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Penal - omissão de socorro

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OMISSÃO DE SOCORRO 
CRIA-SE NO ARTIGO 135 UM DEVER MORAL DE 
SOLIDARIEDADE HUMANA, O DEVER DE AMPARAR AQUELES 
QUE NECESSITAM DE SOCORRO É CONVERTIDO EM DEVER 
LEGAL GERAL.  
 
DEFINIÇÕES INICIAIS E TIPO LEGAL: 
 
TIPIFICA-SE O CRIME OMISSIVO QUANDO O AGENTE NÃO FAZ 
O QUE PODE E DEVE FAZER, QUE LHE É JURIDICAMENTE 
ORDENADO. 
• CRIME OMISSIVO PRÓPRIO/PURO: é um agir 
positivo. são os que objetivamente são descritos 
com uma conduta negativa, de não fazer o que a 
lei determina. 
• CRIMES IMPRÓPRIOS: quando há a figura do 
garante. (também chamado de comissivo por 
omissão), consiste na omissão ou não execução de 
uma atividade predeterminada e juridicamente 
exigida do agente. 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da 
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e 
triplicada, se resulta a morte. 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar 
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer 
garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários 
administrativos, como condição para o atendimento médico-
hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da 
negativa de atendimento resulta lesão corporal de 
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído 
pela Lei nº 12.653, de 2012). 
 
OBS: pode-se entender que o policial, se não estiver na 
ativa, responde como um cidadão normal  
 
OBS: quando a vítima não quer ser salva não exclui a 
responsabilidade de quem deve a salvar.  
 
OBS: deve-se entender pela possibilidade de autodefesa da 
pessoa para enquadrar neste tipo.  
 
OBS: se mesmo de férias está armado e age/intervém como 
policial ele deverá ser policial até o fim, passando a ser 
garante.  
 
 
• CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS são aqueles que 
estão obrigatoriamente previstos em tipos penais 
específicos. Em obediência ao princípio da reserva 
legal. Só ocorre quando alguém deixa de realizar 
uma conduta devida. 
 
Exemplo: art. 244 (abandono material) e 269 (omissão de 
notificação de doença).  
 
• CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS são os crimes 
de resultado, não têm tipologia própria, inserindo-
se na tipificação dos crimes de resultado, como 
homicídio, lesão. Na verdade, nesses crimes não 
há uma causalidade fática, mas jurídica, em que 
o omitente tem o dever jurídico de evitar o 
resultado. 
 
OBJETIVIDADE JURÍDICA: 
 
Protege-se com o dispositivo A VIDA E A SAÚDE DA PESSOA 
ATRAVÉS DA SEGURANÇA INDIVIDUAL. Pune-se o desrespeito 
ao dever de solidariedade humana 
 
SUJEITO ATIVO: 
 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não requerendo 
nenhuma condição especial, pois o dever genérico é não se 
omitir. 
 
Existindo vinculação anterior entre os sujeitos poderá existir 
um crime mais grave. 
 
Deve o agente estar no lugar e quando o periclitante precisa de 
socorro. 
 
O autor do delito não pode ter causado a situação de perigo. Se 
causou dolosamente não pode se pretender que preste 
socorro. 
 
Responde por homicídio ou lesões. 
 
Nos crimes culposos a omissão de socorro é circunstância 
majorante art.121 parag. 4º, artigo 126 parágrafo 7º. 
 
Nos crimes de trânsito também majora a pena a falta de 
socorro artigo 302 paragrafo 1º, inciso III e art. 
303 paragrafo 1° 
 
SUJEITO PASSIVO: 
 
Criança abandonada: é aquela que foi exposta ou deixada 
em algum lugar por seus responsáveis, entregue a própria 
sorte, sem condições de prover a sua própria subsistência, 
a que foi deixada ao desamparo 
 
Criança extraviada: é aquela que perdeu o rumo de sua 
casa, está perdida, não sabe onde mora, nem como chegar lá. 
Para efeitos penais deverá se considerar criança a pessoa que 
não tem condições de autodefesa por imaturidade. Mesmo 
que o ECA tenha definido criança o menor de 12 anos, não é 
solução para o caso. 
 
Pessoa inválida: é aquela que por si mesma não pode prover 
a própria segurança e subsistência; é aquela que é indefesa. A 
invalidez pode advir das próprias condições pessoas, 
congênitas ou adquiridas, ou decorrer de acidentes(velhice, 
enfermidade, cegueira, paralisia, etc. 
 
Pessoa ferida: é aquela que sofreu um dano ou lesão em sua 
integridade corporal, de forma acidental ou provocada. É 
fundamental que tanto na invalidez como no ferimento 
causem incapacidade de autodefender-se 
 
Finalmente qualquer pessoa em grave e iminente 
perigo: É necessário que exista real probabilidade do perigo, 
bem como sua gravidade, além de ser iminente. Pessoa se 
afogando, prestes a cair em uma ribanceira, prestes a ser 
soterrada. A oposição da vítima não afasta o dever geral de 
prestar socorro 
 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO: 
 
A primeira conduta presente no tipo é DEIXAR DE PRESTAR 
ASSISTÊNCIA, PORTANTO DEVER PESSOAL E DIRETO. 
 
Assistência é toda forma de auxílio ou socorro adequado. 
 
Neste caso o socorro depende da possibilidade e capacidade 
individual, sempre que não ocorrer risco pessoal. Praticam 
aqueles que recusam transportar pessoa ferida. Se o socorro 
pode ser pessoal, não pode buscar na autoridade.  
 
NÃO PEDIR A AUTORIDADE COMPETENTE: indireto, o pedido 
deve ser imediato e necessário, não se trata de alternativa da 
primeira figura típica, o comportamento do agente é ditado 
pelas circunstâncias. A assistência indireta é subsidiária e 
somente pode ser utilizada quando a direta não puder ser 
prestada sem risco pessoal, ou quando o socorro da autoridade 
puder ser prestado com maior eficácia;  
Autoridade pública é aquela que tem atribuição para intervir 
no caso. Bombeiro, policial, etc.  
 
Obs: A assistência depende do evento, não havendo risco 
pessoal (que seria a justificativa da não prestação de 
assistência de forma direta), passa-se ao segundo momento - 
pedir socorro à autoridade pública - está-se diante de uma 
omissão de socorro.  
 
Obs: O socorro da autoridade pública é subsidiário, prioriza-se 
que o socorro seja pessoal, sempre que possível.   
 
Não é qualquer risco que teria o condão de 
afastar a responsabilidade penal, somente 
aquele sério, efetivo, real, concreto e 
principalmente que produza risco a 
integridade física ou saúde do omitente.  
Se o risco for patrimonial ou moral não exclui 
o delito. Havendo risco será atípica a 
conduta.  
O risco pode ocorrer para pedir ajuda a 
autoridade pública e neste caso excluirá o 
delito. Se houver risco para terceiro poderá 
configurar estado de necessidade art. 24 
 
Obs: o risco pode ser para prestar socorro ou para pedir 
ajuda.  
 
Havendo risco a conduta seria atípica, só que o risco deve ser a 
vida, a integridade física, a saúde do sujeito.  
 
Ex: um sujeito passa por um riacho e vê uma pessoa se 
afogando. ele imaginando que a pessoa está com dificuldade, 
vai buscar socorro e volta para socorrer a vítima. Neste 
momento ele percebe que o local que a vítima se encontrava 
estava raso e que o mesmo poderia tê-lo socorrido. Quando 
retornou a vítima estava morta. - Não responderá por omissão 
de socorro. 
 
Trata-se de erro em relação ao risco pessoal, erro de tipo, ele 
erra sobre uma elementar, pois enxerga o risco pessoal.  
 
ELEMENTOS SUBJETIVOS: 
 
▪O elemento subjetivo deste crime é o dolo de perigo, 
representado pela vontade de omitir com a consciência do 
perigo, isto é o dolo deve abranger a consciência da concreta 
situação de perigo em que a vítima se encontra.  
 
▪ Pode o dolo ser eventual com o agente assumindo o risco de 
manter o estado de perigo preexistente 
 
Ex: encontro alguém que desgostoque foi vítima de um 
atropelamento, a pessoa está gravemente ferida, e penso que 
bom. Resolvo ficar assistindo desejando a morte do outro sem 
nada a fazer. tipificação: omissão de socorro. Como eu não 
estava na posição de garante, há somente o dever de 
solidariedade.  
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
▪ Consuma-se a omissão de socorro no lugar e no momento 
em que a atividade devida tinha de ser realizada.  
 
▪ Tendo em vista ser um crime omissivo puro ou próprio não 
admite a forma tentada, ou o agente age e presta socorro não 
havendo nenhum ilícito a ser punido, ou deixa passar o 
momento em que deveria prestar socorro e o crime está 
consumado. É um crime unissubsistente que não admite 
fracionamento 
 
Quando a vítima é deixada em posição de perigo. A morte ou a 
lesão é apenas uma majorante.  
 
Arrependimento eficaz é quando eu faço algo para evitar o 
resultado, não existe forma de arrependimento eficaz para 
esse tipo de perigo.  
 
O resultado é estar na situação de perigo.  
 
art. 65 - atenuantes: se o omitente retorna, o crime já está 
consumado pois o não socorro já se consumou.  
 
ex: estamos três pessoas na borda de uma piscina, e vemos 
uma criança se afogando, se uma das pessoas for salvar deixa-
se de imputar o crime a todas as 3. O agir de qualquer um elide 
o crime aos demais. Cada um responde pela sua omissão.  
 
NO ENTANTO, O CONCURSO DE PESSOAS/DIVISÃO DE 
TAREFAS:  
Quando todos podem salvar há responsabilidade individual de 
cada um, não há divisão de tarefas, cada um responde pelo seu 
crime.  
 
JÁ QUANTO À PARTICIPAÇÃO: 
Quando por exemplo alguém quer ajudar e alguém diz “não 
vai”, instiga o outro a não salvar, somente quando uma das 
partes não pudesse realmente agir para o salvamento e 
estimulasse o outro a não agir é que ele responde 
pelo instigamento, assim neste caso específico, tipifica-se 
como partícipe. 
 
Ex: uma pessoa com deficiência física que não pudesse ajudar 
uma criança se afogando, mas induzisse uma segunda pessoa 
em plenas condições a não agir, poderia responder por 
assistência.  
Ex: a pessoa A está falando no telefone com B na estrada e A, 
que está dirigindo, vê um acidente e comenta com B, quando a 
pessoa B, do telefone, diz para ela não se meter. A responderá 
pela omissão e B pela participação de forma remota, 
instigando.  
Ex: exemplo do paciente que instiga o médico a não comunicar 
a existência de uma enfermidade contagiosa às autoridades 
sanitárias. 
 
Quando, no caso das 3 pessoas na piscina, a assistência de 
quem pulou para salvar não é suficiente, ou seja, a situação de 
perigo permaneceu, os demais responderão pela omissão de 
socorro.  
 
NÃO É POSSÍVEL SE FALAR EM TENTATIVA POIS O CRIME SE 
CONSUMA COM O AGIR ÚNICO, SE ELE PRESTAR SOCORRO 
NÃO HÁ CRIME, SE NÃO PRESTAR HÁ.  
 
FORMAS MAJORADAS: 
§único do art. 135.   
 
Não há regra de concurso: 
 
É importante que se haja vínculo, ou seja, a morte ou a lesão 
podem ser consequências anteriores à falta da prestação.  
 
▪Não há crime de omissão de socorro qualificado, na realidade, 
eventual resultado decorrente da omissão como lesão ou 
morte, constitui circunstância de aumento de pena, isto 
é, majorante, é necessário existir uma precisão terminológica.  
 
▪Não altera o tipo penal que apenas será majorado.  
 
▪Deve-se ficar atento para relação causal entre a inatividade e 
o resultado lesão ou morte, pois deverá existir um vínculo para 
a majoração da pena.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: 
 
 
 
Ex: na praia estão três pessoas (um salva vidas, um pai e um 
desconhecido) assistindo uma criança se afogando no mar. 
 
Ninguém faz nada e a criança vem a morrer: 
 
(garante) salva vidas: responderá por homicídio (art. 
121) a justificativa encontra-se no art. 13 §2° (relevância da 
omissão) o vínculo é normativo e está no art. 13 §2°.  
(garante) o pai: responderá se pudesse prestar 
socorro sem risco pessoal > art. 121 c/c art 13 §2°.  
havendo risco pessoal: deveria ter pedido socorro ao 
salva vidas art. 121 c/c art. 13 §2°  
O desconhecido: omissão de socorro art. 135. 
 
omissivo próprio instantâneo de perigo
comum simples
unissubsistente
(exceto na possibilidade 
de partícipe 
impossibilitado)
unissubjetivo

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