 
para o tálamo e o córtex. 
neuroanatomia – nervos cranianos
Os nervos cranianos totalizam 12 pares: sete nervos cranianos (I, II, V, VII – 
intermediário, VII, IX, X), possuem como finalidade veicular informações oriundas dos 
sentidos; quatro são relacionadas com as funções motoras somáticas (V, VII, XI, XII) 
do segmento cefálico ou cervical; um possui funções viscerais não somente da cabeça, 
mas do tórax e abdome (X); e três (VII, IX, X) regulam a função das glândulas salivares 
ou lacrimais. (SIQUEIRA; TEIXEIRA, s/d).
Fonte: Ilustração: Amabis, Jose Mariano; Martho, Gilberto rodrigues. Conceitos de biologia. São Paulo: Ed. Moderna, 2001. vol 2. 
34
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
O nervo trigêmeo, o intermediário, o nervo glossofaríngeo e o nervo vago estão envolvidos 
no processamento de informações sensitivas da face, crânio ou do viscerocrânio. 
O nervo trigêmeo, assim denominado porque ramifica no interior do crânio em três 
divisões. Essas divisões proporcionam inervação sensitiva geral para a maior parte da 
cabeça e fibras motoras para os músculos da mastigação e vários músculos menores 
(KIERNAN, s/d). Possui uma raiz sensitiva, consideravelmente maior, e uma raiz 
motora, sendo, então, considerado um nervo misto. Os Três Ramos ou Raízes do Nervo 
Trigêmeo, responsáveis pela sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça, 
são: V.1 – Nervo Oftálmico: Responsável pela sensibilidade da cavidade orbital e seu 
conteúdo. Possui três ramos terminais: nasociliar, frontal e lacrimal; V.2 – Nervo 
Maxilar: Inerva as partes moles compreendidas entre a pálpebra inferior, nariz e lábio 
superior; V.3 – Nervo Mandibular: É bastante ramificado, tendo como principais ramos 
o Nervo Lingual, que proporciona a sensibilidade geral dos 2/3 anteriores da língua, e o 
Nervo Alveolar Inferior, que percorre o interior do osso Mandibular. Estas ramificações 
do Nervo Trigêmeo conduzem tanto impulsos exteroceptivos (temperatura, pressão, 
dor, tato), como propioceptivos (originados em receptores localizados nos músculos 
da mastigação e na ATM). A Raiz motora deste nervo acompanha o nervo mandibular, 
distribuindo-se aos músculos da mastigação e classificando-se com Eferentes Viscerais 
Especiais. (MACHADO, 2000; MOORE, 2004).
35
ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor │ unidAdE ii
Ilustração, montagem escrita arquivo pessoal. Fotos livro: Livro - Grays Anatomia - 40a. edição. Standring, Susan Editora: Elsevier. Fonte: 
escrita arquivo pessoal do autor; ilustrações baseada Okeson,2008
36
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
Componentes Sensitivos: a maior parte dos neurônios sensitivos primários está 
localizados no gânglio trigeminal (semilunar ou de Gasser) os outros estão localizados 
no núcleo messencefálico do nervo trigêmeo.
O nervo trigêmeo é responsável pela sensibilidade da pele da face, fronte; do couro 
cabeludo até o vértice da cabeça: mucosa das cavidades oral, nasal e dos seios paranasais; 
e dos dentes. O nervo trigêmeotambém contribui com fibras sensitivas para a maior 
parte da dura mater e artérias cerebrais. 
Núcleo principal do nervo trigêmio: os processos centrais das células no gânglio 
trigeminal constituem a grande raiz sensitiva do nervo trigêmeo, essas fibras entram na 
ponta e terminam nos núcleos principal e espinal do nervo trigêmeo; recebe impulsos 
aferentes periodontais e alguns impulsos aferentes pulpares.
Trato espinal do nervo trigêmeo: grande número de fibras da raiz sensitiva de 
diâmetro intermediário e muitas fibras amielínicas delgadas fletem-se caudalmente 
ao entrar na ponte. Essas fibras, para dor, temperatura e tato leve combinam-se com 
ramos descendentes das aferências para formar o trato espinal do nervo trigêmeo; 
o trato recebe fibras dos nervos facial, glossofaríngeo e vago, essas fibras são para a 
sensibilidade somática geral de parte da orelha externa, mucosa da parte posterior da 
língua, da faringe e da laringe.
 O núcleo espinal do nervo trigêmeos é dividido em três subnúcleos: 
1. Subnúcleo oral;
2. Subnúcleo interpolar e a parte caudal;
3. Subnúcleo caudal, que recebe fibras para a dor e temperatura. 
A integridade da parte caudal e da extremidade caudal do trato espinal do nervo 
trigêmeo é essencial para a percepção da dor que se origina do mesmo lado da cabeça; 
o subnúcleo oral parece ser uma área significativa deste complexo tronco encefálico 
trigeminal para os mecanismos de dor orofacial.
Evidências relatam que os aferentes nociceptivos faciais projetam-se para o subnúcleo 
caudado do núcleo do trato trigeminal. Informações referentes a estruturas do corno 
dorsal podem ser seguramente extrapoladas e aplicadas ao subnúcleo caudado, em 
geral, presume-se que o subnúcleo caudado predomine a nocicepção trigeminal 
(OKESON, 2008). 
O núcleo motor do nervo trigêmeo consiste de neurônios multipolares típicos, 
constituem a maior parte da raiz motora, associando-se as fibras sensitivas do 
37
ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor │ unidAdE ii
nervo mandibular imediatamente distal ao gânglio trigeminal. Esse nervo supre 
os músculos da mastigação (masseter, temporal e músculos pterigoideos lateral e 
medial e vários outros músculos menores: tensor do tímpano, tensor do véu palatino, 
digástrico (ventre anterior) e milo-hioideo. As aferências para os reflexos provêm 
principalmente dos núcleos sensitivos do trigêmeo, incluindo o núcleo mesencefálico. 
(KIERNAN, s/d).
Fonte: Setas esquemáticas e escritas em vermelho: arquivo pessoal. Ilustração: OKESON, 2008. 
Considerações gerais
Dores oriundas de fontes periféricas são mediadas por estruturas anatômicas do 
sistema nervoso, chamadas de receptores sensitivos e neurônios sensitivos primários, 
que constituem em vias dolorosas periféricas. 
O encéfalo recebe constantemente grande quantidade de impulsos sensitivos iniciados 
por estímulos receptores sensitivos de todos os tipos, exteroceptivos, proprioceptivos 
e interoceptivos, sendo que, de todos os apresentados, apenas uma pequena fração é 
percebida em nível consciente. Grande parte destes impulsos sensitivos emergentes 
possui função reguladora do funcionamento corporal. 
As vias trigeminais são de grande significado nas queixas de dores bucofaciais. As 
regiões bucal e mastigatória inervadas por pelo menos seis nervos somáticos sensitivo 
principais e o nervo trigêmeo (VII, IX e X nervos cranianos e I, II, III nervos cervicais). 
38
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
Estabeleceu-se que todos os aferentes simpáticos e os aferentes parassimpáticos 
sacrais são mediadores da dor no nível consciente; as fibras aferentes parassimpáticas 
cranianas são mediadoras da dor, especialmente por disfunções neuromusculares. Um 
grande número de impulsos é conduzido para o sistema nervoso central através dos 
nervos viscerais aferentes.
Os ramos parassimpáticos, transportados pela bainha trigeminal para distribuição 
periférica, deixam o trigêmeo antes de entrar no SNC, e nenhum deles passa através da 
raiz posterior do V nervo craniano. Os aferentes parassimpáticos na região trigeminal 
penetram o SNC através do VII e IX nervos cranianos.
O ramo aferente, bem como o eferente do reflexo miotático é intercedido por nervos 
motores. Os nervos motores, de certo, sejam mediadores de impulsos sensitivos normais 
provenientes da musculatura esquelética. 
A sensação dolorosa da face e da boca pode ser mediada por muitas outras vias que a 
trigeminal tradicional; por neurônios aferentes transportados por elementos motores, 
bem como outros nervos cranianos e cervicais superiores; e por nervos viscerais 
aferentes do sistema simpático e parassimpático. 
(<http://ladanzaynuestrocuerpo.blogspot.com.br/2013/08/sistema-esqueletico-3d-5-
ligamentos.html>.)
Conheça mais sobre o cérebro humano
O cérebro humano é particularmente complexo e extenso. Ele é imóvel e representa 
apenas 2% do peso do corpo, mas apesar disso, recebe aproximadamente 25% de 
todo sangue bombeado pelo coração.
<http://www.youtube.com/watch?v=LHc6YgAmURs>.
39
CAPítulo 2
Modulação da dor e mecanismos de 
sensibilização periférica e central
“A dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável” 
IASP, 1994. 
A dor é frequentemente associada ao dano tecidual ou potencial, embora a dor possa 
ser uma experiência independente do dano tecidual. Os nociceptores sinalizam lesão, 
todavia a atividade nociceptora é insuficiente para causar dor, tornando a dor uma 
percepção. (LUNDY-EKMAN, s/d)
A sensibilização ocorre pela liberação de neurotransmissores excitatórios na fenda 
sináptica, o neurônio pós-sináptico é excitado e um impulso é iniciado e conduzido ao 
axônio; se o agente neuroquímico permanecer na região da sinapse, o neurônio poderá 
ser despolarizado mais rapidamente com a próxima liberação de um neurotransmissor. 
A sensibilização ocorre pelo baixo linear que causa a despolarização do neurônio aferente 
primário; este fato justifica o estado de hiperalgesia comumente associado aos tecidos 
inflamatórios, como, por exemplo, após algumas horas de uma lesão por um pequeno 
corte, o indivíduo desenvolverá ao redor da lesão tecidual, uma sensibilização na região, 
mesmo ao leve toque. Esta sensibilização é explicada, pois agentes neuroquímicos 
sensibilizam os neurônios aferentes próximos, de maneira que um pequeno estímulo 
mecânico gera a despolarização e o impulso nociceptivo (OKESON, 2008). 
Várias terminações nervosas livres, que são encontradas em tecidos periféricos, 
fornecem a base periférica para a dor, agindo como nociceptores – órgãos sensitivos 
ativados por estímulos nocivos dos tecidos periféricos – sua ativação pode derivar na 
produção de impulsos nervosos nas fibras aferentes de pequeno diâmetro (A delta ou 
C). Através das fibras, a descarga nervosa será conduzida para o interior do cérebro 
para processamento, desta forma, qualidade, intensidade, duração e localização do 
estímulo nocivo serão percebidas.
Nos músculos esqueléticos e articulações, são encontradas tanto fibras A delta como 
C, assim, os sinais interpretados tanto como dor rápida quanto lenta podem ocorrer 
lesões musculoesqueléticas. Quando o tecido é traumatizado ou sofre isquemia, são 
liberados substâncias bioquímicas que despertam os nociceptores adormecidos; 
este nociceptores quando acordados são extremamente reativos a estímulos; isto é, 
chamado sensibilização periférica. Os neurônios sensibilizados liberam descargas 
40
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
em resposta a estímulos normalmente inócuos, até mesmo em pequenos movimentos, 
podendo emitir descargas espontaneamente. (LUNDY-EKMAN, s/d).
Fatores bioquímicos, como complacência tecidual, também podem afetar a capacidade 
dos aferentes nociceptivos trigeminais. Várias substâncias químicas estão envolvidas na 
sensibilização periférica dessas terminações, assim como na ativação pelos estímulos 
nocivos, também, alguns nociceptores insensíveis aestímulos mecânicos (nociceptores 
silenciosos) podem responder a estímulos químicos. (LUND, LAVIGNE, DUBNER, 
SESSLE, 2010).
transmissão dos impulsos aferente para o córtex
A condução do impulso ao SNC e centros superiores para avaliação e interpretação ocorre 
após estimulação periférica de um nociceptores; após o impulso possuir significado, os 
centros superiores então incidirão para o córtex e, assim, será interpretado como dor. 
Adverte-se que a maioria dos impulsos que entram no SNC não atinge o córtex, pois 
esta série de eventos não ocorre de maneira simples.
Uma das principais vias que conduzem a nocicepção bucofacial inicia-se com a via 
nervosa trigeminal. Impulsos nociceptivos que são oriundos da boca podem ser mediados 
centralmente através de neurônios de primeira ordem aferentes que passam pelos nervos 
cranianos V, VII, IX E X, assim como nos nervos cervicais I, II e III. (OKESON, 2008). 
Fonte: Ilustração: Quadro da representação do nervo trigêmeo entrando no tronco encefálico próximo à ponte (OKESON, 2005). 
41
ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor │ unidAdE ii
Por meio da representação gráfica anterior (OKESON, 2005), compreenderemos o 
processo da condução do impulso nervoso da região face (trigêmeo) até os centros 
superiores. O impulso é conduzido pelo neurônio aferente primário da divisão do nervo 
trigêmeo (V) através do gânglio trigeminal (na ilustração GG) para a região do subnúcleo 
caudado do trato espinal trigeminal. Nesta região, faz sinapse com um neurônio de 
segunda ordem para depois ser transferido aos centros superiores para avaliação. Se o 
impulso é conduzido por uma fibra A-delta, ela então poderá fazer a sinapse com um 
neurônio de ampla variação dinâmica e ser conduzido aos centros superiores via trato 
neoespinotalâmico (trato NST). Após, este impulso será conduzido rapidamente aos 
centros superiores e será então referido como uma dor rápida. Se o impulso aferente 
primário for conduzido por uma fibra C, esta poderá realizar a sinapse com um neurônio 
noceceptivo específico e ser conduzido superiormente ao tratopaleoespinotalâmico (trato 
PST); este passará pela formação reticular e pode, portanto, ser influenciado por muitos 
neurônios moduladores; a nocicepção conduzida neste trato é chamada de dor lenta.
Convergência: sinapse de vários neurônios aferentes primários com um neurônio de 
segunda ordem. A atividade na sinapse pode ter efeito cumulativo, chamado somação.
O mecanismo de convergência foi bem descrita no complexo nuclear sensitivo do tronco 
encefálico trigeminal sensorial. Os subnúcleos orais e interpolares recebem extensa 
convergência dos impulsos aferentes bucofaciais e musculares, o mesmo ocorre no 
subnúcleo caudado. Os impulsos aferentes de estruturas profundas convergem em um 
grau maior que os aferentes provenientes de estruturas cutâneas, razão pela qual a dor 
em estruturas profundas é sentida mais difusa e menos localizada do que a dor mais 
localizada das estruturas cutâneas.
Sensibilização central
Manifestações resultantes da hiperexcitabilidade dos interneurônios do SNC são, em 
geral, referidas como efeitos excitatórios centrais. Sugere-se que o neurônio de segunda 
ordem pode mudar o processamento dos impulsos; quando um neurônio de segunda 
ordem recebe uma barreira constante de impulsos nociceptivos, receptores específicos 
podem ser ativados aumentando a sensibilidade deste neurônio. Esta sensibilidade 
aumentada pode alterar os impulsos neurais na medida em que eles são processados 
nas vias para os centros superiores. Após esta ocorrência, até mesmo os impulsos 
nervosos normais podem ser erroneamente interpretados como nocivos, essa mudança 
no processamento do impulso chama-se neuroplasticidade.
A sensibilização central é produzida por uma cascata de eventos que começa com 
uma barreira aferente nociceptiva causando a liberação central de vários mediadores 
42
unidAdE ii │ ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor
químicos, incluindo glutamato e neuropeptídios (como a substância P), essas 
substâncias prolongam a despolarização neuronial e aumentam a excitabilidade dos 
neurônios nociceptivos pela ação sobre os receptores (glutamato, proteína G acoplada). 
A perda de processos inibitórios centrais também pode contribuir para a excitabilidade 
central aumentada, que é uma característica da sensibilização central.
A sensibilização central pode durar dias ou semanas e acredita-se que contribua para a 
dor persistente e para a dor espontânea e sensibilidade dolorosa, caracterizando muitos 
casos clínicos de dano ou inflamação. Além disso, a sensibilização central pode explicar 
a hiperalgesia, característica de muitas condições persistentes de dor, pelo aumento 
da excitabilidade produzida por neurônios nociceptivos centrais, a partir das fibras C 
e A-delta; também poderá acentuar os estímulos aferentes mecanossensitivos de baixo 
limiar (geralmente associados a dor) para os neurônios nociceptivos após dano ou 
inflamação periférica, contribuindo para a alodínia1 que com frequência está associada 
à condição de dor. É preciso ter em mente que a sensibilização periférica também pode 
contribuir para a hiperalgesia2 e alodínia por aumento da excitabilidade e redução 
do limiar de ativação dos aferentes primários. 
Portanto, muitas condições dolorosas estão envolvidas nos fenômenos de sensibilização 
periférica e central.
(Dor Orofacial. Da ciência básica à conduta clínica. Lund, Lavigne, Dubner, Sessle 
Quintessence).
Dor referida: é proveniente de um local distante do local de origem efetivo; geralmente 
referida dos tecidos viscerais a pele. Por exemplo, durante um ataque cardíaco, o encéfalo 
pode interpretar erroneamente as informações nociceptivas como de originando da pele 
ou do aspecto medial do braço esquerdo. A dor referida é explicada pela convergência 
e facilitação das informações nociceptivas de diferentes origens. A dor referida ocorre 
quando ramos de fibras nociceptivas de um órgão interno e ramos de fibras nociceptivas 
da pele convergem para o mesmo neurônio de segunda ordem na medula espinal ou 
tálamo e os neurônios centrais ficam sensibilizados (GIAMBERARDINO, 2003).
Características dor aguda e crônica
DOR AGUDA DOR CRÔNICA
CAUSAS Ameaça ou real dano tecidual Dano tecidual continuado; fatores ambientais; sensibilização de 
neurônios vias nociceptivas; disfunção de sistema de controle 
endógeno da dor. 
RELATO DO PACIENTE Descrição clara da localização, padrão, 
qualidade, frequência e duração. 
Descrição vaga
FUNÇÃO Aviso de dano tecidual, repouso do tecido 
para cura. 
Se dano tecidual não for continuado, nenhum benefício 
biológico, pode ter benefício social ou psicológico. 
1 alodínia – definição: dor produzida por estímulos normalmente não dolorosos).
2 hiperalgesia – definição: sensibilidade aumentada a estímulo no local da dor.
43
ProCESSAMEnto SEnSoriAl: noCiCEPção E ModulAção dA dor │ unidAdE ii
DOR AGUDA DOR CRÔNICA
CONSEQUÊNCIAS Atividade autonômica excessiva, excessiva 
ativação neuroendócrina, se não 
adequadamente tratada, pode ser nociva e 
progredir para dor crônica. 
Graves estresses financeiros, emocionais, físicos e/ou sociais 
para a pessoa e família; consequências fisiológicas da 
inatividade. 
(Neurociência Fundamentos para reabilitação. Laurie Lundy-Ekman).
dor neuropática
Definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como “dor iniciada ou 
causada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso”. Mecanismo já citados 
como sensibilização periférica dos nociceptores ou sensibilização central (que ocorrem 
durante a dor aguda nociceptiva) também podem fazer parte da dor neuropática em 
adição aos mecanismos que parecem especificamente após a lesão do nervo. 
Sintomas da dor neuropática incluem parestesia, disestesia, alodinia e hiperalgia 
secundária.
Parestesia: sensação anormal indolor na ausência de estimulação nociceptiva. 
Parestesias decorrem da disfunção de neurônios e tipicamentesão vivenciadas como 
sensações de formigamento ou picadas; lesões em qualquer ponto ao longo das vias 
nocicepticas, dos nervos periféricos ao córtex somatossensorial, podem produzir 
parestesias.
Disestesia: sensação anormal desagradável seja evocada seja espontânea. A disentesia 
espontânea é descrita como uma sensação de dor ardente, ou aguda ou elétrica.
Alodinia: dor provocada por um estímulo que normalmente não causaria dor. Ex: 
estímulo normalmente indolor ao tato; produz dor se a pele estiver queimado do sol.
Hiperalgesia secundária: sensibilidade excessiva a estímulos que normalmente são 
brandamente dolorosos em tecido não lesado. (LUNDY-EKMAN, s/d).
44
unidAdE iiiPrinCíPioS dA 
oCluSão
CAPítulo 1
Entendendo o contexto da oclusão no 
sistema estomatognático
O posicionamento e a oclusão dental são extremamente importantes na função 
mastigatória. As atividades básicas de mastigação, fala e deglutição, dependem da 
posição dos dentes nos arcos dentários como também do relacionamento dos arcos 
opostos quando eles são levados a ocluir (SANTOS JUNIOR, 2002).
A oclusão refere-se ao estudo das relações estáticas (intercuspidação dentária) e 
dinâmicas (movimentos mandibulares) entre as superfícies oclusais e entre estas e 
todos os demais componentes do AE.
Como conceito, temos que a oclusão dentária é o contato entre os dentes da maxila e 
mandíbula em todas as posições e movimentos mandibulares, além disso, é o resultado 
do controle neuromuscular dos componentes do sistema mastigatório (SÁ FILHO, 2002).
Oclusão Dentária
Fonte: Ilustração: <http://www.institutodeimplantologia.com/pt/?id=2085>.
Em geral, o conceito de oclusão varia de acordo com as especialidades na área de 
odontologia, sendo que algumas especialidades possuem suas definições baseadas na 
visão estática da dentição, enfatizando o encaixe dos dentes superiores em porções 
específicas dos dentes inferiores, poucos foram os conceitos baseados em critérios 
funcionais, sendo que o complexo dentoalveolar é altamente móvel, as considerações de 
45
PrinCíPioS dA oCluSão │ unidAdE iii
estabilidade oclusal e homeostase são frequentemente mal compreendidas, e raramente 
mencionadas como parte do conceito de oclusão.
A ideia de uma relação funcional das superfícies oclusais, ao invés de uma relação apenas 
estática torna-se cada vez mais importante em função do reconhecimento de que os 
distúrbios funcionais do sistema mastigatório podem estar relacionados à má oclusão, 
disfunção oclusal e distúrbios de comportamento motor da cavidade oral, como o 
bruxismo. (NELSON; ASH JR, 2012).
Os maiores valores de força mastigatória estão nos primeiros molares e os 
menores nos incisivos, isto ocorre devido à posição de inserção dos músculos 
elevadores e a característica de maior área de suporte dentário. Quando 
há alterações da ATM, os valores da força mastigatória apresentam-se 
mais baixos.
Para a compreensão da oclusão, conceitos sobre a curva de Spee, curva de Wilson, 
guias de desoclusão e dimensão vertical, devem ser frisados (OKESON, 2008). Seguem 
alguns conceitos importantes para o entendimento das relações intermaxilares.
Curva de Spee ou ântero-posterior: curvatura no plano sagital que se inicia a 
partir da cúspide do canino e vai até os posteriores, no sentido ântero-posterior. Sua 
importância está relacionada à estabilidade das arcadas e aos movimentos funcionais 
da mandíbula que poderão sofrer alterações.
Curva de Wilson ou médio-lateral: possui um sentido vestíbulo-lingual e relaciona-
se com os movimentos de lateralidade e à mastigação. De acordo com a teoria de que a 
oclusão deveria ser esférica, tal curva caracteriza-se como a curvatura das cúspides no 
plano frontal em ambos os arcos, sendo a curva no arco superior convexa e a do arco 
inferior côncava. 
Curva de Spee Curva de Wilson
Fonte: ILuSTrAçãO: livro “Fundamentos de Oclusao em Odontologia restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson batista Mendes. 
Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664. ISbN: 978-85-60842-50-6
46
unidAdE iii │ PrinCíPioS dA oCluSão
Dimensão vertical: medida vertical da face, entre dois pontos quaisquer, 
arbitrariamente selecionados e convenientemente localizados um acima e outro 
abaixo da boca, normalmente na linha mediana da face, variando entre a dimensão 
vertical de repouso e dimensão vertical de oclusão.
 
Dimensão Vertical
- Eficiência funcional; 
- Influi na estética facial; 
- Mantém a ATM em posição normal; 
- Preserva os tecidos de suporte; 
- Previne a tensão e fadiga dos músculos mastigatórios; 
- Favorece a deglutição e a fonação. 
importância: 
Dimensão Vertical de Oclusão (DVO): altura estabelecida pelos contatos dentários. 
Dimensão Vertical de Repouso (DVR): altura estabelecida quando a mandíbula 
encontra-se em sua posição fisiológica de repouso, em que não há contato entre os 
dentes antagonistas.
Cabe conceituar que nessa altura inclui-se, além da altura determinada pelos contatos 
dentários, o espaço existente entre os dentes quando a mandíbula se encontra em 
posição de repouso, na qual o tônus muscular está em estado de equilíbrio, também 
chamado de Espaço Funcional Livre (TELES, 2010).
DvO Dvr
Fonte: Ilustração esquemática: arquivo pessoal
47
PrinCíPioS dA oCluSão │ unidAdE iii
Os fatores que incidem sobre os movimentos mandibulares e os relacionam a morfologia 
oclusal são os seguintes. 
1. A posição fi siológica inicial: relação horizontal (RH) do côndilo na fossa 
ou relação Cêntrica. 
2. A direção do movimento e o plano em que ocorre; necessário, pois cada 
cúspide e superfície oclusal possuem diferentes planos. 
3. O tipo de movimento: rotação e translação. 
4. O grau do movimento e sua relação com as superfícies oclusais. 
5. Os signifi cados clínicos do movimento, que expressa diferenças entre os 
pacientes.
Movimentos
A direção dos movimentos faz-se em relação aos planos: frontal, sagital e horizontal. 
1. Plano frontal ou coronário: está dirigido para frente da face e é orientado 
bem paralelo as superfícies vestibulares dos dentes anteriores. 
2. Plano sagital: Divide o crânio em duas porções de imagem de espelho 
simétricas, orientado ântero-posteriormente.
3. Plano horizontal: paralelo ao chão e está orientado de acordo com as 
superfícies oclusais dos dentes.
Fonte: Ilustração: <http://clinicadrsilvioribeiro.blogs.sapo.pt/tag/radiologia>.
Os movimentos mandibulares de abertura, fechamento, protrusão, retrusão e lateralidade 
são executados pelos movimentos de rotação e translação condilar, direcionados em 
planos e graus distintos.
48
unidAdE iii │ PrinCíPioS dA oCluSão
Movimento de Translação: movimento de um corpo quando todos os pontos de 
um corpo se movem em uma mesma direção, na mesma velocidade ao mesmo tempo. 
O movimento de translação puro é quase inexistente, geralmente se tratando de 
rototranslação, que pode ser realizado com a boca aberta ou em contato dentário. O 
movimento de rototranslação sagital com contato dentário, o côndilo deve rotar por 
imposição que oferece o trespasse vertical dos dentes anteriores.
Movimento de Rotação: movimento de um corpo ao redor do seu centro. 
Movimento rotatório entre o disco e o côndilo no compartimento inferior da ATM. A 
ATM possui dois compartimentos, o inframeniscal e o suprameniscal. No primeiro, 
o côndilo apoio sobre o disco e pode realizar movimentos de rotação conhecidos 
como arcos de fechamento. Quando o movimento se produz sem contato dentário e 
induzido pelo operador e o côndilo está limitado pelas paredes superior e posterior 
da cavidade articular, estamos na presença de um arco de fechamento esquelético 
(Relação Cêntrica – RC).
 
Relação Cêntrica (RC): posição mais 
posterior da mandíbula em relação à 
maxila no plano horizontal, determinada 
pelos músculos e ligamentos que atuam 
sobre o complexo côndilo/disco da ATM, 
independentemente de contatos dentários. 
Quadro esquemático: arquivo pessoal. Ilustração: Okeson, 2005.
Movimento de abertura
Quando realizadoo movimento de abertura bucal de pequena amplitude, é um 
movimento cêntrico, já de maior amplitude, é um movimento excêntrico, envolvendo 
rotação e translação dos côndilos pelo tubérculo articular. Nesse movimento não há 
contato oclusal e, portanto, não há guia nessa região e todo movimento é direcionado 
pela inclinação do tubérculo articular e pelos côndilos. (MENDES, 2013.)
O movimento de abertura inicia-se pelo relaxamento dos músculos elevadores masseter, 
pterigoideo medial e fibras anteriores e médias dos temporais, seguido do relaxamento 
dos músculos retratores que são as fibras posteriores dos temporais. Simultaneamente, 
ocorre a contração dos pterigoideos laterais inferiores, seguida da ação forte dos 
músculos supra-hiodeos (digástrico), proporcionando uma trajetória condilar para 
frente e para baixo, até que atinja a abertura máxima. Neste momento, o osso hioido é 
estabilizado pela ação dos infra-hioideos. (Universidade do Sagrado Coração – USC, o 
Manual da Articulação Têmporo-Mandibular).
49
PrinCíPioS dA oCluSão │ unidAdE iii
Movimento de fechamento
Durante o fechamento mandibular, os côndilos executam dois movimentos: transrotação, 
que é o movimento retorno dos côndilos para o interior das fossas glenoides e o movimento 
de rotação, que é influenciado pelos feixes posteriores dos músculos temporais. (MENDES, 
2013).
O movimento de fechamento tem o início através do relaxamento dos músculos 
depressores, especialmente, o digástrico e os pterigoides, por meio da sincronia a 
contração dos músculos elevadores (masseter, pterigoideo medial, fibras anteriores e 
medias dos temporais), determinando, assim, o fechamento inicial com o movimento 
ascendente da mandíbula, levando o conjunto côndilo/disco a deslizar pela face 
articular em direção a porção profunda da fossa mandibular, numa trajetória de cima 
para frente, em uma fase final do movimento, as fibras posteriores do temporal se 
contraem provocando a retração da mandíbula. Durante a realização do movimento 
de fechamento e abertura o músculo pterigoideo lateral superior e inferior atuam 
antagonicamente. No movimento de abertura, o pterigoideo lateral inferior está 
ativo e no fechamento o pterigoideo lateral superior está ativo para evitar que o 
disco articular retorne a sua posição repentinamente e lesione a zona bilaminar, rica 
em vasos, nervos e artérias (Universidade do Sagrado Coração – USC, o Manual da 
Articulação Têmporo-Mandibular).
Movimentos excursivos da mandíbula
Movimento de lateralidade: movimento excursivo lateral da mandíbula para o 
lado, a partir de uma posição oclusal mediana caracterizado pela rotação para frente, 
para dentro e para baixo do côndilo contralateral. Assim, quando a mandíbula é 
movida para uma excursão lateral esquerda, o côndilo esquerdo gira e o côndilo direito 
se translada movimentando-se para frente, para dentro e para baixo na eminência 
articular. (MOHL, 1989. pp 26-3.)
O lado contrário ao lado que a mandíbula desloca-se é chamado lado de balanceio e é 
definido como a posição contrária ao lado de trabalho, em que as cúspides assumem 
uma posição de alinhamento.
Assim, resumindo, o lado para o qual a mandíbula se desloca é o lado de trabalho, 
nome usado para definir o movimento nos dentes, já para o côndilo, define-se como 
movimento de Bennett, ou seja, ocorre no côndilo do lado para o qual a mandíbula se 
desloca. Nos dentes, o contrário ao lado de trabalho é o lado de balanceio e no côndilo 
de balanceio o que se forma é o ângulo de Bennet (observado no plano horizontal).
50
unidAdE iii │ PrinCíPioS dA oCluSão
Fonte: O Homem virtual e o ensino da anatomia e fisiologia da Articulação Têmporo-mandibular universidade do Sagrado Coração, 
bauru, SP; universidade de São Paulo, São Paulo, SP, brasil.
A seguir mais alguns conceitos importantes em oclusão. 
Cúspides Funcionais Cúspides não funcionais
 » Ocluem em fossas ou embrasuras;
 » Vestibulares inferiores e palatinas ou linguais superiores;
 » Movimento de lateralidade, no lado de balanceio as cúspides que se 
cruzam e se alinham são as cúspides funcionais.
 » Não ocluem em fossas ou embrasuras e protegem os tecidos;
 » Vestibulares superiores e linguais inferiores;
 » Movimento de lateralidade, dente que dirige o movimento é o canino* 
desocluindo os demais dentes do lado de trabalho e de balanceio; 
 » Não deve haver contato entre os dentes posteriores.
*veja a seguir desoclusão em Canino
desoclusão em canino
No movimento de desoclusão, quando os músculos que movimentam a mandíbula para 
o lado da mastigação, a ponta da vertente vestíbulo/distal do canino inferior desliza pela 
vertente palatina do canino superior, essa movimentação promove a abertura bucal, 
eliminando os contatos em lateralidade e causa o avanço simultâneo da mandíbula – 
denominado GUIA CANINA. Durante a excursão lateral, o contato ocorre entre o 
canino superior e inferior e eventualmente no primeiro pré-molar no lado de trabalho, 
não havendo contato entre os dentes do lado não funcional ou de não trabalho. 
Movimento de protrusão: movimento da mandíbula para frente ou em direção 
anterior, com translação anterior de ambos os côndilos; quando a mandíbula é levada 
para frente à parte de uma oclusão em Cêntrica, apresentando ou não contato oclusal, 
diz-se que está em protrusão. Este movimento envolve o deslocamento condilar para 
frente, devido à ação dos músculos pterigoideos laterais e, para baixo, segundo o ângulo 
ditado pela vertente anterior da fossa articular e pelo padrão de deslocamento do disco 
51
PrinCíPioS dA oCluSão │ unidAdE iii
articular. Sendo que os dentes anteriores, após movimento protusivo da mandíbula, 
existirão o contato da borda incisal dos dentes inferiores anteriores e a face palatina 
dos dentes superiores. O deslocamento do côndilo para baixo cria um espaço existente 
entre os dentes posteriores, denominado espaço de Christensen. 
Fonte: Ilustração: <http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/termos.htm>.
Fonte: Ilustração: O Homem virtual e o ensino da anatomia e fisiologia da Articulação Têmporo-mandibular universidade do Sagrado 
Coração, bauru, SP; universidade de São Paulo, São Paulo, SP, brasil.
Movimentos bordejantes
Os movimentos bordejantes da mandíbula são defi nidos como as posições mais extremas 
nas quais a mandíbula é capaz de realizar e foram descritos a partir dos planos sagital, 
frontal e horizontal, em geral, não afetados pela postura da cabeça ou em relação ao corpo. 
Aprofundamento das discussões.
Vídeo sobre movimentos mandibulares:
<http://www.youtube.com/watch?v=4CF8-xqvxg8>.
52
CAPítulo 2
oclusão ideal, fisiológica e patológica
 Existe a oclusão ideal? 
oclusão ideal
É requisito para uma oclusão ideal que os contatos dentários sejam simultâneos e 
estáveis em posição intercuspideana, sem que haja interferência nos movimentos 
mandibulares; que ocorra distribuição das forças oclusais nas zonas de trabalho; e 
que exista um equilíbrio funcional com a articulação têmporo-mandibular e o sistema 
neuromuscular da mandíbula. Esses requisitos se apresentam quando há integridade 
morfofuncional de todos os componentes estomatognáticos (MARCHESAN,1993). 
Atualmente, o tratamento deve ser considerado sob o ponto de vista individual, 
baseado na estrutura específica envolvida na terapia e nas necessidades fisiológicas 
dos vários tecidos do sistema. A indicação de tratamento inclui as seguintes condições: 
sensibilidade pulpar e periodontal, mobilidade dentária progressiva e/ou falta de 
estabilidade (por ausência de contatos proximais, extrusão dentária, migrações etc.), 
alinhamento dentário deficiente (apinhamento ou giroversões), injúrias estruturais 
(fraturas, rachaduras, desgaste anormal, reabsorção radicular, possibilidade de 
abfração), periodontopatias (espessamento do ligamento, destruição periodontal 
relacionada), ausência de dentes, função deficiente (mastigação, deglutição, 
fonação), e considerações estéticas (McNEIL, 1997). Quanto às contraindicações,

Outros materiais