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Amadurecimento hormonal, critérios de Tanner, estágios de maturação.

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Nascimento
Adolescência
Aluna: Gabriela Sales
Ano: 2º (XIX)
Medicina - Universidade Estadual de Santa Cruz
(1) Descrever o amadurecimento hormonal na puberdade;
A puberdade é uma fase que prepara o ser humano para a maturação sexual e a reprodução,
sendo caracterizada por uma série de transformações biológicas regidas pela ação do eixo
hipotálamo-hipófise-suprarrenais-gonadal, que gera VC e o surgimento de características sexuais
secundárias e mudanças psicossociais.
1.1. Crescimento
No período da adolescência ocorrem muitas mudanças físicas e psicossociais. Observar o
crescimento nessa faixa etária pode ajudar na identificação de muitas patologias e é de extrema
importância para o trabalho do pediatra. Esse crescimento é marcado por várias fases que
variam em velocidade de acordo com a ação hormonal predominante, sofrendo também
influência da alimentação, ambiente e aspectos psicossociais.
Fase puberal: estágio final do crescimento estatural. Momento em que mais se preocupa
com a estatura.
Ocorrem:
● crescimento rápido
● modificações corporais
● modificações na
personalidade/socialização/motivação/interesses
O crescimento estatural depende do crescimento linear
dos ossos longos, na cartilagem de crescimento,
controlada por diversos hormônios, que embora tenham
1
papéis individuais, interagem entre si para promover tanto o estirão quanto a maturação sexual.
Os hormônios mais presentes são os gonadais, adrenais e os hipofisários.
A avaliação é feita em comparação com uma curva de referência, geralmente a da OMS. A
velocidade de crescimento, maturação óssea e desenvolvimento dentário sofrem forte influência
dos fatores genéticos. Outro fator determinante é a nutrição, ou seja, a desnutrição é uma das
grandes causadoras de atraso de crescimento mundial. Aspectos psicossociais também podem
prejudicar esse processo.
Velocidade de crescimento
Conceito: aumento estatural no intervalo de 1 ano. A unidade é cm/ano, e não deve ser
aferida em intervalos menores do que 6 meses (pois o crescimento tem influências
sazonais). É o principal critério de normalidade do crescimento, acima do valor bruto da
altura.
Até os 4 anos de idade, as meninas
crescem mais rápido que os meninos.
Depois disso ambos crescem numa
VC de 5 a 6 cm/ano até o início da
puberdade. Para avaliar a VC são
usados os gráficos de Tanner e
Whitehouse, e valores abaixo do
percentil 10 são considerados de
risco.
● VC puberal:
○ meninas: 8 a 10
cm/ano
○ meninos: 10 a 12
cm/ano
Idade estatural e idade-peso
Permite observar o comportamento
de crescimento do adolescente,
oferecendo informações sobre
condições passadas ou presentes,
sendo comparadas com o percentil 50 da curva de crescimento.
2
Proporções corporais
Permite avaliar proporcionalidade de crescimento.
● Segmento inferior: da sínfise púbica ao chão
● Segmento superior: diferença entre estatura e segmento inferior.
Ao nascer o SS é maior do que o SI mas na adolescência essa proporção fica próxima de 1.
● Envergadura: distância máxima entre os dedos médios de cada mão na posição de
braços abertos. Na adolescência a relação altura e envergadura também fica próxima de
1.
Alvo Genético
Avalia a herança genética, ou seja, a estatura dos pais para estimar a faixa de estatura final. É
calculada com o uso das seguintes equações.
Maturação óssea
A estatura final depende da idade óssea. Ocorre quando há fusão completa entre epífise e
metáfise dos ossos. Os métodos mais usados para avaliar a idade óssea são o de Greulich-Pyle e
o TW2, que foi feito por meio do estudo de desenvolvimento ósseo de mão e punho esquerdos,
no qual, por meio de fotos de radiografias de mão e punho em várias idades, define-se a idade
óssea do paciente por método comparativo. No método TW2 existe um sistema de pontuação
em que 20 ossos são avaliados individualmente.
3
1.2. Eventos Puberais
Estirão puberal
Logo antes da puberdade a velocidade de crescimento se reduz, imediatamente antes da rápida
aceleração do estirão. A idade de início e velocidade de mudanças também variam entre
indivíduos de acordo com fatores hereditários e nutricionais. Nas meninas ocorre cerca de 2
anos antes dos meninos.
● Pico da VC:
○ Meninas: 9 cm/ano
○ Meninos: 10,3 cm/ano
Durante a puberdade, o indivíduo cresce 20% da sua estatura final.
Peso
Ocorre significativo ganho ponderal, cerca de 50% do peso final. Nos meninos o pico de ganho
de peso costuma coincidir com o pico da VC e nas meninas ocorre 6 meses após o pico de VC.
Composição corpórea
● Massa magra:
○ Meninos: adquirem mais massa magra e por mais tempo, até os 19/20 anos. Essa
massa aumenta de 80 a 85% do peso corpóreo na maturação para 90% na
maturidade, valor que resulta da ação dos andrógenos circulantes.
○ Meninas: adquirem menos massa magra, até os 15 a 16 anos. Essa massa diminui
de 80 a 85% do peso corpóreo no início da puberdade para 75% na maturidade.
Embora o peso absoluto de massa muscular aumente, o percentual diminui pois o
tecido adiposo aumenta mais rapidamente.
● Tecido adiposo: o ganho é maior nas mulheres para que os ciclos menstruais se instalem
e se mantenham regulares.
● Massa óssea: a deposição mineral óssea é estimulada por andrógenos e estrógenos,
sendo que mais de 90% do pico de massa esquelética é presente aos 18 anos em
adolescentes de crescimento normal.
○ Meninas: ⅓ se acumula em 3 a 4 anos após o início da puberdade
○ Meninos: a deposição se estende até os 18 anos
4
Hormônios
Os hormônios gonadais são mais importantes para esse processo do que os tireoidianos,
embora estes ainda participem do crescimento. O eixo GH e IGF1 é ativado, e, embora
desempenhe papel diferente dos gonadais, a interações entre ambos é essencial.
Dois hormônios promovem o desenvolvimento de características sexuais secundárias e as
mudanças de composição corporal: o LH (hormônio luteinizante) e o FSH (folículo estimulante).
Ambos são detectáveis antes mesmo da observação dos sinais externos da puberdade. O
aumento da secreção de GH é maior nos meninos, o que explica as diferenças de VC entre os
sexos. Após a puberdade esses níveis retornam aos valores pré-puberais.
Ambas as classes de hormônios, tanto hipofisários quanto gonadais interagem entre si, e essa
interação fica clara quando observa-se que há prejuízo no estirão de crescimento quando há
deficiências isoladas em um dos tipos de hormônio. Um sinal molecular de ligação da ativação
puberal do eixo-hipotálamo-hipófise-gônada e da situação nutricional é a leptina.
Ocorre, junto ao aumento de secreção hormonal, uma elevação da resistência à insulina. A
testosterona estimula a eritropoiese, havendo assim aumento de células vermelhas no sexo
masculino.
Órgãos e tecidos
Os órgãos, em sua maioria, duplicam de tamanho, exceto pelo tecido linfóide que sofre uma
involução.
1.3. Particularidades do crescimento na adolescência
O crescimento ocorre de forma centrípeta, ou seja, começa pelas extremidades e depois alcança
o tronco. Na avaliação do crescimento, correlaciona-se a idade cronológica (IC), a idade estatural
(IE) e a idade-peso (IP) e o desenvolvimento puberal, além de relacionar esses dados com a
idade óssea (IO), podendo-se obter os seguintes resultados:
● Baixa estatura constitucional: IE = IO < IC
● Baixa estatura familiar: IO = IC > IE
● Hipotireoidismo: IO ≤ IE < IP < IC
● Baixa estatura hipofisária: IO ≤ IE < IP < IC
● Baixa estatura por desnutrição: IP < IE ∪ IO < IC
5
1.4. Fisiologia da puberdade
O processo pubertário se inicia na vida intra-uterina (diferenciação sexual e produção de
esteróides sexuais).
OBS.: em lactentes do sexo feminino os níveis de LH e FSH são mais altos devido à
imaturidade dos tratos inibitórios do SNC. Esses níveis declinam ao fim da lactância e
ficam baixos até o início da puberdade.
No período pré-puberal, ocorre supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, e a secreção de
gonadotrofinas está sob controle de um feedback negativo pelos esteróides gonadais. Umsensor hipotalâmico denominado gonadostato é sensível ao efeito supressivo dos esteróides
gonadais. O início da puberdade se dá na redução da sensibilidade do gonadostato aos
esteróides gonadais.
Ocorrem 3 eventos principais:
● Adrenarca: aumento da secreção dos andrógenos suprarrenais
● Ativação ou desinibição dos neurônios hipotalâmicos secretores de LHRH, levando a um
aumento das gonadotrofinas hipofisárias
● Gonadarca: aumento dos esteróides sexuais produzidos pelos testículos e ovários
Estruturas envolvidas nos eventos hormonais da puberdade:
● região basal extra medial do hipotálamo
● hipófise
● órgãos-alvo gonadais
Entre 6 e 8 anos de IO, ocorre aumento progressivo de DHEA e DHEAS (andrógenos
suprarrenais). Esse eixo depende da ativação do eixo hipófise-gônadas e é controlado pelo
ACTH. A elevação desses hormônios contribui para a redução da sensibilidade do gonadostato,
favorecendo aumento da secreção do LHRH noturno em maior frequência e amplitude e
posteriormente da secreção pulsátil de LH. A leptina (secretada pelas células adiposas e com
receptores expressos no hipotálamo e ovários) estimula o pulso gerador de LHRH, além de
garantir reserva calórica e o conteúdo de gordura corpórea.
Durante a puberdade, ocorre aumento das frações B-FSH e B-LH, que tem grande capacidade
de induzir a síntese de esteróides gonadais, sendo o B-LH considerado o mais importante para
as mudanças somáticas puberais.
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Os esteróides gonadais determinam aumento da secreção de GH e IGF-1, os quais agem
diretamente sobre a cartilagem e estimulam a síntese de fatores locais que contribuem para a
maturação dos condrócitos e osteoblastos. O estrógeno é mais importante do que a testosterona
nesse processo.
No homem, 75% do estrógeno é produto da aromatização extracelular e o restante é
produzido nas células de Leydig.
Nas mulheres os ovários são responsáveis por 90% dessa produção e 10% vem da
conversão extraglandular, testosterona e androstenodiona.
Outros hormônios
Também participam do processo de puberdade:
● tiroxina: influencia na síntese e secreção de GH e estimula o crescimento ósseo
● prolactina
● melatonina
● inibina: produzida nas células de Sertoli (testículos) e nas células da granulosa (ovários),
exerce retroalimentação negativa sobre a secreção de FSH hipofisário
● ativina: estimula a biossíntese e secreção da fração B-FSH
1.5. Fatores que influenciam a puberdade
Fatores genéticos:
● genes
● história familiar
Fatores ambientais:
● condições geográficas
● estrato socioeconômico
● estado nutricional
● condições de saúde
● atividade física
7
Os fatores genéticos têm grande influência em eventos como a menarca e o aparecimento das
características sexuais secundárias. A maioria das meninas têm a 1ª menstruação em idade
próxima à da menarca materna, e as características como distribuição e quantidade de pêlos,
forma e tamanho das mamas costuma ser semelhantes entre pais e filhos.
Ocorrem também influências étnicas, mostradas em estudos que meninas negras têm maturação
sexual mais precoce do que as brancas. Apesar desses estudos, essas diferenças étnicas
parecem ser mínimas, e os fatores socioeconômicos sobrepõem-se em peso.
O estado nutricional adequado é um fator essencial para o desenvolvimento puberal normal.
Meninas PIG tendem a ter uma puberdade precoce ou acelerada, o que não é observado em
meninos PIG. O melhor estado nutricional é um dos fatores para a aceleração secular da
puberdade. Na década de 70, pesquisadores propuseram a teoria do peso crítico:
Para que a menarca acontecesse, as meninas deviam atingir o peso crítico, ou seja, 48
kg. Depois esse peso foi mudado para uma taxa de gordura corporal mínima de 17%.
A obesidade associa-se à telarca precoce, sendo que o aumento da adiposidade favorece o
aumento da resistência à insulina e a ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal pela ação
da leptina e consequente aumento de estrógenos.
Já o estado socioeconômico está relacionado à saúde, higiene, nutrição e habitação, fatores que
favorecem o crescimento e o desenvolvimento humano, e a urbanização também favorece
puberdade precoce.
As doenças crônicas ou recorrentes interferem negativamente na maturação sexual. Alterações
do apetite ou da absorção de nutrientes, disfunções hormonais, aumento do consumo de
oxigênio ou do gasto energético e acúmulo de substâncias tóxicas são fatores que limitam a
expressão puberal.
O estresse e os fatores psicossociais podem:
● provocar produção insuficiente de hormônios hipofisários
● inibir o gonadostato por meio de mecanismos ligados ao SNC
● promover resistência periférica aos fatores promotores de crescimento
A prática desportiva vigorosa pode atrasar a puberdade, pois o uso de esteróides e
anabolizantes, os regimes alimentares e o gasto energético influem grandemente no processo
de maturação sexual. O clima e a altitude também podem influenciar esse processo. Estudos
mostram que as menarcas ocorrem com maior frequência em climas frios, o que pode ser
8
resultado do maior ganho ponderal próprio da época. Já a altitude elevada, pela menor
disponibilidade de O² parece retardar a puberdade.
1.6. A puberdade e o eixo GH-sistema IGF
No início da puberdade, a elevação endógena de hormônios sexuais acompanha aumento da
frequência na amplitude dos pulsos de GH (a secreção aumenta de 2 a 10x). O pico de GH
coincide com o pico da VC, e acredita-se que isso ocorra pela maior sensibilidade hipofisária à
estimulação pelo GHRH e pela modulação do gene do GHRH. O IGF-1 também aumenta em
consequência do aumento do GH, mas também é modulado pelos esteróides sexuais. Também
ocorre elevação das concentrações de IGFBP-⅗ e ALS (por causa da elevação do GH e IGF-1) e
diminuem as concentrações da IGFBP-1 (em virtude do aumento da resistência à insulina que
leva a uma insulinemia fisiológica da puberdade).
A aceleração da VC é observada em pacientes com puberdade precoce central ou periférica.
Entretanto, outros mecanismos fisiopatológicos podem levar a isso.
(2) Identificar a avaliação do grau de desenvolvimento
pubertário segundo critérios de Tanner;
2.1. Maturação sexual
Segue uma cronologia classificada em 5 estágios (Marshall e Tanner) e levam em conta:
● Sexo feminino:
○ desenvolvimento mamário
○ quantidade de pelos púbicos
● Sexo masculino:
○ aspecto da genitália
○ distribuição dos pelos púbicos
Ambas as sequências de eventos e a velocidade em que ocorrem são fatores importantes na
determinação da normalidade da puberdade.
● Puberdade masculina:
○ aumento do volume testicular aos 10/9 anos: pode ser medido com o
orquidômetro de Pradder, sendo que valores superiores a 4 ml indicam início da
puberdade
○ surgimento de pelos púbicos aos 11 anos
9
○ aumento peniano
○ primeira ejaculação (espermarca) com o testículo com 10 a 12 ml, sendo que o
sêmen tem baixa concentração de espermatozoides
○ aparecimento de pelos axilares e faciais aos 13-14 anos. A pilificação facial ocorre
primeiro nos cantos do lábio superior e na região lateral superior da face
○ mudança do timbre da voz coincide com o estágio 5 de pelos púbicos e é
causada pela ação da testosterona sobre as cartilagens da laringe
● Puberdade feminina (gonadarca precede adrenarca):
○ aparecimento do broto mamário (telarca), pode ser assimétrica ou unilateral no
início do desenvolvimento, separada da menarca por 2 a 5 anos (8 a 13 anos de
idade)
○ surgimento de pelos púbicos (9,6 anos)
○ menarca aos 12 anos, sendo que os primeiros ciclos costumam ser irregulares,
anovulatórios e prolongados, devido ao ajuste do desenvolvimento folicular. Os
ciclos ovulatórios surgem após 12 a 18 meses.
○ pelos axilares aos 10 anos
10
2.2. Estágios femininos
11
2.3. Estágios masculinos
(3) Descrever as diferenças de personalidade segundo o
estágio de maturação sexual.
3.1. Visão geral
Segundo Anna Freud, é na adolescência que se instalam as estruturas definitivas da
personalidade adulta. Trata-se do último conflito, noprocesso evolutivo, antes da maturidade.
Caracterizada por uma crise narcísica, com intensas angústias da pessoa na busca por sua
identidade e autonomia. O desenvolvimento do cérebro ainda está em curso e as sinapses se
formando e se transformando. Estudos com neuroimagens cerebral, demonstram que as
mudanças que ocorrem no cérebro, no córtex frontal e subcortical na adolescência fornecem
percepções do comportamento do adolescente, com mudanças nas emoções, no
comportamento e na cognição.
12
OBS: O desenvolvimento é identificado como um processo dinâmico, amplo, de
diferenciação e amadurecimento, consistindo em aspecto primordial a distinção dos
termos puberdade e adolescência.
3.2. Características principais
● Puberdade: engloba o conjunto de mudanças físicas que transformam o corpo infantil em
adulto, compondo a base biológica da adolescência. Inclui também os componentes
psicológicos e sociais característicos dessa etapa da vida. É um fenômeno universal,
podendo-se precisar claramente seu início (M2 nas meninas e G2 nos meninos) e término
(fechamento das epífises, estabelecimento da capacidade reprodutiva).
● Adolescência: apresenta características mais complexas e limites imprecisos,
particularmente porque, embora constitua fenômeno igualmente universal, reveste-se de
aspectos peculiares conforme o ambiente sociocultural no qual o jovem encontra-se
inserido. Não pode ser dada importância menor ao caráter de transitoriedade da
adolescência. Trata-se de um período difícil, no qual o indivíduo se prepara para o
exercício pleno de sua autonomia. O ponto em comum e que distingue a adolescência é
a transformação. Assumir mudanças importantes na imagem corporal, adotar valores e
estilo de vida, conseguir independência dos pais, e estabelecer uma identidade própria
são as principais tarefas. Do ponto de vista cognitivo, na adolescência adquire-se:
capacidade de abstrair; raciocínio hipotético; habilidade de pensar criativamente, de
formular ideias próprias e originais, e de criar opiniões pessoais que constroem a
individualidade. Ou seja, além da evolução do pensamento concreto para o abstrato, é na
adolescência que as necessidades intelectuais e a capacidade para utilizar o
conhecimento atingem seu pico máximo. Mesmo reconhecendo que na adolescência o
critério cronológico perde importância, para que se possa compreender a evolução do
processo, é interessante analisar o desenvolvimento dividido por idade:
○ Adolescência inicial: Ocorre dos 10 aos 13 anos de idade. É um período marcado
pelo rápido crescimento e pela entrada na puberdade.
■ Independência: diminui o interesse pelas atividades com os pais;
■ Imagem corporal: Preocupação com as mudanças puberais; Insegurança
com a aparência;
■ Grupo: Relação intensa com amigos do mesmo sexo;
■ Identidade: Desenvolvimento da inteligência; Aumento do mundo da
fantasia;
■ Vocação idealizada;
■ Privacidade;
■ Impulsividade;
13
○ Adolescência média: Ocorre dos 14 aos 16 anos de idade. É o período de
desenvolvimento intelectual e marcado pela maior valorização do grupo.
■ Independência: Conflito com os pais;
■ Imagem corporal: Aceitação do corpo; Preocupação em torná-lo mais
atraente;
■ Grupo: Comportamento conforme valores do grupo;
■ Atividade sexual/experimentação;
■ Identidade Desenvolvimento da habilidade intelectual;
■ Onipotência;
■ Comportamentos de risco;
○ Adolescência final: Ocorre dos 17 aos 20 anos de idade. Consolidam-se as etapas
anteriores e o adolescente prepara-se para assumir o mundo adulto.
■ Independência: Reaceitação dos valores parentais;
■ Imagem corporal: Aceitação das mudanças puberais;
■ Grupo: Importância menor aos valores dos pares; Mais tempo em relações
íntimas;
■ Identidade: Vocação realística e prática;
■ Refinamento dos valores sexuais, religiosos e morais;
■ Habilidade para assumir compromissos e para aceitar limites;
3.3. Adolescência e crise de identidade
Desde o nascimento, a criança inicia uma interação com o meio ambiente a partir da qual
formará sua identidade e inteligência, suas emoções, seus medos, sua personalidade, enfim, sua
autonomia. Assim, a construção da identidade encontra-se diretamente relacionada ao
desenvolvimento psicossocial, com íntima dependência da cultura e da sociedade. Anna Freud
acreditava que a relação entre as principais instâncias da mente (id, ego, superego) passa por
mudanças qualitativas durante a puberdade, podendo ocorrer desequilíbrios e conflitos entre
essas instâncias.
Segundo Erikson, a adolescência corresponde a uma crise normativa, um processo de evolução
caracterizado pela organização do indivíduo. A aquisição do sentimento de identidade, como a
consciência que a pessoa tem de si mesma, é o aspecto mais importante do desenvolvimento
psicológico do adolescente. Por isso, considera-se que a denominada crise da adolescência é,
fundamentalmente, uma crise de identidade. É interessante enxergar o desenvolvimento
psicossocial do adolescente como um exercício de aprendizagem acerca de si mesmo, que lhe
possibilita alcançar:
● Identidade (conhecimento de si mesmo),
14
● Intimidade (capacidade para se relacionar de forma madura, emocional e sexualmente),
● Integridade (aptidão para assumir atitudes e comportamentos socialmente responsáveis)
e
● Independência.
A atitude impulsiva característica do jovem está vinculada à sua crise de identidade,
manifestando-se por meio de alterações comportamentais que refletem o conflito do
adolescente com o meio e que, quando exacerbadas, originam os distúrbios de conduta.
3.4. Síndrome da adolescência normal
Para que a busca da identidade adulta, principal tarefa da adolescência, possa acontecer, é
necessário que o jovem vivencie o luto por três grandes perdas:
● Perda do corpo infantil – o adolescente passa por período de adaptação até a aceitação
das modificações corporais;
● Perda dos pais da infância – que se manifesta por meio de relações conflituosas com as
figuras parentais; e
● Perda da identidade e do papel infantil – renúncia à dependência infantil e aceitação de
responsabilidades que, muitas vezes, o adolescente desconhece;
A elaboração destas perdas manifesta-se por meio de atitudes comportamentais e emocionais,
que Aberastury e Knobel agruparam e denominaram de síndrome da adolescência normal (SAN).
A SAN é constituída por 10 itens:
● Busca de si mesmo e da identidade adulta. O adolescente se pergunta constantemente
quem ele é para saber onde pode chegar.
● Separação progressiva dos pais. A separação progressiva dos pais pode ser observada
facilmente nas etapas iniciais da adolescência, quando determinados comportamentos
familiares são rejeitados pelos adolescentes. Por exemplo: não aceitam demonstrações
de afeto na frente dos amigos Muitas vezes, esse tipo de atitude é interpretado como
distanciamento, mas essa manifestação de conduta é até esperada como parte do
processo de independência e autonomia.
● Tendência grupal. À medida que se afastam dos pais, os adolescentes se aproximam,
cada vez mais, do grupo de amigos ou de iguais. O que caracteriza o grupo é o interesse
comum e a possibilidade de identificação entre seus pares.
● Necessidade de intelectualizar e fantasiar. Pode ser reconhecida por meio dos blogs e
fotologs, de redações escolares muitas vezes surpreendentes, de composições musicais
inusitadas, ou até pelo comportamento típico de passar grande período olhando para o
teto, fantasiando com o imaginário, elaborando ideias e pensamentos.
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● Crises religiosas. A religiosidade pode variar do fanatismo ao ateísmo, manifestando-se,
muitas vezes, como um questionamento crítico às crenças familiares (especialmente à
religião dos pais) ou como uma atitude de defesa fervorosa dos princípios adquiridos.
● Deslocação temporal. Quanto ao tempo, o adolescente é extremamente urgente. Suas
necessidades estão vinculadas ao presente e, com frequência, eles não conseguem
realizar objetivamente planejamento futuro ou não aceitam postergar aquiloque almejam.
O senso de indestrutibilidade e a onipotência estão relacionados a essa dificuldade de
localizar-se temporalmente.
● Contradições sucessivas nas manifestações de conduta. São decorrentes do treino do
papel adolescente e da imaturidade para lidar com perdas e ganhos, alegrias e tristezas.
● Atitude social reivindicatória. Pode ser evidenciada como contestação, agressividade,
violência, ou canalizada como energia construtiva, capaz de promover mudanças.
● Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.
● Evolução sexual. O processo de desenvolvimento da sexualidade está vinculado à
definição da identidade sexual e manifesta-se por meio do autoerotismo e das práticas
de genitalidade.
3.5. Análise crítica (considerações finais)
Saber reconhecer as especificidades do comportamento adolescente possibilita reconhecer a
normalidade dessas manifestações, evitando-se o erro de interpretá-las como condutas
patológicas. As manifestações de conduta citadas são adaptativas e servem para a estruturação
da personalidade, sendo importante lembrar que, apesar de a adolescência ser considerada um
fenômeno universal, cada adolescente responde às demandas e às oportunidades da vida, de
modo pessoal e único.
Como alternativa para o discernimento entre normalidade e psicopatologia na adolescência,
recorre-se à análise de variáveis do sintoma apresentado: intensidade, duração, significado
regressivo e polimorfismo. Um exemplo simples: o normal, no comportamento adolescente, é a
ocorrência das flutuações do humor; a permanência por tempo prolongado e a intensidade de
uma manifestação de tristeza, alterando atividades rotineiras, dificultando relacionamentos,
interferindo nas condições habituais de vida, é indicativo de patologia.
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