Buscar

LIVRO DE DIREITO TRIBUTÁRIO - PERGUNTAS E RESPOSTAS - ATUALIZAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 231 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Direito Tributário – Perguntas e Respostas 
 
1. Conceitue direito tributário. 
 
Ramo do direito público que estuda as relações jurídicas entre o fisco 
e o contribuinte. Vale citar a definição trazida por Regina Helena 
Costa1: 
 
“Desse modo, podemos definir o conceito de direito tributário 
como o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a 
instituição, a arrecadação e a fiscalização de tributos”. 
 
2. Qual a finalidade da tributação? 
 
Custear as despesas públicas, redistribuir renda e estimular ou 
desestimular comportamento, principalmente, no que diz respeito à 
intervenção do Estado na economia. 
 
3. O que significa sistema tributário nacional? 
 
Trata-se de conjunto harmônico de normas previstas na Constituição 
da República, que delimita a competência tributária, lista os princípios 
tributários, as imunidades, além de regulamentar a repartição de 
receitas entre os entes federativos. 
 
4. O que é princípio jurídico? 
 
Norma jurídica de forte caráter axiológico e alta generalidade, isto é, 
se aplica a inúmeras situações. Sustenta todo o sistema jurídico. 
Segundo a consagrada lição de Celso Antônio Bandeira de Mello2: “é 
mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, 
disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas 
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata 
compreensão e inteligência”. 
 
5. Qual a diferença entre princípio e regra? 
 
 
1
 Curso de Direito Tributário, 1ª ed., pg.10. 
2
 Curso de Direito Administrativo, 25ª ed., pg. 942/943. 
 2 
Ambas são normas dotadas de juridicidade, segundo a moderna teoria 
geral do direito. A regra exige aplicação integral, isto é, não há conflito 
de regras sem que uma seja declarada inválida. Por outro lado, o 
conflito de princípios se resolve afastando um deles sem torná-lo 
inválido. 
 
6. O que significa princípio da razoabilidade? Aplica-se ao direito 
tributário? 
 
Referido princípio, muito utilizado pela jurisprudência nos últimos anos, 
visa evitar os excessos da Administração Pública. Por meio da 
aplicação da equidade e da análise individualizada das situações, 
procura-se evitar o arbítrio. 
 
Um exemplo de sua aplicação, no direito processual tributário, pode 
ser observado no Recurso Especial nº 1137216, julgado pelo Superior 
Tribunal de Justiça, que determinou a redução da penhora sobre o 
faturamento, em sede de execução fiscal, de 20% para 5% com 
fundamento nesse princípio. 
 
7. Cite um exemplo de aplicação do princípio da 
proporcionalidade na tributação. 
 
Referido princípio, segundo a doutrina alemã, pode ser dividido em 3 
subprincípios: 
 
Adequação (ou utilidade): traz uma regra de compatibilidade entre o 
fim pretendido pela Administração Pública e os meios por ela 
utilizados para atingir seus objetivos. 
Necessidade: versa sobre a escolha de medida restritiva de direitos 
indispensável à preservação do próprio direito por ela restringido. 
Deve a Administração escolher os meios que tragam menos sacríficos 
ao cidadão. 
Proporcionalidade em sentido estrito: ao se restringir um direito, deve 
haver uma evidente vantagem na opção. 
 
Um exemplo é a exoneração do recolhimento de imposto territorial 
rural por parte do proprietário que não possui mais a posse da terra, 
em face de invasão promovida pelo Movimento dos Trabalhadores 
sem Terra (STJ – Recurso Especial nº 1144982): 
 3 
 
(...) Verifica-se que houve a efetiva violação ao dever 
constitucional do Estado em garantir a propriedade da 
impetrante, configurando-se uma grave omissão do seu 
dever de garantir a observância dos direitos fundamentais da 
Constituição. 3. Ofende os princípios básicos da 
razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de 
garantia de propriedade e, concomitantemente, exercer a sua 
prerrogativa de constituir ônus tributário sobre imóvel 
expropriado por particulares (proibição do venire contra 
factum proprium). 4. A propriedade plena pressupõe o 
domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor 
e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos 
fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena 
quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é 
tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 
5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da 
recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: 
não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; 
consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, 
não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou 
de benefícios para a proprietária. 6. Ocorre que a função 
social da propriedade se caracteriza pelo fato do proprietário 
condicionar o uso e a exploração do imóvel não só de acordo 
com os seus interesses particulares e egoísticos, mas 
pressupõe o condicionamento do direito de propriedade à 
satisfação de objetivos para com a sociedade, tais como a 
obtenção de um grau de produtividade, o respeito ao meio 
ambiente, o pagamento de impostos etc. 7. Sobreleva nesse 
ponto, desde o advento da Emenda Constitucional n. 
42/2003, o pagamento do ITR como questão inerente à 
função social da propriedade. O proprietário, por possuir o 
domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da 
função social da propriedade; por conseguinte, se não há um 
efetivo exercício de domínio, não seria razoável exigir desse 
proprietário o cumprimento da sua função social, o que se 
inclui aí a exigência de pagamento dos impostos reais. 8. Na 
peculiar situação dos autos, ao considerar-se a privação 
antecipada da posse e o esvaziamento dos elementos de 
propriedade sem o devido êxito do processo de 
 4 
desapropriação, é inexigível o ITR diante do 
desaparecimento da base material do fato gerador e da 
violação dos referidos princípios da propriedade, da função 
social e da proporcionalidade. (...) 
 
8. Os princípios constitucionais tributários se caracterizam como 
cláusulas pétreas? 
 
O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, na Ação Direita de 
Inconstitucionalidade nº 939 entende que sim. Referidos princípios, 
que compõe o Estatuto do Contribuinte, têm natureza jurídica de 
direitos e garantias individuais, resguardados, portanto, pelo disposto 
no artigo 60, parágrafo quarto, da Constituição Federal. 
 
 
STF ADIN 939 – (...) Uma Emenda Constitucional, emanada, 
portanto, de Constituinte derivada, incidindo em violação a 
Constituição originaria, pode ser declarada inconstitucional, 
pelo Supremo Tribunal Federal, cuja função precipua e de 
guarda da Constituição (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A Emenda 
Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a 
União a instituir o I.P.M.F., incidiu em vício de 
inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2º desse 
dispositivo, que, quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, 
III, "b" e VI", da Constituição, porque, desse modo, violou os 
seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não 
outros): 1- o princípio da anterioridade, que é garantia 
individual do contribuinte (art. 5º, par. 2º, art. 60, par. 4º, 
inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituição); 2. - o princípio da 
imunidade tributária recíproca (que veda a União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de 
impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos 
outros) e que é garantia da Federação (art. 60, par. 4º, inciso 
I, e art. 150, VI, "a", da C.F.) (...). 
 
9. Defina o princípio da capacidade contributiva. 
 
CF/88 Artigo 145, parágrafo primeiro - Sempre que possível, 
os impostos terão caráter pessoal e serão graduados 
segundo a capacidade econômica do contribuinte (...) 
 5 
 
Os tributos devem respeitar a capacidade econômica do contribuinte, 
ou seja, sua potencialidade de gerar riquezas. De forma didática é 
possível afirmar: “quem pode mais, paga mais e quem pode menos, 
paga menos”. Consiste na equitativa distribuição da carga tributária. 
Verifica-sepor meio de alíquotas progressivas ou nas hipóteses em 
que se aplica a mesma alíquota sobre diferentes bases de cálculo. 
Dele decorre o princípio da personalização dos impostos. O imposto 
de renda pessoa física é o melhor exemplo, autorizando abatimento de 
despesas específicas para cada contribuinte tais com saúde, 
educação, pensão alimentícia etc. 
 
10. Este princípio aplica-se somente para os impostos ou também 
para os demais tributos? 
 
A doutrina, de forma majoritária, entende que se resume aos impostos 
tendo em vista que é a modalidade tributária que permite, de forma 
mais adequada, a verificação desse princípio. Fundamenta-se também 
na literalidade do texto constitucional que se refere somente aos 
impostos. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal entende de 
forma contrária (RE nº 573.675). Parece-me que o entendimento de 
nossa Corte Maior é mais consentâneo com a finalidade da norma que 
é, nas hipóteses em que seja possível, tributar de forma mais severa 
os contribuintes que possuem maior possibilidade de produzir 
riquezas, independentemente da espécie tributária. De qualquer 
forma, não há dúvidas de que há tributos nos quais a aplicação é mais 
difícil. É o caso das taxas. O emolumento exigido por um Cartório de 
Títulos e Documentos, por exemplo, que possui natureza tributária 
custará, em regra, o mesmo valor para uma pessoa rica ou para uma 
pessoa pobre. Da mesma forma, dificilmente será possível aplica-lo 
para a contribuição de melhoria. 
 
11. Defina princípio da estrita legalidade tributária 
 
CF/88 artigo 150, inciso I. sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos estados, 
ao distrito federal e aos municípios: I- exigir ou aumentar 
tributo sem lei que o estabeleça 
 
 6 
Trata-se do mais importante princípio do direito tributário. A tributação 
é necessária, mas, por invadir o patrimônio dos indivíduos, exige 
destes autorização expressa. Tendo em vista que adotamos a 
democracia representativa, esse princípio exige que a lei, em sentido 
formal, seja o veículo normativo que regulamenta todos os principais 
elementos da norma tributária. Nesse sentido vale citar a doutrina de 
Luciano Amaro para quem: “A lei deve esgotar, como preceito geral e 
abstrato, os dados necessários para a identificação do fato gerador da 
obrigação tributária e à quantificação do tributo, sem que restem à 
autoridade poderes para, discricionariamente, determinar se ‘A’ irá ou 
não pagar tributo, em face de determinada situação”3. 
 
Portanto, a instituição e a majoração de tributos, inclusive a base de 
cálculo, somente podem ser veiculadas por meio de lei, em regra 
ordinária. 
 
Interessante notar que, para a maioria da doutrina, também somente 
por meio de lei será possível reduzir um tributo. O fundamento é o 
artigo 97, II, do Código Tributário Nacional: 
 
CTN Artigo 97- Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária 
principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 
52, e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, 
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões 
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela 
definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de 
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua 
base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
 
3
 Direito Tributário Brasileiro, 2ª ed. pg. 110. 
 7 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do 
disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor 
monetário da respectiva base de cálculo. 
 
A jurisprudência entende que referido dispositivo legal restou 
totalmente recepcionado pela Constituição Federal de 88, razão pela 
qual precisa constar de lei a alíquota, a base de cálculo, o sujeito 
passivo, a hipótese de incidência (fato gerador in abstrato) e a multa. 
 
12. Explique os três parâmetros normativos do direito tributário. 
 
Há três parâmetros de legalidade, dentro do direito tributário 
(Constituição Federal, lei complementar nacional que trata de normas 
gerais e lei local que pode ser federal, distrital, estadual ou municipal). 
De início, a Constituição Federal que não cria tributos mas apenas 
delimita a competência tributária de cada ente político, ou seja, 
autoriza que cada ente política institua, por meio de lei, um tributo. 
Após, a lei complementar que em regra não cria tributos mas regula 
as normas gerais. Por fim, a lei ordinária (federal, estadual, distrital ou 
municipal) que institui tributos, indica a alíquota, as hipóteses de 
isenção, anistia, remissão, parcelamento etc. 
Por exemplo, alguém quer se aprofundar no IPTU do município de 
Uberlândia, em Minas Gerais. De início, deve verificar as regras de 
competência tributária, imunidades ou outras normas previstas no 
texto constitucional (CF/88 - artigos 156 e 182). Após, deverá estudar 
as normas gerais de direito tributário sobre IPTU (CTN artigos 32/34, 
recepcionados como lei complementar) e, por fim, deverá ler a lei 
ordinária municipal do município de Uberlândia, que instituiu o IPTU. 
 
13. As alíquotas dos tributos se submetem a esse princípio? 
 
Há situações que exigem maior agilidade. Por razões de ordem 
econômica, o aumento das alíquotas, pode ser veiculado por meio de 
ato do chefe do poder executivo (decreto ou Resolução da CAMEX – 
Câmara de Comércio Exterior), nas seguintes hipóteses: imposto de 
importação, imposto de exportação, imposto sobre produtos 
industrializados, imposto sobre operações financeiras, contribuição de 
intervenção no domínio econômico em face de importação de petróleo, 
álcool e gás e ICMS monofásico sobre comercialização de 
combustíveis (nessas duas últimas hipóteses pode reduzir ou 
 8 
restabelecer a alíquota original prevista na lei instituidora, por meio de 
ato infralegal. Se houver efetivo aumento será necessário se valer de 
lei). 
 
14. A instituição e a majoração de tributos, por meio de medida 
provisória, infringe o princípio da legalidade tributária? 
 
Em regra, não. As medidas provisórias podem instituir e majorar 
tributos (o texto do artigo 62 da CF/88 fala em impostos, mas a 
jurisprudência interpreta como tributos), desde que o princípio da 
anterioridade apenas se aplique após a publicação da lei de 
conversão, exceção feita ao imposto de importação, exportação, IPI, 
IOF e impostos extraordinários, aos quais não se aplica a 
anterioridade anual. Tendo em vista que medida provisória não pode 
veicular matéria reservada à lei complementar, alguns tributos não 
poderão ser normatizados por medida provisória. 
 
15. Dentro da análise do princípio da estrita legalidade tributária a 
lei complementar possui um papel fundamental. Quais matérias 
na seara tributária devem, obrigatoriamente, ser veiculadas por 
meio de lei complementar, sob pena de inconstitucionalidade 
formal (CF/88 artigo 146 e 146-A)? 
 
a) Normas gerais de direito tributário, isto é, os principais institutos do 
direito tributário, em especial, o conceito de tributo e suas espécies; as 
definições de sujeito ativo e passivo da obrigação tributária; base de 
cálculo, aspecto material da regra matriz dos impostos; obrigação, 
lançamento, crédito, prescrição e decadência tributária. 
 
b) Simples Nacional para as microempresas e empresas de pequeno 
porte. 
 
c) Tratamento tributário mais favorecido ao ato cooperativo. 
 
d) Limitações ao poder de tributar. 
 
e) Dirimir conflitos de competência entre os entes federativos. Por 
exemplo, antes da edição da LC nº 87/96, que regulamenta o ICMS, 
havia divergência entre os municípiose os estados federados sobre a 
tributação de bares e restaurantes. Os municípios entendiam que 
 9 
deveria incidir o imposto sobre serviços de qualquer natureza. Já os 
estados defendiam a tese de que deveria incidir o ICMS. A referida 
norma dirimiu o conflito afirmando que incide o ICMS. 
 
f) Introduzir instrumentos que visem garantir, por meio da tributação, a 
livre concorrência. 
 
g) A instituição do imposto sobre grandes fortunas, do empréstimo 
compulsório, dos impostos residuais e de novas fontes de 
financiamento da seguridade social cuja materialidade econômica não 
esteja expressamente listada na Constituição Federal. 
 
h) para definir qual estado será competente para exigir o ITCMD, caso 
o doador resida no exterior ou ainda se o de cujus era domiciliado no 
exterior ou se havia imóvel a inventariar ou se o inventário tramitou no 
exterior. 
 
i) ICMS: a lei complementar que tratar de normas gerais, também 
regulará quem são os contribuintes, a substituição tributária e o regime 
de compensação do imposto (LC 87/96). Da mesma forma, lei 
complementar tratará a forma como serão concedidos os incentivos e 
os benefícios fiscais para evitar a guerra fiscal entre os Estados (LC 
24/75). 
 
j) ISS: isenções, benefícios, alíquotas mínimas e máximas (LC 
116/03). 
 
l) Para fixar os limites para a concessão de remissão ou anistia das 
contribuições sociais para o financiamento da seguridade social 
(CF/88 artigo 195, 11º). 
 
16. Conceitue normas gerais de direito tributário. 
 
O artigo 146 da Constituição Federal exige lei complementar para 
regular as normas gerais de direito tributário, isto é, referida norma 
funciona como instrumento de harmonização entre a legislação de 
todos os entes federativos. Portanto, quer se trate de um tributo 
federal, estadual ou municipal, a hipótese de incidência, o conceito de 
obrigação tributária, as hipóteses e a técnica do lançamento, a 
prescrição e a decadência obedecem, em termos conceituais, a 
 10 
mesma disciplina legislativa. Ex. o prazo prescricional para a cobrança 
do IPTU será sempre de cinco anos, para qualquer um dos mais de 
5600 municípios de nosso país. 
 
17. O Código Tributário Nacional foi recepcionado como lei 
complementar, pela atual Constituição? 
 
Em grande parte, sim. Formalmente, o CTN é uma lei ordinária. 
Porém, trata na maioria de seus dispositivos legais, de temas que 
podem ser definidos como normas gerais de direito tributário, razão 
pela qual esses artigos do CTN são materialmente leis 
complementares. De qualquer forma, não é correto afirmar que todo o 
CTN foi recepcionado como lei complementar, pois alguns 
dispositivos, tais como aqueles que tratam de privilégios e garantias 
da Fazenda Pública, de notória natureza processual, permanecem 
mesmo após a Constituição de 1988, formal e materialmente como leis 
ordinárias, tendo em vista que o direito processual pode ser 
regulamentado por lei ordinária. 
 
18. Entre as limitações ao poder de tributar se encontram as 
imunidades, ou seja, regras constitucionais que proíbem a 
tributação de determinadas pessoas ou matérias. A 
regulamentação da imunidade exige lei complementar? 
 
Sim. O STF, no Recurso Extraordinário nº 566.622, julgado em 
23.02.2017, definiu a seguinte tese: “Os requisitos para o gozo de 
imunidade hão de estar previstos em lei complementar". 
 
19. As contribuições especiais (gênero que abrange 
contribuições para o custeio da seguridade social, CIDE, 
interesse das categorias profissionais etc) devem ser veiculadas 
por meio de lei complementar? 
 
Em regra, não. A exceção, expressamente prevista no parágrafo 4º do 
artigo 195 da CF/88, restringe-se nas novas fontes de financiamento 
da seguridade social - (STF Agravo Regimental no Agravo de 
Instrumento nº 739.715). 
 
(...) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO 
 11 
DOMÍNIO ECONÔMICO E DE INTERESSE DAS 
CATEGORIAS PROFISSIONAIS. CRIAÇÃO. 
DISPENSABILIDADE DE LEI COMPLEMENTAR. O Supremo 
Tribunal Federal fixou entendimento no sentido da 
dispensabilidade de lei complementar para a criação das 
contribuições de intervenção no domínio econômico e de 
interesse das categorias profissionais. Precedente. 
 
20. Há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar? Por 
exemplo, se o legislador institui um imposto por lei 
complementar, quando poderia fazê-lo por lei ordinária, pode 
alterar essa legislação por lei ordinária? 
 
A resposta a essa questão depende do posicionamento do intérprete 
sobre a existência ou não de hierarquia entre lei ordinária e lei 
complementar. A questão é extremamente controvertida na doutrina e 
na jurisprudência. O Supremo Tribunal Federal (RE 377457), 
tradicionalmente, entende que não há hierarquia e sim nichos de 
competência legislativa, determinados pelo constituinte. Atualmente, a 
doutrina majoritária acompanha esse posicionamento. Portanto, 
prevalece o entendimento de que uma lei ordinária pode revogar uma 
lei complementar, se a matéria não estiver sob reserva de lei 
complementar. 
 
21. Prazo para recolhimento de tributos pode ser alterado por 
meio de ato do chefe do Poder Executivo? 
 
O Supremo Tribunal Federal (RE 253.395) entende que sim, pois não 
observa no prazo para recolhimento um elemento essencial da norma 
tributária: 
 
Não se compreendendo no campo reservado à lei a definição 
de vencimento das obrigações tributárias, legítimo o Decreto 
nº 33.386/92, que modificou a data de vencimento do ICMS. 
Improcedência da alegação de infringência ao princípio da 
vedação de delegação legislativa. 
 
Basicamente, a fundamentação estaria na ausência de previsão do 
prazo para o recolhimento, entre os institutos previstos no artigo 97 do 
CTN. Da mesma forma, o artigo 160 do CTN afirma: 
 12 
 
CTN Artigo 160. Quando a legislação tributária não fixar o 
tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta 
dias depois da data em que se considera o sujeito passivo 
notificado do lançamento.(...). 
 
O termo ‘legislação tributária’, quando utilizado no âmbito do Código 
Tributário Nacional, abarca normas legais e infralegais (ver artigo 96 
do CTN). 
 
22. E a base de cálculo do IPTU? 
A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, ou seja, o valor 
de mercado. Ela pode ser reajustada por meio de decreto. Aumento 
propriamente dito não é permitido, mas sim a reposição da inflação 
desde o último aumento4. 
O artigo 97 do CTN dá respaldo a essa interpretação: 
“Somente a lei pode estabelecer: (...) § 2º Não constitui 
majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II 
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva 
base de cálculo”. 
 
23. Instituição e majoração de custas judiciais e emolumentos 
extrajudiciais exigem lei em sentido formal? 
 
O Supremo Tribunal Federal posiciona-se nesse sentido, pois são 
exemplos de taxas, espécies tributárias. (Ação Direta de 
Inconstitucionalidade nº 1444). 
 
Já ao tempo da Emenda Constitucional nº 1/69, julgando a 
Representação nº 1.094-SP, o Plenário do Supremo Tribunal 
Federal firmou entendimento no sentido de que "as custas e 
os emolumentos judiciais ou extrajudiciais", por não serem 
preços públicos, "mas, sim, taxas, não podem ter seus 
valores fixados por decreto, sujeitos que estão ao princípio 
constitucional da legalidade (parágrafo 29 do artigo 153 da 
Emenda Constitucional nº 1/69), garantia essa que não pode 
ser ladeada mediante delegação legislativa" (RTJ 141/430, 
julgamento ocorrido a 08/08/1984). 2. Orientação que 
 
4
 No mesmo sentido o conteúdo da súmula nº 160 do Superior Tribunal de Justiça. 
 13 
reiterou, a 20/04/1990, no julgamento do RE nº 116.208-MG. 
3. Esse entendimento persiste, sob a vigência da 
Constituição atual (de 1988), cujo art. 24 estabelece a 
competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito 
Federal, para legislar sobre custas dos serviços forenses 
(inciso IV)e cujo art. 150, no inciso I, veda à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos municípios, a exigência ou 
aumento de tributo, sem lei que o estabeleça. 4. O art. 145 
admite a cobrança de "taxas, em razão do exercício do poder 
de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços 
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição". Tal conceito abrange não só as 
custas judiciais, mas, também, as extrajudiciais 
(emolumentos), pois estas resultam, igualmente, de serviço 
público, ainda que prestado em caráter particular (art. 236). 
Mas sempre fixadas por lei. No caso presente, a majoração 
de custas judiciais e extrajudiciais resultou de Resolução - do 
Tribunal de Justiça - e não de lei formal, como exigido pela 
Constituição Federal. 
 
24. A falta de correção da base de cálculo (tabela) do imposto de 
renda da pessoa física fere o princípio da legalidade, tendo em 
vista que, em face dos reajustes salariais, o contribuinte termina 
por ser tributado de forma mais severa, sem lei que autorize? 
 
Nossa Corte Constitucional (STF RE nº 421837) declarou que não 
cabe ao Poder Judiciário, com esse fundamento, majorar a citada 
tabela, por falta de amparo legal e também com fulcro na divisão 
constitucional de poderes que transforma o Poder Judiciário apenas 
em legislador negativo e não positivo. 
 
25. No que consiste o princípio da tipicidade tributária? 
 
Trata-se de subprincípio decorrente do princípio da legalidade. Exige 
que todos os elementos da hipótese de incidência tributária (fato 
gerador, base de cálculo, alíquota e sujeitos) devem estar 
exaustivamente previstos em lei. A lei deve definir tipo fechado de 
modo a não deixar espaço que possa ser preenchido pela 
administração tributária, isto é, pelo Poder Executivo. 
 
 14 
26. Conceitue o princípio da isonomia tributária 
 
CF artigo 150, II. “é vedado à União, aos estados, ao distrito 
federal e aos municípios (...) “instituir tratamento desigual 
entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de 
ocupação profissional ou função por eles exercida, 
independentemente da denominação jurídica dos 
rendimentos, títulos ou direitos”. 
 
A lei tributária deve ser igualmente aplicada aos contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente, independentemente da atividade 
profissional desenvolvida. A isonomia exige discriminação racional 
para contribuintes que se encontrem em situação diferenciada. Dele 
decorre o subprincípio da proibição dos privilégios odiosos, ou seja, 
proíbe privilégios decorrentes do exercício de determinadas atividades 
profissionais. Por exemplo, antes da Constituição de 1988, algumas 
atividades tais como a exercida por juízes e políticos eram 
dispensadas do recolhimento do imposto de renda. Atualmente, 
qualquer legislação, nesse sentido, seria inconstitucional. 
 
27. A lei complementar nº 123/06 que regulamenta, entre outras 
matérias, o Simples Nacional (sistema mais benéfico de 
tributação para a microempresa e empresa de pequeno porte) 
exclui algumas atividades da opção pelo sistema (artigo 17 da LC 
123/06). Referida norma é constitucional? 
 
Pessoalmente, entendo que não. Afinal, a Constituição Federal 
(artigos 146, III, ‘d’ e parágrafo único e 179) determina somente que 
haja sistema mais benéfico para as microempresas e empresas de 
pequeno porte. Não previu nenhuma espécie de restrição, exceção 
feita ao parâmetro para que uma pessoa jurídica possa se enquadrar 
como micro ou pequena empresa (no caso é faturamento anual 
limitado, hoje, a R$. 4.800.000,00). Portanto, o princípio da isonomia 
teria sido efetivamente transgredido pois tratou, sem discriminar de 
forma racional, pessoas jurídicas que se encontram em situação 
equivalente. 
 
Vale frisar, todavia, que o Supremo Tribunal Federal entende de forma 
diversa (STF RE nº 476106). 
 15 
 
28. Cite mais alguns exemplos de aplicação desse princípio, na 
jurisprudência. 
a) lei complementar estadual que isente magistrados e servidores do 
poder judiciário local do recolhimento de custas judiciais e 
emolumentos extrajudiciais (taxas) fere a isonomia (STF ADIN 3334). 
b) A contribuição previdenciária patronal das instituições financeiras 
pode ter alíquota maior (22,5% sobre a folha de salários) que a das 
demais empresas (20% sobre a folha de salários) - (STF RE 598.572). 
c) lei estadual que transfira parte das receitas das custas judiciais 
(taxas) para caixa de assistência aos advogados fere a isonomia 
tributária (STF ADIN 1145). 
 
29. Discorra sobre o princípio da irretroatividade da lei tributária. 
(CF/88 artigo 150-III ‘a’). 
 
Em respeito à segurança jurídica das relações sociais, em regra, a lei 
não retroage para atingir fatos anteriores a sua vigência. É princípio 
geral do direito com significado especial para o direito tributário. 
Portanto, a norma tributária que institui ou majora tributo não se aplica 
para fatos jurídicos pretéritos. 
 
30. A súmula nº 584 do STF está de acordo com esse princípio? 
 
Referida súmula dispõe: “Ao imposto de renda calculado sobre os 
rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício 
financeiro em que deve ser apresentada a declaração” 
 
Parece-nos que a súmula objeto da questão desrespeita o princípio 
em foco. Deve-se aplicar, também em sede de imposto de renda, a 
legislação em vigor na data do fato gerador. A tendência 
jurisprudencial e doutrinária é pela sua inaplicabilidade. Porém, a 
questão não é pacífica. 
 
31. O princípio da irretroatividade aplica-se também para a 
mudança de interpretação do fisco sobre determinada matéria? E 
para a jurisprudência dos tribunais superiores? 
 
Embora a questão não seja pacífica, a doutrina de forma geral 
defende que se aplica esse princípio às situações citadas, em respeito 
 16 
ao princípio da segurança jurídica. Por exemplo, se o Supremo 
Tribunal Federal tem julgado inconstitucional um tributo e, a partir de 
determinada data, passa a julgá-lo constitucional, a nova interpretação 
deveria valer a partir da data do julgamento que alterou o 
posicionamento. Todavia, nossa Corte Maior não entende dessa 
forma. Em algumas situações, em análise casuística, aceita essa tese, 
com o reconhecimento da necessidade de modulação dos efeitos do 
julgamento, mas não de forma automática e, muito menos, como regra 
geral. A Fazenda, em face de alteração de seu posicionamento, não 
aceita essa tese, em nenhuma hipótese. 
 
32. O que é e quais as modalidades de anterioridade tributária? 
(CF/88 artigo 150, III, ‘b’ e ‘c’). 
 
Trata-se de princípio fundamentado na segurança jurídica e no 
princípio da não-surpresa. Em regra, há um prazo para que um tributo 
instituído ou majorado passe a ser exigido. As modalidades são 
comumente denominadas de anterioridade anual ou genérica e 
especial ou nonagesimal. 
 
33. O que é anterioridade anual ou genérica. Quais as exceções a 
esse princípio? 
 
 
CF/88 Artigo 150-III ‘b’ - vedado à União, aos estados, ao 
distrito federal e aos municípios cobrar tributos: (...) no 
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei 
que os instituiu ou aumentou”. 
 
Em regra, é possível cobrar tributo criado ou majorado somente no 
primeiro dia do exercício seguinte ao da publicação da lei (1º de 
janeiro do ano seguinte). As exceções são de natureza extrafiscal, ou 
seja, tributos nos quais o governo necessita de agilidade na cobrança 
por necessidade de intervir na economia. As exceções são: imposto 
de importação, imposto de exportação, imposto extraordinário de 
guerra, imposto sobre operações financeiras, imposto sobre produtos 
industrializados, ICMS sobre combustíveis (somente se houver 
restabelecimento da alíquota. Se houver aumento será observada a 
anterioridade), CIDE sobre a comercialização e importação de 
petróleo, gás e álcool (somente se houver restabelecimento da 
 17 
alíquota. Se houver aumento será observada a anterioridade)e 
empréstimo compulsório em face de guerra ou calamidade. Em face 
do disposto no artigo 195, parágrafo sexto, da Constituição Federal a 
criação ou o aumento de contribuições para o financiamento da 
seguridade social também estão excluídas dessa regra. 
 
34. Defina anterioridade especial ou nonagesimal e liste suas 
exceções. 
 
CF/88 Artigo 150-III ‘c’- é vedado à União, aos estados, ao 
distrito federal e aos municípios cobrar tributos: (...) antes de 
decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada 
a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b”. 
 
Deve ser aplicado concomitantemente com o princípio da 
anterioridade anual ou genérica. Proíbe a cobrança antes de 90 dias 
da publicação da lei que instituiu ou majorou o tributo. 
 
Portanto, em regra, o contribuinte saberá em 1º de outubro de cada 
ano, os tributos que iniciará o ano pagando. 
 
As exceções são: imposto de importação, imposto de exportação, 
impostos extraordinários de guerra, imposto sobre operações 
financeiras, imposto de renda, empréstimo compulsório em face de 
guerra ou calamidade e a base de cálculo do IPTU e do IPVA. 
 
35. Alteração de prazo para recolhimento de tributos deve 
respeitar o princípio da anterioridade? 
 
O Supremo Tribunal Federal entende que não pois não considera o 
prazo para recolhimento como elemento essencial da tributação. 
 
STF Súmula Vinculante 50. Norma legal que altera o prazo 
de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao 
princípio da anterioridade. 
 
36. As taxas devem obediência a esse princípio? 
 
 18 
Sim, pois não estão listadas entre as exceções (Nesse sentido: 
Supremo Tribunal Federal – ADIN nº 3694-7): 
 
Custas e emolumentos: serventias judiciais e extrajudiciais: 
natureza jurídica. É da jurisprudência do Tribunal que as 
custas e os emolumentos judiciais ou extrajudiciais têm 
caráter tributário de taxa. III. Lei tributária: prazo 
nonagesimal. Uma vez que o caso trata de taxas, devem 
observar-se as limitações constitucionais ao poder de tributar, 
dentre essas, a prevista no art. 150, III, c, com a redação 
dada pela EC 42/03 - prazo nonagesimal para que a lei 
tributária se torne eficaz 
 
37. Defina o princípio do não confisco (artigo 150, inciso IV, da 
CF/88). 
 
Está correlacionado com o direito constitucional de propriedade e da 
livre iniciativa. A tributação não pode ser tão severa que enfraqueça o 
direito dos indivíduos de adquirir e manter o seu patrimônio. Deve ser 
apreciado também a partir de outros princípios, tais como a proibição 
de excesso e capacidade contributiva. 
 
É extremamente difícil aplicar o referido princípio, por ausência de 
balizas claras para que reste caracterizado o efeito confiscatório, no 
caso concreto. A jurisprudência da Corte Constitucional Argentina, há 
muitos anos, entende que a tributação sobre herança não pode 
superar 33%. Em nossa história constitucional tivemos uma previsão 
específica, no artigo 185 da Constituição de 1934: 
 
Artigo 185 - Nenhum imposto poderá ser elevado além de 
vinte por cento do seu valor ao tempo do aumento. 
 
Todavia, nossa jurisprudência, nas raras vezes que aplicou o princípio, 
o fez apenas na análise do caso concreto, sem desenvolver regras 
gerais de aplicação. 
 
38. É possível se falar em multa confiscatória? 
 
Setores da doutrina entendem que não se aplica pois a multa tributária 
não tem natureza tributária. Por outro lado, o Supremo Tribunal 
 19 
Federal, tendo em vista que as multas estão incluídas no conceito de 
crédito tributário, tem decidido de forma diversa. Todavia, nossa Corte 
Constitucional afasta a multa por inconstitucional, apenas em 
situações excepcionais em que a multa tributária é efetivamente 
abusiva, em regra acima de 100% (STF - Medida cautelar na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade nº 1075). 
 
 
STF MC ADIN 1075 (...) É cabível, em sede de controle 
normativo abstrato, a possibilidade de o Supremo Tribunal 
Federal examinar se determinado tributo ofende, ou não, o 
princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado 
no art. 150, IV, da Constituição da República. Hipótese que 
versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e 
seu parágrafo único) que instituiu multa fiscal de 300% 
(trezentos por cento). A proibição constitucional do confisco 
em matéria tributária - ainda que se trate de multa fiscal 
resultante do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas 
obrigações tributárias - nada mais representa senão a 
interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão 
governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, 
à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do 
patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, 
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga 
tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a 
prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular 
satisfação de suas necessidades vitais básicas. - O Poder 
Público, especialmente em sede de tributação (mesmo 
tratando-se da definição do "quantum" pertinente ao valor das 
multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a 
atividade governamental acha-se essencialmente 
condicionada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica 
como verdadeiro parâmetro de aferição da 
constitucionalidade material dos atos estatais. 
 
39. A alíquota máxima prevista para o imposto territorial rural 
corresponde a 20% por ano. Pode-se afirmar que é confiscatória? 
 
 20 
Pessoalmente, acompanhando setores minoritários da doutrina, 
entendo que sim. Na hipótese de não recolhimento, e incidência de 
multa e juros, em menos de 5 anos o contribuinte perde a propriedade. 
 
Entretanto, há doutrinadores que defendem tese contrária. A 
Constituição Federal, em seu artigo 153, parágrafo 4º, I, estipula que o 
ITR terá alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de 
propriedades improdutivas. Portanto, haveria uma exceção no texto 
constitucional em face do ITR, possibilitando incidência de tributação 
confiscatória. 
 
40. O Poder Judiciário, ao julgar inconstitucional uma norma que 
institui multa confiscatório, deve reduzi-la ou afastar a incidência 
de qualquer espécie de multa? 
 
O STF tem precedentes no sentido da possibilidade de redução. 
 
Multa Confiscatória. Redução (...) É admissível a redução da 
multa tributária para mantê-la abaixo do valor do 
tributo, à luz do princípio do não confisco (STF ARE 
776273). 
 
41. Em que consiste o denominado princípio da uniformidade 
geográfica (artigo 151, I, CF/88)? 
 
Determina que os tributos federais devem ser igualmente cobrados em 
todo o território nacional, exceção feita a hipótese de concessão de 
incentivos fiscais, desde que devidamente justificados. Referido 
princípio objetiva à preservação e fortalecimento do pacto federativo. 
 
42. E o princípio da uniformidade de renda da União Federal? 
 
CF/88 Artigo 151. é vedado à União: (...) II - tributar a renda 
das obrigações da dívida pública dos estados, do distrito 
federal e dos municípios, bem como a remuneração e os 
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis 
superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus 
agentes. 
 
 21 
Fundamenta-se, também, no princípio federativo. A União não pode 
tributar, com alíquotas maiores, a renda dos servidores públicos 
municipais, estaduais ou distritais. Da mesma forma, não pode fazer 
incidir imposto de renda mais gravoso sobre o lucro decorrente dos 
títulos da dívida pública dos estados, municípios e Distrito Federal. 
 
43. Defina o princípio da não discriminação tributária (artigo 152 – 
CF/88). 
 
Os estados, o Distrito Federal e os municípios não podem fazer 
distinção tributária entre bens e serviços, em razão de sua 
procedência ou destino. Por exemplo, seria inconstitucional o estado 
do Rio Grande do Sul tratar de forma diferenciada, quanto ao ICMS, 
as mercadorias oriundas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Visa 
resguardar a federaçãobrasileira. 
 
44. O pedágio infringe o princípio da liberdade de tráfego? 
 
Referido princípio, previsto no artigo 150, V, da Constituição da 
República, consiste na proibição da utilização de tributos com a 
finalidade de limitar o tráfego de pessoas ou bens. O pedágio, por 
outro lado, caracteriza expressa exceção constitucional a esse 
princípio. Vale destacar que, segundo entendimento atual do STF o 
pedágio tem natureza de preço público e não de taxa. 
 
STF “O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias 
conservadas pelo poder público, cuja cobrança está 
autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da 
Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas 
sim de preço público, não estando a sua instituição, 
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita.” 
(STF - ADI 800) 
 
 
Por outro lado, vale citar o posicionamento de significativa parcela da 
doutrina que afirma que o pedágio será preço público caso o serviço 
seja objeto de concessão e o contrato esteja sob a égide de regime 
jurídico de direito privado. Caso contrário, poderá ser considerado 
tributo. 
 
 22 
45. Como interpretar o princípio da necessidade de lei específica 
para a concessão de benefícios fiscais? 
 
CF/88 Artigo 150, § 6º - Qualquer subsídio ou isenção, 
redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, 
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou 
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei 
específica, federal, estadual ou municipal, que regule 
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o 
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do 
disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. 
 
Não basta que uma lei conceda benefícios fiscais, tais como isenções 
ou anistias. É necessário que seja uma lei específica, isto é, que trate 
exclusivamente daquela matéria. 
 
Especificamente, o ICMS exige lei complementar para tratar de 
benefícios fiscais (LC 24/75 que trata dos convênios do CONFAZ – 
Conselho de Política Fazendária). 
 
46. Em que consiste o princípio da transparência dos tributos 
(artigo 150, parágrafo 5º, da CF/88)? 
 
“A lei determinará medidas para que os consumidores sejam 
esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre 
mercadorias e serviços”. 
 
Trata-se de norma constitucional regulamentada pela Lei nº 12.741/12. 
Consiste na previsão de instrumentos que possibilitem ao contribuinte 
saber a carga tributária incidente sobre todos os produtos e serviços 
que consome. 
 
47. O que são princípios implícitos? Cite exemplos. 
 
São princípios que decorrem do sistema tributário, mas não se 
encontram expressos no texto constitucional. Por exemplo, os 
princípios da praticabilidade, da eficiência tributária e da proibição de 
sanções políticas. 
 
48. Defina princípio da eficiência tributária. 
 23 
 
Visa à adoção de política tributária que adote instrumentos legais que 
gerem desenvolvimento econômico e justiça fiscal. Como exemplo, 
vale citar a racionalização e consequente redução das obrigações 
acessórias (documentação contábil e fiscal) que geram custos para as 
empresas e dificultam o cumprimento da obrigação tributária. 
 
49. O que se entende por princípio da praticabilidade tributária? 
 
Objetiva simplificar o cumprimento da norma tributária. Como 
exemplos é possível citar o Simples Nacional para as microempresas 
e empresas de pequeno porte ou a tributação do imposto de renda das 
pessoas jurídicas pelo lucro presumido. 
 
50. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, 
frequentemente, se refere à proibição de sanções políticas. O que 
significa? Cite exemplos. 
 
As sanções políticas são práticas da administração tributária 
(fiscalização) que visam coagir o contribuinte ao recolhimento do 
tributo, sob pena de impedir sua atividade empresarial. Referida 
prática, bastante comum na legislação tributária, fere o princípio da 
proporcionalidade, da livre iniciativa e geralmente também o da ampla 
defesa. Vale frisar que a Fazenda Pública tem o poder-dever de cobrar 
seus créditos. Todavia, deverá fazê-lo pelos meios processuais 
previstos em lei, isto é, por meio do ajuizamento de execução fiscal. 
Pode-se citar como exemplo de sanção política na seara tributária, a 
proibição de apreensão de mercadorias para coagir o contribuinte a 
recolher o tributo eventualmente devido (súmula 323 do STF), 
proibição de emissão de talonário de notas fiscais para quem está 
devendo tributos ou ainda a interdição de estabelecimento comercial 
dos devedores. 
 
Supremo Tribunal Federal 
 
Súmula 70 - É inadmissível a interdição de estabelecimento 
como meio coercitivo para cobrança de tributo. 
 
Súmula 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias 
como meio coercitivo para pagamento de tributos. 
 24 
 
51. O protesto de CDA (certidão da dívida ativa) caracteriza 
sanção política? 
 
A certidão da dívida ativa é o título executivo extrajudicial que 
possibilita o ajuizamento da ação de execução fiscal. Porém, muitas 
vezes, a Fazenda não ajuíza a execução fiscal, tendo em vista que os 
valores são baixos. Objetivando coagir psicologicamente os devedores 
a pagarem suas dívidas tributárias, a Fazenda tem levado a protesto a 
CDA, abalando o crédito dos devedores. 
 
O STF entende que referida prática não é inconstitucional por não 
caracterizar sanção política (STF ADI 5135). Por outro lado, a 
Fazenda tem respondido por danos morais, em face de protesto 
indevido de CDA, caso o crédito tributário seja indevido. 
 
52. O princípio da garantia do mínimo existencial se aplica ao 
direito tributário? 
 
Sim. Referido princípio, que tem fundamento no princípio da dignidade 
da pessoa humana, afirma que o poder de imposição tributária do 
Estado não pode negar ao indivíduo o direito à subsistência com um 
mínimo de dignidade. 
 
53. Existe o princípio da anualidade tributária? 
 
No direito tributário, atualmente, não. Existiu sob a égide da 
Constituição de 1967. Para a instituição e majoração de tributo era 
necessária a prévia previsão orçamentária. 
 
Não se deve confundir com o princípio da anualidade do orçamento 
que ainda existe ou ainda com o princípio da anterioridade anual, já 
estudado. 
 
54. O que é o princípio da seletividade em função da 
essencialidade dos produtos? 
 
Regra que, de forma obrigatória, deve ser observada pelo legislador 
do IPI e, de forma facultativa, pela legislação do ICMS. Os produtos 
cujo consumo é considerado mais importante para a população, 
 25 
principalmente a mais carente, devem ter alíquotas menores. É o que 
ocorre com os produtos da cesta básica. Por outro lado, produtos 
supérfluos, tais como bebidas alcoólicas e cigarros devem ser 
tributados com mais severidade, ou seja, com alíquotas maiores. 
 
55. Discorra sobre o princípio da não-cumulatividade e cite os 
tributos aos quais se aplica. 
 
É uma técnica de incidência tributária pela qual durante as várias 
etapas da cadeia produtiva, deve-se compensar o que foi recolhido na 
operação anterior com o tributo devido na operação seguinte. É de 
aplicação obrigatória para o ICMS, IPI e para os impostos residuais. É 
de aplicação facultativa para o PIS e para a COFINS. 
 
56. A progressividade de alíquotas se equipara à possibilidade de 
cobrança com alíquotas diferentes? 
 
Não. Progressividade consiste no aumento das alíquotas na proporção 
em que aumenta a base de cálculo (IR, ITR, IPTU, ITCMD) ou ainda 
na medida em que passa o tempo (IPTU progressivo no tempo). Não 
se confunde com alíquotas diferentes em que não há essa correlação 
entre a alíquota e a base de cálculo (IPI, ICMS, I. de Importação etc). 
 
57. É possível tributar de forma mais severa uma empresa 
visando garantir a livre concorrência? 
 
Sim, nos termos do disposto no artigo 146-A da Constituição Federal, 
que autoriza a utilização da tributação como instrumento de garantia 
da livre concorrência. Trata-se de norma de eficácia limitada, ou seja, 
ainda depende de regulamentação. Porém, com certezapermitirá 
maior incidência tributária sobre determinadas empresas, sem que 
isso gere maltrato ao princípio da isonomia tributária. 
 
58. Quais os princípios que se aplicam especificamente ao 
imposto de renda? 
 
São três. O primeiro é a generalidade que significa que todos os 
indivíduos, potencialmente, podem ser contribuintes do imposto de 
renda. Há também a universalidade que afirma que toda a renda pode 
 26 
ser tributada. Por fim, a progressividade de alíquotas em face da 
majoração da base de cálculo. 
 
59. Especifique as regras e princípios constitucionais que se 
aplicam às contribuições para o financiamento da seguridade 
social. 
 
a) Princípio da universalidade do custeio: previsto no caput do artigo 
195 da Constituição Federal. Afirma que é de responsabilidade de 
toda a sociedade o financiamento da seguridade social. Por exemplo, 
a contribuição previdenciária dos aposentados que permanecem no 
mercado de trabalho é constitucional mesmo não trazendo benefícios 
para esses segurados, em razão desse princípio. 
 
STF - Contribuição previdenciária: aposentado que retorna à 
atividade: CF, art. 201, § 4º; L. 8.212/91, art. 12: aplicação à 
espécie, mutatis mutandis, da decisão plenária da ADI 3.105, 
red.p/acórdão Peluso, DJ 18.2.05. A contribuição 
previdenciária do aposentado que retorna à atividade está 
amparada no princípio da universalidade do custeio da 
Previdência Social (CF, art. 195); o art. 201, § 4º, da 
Constituição Federal ‘remete à lei os casos em que a 
contribuição repercute nos benefícios’” (RE 437.640, Rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 2.3.2007). 
 
b) Princípio da anterioridade mitigada ou noventena. Somente após 90 
dias da publicação da lei que instituiu ou majorou a contribuição, esta 
poderá ser exigida. 
 
c) Proibição do uso das receitas oriundas das contribuições 
previdenciárias (sobre a folha de salários e demais verbas decorrentes 
do trabalho) em despesas outras que não o pagamento de benefícios 
previdenciários. Essa regra gerou a criação do Fundo do Regime 
Geral de Previdência Social (LC 101/00 – artigo 68), objetivando evitar 
que os recursos da previdência social sejam desviados. 
 
d) As contribuições sociais poderão ter alíquota ou base de cálculo 
diferenciada em face do porte da empresa, atividade econômica ou 
empregabilidade do setor. A título de exemplo, as instituições 
financeiras, tais como bancos ou corretoras de valores, contribuem 
 27 
com a alíquota correspondente a 22,5% do salário-de-contribuição dos 
segurados empregado, avulso e individual que lhe preste serviços. As 
demais empresas, em regra, contribuem com a alíquota de 20%. O 
Supremo Tribunal Federal afastou eventual inconstitucionalidade 
dessa regra, com fundamento nesse princípio (STF RE 598.572). 
 
e) Proibição de remissão (perdão da dívida tributária) ou anistia 
(perdão da multa tributária), em patamares superiores aos previstos 
em lei complementar. 
 
f) A contribuição social para o financiamento da seguridade social, cuja 
base de cálculo ou materialidade econômica esteja expressamente 
prevista na Constituição Federal, pode ser instituída por lei ordinária. 
Novas fontes de financiamento, isto é, aquelas cuja base de cálculo 
não esteja prevista no texto constitucional devem ser veiculadas por lei 
complementar. 
 
60. O que é competência tributária? 
 
Em uma federação, principalmente a brasileira que possui quatro 
espécies de entes políticos, o constituinte procurou garantir a todos o 
recebimento de receitas tributárias, para que a sua autonomia não 
fosse apenas formal. Para tanto, delineou, de forma extremamente 
detalhada, a competência tributária de cada ente. A competência 
tributária nada mais é que a aptidão constitucional para instituir 
tributos. Vale frisar que a Constituição não cria tributos, mas autoriza 
sua instituição por meio de lei. 
 
61. O ente público é obrigado a instituir um imposto? 
 
A questão não é pacífica. Alguns entendem que há a obrigação 
apenas para os impostos cuja receita deva ser repartida entre os 
outros entes federativos, tal como acontece com o ICMS. Por outro 
lado, alguns entendem que, com fundamento no artigo 11 da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, o ente federativo é obrigado a instituir todos 
os impostos previstos na Constituição Federal. 
 
LC nº 101/00 Artigo 11. Constituem requisitos essenciais da 
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e 
efetiva arrecadação de todos os tributos da competência 
 28 
constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É 
vedada a realização de transferências voluntárias para o ente 
que não observe o disposto no caput, no 
que se refere aos impostos. 
 
62. Quais são os tributos cuja competência legislativa é privativa 
da União Federal? 
 
Imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre 
operações financeiras (IOF), imposto de renda (IR), imposto sobre 
produtos industrializados (IPI), imposto territorial rural (ITR), imposto 
sobre grandes fortunas (IGF), impostos extraordinários (Imposto de 
guerra), contribuições sociais para o financiamento da seguridade 
social, contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE), 
contribuição de interesse das categorias profissionais e empréstimo 
compulsório. 
 
63. Quais são os tributos cuja competência legislativa é privativa 
dos Estados? 
 
O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços de 
comunicação e transporte interestadual e intermunicipal de bens e 
pessoas (ICMS), o imposto sobre a propriedade de veículos 
automotores (IPVA) e o imposto sobre herança e doações (ITCMD). 
 
64. Quais são os tributos cuja competência legislativa é privativa 
dos municípios? 
 
O imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), o imposto sobre 
a transmissão de bens inter vivos (ITBI), o imposto sobre a 
propriedade territorial urbana (IPTU) e a contribuição sobre iluminação 
pública (COSIP). 
 
65. Qual a competência tributária do Distrito Federal? E dos 
Territórios? 
 
O Distrito Federal acumula a competência tributária conferida aos 
estados e aos municípios. 
 
 29 
O território, por ser uma autarquia territorial da União, não possui 
competência tributária própria. Os tributos serão de competência da 
União Federal, salvo se forem divididos em municípios (nesse caso, os 
municípios instituirão os impostos municipais). Por exemplo, caso 
futuramente seja criado um território e nele seja aberta uma loja, o 
ICMS recolhido por esse estabelecimento comercial terá por sujeito 
ativo a União Federal. 
 
66. O que é competência residual? 
 
Consiste na possibilidade, exclusiva da União Federal, de instituir um 
imposto ou contribuição social para o financiamento da seguridade 
social, cuja materialidade econômica não esteja expressa na 
Constituição Federal, por meio de lei complementar. Caso um 
município ou estado queira instituir novo imposto, não previsto na 
Constituição, terá de aguardar autorização por meio de emenda 
constitucional. 
 
67. O que é competência comum? 
 
Trata-se da competência atribuída a todos os entes políticos. Abrange 
os tributos que podem ser instituídos por qualquer um dos quatro 
entes federativos, isto é, as taxas e as contribuições de melhoria. É 
possível, por exemplo, existirem taxas federais, estaduais, distritais ou 
municipais. 
 
68. Discorra sobre o princípio da indelegabilidade da competência 
tributária. 
 
O princípio da indelegabilidade, previsto no artigo 7º do CTN, consiste 
na proibição da delegação de competência de um ente federativo para 
outro. 
 
69. Qual a diferença entre bitributação e bis in idem? 
 
A bitributação consiste na dupla cobrança de um tributo sobre a 
mesma situação jurídica, realizada por mais de um ente político. Já bis 
in idem consiste na dupla incidência sobre o mesmo fato gerador, 
realizado pelo mesmo ente político. Como exemplo, pode-se citar o 
PIS e a COFINS que incide sobre o faturamento. 
 30 
 
Ambas as hipóteses somentepodem ser admitidas, se houver 
previsão expressa na Constituição Federal. Por exemplo, há uma 
hipótese constitucional de bitributação que é admitida em face dos 
impostos extraordinários (impostos de guerra). 
 
70. Diferencie capacidade e competência tributária. 
 
Competência tributária é o poder constitucional para instituir tributos. 
Capacidade é a aptidão para arrecadar e fiscalizar um tributo. 
 
71. Qual a diferença entre fiscalidade, extrafiscalidade e 
parafiscalidade? 
 
Fiscalidade representa a principal função de um tributo, isto é, 
arrecadar recursos para fazer frente às despesas públicas. 
 
A extrafiscalidade consiste na utilização da tributação para incentivar 
ou desestimular comportamentos. Serve, por exemplo, para o Estado 
intervir na economia, proteger o meio-ambiente, favorecer as 
empresas que mais empregam etc. Por exemplo, o SAT (seguro de 
acidentes do trabalho), contribuição previdenciária que incide sobre a 
folha de salários, é reduzido para as empresas que tenham menor 
sinistralidade (menor número de acidentes do trabalho). 
 
Por fim, a parafiscalidade se concretiza na transferência da 
capacidade tributária (arrecadar e fiscalizar) para um terceiro que não 
o ente federativo que instituiu o tributo. Por exemplo, a União Federal 
que possui a competência constitucional para instituir o imposto 
territorial rural, pode transferir, por meio de convênio, a capacidade 
tributária para o município onde estiver localizada a sede do imóvel 
rural. 
 
72. Conceitue e cite exemplos de partilha do produto dos tributos 
(artigo 157 e seguintes da CF/88). 
 
O fato de um ente federativo poder instituir um tributo não significa, 
necessariamente, que o produto da arrecadação ficará totalmente com 
ele. A Constituição Federal determina que a receita de vários tributos 
seja partilhada com outros entes federativos: 
 31 
 
a) O imposto de renda, a qualquer título, retido na fonte dos servidores 
públicos estaduais e municipais, inclusive os lotados em autarquias e 
fundações, permanecerão com os respectivos estados, Distrito 
Federal e municípios. Por exemplo, o IR retido dos subsídios de um 
juiz estadual, permanece com o estado. 
 
b) 49% das receitas obtidas por meio do imposto de renda e do IPI 
serão transferidas para o Fundo de Participação dos Estados e 
Municípios e também para fundos de desenvolvimento das regiões 
norte, nordeste e centro-oeste. 
 
c) 50% do valor arrecadado por meio do ITR irá para o município em 
que se localizar a sede do imóvel rural. Na hipótese do município, por 
meio de convênio com a União Federal, assumir a atribuição de 
fiscalizar e cobrar o ITR lhe será repassado 100% do valor 
arrecadado, desde que não haja qualquer tipo de renúncia fiscal, por 
parte do município. 
 
d) 29% do valor arrecadado através da Contribuição de Intervenção no 
Domínio Econômico nas operações de importação de petróleo, gás e 
álcool irá para os estados e para o Distrito Federal e, desse montante, 
25% será transferido para os municípios 
 
e) IPI (10% aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao 
valor das respectivas exportações de produtos industrializados). 
Desse montante os municípios ficam com 25%. 
 
f) impostos residuais (20% para os estados e DF) 
 
g) IOF sobre o ouro: estado (30%) e município (70%), em que ocorreu 
a operação. 
 
h) 50% dos valores arrecadados a título de IPVA serão remetidos para 
o município no qual o veículo foi registrado. 
 
i) 25% do produto do ICMS será transferido para os municípios, na 
seguinte proporção: 3/4, no mínimo, na proporção do valor adicionado 
nas operações que ocorram no território do município e até 1/4, de 
acordo com lei estadual. 
 32 
 
73. Quais são as modalidades de exoneração fiscal? 
 
Há quatro formas de exoneração fiscal, isto é, institutos por meio dos 
quais o contribuinte não precisará recolher tributos: isenção, 
imunidade, alíquota zero e não incidência. 
 
74. Discorra sobre a isenção (artigos 176 a 179 do CTN). 
 
Trata-se de hipótese de exclusão do crédito tributário prevista em lei, 
por meio da qual se exclui parcela da hipótese de incidência. Por 
exemplo, uma lei prevê a isenção do IPTU de imóveis cuja área seja 
inferior a 50 metros quadrados. Foi excluída da hipótese de incidência 
parte da materialidade econômica sobre a qual incide o tributo. 
 
Há várias definições sobre o instituto, tais como a dispensa legal do 
pagamento do tributo (atualmente, essa prevalece no STF) ou 
hipótese de não incidência legalmente qualificada. 
 
A interpretação das leis isencionais será restritiva e, salvo expressa 
previsão legal em sentido contrário, esse instituto não abrange as 
taxas e as contribuições de melhoria. 
 
A isenção concedida por prazo certo e com encargo não pode ser 
revogada. 
 
O contribuinte beneficiado com a isenção permanece obrigado a 
cumprir as obrigações acessórias. 
 
75. A revogação de isenção deve atender ao princípio da 
anterioridade? 
 
Sim, conforme a doutrina majoritária tendo em vista que a revogação 
da isenção teria os mesmos efeitos da instituição de novo tributo. Por 
outro lado, o STF entende que o tributo já existia, razão pela qual não 
há sentido na aplicação de referido princípio. 
 
STF RE 204.062 (...) Revogada a isenção, o tributo torna-se 
imediatamente exigível. Em caso assim, não há que se 
 33 
observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é 
existente (...) 
 
76. A União Federal pode isentar tributos de outros entes 
federativos, isto é, a chamada isenção heterônoma? 
 
Não, em respeito ao princípio federativo que exige tratamento 
isonômico entre todos os entes federativos. Parte da doutrina defende 
que há uma exceção prevista na própria Constituição, isto é, a 
possibilidade da União Federal, por meio de lei complementar, prever 
isenção sobre a exportação de imposto sobre serviços de qualquer 
natureza (CF/88 artigo 156, par. 3º, inciso II). Embora não esteja 
expressa na CF/88, essa regra se aplica também para os estados em 
relação a seus municípios. 
 
77. E por meio de tratado internacional? 
 
A resposta é positiva, pois a União Federal atua como pessoa jurídica 
de direito público externo, isto é, como país e não como membro da 
Federação. Nesse sentido vale deixar registrado que a súmula nº 575 
do Supremo Tribunal Federal indica esse itinerário jurisprudencial. 
 
 
À mercadoria importada de país signatário do GATT, ou 
membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto de 
circulação de mercadorias concedida a similar nacional 
 
78. O município pode se amparar na lei de responsabilidade fiscal 
para revogar isenção por prazo certo e com encargo? 
 
A questão, bastante atual, tem obtido resposta negativa da doutrina, 
pois cabe aos administradores planejarem os gastos públicos de tal 
forma a evitar a necessidade de recursos não previstos no orçamento. 
 
79. O que significa não incidência tributária? 
 
Consiste na totalidade dos fatos do mundo real, não abrangidos pela 
hipótese de incidência. Didaticamente pode-se denominar de fato não 
imponível. Como exemplo, podemos citar todas as verbas de natureza 
indenizatória, em relação ao imposto de renda. 
 34 
 
80. E alíquota zero? 
 
Instrumento de regulação da economia pelo qual se reduz a alíquota 
dos tributos extrafiscais, geralmente o imposto de importação e o IPI, 
para zero visando incentivar a produção ou controlar os preços, em 
algum setor da economia. 
 
81. Conceitue imunidade. 
 
Modalidade de limitação ao poder de tributar. Define-se como 
proibição constitucional de se tributar determinadas situações, 
pessoas e bens ou ainda hipótese de não incidência constitucional ou 
ainda norma de incompetência tributária. 
 
Possui forte carga valorativa, concretizando valores que o constituinte 
concebeu como muito relevantes para o país. Por esse motivo, em 
conformidade com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
interpretação das normas imunizantesdeve ser extensiva. 
 
As pessoas e entidades beneficiadas permanecem obrigadas ao 
cumprimento das obrigações acessórias. 
 
82. O que são as imunidades genéricas? 
 
São aquelas que atingem todos os impostos, tal como as previstas no 
artigo 150, VI, da CF/88, tais como a imunidade recíproca, a de 
templos de qualquer culto, a relativa a jornais e periódicos; a que 
atinge as entidades educacionais, assistenciais ou ainda a imunidade 
musical. 
 
83. Em que consiste a imunidade recíproca? 
 
Aquela que, visando fortalecer o pacto federativo, proíbe que entes 
políticos exijam impostos incidentes sobre a renda, o patrimônio e os 
serviços uns dos outros. Abarca também as autarquias e fundações 
públicas no que tiver relação com suas atividades essenciais. 
 
Por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro destina um imóvel para que 
seja um campo de futebol (é imune). O INSS, uma autarquia federal 
 35 
que tem por função a concessão de benefícios previdenciários, faz a 
mesma coisa (não é imune, pois o esporte não é sua atividade 
essencial). 
 
Estão excluídos os entes da administração direta e indireta que têm 
por objeto atividades econômicas não monopolizadas e regidas por 
regime jurídico de direito privado. Não são beneficiadas as 
concessionárias e permissionárias de serviços públicos. 
 
Conforme prevê o artigo 150, parágrafo terceiro, da CF/88, essa 
modalidade de imunidade não exime o promitente comprador de 
recolher o IPTU. 
 
84. Empresas públicas e sociedades de economia mista podem 
se beneficiar com a imunidade recíproca? 
 
A princípio, em conformidade com a literalidade do texto constitucional 
a resposta deveria ser negativa, pois apenas são citadas as fundações 
públicas e as autarquias. Porém, o Supremo Tribunal Federal tem se 
posicionado de forma diversa. Entende que as empresas públicas que 
desempenham serviços públicos essenciais, monopolizados e de 
caráter não concorrencial também devem ser beneficiadas pela norma 
imunizante. A primeira empresa pública a ter reconhecido referido 
status foi a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos - STF RE nº 
407099). 
 
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA 
DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 
RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE 
EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA 
PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. - As 
empresas públicas prestadoras de serviço público 
distinguem-se das que exercem atividade econômica. A 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de 
serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do 
Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade 
tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. 
 
Atualmente, há outras como a Casa da Moeda. 
 
 36 
Mais recentemente, sociedades de economia mista têm obtido, pelos 
mesmos argumentos trazidos pelas empresas públicas, este 
reconhecimento. Por exemplo, são beneficiárias da imunidade as 
sociedades de economia mista prestadoras de serviços de saúde cujo 
capital social seja majoritariamente estatal (STF RE 580264). 
 
85. A imunidade recíproca abarca o IOF? 
 
Sim, pois os entes federativos, ao aplicar seus recursos, não visam o 
lucro, mas a manutenção do valor de compra da moeda, razão pela 
qual não atuam como especuladores e sim como membro da 
federação (STF – RE nº 213.059). 
 
TRIBUTÁRIO. IOF. APLICAÇÃO DE RECURSOS DA 
PREFEITURA MUNICIPAL NO MERCADO FINANCEIRO. 
IMUNIDADE DO ART. 150, VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. À 
ausência de norma vedando as operações financeiras da 
espécie, é de reconhecer-se estarem elas protegidas pela 
imunidade do dispositivo constitucional indicado, posto tratar-
se, no caso, de rendas produzidas por bens patrimoniais do 
ente público. 
 
86. A imunidade recíproca abarca os impostos indiretos, ICMS e 
IPI? Por exemplo, se um município comprar um bem. Sobre essa 
operação não incidirá ICMS e IPI? 
 
Não, segundo a jurisprudência de nossa Corte Maior. Afinal, o ente 
federativo, embora arque com o valor do imposto por ser consumidor 
final, não é contribuinte do tributo. Da mesma forma, a imunidade não 
alcança o contribuinte (empresa que vendeu o produto para o ente 
político). 
 
STF Súmula 591: A imunidade ou isenção tributária do 
comprador não se estende ao produtor, contribuinte do 
imposto sobre produtos industrializados. 
 
Por outro lado, se o ente beneficiado pela imunidade for o contribuinte 
do ICMS, por exemplo, não haverá a incidência do imposto. 
 
87. A OAB está abrangida? 
 37 
 
Sim, por ser uma autarquia federal. Da mesma forma, as Caixas de 
Assistência aos Advogados (STF RE 405267). 
 
88. Conceitue a imunidade dos templos de qualquer culto. 
 
Visa proteger e fortalecer a liberdade de culto. Alcança não apenas os 
prédios que abrigam os templos, mas também todas as atividades 
essenciais das instituições religiosas, tais como o dízimo. 
 
“O templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício principal, 
onde se celebra a cerimônia pública, mas também a dependência 
acaso contígua, o convento, os anexos por força de compreensão, 
inclusive a casa ou residência especial, do pároco ou pastor, 
pertencente à comunidade religiosa” (Aliomar Baleeiro, Direito 
Tributário Brasileiro, 1ª ed. pág. 91) 
 
89. Os cemitérios possuem imunidade? 
 
Não há dúvidas, se os cemitérios forem uma extensão das igrejas 
(STF RE 578562). Porém, a questão não é pacífica se eles 
pertencerem a particulares e visarem lucro. Pessoalmente, entendo 
que não há imunidade, pois se trata de um negócio que visa o lucro. 
Por outro lado, há entendimento no sentido de que consiste em 
atividade religiosa e que a religiosidade não precisa estar vinculada a 
uma igreja ou religião específica, ou seja, muitas pessoas, ao 
homenagearem os seus entes queridos em um cemitério estariam 
praticando um ato religioso. No Recurso Extraordinário nº 544.815, 
que se restou extinto por questões processuais, o Supremo Tribunal 
Federal demonstra tendência no sentido de não estender a imunidade 
para os cemitérios de particulares. 
 
90. E a maçonaria? 
 
Não é considerada religião. 
 
STF RE 562.351. A imunidade tributária conferida pelo art. 
150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, 
não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se 
professa qualquer religião. (...) 
 38 
 
91. Qual a abrangência da imunidade do papel dos livros, jornais 
e periódicos? 
 
Visa garantir a liberdade de expressão. 
 
Seguindo a trilha dos julgados do STF, a norma imunizante atinge o 
papel necessário para a confecção das listas telefônicas (STF RE 
199183), apostilas (STF RE 183403), álbum de figurinhas, além dos 
filmes e papéis fotográficos, usados na confecção dos jornais. 
 
STF súmula 657. A imunidade prevista no artigo 150, VI, "d", 
da Constituição Federal abrange os filmes e papéis 
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. 
 
Não atinge, porém, as máquinas utilizadas na impressão, dos jornais 
e a tinta para a impressão. 
 
Abrange o denominado livro eletrônico, inclusive o suporte físico (CD) 
e o os leitores de livros eletrônicos (STF Recurso Extraordinário nº 
330817 e nº 595676). 
 
92. Discorra sobre a imunidade das entidades de assistência 
social e educacional; partidos políticos e suas fundações e 
sindicato de trabalhadores. 
 
Evidentemente, as entidades educacionais, sem fins lucrativos, e as 
entidades filantrópicas, possuem papel relevante para a sociedade, 
pois auxiliam o Estado em responsabilidades que lhe pertencem. No 
que se refere aos partidos políticos e suas fundações, estes são o 
fundamento da democracia representativa. Por fim, os sindicatos são 
essenciais como intermediários na eterna tensão nas relações entre o 
capital e o trabalho. Esta é a razão pela qual são listados como 
beneficiários da imunidade. 
 
As entidades educacionais e assistenciais deverão demonstrar que 
atendem aos requisitos previstos no artigo 14 do Código Tributário 
Nacional, ou seja,não poderão distribuir lucros ou parcelas de seu 
patrimônio, deverão manter em ordem sua contabilidade e não 
poderão remeter lucros para o exterior. 
 39 
 
Os partidos políticos e suas fundações manterão a imunidade se não 
tiverem suas contas rejeitadas, em decisão definitiva, pela Justiça 
Eleitoral. 
 
Os sindicatos deverão apenas atender ao disposto no artigo 8º da 
Constituição Federal. 
 
93. Os sindicatos patronais têm imunidade de impostos? 
 
Não, segundo o Supremo Tribunal Federal, uma vez que possuem 
condições econômicas de se manterem, sem auxílio estatal. 
 
94. Os fundos de pensão têm imunidade, tendo em vista que são 
entidades que não visam lucros? 
 
O STF entende que só possuem imunidade as entidades de 
previdência privada fechada (fundos de pensão) nas quais há aportes 
financeiros somente da patrocinadora (empresa) e não do participante 
(segurado). Caso haja, como é mais comum, depósito do trabalhador 
e da empresa, não há imunidade. 
 
STF Súmula 730. A imunidade tributária conferida a 
instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo 
artigo 150,VI, "c", da Constituição, somente alcança as 
entidades fechadas de previdência social privada se não 
houver contribuição dos beneficiários. 
 
95. Caso uma entidade assistencial alugue um imóvel para um 
particular, esse imóvel permanece imune ao IPTU? 
 
O Supremo Tribunal Federal entende que sim, desde que a receita 
seja integralmente revertida para a finalidade da entidade. 
 
STF Súmula 724. Ainda quando alugado a terceiros, 
permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer 
das entidades referidas pelo artigo 150, VI, "c", da 
Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado 
nas atividades essenciais de tais entidades. 
 
 40 
 
STF Súmula Vinculante 52. Ainda quando alugado a 
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a 
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da 
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja 
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram 
constituídas. 
 
96. O que é a imunidade musical? 
 
Regra de imunidade introduzida pela EC nº 75, objetiva incentivar a 
cultura nacional, especificamente a música e os músicos brasileiros. 
Era necessário tendo em vista que a internet possibilitou a aquisição 
de músicas e CD sem o pagamento de direitos autorais aos artistas, 
gerando crise no setor. 
 
Agora, os CDs e DVDs produzidos no Brasil de autores nacionais ou 
interpretados por artistas brasileiros não terão a incidência de 
impostos. Abrange também as músicas comercializadas via internet. 
 
Um exemplo. Um cantor brasileiro grava um CD com músicas de sua 
autoria. Nesse caso, não incidirá imposto de renda e ISS na fase de 
gravação (estúdio, arranjos etc) e também não incidirá ICMS na venda 
das lojas para o consumidor final. Por outro lado, haverá incidência de 
IPI na fabricação dos CDs e dos DVDs. 
 
97. O que são imunidades específicas? Cite exemplos de 
imunidades específicas, relativas a impostos. 
 
São as que se aplicam apenas a um imposto ou a uma específica 
situação. 
 
a) IPI: Não incide sobre produtos industrializados destinados ao 
exterior. 
 
b) ITR: Não há incidência sobre pequena gleba rural, nos termos da 
lei. 
 
c) ISS: São imunes os serviços exportados. 
 
 41 
d) ICMS: São imunes as mercadorias objeto de exportação e serviços 
de transporte e comunicação internacional. 
 
d1) ICMS: operação que destine - a outros estados - petróleo inclusive 
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados e energia 
elétrica (o imposto caberá ao estado em que ocorrer o consumo). 
 
d2) ICMS: serviços de comunicação de rádio e televisão aberta (para 
evitar eventual tributação sobre a publicidade). 
 
e) Na transferência de imóveis desapropriados, para fins de reforma 
agrária, não há incidência de impostos. 
 
f) IOF: sobre o ouro, quando represente ativo financeiro, incide apenas 
o imposto sobre operações financeiras. Já sobre produtos produzidos 
com ouro como uma joia, por exemplo, há incidência de todos os 
impostos. 
 
g) Operações com energia elétrica, serviços de telecomunicações e 
derivados de petróleo e minerais só incide imposto de importação, 
imposto de exportação e ICMS. Referida regra imunizante não se 
estende para as demais espécies tributárias: 
 
STF súmula 659: é legítima a cobrança da COFINS, do PIS e 
do FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia 
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de 
petróleo, combustíveis e minerais do país. 
 
h) ITBI: não incide sobre a transmissão de bens decorrentes de 
realização de capital, fusão, cisão, incorporação ou extinção de 
empresa. 
 
98. Cite exemplos de imunidades específicas relativas a taxas. 
 
Os principais exemplos são: assistência judiciária gratuita, tendo em 
vista que as custas judiciais são taxas; direito de petição; certidão de 
nascimento, casamento e certidão de óbito, considerando que os 
emolumentos dos cartórios extrajudiciais são taxas; habeas corpus; 
habeas-data e ação popular. 
 
 42 
99. A imunidade embutida na norma que prevê justiça gratuita 
para as pessoas carentes, engloba os emolumentos dos cartórios 
extrajudiciais? 
 
Sim. Há precedentes do STJ e STF nesse sentido. 
 
STJ - RMS 26.493-RS, Rel. Min. Eliana Calmon (...) Trata-se 
de recurso em mandado de segurança em que se pugna pela 
anulação de ato do juiz de primeiro grau confirmado – pelo 
acórdão recorrido – que exonerou o recolhimento dos 
emolumentos devidos pela extração de certidões de registro 
de imóveis, quando os litigantes usufruírem o benefício de 
assistência judiciária, isto é, pretende-se afastar a aplicação 
do art. 3º, II, da Lei n. 1.060/1950 aos serviços extrajudiciais 
dos cartórios oficializados. Dessarte, a Turma negou 
provimento ao recurso ao entendimento de que a gratuidade 
da Justiça estende-se aos atos extrajudiciais relacionados à 
efetividade do processo judicial em curso, mesmo em se 
tratando de registro imobiliário. A isenção contida no art. 3º, 
II, da Lei nº 1.060/1950 abrange os valores devidos pela 
extração de certidões de registro de imóveis, necessárias ao 
exercício do direito de ação, não procede a premissa de que 
inexiste lei específica regulamentando a isenção em tela, 
porque se aplica ao caso a já mencionada lei, cujo esteio 
constitucional repousa no art. 5º, LXXVII, da CF/1988, que 
assegura aos necessitados a dispensa do pagamento dos 
atos necessários ao exercício da cidadania. Também em 
nada aproveita ao recorrente a natureza privada dos serviços 
que realiza, pois eles não deixam de ostentar a natureza de 
serviços públicos, embora prestados por delegação e sob 
supervisão do Poder Judiciário. Ressalte-se que há 
precedentes do STF, os quais acolhem a isenção dos atos 
necessários ao exercício da cidadania, aplicando o princípio 
da proporcionalidade. Precedentes citados do STF: ADC 5-
DF, DJ 5/10/2007; ADI 1.800-DF, DJ 28/9/2007; do STJ: 
REsp 94.649-RJ, DJ 9/9/1996. 
 
100. Cite exemplos de imunidades específicas relativas a 
contribuições especiais. 
 
http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RMS%2026493
 43 
a) Aposentadoria e pensão por morte de regime próprio de previdência 
social dos servidores públicos, cujos proventos sejam inferiores ao teto 
máximo do salário-de-contribuição do Regime Geral de Previdência 
Social (R$.5839,45 - 2019). 
 
b) Aposentadorias e pensões do regime geral de previdência social. 
 
c) Não incide contribuições sociais e de intervenção no domínio 
econômico sobre receitas decorrentes de exportação. 
 
Obs.: não há imunidade de contribuição social sobre o lucro em face 
de receitas originadas de exportações, pois a imunidade abrange a 
receita e não o lucro decorrente da receita (STF Ag.Reg. no RE 
460158). 
 
d) Da mesma forma estão exoneradas do recolhimento de 
contribuições para o financiamento da seguridade social (contribuição 
previdenciária,

Outros materiais