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DIREITO TRIBUTARIO FGV

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DIREITO TRIBUTARIO FGV
Vamos praticar?
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A sociedade empresária ABC Indústria e Comércio de Equipamentos Eletrônicos Ltda. foi autuada pela Receita Federal do Brasil, sob o fundamento de não ter recolhido imposto de renda no montante correto, conforme apuração realizada pelo órgão, referente aos últimos cinco anos.
A sociedade contribuinte insurge-se contra a cobrança da multa tributária qualificada que lhe foi imputada, no percentual de 150% sobre o valor do crédito tributário constituído. Na sua impugnação, alega que a multa nesse percentual possui caráter confiscatório e viola o princípio da proporcionalidade.
No julgamento administrativo de primeira instância, restou decidido que a multa é legal, pois está prevista em lei, e constitucional, pois a Constituição Federal não informa qualquer percentual máximo a título de multa ou tributo que possa caracterizar o efeito confiscatório, estando o legislador livre para fixar esse percentual. Além disso, informa que o STF não possui entendimento consolidado sobre o quantum confiscatório das multas tributárias.
Por fim, a decisão afastou a aplicação do princípio da proporcionalidade sobre a multa tributária com o argumento de que esse princípio não possui previsão na Constituição Federal, representando um mero argumento abstrato de retórica.
Considerando a situação apresentada, está correta a decisão? Justifique. 
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A decisão não está correta. É direito fundamental do contribuinte não se sujeitar a uma tributação com efeito confiscatório, o que se aplica também às multas tributárias, conforme já decidido pelo próprio STF. Em que pese não haver previsão constitucional de um percentual máximo para a multa tributária, há decisões do STF que sinalizam pela sua limitação a 100% do valor do crédito tributário, sendo confiscatório percentual acima desse valor. O princípio da proporcionalidade é um princípio implícito na Constituição Federal, ligado à própria ideia de Direito e de justiça, não precisando apresentar-se de forma expressa para que tenha aplicabilidade como um limitador à tributação e à imposição de multas desproporcionais. Sendo assim, no caso analisado, a multa aplicada, em que pese prevista em lei, é confiscatória, violando o princípio da proporcionalidade.
Vamos praticar?
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A Lei nº 1.234 (hipotética) prevê tratamento tributário simplificado e beneficiado para microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), assim entendidas aquelas que auferem receita bruta anual até R$ 1,2 milhões de reais e até R$ 4,8 milhões de reais, respectivamente. O tratamento tributário em questão prevê a simplificação das obrigações acessórias e a redução dos tributos incidentes sobre o faturamento, traduzindo verdadeiro benefício tributário.
Ocorre que essa lei exclui, expressamente, os profissionais liberais da possibilidade de adesão ao regime beneficiado. Consta, na exposição de motivos do projeto de lei que a antecedeu, que a exclusão se deve ao fato de que o Estado não precisa ajudar os profissionais liberais com incentivos fiscais, dado que eles possuem melhores condições de prosperar financeiramente no mercado em que atuam.
É constitucional a exclusão dos profissionais liberais do regime tributário beneficiado? Justifique.
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A exclusão é inconstitucional. A Constituição Federal proíbe, expressamente, o tratamento tributário desigual entre contribuintes que se encontram em situação equivalente, vedada a diferenciação em razão de profissão ou atividade econômica desenvolvida (art. 150, II). Nesse caso, o critério de diferenciação da receita bruta anual é legítimo, pois atende ao princípio da capacidade contributiva. No entanto, o critério da profissão ou atividade econômica é ilegítimo na seara do tratamento tributário desigual, dado que encontra vedação constitucional expressa para a sua utilização. Caso o STF tenha decidido em caso análogo pela constitucionalidade da lei que havia deixado os profissionais liberais de fora do benefício, a exclusão não se sustenta, pois viola inequivocamente o art. 150, II, da Constituição Federal.
Vamos praticar?
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Imagine que uma pessoa necessitada, desprovida de qualquer renda ou assistência financeira do Estado, compre pão e leite em um supermercado, pagando o ICMS embutido no preço final de venda ao consumidor.
Avalie a eventual aplicação do princípio da capacidade contributiva no ICMS da situação apresentada, considerando os seguintes pontos de atenção:
· mínimo existencial;
· justiça tributária;
· restituição do imposto e
· praticabilidade tributária.
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O princípio da capacidade contributiva deveria ser aplicado ao ICMS. No entanto, por razões de praticabilidade e de interesses do bem comum, deixa de ser aplicado diretamente. A consequência é a violação à garantia da proteção ao mínimo existencial e a violação à justiça tributária. Tributa quem não apresenta qualquer capacidade contributiva, em que pese possa manifestar capacidade econômica no momento do pagamento das mercadorias no supermercado.
Com isso, viola também a justiça tributária na sua manifestação por meio do princípio da igualdade tributária, dado que tributa igualmente o pobre e o rico, na aquisição de pão e leite, quando eles deveriam receber tratamento tributário diferenciado.
A lesão à justiça tributária é ainda agravada porque não há previsão legal de qualquer espécie de restituição do imposto pago, nesse caso, à pessoa necessitada, seja mediante reembolso direto, seja mediante compensação com o imposto de renda eventualmente pago e ajustado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física. 
Em outras palavras, o Estado recebe o imposto de quem não poderia cobrar, dada a inequívoca ausência de capacidade contributiva no caso concreto. 
Vamos praticar?
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Uma sociedade empresária que se dedica à produção de açúcar de cana insurge-se contra a cobrança de IPI sobre a sua produção, na alíquota de 18%. Ela alega que tem conhecimento de que os produtores de outros alimentos não recolhem o IPI ou recolhem-no com uma alíquota de 5%, o que representa, na sua ótica, uma manifesta injustiça em termos de concorrência. Essa sociedade contrata você, na condição de advogado, para defender os seus interesses, propondo a medida judicial cabível.
Avalie o cabimento de uma medida judicial para atender aos interesses da sociedade e a respectiva chance de sucesso.
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Cabe mandado de segurança ou ação ordinária para buscar a realização dos interesses da empresa por meio do Poder Judiciário. No entanto, as chances de sucesso são remotas. O princípio da seletividade em função da essencialidade orienta a atuação do legislador na fixação seletiva das alíquotas do IPI, conforme o critério da essencialidade do produto para a satisfação das necessidades humanas, nesse caso, ligadas à alimentação, um direito social fundamental.
Em tese, uma alíquota de 18% de IPI sobre o açúcar, quando comparada a uma alíquota de 5% sobre outros produtos, pode configurar uma tributação mais agressiva, que viola o princípio da seletividade em função da essencialidade e, em última análise, a proteção ao mínimo existencial.
No entanto, o STF tem decisões nas quais manifestou o seguinte entendimento:
· o Poder Judiciário não pode atuar como legislador positivo, fixando determinado percentual de alíquota para determinado setor; 
· a fixação das alíquotas do IPI está dentro da discricionariedade do legislador e
· o princípio da seletividade em função da essencialidade não significa que deva haver imunidade tributária, mas sim a graduação seletiva das alíquotas conforme a compreensão que o legislador tem da essencialidade dos produtos. 
Sendo, conforme já afirmado inicialmente, as chances de sucesso da medida judicial eleita são remotas.

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